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0 so
b ási
cur istÓr hos
de
h
qu a d
co
IaS
rin
em
Cores
para quadrinhos
Dharilya Sales e Robson Albuquerque
1. Introdução
Olá, turma. Neste fascículo, iremos explorar o universo das
cores, a fronteira final, onde nenhum homem jamais esteve...
Ops, série errada... Recomeçando: 3, 2, 1...
Gente, neste fascículo, compreenderemos a existência
das cores, o seu efeito na mente e no emocional de quem as
observa, aprendendo como podemos combiná-las de forma
mais eficaz e, por fim, como elas se manifestam na arte tra-
dicional e na arte digital.
Tudo isso você poderá ler no fascículo e acompanhar na
videoaula em nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Não perca tempo. Clique em:
fdr.org.br/
uane/hqcear
a
146
adrinis ta
Quadrinhês: o glossário d o q u un do Ne tto
Raym
por Daniel Brandão e
1.
Gravura: uma imagem obtida através da impressão de
uma matriz artesanal.
3.
enquanto o processo é feito.
Paleta de Cores: é o conjunto das
cores que formam uma arte, seja ela
uma foto, um desenho, um gráfico, um site,
um novo produto ou até mesmo
as cores que identificam uma empresa ou uma
marca. Cada cor possui uma
personalidade e o conjunto de cores, uma pale
4.
ta, cria uma identidade.
Pintura Chapada: que é feita de mod
o uniforme e sem meios-tons.
2. Teoria das
C o r e s
Para começarmos, precisamos entender velas, lanternas) e que essa luz branca con-
o que é uma cor e como ela se ma- tém todas as outras cores? Pois é, após rece-
nifesta. Então, agora iremos revelar para ber esses raios de luz, os objetos absorvem a
você... tcham, tcham, tcham, tchaammm... maioria das cores e refletem uma delas, que
os segredos das cores. Preparem-se! será aquela que nos chegará aos olhos, sen-
Você sabia que nós só conseguimos enxer- sibilizando pequenas estruturas que levarão
gamos os objetos ao nosso redor porque eles a mensagem dessa cor para o nosso cérebro.
recebem raios de luz branca que vêm do Resumindo, as cores são luzes que refletem
Sol ou de outras fontes luminosas (lâmpadas, de algum ponto (objeto) para os nossos olhos.
147
Para entender mais, vamos conhe-
cer o Círculo Cromático, descrito
por Goethe (poeta, pintor e cientista
alemão) em seu livro Teoria das Cores,
de 1810. Este círculo compreende 12
cores dispostas lado a lado, de forma
que podemos ver as cores primá-
rias, secundárias e terciárias que
formam o espectro visível.
C)
Cores Terciárias: Cores
geradas a partir da união entre
uma cor primária e uma secundária.
3. Harmonia das
C o r e s
.
João Belo Jr
onde
mpreendemos de
Agora que já co ibilida-
co re s, va m os visualizar as poss
vêm as re-
is tu ra s en tr e elas. Não existem
des de m mbinações
as ríg id as , m as temos algumas co ra de
gr
te efi ca ze s qu e nos ajudam na ho
bastan eto, seja
para o nosso proj
escolher as cores a etc.).
qu e el e fo r (il us tração, HQ, pintur
lá o
Vamos misturar?
148
aa)única cor e as suas vaerinatrções
Misturas
áticas:
e
Monocrom
um São
to n s m a is cl aros e escuros. A
d e reto,
créscimo de p
obtidas pelo a
s de cinza.
branco ou ton
nálogas: e
ntre
B)
Misturas A o
re s q u e e st ã o dispostas lad
co mático.
la d o d e n tro do círculo cro
a
!
ABRA A SUA MENTE
dos protagonistas. Isso não é exa-
O vermelho é a cor preferida entre a maioria
é uma cor de bastante impacto em
tamente uma regra, mas como o vermelho
e personagens principais. Outra
relação às outras, ela é bastante usada entr
de cores primárias e secundárias
forma de harmonia muito comum é a utilização
exemplos mais comuns disso são
para destacar os personagens principais. Os
Mágicas de Rayearth, Pokemon, “Po-
149
Turma da Mônica, “Sailor Moon”, Guerreiras
s cada personagem possui a pre-
wer Rangers” e Cavaleiros do Zodíaco, nos quai
personalidade. Você reparou nisso?
dominância de uma cor que condiz com sua
r o p r ie d a d e d a s
4. P
C o r e s ar as co re s de maneira har
mo- A
liz s
Para que poss
amos uti
ta m b ém as propriedade
mos conhecer m em um mel
hor con-
niosa, precisa is el as au xilia os
cores, po alho e ampliam
básicas das g ad a n o tr ab
e será empre visuais. São elas
:
trole da cor qu o rt u n id ad es
uitas op b
limites com m ue
r e m si , a o raio de luz q
a)
respeito a co umano.
Matiz: Diz o o b je to para o olho h
e n te d arelo,
reflete diretam rm a b ru ta ” : vermelho, am
na sua “fo
Ou seja, a cor
verde etc. reza da cor. c
ção com a pu
b)
ã o : m re la da a ela,
Saturaç
Te
n o s c o r c in z a tiver mistura
Quando me ela será.
a is p u ra o u mais saturada
m de valor ou
ela quantidade
c)
te ri za d o p bservado
Brilho: Car
ac
p o ss u i. Isso pode ser o d
iluminação qu
e a co r inoso que
p lo , o am ar elo é mais lum
(por exem cado nela.
na própria cor ti d ad e d e b ranco (luz) colo
qu an
o roxo) ou pela a questão
esar de ser um
d)
a t u r a : A p
as vivências
Temper e acordo com
va d s
um pouco su b je ti
a s co re s, p o demos dividi-la
quem enxerga is forte de am
arelo e
individuais de p re se n ça m a ).
em quentes
(com a
o a zu l e ve rd e predominam
ias (na qua l
vermelho) e fr
150
5. Psicologia das
C o r e s d as co re s é u
tudos qu
m ramo de es ividuais associados às co
e O s si gnificados ma
is comuns
res são:
A psicologia mos e ind
bjetivos (ínti Vermelho:
paixão,
* *
o s a sp e to s su é u m dos cinco
id en tifica A visã o acto,
p re se ntes nas cores. va m ais rapi- en tusiasmo, imp
de ca d a u m )
anos, pois é o
q u e le energia,
se n tid o s h u m D es sa fo rm a, sa- ag re ss ividade, força, go,
principais aç ões para o cérebro
.
u larã o o r, lid er ança, perigo, fo
in fo rm s es tim am
damente as nossas HQ o.
qu e as co re s utilizadas em raiva, revoluçã
bemos o s le ito re s.
iatas em noss tica e estilo, ao
colo-
Azul: harm
onia,
sensações imed ques tõ es d e es té
os fatore s, * * o, austeridade
,
Juntamente às eração alg u n s o u tr co n se rv a d o ri sm
cia,
var em consid esma cor pode nia, dependên
rir, devemos le lt u ra is (a m m o n o to ade,
m o : a) in te rpretações cu do do local no mundo), te cn o lo g ia , saúde, serenid
co
s diferentes d
epen de o, frescor.
ter significado al h o é d es tinado (a paleta tr a n q u ilidade, sosseg
a quem o trab tis pode ser bem ltos),
menos
ncentração,
b) o público n Amarelo: co
*
fa
* plina, comunicação,
ar a trab al h os in ad u
a p p ar a
cores utilizad
a u tilizad a para trabalhos d a , d ) a disci
e ta
mática retra
u
complexa do q r co m a te co lo - ativação do in
telecto,
çã o d a co a q u e d a
c) a rela e) o dest positividade.
e m d e le it ura da página, o u tro s.
ord
específicas, en
tre
e: esperança
, cura,
d
** reza, primavera, juventude,
V er
o d e ár ea s
rizaçã
natu
rte, ganância.
riqueza, boa so
a
quilíbrio,
Raisa Christin
Laranja: e
** erosidade, entusiasmo,
gen
ego, energia,
alegria, aconch
quilíbrio,
criatividade, e
entusiasmo.
e,
Violeta: intu
ição, velocidad
** centração, idealismo,
con
criatividade,
espiritualidade,
oria, dor;
realeza, sabed
151
6. Arte
T r a d i c i o n a l
do Netto
e ma-
d ic io n a l é aquela feita d
a
A pintura tr ap licação de pig
mento em
m a enho
un
al, co
neira artesan pó sobre o des
Foto: Raym
, líq u id a ou em usa-
forma pastosa . A lg un s do s materiais mais
antes de digital
izá-lo adores.
n h o s sã o: a q uarela e marc cada
dos nos quadri am en ta s digitais estarem
Apesar das fe
rr res
m ais ad ep tos entre os auto
ando a é muito
vez mais ganh intu ra tradicional aind
a p
de quadrinhos, te na Europa e n
o Japão.
rincip alm en
usada, p
cnicas e Materiais
6.1. Té
a)
es
Marcador almente em
papéis de
liz ad o s n o rm rfície
São uti
a ais g ro ssos) e supe
ur (m
alta gramat
e
p o n ta d o marcador desliz
Dharilya
a a qu e a
lisa, de form e e se desgaste
menos.
ci lid ad e pon-
com m ais fa
co st u m am ter dois tipos d
Os marcadore
s on-
g u m as m ar ca s essas duas p
em al ponta
tas, sendo que s n a m es ma caneta. A
tas estão prese
n te cobrir
la rg a e d ura , é usada para s
ais cel, que é mai
quadrada, m a p o n ta p in
fícies, e ais de-
grandes super sa d a p ar a marcar linhas m
l, é u
fina e maleáve
p eq uenas áreas. dores, que
licadas ou ct e rí st ica dos marca
A princip a l ca ra lar co-
ca n e ta h id rográfica esco
d a ne-
os diferenciam a n s lú c id a . Quando a ca
nta tr eira vez,
mum, é sua ti m a su p e rfície pela prim
ta é passada p
o r u repõe
rm e e co n fo rme você sob
nif o de
a cor é mais u e l cr ia r b e lís simos efeitos
é poss ív
as pinceladas de mistura de
cores.
m o u que
tom-s o b re -t o
er ia l d e se ca gem rápida e
at -
Por ser um m s, m es m o co m uma única ca
sultado chs (de-
produz bons re o m u it o usadas em sket
re s sã s).
neta, marcado s p ar a le iau te s ou autógrafo
s feito amentas
senhos rápido sã o a s principais ferr
Os marca d o re s produ-
o d o s m a ngás, já que de
ã aquarela mas
de colorizaç ci d o s co m a
s pare
152 zem resultado
forma mais rá
pida.
.
João Belo Jr
b)Pelo seu custo/benefício, talvez a aquarela
Aquarela
153
a mesma função. Uso da f ita
crepe
la são:
ais comu ns com aquare
As técnicas m
plica
na qual você a
a)
ida:
Técnica Úm erfície
a ca m a d a d e água na sup b
um r o p ig m e n to.
s de aplic a
do papel ante brir
é usada para co uco mais
Normalmente po
re a s de maneira um o
r aquele efeit
g ra n d e s á
o u p a ra se te
homogêneas a típico da aqua
rela.
ta b o rr a d
de tin
em aplicar
b)
ca: consiste
Técnica Se um
papel seco. É
a aquarela no m pouco
a a imagem u
efeito que deix s levemente
m a rc a d a e com as borda
ma is área
sc u ra s d o q u e o centro da ta
mais e a ta mbém possibili
ss a té cn ic
pintada. E por isso é
p re ci sã o n a hora de pintar,
mais es.
a em detalh
muito usad ção
uma combina
c)
a M is t a : é Dharilya
Técnic s, em
d u a s té cn icas anteriore
d a s la e
Dharilya
m e ça co lo ca ndo a aquare
que se co um
n d o a á g u a , produzindo c
depois aplica
iente.
efeito grad
e:
Important centra-
a re la é u m pigmento con tu-
u
A aq
e b a st a n te quando mis
do que ren d l
u a , p o r is so , é aconselháve
g
rado com á a d a, coloque n
o godê
n d o u ti liz um
que, qua a d e s e sempre tenha
a n ti d
pequenas qu o por perto na
hora de
d e ra sc u n h ara o
papel
re s a n te s de passar p
testar as co
finitivo.
desenho de erimenta pela
primeira
q u e m e xp uco,
Para
la , ta lv e z se assuste um po
vez a aqua re ícil
o a á g u a , a aquarela é dif
pois assim com esse é o lado mais diver-
mas
de controlar, m a q u arela, o de se
mpre
ra co
tido da pintu o resultado qu
e ela traz.
re e n d e r co m ks de ar-
se surp íc u lo, dicas de lin
Ao fin a l d o fa sc rir.
a re la s q u e vo cê pode confe
tistas de aqu
154
7. Arte/Pintura
Di g i t a l
Netto
Foto: Raymundo
-
se ap re se n ta como um con
igital ação das
A pintura d e te cn o lógico de utiliz
orâ n eo óleo,
ceito contemp e p in tu ra , co mo aquarela,
formas tradicio
nais d consiste na
e a ve rs ão tradicional
z q u e (tela,
acrílica. Uma ve entos sobre uma superfíci
pigm onte-
aplicação de o u tr as ), a ve rsão digital ac
, entre uipamento
papel, madeira al p ro vi do por um eq
te vi rt u tablet
ce no ambien e se r u m co mputador, um
pod
eletrônico que .
ar tph o n e, por exemplo (software)
ou u m sm
m é p re ci so de programa o tra-
Claro, també si m u le a s ca racterísticas d
ital qu e (superfícies/
de pintura dig d e sd e o tipo de tela
balho artístico
fí si co , odem ser
o s p in cé is (b rushes), que p s-
canvas) aos div
ers
o s d e a co rd o com as nece
adapta d nidade de
combinados e a b a lh o, e uma infi dos
sidades estéti
ca s d o tr
im p o rt a n te notar que um
sição. É nal
cores à dispo p in tu ra d ig it al e a tradicio
entre o a as pin-
principais elos d e p in cé is que simulam
lizaçã o iar essa
se dá pela uti tr a d ic io n a l e ajudam a cr car
mídia ltado digital fi
celadas numa xi m o o re su
mais pró
ilusão. Quanto melhor!
do tradicional, evemos utilizar
uma
de um resulta ar a p in tu ra , d
are p superfície
Além do softw , q u e co nsiste em uma
liza d o ra a fazer
mesa digita u m a ca n et a específica par
se utiliz a pu-
plana em que u e ap ar ec em na tela do com
pinturas q
os desenhos e odelos, na pró
pria mesa.
g u n s m mesa
tador ou , em al
ar ti st a d ig ital envolve a
u m que
O trabalho de a ca n e ta , ferramentas
ra com variações
digitalizado re cisã o d o tr aço e muitas e-se
garantem mai
or p
r o s ef ei to s do pincel. Pod
a simu la e editadas
de pressão par ), cr ia das livremente
as (la ye rs manhos
utilizar camad a va ried ad e enorme de ta zer
, um ilidades de refa
separadamente p o r d e p o ss ib
res, e dis s ou mesmo
de tela, de co o s en g anos cometido
co rr igir trabalho
as ações para es se m d esperdiçar o
imenta çõ come-
arriscar exper nde a pintura
155
o virt u al é o
anterior. Assim
, o espaç posterior.
d a p o d e re ce ber divulgação
ain
ça, termina, e
muitas vezes eram utilizados de maneira a
criar um espetáculo visual, mas sem se im-
portar com a real direção das luzes, e com
pouco cuidado com a separação de planos
para gerar destaques.
Os processos de colorização foram fi-
cando cada vez mais sofisticados e a mis-
tura de arte com tecnologia abriu inúmeras
157
papé s para nã
m pe be m as ca netas e marcadore uso
Ta pincéis depois do
m . La ve be m os
secare
9. Conclusão
a Turma da
por exemplo, que
Não é por acaso, iformes,
r u ma HQ é mai
s que
ap re se nt a co m cores vivas e un
lo ri Mônica se curos
Insistim os : co
se ap re senta em tons es
m desenho. enquanto o Ba tm an
extravagan-
pô cores em u
r
da reprodução impres
sa é a
s, co nt ra st ando com os tons
s di fícil e so m br io certeza,
A pa rte m ai
Deve-se levar em
conside- in im ig o, o C oringa! Pode ter
re s! tes de se u in-
fidelidad e d as co
ento e trata- h ar m o n ia existe uma
to re s, desde o escaneam por trás de ca d a
sta. E, por
do autor/colori
raçã o m uito s fa s com a
a ca libração dos monitore tençã o p o r p ar te co-
mento da im ag em ,
ad e do papel que será
usa-
um to qu e: às ve zes, uma paleta de
al id fim, mais e
impressora, e at é a qu
importantes, as fu nc io na melhor do qu
uç õe s. As cores são tão res harmônicas e co es
ficam “bri-
do na s re pr od
ac om pa nham pessoalmen
te as
ch ei a de ef ei to s e detalhes que lha
que muito s ar tis ta s
as gráficas para aval
iar outra
as fo rm as do seu desenho. Esco
p re ss ão n gando” co m zando uma
provas de im arte exige. leta de cores, utili
s co nf erem com o que a com cu id ad o a su a pa
. Esse é
se os resu lta do
ne ro irei trabalhar? Q
ue pú-
qu e va lo riz e a ar te como um todo
te -s e: qu e gê pintura
Pergun etendo pas- do!
o qu er o at in gi r? Que mensagem pr o grande segre
blic ?
o le ito r co m as cores que vou usar
sar para
ib a M a is s o b r e H Qs
Leia e Sa
Desvendando os Quadrinhos, de Scot
t McC loud. Editora Mak ron Books. São Paul
o, 1995.
Links para Teoria e Psicologia da
Cores
http://chiefofdesign.com.br/teoria-das-cor
es/
http://viverdeblog.com/psicologia-das-cores
/
http://www.teoriadascores.com.br/psicologia
-das-cores.php
https://www.eusemfronteiras.com.br/o-signif
icado-psicologico-das-cores-no-ser-hu man
o/
https://albertopessoa.wordpress.com/2015/
09/21/cores-nas-historias-em-quadrinhos/
Links e indicação para Artistas (Aqu
arelas e Marcadores)
Ana Luiza Koehler: Beco do Rosário (https://
anakoehler.wordpress.com/)
Jill Thompson: Pequenos Perpétuos (Aquarel
a)
Akira Toriama: Dragon Ball (Marcadores)
Echiro Oda: One Piece (Marcadores)
Davi Calil: Quasqualiguidum (http://davicalil.b
logspot.com.br/) – Técnica Mista
Links e indicação para Artistas (Pin
turas Digitais)
Mauro Souza: Jones, Inc. (jonesinc.com.br)
Cris Peter: Astronauta (crispeterdigitalcolor
s.com)
Bill Crabtree: Invencível
158 Elizabeth Breitweiser: Outcast (elizabreitwe
iser.tumblr.com)
David Mazzucchelli: Asterios Polyp
Margaux Motin: Placas Tectônicas (margaux
mot in.typepad.fr)
HQ? No Ceará tem disso sim! especial por Gledson Ribeiro de Oliveira*
A
Entre Luiz Sá, nos anos trinta, e
Mino e Sinfrônio, nos anos setenta,
que artista gráfico cearense dese-
nhou mais de 200 tiras em quadri-
nhos e criou uma dezena de per-
sonagens? A resposta é insólita: o
astrônomo Rubens de Azevedo.
Rubens contribuía regularmen-
te com HQs para a seção “O jor-
nal dos nossos filhos”, d’O Estado.
B
Autoditada como o pai, o poeta e
pintor Otacílio de Azevedo, dese-
nhava em estilo cartunesco e realis-
ta. Seus roteiros eram ágeis e não
deixavam de empregar, sem exage-
ros, expressões regionais e gírias de
época, como “cara de mamão ma-
cho”, “seu bestalhão”, ¬ “bigode de
linha”, “prontinho da silva”.
Em 1938, aos 17 anos, Rubens (A) Rubens de Azevedo, (B)
“Sacha, o detertive do ‘Far
estreou com a tira cômica seriada (C) “Uma Viagem a Saturn ol’” e
o” (detalhe: foto de Rubens
Sacha: o detetive particular, que mu- )
daria, em 1944, para O detetive do do Ferreira, o Poço da Draga e o Copérnico para a série “Vida dos
“Farol” (do Mucuripe?). O Sherlock Morro do Moinho (cercanias do grandes astrônomos”. Incansável,
cearense era calvo, ostentava um Hotel Marina). criou as personagens “Tio Chicó”
longo nariz proeminente, vestia pale- O fascínio de Rubens pela e “Mexicano” para a tira cômica
tó, usava disfarces burlescos e dirigia astronomia o levou às tiras de seriada Na Vila de Caixa-Prego.
um calhambeque. Trabalhava para o ficção científica. Uma viagem a Desenhou as histórias Pancrácio
inspetor Garnier, a capturar fugitivos Saturno, de 1940, foi publicada e Sacha, A inveja de Bituca, e,
da cadeia pública e no combate ao em 51 capítulos semanais em 1938, ajudou a sua irmã, en-
“Garra Amarela”, uma clara referên- ao longo de quase um ano. tão com nove anos, a publicar As
cia de Rubens ao “Garra Cinzenta”, Um feito para a época! Em sono aventuras de Zé Pracatite. Nessa
de Renato Silva, que concorreu no cataléptico, os astronautas Buster, única história, Maria Consuelo
concurso nacional do Suplemento Orlandes e Kronc viajam ao plane- de Azevedo criou o roteiro e de-
Juvenil de Adolfo Aizen, em 1937. ta e enfrentam criaturas de apa- senhou o filho peralta de Sacha
Ao contrário de seus congêne- rência simiesca e seres alados. O (seria Consuelo, então, a primeira
res detetivescos (Dick Tracy, X-9), tema de fundo anteciparia um quadrinista cearense?).
Sacha era desajeitado e intrépido. clássico: a corrida espacial. Anos depois, Rubens voltaria
Salvava-se dos imbróglios em que Nos anos quarenta, ele tam- à ficção com os Prisioneiros de
159
se metia e, eventualmente, levava bém adaptou para os quadri- Hyperion (nome da oitava maior
o leitor a caminhar por pontos da nhos as Viagens maravilhosas lua de Saturno). Publicada em
cidade de Fortaleza, como a praça de Sindbad e uma biografia de 1961 na revista Almanaque de
>>
Aventuras (editora Bentevigna, seria a sua despedida dos quadri- (*) historiador com doutorado
RJ), a revista contou com a parti- nhos, Rubens ainda transformou em Sociologia pela Universidade
cipação do afamado quadrinista as colunas em forma de velas do Federal do Ceará e mestrado em
História do Brasil pela Universidade
português Jayme Cortez. Palácio do Planalto – inaugurado
Federal de Pernambuco. É membro
Em cadência com o imagi- um ano antes – em rampas de lan- do Grupo de Pesquisa Filosofia e
nário ocidental da Guerra Fria, çamento de foguetes espaciais. Linguagens Artísticas Modernas e
Hyperion era uma espécie de R. Azevedo, como assinava Contemporâneas (Flamco-Unilab),
Sibéria intergaláctica para onde nas vinhetas, realizou um traba- atuando como pesquisador e
se enviavam os “criminosos polí- lho autoral que o colocou, em professor da Universidade da
ticos” que lutavam contra Rogal definitivo, na história das histórias Integração Internacional da
Rokof, um tirano que controla a em quadrinhos no Brasil. Nosso Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Atualmente, pesquisa as histórias
vontade das pessoas com o raio astrônomo tinha os olhos volta-
em quadrinhos na imprensa
2042 e que tinha por brasão um dos para o espaço, mas as mãos cearense no início do século XX.
dragão chinês! Nesta saga, que corriam no pincel (nanquim).
Este fascículo é parte integrante do projeto HQ Ceará, de concepção de Regina Ribeiro e Raymundo Netto, em decorrência do
convênio celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 12/2016.
Expediente
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA Presidente João Dummar Neto | Diretor Geral Marcos Tardin | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Coordenação Ana Paula Costa Salmin | CURSO BÁSICO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Coordenação Geral e Editorial Raymundo Netto |
Coordenação de Conteúdo Daniel Brandão | Edição de Design Amaurício Cortez | Projeto Gráfico Amaurício Cortez, Karlson Gracie e
Welton Travassos | Editoração Eletrônica Cristiane Frota | Ilustração Guabiras | Catalogação na Fonte Kelly Pereira
ISBN 978-85-7529-715-5 (Coleção) | 978-85-7529-725-4 (Volume 10)
Apoio Realização
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
CEP 60055-402 - Fortaleza- Ceará
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax: 3255.6271
fdr.org.br | fundacao@fdr.com.br