Você está na página 1de 3

Quatro paradoxos da Revolução Sexual

Acadêmicos discordam entre si sobre a definição da revolução sexual, mas há um aspecto


claro e incontroverso que todos concordam. A revolução se refere a mudanças no
comportamento sexual e nos costumes que se seguiram à adoção difundida e à aprovação
da contracepção aproximadamente cinquenta anos atrás. Além da contracepção, a
aprovação do aborto em grande parte dos países é um segundo fator essencial para se
compreender a revolução sexual.
Com exceção da Internet, é difícil pensar em outro fenômeno desde os anos 60 do século
passado que remodelou o mundo de maneira tão profunda como a revolução sexual. Para
muitos, principalmente na mídia e na cultura secular, a revolução sexual foi um meio
essencial para que as mulheres atingissem uma certa igualdade aos homens no mercado
de trabalho; ela teria dado “liberdade” à mulher de decidir-se sobre a sua vida e, caso fosse
sua vontade, ela poderia levar uma vida como a dos homens.
Mas há um outro lado da moeda que tem sido quase que totalmente ignorado pelo mundo
secular saturado pelos prazeres advindos da “revolução”. A cada ano que passa, mais
evidências acumulam-se para que as horríveis consequências da “revolução” sejam cada
vez mais reconhecidas, mesmo por pessoas de fora da Igreja. Pensemos em alguns
movimentos feministas que são contrários, por exemplo, à pornografia. Em tese, a
pornografia seria um ato de extrema liberdade da mulher, que teria a liberdade de usar do
sexo como desejasse. Entretanto, é fato notório que a pornografia causa uma degradação
da mulher na sociedade como um todo, que passa a ser vista como um mero objeto de
prazer. Além disso, a própria indústria pornográfica oprime as suas atrizes, impedindo que
elas saiam. Não à toa, a maioria dessas “atrizes” são viciadas em drogas, e muitas
terminam no suicídio. Assim, mesmo algumas feministas têm percebido o mal da
pornografia.
Vamos tratar aqui de alguns paradoxos da revolução sexual.
Primeiro paradoxo: Nos anos 60, os defensores da difusão dos métodos
anticoncepcionais afirmavam que eles impediram as gravidezes indesejadas e,
portanto, os abortos. Mas é fato notório que desde os anos 60 as gravidezes
“indesejadas” e o abortos cresceram em número vertiginoso.
Esse ponto é importantíssimo para refutarmos aqueles que acreditam que a mentalidade
contraceptiva impede abortos. Margaret Sander, fundadora da Planned Parethood (empresa
multimilionária abortista), afirmava que a contracepção generalizada iria impedir os abortos.
Muitos, de boa-fé, nos anos 60 acreditaram nesse argumento, central para a revolução
sexual se alastrasse pelo mundo.
Mas os dados empíricos desde a década de 60 demonstram, com clareza, que essa lógica
está completamente enganada: a difusão de anticoncepcionais ocorreu simultaneamente
com o aumento do aborto e de nascimentos “indesejados”, i.e, fora do casamento.
Há vinte anos, um grupo de economistas tentou compreender a lógica desse paradoxo e
chegou à seguinte conclusão: “Antes da revolução sexual, as mulheres tinham menos
liberdade, mas os homens tinham que assumir responsabilidade pelo bem-estar delas.
Hoje, as mulheres são mais livres para escolher, mas homens também desejam para si
mesmos uma opção similar. ‘Se ela não quer abortar ou usar anticoncepcionais’, os
homens podem pensar, “por que eu devo me sacrificar e casar com ela?”. Ao fazer o
nascimento de uma criança a escolha da mãe, a revolução sexual fez o casamento e o
cuidado das crianças uma escolha dos homens”.
Isto é, os homens começam a fugir de sua responsabilidade de cuidar de seus filhos e das
mulheres que engravidam, porque a reprodução tornou-se algo marginal e opcional numa
relação sexual! E se a mulher engravida a culpa é dela que não usou anticoncepcional, por
isso é comum ela recorrer ao aborto ao ver-se abandonada pelo homem. Esse é o ponto:
os anticoncepcionais levam as mulheres ao aborto!
Outro argumento que demonstra esse ponto foi feito por um estudioso norte-americano
chamado Scott Lloyd. Utilizando estudos e estatísticas da própria indústria abortista, ele
argumentou que a contracepção leva ao aborto - não inevitavelmente em cada caso,
obviamente, mas como um fenômeno social: “O ponto central é este: anticoncepcionais não
funcionam como o propagado, e a sua falha está no coração da demanda pelo aborto. A
contracepção favorece encontros sexuais e relações que não ocorreriam sem ela. Em
outras palavras, quando casais usam contracepção, eles concordam em relacionar-se
quando a gravidez seria um problema. Isso leva a um desejo pelo aborto.”
Muitos, em boa-fé, esperavam que não haveria mais abortos depois dos anticoncepcionais.
Hoje, temos certeza, a partir de dados, que esse argumento é falacioso.
Segundo paradoxo: A revolução sexual deveria ser para libertar as mulheres. Mas,
simultaneamente, tornou-se cada vez mais difícil ter o que a maioria das mulheres
deseja: o casamento e a família.
As mulheres, em geral, independentemente de sua religião ou ideologia política, concorda
que atualmente casar-se e ter filhos tornou-se muito mais difícil do que era antigamente.
Essa é uma das razões, por exemplo, que hoje muitas mulheres hoje congelam os seus
“óvulos”. O propósito dessas “inovações” - além do lucro das grandes empresas - é
estender o horizonte da fertilidade natural, mas que as mulheres sejam “mais livres” para
permanecer no mercado de trabalho e ter mais tempo para encontrar um marido e uma
família. A ideia propagada é que esse tipo de procedimento busca “empoderar as
mulheres”.
Mas, paradoxalmente, muitas mulheres encontram-se cada vez menos capazes de
casarem-se e terem uma família - o que, ainda, a maioria das mulheres ainda deseja.E isso
é muito mais danoso para as mulheres, que, cada vez mais, chegam aos 40, 50 anos sem
terem se casado e sem filhos, enquanto os homens nessa idade ainda podem se casar e ter
filhos. O anticoncepcional, novamente, aparece com um instrumento que apenas favorece
os homens. A revolução sexual não libertou as mulheres.
Terceiro paradoxo: A revolução sexual pretendia libertar a mulher. Entretanto, o que
aconteceu foi um aumento da “predação sexual” contra as mulheres.
Peguemos o exemplo de Hugh Hefner, fundador da revista Playboy, que foi uma das pontas
de lança da revolução sexual a partir dos anos 60. O império comercial de Hefner baseava-
se em fotos pornográficas de muitas mulheres. Hefner se fez um exemplo, um modelo, de
sua própria filosofia - a filosofia de uma vida prazerosa, que envolvia, certamente, sexo livre.
Essa filosofia espalhou-se rapidamente na sociedade, e a maioria das pessoas que
aderiram a ela não perceberam a verdade sórdida sobre o estilo de vida de Hefner atrás dos
muros da sua mansão. Depois da morte do fundador da Playboy, foram expostos fatos
horríveis sobre a vida em sua mansão: as mulheres não podiam sair e tinham de se
submeter a degradantes rituais sexuais.
Entretanto, apesar disso, após a morte de Hefner, muitos progressistas nos EUA elogiaram
a sua vida e sua filosofia. Em outras palavras, hoje se sabe que o estilo de vida de Hefner
leva, inexoravelmente, à exploração das mulheres. O caso de Hefner não é isolado. Basta
olhar a mídia e ver a quantidade de escândalos sexuais advindos dessa filosofia.
Além disso, essa filosofia do sexo livre levou, nos EUA, a uma liberação do aborto. A
Playboy publicou o primeiro artigo a favor do aborto 8 anos antes da decisão da Suprema
Corta que permitiu o aborto nos EUA.
Cada vez mais pensadores, mesmo fora da esfera religiosa, têm chegado à mesma
conclusão: a revolução sexual não entregou a sua promessa às mulheres; ao contrário, ela
permitiu os homens - claro, os de má intenção - a terem uma vida desregrada sem
nenhuma consequência.
Um quarto e último paradoxo: A revolução sexual não se restringiu ao sexo.
Muitos pensavam que a revolução iria alterar apenas as relações privadas entre indivíduos.
Entretanto, ele reconfigurou não apenas a família, mas a própria vida humana e a
sociedade como um todo. Algumas dessas mudanças foram demográficas: as famílias
estão cada vez menores e a cada dia mais separadas.
Outras mudanças foram políticas: famílias menores aumentam a pressão no Estado para
que assuma com mais intensidade papéis que pertenceriam antes às próprias famílias.
Há mudanças sociais: cada vez existem mais pessoas solitárias, com depressão. Pense,
por exemplo, nos idosos que não tiveram família. Quem irá cuidar deles?
Há mudanças religiosas: Muitas pessoas saíram da Igreja porque ela contrariou,
principalmente, na Humanae Vitae, a corrente da revolução sexual. Pense quantos católicos
hoje vivem a moral sexual da Igreja. Certamente, é a minoria da minoria.

O fato é que a revolução sexual criou quase que uma religião, uma ideologia, até mais forte
na sociedade do que a ideologia comunista estudada na aula passada. Essa “quase-
religião” afirma que o prazer sexual é o bem mais alto, inatacável. A partir dessa “fé”, vemos
todas as horríveis consequências humanas, sociais e espirituais. Aborto, exploração sexual,
ideologia de genêro, pornografia, tudos esses males decorrem dessa “religião”.
E, como toda ideologia, os males da revolução sexual se estendem a toda sociedade, indo
MUITO além para a vida privada das pessoas. Nós, que temos fé, vemos ainda o pior dos
males causados pela revolução sexual: as milhões de almas enganadas que se afastam da
verdade e se precipitam no inferno. Vemos as crianças, que são escandalizadas e perdem
sua pureza desde a mais tenra idade. A revolução sexual, certamente, é o pior dos males
espirituais de nossa época.

Você também pode gostar