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Introdução à Demanda Agregada

Prof.a Dr.a Roseli Silva

Objetivos desta aula: entender flutuação como situações de aquecimento (boom)


e desaquecimento ou recessão e introduzir uma hipótese simplificadora sobre o
comportamento da Oferta Agregada.

Como nosso foco é a compreensão da estrutura lógica que explica as flutuações da ma-
croeconomia, será muito comum que utilizemos a representação gráfica do comportamento do
produto ao longo do tempo e da inflação ao longo do tempo, as nossas duas variáveis macroe-
conômicas fundamentais. Tratamos essas variáveis como fundamentais porque são aquelas que,
uma vez tenhamos alcançado a compreensão do que as determina, teremos condições também
de entender o comportamento também da taxa de juros, da taxa de câmbio, do consumo das
famílias, do investimento dos empresários, das expectativas dos agentes - de todas as variáveis
endógenas intermediárias.
Então é bastante interessante observar que, quando fatores exógenos que, daqui para
frente, chamaremos de choques, quando esses fatores exógenos se alteram, ou seja, quando a
economia sofre choques externos ou internos, as decisões dos agentes se alteram e, ao terem
alteradas as suas decisões em função dessas novas informações, os resultados em termos de
nível de atividade, de produto, de inflação, também se alteram.
A macroeconomia flutua porque ela sofre diversos choques e esses choques fazem com
que os agentes alterem suas decisões. Então, significa que, no curto prazo, o produto estará
acima da sua capacidade de crescimento de longo prazo, ou abaixo dela. A taxa de crescimento
de longo prazo depende, fundamentalmente, dos fatores de longo prazo, como já mencionamos
e voltaremos a eles lá adiante.
Portanto, observemos que se a economia tem uma capacidade de crescer ao longo de
10, 15, 20 anos, se tem uma taxa de crescimento nesse período sustentável em torno de 3% por
exemplo, em certos momentos, em certos trimestres ou em certos anos, esta economia pode estar
crescendo a 4,5%, a 5%, a 7%, porém, essa flutuação, ou seja, a economia se movimentando
no curto e no médio prazo, não expressa a capacidade de crescimento de longo prazo. Ela

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Flutuação da atividade econômica em torno da sua capacidade de


Figura 1 –
crescimento

expressa uma circunstância, um momento atual, em que a economia está superaquecida. Como
a economia alcança essa circunstância e que ajustes e politicas decorrem daí, elucidaremos
mais adiante. Mas apenas para não deixá-los muito curiosos, podemos adiantar que é porque
a utilização da capacidade instalada em termos de capital nunca é utilizada totalmente - em
situações normais, a utilização da capacidade instalada é não ultrapassa 90% em geral.
No entanto, essa circunstância de superaquecimento não é algo que seja sustentável por
décadas e décadas. A partir de um certo ponto e, de acordo com a estrutura lógica da corrente
principal, entenderemos como a revisão da decisão dos agentes frente a essa situação e suas
expectativas sobre o futuro produzirão uma reversão nessa flutuação e a economia começará
a retornar para o seu nível de taxa de crescimento mais próximo da sua capacidade de longo
prazo.
Porém, enquanto esse processo de ajuste endógeno acontece, diversos outros choques
podem afetar a economia, que podem ser, inclusive, negativos no sentido de levar o nível de
atividade para situações de crescimento abaixo do potencial, produzindo um resultado de eco-
nomia desaquecida ou em recessão. A economia em recessão, pela nomenclatura tradicional
adotada em macroeconomia, apresenta pelo menos três trimestres consecutivos de taxa de cres-
cimento negativa. Nós não estamos necessariamente falando de taxa de crescimento negativo
para a economia, mas se a capacidade de crescimento da economia é de 3% ao ano, e essa eco-
nomia começa a crescer a 2,5%, a 2%, a 1,5%, a 0,5%, ela continua com taxas de crescimento
positivas, portanto a economia, no ano, está produzindo mais bens e serviços do que no ano
anterior, porém, está produzindo menos do que ela poderia produzir em condições normais. A
pergunta fundamental que a gente tem que se fazer em situações como essa é: quais são os
D ISPÊNDIO D OMÉSTICO – PARTE I 3

fatores que levaram a economia para uma situação de desaquecimento, em que o nível de em-
prego está baixo e o nível de desemprego está alto. Que fatores são esses? Ao identificar os
fatores, teremos condições de dar a resposta de um milhão de dólares, que é: o que o governo
deve fazer? Ou o que se espera que o governo faça numa situação como essa, a partir da teoria
macroeconômica da corrente principal.

Figura 2 – A estrutura lógica da Demanda Agregada

Para compreendermos a estrutura lógica por trás da demanda agregada, nosso foco
se volta para compreensão de três segmentos da estrutura macro: os mercados financeiros,
compostos pelo mercado monetário e o mercado cambial, e o mercado de bens e serviços. Em
conjunto, esses três mercados nos darão a estrutura da demanda agregada. Portanto, até que
nós completemos nosso estudo desta estrutura lógica, ou seja, dos determinantes e das decisões
dos agentes em cada um desses três segmentos, nós estaremos olhando para a macroeconomia
apenas pelo lado da demanda agregada.
Para simplificar, portanto, adotamos uma hipótese adicional: o produto da economia
será determinando apenas pela Demanda Agregada e manteremos fixa a taxa de inflação. Mais
adiante, essa hipótese será relaxada e nível de atividade e inflação serão reintegrados e compre-
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endidos como uma estrutura única. Porém, nesse momento, para facilitar o nosso aprendizado,
vamos adotar essa estratégia, ou seja, adotar essa hipótese simplificadora inicial e tratar, mais
detalhadamente e com bastante cuidado, a estrutura da demanda agregada supondo portanto que
a oferta agregada seja horizontal, ou seja, que a taxa de inflação esteja fixa.

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