Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A vida e doutrina de São João da Cruz sempre estiveram unidas a Santa Teresa.
Ambos empreenderam juntamente a reforma do Carmelo. Além disso, a doutrina de
ambos se explicam e complementam mutuamente.
Em primeiro lugar, Santa Teresa, apesar de, em muitos lugares, descrever a
necessidade do esforço e do desprendimento para atingir a santidade de vida, destaca
mais os graus de oração e suas experiências profundas de amor a Deus. São João, por
sua vez, em seus livros, descreve com mais profundidade e detalhes a necessidade dos
asceticismo e do desprendimento das coisas criadas para que a alma viva somente de
Deus e de Seu amor.
Além disso, São João da Cruz não se contenta em descrever a vida espiritual a
partir de sua experiência particular, como faz Santa Teresa. Ele procura, também, dar o
fundamentos teológicos e filosóficos de sua doutrina. Precisamente por seu caráter
científico, é mais fácil resumir a doutrina de São João da Cruz que a de Santa Teresa.
Os livros a Subida do Monte Carmelo e Noite escura são os mais conhecidos do Santo,
nos quais descreve e explica a sua espiritualidade.
São João da Cruz parte de dois princípios fundamentais: Deus é tudo; a criatura,
nada. Disso, depreendem-se duas consequências: é necessário desprender-se
totalmente das criaturas, que são nada; e a alma deve unir-se intimamente a Deus por
amor, pois Ele é Tudo.
Entretanto, quando o Santo afirma que é necessário desprender-se totalmente
das criaturas, ele não afirma que todos os batizados devem abandonar efetivamente
todas as coisas para serem santos. Ao contrário, sua doutrina prioriza o
desprendimento afetivo ou de coração. Isso quer dizer que o pensamento de São João
da Cruz, como o de Santa Teresa, também pode ser colocado em prática por todos os
batizados. Poucos são chamados a abandonar efetivamente todas as coisas para seguir
Jesus; entretanto, todos são chamado a desprender seu coração das criaturas para
amar, em primeiro lugar, a Deus.
O desprendimento que a alma deve ter das coisas criadas leva ao ponto central
da espiritualidade de São João da Cruz: a união com Deus pelo amor. Na obra Cântico
Espiritual, o Santo expõe a união íntima de amor que Deus deseja ter com todas as
pessoas. Essa união transforma a alma, faze-a participar da vida divina de amor, de tal
forma que a “alma mais parece Deus que alma”. É a vida que São Paulo expressou
quando disse: “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Essa segunda parte da doutrina de São João da Cruz faz perceber que ele não é
apenas o Santo dos nadas e do desprendimento, como, às vezes, costuma-se afirmar;
ao contrário, ele é o santo da união perfeita da alma com Deus, a que todos são
chamados, desde que se entreguem a Ele com generosidade.