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CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

DIOGO FILIPE PARREIRA DIAS, Nº71791

ARTROPLASTIA TOTAL DA ANCA

LOULÉ, ABRIL 202


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CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

DIOGO FILIPE PARREIRA DIAS, Nº71791

ARTROPLASTIA TOTAL DA ANCA

PESQUISA

ENSINO CLÍNICO III: ENFERMAGEM CIRÚRGICA

DOCENTE ORIENTADOR: ANA CRISTINA SOUSA CASTANHEIRA


Escola Superior de Saúde, da Universidade do Algarve
Hospital de Loulé, Serviço de Internamento- Unidade Cirúrgica

ENFERMEIRA ORIENTADORA: CLÁUDIA GOVERNO


Hospital de Loulé, Serviço de Internamento- Unidade Cirúrgica

ENFERMEIRA ORIENTADORA: DANIELA RODRIGUES


Hospital de Loulé, Bloco Operatório

LOULÉ, ABRIL 2022


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ARTROPLASTIA TOTAL DA ANCA


O QUE É?

A Artroplastia Total da Anca (ATA), consiste numa intervenção cirúrgica que

consiste na ressecação da superfície femoral e da cartilagem do acetábulo, substituindo-

os por metais artificiais; a prótese em si, é composta por uma haste que fará a função do

fémur, por um componente acetabular, introduzido na cavidade acetabular junto ao osso

ilíaco, conferindo-lhe a funcionalidade do acetábulo removido e pela cabeça, que fará a

junção e articulação dos dois materiais (haste e componente acetabular) (Gutierres, 2020).

INDICAÇÕES PARA SUBMISSÃO À INTERVENÇÃO CIRÚRGICA DE

ARTROPLASTIA TOTAL DA ANCA:

Apesar das várias indicações para que as pessoas sejam sujeitas à cirurgia,

geralmente, segundo Silva (2016), as indicações mais comuns são:

• Osteoartrose;

• Necrose Avascular da Cabeça Femoral;

• Artrite Reumatóide (Patologia Inflamatória da Anca);

• Artrite Idiopática Juvenil;

• Artrite Pós-Traumática;

• Sequelas de Artrite Séptica;

• Tumor Ósseo (primário ou metastático);

• Fraturas (Silva, 2016).

Salve ressaltar, que a escolha da cirurgia é feita sempre com base na vontade do

utente, que, de maneira geral, é encaminhado pelo médico generalista (muitas vezes pelo

médico de família) para um médico/cirurgião ortopedista, que fará uma avaliação inicial,
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e perceberá, em conjunto com a pessoa doente, se aquela é a opção/intervenção cirúrgica

mais indicada (OrthoInfo, 2015). Não existe qualquer restrição de idade ou peso para ser

um candidato “elegível” para a cirurgia, pelo que as dores existentes, a incapacidade de

realização das atividades de vida diárias, e o grau de mobilidade reduzido, associados aos

antecedentes patológicos, exame físico, radiografias (raio-x para avaliar a extensão dos

danos) e, por vezes, as ressonâncias magnéticas (determinando certas condições do osso

e das partes moles), são os aspetos levados em conta pelo ortopedista, aquando da

proposta de realização da intervenção cirúrgica (OrthoInfo, 2015).

CONTRAINDICAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE CIRURGIA

Absolutas:

• Infeção ativa;

• Imaturidade esquelética;

• Paraplegia ou tetraplegia;

Relativas:

• Obesidade mórbida;

• Artropatia de Charcot (deformidade osteoarticular do pé neuropático);

• Doença neurológica e/ou neuromuscular incapacitante/progressiva

(OrthoInfo, 2015).
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TIPOS DE PRÓTESES

DIFERENÇA ENTRE PRÓTESES CIMENTADAS E NÃO CIMENTADAS

PRÓTESES CIMENTADAS:

Ambos os componentes (femoral-haste e acetabular) podem ser

cimentados ou não cimentados.

Componente acetabular cimentado-

• Produzidos a partir de polietileno de ultra peso molecular (plástico

especial), que possui alta resistência ao desgaste;

• São produzidos com diversos diâmetros, de modo que se adaptem à

anatomia da pessoa sujeita à intervenção cirúrgica;

• Têm superfície externa irregular, facilitando a fixação com cimento

ósseo ao osso acetabular;

• Superfície interna côncava, de forma a permitir a articulação da

cabeça femoral (Silva, 2016).

Componente acetabular não cimentado-

• Geralmente são produzidos com titânio;

• Contém uma superfície porosa, que permite a fixação do osso através

do seu crescimento natural;

• O crescimento ósseo decorre ao longo de várias semanas, e é o que

permite a fixação definitiva do componente acetabular ao acetábulo;

• Geralmente são composto por alguns orifícios, que permitem a

colocação de parafusos, utilizados por vezes para permitir uma

fixação inicial do material artificial (Silva, 2016).


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Componente femoral cimentado-

• Apresentam uma superfície polida;

• Compostos por ligas especiais de aço;

• São produzidos em diversos tamanhos e existem com vários

formatos, de modo a adaptarem-se a pessoas que apresentem

deformação do fémur, um tamanho de fémur superior ao normal e/ou

estreito;

• Na parte mais proximal da haste, é acoplada a cabeça femoral

artificial, que será posteriormente colocado na superfície interna do

componente acetabular; a cabeça femoral pode ser metálica ou em

cerâmica (Silva, 2016).

Componente femoral não cimentada-

• De forma a permitir a fixação, após crescimento ósseo, estas próteses

são colocadas sob pressão no canal femoral;

• Compostas geralmente por ligas em titânio, mais rígidas do que as

utilizadas nos componentes acetabulares;

• À semelhança das hastes cimentadas, possuem na sua parte mais

proximal uma superfície que permite a acoplação da cabeça do

fémur;

• Na sua parte intermédia existem microporos, que permitem o

crescimento ósseo e a fixação permanente do componente femoral;

• Algumas das próteses possuem e são revestidas por determinados

materiais sintéticos similares ao osso, que auxiliam a fixação da

haste ao próprio osso do utente (Silva, 2016).


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ARTROPLASTIA HÍBRIDA

Estudos demonstram taxas de deslocamento das próteses, muito superiores

no diz respeito aos componentes acetabulares cimentados, comparativamente aos

componentes femorais. Por essa razão, muitos cirurgiões optam pela artroplastia

híbrida, que consiste na colocação de um componente acetabular não cimentado

articulado com um componente femoral cimentado.

COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA INTERVENÇÃO

CIRÚRGICA

• Risco de hemorragia;

• Risco de infeção;

• Risco de trombose venosa profunda;

• Risco de compromisso neurocirculatório;

• Luxação da prótese;

• Osteólise e desgaste;

• Descelagem assética;

• Ossificação heterotópica;

• Fratura periprotésica (advém da falta de estabilidade da prótese)

(Gutierres, 2020).
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RECUPERAÇÃO

• Fisioterapia;

• Controlo da dor com uso da analgesia, conforme prescrito;

• Levante, geralmente, um dia após a cirurgia; a mobilização precoce

diminui o risco de ocorrência de eventos tromboembólicos;

• Tempo de internamento habitual, sem existência de intercorrências,

de 3 a 5 dias;

• Geralmente, os pontos são retirados 15 dias após a cirurgia, com o

enfermeiro de consulta externa;

• A recuperação total varia de 6 a 12 meses (Gutierres, 2020).

MOMENTO PRÉ-OPERATÓRIO

Exames Complementares necessários:

• Anterior colheita de sangue, para controlo analítico (estudo de

coagulação, bioquímica/geral e hemograma/edta);

• Eletrocardiograma de 12 derivações;

• Raio-X Tórax;

• Exame imagiológico da zona a ser intervencionada;

Cuidados de Enfermagem pré-operatórios:

• Orientar o cliente no espaço físico;

• Realizar tricotomia no membro a ser intervencionado;

• Informar sobre o banho com clorohexidina a 4%, colocação de

compressas esterilizadas e de ligaduras;


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• Vestir o cliente;

• Realizar colheita de dados;

• Monitorizar parâmeros vitais;

• Cateterizar perifericamente com cateter 20G ou superior;

• Colocar soroterapia em curso (geralmente polieletrolítico simples

500 ml);

• Confirmar que a pessoa se encontra em jejum pré-operatório (de

líquidos inclusive);

• Verificar a existência de exames pré-operatórios;

• Verificar a existência de consentimento informado assinado;

• Realizar ensinos pré-operatórios, reforçando-os no pós-operatório;

• Calçar meia anti trombótica no membro contralateral (membro não

intervencionado).

Cuidados de Enfermagem no intra-operatório e na unidade de cuidados pós-

anestésicos:

• Dentro da sala de operações, existe um enfermeiro instrumentista,

que auxilia o cirurgião, dando-lhe os instrumentos que vão sendo

utilizados no decorrer da cirurgia;

• O enfermeiro circulante, que abre material, e entra e sai várias vezes

da sala com o intuito de agilizar a cirurgia, disponibilizando todo o

material que possa ser utilizado no decorrer da cirurgia;

• O enfermeiro anestesista, que administra, geralmente, toda a

medicação utilizada durante a cirurgia;


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• Já na unidade de cuidados pós anestésicos: a pessoa é monitorizada;

é aplicada crioterapia; pode ser necessário colocar a pessoa a

oxigenioterapia; administração de medicação e de soroterapia; vigiar

pensos, perdas hemáticas e sinais de compromisso neurocirculatório.

Cuidados de Enfermagem pós-operatórios:

• Monitorização de parâmetros vitais;

• Verificar se existe dismetrias dos membros;

• Vigiar perdas hemáticas;

• Vigiar penso;

• Vigiar micção espontânea (8h-10h após a cirurgia); verificar, em

caso de não existir micção espontânea se existe globo vesical, e, caso

exista, proceder ao esvaziamento da bexiga com uso de sonda

vesical;

• Vigiar e monitorizar dor; administrar analgesia mediante as

necessidades do utente e conforme prescrito;

• Verificar a existência de queixas eméticas;

• Vigiar sinais de compromisso neurocirculatório;

• Elevação do membro;

• Aplicação de crioterapia local;

• Monitorizar dreno e conteúdo drenado, se aplicável;

• Manter o triângulo de abdução aplicado (garantindo o correto

posicionamento da articulação coxo-femoral);

• Informar sobre o início de dieta (de acordo com a cirurgia e

anestesia);
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• Iniciar primeiro levante, providenciando canadianas, conforme

indicação médica;

• Colher sangue para controlo de hemograma, no 1º dia de pós-

operatório.

ENSINOS

• Ensino sobre sinais de hemorragia;

• Ensino sobre sinais de infeção (febre, rubor, edema, calor ao toque,

exsudado intenso com odor associado);

• Ensino sobre a importância de manter o membro elevado e aplicar

crioterapia local);

• Instruir a deambulação com canadianas e se necessário encaminhar

para fisioterapia;

• Alertar para a vigilância da sensibilidade e mobilidade no membro

intervencionado;

• Informar a pessoa que, nas primeiras semanas: não deve carregar pesos,

não deve fletir as pernas mais do que 90ºgraus, deve evitar sentar-se em

cadeiras e sanitas baixas, não deve cruzar as pernas, não deve fazer

rotações bruscas e forçadas da anca, não deve andar de bicicleta, deve

dormir em decúbito lateral para o lado são com almofada entre os membros

inferiores, deve evitar pisos molhados e acidentados, deve tomar banho

preferencialmente de duche, evitando molhar diretamente o penso

(enquanto aplicável), ter atenção com a dieta evitando o excesso de peso


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(para não sobrecarregar a prótese- deve manter peso ideal sempre), deve

utilizar meias anti trombóticas durante cerca de 1 mês.


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REFERÊNCIAS

Gutierres, M. (2020). Artroplastia da anca. Saúdebemestar.pt. Disponível em:

Artroplastia Anca - cirurgia Prótese da anca (total, parcial) (saudebemestar.pt)

OrthoInfo (2015). Artroplastia total do quadril. OrthoInfo. Disponível em: Artroplastia

total de quadril (Total Hip Replacement) - OrthoInfo - AAOS

Silva, D.G.F.C.M. (2016). Artroplastia total da anca no doente jovem: indicações e

preocupações [Tese de mestrado não publicada]. Faculdade de Medicina da

Universidade de Lisboa. Disponível em: Microsoft Word - TESE Diogo Mota da

Silva - ATA doente jovem (ul.pt).

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