Você está na página 1de 20

Manuela Mira Coelho

I- Instrumentos de trabalho em Medicina Física e Reabilitação

Pós Licenciatura em Enfermagem de Reabilitação 2017/2018

I – Breve história da especialidade de Medicina Física e de Reabilitação (MFR)

O termo fisiatria deriva do Grego Physikos (física) e Iatreia (arte de curar

Os meios físicos são usados como modalidade terapêutica desde os tempos pré-históricos no entanto, os primeiros
registos da utilização destes agentes remontam á obra de Hipócrates, 400 anos AC na antiga Grécia. Dois dos principais
fundamentos do seu pensamento eram: olhar para o doente e não para a doença e não interferir no equilíbrio das forças
naturais do corpo. Os métodos terapêuticos privilegiavam o exercício físico, dieta e moderação na dieta e actividade
sexual

Os Romanos foram pioneiros na distribuição e recolha de águas sanitárias e usaram Helioterapia e Hidroterapia
como método terapêutico.

Ao longo dos séculos a medicina física foi sendo utilizada associada á reabilitação das lesões ortopédicas e
neurológicas no entanto a medicina concentrava-se exclusivamente na prevenção da morte e alívio da dor e os feridos
graves e incapacitados eram isolados em instituições de caridade.

A Europa e em particular a França foi pioneira na investigação médica. D´Arsonval introduz em França em 1890 as
correntes de alta frequência com fins terapêuticos.

Nos finais do sec. XIX, com a Convenção de Genebra, com as leis sobre os acidentes de trabalho e o desenvolvimento
da ortopedia e traumatologia, começou a haver uma maior preocupação com a reabilitação; no entanto foi após a
primeira guerra mundial que os médicos começaram a usar a fisioterapia para tratar os lesionados de guerra
nomeadamente a diatermia, estimulação eléctrica, calor, massagem e exercício.

A Especialidade surgiu no seculo XX nos Estados Unidos impulsionada Dr Frank Krusen

Em 1921 é criada a primeira associação americana de fisioterapia e em 1929 Krusen fundou a Escola de Medicina de
Temple, o primeiro Departamento académico de Medicina Física dos Estados Unidos e desenvolveu um Curricuum
em Medicina Física publicado no jornal da Associação do American Medical College, em 1930. Os primeiros
reconhecimentos basearam-se nos resultados da reabilitação de atletas da equipa de futebol de Temple.

Em 1935, Krusen cria o Departamento de Terapia Física da Clínica Mayo

E em 1936, desenvolve-se a primera residencia de 3 anos em Medicina Física, que mais tarde passaria a chamar-
se Medicina Física e Reabilitação.

Em 1941 edita-se pela primeira vez o Livro de Medicina Física do Dr. Krusen.

1
Em 1947 a MFR é reconhecida como especialidade médica independente pelo American Board of Physical Medicine e
Reabilitation e em 1949 cria-se a Academia Americana de Medicina Física cujo primeiro presidente foi o Dr John
Couter.

Apesar da segunda guerra mundial constituir um grande incentivo para o desenvolvimento da especialidade, foi a
epidemia de poliomielite de 1940 que esteve na base dos primeiros centros de MFR. Elisabeth Kenny, uma enfermeira
australiana, desenvolveu nestes doentes o uso de ortóteses e ajudas técnicas como o andarilho, canadianas e CR, o uso
estandardizado do teste muscular e a cinesioterapia passiva e activa.

Em 1943 o Dr Ludwig Gutman fundou o Stoke Mandeville National Spinal Cord Injury Center em Aylesbury.

Entretanto na Europa, foi criada em 1957 a Comunidade Económica Europeia, mediante o Tratado de Roma, sendo
a União Europeia de Especialidades Medicas (UEMS) fundada em 1958. Esta constitui uma organização não
governamental na qual participam as associações nacionais de especialidades medicas da comunidade europeia.

A Especiaidade de Medicina Física e de Reabilitação foi reconhecida oficialmente a nível mundial em 1968 pela
Organização Mundial de Saúde em Genebra. A Secção de MFR da UEMS foi criada em 1971 sendo toda a
informação recolhida no primeiro Livro Branco publicado em 1989 pela UEMS em associação com a Federação
Europeia de MFR. Em 1999 funde- se a Federação Internacional de Medicina Fisica criada por Krusen em 1950
com a Sociedade Internacional de Medicina de Reabilitação dando lugar á Sociedade Internacional de Medicina
Fisica e de Reabilitação ISPRM com sede na Bélgica.

A especialidade é definida assim como especialidade medica independente responsável pela prevenção,
diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com condições médicas incapacitantes e comorbilidades em
todas as idades

Em Portugal, os primeiros registos relacionados com esta Especialidade datam de 1881, no Porto, altura em que o
Dr. Ricardo Jorge, doutorado em “Localizações motrizes no cérebro” recupera, no Instituto de Hidroterapia e
Electroterapia, em 8 dias um atleta do Futebol Clube do Porto que se lesionara no primeiro jogo do clube.

A Especialidade surgiu inicialmente assente sobretudo num arsenal terapêutico, que dominava e cultivava os agentes
físicos sendo criado em 1908, no Hospital de Santo António, o Serviço de Electroterapia e Radioterapia dirigido pelo
Cirurgião Dr. António Andrade Júnior, e em 1918, nos Hospitais Civis de Lisboa o Serviço de Agentes Físicos como meio
de diagnóstico, tratamento e reconstituição funcional e estética no entanto a especialidade denominada de Fisioterapia
era praticada por Cirurgiões e Radiologistas como uma segunda especialidade.

Os primeiros títulos de especialista em Fisioterapia Médica, começaram a ser atribuídos pela Ordem dos Médicos (OM)
em 1944.

Em 1951, através do Decreto nº 38.213, de 26 de março, que formalmente reconhece as primeiras especialidades
médicas, é lhe atribuída a designação de Fisioterapia . Só na década de 60 a especialidade se define como uma área da
medicina descolando- se dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica,

Considerando a evolução da medicina e a crescente atenção dispensada à

2
reabilitação dos indivíduos com deficiências físicas e sensoriais indo além da simples aplicação de terapias físicas a
especialidade passa a denominar-se de Medicina Física e de Reabilitação (Decreto-Lei nº 225/70, de 18 de maio).

Em 1953 Forma-se a Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação

Os primeiros cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional datam de 1957 e o primeiro curso de especialização em
Enfermagem de Reabilitação data de Outubro/65 e em 69 teve inicio a formação da Sociedade Portuguesa dos
enfermeiros Especializados em Enfermagem de Reabilitação.

A 2 de Julho de 1966, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMR) da SCMLA foi inaugurado
sendo definida a realização de cursos inspirados em programas de nível mundial, com substancial
cooperação de entidades internacionais, como o World Rehabilitation Fund

Em Braga, o Hospital de São Marcos, pertencente á Misericórdia. abriu em 1962 o primeiro Serviço de MFR, sendo o
actual Serviço inaugurado em 1980 e transferido em 2011 para o Hospital actual.

II- O papel da Reabilitação na medicina actual

A melhoria das condições de vida nas sociedades modernas, os avanços médico-cirúrgicos e a promoção e
generalização dos cuidados de saúde, têm permitido o aumento da longevidade dos indivíduos, com um progressivo
crescimento do número de idosos com aumento significativo de doenças crónicas, frequentemente incapacitantes.

O crescimento e desenvolvimento tecnológico e melhoria dos cuidados de saúde verificados nas últimas décadas tem
levado ao aparecimento de um elevado número de pessoas portadoras de deficiência

Em Portugal, de acordo com os dados resultantes do Inquérito ao Emprego (emprego das pessoas com deficiência,
realizado no 2º trimestre de 2011) e dos resultados definitivos dos Censos 2011, realizados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), cerca de 16% das pessoas entre os 15 e os 64 anos, tinham simultaneamente problemas de saúde
prolongados e dificuldades na realização de atividades básicas e cerca de 50% da população idosa, apresentava
bastante dificuldade ou não conseguia realizar pelo menos uma das

diversas atividades da vida diária (ver, ouvir, andar, memória/concentração, tomar banho/vestir-se, compreender os
outros/fazer-se entender).

Fonte – INE (Censos 2011).

3
A Reabilitação mudou o antigo conceito clínico que considerava que a missão do médico terminava quando a afeção
aguda estava controlada ou a cicatrização conseguida. A fase subsequente de convalescença ou recuperação deve ser
encarada como um domínio médico e é seguramente a mais importante para o futuro do doente.

A reabilitação ocupa assim um papel preponderante nos cuidados de saúde primários, secundários e terciários
nomeadamente na prevenção, tratamento, reabilitação e integração na comunidade de doentes com situações agudas
ou crónicas, envolvendo internamento de agudos tais como unidades de cuidados intensivos, subagudos e
convalescencia assim como unidades de cuidados continuados e domiciliares.

III – Conceitos importantes em Reabilitação

A especialidade é responsável pela promoção da funcionalidade física e cognitiva, da actividade e participação,


tendo em conta a qualidade de vida e modificação de factores ambientais e pessoais de acordo com o modelo
biopsicossocial de função como resultado da interação entre a condição física e metal e o meio físico e social.

Este foi desenvolvido inicialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) adotando a classificação
internacional de funcionalidade, incapacidade e desvantagem (ICIDH2) revista em 1997.

Esta engloba 3 dimensões: o corpo ou parte dele, a pessoa como um todo e a pessoa inserida no seu meio social. A
função depende assim da deficiência ou perda de estrutura ou função do corpo, da limitação da actividade e
restrição da participação. Sendo a relação entre estes domínios complexa, dinâmica e bidirecional.

 (Impairment) : perda ou anomalia da estrutura ou função fisiológica ou psicológica ( invariável desde


1980)

4
 Actividade (antes Disability) – natureza e extensão da função a nível pessoal (antes
incapacidade/disability: qualquer restrição ou perda na realização de uma actividade de forma ou dentro
dos limites considerados normais para um ser humano).

 Participação ( antes Handicap) – natureza e extensão do envolvimento pessoal em situações de vida em


relação a desvantagem, actividade, condições de saúde e factores contextuais ( antes desvantagem /
impairment: desvantagem para cada individuo resultante de uma disfunção ou incapacidade que limita ou
impede a realização de uma tarefa considerada normal para o individuo.)

Em 2001 a Assembleia de Saúde Mundial apresenta a Classificação Internacional de Função ( CIF) É uma
classificação de saúde de acordo com as questões do corpo, individuo e sociedade apresentando uma lista de
funções do corpo e estrutura e lista de domínios de actividade e participação . Inclui ainda uma lista de factores do
meio para contextualizar a incapacidade.

A Reabilitação vai assim desenvolver no individuo o seu melhor potencial físico, psíquico, social, vocacional e
educacional de acordo com a sua incapacidade. Usa um conjunto de medidas interdisciplinares que visam limitar o risco
de sequelas das diversas patologias e fornecer aqueles que delas sofrem, a melhor eficácia funcional e psicossocial
possível

Pressupõe um conceito holístico e abrangente dos cuidados médicos em que o objectivo é restaurar a qualidade de
vida através da utilização das capacidades residuais do paciente e essa alteração da função é a única medida verdadeira
do valor dessa assistência.

O fisiatra mede o seu desempenho pela avaliação do resultado funcional final e não através da avaliação do tipo,
qualidade e adequação dos serviços prestados, previamente estabelecidos para cada categoria ou grupo diagnóstico.

Sendo assim torna-se cada vez mais imprescindível o seu papel tendo em conta o conceito actual de medicina
abrangente, da avaliação pelo resultado, permitindo dar continuidade ao caminho percorrido por outras especialidades
como a: neurologia, ortopedia, reumatologia, pediatria, cardiologia, pneumologia e geriatria, que sem a sua intervenção,
dificilmente conseguiriam esse nível máximo de função de forma a melhorar a qualidade de vida do doente.

Entende-se por qualidade de vida, o resultado do equilíbrio entre as oportunidades funcionais (escolhas individuais,
opções e expectativas) e as condições funcionais do ponto de vista físico, emocional e cognitivo. A primeira implica uma
melhoria da saúde e função e a segunda a remoção de barreiras ou limitações.

IV – A Equipa de Reabilitação. Conceitos de Interdisciplinaridade, Multidisciplinaridade

O trabalho da equipa de reabilitação consiste no aspecto fulcral da reabilitação moderna.

5
Enquanto na abordagem multidisciplinar o resultado final resulta do somatório da acção individual de cada
disciplina, na abordagem interdisciplinar, cada disciplina, além de conhecer os seus objectivos, trabalha para uma meta
comum de forma sinergista em que o resultado final é superior aquele obtido pela soma das partes.

Na equipa de reabilitação, o fisiatra, o fisioterapeuta o terapeuta ocupacional, o terapeuta da fala o psicólogo e o


enfermeiro de reabilitação idealmente devem partilhar valores comuns e ter o mesmo objectivo.

 Fisioterapia e terapia ocupacional

 manutenção da amplitude articular,

 modulação do tónus muscular,

 reeducação da força e coordenação motora, do equilíbrio de tronco, transferências e deambulação,


actividades funcionais de vida diária cada vez mais complexas

 Terapia da fala

 monitoriza a capacidade de deglutição

 melhora esquemas de comunicação

 Neuropsicologia clinica

 Reabilitação neurocognitiva e comportamental

 Equipa de enfermagem

 Monitoriza estado de saúde e complicações médicas,

 Procura promover o máximo de autonomia nas AVDs e reduzir ao máximo o período de alectuamento e
sequelas de imobilidade

 Optimização do estado nutricional, função ventilatória , intestinal e vesical

 Estratégias para lidar com alteração do humor, comportamento e alteração do estado de consciencia

 Educação do doente e da família

 Fisiatra é responsável pelo diagnostico, tratamento e seguimento das várias condições incapacitantes, controlo
de complicações e comorbilidades, prescrição e monitorização do plano de reabilitação, informação ao doente
e família e coordenação entre os vários elementos da equipa de reabilitação.

A necessidade de coordenar o trabalho dos diferentes profissionais de acordo com as necessidades do individuo com
incapacidade, distingue este modelo do modelo médico e faz com que a eficácia da sua acção seja complexa e tenha uma
grande variabilidade de acordo com as relações interpessoais e a sua percepção do funcionamento da equipa, formação
e instituição em que está inserida.

6
V – Escalas de avaliação funcional.

A função como principal instrumento de medida em Reabilitação

M. Powell Lawton definiu pela primeira vez avaliação funcional como uma tentativa sistematizada de medir
objectivamente o nível no qual o indivíduo funciona em vários domínios. Esta requer instrumentos de medida das
habilidades funcionais e limitações, que devem ser testados durante algum tempo quanto á sua segurança, validade e
sensibilidade á mudança, características difíceis de aplicar quando estamos a medir função.

Em 1980 o Congresso Americano de MFR desenvolveu pela primeira vez uma Task Force para Medida e Avaliação.
Esta equipa multidisciplinar incluía membros do Congresso Americano de Medicina de Reabilitação e da Academia
Americana de Medicina Física e de Reabilitação e incorporou especialidades como fisiatria, fisioterapia, psicologia,
terapia ocupacional, enfermagem de reabilitação e outras. Após vários anos de esforço é publicado em Dezembro de
1992 nos Archives of Physical Medicine and Rehabilitation o trabalho: “Medidas Standard para Reabilitação Médica
Interdisciplinar” que procurava medir deficiência anatómica, fisiológica e psicológica assim como a incapacidade dela
decorrente, limitações sociais e qualidade de vida diária.

Os métodos de avaliação funcional têm-se adaptado ao longo do tempo á noção mais abrangente de reabilitação e
aos vários avanços tecnológicos.

Á avaliação do desempenho nas actividades de vida diária soma-se a avaliação de cada vez mais complexos
esquemas de vida diária, que incluem a capacidade de comunicar e interagir socialmente assim como a avaliação da
qualidade de vida diária.

A avaliação funcional ultrapassa assim a mera avaliação da incapacidade para se dirigir á desvantagem dela
resultante após todo o processo de reabilitação funcional, bem como aos instrumentos terapêuticos utilizados. Esta
avaliação deve assim ser capaz de medir: incapacidade, evolução, comunicação, eficácia do tratamento e intervenções de
reabilitação.

O primeiro instrumento da avaliação funcional data de 1957, o Perfil Pulses (Moskowits), adaptado do sistema militar
de classificação, usado na década de 40 pelas forças armadas americanas, avaliava a condição física, a extremidade
superior, inferior, componentes sensoriais, excreção, estado mental e físico.

O índice de Barthel publicado por Mahoney e Barthel em 1965 continua a ser largamente usado actualmente, como
medida das actividades de vida diária. Em 1983, o Instituto Nacional de Pesquisa para Deficientes e o Departamento de
Educação dos Estados Unidos conseguiram permissão para ser desenvolvido pala Universidade de Medicina de Nova
Iorque, um sistema de dados uniforme para classificar incapacidades A MIF (medida de independência funcional), sendo
o seu uso universalmente aceite pelos vários Serviços de Reabilitação Esta escala foi revista para aplicação em crianças
em 1987 por uma equipa multidisciplinar tendo surgido a Wee MIF (6 meses -7 anos), que usa os mesmos 18 itens
organizados em 3 subescalas: auto cuidado, mobilidade e cognição. Em 2002 a MIF foi modificada de forma a ser
incorporada no Instrumento de Avaliação das Possibilidades de Reabilitação do doente (IRF-PAI), sendo feitas as
seguintes adaptações

7
- Adições do código 0 para actividades que não ocorreram durante o período de internamento

- Primeira avaliação ao 3º dia e última nos 3 dias que antecedem a alta

- Adicionados modificadores de função a graduação de certos itens: bexiga, intestino, locomoção e transferência
para banheira e chuveiro.

- Modificação dos níveis para bexiga e intestino.

Principais escalas de avaliação funcional do adulto

1) Escalas para actividade de vida diária: geralmente avaliam auto cuidados (alimentação, higiene, vestuário),
transferências, continência e em muitos casos locomoção. A MIF (medida de independência funcional) e a PECS Patient
Evaluation and Conference System além deste domínio incluem outros aspectos funcionais tais como comunicação e
cognição social.

2) Escalas para avaliação de actividades de vida instrumentais: Incluem avaliação de actividades como utilização de
telefone, ir ás compras, preparar refeições e manusear dinheiro.

3) Escalas de qualidade de vida:. permitem avaliar uma diversidade de capacidades, sintomas e características
psicossociais que traduzem habilidades funcionais e realização pessoal. Incluem interacções e papeis sociais,
desempenho funcional, função intelectual, percepção e sensação subjectiva saúde. São difíceis de aplicar a são poucas as
que foram devidamente testadas relativamente á sua fiabilidade, sensibilidade e especificidade.

1) Escalas de AVD

Descrição Segurança, Tempo de execução Comentários


validade e
sensibilidade

Barthel Index (BI) Ordinal de 0 segurança e <40min Largamente aceite


(totalmente validade para incapacidade.
Apropriada para despiste
dependente) a 100 demonstradas.
inicial, avaliação formal e Forte fiabilidade e
(independente)
Pouco sensível a monitorização validade.
10 Item: alterações em
níveis mais
alimentação, banho,
elevados de AVDs
higiene pessoal,
transferências,

8
continência,
alimentação,
vestuário, subir e
descer escadas,
controle do intestino e
controle da bexiga

MIF Ordinal com 18 item e Fiabilidade e < 20min. Apropriada para Largamente aceite
7 níveis: validade despiste, avaliação formal, em reabilitação a
independente: 6,7, demonstradas. monitorização e avaliação nível internacional.
dependência de resultados Mede AVDs
Capaz de detectar
modificada: 5, 4, 3; comunicação e
alterações
dependência cognição social.
mínimas com 7
completa: 1,2 com Fiabilidade inter-
níveis,
pontos entre 18 e 126. observador.
componentes
Avalia auto cuidado, Numerosos
físico e cognitivo
controle de instrumentos de
capazes de
esfíncteres, trabalho.
detectar pequenas
transferências,
alterações
locomoção,
comunicação e
cognição social

LORS Level of 5 sub-escalas: ADL, Fiabilidade e 10min por subescala, > Mede várias
Rehabilitation mobilidade, validade 60min total. Apropriada categorias de
Scale) e LORS comunicação, documentadas. para despiste, avaliação resultados
American Data capacidade cognitiva, Especifica para formal, monitorização e
Fornece pontos
System (LADS) memória, medidas em avaliação física e avaliação de resultados
separados por
(LORS /LAD 5 pontos de 0-incapaz cognitiva em MFR
subescalas.
de realizar a 4 capaz
Não mede função
de realizar
urinária nem
intestinal

PECS Patient Ordinal, 115 itens com Fiabilidade e Avaliação Avalia extenso nº
Evaluation and 6 níveis desde validade específica/disciplina, < de itens. Incide nas
Conference dependência total até documentadas 60min, Apropriada para necessidades a
System independência total, despiste, avaliação formal, longo prazo e na
Larga variedade de
maiores grupos monitorização e avaliação avaliação do
categorias
incluem: medicina, de resultados programa de
relacionadas com

9
enfermagem, MFR reabilitação
mobilidade física,
AVDs, comunicação,
medicação, utilização
de dispositivos,
vencimento,
neuropsicologia,
aspectos sociais,
recreativos,
procedimentos,
nutrição, dor, função
pulmonar

2) Escalas de actividades instrumentais de vida diária

Escala Descrição Validade, fiabilidade Tempo de


e capacidade de administração
Comentários
resposta

OARS MFAQ Ferramenta Mede informação


multidimensional básica para vida
Older American Validade, fiabilidade Entrevista de > de
com 105 perguntas independente
Resources and documentadas 10min apropriada
em 5 domínios. avalia domínios
Services and para uso na
Recursos sociais e mais complexos
Multidimentional comunidade
económicos, saúde
Function
mental, física e
Assessment
AVDs
Questionnaire

Actividades Inclui perguntas Mede informação


instrumentais de como: uso de básica para vida
Validade, fiabilidade <30min
vida diária do telefone, caminhar, independente
documentadas
Centro Geriátrico fazer compras,
de Filadélfia cozinhar, trabalho
doméstico,
tratamento de
roupa, transportes
públicos e cuidados
médicos

10
3) Medidas de Qualidade de Vida

Escala Descrição Validade, Tempo Comentários


fiabilidade e
capacidade de
resposta

MOS 36 Avalia 8 áreas da Validade, Entrevista de < Itens bem


saúde incluindo fiabilidade 30min estandardizados,
actividades físicas e documentadas largamente usada
sociais, saúde mental, na comunidade.
saúde em geral,
Útil para vigiar
percepções,
pessoas com
vitalidade e
incapacidade
desconforto
desconhecida

SIP Sickness Impact Subescalas para Validade, Entrevista de Avalia mais


Profile avaliar áreas: fiabilidade <30min comportamento
ambulação, auto documentadas que aspectos
cuidados, emoções, subjectivos de
comunicações, saúde; incide na
hábitos, casa e vida na comunidade
trabalho, vocações e
Útil para vigiar
interacções sociais
pessoas com
incapacidade
desconhecida

11
MIF - Descrição dos níveis de função e scores

Independente - Não necessita de auxilio de outra pessoa

7 – Independência completa - o paciente realiza as tarefas descritas em tempo razoável, sem modificação, sem
ajudas técnicas

8 – Independência Modifidcada - Verificam 1 ou mais dos seguintes aspectos: a actividade requer ajuda técnica,
demora mais que o tempo razoável, envolve questões de segurança

Dependente – Necessita de auxilio de outra pessoa

Dependência Modificada - O paciente gasta 50% ou mais do esforço

5 – Supervisão – requer apenas presença física , pistas sem contacto físico ou o ajudante coloca ajuda técnica ou
ortótese ou prepara material necessário

4 – Assistência com contacto mínimo – requer apenas ligeiro toque e gasta 75% ou mais do esforço,

3 – Assistência moderada - – requer mais contacto que ligeiro toque ou gasta 50 a 74% do esforço.

Dependência Completa - O paciente gasta menos de 50% do esforço. Requer ajuda máxima ou total.

2 – Assistência máxima – o paciente gasta 25% a 49% do esforço

1 – Total – o paciente gasta menos de 25% dos esforço

12
0 – ( adicionado ao IRF- PAI) O paciente não desempenha a actividade e o ajudante não também não o faz durante
toda o período de avaliação.

Nota: não deve ser usado só porque esta actividade não foi observada pelo avaliador, devendo ser consultados
outros técnicos, registos clínicos e família antes de o assinalar.

Instruções para uso da MIF

O Paciente necessita ajuda? → Não → Necessita de mais tempo? Ajuda técnica? Não 7

Realiza a tarefa com menos segurança? Sim 6

Independente
____________Sim_______________________________________________________________

Dependente ↓
Faz » de 50% da tarefa? → Sim → Necessita preparação, supervisão, pistas ? → Sim 5

↓ ↓
Não Não

↓ ↓

Necessita ajuda total? Necessita apenas assistência ocasional? → Sim - 4

↓ ↓ ↓

Sim Não Não

↓ ↓ ↓

1 2 3

Nível 7 – Independência completa

13
Nível 6 – Independência modificada

Nível 5- Dependência apenas de supervisão

Nível 4 – Dependência mínima

Nível 3 - Dependência moderada

Nível 2 – Dependência máxima

Nível 1 – Dependência total

14
15
16
SCIM ( Spinal Cord Independence Measure)

Esta escala foi inicialmente desenvolvida em 1997 por Catz no Hospital de Reabilitação de Loewenstein especialmente
para pacientes com lesão medular tendo a vantegem relativamente ás anteriores de incluir áresa funcionais relevamtes
nestes doentes como a mobilidade , função ntestina e vesical e excluir outras menos importantes nestes doentes como
as funções cognitivas. Inclui 3 domínios: autocuidados ( 0 – 20), respiração e esfíncteres de (0-a 40) e mobilidade de( 0-
40) e 19 items. Score total de 100.

 Autocuidados (6 items, score 0-20):


o Alimentação
o Banho
o vestuário
o higiene pessoal
 Respiração e esfíncteres (4 items, scores 0-40)
o Respiração
o Manuseamento vesical
o Manuseamento intestinal
o Uso do WC
 Mobilidade (9 items, scores 0-40)
o Tarefas no quarto e WC
o Tarefas no interior e exterior

Esta escala foi revista em 2001 por Catz e col SIM II e por Itzcovich e col em 2007 SCIM III de forma a
melhorar a sua sensibilidade e reprodutibilidade.

17
LOEWENSTEIN HOSPITAL REHABILITATION CENTER
Affiliated with the Sackler Faculty of Medicine, Tel-Aviv University
Department IV, Medical Director: Dr. Amiram Catz Tel: 972-9-7709090 Fax: 972-9-7709986 e-mail: amiramc@clalit.org.il
Patient Name: ____________________ID:______________ Examiner Name: _________________
(Enter the score for each function in the adjacent square, below the date. The form may be used for up to 6 examinations.)
SCIM-SPINAL CORD INDEPENDENCE MEASURE
Self-Care DATE \ \ \ \ \ \ \
1. Feeding (cutting, opening containers, pouring, bringing food to mouth, holding cup with fluid)
0. Needs parenteral, gastrostomy, or fully assisted oral feeding
1. Needs partial assistance for eating and/or drinking, or for wearing adaptive devices
2. Eats independently; needs adaptive devices or assistance only for cutting food and/or pouring and/or opening containers
3. Eats and drinks independently; does not require assistance or adaptive devices
2. Bathing (soaping, washing, drying body and head, manipulating water tap). A-upper body; B-lower body
A. 0. Requires total assistance
1. Requires partial assistance
2. Washes independently with adaptive devices or in a specific setting (e.g., bars, chair)
3. Washes independently; does not require adaptive devices or specific setting (not customary for healthy people) (adss)
B. 0. Requires total assistance
1. Requires partial assistance
2. Washes independently with adaptive devices or in a specific setting (adss)
3. Washes independently; does not require adaptive devices (adss) or specific setting
3. Dressing (clothes, shoes, permanent orthoses: dressing, wearing, undressing). A-upper body; B-lower body
A. 0. Requires total assistance
1. Requires partial assistance with clothes without buttons, zippers or laces (cwobzl)
2. Independent with cwobzl; requires adaptive devices and/or specific settings (adss)
3. Independent with cwobzl; does not require adss; needs assistance or adss only for bzl
4. Dresses (any cloth) independently; does not require adaptive devices or specific setting
B. 0. Requires total assistance
1. Requires partial assistancewith clothes without buttons, zipps or laces (cwobzl)
2. Independent with cwobzl; requires adaptive devices and/or specific settings (adss)
3. Independent with cwobzl without adss; needs assistance or adss only for bzl
4. Dresses (any cloth) independently; does not require adaptive devices or specific setting
4. Grooming (washing hands and face, brushing teeth, combing hair, shaving, applying makeup)
0. Requires total assistance
1. Requires partial assistance
2. Grooms independently with adaptive devices
3. Grooms independently without adaptive devices
SUBTOTAL (0-20)
Respiration and Sphincter Management
5. Respiration
0. Requires tracheal tube (TT) and permanent or intermittent assisted ventilation (IAV)
2. Breathes independently with TT; requires oxygen, much assistance in coughing or TT management
4. Breathes independently with TT; requires little assistance in coughing or TT management
6. Breathes independently without TT; requires oxygen, much assistance in coughing, a mask (e.g., peep) or IAV (bipap)
8. Breathes independently without TT; requires little assistance or stimulation for coughing
10. Breathes independently without assistance or device
6. Sphincter Management - Bladder
0. Indwelling catheter
3. Residual urine volume (RUV) > 100cc; no regular catheterization or assisted intermittent catheterization
6. RUV < 100cc or intermittent self-catheterization; needs assistance for applying drainage instrument
9. Intermittent self-catheterization; uses external drainage instrument; does not need assistance for applying
11. Intermittent self-catheterization; continent between catheterizations; does not use external drainage instrument
13. RUV <100cc; needs only external urine drainage; no assistance is required for drainage
15. RUV <100cc; continent; does not use external drainage instrument
7. Sphincter Management - Bowel
0. Irregular timing or very low frequency (less than once in 3 days) of bowel movements
5. Regular timing, but requires assistance (e.g., for applying suppository); rare accidents (less than twice a month)
8. Regular bowel movements, without assistance; rare accidents (less than twice a month)
10. Regular bowel movements, without assistance; no accidents
8. Use of Toilet (perineal hygiene, adjustment of clothes before/after, use of napkins or diapers).
0. Requires total assistance
1. Requires partial assistance; does not clean self
2. Requires partial assistance; cleans self independently
4. Uses toilet independently in all tasks but needs adaptive devices or special setting (e.g., bars)
5. Uses toilet independently; does not require adaptive devices or special setting)
SUBTOTAL (0-40)
01

18
Version III, Sept 14, 2002
EXam 1 2 3 4 5 6
‫שירותי בריאות‬
‫כללית‬
Mobility (room and toilet) DATE \ \ \ \ \ \ \
9. Mobility in Bed and Action to Prevent Pressure Sores
0. Needs assistance in all activities: turning upper body in bed, turning lower body in bed,
sitting up in bed, doing push-ups in wheelchair, with or without adaptive devices, but not with electric aids
2. Performs one of the activities without assistance
4. Performs two or three of the activities without assistance
6. Performs all the bed mobility and pressure release activities independently
10. Transfers: bed-wheelchair (locking wheelchair, lifting footrests, removing
and adjusting arm rests, transferring, lifting feet).
0. Requires total assistance
1. Needs partial assistance and/or supervision, and/or adaptive devices (e.g., sliding board)
2. Independent (or does not require wheelchair)
11. Transfers: wheelchair-toilet-tub (if uses toilet wheelchair: transfers to
and from; if uses regular wheelchair: locking wheelchair, lifting footrests,
removing and adjusting armrests, transferring, lifting feet)
0. Requires total assistance
1. Needs partial assistance and/or supervision, and/or adaptive devices (e.g., grab-bars)
2. Independent (or does not require wheelchair)
Mobility (indoors and outdoors, on even surface)
12. Mobility Indoors
0. Requires total assistance
1. Needs electric wheelchair or partial assistance to operate manual wheelchair
2. Moves independently in manual wheelchair
3. Requires supervision while walking (with or without devices)
4. Walks with a walking frame or crutches (swing)
5. Walks with crutches or two canes (reciprocal walking)
6. Walks with one cane
7. Needs leg orthosis only
8. Walks without walking aids
13. Mobility for Moderate Distances (10-100 meters)
0. Requires total assistance
1. Needs electric wheelchair or partial assistance to operate manual wheelchair
2. Moves independently in manual wheelchair
3. Requires supervision while walking (with or without devices)
4. Walks with a walking frame or crutches (swing)
5. Walks with crutches or two canes (reciprocal walking)
6. Walks with one cane
7. Needs leg orthosis only
8. Walks without walking aids
14. Mobility Outdoors (more than 100 meters)
0. Requires total assistance
1. Needs electric wheelchair or partial assistance to operate manual wheelchair
2. Moves independently in manual wheelchair
3. Requires supervision while walking (with or without devices)
4. Walks with a walking frame or crutches (swing)
5. Walks with crutches or two canes (reciprocal waking)
6. Walks with one cane
7. Needs leg orthosis only
8. Walks without walking aids
15. Stair Management
0. Unable to ascend or descend stairs
1. Ascends and descends at least 3 steps with support or supervision of another person
2. Ascends and descends at least 3 steps with support of handrail and/or crutch or cane
3. Ascends and descends at least 3 steps without any support or supervision
16. Transfers: wheelchair-car (approaching car, locking wheelchair, removing armand
footrests, transferring to and from car, bringing wheelchair into and out of car)
0. Requires total assistance
1. Needs partial assistance and/or supervision and/or adaptive devices
2. Transfers independent; does not require adaptive devices (or does not require wheelchair)
17. Transfers: ground-wheelchair
0. Requires assistance
1. Transfers independent with or without adaptive devices (or does not require wheelchair)
SUBTOTAL (0-40)
TOTAL SCIM SCORE (0-100)

19
Caso Clínico

 Paciente do sexo feminino, 37 anos de idade, trabalhadora rural, casada, vive em casa própria com o marido e
dois filhos.

Sofreu acidente pessoal, queda, do qual resultou TVM com paraplegia.

 Admissão: paraplegia AIS-A de nível D10, sem alteração das funções cognitivas/linguagem, com ortótese
dorsolombar, consegue rolar no leito e transferir-se com ajuda total, alimenta-se sozinha, consegue lavar os
dentes e cuidar do rosto após preparação do material necessário, necessita de ajuda total para o banho,
necessita da ajuda total para vestir as calças , enfia apenas os braços e a cabeça na camisola, está incontinente
de fezes e com sonda vesical para drenagem contínua de urina, não conduz CR.

 Alta: paraplegia AIS-A de nível D10, independente na mobilidade no leito, faz transferências com supervisão,
independente na alimentação, higiene pessoal, banho e vestuário da cintura para cima necessitando ajuda para
colocar ortótese de tronco. Necessita pequeno auxílio na higiene e vestuário da cintura para baixo realizando
sozinho mais de 75% das tarefas. Intestino neurogéneo reeducado mediante treino intestinal, com apenas 1
acidente /semana em média. Manuseamento vesical mediante esquema de CI 4/4h para drenagem vesical, sem
necessitar de ajuda para preparar o material. Conduz CR de propulsão manual sem limitações Tem alta para o
domicílio previamente adaptado para circulação de CR, onde irá permanecer com o marido e os filhos, tendo
sido orientada para Centro de Reabilitação Profissional.

20

Você também pode gostar