Você está na página 1de 16

110

0 so
b ási
cur istÓr hos
de
h
qu a d
co
IaS
rin
em

Cores
para quadrinhos
Dharilya Sales e Robson Albuquerque
1. Introdução
Olá, turma. Neste fascículo, iremos explorar o universo das
cores, a fronteira final, onde nenhum homem jamais esteve...
Ops, série errada... Recomeçando: 3, 2, 1...
Gente, neste fascículo, compreenderemos a existência
das cores, o seu efeito na mente e no emocional de quem as
observa, aprendendo como podemos combiná-las de forma
mais eficaz e, por fim, como elas se manifestam na arte tra-
dicional e na arte digital.
Tudo isso você poderá ler no fascículo e acompanhar na
videoaula em nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Não perca tempo. Clique em:

fdr.org.br/
uane/hqcear
a

146
adrinis ta
Quadrinhês: o glossário d o q u un do Ne tto
Raym
por Daniel Brandão e

1.
Gravura: uma imagem obtida através da impressão de
uma matriz artesanal.

2.“litografia fora do luga“off


Impressora Offset: set” vem de “offset litography” (literalmente,
r”), fazendo menção à impressão indireta (na
a impressão era direta, com o papel tendo cont litografia,
ato direto com a matriz). A
impressão offset é ideal para grandes tiragens,
pois o papel corre pela máquina e
não precisa de nenhuma intervenção humana

3.
enquanto o processo é feito.
Paleta de Cores: é o conjunto das
cores que formam uma arte, seja ela
uma foto, um desenho, um gráfico, um site,
um novo produto ou até mesmo
as cores que identificam uma empresa ou uma
marca. Cada cor possui uma
personalidade e o conjunto de cores, uma pale

4.
ta, cria uma identidade.
Pintura Chapada: que é feita de mod
o uniforme e sem meios-tons.

5.revista em quadrinhos comum,


Graphic Novel ou álbum:tem maior número de páginas do que uma
podendo ter uma lombada quadrada ou não,
apresentando uma história mais densa e muit
as vezes mais sofisticada. A maioria
dessas obras é dedicada a um público mais mad
uro, embora exista graphic novels
para crianças e adolescentes.

2. Teoria das

C o r e s
Para começarmos, precisamos entender velas, lanternas) e que essa luz branca con-
o que é uma cor e como ela se ma- tém todas as outras cores? Pois é, após rece-
nifesta. Então, agora iremos revelar para ber esses raios de luz, os objetos absorvem a
você... tcham, tcham, tcham, tchaammm... maioria das cores e refletem uma delas, que
os segredos das cores. Preparem-se! será aquela que nos chegará aos olhos, sen-
Você sabia que nós só conseguimos enxer- sibilizando pequenas estruturas que levarão
gamos os objetos ao nosso redor porque eles a mensagem dessa cor para o nosso cérebro.
recebem raios de luz branca que vêm do Resumindo, as cores são luzes que refletem
Sol ou de outras fontes luminosas (lâmpadas, de algum ponto (objeto) para os nossos olhos.

147
Para entender mais, vamos conhe-
cer o Círculo Cromático, descrito
por Goethe (poeta, pintor e cientista
alemão) em seu livro Teoria das Cores,
de 1810. Este círculo compreende 12
cores dispostas lado a lado, de forma
que podemos ver as cores primá-
rias, secundárias e terciárias que
formam o espectro visível.

a)as cores puras que não


Cores Primárias: São

são provenientes de nenhuma


mistura. A combinação delas gera c
as outras cores. b
A

B)São as cores que surgem


Cores Secundárias:

diretamente após a mistura de


duas cores primárias.

C)
Cores Terciárias: Cores
geradas a partir da união entre
uma cor primária e uma secundária.

3. Harmonia das

C o r e s
.
João Belo Jr
onde
mpreendemos de
Agora que já co ibilida-
co re s, va m os visualizar as poss
vêm as re-
is tu ra s en tr e elas. Não existem
des de m mbinações
as ríg id as , m as temos algumas co ra de
gr
te efi ca ze s qu e nos ajudam na ho
bastan eto, seja
para o nosso proj
escolher as cores a etc.).
qu e el e fo r (il us tração, HQ, pintur
lá o
Vamos misturar?
148
aa)única cor e as suas vaerinatrções
Misturas
áticas:
e
Monocrom
um São
to n s m a is cl aros e escuros. A
d e reto,
créscimo de p
obtidas pelo a
s de cinza.
branco ou ton
nálogas: e
ntre

B)
Misturas A o
re s q u e e st ã o dispostas lad
co mático.
la d o d e n tro do círculo cro
a

Cre)s que estão diretameenntetr


Misturas
ntares:
e b
Compleme
co co.
rculo cromáti
opostas no cí

!
ABRA A SUA MENTE
dos protagonistas. Isso não é exa-
O vermelho é a cor preferida entre a maioria
é uma cor de bastante impacto em
tamente uma regra, mas como o vermelho
e personagens principais. Outra
relação às outras, ela é bastante usada entr
de cores primárias e secundárias
forma de harmonia muito comum é a utilização
exemplos mais comuns disso são
para destacar os personagens principais. Os
Mágicas de Rayearth, Pokemon, “Po-

149
Turma da Mônica, “Sailor Moon”, Guerreiras
s cada personagem possui a pre-
wer Rangers” e Cavaleiros do Zodíaco, nos quai
personalidade. Você reparou nisso?
dominância de uma cor que condiz com sua
r o p r ie d a d e d a s
4. P

C o r e s ar as co re s de maneira har
mo- A
liz s
Para que poss
amos uti
ta m b ém as propriedade
mos conhecer m em um mel
hor con-
niosa, precisa is el as au xilia os
cores, po alho e ampliam
básicas das g ad a n o tr ab
e será empre visuais. São elas
:
trole da cor qu o rt u n id ad es
uitas op b
limites com m ue
r e m si , a o raio de luz q

a)
respeito a co umano.
Matiz: Diz o o b je to para o olho h
e n te d arelo,
reflete diretam rm a b ru ta ” : vermelho, am
na sua “fo
Ou seja, a cor
verde etc. reza da cor. c
ção com a pu

b)
ã o : m re la da a ela,
Saturaç
Te
n o s c o r c in z a tiver mistura
Quando me ela será.
a is p u ra o u mais saturada
m de valor ou
ela quantidade

c)
te ri za d o p bservado
Brilho: Car
ac
p o ss u i. Isso pode ser o d
iluminação qu
e a co r inoso que
p lo , o am ar elo é mais lum
(por exem cado nela.
na própria cor ti d ad e d e b ranco (luz) colo
qu an
o roxo) ou pela a questão
esar de ser um

d)
a t u r a : A p
as vivências
Temper e acordo com
va d s
um pouco su b je ti
a s co re s, p o demos dividi-la
quem enxerga is forte de am
arelo e
individuais de p re se n ça m a ).
em quentes
(com a
o a zu l e ve rd e predominam
ias (na qua l
vermelho) e fr

150
5. Psicologia das

C o r e s d as co re s é u
tudos qu
m ramo de es ividuais associados às co
e O s si gnificados ma
is comuns
res são:
A psicologia mos e ind
bjetivos (ínti Vermelho:
paixão,
* *
o s a sp e to s su é u m dos cinco
id en tifica A visã o acto,
p re se ntes nas cores. va m ais rapi- en tusiasmo, imp
de ca d a u m )
anos, pois é o
q u e le energia,
se n tid o s h u m D es sa fo rm a, sa- ag re ss ividade, força, go,
principais aç ões para o cérebro
.
u larã o o r, lid er ança, perigo, fo
in fo rm s es tim am
damente as nossas HQ o.
qu e as co re s utilizadas em raiva, revoluçã
bemos o s le ito re s.
iatas em noss tica e estilo, ao
colo-
Azul: harm
onia,
sensações imed ques tõ es d e es té
os fatore s, * * o, austeridade
,
Juntamente às eração alg u n s o u tr co n se rv a d o ri sm
cia,
var em consid esma cor pode nia, dependên
rir, devemos le lt u ra is (a m m o n o to ade,
m o : a) in te rpretações cu do do local no mundo), te cn o lo g ia , saúde, serenid
co
s diferentes d
epen de o, frescor.
ter significado al h o é d es tinado (a paleta tr a n q u ilidade, sosseg
a quem o trab tis pode ser bem ltos),
menos
ncentração,
b) o público n Amarelo: co
*
fa
* plina, comunicação,
ar a trab al h os in ad u
a p p ar a
cores utilizad
a u tilizad a para trabalhos d a , d ) a disci
e ta
mática retra
u
complexa do q r co m a te co lo - ativação do in
telecto,
çã o d a co a q u e d a
c) a rela e) o dest positividade.
e m d e le it ura da página, o u tro s.
ord
específicas, en
tre
e: esperança
, cura,
d
** reza, primavera, juventude,
V er
o d e ár ea s
rizaçã
natu
rte, ganância.
riqueza, boa so
a

quilíbrio,
Raisa Christin

Laranja: e
** erosidade, entusiasmo,
gen
ego, energia,
alegria, aconch
quilíbrio,
criatividade, e
entusiasmo.
e,
Violeta: intu
ição, velocidad
** centração, idealismo,
con
criatividade,
espiritualidade,
oria, dor;
realeza, sabed

151
6. Arte

T r a d i c i o n a l

do Netto
e ma-
d ic io n a l é aquela feita d
a
A pintura tr ap licação de pig
mento em
m a enho

un
al, co
neira artesan pó sobre o des

Foto: Raym
, líq u id a ou em usa-
forma pastosa . A lg un s do s materiais mais
antes de digital
izá-lo adores.
n h o s sã o: a q uarela e marc cada
dos nos quadri am en ta s digitais estarem
Apesar das fe
rr res
m ais ad ep tos entre os auto
ando a é muito
vez mais ganh intu ra tradicional aind
a p
de quadrinhos, te na Europa e n
o Japão.
rincip alm en
usada, p

cnicas e Materiais
6.1. Té
a)
es
Marcador almente em
papéis de
liz ad o s n o rm rfície
São uti
a ais g ro ssos) e supe
ur (m
alta gramat
e
p o n ta d o marcador desliz

Dharilya
a a qu e a
lisa, de form e e se desgaste
menos.
ci lid ad e pon-
com m ais fa
co st u m am ter dois tipos d
Os marcadore
s on-
g u m as m ar ca s essas duas p
em al ponta
tas, sendo que s n a m es ma caneta. A
tas estão prese
n te cobrir
la rg a e d ura , é usada para s
ais cel, que é mai
quadrada, m a p o n ta p in
fícies, e ais de-
grandes super sa d a p ar a marcar linhas m
l, é u
fina e maleáve
p eq uenas áreas. dores, que
licadas ou ct e rí st ica dos marca
A princip a l ca ra lar co-
ca n e ta h id rográfica esco
d a ne-
os diferenciam a n s lú c id a . Quando a ca
nta tr eira vez,
mum, é sua ti m a su p e rfície pela prim
ta é passada p
o r u repõe
rm e e co n fo rme você sob
nif o de
a cor é mais u e l cr ia r b e lís simos efeitos
é poss ív
as pinceladas de mistura de
cores.
m o u que
tom-s o b re -t o
er ia l d e se ca gem rápida e
at -
Por ser um m s, m es m o co m uma única ca
sultado chs (de-
produz bons re o m u it o usadas em sket
re s sã s).
neta, marcado s p ar a le iau te s ou autógrafo
s feito amentas
senhos rápido sã o a s principais ferr
Os marca d o re s produ-
o d o s m a ngás, já que de
ã aquarela mas
de colorizaç ci d o s co m a
s pare
152 zem resultado
forma mais rá
pida.
.
João Belo Jr
b)Pelo seu custo/benefício, talvez a aquarela
Aquarela

seja a “queridinha” dos materiais de pintura tradi-


cional entre os quadrinistas nacionais e europeus.
Ela pode ser facilmente encontrada em forma pas-
tosa ou em pastilha e é feita para ser diluída em
água, como próprio nome já diz. O principal supor-
te para a aquarela são os papéis de alta gramatu-
ra (300gr) com fibras de algodão e texturas, pois
assim suportam melhor o contato com a água.
Para a pintura em aquarela, além do papel
e do pigmento, é preciso ter outros materiais
complementares:

**Pincéis redondos com cerdas de pelos


macios e maleáveis;

**Um godê para fazer a mistura do pigmento; Godê

**Um recipiente pequeno com água para


Dharilya

limpar o pincel e diluir o pigmento;

**Lenços de pano ou papel para fazer a


limpeza e secagem dos pincéis.

**Fita crepe para esticar o papel e não deixá-lo


enrugar tanto com o contato com a água;

**Conta-gotas ou um borrifador (não é


obrigatório, mas alguns artistas usam para fazer
efeitos de borrados e splashs).

**Máscaras líquidas de vedar. Essas máscaras


são um pouco mais difíceis de serem encontradas,
mas são bastante úteis caso queira isolar alguma
área do desenho para uma posterior pintura. Em
casos de linhas retas, a fita crepe também possui

153
a mesma função. Uso da f ita
crepe
la são:
ais comu ns com aquare
As técnicas m
plica
na qual você a

a)
ida:
Técnica Úm erfície
a ca m a d a d e água na sup b
um r o p ig m e n to.
s de aplic a
do papel ante brir
é usada para co uco mais
Normalmente po
re a s de maneira um o
r aquele efeit
g ra n d e s á
o u p a ra se te
homogêneas a típico da aqua
rela.
ta b o rr a d
de tin
em aplicar

b)
ca: consiste
Técnica Se um
papel seco. É
a aquarela no m pouco
a a imagem u
efeito que deix s levemente
m a rc a d a e com as borda
ma is área
sc u ra s d o q u e o centro da ta
mais e a ta mbém possibili
ss a té cn ic
pintada. E por isso é
p re ci sã o n a hora de pintar,
mais es.
a em detalh
muito usad ção
uma combina

c)
a M is t a : é Dharilya
Técnic s, em
d u a s té cn icas anteriore
d a s la e

Dharilya
m e ça co lo ca ndo a aquare
que se co um
n d o a á g u a , produzindo c
depois aplica
iente.
efeito grad

e:
Important centra-
a re la é u m pigmento con tu-
u
A aq
e b a st a n te quando mis
do que ren d l
u a , p o r is so , é aconselháve
g
rado com á a d a, coloque n
o godê
n d o u ti liz um
que, qua a d e s e sempre tenha
a n ti d
pequenas qu o por perto na
hora de
d e ra sc u n h ara o
papel
re s a n te s de passar p
testar as co
finitivo.
desenho de erimenta pela
primeira
q u e m e xp uco,
Para
la , ta lv e z se assuste um po
vez a aqua re ícil
o a á g u a , a aquarela é dif
pois assim com esse é o lado mais diver-
mas
de controlar, m a q u arela, o de se
mpre
ra co
tido da pintu o resultado qu
e ela traz.
re e n d e r co m ks de ar-
se surp íc u lo, dicas de lin
Ao fin a l d o fa sc rir.
a re la s q u e vo cê pode confe
tistas de aqu

154
7. Arte/Pintura

Di g i t a l

Netto
Foto: Raymundo
-
se ap re se n ta como um con
igital ação das
A pintura d e te cn o lógico de utiliz
orâ n eo óleo,
ceito contemp e p in tu ra , co mo aquarela,
formas tradicio
nais d consiste na
e a ve rs ão tradicional
z q u e (tela,
acrílica. Uma ve entos sobre uma superfíci
pigm onte-
aplicação de o u tr as ), a ve rsão digital ac
, entre uipamento
papel, madeira al p ro vi do por um eq
te vi rt u tablet
ce no ambien e se r u m co mputador, um
pod
eletrônico que .
ar tph o n e, por exemplo (software)
ou u m sm
m é p re ci so de programa o tra-
Claro, també si m u le a s ca racterísticas d
ital qu e (superfícies/
de pintura dig d e sd e o tipo de tela
balho artístico
fí si co , odem ser
o s p in cé is (b rushes), que p s-
canvas) aos div
ers
o s d e a co rd o com as nece
adapta d nidade de
combinados e a b a lh o, e uma infi dos
sidades estéti
ca s d o tr
im p o rt a n te notar que um
sição. É nal
cores à dispo p in tu ra d ig it al e a tradicio
entre o a as pin-
principais elos d e p in cé is que simulam
lizaçã o iar essa
se dá pela uti tr a d ic io n a l e ajudam a cr car
mídia ltado digital fi
celadas numa xi m o o re su
mais pró
ilusão. Quanto melhor!
do tradicional, evemos utilizar
uma
de um resulta ar a p in tu ra , d
are p superfície
Além do softw , q u e co nsiste em uma
liza d o ra a fazer
mesa digita u m a ca n et a específica par
se utiliz a pu-
plana em que u e ap ar ec em na tela do com
pinturas q
os desenhos e odelos, na pró
pria mesa.
g u n s m mesa
tador ou , em al
ar ti st a d ig ital envolve a
u m que
O trabalho de a ca n e ta , ferramentas
ra com variações
digitalizado re cisã o d o tr aço e muitas e-se
garantem mai
or p
r o s ef ei to s do pincel. Pod
a simu la e editadas
de pressão par ), cr ia das livremente
as (la ye rs manhos
utilizar camad a va ried ad e enorme de ta zer
, um ilidades de refa
separadamente p o r d e p o ss ib
res, e dis s ou mesmo
de tela, de co o s en g anos cometido
co rr igir trabalho
as ações para es se m d esperdiçar o
imenta çõ come-
arriscar exper nde a pintura

155
o virt u al é o
anterior. Assim
, o espaç posterior.
d a p o d e re ce ber divulgação
ain
ça, termina, e
muitas vezes eram utilizados de maneira a
criar um espetáculo visual, mas sem se im-
portar com a real direção das luzes, e com
pouco cuidado com a separação de planos
para gerar destaques.
Os processos de colorização foram fi-
cando cada vez mais sofisticados e a mis-
tura de arte com tecnologia abriu inúmeras

7.1. Técnicas Digitais


possibilidades para as diferentes formas de
desenho e arte- final, se adequando às pro-
A pintura digital, além de ser realizada postas e reinventando por meio do exercí-
em trabalhos artísticos, também pode ser cio da pintura, já que o papel do(a) co-
facilmente encontrada em designs con- lorista não é simplesmente aplicar
ceituais para a televisão, storyboards cores, mas utilizá-las para direcio-
de filmes, trabalhos do universo da nar o olhar, chamar a atenção e provocar
moda e videogames. sensações no leitor, contribuindo bastante o
Nos processos de produção das sucesso da história que está sendo contada.
HQs, o(a) colorista é responsá- Há certa divergência entre artistas de di-
vel pela última etapa da arte em versas áreas, sobre a as vantagens e desvan-
si, que seria a aplicação das cores tagens da pintura digital. Enquanto alguns
após a realização da arte-final. No dizem que é excelente poder trabalhar no
passado, esse trabalho era bastan- computador fazendo arte em um ambiente
te complicado, exigindo a pintura organizado e limpo, outros alegam que só se
com tintas especiais ou com placas obtém total controle da pintura segurando
com recortes de cores separadas para a os instrumentos e que a existência de meca-
impressão. Ou seja, apenas ao final de tudo nismos para voltar e corrigir os erros remove
se era possível ter acesso às páginas plena- a personalidade e o caráter único que só a
mente coloridas. As histórias em quadrinhos produção humana direta pode trazer à obra.
sempre apresentavam cores chapadas e com O certo é que além dos muitos cursos
pouca variação tonal (tons de cores). oferecidos por estúdios de desenho e ar-
Com o avanço da tecnologia e a cria- tes gráficas em todo o Brasil, há dezenas
ção de softwares de manipulação de ima- de tutoriais, em forma de vídeo e imagem,
gem, a partir do final da década de 1980, já oferecidos por artistas dos mais variados
foi possível notar a utilização crescente do níveis e estilos de colorização, que podem
computador para realização do processo de ajudar você que se interessa em começar a
colorização das páginas. É nesse período praticar a pintura digital, seja para seu la-
que vemos a utilização marcante dos dé- zer ou com o desejo de seguir uma carreira
gradés ou gradientes, criando misturas com profissional na área.
transições mais suaves entre duas cores, Ao final deste fascículo, algumas dicas
a presença de efeitos de iluminação, que de links sobre pintura digital.
156
8. Dicas e

Suge s t õ e s pa ra nã o en du re ce r as cerdas. Nunca


os deixe
baixo
ontas: quanto mais você pelos virados para
Evite cores pr os pincéis com os tragar
** a e “suja” sua paleta de cores, mais ela .
es
piente, isso pode
mistur aneidade dentro de um reci
ga nh an do pe rs onalidade e espont uma os pelos e as cerd
as.
icado não
vai
se fo r pi ntar um tronco de ia l caro e sofist
em plo, m at er
** ilagres: um bom trabalho é resultado e
Por ex us ar ap en as Um
árvore, tente não
pr on to faz m ão por part
o marrom que veio a ta n te treino e dedicaç
se lim ite de b as alidade
no estojo nem s . In ve st ir em material de qu
m m ai ar tis ta de
apenas um marro
ai s!
do
rtan te , m as iss o não será a solução
use m é impo sozinhos
claro ou escuro. O a, os se us pr oblemas, pois eles
la ra nj to do s iais
Acrescente um ve
rde, um
u er ze m m ila gr e. C omece com mater
lido para qualq não fa esde
lilás. Is so é vá pl es e, se po ss ível, mais baratos (d
um mais sim forme a sua
técnica de pintu
ra.
qu e fu nc io ne m bem, claro). Con ue por
a m ed o de errar: explor
e ao
ad ur ec im ento artístico, busq
o tenh a e am
** Nã as prátic costumam
o as co re s da su a paleta, as textur m at er ia is de m ais qualidade que
máxim tos”
os efeitos e “defei valorizar seu trabal
ho.
dos seus papéis e . l:
Pintura Digita
lh eu pa ra pi nt ar
Tradicional X
esco
dos materiais que ur a
** existe espaço para as duas no mer
nt
ar ! Sã o es se s Pi ca do ,
de borr
Não tenha medo riq ue ce m Sim,
pequenos detalh es qu e en a pintura digital é
ap es ar de sabermos que la
o seu trabalho. do americano, pe
m ai s comum no merca te
cal de trabal
ho cores normalmen
Mantenha o lo icidade, já que as
** bemos que, com o avanço da
,
pr at
ad as ta nt o na ca pa como no miolo
limpo: sa são aplic nal é
m ui to fá ci l da r um retoque de qu e, no Ja pã o, a pintura tradicio capas
tecnologia, é de ed iç ão de imagem, e
lo riz ad a, pr incipalmente em
ra m as bastan te va
limpeza com prog , por exemplo, es complementares.
No Brasil,
an ch a de ca fé ou ilu st ra çõ maior
naquela m . M es mo assim, é um a diversificação bem
u tr ab al ho co nt ra m os ca
que caiu no se
ad o co m ob je to s que en
ab al ho s qu an do o assunto é “técni
importante ter cu
id entre tr rmar o que
o se u de se nh o e com a limpeza pi nt ur a” . A ss im, é mais difícil afi
possam suja r de o em
ev ita r m ar ca s no papel! Zele om in a em no ss o mercado. Levand
das mãos para pred observamos
ar te or ig in al . co ns id er aç ão as Graphics MSP,
pela sua icas
: nh a os gr an de va riação desde técn
eriais m an te e há
ados com mat
qu
is ou mistas.
**Cuiside outros materiais bem guardados. o tradicionais, digita

157
papé s para nã
m pe be m as ca netas e marcadore uso
Ta pincéis depois do
m . La ve be m os
secare
9. Conclusão
a Turma da
por exemplo, que
Não é por acaso, iformes,
r u ma HQ é mai
s que
ap re se nt a co m cores vivas e un
lo ri Mônica se curos
Insistim os : co
se ap re senta em tons es
m desenho. enquanto o Ba tm an
extravagan-
pô cores em u
r
da reprodução impres
sa é a
s, co nt ra st ando com os tons
s di fícil e so m br io certeza,
A pa rte m ai
Deve-se levar em
conside- in im ig o, o C oringa! Pode ter
re s! tes de se u in-
fidelidad e d as co
ento e trata- h ar m o n ia existe uma
to re s, desde o escaneam por trás de ca d a
sta. E, por
do autor/colori
raçã o m uito s fa s com a
a ca libração dos monitore tençã o p o r p ar te co-
mento da im ag em ,
ad e do papel que será
usa-
um to qu e: às ve zes, uma paleta de
al id fim, mais e
impressora, e at é a qu
importantes, as fu nc io na melhor do qu
uç õe s. As cores são tão res harmônicas e co es
ficam “bri-
do na s re pr od
ac om pa nham pessoalmen
te as
ch ei a de ef ei to s e detalhes que lha
que muito s ar tis ta s
as gráficas para aval
iar outra
as fo rm as do seu desenho. Esco
p re ss ão n gando” co m zando uma
provas de im arte exige. leta de cores, utili
s co nf erem com o que a com cu id ad o a su a pa
. Esse é
se os resu lta do
ne ro irei trabalhar? Q
ue pú-
qu e va lo riz e a ar te como um todo
te -s e: qu e gê pintura
Pergun etendo pas- do!
o qu er o at in gi r? Que mensagem pr o grande segre
blic ?
o le ito r co m as cores que vou usar
sar para

ib a M a is s o b r e H Qs
Leia e Sa
Desvendando os Quadrinhos, de Scot
t McC loud. Editora Mak ron Books. São Paul
o, 1995.
Links para Teoria e Psicologia da
Cores
http://chiefofdesign.com.br/teoria-das-cor
es/
http://viverdeblog.com/psicologia-das-cores
/
http://www.teoriadascores.com.br/psicologia
-das-cores.php
https://www.eusemfronteiras.com.br/o-signif
icado-psicologico-das-cores-no-ser-hu man
o/
https://albertopessoa.wordpress.com/2015/
09/21/cores-nas-historias-em-quadrinhos/
Links e indicação para Artistas (Aqu
arelas e Marcadores)
Ana Luiza Koehler: Beco do Rosário (https://
anakoehler.wordpress.com/)
Jill Thompson: Pequenos Perpétuos (Aquarel
a)
Akira Toriama: Dragon Ball (Marcadores)
Echiro Oda: One Piece (Marcadores)
Davi Calil: Quasqualiguidum (http://davicalil.b
logspot.com.br/) – Técnica Mista
Links e indicação para Artistas (Pin
turas Digitais)
Mauro Souza: Jones, Inc. (jonesinc.com.br)
Cris Peter: Astronauta (crispeterdigitalcolor
s.com)
Bill Crabtree: Invencível
158 Elizabeth Breitweiser: Outcast (elizabreitwe
iser.tumblr.com)
David Mazzucchelli: Asterios Polyp
Margaux Motin: Placas Tectônicas (margaux
mot in.typepad.fr)
HQ? No Ceará tem disso sim! especial por Gledson Ribeiro de Oliveira*

A
Entre Luiz Sá, nos anos trinta, e
Mino e Sinfrônio, nos anos setenta,
que artista gráfico cearense dese-
nhou mais de 200 tiras em quadri-
nhos e criou uma dezena de per-
sonagens? A resposta é insólita: o
astrônomo Rubens de Azevedo.
Rubens contribuía regularmen-
te com HQs para a seção “O jor-
nal dos nossos filhos”, d’O Estado.
B
Autoditada como o pai, o poeta e
pintor Otacílio de Azevedo, dese-
nhava em estilo cartunesco e realis-
ta. Seus roteiros eram ágeis e não
deixavam de empregar, sem exage-
ros, expressões regionais e gírias de
época, como “cara de mamão ma-
cho”, “seu bestalhão”, ¬ “bigode de
linha”, “prontinho da silva”.
Em 1938, aos 17 anos, Rubens (A) Rubens de Azevedo, (B)
“Sacha, o detertive do ‘Far
estreou com a tira cômica seriada (C) “Uma Viagem a Saturn ol’” e
o” (detalhe: foto de Rubens
Sacha: o detetive particular, que mu- )
daria, em 1944, para O detetive do do Ferreira, o Poço da Draga e o Copérnico para a série “Vida dos
“Farol” (do Mucuripe?). O Sherlock Morro do Moinho (cercanias do grandes astrônomos”. Incansável,
cearense era calvo, ostentava um Hotel Marina). criou as personagens “Tio Chicó”
longo nariz proeminente, vestia pale- O fascínio de Rubens pela e “Mexicano” para a tira cômica
tó, usava disfarces burlescos e dirigia astronomia o levou às tiras de seriada Na Vila de Caixa-Prego.
um calhambeque. Trabalhava para o ficção científica. Uma viagem a Desenhou as histórias Pancrácio
inspetor Garnier, a capturar fugitivos Saturno, de 1940, foi publicada e Sacha, A inveja de Bituca, e,
da cadeia pública e no combate ao em 51 capítulos semanais em 1938, ajudou a sua irmã, en-
“Garra Amarela”, uma clara referên- ao longo de quase um ano. tão com nove anos, a publicar As
cia de Rubens ao “Garra Cinzenta”, Um feito para a época! Em sono aventuras de Zé Pracatite. Nessa
de Renato Silva, que concorreu no cataléptico, os astronautas Buster, única história, Maria Consuelo
concurso nacional do Suplemento Orlandes e Kronc viajam ao plane- de Azevedo criou o roteiro e de-
Juvenil de Adolfo Aizen, em 1937. ta e enfrentam criaturas de apa- senhou o filho peralta de Sacha
Ao contrário de seus congêne- rência simiesca e seres alados. O (seria Consuelo, então, a primeira
res detetivescos (Dick Tracy, X-9), tema de fundo anteciparia um quadrinista cearense?).
Sacha era desajeitado e intrépido. clássico: a corrida espacial. Anos depois, Rubens voltaria
Salvava-se dos imbróglios em que Nos anos quarenta, ele tam- à ficção com os Prisioneiros de

159
se metia e, eventualmente, levava bém adaptou para os quadri- Hyperion (nome da oitava maior
o leitor a caminhar por pontos da nhos as Viagens maravilhosas lua de Saturno). Publicada em
cidade de Fortaleza, como a praça de Sindbad e uma biografia de 1961 na revista Almanaque de
>>
Aventuras (editora Bentevigna, seria a sua despedida dos quadri- (*) historiador com doutorado
RJ), a revista contou com a parti- nhos, Rubens ainda transformou em Sociologia pela Universidade
cipação do afamado quadrinista as colunas em forma de velas do Federal do Ceará e mestrado em
História do Brasil pela Universidade
português Jayme Cortez. Palácio do Planalto – inaugurado
Federal de Pernambuco. É membro
Em cadência com o imagi- um ano antes – em rampas de lan- do Grupo de Pesquisa Filosofia e
nário ocidental da Guerra Fria, çamento de foguetes espaciais. Linguagens Artísticas Modernas e
Hyperion era uma espécie de R. Azevedo, como assinava Contemporâneas (Flamco-Unilab),
Sibéria intergaláctica para onde nas vinhetas, realizou um traba- atuando como pesquisador e
se enviavam os “criminosos polí- lho autoral que o colocou, em professor da Universidade da
ticos” que lutavam contra Rogal definitivo, na história das histórias Integração Internacional da
Rokof, um tirano que controla a em quadrinhos no Brasil. Nosso Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Atualmente, pesquisa as histórias
vontade das pessoas com o raio astrônomo tinha os olhos volta-
em quadrinhos na imprensa
2042 e que tinha por brasão um dos para o espaço, mas as mãos cearense no início do século XX.
dragão chinês! Nesta saga, que corriam no pincel (nanquim).

Robson Albuquerque (Autor)


graduado em artes visuais pelo IFCE, durante o período acadêmico iniciou pesquisas acerca da representação imagé-
tica feminina, intensificando a presença dessa temática em seus trabalhos autorais. Realizou diversos trabalhos como
colorista de ilustrações para livros infantis e de quadrinhos, como o álbum Liz, de Daniel e Liz Brandão. Atualmente,
produz em diversos estilos, preferindo a rapidez dos meios digitais e a leveza da aquarela.
Contato: robsonabsilva@gmail.com

Dharilya Sales (Autora) Guabiras (Ilustrador)


graduada em licenciatura em artes visuais, atua como desenha desde os 5 anos de idade se baseando em tudo
ilustradora e quadrinista há 2 anos. Autora de A Lojinha que se possa imaginar de quadrinhos no mundo. Em 2016,
Mágica de Medos (coleção Relicário HQ) e coautora de completa 18 anos em que trabalha como ilustrador e car-
Entre Monstros e Deuses, publicado pela editora JBC e tunista no jornal O POVO (Fortaleza/CE). Tem inúmeras
premiada no I Brazil Mangá Awards. publicações e personagens em HQs e fanzines, ministran-
do oficinas e participando de trabalhos/mostras coletivos
Contato: dharilya@gmail.com
e/ou individuais. Para conhecer mais sobre a produção de
http://dharilya.deviantart.com/
Guabiras, acesse: blogdoguabiras.blogspot.com.br

Este fascículo é parte integrante do projeto HQ Ceará, de concepção de Regina Ribeiro e Raymundo Netto, em decorrência do
convênio celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 12/2016.

Expediente
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA Presidente João Dummar Neto | Diretor Geral Marcos Tardin | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Coordenação Ana Paula Costa Salmin | CURSO BÁSICO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Coordenação Geral e Editorial Raymundo Netto |
Coordenação de Conteúdo Daniel Brandão | Edição de Design Amaurício Cortez | Projeto Gráfico Amaurício Cortez, Karlson Gracie e
Welton Travassos | Editoração Eletrônica Cristiane Frota | Ilustração Guabiras | Catalogação na Fonte Kelly Pereira
ISBN 978-85-7529-715-5 (Coleção) | 978-85-7529-725-4 (Volume 10)

Todos os direitos desta edição reservados à:

Apoio Realização
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
CEP 60055-402 - Fortaleza- Ceará
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax: 3255.6271
fdr.org.br | fundacao@fdr.com.br

Você também pode gostar