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A pensão por morte após a medida provisória nº.

664/2014

Texto sobre todas as alterações deste benefício após a edição da MPV


664 de 30 de dezembro de 2014.

Pensão por morte é um benefício previdenciário concedido aos dependentes do


segurado falecido. São consideradas dependentes as pessoas listadas no art. 16 da Lei
8.213/91, seguindo a ordem preferencial de classes. A condição de dependente deve ser
auferida no momento do óbito do segurado, para assegurar o direito ao benefício. A
pensão por morte é devida tanto aos dependentes do segurado que ainda exercia
atividade remunerada quanto ao já aposentado.

“Art. 74, Lei 8213: Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do
óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; II - do requerimento, quando
requerida após o prazo previsto no inciso anterior; III - da decisão judicial, no caso de
morte presumida”.

CARÊNCIA

Até a edição da medida provisória 664/14 a pensão por morte não dependia de carência.
No entanto, com a entrada em vigor da MPV, passou-se a exigir um período de carência
de 24 contribuições mensais.

Esta exigência terá vigência com início em 01 de março de 2015 (vide art. 5º, III, MPV
664/14).

Assim, com a alteração, o texto legal ficará da seguinte forma:

“Art. 25, Lei 8.213/91: A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de
Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto
no art. 26: (...) IV - pensão por morte: vinte e quatro contribuições mensais, salvo nos
casos em que o segurado esteja em gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por
invalidez”.

O art. 25 será complementado pelo art. 26, também com novidade trazida pela predita
medida provisória e também com entrada em vigor em março de 2015:

“Art. 26, Lei 8.213/91: Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
(...) VII - pensão por morte nos casos de acidente do trabalho e doença profissional ou
do trabalho”.

Assim, combinando-se o disposto no art. 25 (NR) com o disposto no art. 26 (NR) tem-
se que serão dispensados de período de carência os seguintes casos:

 (I) Morte causada por acidente de trabalho;


 (II) Morte causada por doença profissional;
 (III) Morte causada por doença do trabalho;
 (IV) Morte de segurado que estava em gozo de auxílio-doença;
 (V) Morte de segurado que estava em gozo de aposentadoria por invalidez.

DEPENDENTES

Os dependentes que têm direito a receber a pensão por morte segue a preferência de
classes. Assim, os dependentes classe I (cônjuge, companheiro (a) e filhos menores de
21 anos, inválidos ou deficientes) terão direito preferencial de receber o benefício que
será dividido de igual forma entre eles.

No entanto, a medida provisória 664/14 modificou a exigência com relação ao cônjuge e


companheiro (a), que, a partir de agora, estes dependentes só terão direito ao benefício
da pensão por morte se o casamento ou união estável já contava com pelo menos 02
(dois) anos de duração na data do óbito.

“Art. 74, § 2º, Lei 8.213/91: O cônjuge, companheiro ou companheira não terá direito
ao benefício da pensão por morte se o casamento ou o início da união estável tiver
ocorrido há menos de dois anos da data do óbito do instituidor do benefício, salvo nos
casos em que: I - o óbito do segurado seja decorrente de acidente posterior ao
casamento ou ao início da união estável; ou II - o cônjuge, o companheiro ou a
companheira for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de
atividade remunerada que lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial a
cargo do INSS, por doença ou acidente ocorrido após o casamento ou início da união
estável e anterior ao óbito”.

Este dispositivo entrou em vigor desde 14 de janeiro de 2015 (vide art. 5º, II, da MPV
664/14).

Além disso, a pessoa condenada (acreditamos que por sentença penal condenatória
transitada em julgado) pela prática de crime doloso que tenha resultado a morte do
segurado, também estará excluído do rol dos dependentes.

“Art. 74, § 1º, Lei 8.213/91 Não terá direito à pensão por morte o condenado pela
prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do segurado”.

RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

O Art. 70 da Lei 8.213/91, antes da implementação da medida provisória 664/14, rezava


que a renda mensal do benefício da pensão por morte era de 100% do valor da
aposentadoria que o falecido recebia na data do óbito (caso fosse aposentado) ou 100%
do valor a que teria direito a receber caso fosse aposentado por invalidez na data do
óbito (caso ainda estivesse na ativa).

No entanto, com a reforma, os valores foram modificados, passando a ser de:

“Art. 75, Lei 8.213/91: O valor mensal da pensão por morte corresponde a cinquenta
por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria
direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, acrescido de
tantas cotas individuais de dez por cento do valor da mesma aposentadoria, quantos
forem os dependentes do segurado, até o máximo de cinco, observado o disposto no art.
33”.
Assim, o valor atual da pensão por morte é de 50% do valor da aposentadoria que
recebia ou do valor a que teria direito a receber de aposentadoria por invalidez,
acrescido de 10% por dependente beneficiário, até o máximo de 100%.

O valor será dividido em partes iguais a todos os dependentes da mesma classe.

Assim, se A, aposentado, faleceu, deixando B, sua esposa, e C, seu filho de 15 anos, o


valor da renda mensal da pensão por morte será de 70% (50% + 10% + 10%) da
aposentadoria que A recebia na época da morte. Este valor será igualmente rateado entre
B e C.

A MPV 664/14 ainda previu um acréscimo de 10% em cima do valor total, caso um dos
dependentes beneficiários seja ou tenha se tornado órfão de pai e mãe.

“Art. 75, § 2º, Lei 8.213/91: O valor mensal da pensão por morte será acrescido de
parcela equivalente a uma única cota individual de que trata o caput, rateado entre os
dependentes, no caso de haver filho do segurado ou pessoa a ele equiparada, que seja
órfão de pai e mãe na data da concessão da pensão ou durante o período de
manutenção desta, observado: I - o limite máximo de 100% do valor da aposentadoria
que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por
invalidez na data de seu falecimento; e II - o disposto no inciso II do § 2º do art. 77”.

Assim, se D, aposentado, faleceu, deixando seu filho E, de 18 anos, e este já havia


perdido sua mãe, o valor da renda mensal da pensão por morte será de 60% (50% +
10%) com acréscimo de 10% pelo fato do dependente ter se tornado órfão de pai e mãe,
totalizando 70% do valor da aposentadoria que D recebia.

CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO

O benefício cessará quando o dependente deixar de ter essa qualidade.

Assim, por exemplo, o filho menor de 21 anos não-inválido e não-deficiente, perderá a


qualidade de dependente e, por conseguinte, o direito a receber o benefício da pensão
por morte, quando completar 21 anos.

Antes da MPV 664/14, o cônjuge e o companheiro (a) só perderiam a pensão por morte
em caso de falecimento. Era, portanto, para estes, um benefício vitalício.

Com a edição da medida provisória, a pensão por morte deste dependentes passou, em
regra, a ter limite temporal, que leva em conta a expectativa de sobrevida o dependente
quando da morte do segurado.

Assim, seguirá o disposto na seguinte tabela:


Assim, para o cônjuge ou companheiro (a) receber a pensão por morte de forma
vitalícia, deverá ter 35 anos ou menos de expectativa de sobrevida com base da tábua de
mortalidade do IBGE.

“Art. 77, § 6º, Lei 8.213/91: § 6o Para efeito do disposto no § 5o, a expectativa de
sobrevida será obtida a partir da Tábua Completa de Mortalidade - ambos os sexos -
construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
vigente no momento do óbito do segurado instituidor”.

Hoje, a tábua de mortalidade do IBGE, diz que a expectativa de vida média do brasileiro
é de 74,9 anos (2013), sendo 79 anos para mulheres e 71 anos para homens.

Deve-se sempre salientar que o novo matrimônio ou a nova união estável do dependente
beneficiário não faz cessar a sua cota da pensão por morte.
Inclusive, sobre o tema, trouxe a MPV 664/14:

“Art. 225, Lei 8212/91: Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção


cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge, companheiro ou companheira,
e de mais de duas pensões”.

Assim, o cônjuge dependente beneficiário que contrair novo casamento e o seu novo
marido ou esposa também falecer, deverá optar entre o benefício que já recebia ou o
novo.

Também é de grande valia salientar que o filho maior de 21 anos, ainda que esteja
cursando o ensino superior, não tem direito à pensão por morte, ressalvadas as hipóteses
de invalidez ou deficiência mental ou intelectual [RESP 1369832 STJ].

REDISTRIBUIÇÃO DE COTAS

Como dito, caso haja mais de um dependente na mesma classe, haverá o rateio em
partes iguais entre eles.

Na medida em que um dependente perde essa qualidade, o valor de sua cota será
redistribuído entre os demais dependentes.

No entanto, a medida provisória 664/14 previu que, caso isso ocorra, haverá a
distribuição para os demais dependentes, porém, sem o acréscimo de 10% que foi
calculado originalmente com base naquele dependente.

Assim, se F falecer, deixando G, esposa, e H, filho de 20 anos, o valor será


originalmente de 70% do valor da aposentadoria que recebia ou teria direito a receber
(50% + 10% + 10%). Ocorre que, quando H completar 21 anos deixará de ser
dependente de F. Sua cota então será redistribuída para G, mas sem o acréscimo de 10%
de sua parte. Assim, G passará a receber 60% (70% - 10%).

“Art. 77, § 1º, Lei 8.213/91: Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito
à pensão cessar, mas sem o acréscimo da correspondente cota individual de dez por
cento”.

OUTROS DISPOSITIVOS LEGAIS

“Art. 76, Lei 8213: A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de
habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior
que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da
data da inscrição ou habilitação.

§ 1º O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a


companheira, que somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e
mediante prova de dependência econômica.

§ 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de


alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no
inciso I do art. 16 desta Lei”.
Art. 77, § 3º, Lei 8213: Com a extinção da parte do último pensionista a pensão
extinguir-se-á.

§ 4º A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental


que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que
exerça atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo ser
integralmente restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade
empreendedora”.

“Art. 78, Lei 8213: Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade
judicial competente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão
provisória, na forma desta Subseção.

§ 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em consequência de acidente,


desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória
independentemente da declaração e do prazo deste artigo.

§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará


imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo
má-fé”.

“Art. 79, Lei 8213: Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista
menor, incapaz ou ausente, na forma da lei”.

SÚMULAS

“Súmula 340, STJ: A lei aplicável à concessão de pensão por morte previdenciária por
morte é aquela vigente na data do óbito do segurado”.

“Súmula 336, STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem
direito à pensão previdenciário por morte do ex-marido, comprovada a necessidade
econômica superveniente”.

“Súmula 416, STJ: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que,
apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção
de aposentadoria até a data do seu óbito”.

“Súmula 52, TNU: Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a
regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual
posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por
empresa tomadora de serviços”.

DIREITO DA(O) COMPANHEIRA(O) SOBREVIVENTE À PENSÃO POR MORTE,


EM FACE DOS DEMAIS DEPENDENTES DO SEGURADO

RESUMO

Diante da necessidade de proteção da família, em caso de falecimento de segurado ou


segurada responsável pela fonte de renda, que muitas vezes ficam em situações de
vulnerabilidade social, este artigo tem como objetivo versar sobre o direito do
companheiro ou companheira sobrevivente à pensão por morte, em face aos demais
dependentes do segurado ou segurada, ressaltando a proteção previdenciária da família,
de modo que torna-se essencial para manutenção da sua própria subsistência. Por fim,
uma análise sobre a possibilidade da concorrência entre companheiro ou companheira e
demais interessados.

Palavras-chave: Pensão por morte. Companheiro. Companheira. Concorrência.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo versa sobre as possibilidades de concessão do benefício pensão por


morte a companheiro ou companheiro sobrevivente, em face aos demais dependentes do
segurado. Trata-se a proteção previdenciária com público específico, notadamente o
segurado, trabalhador, e seus dependentes, de filiação obrigatória, tendo sua
organização, previsão na Constituição Federal, notadamente nos incisos I, II, III, IV, V
do art. 201.

Este benefício surge como tentativa de melhoramento, amparo aos dependentes do


falecido, ante a situação da perda do ente responsável por prover o bem estar e as
condições de sobrevivência da família.

No âmbito do direito previdenciário a pensão por morte trata-se de meio de proteção


social, com finalidade de amparar e favorecer para a superação de uma situação social.

Há registro histórico de que em 1601, foi um marco na seguridade social, por ter sido
elaborada a lei dos pobres, visando combater a miséria, direcionados as crianças, idosos,
inválidos e desempregados, na Inglaterra, por meio de contribuição obrigatória e de
caráter universal, seguidos de outras evoluções institucionais e legais em todo o mundo,
direcionado ao bem estar da sociedade.

Surgiram outras evoluções significativas, como a declaração dos direitos do homem e


dos cidadãos em 1789, dentre outras. Em 1883, com indícios de previdência social,
surge na Alemanha, por obra de Otto Von Bismarck, primeiro sistema de seguro social,
mediante uma tríplice forma de custeio vigente até hoje, qual seja, mediante
contribuição do Estado, empregadores e empregados.

No Brasil, a publicação da lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682 de 24 de


janeiro de 1923), segundo a doutrina majoritária, foi um marco fundamental da
previdência social do país, quando criou caixa de aposentadorias e pensões vinculadas a
certas categorias de profissionais.

No ano de 1966, diante da expressiva realidade social, surgem com o Decreto-Lei nº.
66, novos indícios de positivação do direito das companheiras decorrente de união
estável, ao beneficio da pensão por morte, porém sem pensar nos companheiros ou
maridos decorrentes de união civil.

O gênero, abrangendo seguridade, previdência, assistência social e saúde foram


estabelecidos na constituição federal de 1988.
Em 1991, foram editadas, a Lei nº 8.212, (Plano de Custeio e Organização da
Seguridade Social) e Lei nº 8.213, (Plano de Benefícios da Previdência Social), o direito
foi estendido tanto para esposas, maridos, companheiras e companheiros, notadamente
aos filhos e demais dependentes que preencha os requisitos necessários.

Neste contexto se desponta o beneficio de pensão por morte para a companheira ou


companheiro e demais dependentes.

A Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, regulamentou a Reforma


da Previdência Social estabelecendo limite de idade nas regras de transição para a
aposentadoria integral no setor público, dentre outras introdução do fator previdenciário.
Em 1999, o Decreto n° 3.048 aprovou o Regulamento da Previdência Social.

A Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, reformou regras da


Previdência Social, Sendo que Emenda Constitucional nº 47, de 05 de julho de 2005
complementou a reforma.

Neste contexto se desponta o beneficio de pensão por morte para a companheira ou


companheiro e demais dependentes.

Os princípios específicos da previdência social são os que visam alcançar a proteção de


todas as pessoas que dele participam, com direcionamento e características do
subsistema previdência social.

Dias e Macedo (2012, p. 111) define os princípios previdência social como:

Princípio da contributividade, princípio da automaticidade da filiação, princípio da


preservação do equilíbrio financeiro e atuarial, princípio da universalidade de
participação nos planos previdenciários, princípio do cálculo dos benefícios
considerando-se os salários de contribuição corrigidos monetariamente, princípio da
irredutibilidade do valor real do benefício e princípio do valor da renda mensal dos
benefícios de caráter substitutivo não inferior ao do salário mínimo.

Os princípios podem ser entendidos como referências basilares e de fundamentos


suficiente para suprir lacunas.

Observa-se que os segurados do Regime Geral da Previdência Social – RGPS são


classificados como; segurados obrigatórios, que ocorre de maneira compulsória, quando
houver exercício de atividade de natureza urbana ou rural, remunerada e lícita da pessoa
física.

Dias e Macedo (2012, p. 136) conceituam como segurado obrigatório do Regime


Próprio de Previdência Social, “todo aquele que exerce atividade laborativa remunerada,
à exceção dos ocupantes de cargos efetivos pertencentes a Regime Próprio de
Previdência Social.”

Segurados facultativos Configuram-se as pessoas que não se enquadram como segurado


obrigatório, que optam por filiar-se, contribuindo para previdência, com idade mínima
para filiação é de dezesseis anos e dependentes. Considera-se dependentes ou
beneficiários do Regime Geral de Previdência Social os que dependem economicamente
do segurado, como previsto no artigo 16, da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991.

2 PENSÃO POR MORTE DE COMPANHEIRO(A) SOBREVIVENTE

A pensão por morte é devida a companheiro(a) sobrevivente que atende aos requisitos, e
tem previsão legal no inciso V, do artigo 201, da atual Constituição Federal, sendo que
o texto expressa que a previdência social atenderá “a pensão por morte do segurado,
homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no
§ 2º.”

Observa-se que a previsão acima citada demonstra que tanto o cônjuge como também o
companheiro ou a companheira encontram-se em condições semelhante de proteção.
Interessante ressaltar o avanço quanto à proteção do marido no que se refere ao direito a
pensão por morte de esposa, que somente foi positivado com a Constituição Federal de
1988, ou seja, antes somente a mulher poderia receber a pensão por morte, de modo que
o marido só tinha tal direito caso encontrasse em condições de invalidez.

Desde a edição da Lei 8.213/1991, no que diz respeito concessão do benefício tanto ao
cônjuge sobrevivente, homem ou mulher, como para companheiro ou companheira que
preencha os requisitos necessários. De modo que atualmente o direito a pensão por
morte tem abrangência bem mais ampla referente aos dependentes.

O regulamento positivado no inciso V, do artigo 201, da Constituição Federal só passou


a ser exercitável a parti da vigência da Lei 8213/1991, que em atenção ao parágrafo 5º,
do artigo 195, também da Constituição Federal, ao normatizar que “nenhum benefício
ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total”.

2.1 UNIÃO ESTÁVEL

A união decorre da vida em comum, sendo necessário o mútuo consentimento dos


companheiros, sem formalismo, comparando ao casamento, porem difere do simples
ficar, assemelhando ao que somente após o código civil de 1916, era chamado de
concubinato, pois o nome concubinato entrou em desuso devido à aferição pejorativa.

Pois para haver a união estável são necessários alguns elementos, como objetivo de
constituir família, convivência duradoura, continuidade e existência pública, referindo-
se à notoriedade. Observa-se que há previsão no parágrafo 3º do artigo 226, da
Constituição Federal, quanto ao reconhecimento da união estável, “para efeito da
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.”

Regulamentando o parágrafo acima o Código Civil de 2002 traz algumas


especificidades.

É o que se vê dos artigos 1723, 1724, do código civil de 2002, abaixo transcritos:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família.

§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não


se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
fato ou judicialmente.

§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união


estável.

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de


lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Interessante ressaltar que ainda há proteção diferenciada comparado-a ao casamento,


que podem ser observado, dentre outras, no direito real de habitação, na ordem dos
herdeiros necessários em que são citados apenas os descendentes, os ascendentes e o
cônjuge.

A união estável nasce do convívio, com característica de união familiar, e com deveres
de lealdade, respeito e assistência, de modo que merece do Estado, proteção semelhante
a do casamento, viabilizando uma perspectiva legal e paridade.

2.2 PENSÃO POR MORTE

É a assistência prevista no sistema previdenciário brasileiro, prestada aos dependentes


do segurado, positivado no artigo 201, inciso V, da Constituição Federal e
regulamentado no artigo 74, da Lei n° 8.213 de 24 de julho de 1991, que se encontra em
situações merecedoras de proteção do Estado, em face da morte do segurado e mediante
comprovação da dependência econômica.

Vianna(2013, p. 206) conceitua pensão por morte da seguinte forma: "é o benefício da
previdência social devido aos dependentes do segurado em função da morte deste. Está
disciplinado nos artigos 74 e seguintes da Lei n° 8.213/91."

Trata-se de benefício previdenciário que visa proteger os dependentes, que em situações


de morte do segurado, cessa a fonte fundamental de rendimentos daqueles que dele
dependiam economicamente. Com a sua morte, os dependentes perdem a sua fonte de
subsistência.

A morte pode ser real ou presumida sendo que a morte real é definida como morte
natural. No caso de morte presumida quando por qualquer circunstância um dos
cônjuges desaparece, pode ser certificada mediante sentença que declara a ausência.

O benefício de pensão por morte em regra é de natureza contínua, de manutenção


vitalícia, quando o dependente é o cônjuge ou companheiro(a), ou de manutenção
temporária quando os dependentes são os filhos menores sob guarda ou tutelados até 21
anos, e a extinção do benefício ocorre:

I - pela morte do pensionista;


II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou irmão de ambos os sexos, pela
emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade. Salvo se for inválido ou
com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz
assim declarado judicialmente; ou

III - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez e para o pensionista com
deficiência intelectual ou mental, pelo levantamento da interdição.

Assim na constância do casamento o cônjuge faz jus a pensão por morte e, presente os
requisitos que demonstre a união estável, não há dúvidas quanto ao direito, tendo em
vista a contingência prevista em lei que regula os benefício da previdência social.

A pensão por morte não será concedida quando na data do óbito, não for comprovado a
qualidade de segurado, respeitado o prazo do período estabelecido no artigo 10, da
Instrução Normativa INSS/PRES no 45/2010.

Quanto ao valor do benefício, historicamente já passou por vários avanços até chegar ao
percentual atual, o qual não pode ser inferior ao salário mínimo, em regra, e nem
superior ao limite máximo do salário de contribuição.

De acordo com a Lei Eloy Chaves de 24 de janeiro de 1923, na época era exigido o
cumprimento do período mínimo de carência, para ter direito a pensão por morte, porem
atualmente para a concessão do referido benefício, não há mais exigência do período de
carência, de modo que tem previsão legal, positivado no inciso I, do artigo 26, da Lei
8.213/91, Independe de carência a concessão das seguintes prestações: pensão por
morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente.

2.3 DO INÍCIO DO BENEFÍCIO

Como regra sustenta-se na doutrina e no artigo 74 da Lei 8.213/1991, que a pensão por
morte do segurado conta-se:

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; e

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; ou

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida;

IV - ocorrência, no caso de catástrofe, acidente ou desastre, se requerido até trinta dias


desta.

Os pensionistas menores, incapazes e ou ausentes, tem um tratamento diferenciado,


como positivado no artigo 79, da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, ao estabelecer que
não se aplica o prazo do artigo 103. De modo que será devido o benefício, segundo a
previsão no artigo 318, da instrução normativa nº 45/2010, da data da ocorrência do
óbito, quando requerida;

1. Pelo dependente maior de dezesseis anos de idade, até trinta dias da data do óbito; e
2. Pelo dependente menor até dezesseis anos, até trinta dias após completar essa idade,
devendo ser verificado se houve a ocorrência da emancipação, conforme disciplinado no
art. 23;

§ 1° Na contagem dos trinta dias de prazo para o requerimento previsto no inciso II do


caput, não é computado o dia do óbito ou da ocorrência, conforme o caso.

§ 2º Para efeito do disposto no caput, equiparam-se ao menor de dezesseis anos os


incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil na forma do art. 3º do código
civil, assim declarados judicialmente. Os inválidos capazes equiparam-se aos maiores
de dezesseis anos de idade.

O prazo e tratamento diferenciado para o menor de 16 anos decorre da situação de


maior vulnerabilidade e capacidade civil.

2.4 ACUMULAÇÕES DE PENSÕES POR MORTE

Quanto à acumulação de pensões por morte de segurados, existe vedação legal para
concessão, sendo que em atenção ao inciso VI, do artigo 24 da Lei 8.213 de 24 de julho
de 1991, em nenhuma hipótese o instituto nacional pagará a pensão em duplicidade.

É o se vê abaixo transcrito:

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto
dos seguintes benefícios da Previdência Social:

[...]

VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de


opção pela mais vantajosa.

Interessante observar que a restrição é com relação a fruição de mais de benefício de


pensão por morte de cônjuge ou companheiro(a), não sendo possível, o acúmulo de
pensões, em caso de morte de ex-maridos ou ex-companheiros(as). Há, no entanto a
possibilidade do exercício do direito de escolha da pensão mais vantajosa.

No que se refere à restrição, verifica-se que não se estende ao acúmulo do recebimento


de benefício pensão por morte do segurado e aposentadoria, de modo que não há
previsão legal explicitada, no sentido de proibir a ocorrência dessa possibilidade.

3 CONCORRÊNCIA ENTRE COMPANHEIRO(A) E INTERESSADOS

O benefício pensão por morte, por se tratar também de prestação alimentícia, se


recebido indevidamente, não precisa ser devolvido, salvo má fé, de modo que cabe ao
INSS, ao receber o requerimento atentar-se, para não conceder o benefício às pessoas
indevidamente.

A pensão por morte do segurado será concedida de forma integral ao dependente, porém
o mesmo não ocorre se houver outros beneficiários habilitados.
No que diz respeito à dependência, há situações em que o segurado pode deixar mais de
uma família, nessa circunstancia haverá a divisão da pensão por morte.

A busca da proteção judicial não exige o prévio esgotamento das vias administrativas
para que seja possível a provocação no Judiciário, uma vez que é garantido a todos o
direito ao acesso à Justiça.

3.1 COMPANHEIRO(A) COM FILHOS

A companheira ou companheiro tem direito a receber o valor integral do benefício de


pensão por morte, porem havendo filhos do segurado ou da segurada, estes gozarão
também do direito a pensão desde que preencha os requisitos necessários.

No caso, em regra, para os filhos menores, cessa o direito a percepção do benefício por
várias hipóteses, ou seja, quando emancipado, quando designado como filho interditado,
servidor público, etc.

A parte do benefício recebido pelos filhos, após atingirem a maior idade previdenciária
que, para fins de pensão por morte é de 21 anos, reverterá à companheira ou
companheiro.

Para os filhos inválidos ou incapazes, assim declarados judicialmente, maiores de 21


anos permanecem a proteção, desde que a invalidez ou incapacidade ocorra antes da
morte do segurado, pois sustenta a presunção de dependência.

Se a invalidez ou incapacidade ocorrer posteriormente ao óbito do segurado, não será


considerado dependente e não poderá concorrer a parte do benefício com o companheiro
ou companheira.

3.2 COMPANHEIRO(A) COM EX-CÔNJUGE

Verifica-se a concorrência em situações em que o marido após o divórcio ou separação


de fato com a esposa, contrai uma união estável, formando outra família.

Nesse caso com a morte do segurado, deverá ser rateado o benefício de pensão por
morte, sendo necessário a comprovação de dependência econômica da ex-esposa, de
modo que ficará configurado a dependência se houvesse o pagamento de pensão
alimentícia pelo marido a ex- esposa.

Nesse sentido está positivado no artigo 76, § 2º, da Lei 8.213/91, “O cônjuge divorciado
ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em
igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta lei.”

Assim resultaria na divisão do benefício, nesse sentido já havia previsão na súmula n°


159, do extinto Tribunal Federal de Recursos ao expressar, “é legitima a divisão da
pensão previdenciária entre esposa e a companheira, atendidos os requisitos exigidos.”

Corroborando com o assunto, neste sentido a decisão do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado do Rio Grande do Sul, abaixo transcrito:
APELAÇÃO. PREVIDÊNCIA PÚBLICA. PENSÃO. DEPARTAMENTO
MUNICIPAL DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO
DE PORTO ALEGRE - PREVIMPA. SEPARAÇÃO DE FATO. CONCORRÊNCIA
ENTRE COMPANHEIRA E EX-ESPOSA. RATEIO IDÊNTICO ENTRE AS
BENEFICIÁRIAS. CABIMENTO. Havendo concorrência entre a companheira e a ex-
esposa de servidor público falecido, é devido o rateio da pensão por morte entre as
beneficiárias em partes iguais. Inteligência dos arts. 41, § 4º, da Constituição Estadual, e
26 e 68, da Lei Complementar Municipal nº 478/02. Precedentes do TJRS e do STJ.
Apelação provida liminarmente. (Apelação Cível Nº 70053369807, Vigésima Segunda
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Eduardo Zietlow Duro,
Julgado em 15/03/2013).

O cônjuge ausente também fará jus ao benefício previdenciário pensão por morte,
mediante prova de dependência econômica, a partir da data de sua habilitação. Porém
não exclui do direito ao benefício a companheira ou companheiro que necessita da
pensão.

Tem-se, pois, que mesmo não mantendo mais o vinculo familiar, a proteção decorrente
da previdência social, não está restrita apenas aos vínculos de família, e sim de
dependência econômica.

3.3 COMPANHEIRO(A) COM PAI E MÃE DO SEGURADO

Para haver concorrência na pensão por morte do segurado é necessário a comprovação


de dependência econômica, até a data do óbito.

Em relação à possibilidade da concorrência entre companheiro(a) e pai ou mãe do


segurado, evidencia-se a inviabilidade da ocorrência, porque a existência de integrantes
beneficiários da primeira classe, que está positivado no inciso I do artigo 16 da Lei
8.213 de 24 de julho de 1991, que no caso se inclui o companheiro ou companheira, e
exclui do direito os integrantes das classes seguintes, previsto nos inciso II , e III, do
mesmo artigo, entre os aquis se enquadram os pais.

Nesse sentido, há previsão no artigo 24, do Decreto nº3.048 de 06 de maio de 1999,


que: “Os pais ou irmãos deverão, para fins de concessão de benefícios, comprovar a
inexistência de dependentes preferenciais, mediante declaração firmada perante o
Instituto Nacional do Seguro Social.”

O direito a pensão por morte direcionado aos pais do segurado, pode ser verificado, não
em concorrência com companheiro(a), mas em situações, que o segurado é solteiro, que
comumente vive com os pais, e nessas circunstâncias deverá ser provada a dependência
econômica.

Nesse sentido já previa a súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos extinto, “a


mãe do segurado tem direito a pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se
provada à dependência econômica, mesmo que não seja exclusiva a dependência.”

3.4 COMPANHEIRO(A) COM IRMÃO DO SEGURADO


Sendo dependentes não preferenciais, os irmãos deverão comprovar a dependência
econômica e só farão jus ao benefício quando não emancipados, inválidos ou menores
de 21 anos.

Haverá concorrência entre os irmãos em igualdade de condições, na ausência de


dependentes preferenciais. De modo que há dispositivo legal regulamentando esse
assunto no inciso III, do artigo 16 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, “o irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que
tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
assim declarado judicialmente”.

Interessante destacar a impossibilidade de haver concorrência da pensão por morte do


segurado, entre companheiro(a), e irmãos do segurado, pois na existência de integrantes
da classe preferencial exclui os das classes não preferenciais.

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente artigo tem como fonte principal, pesquisas


direcionadas com objetivos a uma maior familiaridade com os temas abaixo
relacionados. Através de fontes utilizadas como livros, artigos científicos e publicações
periódicas, principalmente as especializadas, que possuam temas ligados a: pensão por
morte, evolução histórica da seguridade social, beneficiários do regime geral de
previdência social, princípios do direito previdenciário como meio de viabilização da
cidadania, concorrência entres os dependentes do segurado a pensão por morte.

Com abordagens voltadas à ampliação de conhecimentos, frente a realidade da


necessidade de proteção das famílias que perdem seu principal encarregado de prover a
subsistência, o que objetivará o exame crítico da pesquisa.

5 CONCLUSÃO

Este trabalho acadêmico procurou abordar, de forma sucinta e objetiva, as variadas


situações e possibilidades de concorrência a pensão morte do segurado, devidamente
contextualizado no âmbito da Previdência Social.

Procurou-se identificar de forma sintetizada as origens da legislação previdenciária,


evolução da proteção social no Brasil, marco inicial na previdência social, beneficiários,
segurados obrigatórios, facultativos e dependência, seguido de abordagens sobre
requisitos para configuração da união estável.

Em razão de sua relevância e importância e na pretensão de colaborar no


questionamento, entendimento e reflexão sobre pensão por morte, dependentes e
concorrentes com relação ao companheiro ou da companheira, e na importância da
previdência social, perante a sociedade brasileira.

Através da análise pode se perceber que o reconhecimento do direito ao benefício de


pensão por morte a companheira ou companheiro sobrevivente é algo que demonstra o
avanço no direito previdenciário e da conquista da sociedade.
Observou-se que a pensão por morte é devida tanto ao companheiro como para
companheira sobrevivente, do segurado. E que poderá receber o benefício a contar da
data do óbito do segurado, dependendo da data do requerimento. Não sendo possível a
cumulação de pensão por morte, sendo que há a possibilidade de escolha pela a mais
vantajosa.

Por fim uma abordagem entre os possíveis concorrentes da companheira do segurado a


pensão por morte, de modo que ficou evidente à possibilidade de concorrência ou não
entre os interessados, envolvendo companheira com ex-cônjuge, filhos, pai, mãe do
segurado e irmão, respeitado o critério de preferência.

RIGHT OF THE COMPANION SURVIVOR PENSION DEATH IN THE FACE TOO


MANY DEPENDENT INSURED

ABSTRACT Faced with the need to protect the family in case of death of insured or
insured responsible for the source of income, which often are in situations of social
vulnerability, this article aims to be about the right of the companion spouse survivor
death benefits in relation to other dependents of the insured or insured, underscoring the
social security protection of the family, so it is essential for the maintenance of their
own subsistence. Finally, an analysis of the possibility of competition between
companion spouse and other interested parties.

Keywords: Pension per Death. Companion. Companion. Competition.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios previdenciários. São Paulo: Liv. e Ed.


Universitária do Direito, 2003.

DIAS, Eduardo Rocha; MACÊDO, José Leandro Monteiro de. Curso de direito
previdenciário. 3 ed. São Paulo; editora método, 2012.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6 ed. São Paulo; Editora Revista
dos Tribunais, 2010.

GONÇALVES CORREIA, Marcus Orione; BARCHA CORREIA, Érica Paula. Curso


de direito da seguridade social. 5 ed. São Paulo; Editora saraiva, 2010.

KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis; KRAVCHYCHYN, Gisele Lemos; CASTRO,


Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Prática processual previdenciária
administrativa e judicial. 4 ed. Rio de Janeiro; forense, 2013.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Tratado prático da pensão por morte. São Paulo: Ler,
2012.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Proteção para o trabalhador e sua família


- MPS. Disponível em: <http://www.previdencia.com.br>. Acesso em: 22 de junho de
2013.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA-RS. Jurisprudência, apelação civil. Disponível em:
<http://www1.tjrs.jus.br/busca>. Acesso em: 15 de julho de 2013.

VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 6 ed. São Paulo;
Atlas, 2013.
União estável é prova suficiente para
requerimento de pensão no INSS
Além da dor da perda, a morte de um companheiro ou de um cônjuge representa
também uma série de direitos, como casos de herança e pensão. Nesta terça-feira (5), a
advogada Bruna Rinaldi tirou dúvidas sobre este assunto no Jornal GloboNews Edição
das 10h.

Simone – Estou numa união estável há 18 anos e temos um filho. Quais são os meus
direitos caso ele morra?
Bruna Rinaldi – Se houver bens adquiridos durante essa união, você terá direito sobre
esse bem. Você vai ser meeira. Metade do bem vai ser sua e a outra metade você vai
concorrer com seu filho. Se só houver bens anteriores a essa união, todos eles serão do
seu filho. Você tem direito de permanecer no imóvel até morrer.

Laurima – Estamos separados há trinta anos, mas nunca oficializamos isso. Hoje ele
tem outra família. Caso ele morra, tenho direito a algo?
Bruna – Você não terá direito porque, apesar de não ter havido o divórcio, tem essa
separação de fato. Certamente, a atual companheira brigaria pelo patrimônio e
conseguiria levar esse patrimônio.

O cônjuge concorre com ascendente e descendente"


Bruna Rinaldi

Cristiane Freitas – Casei com regime parcial de bens. Hoje temos um imóvel e não
temos filho. Caso eu venha a falecer, ele terá que repartir o imóvel com minha
família? Posso deixar na herança para tudo ficar para ele?
Bruna – Você não me disse se ele tem pai ou mãe vivo. Você concorreria com os
outros herdeiros necessários. Você é uma herdeira necessária. O cônjuge concorre com
ascendente e descendente. Se houver ascendente, você concorre com o pai ou a mãe
dele. Se não houver ascendente, você vai levar essa herança sozinha. Você não vai
concorrer com irmãos ou primos, a não ser que ele tenha deixado isso em testamento.

Newton – Sou casado com comunhão parcial de bens e possuo um apartamento


adquirido antes do casamento. Caso eu venha a falecer antes da minha esposa, como
fica a sucessão, considerando que tenho filhos?
Bruna – A sua esposa vai concorrer de forma igual com seus filhos. Se você tiver três
filhos, cada um vai levar um quarto desse imóvel, porque esse bem é anterior à união.
Ela não é meeira desse bem, mas ela é herdeira juntamente com seus filhos.

Marli - Dei entrada na pensão e não consegui porque minhas provas são
insuficientes para ganhar o benefício. Tenho comprovante de financiamento, além de
correspondências de contas. Quais são as provas necessárias para o meu caso?
Bruna – Tenta comprovar na vara de família que você tinha uma união estável com ele.
Se você conseguir esse reconhecimento de união estável através de uma sentença de um
juiz, vai ser mais fácil você conseguir adquirir essa pensão.
Radha – Tenho três filhos e meu marido morreu há três meses. Era casada em
comunhão parcial de bens e não tínhamos bens. Agora, minha sogra faleceu
deixando um apartamento. Ela tem outro filho. Quais são os meus direitos e de meus
filhos na partilha esse bem?
Bruna – Você não direito sobre esse bem, porque o seu marido já faleceu, mas seus
filhos vão herdar como se ele estivesse vivo. Da parte que couber ao tio, metade vai
para seus filhos. Eles vão dividir de partes iguais: o tio e os filhos. Vai ficar metade para
um e metade para os seus filhos em partes iguais.

Domingos – Se no curso de uma ação declaratória de união estável sobrevier uma


alteração da idade para o regime da separação obrigatória de bens e um dos
consortes vier à falecer, qual a lei se aplica?
Bruna – Vai aplicar a lei do regime da separação obrigatória de bens. Faz toda a
diferença, porque o cônjuge casado no regime da separação obrigatória de bens não é
herdeiro necessário. Então vai mudar na hora da sucessão o que vai ser herança ou não.
Hoje, há muitas decisões que os bens que foram adquiridos durante a união no regime
da separação obrigatória de bens podem ser passível de partilha, mas é uma decisão
extrema.

Manoel Carlos – Quando o portador de deficiência morre, a esposa tem direito a


aposentadoria especial?
Bruna – Ela vai receber exatamente o que caberia a ele receber.

Ninguém tem que assumir dívidas de morto"


Bruna Rinaldi

Solange – O meu marido pegou um empréstimo num banco. Caso ele morra, eu tenho
que assumir a dívida?
Bruna – Ninguém tem que assumir dívidas de morto. O credor vai se habilitar no
inventário do seu marido e vai, de repente, conseguir pegar uma parte que caberia aos
demais herdeiros, mas ela não vai além daquilo que o seu marido tiver deixado. Se você
tiver algo seu, você não vai ter que pagar a dívida do seu marido, mas o monte deixado
por ele vai ser deixado aos credores.

Marcio – Vivo com meu companheiro há 21 anos e há 3 anos temos a união estável
feita em cartório. Somente isto é necessário para fazer provas junto ao INSS em caso
de requerimento de pensão ou é necessário converter a união em casamento civil?
Bruna – Você pode converter a união estável em casamento civil, porque hoje a lei
prevê isso e o direito é garantido a você. Mas a união estável já é prova suficiente para o
INSS.

Carlos – Sou casado em regime de comunhão parcial de bens e tenho um filho. Meu
pai possui vários imóveis. Na minha falta, minha esposa tem direito aos bens do meu
pai ou somente meu filho será o herdeiro destes?
Bruna – Se você falecer antes do seu pai, sua esposa não terá direito a nada, quem
receberá tudo será seu filho. Se você falecer depois do seu pai e a sua esposa falecer
depois de você, ela terá direito aos bens adquiridos por você, porque são bens
particulares. Se você for casado em comunhão parcial de bens, ela vai ser meeira dos
bens comuns e herdeira dos bens particulares, juntamente com o seu filho. Esses bens
particulares são os bens que vieram da herança.
Andreia – O marido da minha mãe morreu recentemente. Existe um processo
tramitando na justiça por indenização trabalhista - acidente de trabalho - ainda a ser
julgada. Ela assume a causa ou seus filhos?
Bruna – Os herdeiros terão legitimidade para assumir essa causa. Tem que ver na ação
trabalhista se vocês têm legitimidade ou se é uma ação personalíssima, mas herdariam
os herdeiros necessários ao cônjuge e os demais filhos. Vocês poderiam todos se
habilitar nesse processo trabalhista.
Os dependentes e os principais aspectos na concessão
dos benefícios previdenciários
Dependentes

Segundo o artigo 16 da Lei 8.213/91, são também considerados segurados em


modalidade especial (isto é sem contribuição) os dependentes dos segurados, os quais
segundo o ditame legal fazem jus aos benefícios de pensão por morte, auxílio reclusão e
a reabilitação profissional.

Ademais, não é qualquer dependente do segurado que será considerado dependente para
fins previdenciário. A lei coaduna quem deve ser considerado dependente para fins de
concessão de benefícios. Assim segundo a norma temos três castas ou classes de
dependentes:

- Classe I: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de


qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido;

- Classe II: os pais;

- Classe III: o irmão, não emancipado, de qualquer condição, menor de 21[1] anos ou
inválido.

Os critérios para estabelecer a dependência para fins previdenciários são dois:


Econômico e Familiar. Sendo que no caso dos dependentes de primeira classe, a
dependência econômica é presumida, já para as demais classes deve se demonstrar o
critério familiar e a dependência econômica existente entre segurado e dependente,
contudo, tal dependência não necessita ser absoluta podendo ser parcial.

Os enteados e tutelados equiparam-se a filhos e são considerados dependentes. Contudo,


o menor sob guarda fora excluído da relação de dependência previdenciária pela Lei
9.528/97, no entanto, a jurisprudência vem atenuando tal mandamento legal, declarando
o mesmo inconstitucional nesta parte exclusiva. Senão vejamos:

“A Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais


Federais (TNU) decidiu que o menor sob guarda tem direito à pensão por morte. A
decisão revê posicionamento anterior da Turma e pronuncia a inconstitucionalidade da
alteração do artigo 16, parágrafo 2º da Lei 8.213/91 (efetivada pela Lei 9.528/97),
segundo a qual o menor sob guarda judicial não tem direito a benefícios da
Previdência Social. O voto do juiz federal Manoel Rolim Campbell Penna, relator do
processo, foi acatado por maioria na sessão realizada nesta segunda-feira (16), sob a
presidência do corregedor-geral da Justiça Federal, ministro Hamilton Carvalhido.

No caso, o menor requereu ao INSS pensão pela morte do segurado que detinha sua
guarda definitiva, alegando que as novas diretrizes do Código Civil conferem proteção
também ao menor sob guarda, além de jurisprudência que equipara a guarda de menor
à adoção de fato, daí seu direito à pensão alimentícia. O INSS recorreu da decisão da
Turma Recursal do Rio Grande do Sul, que concedeu o benefício, sustentando a falta de
qualidade de dependente.
Para o relator da matéria, a exclusão de menor sob guarda da cobertura
previdenciária infringe o comando constitucional de que o Estado brasileiro deve
tratar, com absoluta prioridade, o direito à alimentação da criança e do adolescente,
assegurar-lhe direitos previdenciários e estimular o instituto da guarda aos menores
desamparados, conforme determina o artigo 227 da Constituição Federal.

Manoel Rolim Penna cita, ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual


garante ao menor a condição de dependente para todos os efeitos, inclusive
previdenciários, de acordo com o artigo 33, parágrafo 3° da Lei 8.069/90. Mas para o
magistrado, a incompatibilidade das leis é superada pela regra constitucional: “É
necessário afastar a aplicação do artigo 16, parágrafo 2º, ao caso concreto em face de
sua patente incompatibilidade material com os princípios constitucionais que regem a
matéria, principalmente o da proteção integral da criança e do adolescente, cuja
responsabilidade é não só da família do menor, mas também da sociedade e do
Estado”, afirma, reportando-se ao voto do juiz Otávio Port em processo análogo,
também no sentido da presunção do direito do menor sob guarda à pensão.

A decisão salienta, ainda, que o artigo 16 da Lei Previdenciária faz uma distinção
injustificável entre o menor sob guarda e o sob tutela ao preservar ao segundo a
possibilidade de constar como dependente e não ao primeiro. “Trata-se de
discriminação que fere o princípio da isonomia, em confronto com os princípios
constitucionais”, diz Manoel Rolim Penna. Em seu voto, o juiz afirma que diante da
similitude dos institutos de guarda e de tutela, ambos voltados à proteção do menor
afastado de sua família, o caput do art. 5o da Constituição impõe que não se admita a
exclusão do menor sob guarda da cobertura previdenciária, como intentado pela
alteração do art. 16 da Lei n. 8.213/91, determinado pela Lei n. 9.528/97. (Processo
2006.71.95.1032-2) Fonte: Conselho da Justiça Federal, acesso em 16 de fevereiro de
2009, disponível em: www.cjf.jus.br”

No caso dos dependentes na modalidade companheiro(a), estes necessitam comprovar a


união estável com segurado(a). A Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0 decidiu
que companheiro(a) homossexual de segurado(a) terá direito a pensão por morte e
auxílio-reclusão.Neste mesmo sentido, colacionamos um julgado brilhante do STJ:

“A relação homoafetiva gera direitos e, analogicamente à união estável, permite a


inclusão do companheiro dependente em plano de assistência médica. O homossexual
não é cidadão de segunda categoria. A opção ou condição sexual não diminui direitos
e, muito menos, a dignidade da pessoa humana. (...Omissis..) STJ RESP 238715/RS,
Relator Ministro Humberto Gomes de Barros, 3ª, Turma – DJ de 02/10/2006.”

Com a decisão na Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0, o INSS editou a IN


25/00, a qual determinava que o dependente homossexual seria considerado como
dependente para fins previdenciários desde que, demonstra-se a união homoafetiva e
também demonstra-se a dependência econômica. Contudo, não fora isto que restou
decidido na ação supra citada, a qual determinou a inclusão do dependente homossexual
no rol dos dependentes preferenciais, ou seja, nos de 1ª Classe.

 No entanto, tal insubordinação foi devidamente resolvida com a edição da IN20/07 a
qual alocou o dependente homossexual nas condições estabelecidas pelo artigo 16, I da
Lei de Benefícios, desde que comprove a união homoafetiva com o segurado.
Concorrência:

- Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições.

- O menor sob tutela somente poderá ser equiparado aos filhos do segurado mediante
apresentação de termo de tutela.

- Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que mantenha união estável com


o segurado ou segurada.

- A dependência econômica dos dependentes de 1º Classe é presumida e a das demais


deve ser comprovada[2].

Regras Máximas para concessão de benefícios para os dependentes

Havendo dependentes de uma classe, os dependentes da classe seguinte perdem o


direito a receber pensão por morte ou auxílio reclusão. Também perde o direito ao
benefício o dependente que passar à condição de emancipado[3] por sentença do Juiz ou
por concessão do seu representante legal, ou em função de casamento, ou ainda, pelo
exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de ensino superior,
por constituir estabelecimento civil ou comercial com economia própria.

Observação: Mesmo após a separação judicial, por exemplo, o cônjuge continua


dependente do segurado, enquanto lhe for assegurada à prestação de alimentos
permanecendo nesta condição de dependente mesmo após a morte do segurado,
concorrendo desta maneira a pensão. E se tiver renunciado a pensão alimentícia, terá
direito ao benefício? Mesmo após a separação judicial, sem prestação de alimentos, caso
ocorra necessidade superveniente, o ex-cônjuge fará jus à pensão por morte, conforme
precedentes do STJ. Neste sentido RESP 195.919, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO PENSÃO por morte. Cônjuge separado judicialmente sem


alimentos. Prova de necessidade. Súmulas 64 – TFR e 379 – STF. O cônjuge separado
judicialmente sem alimentos, uma vez comprovada a necessidade, faz jus à pensão por
morte do ex-marido. Recurso não conhecido. (Gilson Dipp, DJ 21/02/2000)

Outra particularidade é poderá ser concedida pensão por morte, apesar do instituidor ou
dependente (ou ambos) serem casados com outrem, desde que comprovada a separação
de fato ou judicial em observância ao disposto no art. 1.723 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002, que instituiu o Código Civil e a vida em comum observado o rol
exemplificativo de documentos elencados no § 5º do art. 52 da Instrução Normativa 27
ou no § 3º do art. 22 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº
3.048/99. (Artigo 269, § 4 ° da IN 27).

A dependência econômica para ser demonstrada, segundo artigo 22, § 3°do Decreto
3048/99, necessita no mínimo 03 (três) dos seguintes documentos:

I - certidão de nascimento de filho havido em comum;

II - certidão de casamento religioso;


III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu
dependente;

IV - disposições testamentárias;

V - anotação constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e


Previdência Social, feita pelo órgão competente;

VI - declaração especial feita perante tabelião;

VII - prova de mesmo domicílio;

VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão


nos atos da vida civil;      

IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;

X - conta bancária conjunta;

XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como


dependente do segurado;

XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;

XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa


interessada como sua beneficiária;

XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o


segurado como responsável;

XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente;

XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou

XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.

Para o Poder Judiciário não é necessário uma prova tão robusta (03 documentos para
demonstrar a dependência), posto que a realidade nacional, não coaduna com uma
exigência tão exagerada por parte da Autarquia Previdenciária, pois se assim o for,
estaremos retirando o verdadeiro escopo da norma que é a proteção do dependente pela
falta de seu mantenedor.

Ademais, a Legislação Previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou


restrição aos mecanismos de prova que podem ser manejados para a verificação da
dependência econômica, podendo esta ser comprovada por inclusive provas
testemunhais, ainda que inexista inicio de prova documental, neste sentido: STJ – Resp.
720145-RS, Quinta Turma – Rel. Min. José Arnaldo de Fonseca

E mais a dependência não necessita ser absoluta podendo ser relativa - neste sentido:
TRF 4ª Região 2000.72.05.002108-0 – SC.
Inscrição do Dependente

Segundo o artigo 22 da lei 8.213/91, a inscrição do dependente do segurado será


promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a
apresentação dos seguintes documentos:

I - para os dependentes preferenciais:

a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento;

b) companheira ou companheiro - documento de identidade e certidão de casamento


com averbação da separação judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou
ambos já tiverem sido casados, ou de óbito, se for o caso; e

c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se tratando de enteado, certidão


de casamento do segurado e de nascimento do dependente, observado o disposto no § 3º
do art. 16;

II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos;


e

III - irmão - certidão de nascimento

Mas, qual é o momento para se realizar a inscrição dos Dependentes? Em regra não
existe um momento adequado para que isto ocorra, podendo inclusive, ser realizado
após a morte do segurado, senão vejamos:

“PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO À COMPANHEIRA – UNIÃO ESTÁVEL


COMPROVADA – TRF 5 Região. 1. Estando devidamente comprovada a união estável
da autora para com o ex-segurado, instituidor do benefício, há de se reconhece o
direito da mesma em perceber pensão por morte, nos termos dos artigos 17 e 74, ambos
da Lei 8.213/91. 2. A inscrição de dependente efetuada pelo próprio segurado, prevista
no §1º do artigo 17 da Lei 8.213/91, não é pré-requisito para o dependente poder se
habilitar ao benefício previdenciário, podendo este último promovê-la após o
falecimento do segurado.  Remessa oficial improvida.”

Outro ponto que merece destaque é aquele que permite a inscrição/filiação do próprio
segurado, após a morte, com o devido pagamento das contribuições não vertidas pelo
segurado obrigatório em vida, senão vejamos:

“A filiação do contribuinte individual à Previdência Social se dá com o exercício de


atividade remunerada, À época do óbito, todavia, na medida em que competia ao
trabalhador autônomo o ônus de provar que efetivamente contribuiu (art. 30, II, da Lei
8.212/91), o recolhimento das contribuições constituía condição necessária para
assegurar a prestação previdenciária para si e para seus dependentes. Comprovado o
exercício de atividade que justifique o enquadramento, nada obsta o recolhimento post
mortem das contribuições devidas pelo contribuinte individual, para fins de pensão,
haja vista o disposto no parágrafo 1º do artigo 45 da Lei 8.212/91. Possibilidade, a
propósito, expressamente autorizada pelo artigo 282 da Instrução Normativa do INSS
nº 118/2005. Limitando o provimento judicial a reconhecer que o falecido exercia
atividade como provimento individual e, em conseqüência, que seus dependentes têm o
direito de promover o recolhimento das contribuições, com base no artigo 282 da IN
118/2005, de modo a viabilizar concessão do benefício de pensão morte”. (TRF4, AC
2002.70.04.000585-8)

Nesta mesma linha, confiramos a lição de João Batista Lazzari e Carlos Alberto de
Castro[4]:

“A filiação decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para os


segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da primeira
contribuição para o segurado facultativo. É dizer, a filiação não depende de ato
volitivo para o segurado obrigatório, mas somente para o facultativo (art. 20,
parágrafo único, do Decreto n.º 3.048/99)" "Filiação, pois, é situação objetivamente
observada. O fato de ter o indivíduo prestado atividade remunerada que o enquadre
como segurado obrigatório é condição suficiente para o estabelecimento deste vínculo
entre ele e a Previdência Social." 17.- A qualidade de segurado não está adstrita ao
recolhimento das contribuições, podendo essa condição se dar até mesmo após a sua
morte, conforme exegese vencedora na jurisprudência: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO
POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. QUALIDADE DE
SEGURADO DO DE CUJUS. INSCRIÇÃO POST-MORTEM. SEGURADO
OBRIGATÓRIO. PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO. CUSTAS
PROCESSUAIS POR METADE. SÚMULA Nº 02/TARGS. 1. A dependência econômica
do cônjuge é presumida (art. 16, I e § 4º e art. 74 da Lei nº 8.213/91). 2. O segurado
obrigatório é filiado à Previdência Social com o exercício de atividade remunerada.
Assim, a inscrição e o pagamento das contribuições atrasadas após a sua morte não
impedem a sua qualificação como segurado, tratando-se de mera regularização dos
valores devidos. 3. Preenchidos os requisitos previstos no artigo 74, da Lei 8.213/91,
concede-se o benefício de pensão por morte, desde a data do óbito, observada a
prescrição qüinqüenal. 4. As custas processuais serão pagas por metade, visto tratar-se
de ação ajuizada na Justiça Estadual, a teor do disposto na Súmula n° 2 do extinto
Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul. 5. Apelação improvida e remessa
oficial parcialmente provida. (TRF- 4ª Região, 6ª T., AC n.º 2002.04.01.023738-8, UF:
RS, Relator Des. Nilson Paim de Abreu, DJ de 07.07.04, p. 590). 18.- Assim sendo,
comprovada a qualidade do de cujus, a sua esposa, na condição de dependente,
consoante o art. 16, I, da Lei n.º 8.213/91, faz jus ao benefício da pensão por morte.
19.- Entretanto, a pensão por morte será devida a partir da data do requerimento
administrativo (15.09.2004, fl. 14) e não da data óbito (art. 74, II da Lei 8.213/91). III
DISPOSITIVO 20.- Em face do exposto, extingo o processo com julgamento de mérito,
nos termos do artigo 269, I do CPC e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o
pedido para: a) determinar ao réu que conceda ao autor o benefício de pensão por
morte, com efeitos a partir da data do requerimento administrativo (15.09.2004, fl. 14);
b) condenar o réu a pagar ao autor os valores pretéritos, contados a partir do mês
imediatamente anterior àquele em que for implantado o benefício aqui concedido e,
retroativamente, até a data do requerimento administrativo, nos termos fixados no item
anterior, porém ressalvadas as parcelas atingidas pela prescrição qüinqüenal, ou seja,
aquelas anteriores aos cinco anos da data da propositura da ação. 21.- Sobre o valor
da condenação, deverá incidir correção monetária, de acordo com os índices
recomendados pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na
Justiça Federal, aprovado pela Resolução n.º 242, de 03 de julho de 2001, editada pelo
e. Conselho da Justiça Federal. 22.- Também sobre o valor da condenação deverão
incidir juros moratórios, sob o percentual de 1,0%, a serem contados a partir da
citação validade (Súmula 204 do e. STJ), nos termos do artigo 406 do vigente Código
Civil, do artigo 161 do CTN e do Enunciado n.º 20, aprovado por ocasião da 1.º
Jornada de Direito Civil promovida pelo CJF. 23.- Por fim, condeno o INSS a pagar ao
autor honorários advocatícios de sucumbência, os quais fixo em 10% sobre o valor da
condenação (art. 20, §§ 3º e 4º do C.P.C.), sem incidência sobre prestações vincendas
(Súmula n°. 111, do STJ), bem como as despesas processuais que forem devidamente
demonstradas, excluídas as custas, nos termos em que determina a Lei n.º 9.289/96.
24.- No presente feito, não cabe remessa oficial, com fulcro no art. 475, § 2º do Código
de Processo Civil. P.R.I. Sousa, 06 de maio de 2006 BIANOR ARRUDA BEZERRA
NETO Juiz Federal Substituto da 4ª. Vara, no exercício da titularidade da 8ª. Vara 13
Fls.____ 7 R. Francisco Vieira da Costa, s/n, Bairro Rachel Gadelha, Sousa, PB. CEP
58.800-970. Fone: (083) 3522 2673.”

“SEGURADO OBRIGATÓRIO. INSCRIÇÃO POST MORTEM. POSSIBILIDADE.


PENSÃO POR MORTE DEVIDA. 1. Comprovado nos autos que o de cujus trabalhou
durante os últimos anos de vida na condição de contribuinte individual, admite-se a
inscrição post mortem. 2. Possibilidade de descontar do valor dos benefícios as
contribuição não recolhidas. 3. Pensão devida. Recurso provido. (Processo:
200336007014454. UF: MT. Órgão Julgador: 1ª Turma Recursal – MT. Data da
decisão: 14/05/2003. Relator(a)  JUIZ FEDERAL JOSÉ PIRES DA CUNHA

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

PROCESSO nº. 2005.72.95.006938-7 –  RECURSO CONTRA SENTENÇA 

Relator :   Juiz Federal João Batista Lazzari 

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. JEF. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. CONTRIBUINTE


INDIVIDUAL. REGULARIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES.

I. Cabe concessão de pensão por morte, a ser paga aos dependentes do segurado que,
na data do óbito, exercia atividade de contribuinte individual, desde que devidamente
comprovada.

II. A regularização dos débitos deverá observar as regras previstas no art. 282 da
Instrução Normativa INSS/DC nº. 118, de 14.04.2005.

ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado de Santa


Catarina, por maioria, nos termos do art. 46 da Lei nº.  9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº.
10.259/01, em negar provimento ao recurso e confirmar a sentença pelos seus próprios
fundamentos e com base no disposto no art. 282 da Instrução Normativa INSS/DC nº.
118, de 14.04.2005.

ACORDAM, ainda, por maioria, em condenar o Recorrente ao pagamento de


honorários advocatícios fixados em R$ 600,00 (seiscentos reais).

Sala de Sessões da Turma Recursal 


Florianópolis (SC), 16 de junho de 2005.

João Batista Lazzari -Juiz Federal”

Discuti-se ainda, que o pagamento referido no antigo artigo 45 parágrafo 1º, atual 45A
pode ser realizado nos moldes do artigo 115, inciso I da Lei 8.213/91, ou seja, através
de consignação sobre o próprio benefício, posto que, uma vez preenchido os
pressupostos ensejadores para a concessão do benefício - restando apenas a parte da
liquidação da divida -, o benefício será implementado e a divida será paga com o
desconto nos moldes acima narrados.

Perda da Qualidade

A perda da qualidade de dependente ocorrerá nos termos do artigo 17 da Lei 8.213/91:

I - para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada
a prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença
judicial transitada em julgado;

II - para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado


ou segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos;

III - para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de


idade, salvo se inválidos, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso,
se a emancipação for decorrente de colação de grau científico em curso de ensino
superior; e

IV - para os dependentes em geral:

a) pela cessação da invalidez; ou

b) pelo falecimento

No que tange a perda da qualidade de dependente ao completar os 24 anos, tenho para


mim que tal mandamento legal não deve prevalecer, posto que, os benefícios
concedidos aos dependentes, cobrem o risco social FALTA DO MANTENEDOR,
assim é incrível que o caráter assecuratório da pensão por morte, que visa garantir, no
caso de falecimento do segurado, a manutenção e o desenvolvimento profissional de
seus descendentes, pois, se estivesse vivo, custearia tais despesas com dinheiro
proveniente de sua remuneração ou com o valor recebido a título de aposentadoria[5],
não possa ser mantido ao dependente que mesmo após completar 21 anos esteja
cursando curso técnico de formação ou faculdade. Corroborando com este pensamento,
vejamos alguns julgados:

PREVIDENCIÁRIO - AGRAVO DE INSTRUMENTO – PENSÃO POR MORTE--


TUTELA ANTECIPADA - FILHO MAIOR DE 21 ANOS - UNIVERSITÁRIO. I - Prevê o
art. 273, caput, do CPC que o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação. II - O § 4º do artigo 16
da Lei n. 8.213/91 versa sobre uma presunção relativa, estabelecendo, assim, a
dependência econômica como requisito para que alguém receba um beneficio da
Previdência Social na qualidade de dependente, ou seja, o fator preponderante não é a
idade ou o grau de parentesco e sim a dependência econômica, razão pela qual a
apreciação deste fato é imprescindível para a adequada interpretação do aludido
dispositivo legal. III - No direito de família a jurisprudência é pacifica no sentido de
que a pensão alimentícia é devida ao alimentando universitário até que ele complete 24
anos de idade ou conclua seu curso superior, não se justificando, assim, que o filho
universitário de um segurado do INSS seja considerado dependente no âmbito cível e
até tributário (depende do imposto de renda), mas não seja considerado dependente
para fins previdenciários. IV - Agravo de Instrumento a que se dá provimento.
(Processo n.: 2006.03.00.095700-8, Classe: Agravo de Instrumento, Relator: Juiz
Sérgio Nascimento, Órgão: Décima Turma, Data do Julgamento: 13/03/2007, Data da
Publicação: DJU, 18/04/2007 Página: 538).” (Grifo nosso)

“PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE - FILHO MAIOR DE 21 ANOS -


UNIVERSITÁRIO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - MULTA - CUSTAS
PROCESSUAIS. I - O § 4º do artigo 16 da Lei n. 8.213/91 versa sobre uma presunção
relativa, estabelecendo, assim, a dependência econômica como requisito para que
alguém receba um beneficio da Previdência Social na qualidade de dependente, ou
seja, o fator preponderante não é a idade ou o grau de parentesco e sim a dependência
econômica, razão pela qual a apreciação deste fato é imprescindível para a adequada
interpretação do aludido dispositivo legal. II - No direito de família a jurisprudência é
pacifica no sentido de que a pensão alimentícia é devida ao alimentando universitário
até que ele complete 24 anos de idade ou conclua seu curso superior, não se
justificando, assim, que o filho universitário de um segurado do INSS seja considerado
dependente no âmbito cível e até tributário (depende do imposto de renda), mas não
seja considerado dependente para fins previdenciários. (Processo n.:
2005.03.99.037558-0, Classe: Apelação, Relator do Acórdão: Juiz Sérgio Nascimento,
Relator: Galvão Miranda, Órgão: Décima Turma, Data do Julgamento: 26/06/2006,
Data da Publicação: DJU, 13/09/2006, Página: 392).”(Grifo nosso)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PENSÃO POR


MORTE. DEPENTE. ESTUDANTE. PRORROGAÇÃO ATÉ OS 24 ANOS. 1. Possível a
prorrogação do benefício previdenciário de pensão por morte até que o dependente
complete 24 anos de idade, na hipótese de ser estudante de cursos universitário.
Precedentes. 2. Agravo de Instrumento provido. (AG – Agravo de Instrumento –
2004.041034203-0 – SC, da 6ª Turma do TRF da 4ª Região, rel. José Paulo Baltazar
Junior, Dj de 09/03/2005, p. 590)”

Síntese Conclusiva:

Em resumo, entendemos que o tema dependentes é um dos mais plemicos e importantes


inseridos dentro do campo da Seguridade Social e deveria ser tratado com regra mais
claras e protetivas, posto que a hipótese de incidência do fato gerador que a norma
cumpri ao gerar os benefícios para o dependente esta intimamente atrelada a falta do
mantenedor, e é com este escopo que os benefícios auxílio reclusão e pensão por morte
devem ser concedidos aos dependentes.

 
Notas:
[1] A maioridade civil aos 18 anos trazida pelo Novo Código Civil, não alterou a
maioridade para fins de dependência previdenciária, que por ser regra especifica,
suplanta a geral no que divergem, ou seja, permanece inalterada a questão da
maioridade para fins previdenciários.
[2] A dependência econômica de cônjuges, companheiros e filhos são presumidas. Nos
demais casos devem ser comprovados por documentos, como declaração do Imposto de
Renda dentre outras.
[3] Quando se dá emancipação para a Previdência Social? Ela se dá para o menor de 21
anos, quando do casamento, exercício de emprego público, sentença judicial, pelo
estabelecimento civil ou comercial com economia própria. Observação: Perante a
Previdência Social, a emancipação de inválido, decorrente de colação de grau em ensino
superior não elimina a dependência.  
[4] Manual de Direito Previdenciário, 5.ª edição, 2.ª Tiragem, Editora LTR, página 175
e 176 
[5] Processo n.: 2003.03.00.073488-2, Classe: Agravo de Instrumento, Relator do
Acórdão: Juiz Nelson Bernardes,TRF3Região

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