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Casos práticos – sujeitos laborais; formação do contrato; período experimental

I
Jaime celebrou um contrato de trabalho com a sociedade KXL, SA., em 1 de abril de
2015. A partir de 1 de setembro de 2016, Jaime passou a prestar a respetiva atividade, no
mesmo período normal de trabalho e auferindo a mesma retribuição, para sociedade POL,
SA., cujas participações sociais são detidas a 100% pela sociedade KXL, SA. A prestação
laboral passou a ser realizada em benefício e sob as ordens e direção de ambas as sociedades.
Em setembro de 2018, Jaime ainda não tinha recebido as retribuições relativas aos
meses de julho e de agosto. A quem poderá exigir judicialmente o pagamento das mesmas?

II
Em 2 de outubro de 2017, a empresa X, do setor têxtil, pretendeu contratar Carla, de
15 anos de idade, a qual, à época, frequentava o 9.º ano de escolaridade.
a) Poderiam os pais de Carla celebrar o contrato em seu nome?
b) Em 2 de outubro de 2018, a jovem, então já com 17 anos e a frequentar o ensino
secundário, celebrou o contrato de trabalho. Em 2 de fevereiro de 2019, os pais
comunicaram, por escrito, à empresa, a sua oposição à manutenção do contrato, alegando
que o mesmo era impeditivo da continuação dos estudos da filha. Quid iuris?

III
Recentemente, Alexandra foi contratada, por tempo indeterminado, para um cargo
de secretária numa empresa de venda de automóveis. Durante a entrevista de emprego,
Alexandra foi informada de que, além das funções normais de secretária, também teria de
tratar da organização de uma grande exposição de automóveis, que deveria ocorrer daí a uns
meses. Sucede que, duas semanas depois da contratação, o empregador toma conhecimento
de que Alexandra se encontra grávida de 4 meses e meio. Sentindo que Alexandra lhe faltou
ao respeito por lhe ter omitido essa informação aquando da entrevista (além de que a gravidez
a impediria de cumprir com as suas funções, pois o nascimento do filho deveria ocorrer
pouco antes da exposição), o empregador comunicou-lhe que o contrato terminava nesse
mesmo dia. Quid iuris?

IV
André, Sofia, Mateus e Manuela são contabilistas. Os escritórios de todos eles situam-
se no mesmo andar do mesmo prédio e partilham, ainda nesse prédio, alguns espaços,
nomeadamente uma sala para reuniões, uma zona onde tiram fotocópias e fazem impressões
e também um pequeno espaço de refeições. Gostariam de contratar um/a rececionista que
prestasse atividade a todos eles, obedecendo às respetivas instruções.
a) Indique qual o tipo de contrato adequado para o efeito e se o mesmo deve ser
celebrado por escrito.
b) Suponha que Gabriela é contratada por tempo indeterminado para estas funções
e que, no contrato, se estabelece que se aplicará um período experimental de um mês.
Gabriela iniciou as funções, que prestava de segunda a sexta-feira, no dia 15 de julho. No dia
20 de agosto, foi-lhe comunicado por André, que afirmou representar também os colegas,
que o seu contrato cessaria nesse mesmo dia. Gabriela entende que o período de experiência
já terminara, mas André esclareceu que não era assim, pois, por lado, Gabriela tinha faltado,
nas semanas anteriores, durante dez dias e, além disso, os dias não úteis não deveriam ser
considerados na contagem.
Pronuncie-se sobre a questão, analisando as posições dos envolvidos.

V
Anabela foi contratada, para as funções de empregada de mesa, através de um
contrato por tempo indeterminado. Porém, na altura da sua contratação, um dos
trabalhadores da cozinha do restaurante em causa ficou impossibilitado de prestar trabalho
(por doença) e, por essa razão, o empregador deslocou Anabela para o lugar desse
trabalhador; Anabela assumiu, assim, provisoriamente, as funções de auxiliar de cozinha.
Cerca de cinco meses após o início de execução do contrato, a entidade empregadora
comunicou a Anabela, com uma semana de antecedência, que, por ela não ter tido um
desempenho satisfatório, o seu contrato cessaria.
1. Acha que o empregador atuou licitamente? Justifique.
2. Imagine agora que Anabela exerceu, efetivamente, funções de empregada de mesa,
segundo o estabelecido no contrato. Porém, dois meses e meio depois, o empregador
propôs-lhe – e ela aceitou, já que tinha qualificações técnicas para tal – transitar para categoria
distinta e superior, a de gestão de recursos humanos, com funções de supervisão dos demais
trabalhadores, processamento de salários, elaboração de mapas de férias, etc. Decorridos
poucos dias, o empregador comunicou-lhe, com a antecedência de duas semanas, a cessação
do contrato, dada a sua comprovada inaptidão para as funções. Como se pronunciaria sobre
a situação descrita?
3. Suponha agora que o empregador contrata, no dia 1 de janeiro, também para
empregada de mesa, Diana, mediante um contrato sujeito a um termo suspensivo, cuja
execução apenas deverá iniciar a 1 de fevereiro. A 15 de janeiro, o empregador denuncia o
contrato invocando o período experimental. Poderá fazê-lo?

VI
Alcino foi contratado a termo, em 1/03/2020, para exercer as funções de padeiro na
sociedade “Bolos e Delícias, S.A.”. O contrato, reduzido a escrito, foi celebrado por 3 meses
com fundamento na substituição de um padeiro (Bento) que se encontrava doente. Alcino,
já em janeiro de 2019, havia sido contratado por 10 dias pela mesma sociedade para
substituição de Bento que se encontrava de férias. Suponha que, em 13/03/2020, a sociedade
pretende denunciar o contrato de trabalho de Alcino, alegando que este se encontra no
período experimental.
Poderá fazê-lo?

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