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FALANDO DE ÉTICA!

Nos últimos tempos, muito se tem falado de ética. Mas afinal do que se está a falar?
Comecemos então por algumas definições que nos podem ajudar a compreender esta
temática. Vejamos o que pode ser definido por ética: é o domínio da filosofia que tem por
objetivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correto e o
incorreto. Os princípios éticos constituem-se enquanto diretrizes, pelas quais o homem rege o
seu comportamento, tendo em vista uma filosofia moral dignificante. A partir desta definição,
devemos complementar com a prática da deontologia, e que, igualmente, se pode definir com
base na origem da palavra: surge das palavras gregas “déon, déontos”, que significa dever, e
“lógos”, que se traduz por discurso ou tratado. Daqui depreende-se que a deontologia não é
mais que o dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adotadas por um determinado
grupo profissional. A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício da
um cargo e/ou profissão.

Posto isto, e pelos casos que ultimamente têm vindo a público, tem-se colocado a questão da
ética que os seus atores deveriam ter respeitado enquanto servidores do interesse público.
Aceitando-se que muitas das práticas e atos cometidos merecem reservas, senão mesmo
condenação, a questão da ética e da deontologia deve, quanto a mim, ver-se de duas
perspetivas.

A primeira perspetiva relaciona-se com as pessoas que praticam ações que lesam o erário
público, originando processos judiciários, dos quais podem vir a ser indiciadas ou mesmo
constituídas como arguidas, e que ignorando tais factos aceitam o exercício de cargos públicos.
É de criticar tais situações, admitindo que tais pessoas não se enquadram na designada ética
republicana em que os princípios da moralidade e da equidade estão acima de quaisquer
interesses pessoais. Esta deveria ser a postura de quem defende, e eu defendo, um regime
cujas bases são: a liberdade, a fraternidade e a solidariedade.

A segunda perspetiva prende-se com a forma como os casos vêm a público, mais
concretamente pelos media. Hoje em dia, na generalidade, não existe jornalismo de
investigação, existe, sim, jornalismo, se assim se pode designar, de especulação. As notícias
não se procuram e/ou investigam, as notícias compram-se. E compram-se não para informar,
mas para denegrir e promover oposição. E esta relação de comprador e vendedor de notícias
vem revelar que quem compra, o jornalista, não respeita minimamente os princípios
deontológicos a que deveria estar obrigado; e quem vende, normalmente fontes ligadas à
justiça, esquece a ética e a deontologia que deveria adotar.

Esta é a realidade com que nos confrontamos. Se, por um lado, quem nos representa e
governa tem de ter respeito pela causa pública, também cada um de nós tem a obrigação de
separar o trigo do joio, e não se deixar influenciar por notícias bombásticas, promovendo o
crescimento de forças populistas, derrubando a democracia que tanto custou a conquistar.

Victor Hugo Alves


Janeiro/2023

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