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CESVALE - Centro de Ensino Superior Vale do Parnaíba

Bacharelado em Direito - 2º período noturno


Professora: Fabíola de Moura Sérvulo
Aluno: Patrício Cavalcanti de Lima
Disciplina: Ciência Política

PARTIDOS POLÍTICOS

Teresina-PI
2020
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS
A origem dos partidos políticos ocorreu de maneira paulatina ao longo de
muitos anos de transformações socias, tendo a sua concepção sinalizada a partir
dos séculos XVII e XVIII. Portanto, o surgimento dos partidos políticos é
identificado em momento contemporâneo ao nascimento do regime democrático
representativo.

Destaca-se que o citado surgimento dos partidos políticos tem por base o
seu sentido amplo e moderno, uma vez que a união de grupos de pessoas com
ideias de teor político já se organizavam em período anterior. As agremiações
partidárias existiam antes da mencionada época, configurando esforços comuns
de homens em relação a alguma finalidade com projeção social.

Nesse sentido, pode-se vislumbrar princípios de um fenômeno partidário


nas atividades liberais e conservadoras da Revolução Gloriosa na Inglaterra em
1688, nos ideais federalistas e republicanos nos Estados Unidos pós-
independência, além do nascer revolucionário francês entre jacobinos e
girondinos.

Apesar do surgimento remoto, a propagação e o fortalecimento da


atividade partidária apenas deslancharam-se em meados do século XIX,
momento em que os grupos políticos adotaram formas estruturais mais estáveis
e definidas.

Destaca-se que essa evolução da atividade partidária foi lançada com


mais vigor em razão, também, da Revolução Industrial, a qual impulsionou uma
necessidade de organização de classe com o intuito de combater a burguesia.

Nesta análise, indica a doutrina que até o século XIX não existiam, com
propriedade, partidos políticos, mas tão somente grupos políticos ou facções,
apesar de existirem escritores políticos da literatura antipartidária que não
estabeleciam distinções entre os partidos e as facções.

Na verdade, vislumbra-se um progresso e um reconhecimento de


importância e representatividade a aparição dos partidos políticos de forma
distinta das facções, uma vez que, no admitir diferenciado, o partido político é o
lado positivo, ao passo que a facção é o lado negativo das participações políticas
organizadas.

Portanto, em uma noção apurada, a origem dos partidos políticos nota-se


em um momento em que a precariedade das organizações de pessoas com fins
de atuação na sociedade dar lugar a uma estrutura de mobilização social
institucionalizada e duradoura.

2 CONCEITO DOS PARTIDOS POLÍTICOS


Atualmente, os partidos políticos podem ser compreendidos como
conjuntos de pessoas com ideologias comuns, os quais se reúnem com o
objetivo de orientar a vontade popular rumo a um determinado programa político,
sendo necessário assumir determinadas posições para implementar os ideais
defendidos.

Para corroborar a conceituação de partidos políticos, Paulo Bonavides


nos revela expressivas definições de escritores conceituados a respeito do tema,
a exemplo de Jellinek, o qual nos diz que os partidos políticos “em sua essência,
são grupos que, unidos por convicções comuns, dirigidas a determinados fins
estatais, buscam realizar esses fins”.

Já em um viés de profundo estudo sociológico, Bonavides cita o conceito


de Max Weber, que diz que não importam os meios que empregam os partidos
para a filiação da sua clientela, pois “são na essência mais íntima, organizações
criadas de maneira voluntária, que partem de uma propaganda livre e que
necessariamente se renova, em contraste com todas as entidades firmemente
delimitadas por lei ou contrato”.

De uma forma mais sucinta, Nawiasky, me sua obra Teoria Geral do


Estado, define partido político como “uniões de grupos populacionais com base
em objetivos políticos comuns”.

Kelsen, por sua vez, escreve que “os partidos políticos são organizações
que congregam homens da mesma opinião para afiançar-lhes verdadeira
influência na realização dos negócios públicos”.
Atualmente, concluir-se, portanto, que os partidos políticos traduzem a
organização de pessoas reunidas em torno de ideias e interesses comuns,
buscando de maneira legal um local de poder representativo na sociedade e,
assim, almejados os fins propostos.

3. NATUREZA JURÍDICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Quanto à natureza jurídica, os partidos políticos são considerados


pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, V, Código Civil de 2002), cuja a
existência começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro em
cartório extrajudicial de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art. 7º, Lei 9.096/95
e art. 114, III, Lei 6.015/73), onde adquirem personalidade jurídica, para posterior
registro de seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (art. 17, §2º,
Constituição Federal/88).

Em que pese clara previsão normativa como figura autônoma, dentre as


pessoas jurídicas de direito privado, pode-se dizer, ainda, que o partido político
tem natureza associativa, conforme reconhecido pelo Enunciado nº 142 da III
Jornada de Direito Civil.

Na verdade, a opção de tratamento legal distinto entre partidos políticos e


associações não se deu por uma existência de diferença substancial entre esses
institutos, mas por uma diferença entre regimes jurídicos: os partidos políticos
possuem disciplina constitucional específica, não podendo se submeter
indiscriminadamente ao regime comum das associações.

4. CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DOS PARTIDOS POLÍTICOS


Preceitua a Constituição Federal de 1988 que os partidos políticos são
livres para a sua criação, fusão, incorporação e extinção. Porém, a Carta Magna
também indica uma série de características que não devem faltar aos partidos
políticos, sob pena de inviabilizar a sua própria existência legal.

Nesse diapasão, além da essencialidade das características de


agrupamento de pessoas e ideias comuns sobre pautas sociais, a Constituição
nos revela a característica da obrigatoriedade da nacionalidade dos partidos
políticos, ou seja, eles não podem ter caráter estadual, regional ou local, mas
apenas, reforça-se, nacional.
No mesmo sentido, também há a característica da proibição de
recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a este. Ora, se o partido político só pode ter caráter nacional, eles
não podem se subordinar a recursos financeiros de fora do país.

Outra exigência constitucional que se revela como característica comum


a todos os partidos é a obrigatoriedade da prestação de contas à Justiça
Eleitoral. Anualmente, os partidos políticos devem enviar o balanço contábil, sob
pena de suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e sujeição dos
responsáveis às penas da lei.

Por fim, revela-se a característica exigida pela Constituição de que todos


os partidos políticos devem ter o seu funcionamento parlamentar em
consonância com a Lei 9.096/1995.

A partir dessas características, pode-se inferir importantes funções dos


partidos políticos perante a própria essência do objetivo da sua estrutura como
perante à sociedade.

O lançamento de candidatura é uma dessas funções dos partidos, uma


vez que não se permite no Brasil o registro de candidaturas avulsas. Portanto,
os partidos possuem a função de lançar candidaturas de diferentes cargos
para a apreciação do voto popular.

Fora dos períodos de eleições e lançamento de candidaturas, os


partidos permanecem com suas funções ativas, elaborando agendas
políticas, incentivando debates públicos, dentre outras atividades que
envolvem a sociedade e o fomento das suas ideologias.

Dessarte, de um modo geral, os partidos políticos têm a função de


representar a soberania popular e permitir as eleições, funcionando como um elo
entre as aspirações do povo e as possibilidades de governo do Estado.

5. A IMPORTÂNCIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS E A DEMOCRACIA


Após períodos históricos de negação e desprezo, os partidos políticos
hoje já consolidaram a importância do seu papel perante a sociedade
democrática.
Regimes políticos ditatoriais já fizeram dos partidos políticos instituições
ameaçadoras aos governantes, além do não reconhecimento de determinadas
agremiações como verdadeiros grupos partidários idealizadores de projetos
significativos à sociedade.

Atualmente, a Constituição de 1988 reconhece a importância da estrutura


organizada dos partidos políticos, nos levando a entender, diante da atual ordem
constitucional, que não se concebe uma democracia sem a presença dos
partidos políticos.

Embora o lançamento das candidaturas necessite de um partido político,


é de suma importância lembrar que no Brasil reina o pluripartidarismo, o que
possibilita que os cidadãos se identifiquem e filiem naquele partido que mais
convir com os seus ideais de vida em sociedade.

Os partidos desempenham importante papel nos debates políticos e nas


discussões sobre inúmeros assuntos que norteiam uma comunidade de
pessoas. Estas, por sua vez, são legalmente desvinculas de cabrestos, podendo
exercer o seu voto secreto em quem a sua consciência desejar.

Conclui-se, por fim, que os partidos políticos representam verdadeiros


instrumentos de participação da sociedade no exercício do governo, de modo
que os partidos se dispõem a assegurar a autenticidade do sistema
representativo e da democracia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.

NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8. ed. Editora Método,


2013.

KÜMPEL. Vitor Frederico. Tratado Notarial e Registral. 1. ed. YK Editora,


2017.

ALVIM, Frederico. A evolução histórica dos partidos políticos. Disponível em:


<https://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria eleitoral/publicacoes/revistas-da-
eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-6-ano-3/a-evolucao-historica-dos-partidos-
politicos> Acesso em 22 de novembro de 2020.
BRANCO, Adriana Lima Velame. O papel dos partidos políticos no Estado
democrático brasileiro. Disponível em: https://www.tse.jus.br/o-tse/escola-
judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-6-
ano-3/o-papel-dos-partidos-politicos-no-estado-democratico-brasileiro>. Acesso
em 22 de novembro de 2020.

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