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1 novembro 2018

Sumário:

 Interdependência e trocas.

A divisão do trabalho

A oportunidade para proceder a trocas vantajosas pressupõe apenas que as pessoas ou os


países tenham necessidades complementares, disponham de bens diversos ou de distintas
aptidões para prestarem serviços, e possam obter, sem demasiado custo, informações acerca
da existência de potenciais parceiros nas trocas.

Num ambiente de informação muito dispendiosa ou imperfeita a racionalidade dos agentes


poderá ver-se obrigada a decidir pela colaboração, troca, quando ainda está inteiramente em
aberto a possibilidade de alguma informação adicional que venha demonstrar que a troca não
será a mais proveitosa.

Cooperação condicional: atitude racional que aceita a interdependência assenta na convicção


de que haverá reciprocidade, e faz depender desta a sua disposição de colaborar, elevando-a
até à dignidade de critério jurídico,.

Vantagens absolutas

Pode alcançar-se na especialização, começando por ditar a posição que cada um ocupa nas
trocas e é essa vantagem que determina o que é que cada um vai produzir em excesso
relativamente às suas necessidades, de forma a habilitar-se a obter bens e serviços não
produzidos por ele, em troca daqueles em excedente.

A especialização e a divisão do trabalho, segundo os princípios das vantagens absolutas são as


fontes da maior parte da diversidade social observada na economia, e também das formas
mais estáveis e permanentes de consagração institucional da interdependência.

Feita essa escolha por uma divisão de trabalho estável e congruente de acordo com os
princípios de vantagens absolutas, os ganhos das trocas podem ampliar-se até ao limite
consentido pela dimensão do mercado, mas sempre com as vantagens da descentralização e
da liberdade induzida pelo simples balizamento dos incentivos.

A confiança e o equilíbrio nas trocas

A troca é sempre um compromisso, o que implica que cada parte transija relativamente à sua
posição inicial de ganho máximo: o benefício objetivo tem de existir para que ocorra troca
voluntária.

A complementaridade e interdependência, se são por um lado os alicerces da prosperidade,


são por outro lado limites à realização irrestrita dos planos individuais de cada um, são limites
ao arbítrio, o qual só em pleno isolamento poderá seguir o seu livre curso sem quaisquer
constrangimentos.

A racionalidade nas trocas reclama que todos os envolvidos beneficiem, mas não que
beneficiem no mesmo montante ou na mesma proporção. A maior parte das trocas envolve
uma margem de risco quando ao valor daquilo que é transacionado. Os desejos de

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conhecimento perfeito ou de certeza absoluta são incompatíveis para a nossa necessidade de


ação. Eliminar esse custo por completo teria um custo elevadíssimo de volatilizar a confiança
no cumprimento das transações contratuadas, dada a rejeição por ambas as partes de
qualquer dado de risco. É possível reduzi-lo, fazendo acompanhar as transações de sinalizações
e garantias que incutam a impressão de seriedade ou que permitam remediar resultados
muito insatisfatórios ou desequilibrados.

Vantagens comparativas

Para aqueles que dispõe de mais de uma vantagem absoluta seria vantajoso assumir todas as
tarefas nas quais registasse esse tipo de vantagem, maximizando em todas elas os ganhos.

Todavia, é mais benéfico para o produtor mais eficiente dividir o trabalho, porque, libertando-
se das tarefas em que seja comparativamente menos apto, poderá concentrar-se naquela ou
naquelas em que a sua produtividade é relativamente maior, confiando as demais a parceiros
de trocas que perderiam em comparação com ele.

David Ricardo: como poderia a Grã-Bretanha entrar em relações económicas com Portugal na
permuta de vinho e de lã, se em ambos os casos era patente a vantagem absoluta dos
produtos portugueses? A solução: cada um deve especializar-se na sua vantagem relativa, os
produtores portugueses no vinho e os britânicos na lã, acabando por resultar dessa divisão de
trabalho uma clara vantagem para ambos.

Na escassez determinará que mesmo aquele que dispõe de vantagens absolutas em ambas as
atividades acabe por não poder dedicar a qualquer dessas atividades mais do que tempo
parcial.

Por essa razão, a economia advertiu para a circunstância de a especialização ser limitada pela
dimensão do mercado, pela procura dos bens e serviços a que possa corresponder essa
especialização de fatores produtivos.

Na orientação da opção racional encontra-se uma ponderação de custos de oportunidade: o


tempo gasto na atividade menos produtiva é o tempo roubado à atividade mais produtiva e
vice-versa.

A constatação de vantagens absolutas, ou a mais subtil detecção de vantagens comparativas,


acabam sempre por apontar no sentido da especialização, determinando quem produz o quê,
quando, até quando e como se troca.

O cálculo das vantagens comparativas envolve apenas a ponderação de custos de


oportunidade e taxas de substituição, que são valores proporcionais, suscetíveis de expressão
percentual.

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