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ATV.

1 NPJ PENAL – FICHAMENTO TEXTO “A ARTE DE TER RAZÃO”

1. Dialética erística – é a arte do discurso que envolve a disputa, buscando obter a razão subjetiva
em prevalência da objetiva, negligenciando a busca pela verdade em substituição à busca pelo
convencimento.
1.1. Razão objetiva é a razão da matéria, da coisa em si que se relaciona com a busca pela verdade
dos fatos. Razão subjetiva é a razão do discurso, relacionada a oratória do sujeito em busca do
convencimento no debate, mesmo frente a ausência da presença da verdade.
1.2. Na perspectiva aristotélica, a base da dialética e constituída pela disputa que se baseia na
relação entre a tese ou problema e as proposições dispostas a resolvê-los. E essa relação pode
ocorrer principalmente de quatro formas: na busca pela definição de um conceito; pela definição de
seu gênero; por sua característica essencial; ou por sua qualificação.
1.3. A lógica parte da construção de uma argumentação que busque atingir a verdade real dos fatos
apresentados em uma tese. O sofismo, por outro lado, objetiva a construção de uma ilusão de
veracidade a fim de ludibriar no convencimento da tese defendida. Já a dialética trabalha o
confrontamento da tese adversária com a finalidade de descaracterizá-la da razão.
2. A base esquemática dialética se fundamenta na apresentação de uma tese, que, em seguida, é
submetida à refutação a qual é feita pela utilização de dois modos e duas vias.
2.1. O modo ad rem trabalha com a contestação da tese perante a verdade objetiva absoluta, isto é, a
verdade real das coisas exposta pela lógica; já o modo ad hominem ou ex concessis constrói a
contestação a partir da verdade subjetiva relativa, ou seja, da contradição entre a própria tese e
outras afirmações ou concessões feitas pelo oponente.
2.2. As vias podem se dar por: refutação direta quando a contestação ataca os fundamentos da tese;
e indireta quando as consequências da tese é que são contestadas.
2.2.1. A refutação direta parte de dois procedimentos: o nego majorem/minorem contesta a
veracidade dos fundamentos da afirmação; já o nego consequentiam apresenta a ausência de nexo
causal entre esta e aqueles.
2.2.2. A refutação indireta é feita: por apagogia quando primeiro se reconhece a proposição
adversária como verdadeira, em seguida associa-se esta a outra proposição tida como verdadeira,
para dai extrair-se uma conclusão falsa que contradiz a verdade objetiva absoluta ou outras
afirmações do próprio adversário; também pode ser feita por instância quando são apresentados
exemplos dentro do contexto dialético aos quais a tese não se aplica.

3. Estratagema 1: ampliação. Tornar a afirmação do adversário mais ampla e genérica possível,


abarcando o máximo possível de situações, favorecendo sua contestação. Da mesma forna, o
antídoto seria realizar o inverso com a própria afirmação, tornando-a mais restrita e aplicável
somente ao caso concreto em debate.
4. Estratagema 2: homonímia. Utilizar outros sentidos de um mesmo termo empregado na
afirmação do adversário para estender a afirmação e, em seguida, refutá-la. O antídoto seria
esclarecer qual o correto sentido do termo empregado na afirmação.
5. Estratagema 3: generalizar uma informação relativa para depois refutá-la.
6. Estratagema 4: Provocar no adversário a admissão de todas as premissas de forma aleatória
durante a conversa, para logo depois se utilizar de sua concordância já estabelecida para levar a
dedução à conclusão esperada.
7. Estratagema 5: utilizar premissas falsas em relação a verdade objetiva absoluta, mas verdadeiras
ad hominem, isto é, que fazem sentido com a tese e as premissas apresentadas e defendidas pelo
adversário.
8. Estratagema 6: petitio principii. Consiste na simulação da verdade de maneira informal. Trata-se
da busca pela validação de uma tese através de uma dedução argumentativa que a leva a uma
conclusão já pré-estabelecida como verdadeira.
9. Estratagema 7: interrogar o adversário durante a discussão para inferir, por meio das concessões
dele, a verdade da própria afirmação feita, perguntando várias coisas de uma vez para se esconder o
que realmente se deseja que seja admitido.
10. Estratagema 8: provocar o enfurecimento do adversário, causando-lhe explícita injustiça,
assédio e insolência.
11. Estratagema 9: deslocar e alterar a ordem das perguntas para evitar que o adversário deduza qual
conclusão se busca; ou utilizar uma mesma resposta dada pelo adversário para responder mais de
uma pergunta.
12. Estratagema 10: perguntar o contrário do que se pretende obter para esconder a verdadeira tese
quando o adversário, propositalmente, tende a responder negativamente; ou apresentar duas teses
opostas para que ele escolha sem saber qual nos favorece.
13. Estratagema 11: tomar e apresentar como já verdadeira a verdade geral de uma situação após ter
induzido em momentos anteriores o adversário a conceder respostas favoráveis de casos
particulares, mesmo que este não tenha dito nada sobre a premissa geral.
14. Estratagema 12: na presença de conceito geral ainda não nomeado, ou seja, da indefinição de
um conceito, deve-se designá-lo associativamente a outro conceito nomeado o mais favorável à tese
defendida.
15. Estratagema 13: apresentar duas teses para que o adversário escolha, sendo que uma será
extremamente exagerada a fim de atingir a repulsa por esta, e logo, fazendo com que o adversário
escolha e concorde com a outra, que era a pretendida.
16. Estratagema 14: fallacia causae ut causae. Trata-se de assumir uma não razão como razão.
Mesmo tendo o adversário respondido a várias perguntas e ainda sim não satisfeito a conclusão que
se pretendia atingir, atua-se dissimuladamente em tom de vitória como se as respostas dadas tenham
direcionado à conclusão pretendida, quando na verdade não tiveram.
17. Estratagema 15: na ocorrência da não comprovação de uma tese paradoxal exposta por nós,
apresentamos outra tese razoavelmente óbvia para que o adversário decida aceitá-la ou contestá-la.
Assim, extraímos dessa segunda uma aparente demonstração de que a primeira está correta.
18. Estratagema 16: argumenta ad hominem ou ex concessis. Apontar, mesmo que aparentemente,
uma contradição entre a tese do adversário e oque foi assumido como verdadeiro por ele em
momento anterior.
19. Estratagema 17: utilizar, quando existente, o duplo significado de uma afirmação apresentada
pelo adversário como contraprova ao nosso argumento para produzir uma pequena distinção.
20. Estratagema 18: mutatio controversiae. Interromper a construção argumentativa do adversário
quando notar que esta se encaminha para a dedução de uma conclusão que irá vencer a nossa tese.
21. Estratagema 19: levar para o âmbito geral a afirmação feita pelo adversário quando não se
consegue questionar a provocação expressa feita por ele, para então refutá-la.

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