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HISTÓRIA DO AUTISMO E SUA DEFINIÇÃO

Profa. Nágila Guedes Geraldine

RESUMO

Kanner, em 1943, definiu o Autismo Infantil como Distúrbio Autístico do


Contato Afetivo, caracterizado por perturbações das relações afetivas, solidão
extrema, dificuldade da linguagem, comportamentos ritualísticos e boas
potencialidades cognitivas. Geralmente, ocorre mais incidentemente no sexo
masculino.
Em 1944, o autor utilizou o termo “Autismo Infantil Precoce", resultado de
um estudo realizado com 11 crianças que apresentavam uma inabilidade social,
além disso percebeu-se atraso e falha significativa na linguagem. As crianças se
comportavam de forma repetitiva e estereotipada, a maioria apresentava ecolalia
e inversão pronominal durante a fala ,ou seja, apenas reproduziam sons. Além
da dificuldade em aceitar mudanças de ambiente e demonstraram preferências
por objetos inanimados.
O mesmo autor ainda propôs que a abordagem etiológica do Autismo
Infantil destacava a existência de uma distorção do modelo familiar, no qual
investigava as alterações no desenvolvimento psicoafetivo da criança. Em outras
palavras, investigava-se o quanto o intelecto dos pais influenciariam no
desenvolvimento da criança. Ele ainda ressalta que fatores biológicos presentes
na criança poderiam realizar essa indução, uma vez que, o comportamento
observado precocemente dificultou a aceitação apenas relacional.
Ao longo do tempo, os conceitos teóricos sobre etiologia e dinâmica do
autismo se modificaram gradativamente. Por outro lado, a partir da concepção
original da etiologia afetiva e de incapacidade relacional surgiram abordagens
que procuram uma etiologia orgânica para o quadro, dessa maneira,
caracterizando-o por falhas cognitivas e sociais.
Por conta disso, iniciou-se discussões acerca do autismo sob diferentes
pontos de vista teóricos. Em um dos primeiros estudos demarcados, Kanner
buscou distinguir terminologicamente o autismo, a esquizofrenia e a psicose
infantil.
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Durante a modificação da classificação do autismo, deixamos de lado o quadro
da esquizofrenia e psicose infantil, uma vez que, o comportamento de crianças
com esses quadros apresenta perturbações, alterações de pensamento,
alucinações e visões distorcidas da realidade. E, tais características não se
enquadram dentro do transtorno do espectro autista.
Em 1978, ele ainda propôs critérios diagnósticos enfatizando a
necessidade de um olhar mais clínico em relação ao comportamento dos
indivíduos. Eram estes os critérios: perda do interesse social e da
responsividade; alterações de linguagem; comportamentos bizarros, ritualísticos
e compulsivos, jogo limitado, estruturado e rígido e o início precoce do quadro -
antes dos 30 meses de vida.
De um modo geral, foi apresentado comportamentos equivalentes a
crianças que se enquadram dentro do espectro autista, porém ao fazermos uma
análise comportamental entenderemos a função de cada topografia de
comportamento dentro do mesmo quadro.
Em 1994, na 10a° revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID
10), os transtornos globais do desenvolvimento foram agrupados como um grupo
de alterações. Portanto, o autismo começou a englobar os mesmos.
Normalmente, caracterizam-se por mudanças qualitativas da interação social,
modalidades de comunicação, e um repertório de interesses e atividades
restritas estereotipadas.
Conforme essa classificação, o autismo infantil é caracterizado por um
desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos 3 anos de idade.
Além da perturbação do funcionamento nas áreas de interação social,
comunicação e no comportamento repetitivo. Assim, é possível estabelecer
estratégias que diminuam os agravantes de todas as relações de defasagem
dentro do autismo.
Desde 2022, entrou em vigor a 11ª revisão da Classificação Internacional
de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A atualização
é fundamental para nortear as intervenções na área da saúde, diante da
sociedade atual, visto que a CID-10 foi lançada no início da década de 1990.
Dessa forma, a tabela antiga não compreendia algumas doenças comuns da
população, bem como os sintomas, sinais e manifestações clínicas.

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Uma das principais mudanças da CID-11 é a introdução de novas
síndromes e transtornos, como o gaming disorder, o burnout e o autismo.
Especificamente na classificação das pessoas com Transtorno do Espectro
Autista (TEA), a CID-11 reuniu todos os antigos transtornos que faziam parte do
espectro, como autismo infantil, Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger,
transtorno desintegrativo da infância e transtorno com hipercinesia. Atualmente,
todos estão agrupados no TEA.

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