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SOCIOLOGIA
2. DIVERSIDADE CULTURAL E
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
FRENTE U | CAPÍTULO 01

VIDEOAULA
Introdução

FILOSOFIA | FRENTE U | CAPÍTULO 01


INSTITUIÇÕES SOCIAIS
Você já parou para imaginar o quanto a nossa
vida é determinada pela sociedade? A forma
como percebemos o mundo, a forma como nos O conceito de instituição social é amplamente
relacionamos com as pessoas, nossas opiniões, utilizado pela Sociologia e analisado por variadas escolas
nossas crenças, nossas formas de falar e de nos sociológicas. Entende-se por instituição social o conjunto
expressar são, em grande parte, condicionadas de regras e procedimentos padronizados, reconhecidos,
pelas pessoas com as quais convivemos. É claro que sancionados e aceitos pela sociedade, que possui um
esses padrões sociais são diferentes a depender do enorme valor social. Nada mais são do que os modos
grupo ao qual nos referimos. Todas as sociedades de pensar, de agir e de sentir que o indivíduo encontra
são regidas por regras, essas regras podem ser estabilidade.
mais rígidas ou flexíveis e podem ser alteradas com
o passar do tempo. Você pode perceber isso se
observar, por exemplo, o papel social da mulher ao São exemplos de instituições sociais: Família;
longo da história. Durante muito tempo, coube à Instituições de ensino; Instituição religiosa; Instituição
mulher apenas a participação na vida doméstica, jurídica; Instituição econômica; Instituição política.
pois assumia o papel de esposa e de mãe, mas, ao
longo dos anos, as mulheres foram conquistando
diariamente espaços da vida pública. Da mesma Quando abordamos essa noção de socialização,
forma, a percepção sobre a família, a educação, percebemos o quão complexo é esse processo, podendo
a política, a economia, por exemplo, também foi se manifestar de diferentes formas em diferentes indivíduos.
mudando com o passar do tempo. Basta você imaginar a sua sala de aula ou o seu grupo de
amigos. Obviamente vocês possuem algumas coisas em
comum, mas você já parou para perceber o quanto vocês
são diferentes? São exatamente essas diferenças que nos
tornam únicos, ou seja, formam a nossa identidade social.
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INDIVÍDUO E SOCIEDADE É a partir da relação com o “outro”, aquele que é diferente


a mim, que eu descubro a minha verdadeira identidade.

DEFINIÇÃO: PATRIMÔNIO
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Para que uma sociedade possa existir, todos os


indivíduos passam por um processo constante de troca e MATERIAL X IMATERIAL E
aprendizado que chamamos de socialização. Durante todo CULTURA POPULAR X ERUDITA
esse caminho, os indivíduos absorvem os valores sociais,
ou seja, incorporam todos os hábitos, regras e padrões
daquela sociedade na qual ele está inserido. Tal processo É muito comum no dia a dia ouvir das pessoas frases do
está dividido em duas etapas: a socialização primária tipo “isso não é cultura”, “esse tipo de música não é cultura”,
e a socialização secundária. Para compreendermos tal “Fulano não possui cultura”. Por muitas vezes entendemos
processo, é importante destacar que ele ocorre durante cultura como posse, em que algumas pessoas a possui
toda a nossa vida, do nascimento até o seu final. Chamamos enquanto outras não. E você, como responderia a pergunta:
de socialização primária aquela constituída a partir dos o que é cultura?
vínculos de afetividade, os quais ensinamos os valores mais
básicos, como o uso da língua, moral, comportamento, O senso comum costuma definir cultura como um conjunto
regras, etc. Nesse contexto, vale destacar a importância de conhecimentos que foram acumulados por determinada
da família como uma instituição social fundamental. Já a sociedade, e, a partir dele, podemos diferenciá-la de
socialização secundária costuma ser classificada desde o outros grupos sociais. É importante destacar que não existe
fim da infância até o fim da vida. Ela normalmente acontece uma forma de hierarquização entre culturas. Ou seja, não
junto a grupos sociais muito importantes na formação do podemos afirmar que uma cultura é superior ou inferior à
indivíduo, como a escola, os amigos e o trabalho. Essa outra. Cada cultura deve ser entendida como o resultado de
etapa é caracterizada por apresentar grupos sociais diversos processos produzidos ao longo do tempo, levando
mais diversificados (mais do que a família, por exemplo) em consideração suas particularidades.
e por estabelecer relações mais formais. É importante
destacar que essas definições podem sofrer alterações a PATRIMÔNIO CULTURAL
depender do contexto ao qual estamos inseridos. Ao longo
da nossa vida, os membros de uma sociedade se inserem O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
em diferentes grupos sociais, seja no aspecto primário ou (Iphan) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério
secundário. do Turismo, que responde pela preservação do Patrimônio
Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover

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os bens culturais do país, assegurando sua permanência e


usufruto para as gerações presentes e futuras.

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216,


ampliou o conceito de patrimônio estabelecido pelo
Decreto-lei no 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo
a nominação Patrimônio Histórico e Artístico por Patrimônio
Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito
de referência cultural e a definição dos bens passíveis
de reconhecimento, sobretudo os de caráter imaterial, à http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218
nomenclatura mencionada. A Constituição estabelece,
Etnocentrismo e Relativismo
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ainda, a parceria entre o poder público e as comunidades


para a promoção e proteção do Patrimônio Cultural
Ao longo da história, diversas sociedades utilizaram
Brasileiro. No entanto, mantém a gestão do patrimônio e da
de aspectos da cultura para definir uma posição de
documentação relativa aos bens sob responsabilidade da superioridade para com outros grupos sociais. Por exemplo:
administração pública. quando um determinado grupo se entende como centro do
universo ou quando considera que seus comportamentos
Enquanto o Decreto de 1937 estabelece como patrimônio e valores são considerados mais corretos e adequados
“o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e e, até mesmo, quando aqueles que são “diferentes” são
cuja conservação seja de interesse público, quer por sua considerados inferiores, bárbaros ou selvagens. Essa visão
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer de mundo é denominada etnocentrismo. É importante
por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, ressaltar que o etnocentrismo não diz respeito apenas a
bibliográfico ou artístico”, o Artigo 216 da Constituição uma simples “visão” sobre o “outro”, mas sobre uma intenção
conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de de desvalorização daquilo que é considerado diferente. Já
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou o relativismo compreende que não há nenhuma forma de
organização de conhecimento que coloque uma cultura
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação,
como superior à outra. O que podemos perceber é que
à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade existem culturas complexas que devem ser compreendidas
brasileira”. dentro do seu próprio contexto social.

Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão A concepção de relatividade cultural surgiu desta
as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; constatação da pluralidade humana: a percepção de
as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, que cada cultura possui características gerais, comuns
objetos, documentos, edificações e demais espaços com outras, entretanto, todas as culturas apresentam
destinados às manifestações artístico-culturais; os características que são especificamente suas e tais
conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, peculiaridades tornam uma cultura diferente das outras.
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e Dessa forma, constituiu-se o conceito de relatividade
científico. cultural, baseado no seguinte pressuposto: “[...] os padrões
de certo e errado (valores) e dos usos e atividades (costumes)
são relativos à cultura da qual fazem parte. Na sua forma
O Iphan zela pelo cumprimento dos marcos legais,
extrema, esse conceito afirma que cada costume é válido
efetivando a gestão do Patrimônio Cultural Brasileiro e dos em termos de seu próprio ambiente cultural” (HOEBEL e
bens reconhecidos pela Organização das Nações Unidas FROST, 1999, p. 22). Reconhecer a diversidade das culturas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como nos ajuda a compreendê-las como são, não estabelecendo
Patrimônio da Humanidade. Pioneiro na preservação do hierarquias de valores culturais.
patrimônio na América Latina, o Instituto possui um vasto
conhecimento acumulado ao longo de décadas e tornou- Assim, “quando vemos que as verdades da vida são menos
se referência para instituições assemelhadas de países uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o
de passado colonial, mantendo ativa a cooperação significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta,
internacional. mas no contexto em que acontece: estamos relativizando.
Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores
Nesse contexto, o Iphan constrói, em parceria com os e não nos nossos: estamos relativizando. Enfim, relativizar é
ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido
governos estaduais, o Sistema Nacional do Patrimônio
um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação.
Cultural, com uma proposta de avanço disseminada Ver as coisas do mundo como a relação entre elas. Ver que
de maneira contínua para os estados e municípios a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado.
em três eixos: coordenação (definição de instância(s) Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em
coordenadora(s) para garantir ações articuladas e mais superiores e inferiores, ou em bem ou mal, mas vê -̂ la em sua
efetivas); regulação (conceituações comuns, princípios e dimensão de riqueza por ser diferença” (ROCHA, 1994, p. 20).
regras gerais de ação); e fomento (incentivos direcionados ASSIS, Cássia Lobão. Estudos contemporâneos de cultura. Campina
Grande: UEPB/UFRN, 2008. p.7-8.
principalmente para o fortalecimento institucional,
estruturação de sistema de informação de âmbito nacional,
fortalecer ações coordenadas em projetos específicos). CULTURA
Trabalhando com esses conceitos e visando facilitar o
acesso ao conhecimento dos bens nacionais, a gestão do Quando percebemos a noção de cultura como um
patrimônio é efetivada segundo as características de cada resultado do ser humano dentro de um determinado
grupo: Patrimônio Material, Patrimônio Imaterial, Patrimônio contexto social, podemos classificá-la a partir de diversos
Arqueológico e Patrimônio Mundial. critérios, entre eles, sua materialidade ou imaterialidade.
Por exemplo:

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• Cultura Material: É todo o conjunto de bens concretos

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(tangíveis) de uma comunidade, como casas, prédios,
templos, igrejas, roupas, museus, quadros, objetos, ANTROPOLOGIA
móveis e equipamentos.

• Cultura Imaterial: É tudo aquilo que compõe a Entender o conceito de cultura é fundamental para a
vida cultural de uma sociedade, mas não possui compreensão das sociedades, por isso, ele é um importante
materialidade, como idioma, religiões, danças, músicas, objeto das chamadas ciências sociais, como por exemplo,
culinária, etc. a Antropologia, que nasceu da necessidade de se produzir
um conhecimento de cunho científico sobre o ser humano
Quando refletimos sobre a questão da cultura, é enquanto produtor de cultura.

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fundamental compreendê-la dentro de um universo de
relações sociais. Essa complexidade pode nos ajudar
a compreender as diferenças no interior de uma dada “O pensar antropológico, o pensar sobre o aparente
sociedade, como status, poder e possíveis desigualdades. paradoxo de o homem ser um só, como ser - espécie
Dessa forma, podemos classificar culturas a partir da da natureza, e ao mesmo tempo ser múltiplo em
posição social de seus integrantes, como por exemplo, a suas expressões coletivas, a cultura; o pensar sobre
partir dos conceitos de: o diferente ser o mesmo; sobre suas potencialidades
reais e recônditas de cada cultura – é fruto desse
• Cultura Popular: produzida de forma orgânica em uma momento criativo do iluminismo.”
GOMES, Mércio Pereira. Antropologia. São Paulo: Contexto, 2011.p.11-12.
dada sociedade e vivenciada fora das instituições
oficiais, de forma espontânea, sem a necessidade de
uma aprendizagem formal.
Cultura é um dos conceitos mais importantes das ciências
• Cultura Erudita: produzida geralmente para uma elite humanas e existem inúmeras definições para ela. A origem
e é submetida a padrões críticos que independem do da palavra cultura vem do latim colere, que nos remete à
público. ideia de cultivar, construir. Tal significado estaria próximo
da definição que apresentamos anteriormente, como algo
produzido por comunidades humanas ao longo da história.
ORIENTADA
RESOLUÇÃO

À medida que estabelecemos relações sociais com outras


pessoas, produzimos cultura.
QUESTÃO 01
“O significado mais simples desse termo afirma
(UNIOESTE) “A separação entre cultura popular e cultura que cultura abrange todas as realizações materiais
erudita, com a atribuição de maior valor à segunda, está e os aspectos espirituais de um povo. Ou seja, em
relacionada à divisão da sociedade em classes, ou seja, outras palavras, cultura é tudo aquilo produzido pela
é resultado e manifestação das diferenças sociais. Há, de humanidade, seja no plano concreto seja no plano
acordo com essa classificação, uma cultura identificada imaterial, desde artefatos e objetos até ideais e
com os segmentos populares e outra, superior, identificada crenças. Cultura é todo complexo de conhecimentos
com as elites” e toda habilidade humana empregada socialmente.
(TOMAZI, Nelson D., Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010). Além disso, é também todo comportamento aprendido,
de modo independente da questão biológica.”
Sobre cultura erudita e cultura popular, é CORRETO afirmar: SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de
conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006.

A A chamada cultura popular abrangeria expressões


artísticas como a música clássica de padrão europeu,
Ao longo do tempo, diversos antropólogos se dedicaram
as artes plásticas, esculturas e pinturas, o teatro e a
ao estudo da cultura, produzindo, assim, diversas
literatura de cunho universal.
interpretações. Um dos antropólogos mais conhecidos
B A chamada cultura erudita encontra expressão nos mitos
viveu no século XIX. Trata-se do britânico Edward Tylor, que
e contos, danças, música – de sertaneja à cabocla –
apresentava uma visão sobre a cultura muito próxima dos
artesanato rústico de cerâmica ou de madeira e pintura,
ideais iluministas europeus. Segundo Tylor, cultura poderia
corresponde, enfim, à manifestação genuína do povo.
ser definida como “um conjunto complexo que inclui o
C A chamada cultura erudita abrangeria expressões
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os
artísticas como a música clássica de padrão europeu,
costumes e todas as produções dos homens em sociedade”.
as artes plásticas, esculturas e pinturas, o teatro e a
literatura de cunho universal.
As ideias iluministas sobre a cultura baseavam-se
D A chamada cultura erudita inclui expressões urbanas
na crença de que a noção de cultura estava alinhada
recentes, como os grafites, o hip-hop e os sincretismos
ao conceito de progresso dos povos e que deveria ser
musicais oriundos do interior ou das grandes cidades, o
vista a partir de um ponto de vista universal. Ou seja,
que demostra haver constante criação e recriação no
possíveis diferenças que existissem entre as diferentes
universo cultural.
culturas serviriam apenas para demonstrar o grau de
E O folclore é a mais alta expressão da cultura erudita.
desenvolvimento de cada sociedade. Dessa forma, algumas
delas seriam mais “evoluídas”, enquanto outras, “atrasadas”.

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SOCIOLOGIA | 2. DIVERSIDADE CULTURAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

Inspirado na psicanálise e na antropologia funcionalista


Tylor desejava provar a continuidade entre cultura de Malinowski, Lévi-Strauss acreditava que elementos
primitiva e cultura mais avançada. Contra os que inconscientes também poderiam operar no universo da
estabeleciam uma ruptura entre o homem selvagem cultura e serviriam como condicionantes da vida em
e pagão e o homem civilizado e monoteísta, ele se sociedade. Segundo ele, existiria uma espécie de substância
esforçava para demonstrar o elo essencial que os unia comum aos homens independentes da cultura ou grupo que
e a inevitável caminhada do selvagem em direção ao estes fizessem parte. As diferenças culturais que pudessem
civilizado. Entre primitivos e civilizados, não há uma existir serviriam como “adjetivos” qualificadores que não
diferença de natureza, mas simplesmente de grau de fariam com que se perdesse de vista a estrutura a que uma
avanço no caminho da cultura. Tylor combateu com determinada sociedade estivesse vinculada.
ardor a teoria da degenerescência dos primitivos,
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inspirada por teólogos que não podiam imaginar Ao fazer isso, Lévi-Strauss emprega pela primeira vez,
que Deus tivesse criado seres tão “selvagens”, teoria de modo sistemático, seguindo o modelo da linguística,
que permitia não reconhecer, nos primitivos, seres técnicas e conceitos – desde o levantamento estatístico
humanos como os outros. Para ele, ao contrário, até os mais modernos instrumentos lógico-matemáticos –
todos os humanos eram totalmente seres de cultura, que os estudiosos anteriores haviam ignorado ou utilizado
e a contribuição de cada povo para o progresso era de modo muito limitado. Ele conseguiu demonstrar
digna de estima. concretamente que, além da extraordinária complexidade
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: Edusc, e variedade dos sistemas de parentesco existentes, certas
1999. p. 38.
relações e certas estruturas permanecem constantes,
embora sob formas diferentes.
ROTA, Ana Francesca. Estruturalismo e ciências humanas. In: ROVIGHI, Sofia
No final do século XVIII e no princípio do seguinte, o Vanni. História da filosofia contemporânea: do século XIX à neoescolástica.
termo germânico kultur era utilizado para simbolizar todos São Paulo: Loyola, 2004. p. 550.

os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a


palavra francesa civilization referia-se principalmente às É importante lembrar que a noção de cultura não pode ser
realizações materiais de um povo. Ambos os termos foram percebida como algo estático, mas como algo dinâmico. Da
sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês mesma forma que as sociedades se transformam ao longo
culture, que “tomado em seu amplo sentido etnográfico é do tempo, os valores, práticas e significados que constituem
este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, essas sociedades também acompanham essas mudanças.
arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade Para observar essa transformação, basta você imaginar
ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma como inúmeros valores e práticas foram se transformando
sociedade”. Com esta definição, Tylor abrangia em uma em nossa sociedade. Por exemplo, há pouco mais de cem
só palavra todas as possibilidades de realização humana, anos, a escravidão era considerada uma prática comum e
além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da aceita por inúmeras pessoas.
cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida
por mecanismos biológicos.
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LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p.28 INDÚSTRIA CULTURAL

À medida que a Antropologia foi se desenvolvendo


enquanto ciência, diversas linhas de interpretação foram INTRODUÇÃO
surgindo, entre elas a visão particularista, representada
pelo alemão Franz Boas, a visão funcionalista, representada Cultura de massa e a indústria cultural
por Bronislaw Kasper Malinowski, e a visão estruturalista,
de Lévi-Strauss. Ao longo do século XX, percebemos um importante
desenvolvimento do modelo econômico que chamamos
O alemão Franz Boas propôs uma forma de interpretação de capitalismo, e esse fenômeno impactou completamente
das culturas de uma maneira bem diferente daquela os mais diversos setores da nossa sociedade, entre eles, o
percebida por Tylor. Enquanto o antropólogo britânico universo da cultura. Foi a partir dessa transformação que
mantinha uma perspectiva universal e evolucionista sobre nasceu, ao lado da cultura popular e erudita, a cultura de
as culturas, Boas compreendia que as culturas deveriam massa. Ela é o resultado da invasão dos produtos industriais
ser observadas de forma específica, também conhecida no universo da cultura. Nela, a cultura transforma-se em
como particularismo. Ele defendia uma linha antropológica objeto, em mercadoria. Segundo Edgar Morin, a cultura de
relativista. Para Boas não existe cultura, mas, sim, culturas, massas, que é pautada por interesses econômicos, opera
e cada uma delas deve ser compreendida dentro do seu na imposição de símbolos, de fácil universalização, que são
próprio contexto. descontextualizados de sua cultura de origem.

Para Malinowski só seria possível o entendimento dos “A cultura de massas recebe o seu duvidoso nome
complexos culturais dos povos se levarmos em consideração exatamente por conformar-se às necessidades de distração
o papel de cada elemento de cultura no conjunto e diversão de grupos de consumidores com um nível de
constituído. Cada cultura deveria ser compreendida de formação relativamente baixo, ao invés de, inversamente,
forma sistêmica. De acordo com ele, a cultura constitui formar o público mais amplo numa cultura intacta em sua
um tipo de integralidade em que vários elementos são substância”.
interdependentes. HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1984. p. 195.

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ESCOLA DE FRANKFURT B Somente I e III são corretas.


C Somente I, III e IV são corretas.
A cultura de massa tornou-se um importante produto da D Somente II e IV são corretas.
Indústria Cultural, conceito desenvolvido pelos integrantes E Todas as afirmativas são corretas.
do Instituto de Pesquisa Social, que ficou conhecido como
Escola de Frankfurt e teve como alguns de seus mais icônicos

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membros Theodor Adorno e Max Horkheimer. A Escola de ESTRATIFICAÇÃO E
Frankfurt teve um papel fundamental nesse fenômeno, ao DESIGUALDADE SOCIAL
denunciar o ato de alienar, que é típico da Indústria Cultural.

A partir da Segunda Revolução Industrial, no século XIX, Vamos discutir um pouco sobre esse fenômeno, que é
uma realidade não só no Brasil, mas também em diversos

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e da predominância das regras do mercado capitalista,
as artes, a cultura e a mídia foram submetidas à ideologia países do mundo. Vamos estudar diversas formas de
desigualdade e estratificação social presentes nas
da indústria cultural. Ou seja, os produtos de criação da
mais diversas sociedades. É muito comum acreditar que
cultura dos homens foram submetidos à ideia de consumo, desigualdades sociais ocorrem a partir de uma perspectiva
como produtos fabricados em série. As obras de arte se econômica. Em parte, isso é verdade, mas existem diversas
transformam em meras mercadorias, produtos de consumo, outras formas de diferenciar as pessoas, como por meio
em que a maioria dos bens artísticos não é criada para a de desigualdades de ordem étnico-racial, gênero, classe,
contemplação, para a busca do belo, e sim para a obtenção orientação sexual, idade, por exemplo. Essas desigualdades
de lucros. [...] A indústria cultural massifica a cultura e as artes influenciam diretamente na forma como determinados
para o consumo rápido no mercado da moda e na mídia. indivíduos convivem no seu meio social, assim como podem
Massificar é banalizar as artes e a produção das ideias e, possuir – ou não – acesso a direitos e recursos.
também, vulgarizar os conhecimentos.
OLIVEIRA, Luís Fernandes de; COSTA, Ricardo César Rocha da. Sociologia Se o nosso objetivo é compreender o fenômeno das
para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. p. 157. desigualdades sociais, é importante estarmos atentos a três
conceitos fundamentais: a estrutura social, a mobilidade
social e a estratificação social.
ORIENTADA
RESOLUÇÃO

A Estrutura Social é determinada pelo modo como uma


QUESTÃO 02 determinada sociedade se organiza em diversos aspectos,
como o econômico, cultural, social, político e histórico. Essa
é uma grande ferramenta para a sociologia, na tentativa de
(INTERBITS) A clivagem entre o popular e o erudito (e compreender uma determinada sociedade. Por exemplo,
a ignorância de fundir o erudito com o bom) é apenas se quisermos compreender a realidade social brasileira,
parte dessa discussão. Esse tipo de pensamento, com é imprescindível analisar as estruturas sob as quais nossa
a reafirmação de símbolos para separar “nós” da plebe, sociedade foi fundada, principalmente no nosso período
expressa mais preconceito de classe do que qualquer outra colonial. Se fizermos isso, algumas características vão
coisa. se destacar, como a escravidão, o patrimonialismo e
o patriarcalismo. Alguns desses elementos podem ser
Nos grandes centros, o consumo da chamada cultura percebidos nas pinturas do pintor e desenhista francês
regional tradicional ganhou espaço entre os mais ricos e Jean-Baptiste Debret, que integrou a missão artística
formadores de opinião. Virou cult. É em cima dessa análise francesa no Brasil.
que muitos querem resgatar, forçosamente, um passado
“menos selvagem” em que a população de determinado
lugar consumia esse tipo de arte da qual também gostamos.
Sem se atentar que as coisas mudam, ou que a indústria
cultural tem seus processos – que fazem ricos empresários
que, ironicamente, bancam esses mesmos formadores de
opinião.
Blog do Sakamoto. 22 nov. 2012. Adaptado. Disponível em <http://
blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012...intelectual/>. Acesso em 22
nov. 2012.

O texto retoma uma divisão muitas vezes apresentada entre


cultura popular e cultura erudita. Sobre esse tipo de relação, “Aplicação do Castigo do Açoite”, Jean-Baptiste Debret
assinale quais são as afirmativas corretas.

I. A divisão entre cultura erudita e popular é socialmente


construída.
II. A indústria cultural incide sobre essa divisão, muitas
vezes reforçando-a.
III. A identidade nacional é construída também a partir de
signos culturais tradicionais.
IV. Há um desejo por distinção social quando certas classes
procurar diferenciar seus objetos artísticos de outros
“menos nobres”.
Empregado do governo saindo a passeio», 1820, de Jean-Baptiste Debret
A Somente I e II são corretas.

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SOCIOLOGIA | 2. DIVERSIDADE CULTURAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

A expressão Estratificação diz respeito ao modo como SOCIEDADE ESTAMENTAL


uma determinada sociedade está dividida, isto é, como
cada camada social se sobrepõe à outra. É importante As formas de organização das sociedades em estamentos
lembrar que a estratificação está associada à organização podem ser percebidas ao longo da história nas mais diversas
histórica de uma determinada sociedade, ligada regiões do planeta, e o modelo mais conhecido predominou
diretamente à cultura de um determinado grupo. Existem na Europa medieval. Nela, podemos perceber, além de uma
diversas formas de estratificação social, mas no capítulo de forte influência do cristianismo, uma importante ligação
hoje iremos discutir três delas: as castas, os estamentos e com o modo de vida rural. Nessa sociedade, a posse da
as classes. Em cada uma delas, as desigualdades sociais terra era um dos principais elementos de diferenciação
assumiram diferentes formas. social. No modelo feudal europeu, a sociedade era dividida
principalmente em três partes, cada uma delas chamada de
FILOSOFIA | FRENTE U | CAPÍTULO 01

Outro elemento fundamental é o conceito de Mobilidade estamento: o clero (membros da Igreja Católica), a nobreza
Social, que representa a possibilidade de um determinado (dirigentes políticos e guerreiros) e servos (camponeses). Na
indivíduo mudar a sua posição na hierarquia social. Os sociedade estamental, a mobilidade social era bastante
tipos de mobilidade social podem variar de acordo com a limitada devido ao seu caráter hierárquico. Se compararmos
organização de cada sociedade. com o modelo de castas, o sistema estamental é mais
“aberto”, pois, apesar de manter rígidos obstáculos, não
impede a mobilidade social.
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TIPOS DE ESTRATIFICAÇÃO

SOCIEDADE DE CASTAS

Apesar de ter existido em diferentes sociedades, como a


do Japão, o modelo de castas estruturou a vida de milhões
de pessoas na Índia. Elas se caracterizam por comunidades
fechadas que compartilham características hereditárias,
em que são imutáveis as condições políticas, econômicas
e as posições sociais. Isso significa que, na sociedade de
castas, não existe mobilidade social. No caso indiano, essa Fonte: Fonte: Wikimedia Commons
estrutura é definida a partir do elemento religioso, no caso
o hinduísmo, que controla a vida dos indivíduos a partir da SOCIEDADE DE CLASSES
percepção de vidas passadas. No caso, se você teve em
vida um bom comportamento, a tendência é que você seja Com a passagem da Idade Média para a Idade Moderna,
recompensado na próxima vida, caso contrário, se você não uma série de transformações ocorreu nos mais diversos
viver da maneira adequada, é possível que você renasça setores da sociedade. Inevitavelmente, isso modificou
em uma casta inferior. Oficialmente, o modelo de castas não a estrutura e organização das sociedades. Uma dessas
está mais em vigor na Índia desde a Constituição Indiana de mudanças deu brecha para o nascimento de um modelo
1950, mas ainda influencia diretamente a vida das pessoas. que viria a ser chamado de capitalista, que reorganizou a
distribuição de recursos e criou o que chamamos de classes
Existem milhares de subastas na Índia, mas é possível sociais. No modelo de classes, os fatores econômicos são
fazer uma leitura a partir das 4 principais delas: Brâmane, fundamentais para a organização da sociedade.
Xátrias, Vaixás e Sudras. Os dalits, como você pode ver na
imagem abaixo, também são conhecidos como párias ou Uma das principais características da sociedade de
intocáveis e representam um dos grupos mais discriminados. classes é a possibilidade de mobilidade social, que pode
ser vertical ou horizontal. No modelo vertical, o indivíduo
altera a sua classe social tanto de modo ascendente como
descendente. No modelo horizontal, a mobilidade social
pode ocorrer na mesma classe social.

Fonte: IBGE
Fonte: https://www.portalternurafm.com.br/noticias/nacional-e-
internacional/mesmo-com-proibicao-por-lei-sistema-de-castas-
continua-a-existir-na-india/57864

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SOCIOLOGIA | 2. DIVERSIDADE CULTURAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

Sugestão de curta-metragem: Ilha das Flores (1989) outro, especialmente quando por qualquer circunstância
este outro é diferente de mim, é escutando-o. Assim,
quando ouvi que não deveria usar turbante, entre outros
símbolos culturais das mulheres negras, fui escutá-las. Acho
que isso é algo que precisamos resgatar com urgência.
Não responder a uma interdição com uma exclamação:
“Sim, eu posso!”. Mas com uma interrogação: “Por que eu
não deveria?”. As respostas categóricas, assim como as
certezas, nos mantêm no mesmo lugar. As perguntas nos
levam mais longe porque nos levam ao outro.
(...)
BRUM, Eliane. De uma branca para outra. El País. 20 de fevereiro de 2017.

FILOSOFIA | FRENTE U | CAPÍTULO 01


Adaptado. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/20/
opinion/1487597060_574691.html>

Assinale a alternativa que apresenta o conceito sociológico


Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade que melhor representa o desejo de compreensão do outro
de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples apresentado pela autora:
tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta
escancara o processo de geração de riqueza e as A Etnocentrismo.
desigualdades que surgem no meio do caminho. B Antropocentrismo.
C Relativismo Cultural.
D Fato Social.
ORIENTADA
RESOLUÇÃO

E Relativismo Físico.

QUESTÃO 03
ORIENTADA
RESOLUÇÃO

(UNISC) “O grupo do ‘eu’ faz, então, de sua visão a única


possível, ou mais discretamente se for o caso, a melhor, a
QUESTÃO 05
natural, a superior, a certa. O grupo do ‘outro’ fica, nessa
lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou (UEMA) (...) Uma opinião diversa da minha, um modo de
inteligível”. se comportar oposto ao meu, obriga-me a refletir. Eu
ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. 1. ed. São Paulo: me questiono o que enriquece minha maneira de ver, de
Brasiliense, 1984, p. 9. pensar e de agir. Enfim, o outro me faz progredir e ajuda-
me na construção de minha personalidade. Não se trata de
A citação explicita o fenômeno social denominado aceitar, sem refletir, os modismos ou de ser um cata-vento
etnocentrismo. Assinale entre as alternativas abaixo aquela girando aos quatro ventos. Trata-se, somente, de se abrir
que explica o conceito. ao mundo exterior, de ficar atento aos outros; ou seja, de
estar pronto a compreender, reagir, construir. O racismo
A O etnocentrismo demonstra como convivemos em somente será vencido quando nós soubermos dizer ao outro
harmonia com grupos e indivíduos que pertencem a uma um “muito obrigado”, tanto maior quanto maiores forem as
cultura diversa ou são reconhecidos como “diferentes” diferenças entre nós.
por não seguirem os padrões de comportamento JACQUARD, Albert. Todos semelhantes, todos diferentes. São Paulo:
socialmente aceitos na sociedade em que vivemos. Augustos, 1993.
B O etnocentrismo é uma visão de mundo (que pode
compreender ideias e ideologias) em que nosso próprio Os seres humanos se percebem na relação social com o
grupo é tomado como centro de referência e todos os outro e esse outro, dentro de um possível, nos leva a refletir
outros são pensados e avaliados através de nossos sobre o nosso modo de ser, de pensar e de agir. Na relação
valores, nossos modelos e nossas definições do que é a do eu – outro se constrói:
existência.
C O etnocentrismo é uma visão de mundo (que pode A idiolatricidade.
compreender ideias e ideologias) em que buscamos não B identidade.
julgar e não avaliar as diferenças e sim compreender as C igualdade.
especificidades culturais de cada grupo ou cultura. D idealidade.
D O etnocentrismo demonstra a luta de classe nas E idealismo.
sociedades capitalistas a partir da teoria marxista.
E O etnocentrismo é uma teoria que explica por que não ORIENTADA
RESOLUÇÃO

devemos interferir nas outras culturas.


QUESTÃO 06
ORIENTADA
RESOLUÇÃO

(UEG) Leia os trechos da música a seguir.


QUESTÃO 04
3o do Plural
(INTERBITS) (...) Como para mim é mais difícil vestir a pele de Engenheiros do Hawaii
uma mulher negra, porque por ser branca eu tenho menos
elementos que me permitem alcançá-la, eu preciso fazer Corrida pra vender cigarro
mais esforço. Não porque sou bacana, mas por imperativo Cigarro pra vender remédio
ético. E a melhor forma que conheço para alcançar um Remédio pra curar a tosse

447
SOCIOLOGIA | 2. DIVERSIDADE CULTURAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

Tossir, cuspir, jogar pra fora Quinze minutos de fama


Depois descanse em paz
Corrida pra vender os carros O gênio da última hora
Pneu, cerveja e gasolina É o idiota do ano seguinte
Cabeça pra usar boné O último novo-rico
E professar a fé de quem patrocina É o mais novo pedinte
A melhor banda de todos os tempos da última semana
Eles querem te vender O melhor disco brasileiro de música americana
Eles querem te comprar O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
Querem te matar (de rir) O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores
Querem te fazer chorar fracassos
FILOSOFIA | FRENTE U | CAPÍTULO 01

Não importa a contradição


Quem são eles? O que importa é televisão
Quem eles pensam que são? Dizem que não há nada a que você não se acostume
Quem são eles? Cala a boca e aumenta o volume então
Quem eles pensam que são? As músicas mais pedidas
[...] Os discos que vendem mais
Satisfação garantida As novidades antigas
Obsolescência programada Nas páginas dos jornais
Eles ganham a corrida Um idiota em inglês
Antes mesmo da largada Se é idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
Eles querem te vender É bem melhor que eu e vocês
Eles querem te comprar A melhor banda de todos os tempos da última semana
Querem te matar (a sede) O melhor disco brasileiro de música americana
Eles querem te sedar O melhor disco dos últimos anos de sucesso do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores
Quem são eles? fracassos
Quem eles pensam que são? Não importa a contradição
Quem são eles? O que importa é televisão
Quem eles pensam que são? Dizem que não há nada a que você não se acostume
[...] Cala a boca e aumenta o volume então
Composição: Humberto Gessinger. Os bons meninos de hoje
Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-hawaii/747530/. Eram os rebeldes da outra estação
Acesso em: 04 nov. 2020.
O ilustre desconhecido
É o novo ídolo do próximo verão.
Os trechos da música “3o do Plural”, da banda Engenheiros TITÃS. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/titas/40320>. Acesso em:
do Hawaii, exprimem uma crítica direta a um importante 21 mar. 2019.
tema da Sociologia, qual seja:
A mensagem transmitida pela música aponta para um dos
A “Modernidade e modernização”, ao expressar uma temas fundamentais da sociologia, que foi desenvolvido
crítica à velocidade com que as interações sociais são por vários pensadores, entre eles Theodor Adorno e Max
desenvolvidas na sociedade moderna. Horkheimer. Nesse sentido, a mensagem remete
B “Sociedade de consumo e consumismo”, ao expressar
uma crítica à publicidade das grandes empresas que A ao caráter passageiro dos produtos culturais elaborados
promove o consumo exacerbado. pela indústria cultural.
C “Ideologia”, ao expressar uma crítica ao uso de bonés de B à globalização do gosto musical a partir da popularização
patrocinadores ao invés da transmissão de mensagens da televisão nos anos 1970.
imparciais. C à influência da língua inglesa nas composições musicais
D “Urbanização e evolução das cidades”, ao expressar dos artistas brasileiros.
uma crítica à tecnologia presente em carros, pneus, D à modernização da produção musical a partir da
cerveja e gasolina. reestruturação produtiva.
E “Desigualdade social”, ao expressar uma crítica elitista E ao caráter competitivo das relações sociais na sociedade
por meio da pergunta “Quem eles pensam que são?”. moderna.

ORIENTADA
RESOLUÇÃO

VESTIBULARES
QUESTÃO 07 QUESTÃO 01
(UEG) Leia a letra da música a seguir. (UNESP) A sociedade do espetáculo corresponde a uma
fase específica da sociedade capitalista, quando há uma
A melhor banda de todos os tempos da última semana interdependência entre o processo de acúmulo de capital e
o processo de acúmulo de imagens. O papel desempenhado
Quinze minutos de fama pelo marketing, sua onipresença, ilustra perfeitamente bem
Mais uns pros comerciais o que Guy Debord quis dizer: das relações interpessoais à

448
SOCIOLOGIA | 2. DIVERSIDADE CULTURAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

política, passando pelas manifestações religiosas, tudo B perde sua força simbólica e crítica, transformando-se em
está mercantilizado e envolvido por imagens. Assim como o mero entretenimento que elimina a reflexão crítica.
conceito de “indústria cultural”, o conceito de “sociedade do C perde seu valor de mercado para tornar-se, graças à
espetáculo” faz parte de uma postura crítica com relação à tecnologia, um entretenimento acessível a toda a população.
sociedade capitalista. São conceitos que procuram apontar D deixa de ser um produto de elite e passa a ser acessível
aquilo que se constitui em entraves para a emancipação a todos os cidadãos, contribuindo com sua autonomia.
humana. E torna-se mais sofisticada, na medida em que os
(Cláudio N. P. Coelho. “Mídia e poder na sociedade do espetáculo”. https:// meios de criação cultural passam a ser submetidos ao
revistacult.uol.com.br. Adaptado.) desenvolvimento tecnológico.
Segundo o texto,
VESTIBULARES

SOCIOLOGIA | FRENTE U | CAPÍTULO 01


A a transformação da cultura em mercadoria é uma
característica fundamental desse fenômeno social. QUESTÃO 04
B a padronização da estética pela sociedade do
espetáculo restringe-se ao campo da publicidade.
C a hegemonia do espetáculo desempenha papel (FUVEST)
fundamental na formação da autonomia do sujeito.
D o universo estético de produção das imagens não é
determinado pela base material da sociedade.
E o conceito de sociedade do espetáculo realiza uma
reflexão contestadora sobre a indústria cultural.

VESTIBULARES
QUESTÃO 02

(UNIOESTE) O ensaio “Indústria Cultural: o esclarecimento


como mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno
e Max Horkheimer, publicado originalmente em 1947, é
considerado um dos textos essenciais do século XX que
explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria
do entretenimento. É uma das várias contribuições para o
pensamento contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social
fundado na década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Identifique a alternativa mais adequada para expressar as
Um ponto decisivo para a compreensão do conceito de relações entre arte e sociedade no quadro:
“Indústria Cultural” é a questão da autonomia do artista em
relação ao mercado. A A obra retrata o êxodo rural de um grupo de nordestinos,
fugindo da fome, da seca e da miséria.
Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural”, é CORRETO B O quadro critica a incapacidade da SUDENE em propor
afirmar: políticas públicas para a população nordestina.
C A pintura veicula uma mensagem de esperança, ao opor
A A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita o céu azul aos tons terrosos para designar a aridez da
da mídia e nem de campanhas publicitárias para ser paisagem.
divulgada para o público. D A imagem do grupo com corpos esquálidos e doentes
B Não há uniformização artística, pois, toda cultura evidencia uma visão preconceituosa sobre os nordestinos.
de massa se caracteriza por criações complexas e E A tela expressa fortes convicções religiosas, ao retratar
diversidade cultural. o calvário dos nordestinos como uma passagem bíblica.
C A cultura é independente em relação aos mecanismos de
reprodução material da sociedade. VESTIBULARES
D A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução
cultural e econômica da sociedade.
E Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma QUESTÃO 05
em artigo de consumo.
(FMC) Observe a charge sobre a problemática social.
VESTIBULARES
QUESTÃO 03

(UEG) Para alguns sociólogos e filósofos, a cultura possuiria


um valor intrínseco e poderia nos ajudar não apenas na
fruição de nossa sensibilidade, mas nos levar a uma nova
compreensão da realidade e de nosso ser e estar no mundo.
Com a indústria cultural, verifica-se que a cultura

A recupera seu valor simbólico, contribuindo para uma


nova compreensão da realidade e para a emancipação
humana.

449
SOCIOLOGIA | 2. DIVERSIDADE CULTURAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

A crítica contida na charge é dirigida centralmente ao Valendo-se do conteúdo sociológico contido nessa
seguinte problema: imagem, é INCORRETO afirmar que, no Brasil,

A Crise ambiental derivada de epidemias urbanas


B Desigualdade social decorrente da explosão A a dificuldade de acesso aos serviços básicos provoca
demográfica uma grande distância social entre os habitantes ricos e
C Segregação socioespacial gerada nos grandes centros pobres.
urbanos B o Plano “Brasil Sem Miséria”, criado em 2011 pelo governo
D Redução do potencial turístico provocada pela pobreza federal, propõe identificar e direcionar as pessoas, que
urbana
E Desigualdade social causada pela desorganização dos não possuem nenhum benefício social, para algum tipo
trabalhadores de auxílio, cujo objetivo é diminuir a desigualdade no
SOCIOLOGIA | FRENTE U | CAPÍTULO 01

país.
C a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio é um índice
VESTIBULARES
econômico, que aponta as diferenças entre os indivíduos,
QUESTÃO 06 abandonando o conceito de classe social e a exploração,
pois seu objetivo é quantificar e descrever a realidade de
pobres e ricos.
(UERJ) Identidade (1992)
D as diferenças entre as pessoas estão presentes não
Elevador é quase um templo apenas nas classes sociais mas também nas relações
Exemplo pra minar teu sono de gênero, nas relações étnico-raciais e no grau de
Sai desse compromisso instrução da população.
Não vai no de serviço
E o desenvolvimento do capitalismo criou as desigualdades
Se o social tem dono, não vai...
evidenciadas na miséria e na pobreza em todo o país,
Quem cede a vez não quer vitória mas a superação foi resolvida com as políticas de divisão
Somos herança da memória de riquezas implantadas nos últimos anos pelo governo
Temos a cor da noite federal.
Filhos de todo açoite
Fato real de nossa história

Se o preto de alma branca pra você GABARITO


É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade QUESTÕES ORIENTADAS
JORGE ARAGÃO
01 C 02 E 03 B
A metáfora “preto de alma branca” é criticada na letra da
canção por estar associada a um contexto de: 04 C 05 B 06 B

A intolerância cultural 07 A
B desigualdade étnica
C discriminação política Acertos Erros Rendimento %
D hierarquia econômica
QUESTÕES DE VESTIBULARES
VESTIBULARES
01 A 02 D 03 B

QUESTÃO 07 04 A 05 C 06 B

07 E
(UPE) Observe a imagem a seguir:
Acertos Erros Rendimento %

TOTAL DE ACERTOS
Total Total
14 Rendimento %
Questões Acertos

450

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