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Artigo Luis Henrique
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RESUMO
Atualmente muitas são as maneiras de se avaliar a composição corporal de praticantes de exercícios
físicos e dentre eles pode-se citar as técnicas de bioimpedância e dobras cutâneas. O objetivo do presente
estudo foi analisar e comparar o percentual de gordura corporal de praticantes de musculação com os
métodos de bioimpedância elétrica e espessura das dobras cutâneas (antropométrico). Participaram do
estudo 40 alunos da Academia Energia Vital na cidade de Pouso Alegre/MG com idade entre 18 e 30 anos,
praticantes de musculação a pelo menos seis meses. Foram mensuradas variáveis antropométricas de massa
corporal, estatura e quatro dobras cutâneas (triciptal, abdominal, suprailíaca e coxa medial). Com as variáveis
antropométricas foi estimado o percentual de gordura através da equação proposta por Jackson; Pollock
(1978). E a mensuração da bioimpedância pelo analisador Tanita marca Slim®. Para a coleta de dados foi
utilizada uma balança digital da marca Toledo® com unidade de medida de 0,1 kg para obtenção da massa
corporal, estadiômetro da marca Sanny com unidade de 0,1 cm para obtenção da estatura e adipômetro da
marca Sanny para obtenção das medidas das dobras cutâneas. Para análise dos dados foi utilizado o Software
Microsoft Office Excel 2007, test t student para amostras pareadas com índice de significância de 5% (p ≤
0,05), seguido da correlação de Pearson para determinar o coeficiente (r) de correlação entre os métodos. Os
resultados apresentados mostraram diferença estatística significante para estimativa do percentual de gordura
(p≤0,05) entre os métodos estudados e o método antropométrico através da espessura das dobras cutâneas
parece ser uma melhor opção para estimativa da porcentagem de gordura corporal quando comparado a
Pesquisa em Educação Física, Várzea Paulista, v. 13, n. 4, p. 39-46, 2014.
PROCEDIMENTOS E MÉTODOS
A coleta de dados foi realizada na própria Academia Energia Vital, no período da manhã, com
os voluntários respeitando um período de jejum de dez horas antes das tomadas das medidas, tendo-se
abstido de atividades físicas e de bebidas alcoólicas, respectivamente nas 12 e 24 horas precedentes. Antes
das medidas foram explicados os procedimentos necessários à coleta de dados.
A massa corporal foi obtida através da balança digital da marca Toledo® com unidade de medida
de 0,1 kg e a estatura foi obtida através de um estadiômetro de marca Sanny®, com unidade de medida
de 0,1 cm. A partir das medidas de massa corporal e estatura foi calculado o índice de massa corporal
(IMC), por meio do índice de Quetelet que apresenta a massa corporal em kg dividido pelo quadrado da
altura em metros (kg/m²).
A estimativa do percentual de gordura com a utilização da técnica de BIA, foi realizada com a
utilização do aparelho tipo Tanita da marca Slim® em disposição bipolar. Os dados idade, altura, gênero
e nível de atividade física de cada um dos voluntários foram inseridos no aparelho, e após o voluntário
subir na balança, foi calculado o percentual de gordura corporal diretamente. As medidas de BIA foram
efetuadas uma única vez com os avaliados preparados de acordo com o manual do aparelho.
As tomadas das medidas antropométricas e BIA foram realizadas no mesmo dia, horário e local
sendo tomada uma após a outra para evitar possíveis discrepâncias dos resultados.
O tratamento estatístico iniciou com aplicação do teste de normalidade Kolmorogorov-Smirnov,
sendo as variáveis classificadas como normais. O teste estatístico utilizado para a análise dos resultados
foi o teste t de student com amostras pareadas e índice de significância de 5% e a correlação de Pearson
para determinação do coeficiente (r) entre as distintas metodologias de determinação da porcentagem de
gordura corporal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A principal preocupação deste estudo foi verificar se existe diferença significativa para obtenção
estimada do percentual de gordura entre os métodos de BIA e o método da EDC que utiliza equações
de regressão para se chegar a um resultado. O gráfico 1 apresenta os valores médios de percentual de
gordura das duas técnicas utilizadas neste estudo.
A análise dos dados permite observar que a técnica da BIA apresentou valores maiores do
percentual de gordura quando comparado com EDC, ou seja, BIA 17,08 ± 3,76 e DC 14,95 ± 2,79. Neste
estudo em particular observa-se na tabela 2, que os resultados apresentados pelos dois métodos se diferem
significativamente (p ≤0,05).
Diferença n t p
% Gordura BIA X DC 40 0,000129 ≤ 0,05
n= Número de voluntários t= test t student p=índice de significância.
Após verificar a existência de diferença estatística significativa (p ≤ 0,05) entre as variáveis, foi
aplicado um teste de análise de correlação de Pearson entre as medidas para determinar o coeficiente (r)
de correlação entre os métodos. O resultado da correlação de Pearson entre a BIA e DC atingiu um valor
de 0,511296, mostrando que há uma relação moderada positiva entre os valores encontrados pelos dois
métodos propostos no estudo, ou seja, 0,5 ≤ r ≤ 0,8. O resultado do coeficiente (r) ficou entre 0,5 e 0,8,
mostrando que há uma tendência de correlação positiva entre os resultados, mas que não sugere que os
métodos são estatisticamente iguais, pois é uma correlação baixa.
Eliakim et al., (2000) apud (ROSSI; TIRAPEGUI, 2001) utilizaram a somatória de quatro dobras e
BIA e encontraram correlação de r = 0,48 em dançarinas entre os dois métodos. Rodrigues et al., (2001)
encontraram valores diferentes significativamente (p≤0,001) quando compararam em seu estudo a estimativa
do percentual de gordura através de equipamentos de BIA, DC e pesagem hidrostática.
O percentual de gordura obtido a partir da mensuração das DC tem tido larga aceitação entre os
pesquisadores da área. Isso por que o percentual de gordura obtido a partir da técnica da EDC se associa
muito bem e não difere significantemente do percentual de gordura decorrente da pesagem hidrostática,
que é tida como “padrão ouro” (GLANER, 2005). No gráfico 2 podemos notar que os pontos comuns
entre os métodos de BIA e EDC seguem uma tendência linear.
Neste estudo não foi realizado nenhum dos métodos considerado pela literatura da área como
“padrão ouro”, como a pesagem hidrostática, a tomografia computadorizada, etc. Este fato limita nossas
observações acerca da metodologia mais apropriada para ser empregada na determinação da composição
corporal, revelando que há, conforme tabela 2, diferença estatística significativa no percentual de gordura
corporal obtido por meio dos métodos de BIA e dobras cutâneas.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no presente estudo nos mostram que os métodos antropométrico, através da
DC e BIA, são diferentes na estimativa do percentual de gordura corporal em praticantes de musculação,
porém até o momento não há dados que permitam indicar um aparelho em detrimento do outro. Os
resultados se equivalem quanto ao poder de estimativa do percentual de gordura, suas vantagens e
desvantagens decorrendo mais do contexto da utilização. Vale ressaltar que não foi avaliada no estudo a
massa livre de gordura, somente massa gorda e massa magra. A BIA continua a ser uma técnica de futuro
promissor, necessitando de mais estudos com a finalidade de minimizar as suas limitações. A técnica
antropométrica de DC mostra-se uma melhor opção de utilização para estimativa da porcentagem
de gordura corporal quando comparado a BIA devido a sua facilidade de aplicação e manuseio do
equipamento.
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______________________
1 Centro Universitário de Itajubá - FEPI.
2 Universidade do Vale do Sapucaí - Univás.