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ENZIMAS EM ALIMENTOS
1. Definição
Enzimas são proteínas com atividade catalítica.
As enzimas e o contexto
biotecnológico
Síntese do ADN
Fisiologia
(Kornberg, 1967)
genética/ bioquímica
de células
ADN recombinante
(Bayer, 1972)
Hibridoma
Enzimas (Milsteine, 1975)
Fermentação
Cultura de tecidos
Novos produtos
e/ou novos processos
USO ANALÍTICO
DISPOSITIVOS
REAGENTES
ANALÍTICOS
Diagnóstico/análises químicas
MEDICAMENTOS
ENZIMAS
TERAPÊUTICA
REAÇÕES INTRACELULARES
FÁRMACOS
INDÚSTRIA QUÍMICO-
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
FARMACÊUTICA
TEXTIL
OUTROS
4. Fontes de enzimas
As fontes das enzimas industriais encontram-se nos três reinos, a saber, animal,
vegetal e microbiano. Alguns exemplos são apresentados a seguir:
5. Enzimas em alimentos
A relação das enzimas com o setor alimentício se dá de quatro maneiras, a saber,
na deterioração dos alimentos – devido às enzimas naturalmente presentes na
constituição do alimento, geralmente pertencentes ao grupo das oxidases; são estudadas
na disciplina de Bromatologia e Bioquímica de Alimentos -, no controle de qualidade
dos alimentos – feito na matéria-prima não processada, durante o processamento e no
produto final; neste caso as enzimas são usadas como reagentes analíticos -, no controle
de operações unitárias industriais – por exemplo, o tratamento térmico (branqueamento)
de vegetais só é adequado, quando não se detecta a enzima peroxidase no alimento
branqueado; a pasteurização do leite (processo térmico em que a matéria-prima é
mantida em torno de 65ºC por 30-40min) só pode ser considerada eficiente, quando a
atividade da fosfatase alcalina no leite pasteurizado for nula -, e, finalmente, no
processamento do alimento, que é efetuado em reatores enzimáticos.
No quadro seguinte, enumeram-se as principais enzimas usadas no
processamento de alimentos.
ENZIMAS APLICAÇÕES
Tanase Cervejaria
Naringinase Sucos de fruta
Pectinases Vinhos e sucos de fruta
5.1. Panificação
5.1.1. INTRODUÇÃO
Na panificação industrial a adição de enzimas é imprescindível, pois os
constituintes naturais da farinha de trigo devem ser convenientemente modificados para
que a massa obtida seja adequada à maquinaria da panificação em grande escala.
5.1.2. ENZIMAS
5.1.2.1. Amilases
5.1.2.1.1. -amilase
Fontes: vegetais, animais e microrganismos.
Termoestabilidade: as -amilases de origem fúngica são mais termosensíveis que as de
origem bacteriana.
Faixa de pH: 4,5 a 7,0
Unidade de Atividade (SKB): 1 SKB é o inverso do tempo requerido para que a
hidrólise de uma solução de dextrina-padrão pela -amilase provoque em presença do I2
o aparecimento de uma intensidade de cor, previamente, estabelecida (Cereal
Chemistry, 16:712, 1939).
5.1.2.2. Proteases
Fontes: B.subtilis, A. oryzae, A. niger
Atividade Proteolítica (Anson Unit, AU): 1AU é a quantidade de enzima que sob
condições do teste libera 1 mol/min de aminoácidos Folin-positivos (tirosina).
5.1.2.3. Outras
5.1.2.3.1. Lipoxidase
Usada para branquear o miolo do pão. Usualmente usa-se a farinha de soja
desengordurada (0,5% de farinha desengordurada em relação ao peso total de farinha
usada para fazer a massa).
5.1.2.3.2. Pentosanase
5.1.3.2. -amilases
5.1.3.3. Proteases
Usadas com o objetivo de influir na extensibilidade da massa, tornando-a
adequada para uso em laminadores. A adição é obrigatória porque o pH da massa sendo
em torno de 7,0 não é o mais adequado para a atividade das proteases originalmente
presentes na farinha (pH= 4,0). Além disso, nos pães salgados costuma-se usar 3% de
sal, que inibe as proteases naturais da farinha.
5.1.4. PERSPECTIVAS
Espera-se um aumento na intensidade de uso das proteases, devido ao fato de
que as farinhas disponíveis no mercado estão cada vez mais ricas em proteínas. O
aparecimento de pentosanases em grandes quantidades é, também, uma perspectiva
nesta área, pois o “staling” é um fenômeno danoso para os produtos de panificação.
De um modo geral, o uso de enzimas em panificação tende a aumentar, por
causa dos rigores da legislação alimentícia no que se refere ao uso de farinhas
modificadas por via química (remoção de pigmentos, por exemplo).
5.2.1. INTRODUÇÃO
Ao contrário do que sucede na panificação, a produção de xaropes requer uma
hidrólise intensa do amido.
O início da produção de xaropes em grande escala deu-se nos anos trinta,
quando foi desenvolvido o processo de hidrólise ácida do amido de maís. Os xaropes
passaram a ser usados como adoçantes e como componentes de meios de cultura para
processos fermentativos.
No entanto, a indústria de xaropes recebeu grande impulso, quando a
glicoamilase, enzima responsável pela hidrólise final dos oligossacarídeos oriundos da
hidrólise do amido, e a glicoseisomerase, enzima que catalisa a isomerização da glicose
em frutose, passaram a ser usadas nos anos 60 e 70, respectivamente.
5.2.2. ETAPAS DO PROCESSAMENTO ENZIMÁTICO DO AMIDO
AMIDO
Gelatinização
PASTA DE AMIDO
MALTO-DEXTRINAS
OLIGOSSACARÍDEOS
GLICOAMILASE
( Sacarificação)
Xp Misto
Xp de Maltose
Xp de Glicose
GLICOSEISOMERASE
( Isomerização)
Xp de Frutose
Na Tabela 1 são indicados os usos mais comuns dos produtos oriundos da hidrólise do
amido.
PRODUTO USOS
H2O
mistura
Aquecimento*
5.2.2.2. Liquefação
A liquefação pode ser feita por via ácida (solução aquosa de HCl a 75 o C) ou por
via enzimática (-amilase bacteriana termoresistente).
O grau de liquefação do amido é expresso em Equivalente em Dextrose (DE) ,
que consiste em se comparar o poder redutor do amido liquefeito frente à uma solução
de dextrose pA (tomada como 100%).
5.2.2.3. Sacarificação
É a etapa que se segue à liquefação, sendo executada com glicoamilase de
A.niger e/ou -amilase fúngica.
5.2.2.4. Isomerização
É a última etapa do processamento do amido, quando se deseja obter um xarope
contendo frutose. A isomerização é um processo contínuo no qual se emprega a
glicoseisomerase imobilizada.
A produção de xaropes contendo frutose teve início nos anos 70, permitindo aos
países não produtores de sacarose a partir da cana-de-açúcar ou beterraba, disporem de
um adoçante comparável ao açúcar invertido e, proveniente, em última análise, de
materiais amiláceos.
5.2.3. PERSPECTIVAS
Neste setor as perspectivas resumem-se nos aspectos:
- Melhoramento das características da glicose isomerase imobilizada;
- Disponibilidade de -amilase termoestável (T > 105o C);
- Disponibilidade de glicoamilase imobilizada
- Disponibilidade de enzimas desramificantes mais puras e termo resistentes
5.3.1. INTRODUÇÃO
A indústria de sucos de frutas tem como principal problema a variabilidade das
frutas a serem processadas. A otimização da produção implica no processamento da
fruta a baixo custo, no controle do tempo total de processo, na manutenção ou
melhoramento da estabilidade e das propriedades organolépticas do produto final e no
aumento da capacidade da planta. Em geral, o suco de fruta é comercializado na forma
de concentrado, que permite não só a redução do volume (facilita o transporte e o
armazenamento), mas também aumentar a estabilidade frente à contaminação por
microrganismos.
Estes objetivos vêm sendo alcançados com o uso de enzimas nos vários estágios
do processamento desde 1930, quando Kertez e Mehlits usaram enzimas pela primeira
vez neste tipo de indústria.
Atualmente o produtor de suco de fruta tem a seu alcance diversas enzimas.
Inclusive o fabricante das enzimas está apto a fornecer preparados enzimáticos cada vez
mais puros e específicos, ou então, misturas de enzimas em quantidades adequadas para
otimizar determinado processamento de fruta.
5.3.3. ENZIMAS
5.3.3.1. Pectinases
As pectinases são classificadas em dois grandes grupos: Saponificantes
(pectinoesterases) e Despolimerizantes. As despolimerizantes, por sua vez, se sub-
dividem em:
DESPOLIMERIZANTES
ENDO-PL EXO-PL
5.3.3.2. Hemicelulases
Existem várias enzimas diferentes com o nome genérico de hemicelulase. As
mais importantes são as galactanases (hidrolisam a arabino-1,4--D-galactanas e a
arabino-1,3-1,6-linked--D-galactanas), xilanases, xiloglucanases e mananases.
5.3.3.3. Celulases
São sistemas multienzimáticos, que atuam sinergisticamente. As enzimas
constituintes são: endo-glucanase (Cx) (hidrolisa ligações osídicas -1,4 ao acaso);
exo-glucanase (hidrolisa ligações -1,4 a partir da extremidade redutora da cadeia do
polissacarídeo); celobiohidrolase (CBH)( atua após a ação da Cx, hidrolisando as
ligações a partir da extremidade não redutora da cadeia, resultando a celobiose) e
celobiase (também chamada de -glicosidase; hidrolisa a celobiose em glicose).
5.3.3.4. Amilases
São usadas para evitar a turvação do produto final pela precipitação do amido
naturalmente presente na fruta, sobretudo não madura. Em geral, utilizam-se a
amiloglicosidase (pHotimo 4,3 e temperatura entre 55 – 60 o C) e a -amilase ácida
(pHótimo entre 3,0 e 4,0; temperatura entre 70o C e 75 o C).
5.3.4. PROCESSAMENTO
Na planta de processamento do suco de fruta as enzimas pectinase (20g de
enzima/100 Kg de fruta; Esta enzima hidrolisa as substâncias pépticas existentes nas
frutas) e celulase (2g de enzima/100 Kg de fruta; Esta enzima hidrolisa a celulose e a
hemicelulose, que formam as paredes celulares das células vegetais) são adicionadas no
tanque auxiliar – que precede a prensa hidráulica e é operado a temperatura entre 30-
50ºC -, enquanto que no tanque de clarificação – que se localiza depois da prensa e da
centrífuga e é operado a temperatura entre 25-45ºC – adicionam-se a -amilase (0,5-
2,0g/100 Kg de fruta; Esta enzima hidrolisa o amido presente no suco) e mais um
reforço de pectinase (1,5-3,0 g/100 Kg de fruta). A adição de enzimas no tanque
auxiliar visa a eliminação da pectina insolúvel, enquanto que no tanque de clarificação o
objetivo é a redução da viscosidade, a degradação do amido residual e facilitar a
floculação de substâncias insolúveis;
5.3.5. PERSPECTIVAS
a) Aumento da disponibilidade de pectinases que atuam em pH ácido, para que possam
ser usadas no processamento de cítricos;
b) Introdução de enzimas específicas, tal como a naringinase (eliminar o gosto amargo
do suco cítrico).
SAID, S., PIETRO, R.C.L.R. Enzimas como agentes biotecnológicos. Ribeirão Preto,
Leggis Summa, 2004.
NAGODAWITHANA, T., REED, G. Enzymes in food processing. 3rd Ed., San Diego,
Academic Press, 1993.