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Diogo Dias, nº71791

EC III- Enfermagem Cirúrgica 1

PESQUISA

Decidi pesquisar sobre este tema, uma vez que, ao longo da semana, contactei com

utentes que foram submetidos a hidrocelectomias. Por desconhecer o que é o hidrocelo,

assim como a intervenção cirúrgica inerente, achei relevante a elaboração da pesquisa.

HIDROCELO

O que é?

Os testículos são os órgãos sexuais masculinos responsáveis pela formação de

espermatozoides. Estes encontram-se revestidos por um líquido que os protege de

agressões externas e facilita a sua movimentação e estão inseridos no escroto, outra

cavidade, com funções de proteção e suporte.

Quando um, ou ambos os testículos são sujeitos a algum processo de inflamação,

pode ocorrer o surgimento de uma tumefação ao nível do escroto, resultante da

acumulação excessiva e aumento do líquido que os reveste.

Apesar de ser mais comum em recém-nascidos, particularmente aqueles que são

prematuros, uma vez que os testículos descem do abdómen para o escroto através de um

canal, que, se não encerrar devidamente, permite a passagem de líquido da cavidade

abdominal para o escroto, em cerca de 20% dos casos pode ocorrer também em pessoas

adultas.

Quais os principais sintomas?

Os dois principais sintomas são a tumefação/inchaço de um, ou ambos os

testículos e o desconforto inerente a essa tumefação; por vezes pode ter-se a sensação de

que os testículos estão mais pesados. Quando existe dor, o inchaço anormal pode indicar

outro tipo de problemas mais graves, como é o caso da torção testicular e, por essa razão,
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a pessoa deve procurar rapidamente ajuda médica, já que é tão maior a viabilidade do

órgão quanto menor o tempo entre a ocorrência da torção e a reversão do sucedido.

Geralmente, o inchaço anormal dos testículos causado pela presença do hidrocelo

dificulta em muito a palpação dos testículos e pode por vezes ser acompanhado pelo

surgimento concomitante de uma hérnia inguinal.

No que concerne apenas ao hidrocelo, este não tem interferência com a fertilidade,

no entanto, pode ser alguma da sintomatologia inerente a outro tipo de problemas que

podem interferir com a fertilidade masculina, pelo que os homens devem ter especial

atenção à observação e palpação dos testículos em momentos que os permita fazê-lo,

como por exemplo durante o momento da higiene.

Quais as causas para o surgimento do hidrocelo?

A causa pode ser congénita, como o caso do hidrocelo comunicacional

anteriormente abordado, que ocorre quando não há encerramento do canal por onde os

testículos passam ao descerem do abdómen para o escroto e, nesta situação, reverte

geralmente de forma natural até aos 18 meses de vida do bebé. Outra das causas para o

surgimento do hidrocelo em um ou ambos os testículos, pode ser a resposta a algum

processo inflamatório, que pode, entre outras coisas, estar relacionado com a ocorrência

de algum traumatismo, torção testicular ou, em casos mais graves, a presença de algum

tumor. Outra das possíveis causas para o surgimento do hidrocelo é uma epididimite, isto

é, a inflamação do epidídimo, responsável, entre outras coisas, pelo armazenamento dos

espermatozoides. Uma intervenção cirúrgica a uma varicocele, dilatação varicosa de uma

ou mais veias que drenam o sangue dos testículos, pode ser outra das causas do

surgimento do hidrocelo.
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Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito a partir da história clínica do utente e da elaboração do exame

físico. Além da palpação, pode ser feita a iluminação do escroto usando uma lanterna,

observando o hidrocelo, já que o líquido acumulado é transparente. Pode ainda ser feita

uma ecografia, despistando outro tipo de problemas como a presença de massas no

escroto e pode ser feita a colheita de sangue para análises clínicas, com o intuito de

despistar algum tipo de infeção primária que possa ter desencadeado o surgimento do

hidrocelo.

Qual o tratamento?

Por não apresentar perigo, o tratamento só está indicado quando ocorre

comprometimento da irrigação sanguínea dos testículos do utente, ou quando causa

desconforto ao mesmo. Além disso, durante os primeiros 12 a 24 meses, pode ocorrer

uma resolução natural do problema, pelo que apenas as pessoas que se encaixem nas

situações acima referidas, ou aquelas que tenham, associadas ao hidrocelo, uma hérnia

inguinal ou outro problema testicular concomitante, devem recorrer ao tratamento num

tempo inferior ao intervalo dos primeiros 12 a 24 meses.

No que concerne ao tratamento do hidrocelo, este é apenas cirúrgico e consiste na

drenagem do líquido em excesso, a partir de uma incisão feita no escroto ou no abdómen

e é feito sob anestesia geral. Pode ser feita a aspiração do conteúdo através de uma agulha

e com recurso a anestesia local, no entanto, esse é um tratamento pouco utilizado já que

é associado a um maior desconforto para o utente, assim como a um maior risco de

infeção.

No que concerne à prevenção, é impossível prevenir o desenvolvimento de um

hidrocelo. O que pode ser feito é evitar comportamentos de risco que conduzam a
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situações que possam ter como sintomatologia associada o surgimento do hidrocelo,

como é o caso da torção testicular, em que o homem deve, por exemplo, evitar fazer uma

pressão exagerada sobre os testículos, ou sujeitá-los a mudanças de temperatura extrema

como ocorre, por exemplo, quando sofremos um choque térmico ao saltar dentro de uma

piscina cujo a temperatura da água é muito inferior à temperatura corporal.

HIDROCELECTOMIA

Como referido anteriormente, a hidrocelectomia consiste na remoção do líquido

em excesso que se encontre no escroto. Para a remoção é feita uma pequena incisão no

escroto e é drenado o conteúdo em excesso. A incisão pode ser feita no abdómen, quando

se trata de um hidrocelo comunicacional. Nesses casos, o objetivo consiste em perceber

onde ocorre a anormalidade do canal por onde os testículos descem do abdómen para o

escroto, e suturá-lo de forma que não seja drenado por ali mais líquido da cavidade

abdominal para o escroto. No caso da hidrocelectomia, após a excisão do hidrocelo, o

testículo é suturado. Após a sutura é colocado um pequeno penso cirúrgico simples,

apenas para proteção da ferida cirúrgica. Geralmente é uma cirurgia realizada em contexto

de ambulatório, pelo que, após o encaminhamento da unidade de cuidados pós anestésicos

para o internamento, o utente deve apenas esperar para poder iniciar a ingesta hídrica, e,

posteriormente, uma refeição leve, tendo alta clínica conforme tolerância.

No que concerne aos cuidados pré-operatórios, estes consistem principalmente :

o Anotação de um contacto de referência;

o Anotação de antecedentes patológicos e cirúrgicos, bem como de alergias

medicamentosas e/ou alimentares, de medicação domiciliária, hábitos

tabágicos e/ou etílicos e de peso e altura;


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o Avaliação dos parâmetros vitais e saturação periférica de oxigénio arterial,

bem como de glicémia capilar quando aplicável;

o Confirmação do jejum pré-operatório;

o Realização de tricotomia;

o Colocação de um acesso periférico com soroterapia em perfusão;

o Ensinos sobre o pós-operatório.

No que concerne ao pós-operatório, além da correta monitorização do doente, da

vigilância do penso, da aplicação de crioterapia e da certeza de que os cuidados de

analgesia estão assegurados, o enfermeiro deve reforçar os ensinos realizados

anteriormente.

No que diz respeito aos cuidados pós-operatórios, o utente deve estar atento para

o surgimento de sinais e sintomas de infeção, surgimento de novo hidrocelo (levando em

consideração que o escroto pode, após a intervenção cirúrgica, se manter edemaciado por

algum período de tempo), controlo adequado da dor mediante as prescrições médicas e

de enfermagem e garantir repouso absoluto nos primeiros 3 a 7 dias, e evitar esforços

físicos exacerbados, carregar pesos ou ter relações sexuais, durante os primeiros 15 a

20/30 dias.

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