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GABARITO DAS

AUTOATIVIDADES

ECONOMIA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA
Prof.a Josélia E. Teixeira
Prof.a Pollyanna Rodrigues Gondin
2019
ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

UNIDADE 1

TÓPICO 1

1 O que é o Processo de Substituição de Importação (PSI)? Sobre qual


governo o PSI foi implementado?

R.: O PSI foi o processo adotado durante o Governo Vargas, com a finalidade
de promover a industrialização do Brasil e torná-lo menos dependente
das importações.

2 Quais foram os períodos em que Getúlio Vargas governou o Brasil?

R.: Vargas governou o país por dois períodos. Primeiro, de 1930 a 1945.
Depois, governou de 1951 a 1954, ano este que finda sua trajetória
política e marca seu suicídio.

3 Como era feito o financiamento do governo Vargas para o Processo


de Substituição de Importações?

R.: O financiamento do governo dava-se mediante a captação de tributos,


poupanças compulsórias e ganhos no mercado de câmbio.

4 Qual era o principal objetivo do Plano de Metas, implementado no


Governo de JK?

R.: Estabelecer as bases de uma economia industrial madura no país,


especialmente aprofundando o setor produtor de bens de consumo
duráveis.

5 O Plano de Metas era composto por quantas metas? E qual a


finalidade dessas?

R.: O Plano de Metas tinha 31 metas que abrangiam o setor de energia,


de transporte, de alimentação, de educação, as indústrias de base, e
uma meta síntese. Além disso, é importante ressaltar que essas metas
desejavam atacar os pontos de estrangulamento e impedir o surgimento
de novos, e gerar novos investimentos em setores considerados como
pontos de germinação.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

TÓPICO 2

1 Explique o cenário da crise de 1960 e indique como o PAEG


conseguiu ter sucesso em estabilizar a economia brasileira.

R.: A década de 1960 foi marcada por uma crise econômica no Brasil, com
alta de preços e estagnação econômica. Os governos que assumiram
não conseguiram resolver os problemas, culminando no golpe militar de
1964. O PAEG teve sucesso em estabilizar a economia, por promover
medidas como a correção monetária e as reformas tributária, monetária-
financeira e da política externa, que prepararam o terreno para o
crescimento acelerado na economia vivenciado nos anos seguintes. As
reformas conseguiram expandir a base de financiamento e de receitas
do governo e das empresas e melhoraram o posicionamento brasileiro
no comércio exterior, embora tenham aumentado a desigualdade social
e a dependência externa brasileira.

2 Explique o que foi o período denominado Milagre Econômico e


aponte os principais fatores que contribuíram para a caracterização
desse período.

R.: A economia brasileira estimulada pelo PED iniciou em 1968, um


período de crescimento com a diminuição dos índices de inflação e
com o equilíbrio do balanço de pagamentos que passou a apresentar
superávits. A fase, denominada “Milagre Econômico”, pode ser atribuída
a dois grupos de fatores: primeiro, as condições econômicas e políticas
propícias e, em segundo, a capacidade governamental de aproveitar as
boas condições econômicas que se apresentaram naquele cenário.

3 Quais foram as principais causas que desencadearam o crescimento


acelerado no período de 1968-73?

R.: As principais causas do crescimento acelerado da economia brasileira no


período de 1968 a 1973 se encontram nas medidas adotadas no período
anterior, pois as políticas salarial e fiscal do PAEG permaneceram com
poucas alterações, tais como as destacadas por Souza (2008):

● investimento público;
● o fortalecimento das empresas estatais;
● o processo de substituição de importações;
● as medidas protecionistas;
● os mecanismos oficiais de financiamento de empresas nacionais;
● a legislação de proteção ao trabalho; e
● o desenvolvimento do mercado de trabalho interno etc.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

4 Discorra sobre a frase: “Devemos deixar o bolo crescer para depois


repartir” (Antônio Delfim Netto). Você concorda com o ex-ministro,
que é preciso elevar as taxas de crescimento sem adotar medidas
paralelas de distribuição de renda?

R.: O ministro Delfim Netto referia-se ao crescimento do Produto Interno


Bruto do país (PIB). Ele entendia que o crescimento econômico traria
desenvolvimento e, por consequência, todos seriam beneficiados.
Entretanto, medidas mais eficazes para distribuir renda não foram
aplicadas, o que enfraqueceu o mercado interno. O que se percebe é
que a concentração de renda aumentou e nunca foi distribuída de forma
justa a renda nacional.

5 Por que o país aumenta seu endividamento externo? Podemos


afirmar que o país aumentou sua dependência externa? Justifique
sua resposta.

R.: O endividamento financiou o déficit em conta corrente, possibilitando o


acúmulo de reservas internacionais pelo BACEN. Dessa forma, o governo
se autofinanciou no exterior para manter o ritmo de crescimento interno e
saldava os encargos com o exterior com os empréstimos internacionais.
No entanto, o país aumentou sua dependência externa dos credores
internacionais, pois o país precisa aumentar suas exportações para
aumentar suas reservas internacionais e manter os pagamentos em
dólares e fomentar a renda interna. Além disso, aumentava o consumo
de petróleo, que também era importado.

TÓPICO 3

1 Quais foram as consequências da dependência externa brasileira no


início da década de 70?

R.: Com o aumento das importações de bens duráveis e petróleo, a dívida


externa aumentou e, além disso, a economia brasileira tornou-se mais
suscetível aos movimentos financeiros da economia mundial. Assim,
o Brasil deveria apresentar superávits crescentes na sua balança
comercial para poder honrar com os serviços da dívida, e o governo
deveria controlar os déficits em conta corrente.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

2 Por que o governo do general Geisel continuou o endividamento


externo do Brasil?

R.: Porque o governo preferiu não adotar medidas restritivas e mergulhar a


economia em uma recessão.

3 Quais foram os principais setores que o II PDN priorizava os


investimentos públicos?

R.: Os principais setores incluíam: petróleo, energia elétrica, produção de


insumos industriais, infraestrutura, mecânica pesada e a criação do
programa Proálcool.

4 Explique como o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos


deflagrou a crise nos países do Terceiro Mundo.

R.: Com o excesso de petrodólares, os empréstimos eram contratados às


taxas de juros flutuantes, e os financiamentos a médio e longo prazos
renegociados diante das taxas dos contratos. Como havia liquidez,
não era problemático para os países devedores. Entretanto, após
1979, como vimos, os Estados Unidos aumentaram sua taxa de juros,
diminuindo a liquidez no mercado internacional, e provaram a alta
de juros no mercado internacional. Os países devedores do Terceiro
Mundo começaram a ter problemas de saldar seus compromissos da
dívida. O problema foi intensificado em 1982, quando o México declarou
incapacidade de pagar suas obrigações, detonando a crise da dívida.

5 Por que a década de 80 foi chamada de “década perdida”?

R.: A década de 80 é caracterizada por altas taxas de inflação, arrocho


salarial e estagnação. A dívida externa disparou, as taxas de juros
altas, desemprego, desestímulo às atividades produtivas. Além do
Brasil, outras economias do Terceiro Mundo estavam endividadas e
dependendo do FMI.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

UNIDADE 2

TÓPICO 1

1 O que significa inflação inercial?

R.: As elevações de preços passadas, transferidas para o futuro, causam a


denominada inflação inercial.

2 Quais foram as principais medidas do Plano Cruzado?

R.: O Plano Cruzado também propiciou ganhos para os trabalhadores,


além da contenção da inflação por meio do congelamento de preços. O
plano extinguiu a correção monetária. Além disso, foi feita a substituição
da moeda Cruzeiro pelo Cruzado.

3 Por que o Plano Cruzado teve um apelo à participação popular?

R.: O congelamento de preços também passou a ser umas medidas


fundamentais do plano e contava com a participação popular para
denunciar aumentos de preços, chamados de “fiscais do Sarney”.

4 Quais foram os motivos que o Plano Cruzado fracassou?

R.: Embora o Plano Cruzado tenha se apresentado exitoso em 1986 no


combate à inflação e agradando a população, notou-se que o mesmo
não teve como sustentar-se no ano seguinte, sendo necessário buscar
outro plano para a economia brasileira. As reservas começaram a
cair, o congelamento dos preços também começou a se demonstrar
ineficaz e para piorar o cenário o presidente declarou a moratória da
dívida pública externa.

5 Por que o Plano Cruzado II foi implementado e quais foram as


principais medidas?

R.: Diante das falhas apresentadas pelo Plano Cruzado, a equipe


econômica precisava se encarregar de novas medidas para conter a
inflação e saldar o problema do déficit público que se agravava diante
da dívida externa. O Plano Cruzado II tinha como alvo controlar o déficit
público, aumentando as tarifas públicas e os impostos indiretos. O Plano

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Cruzado II marcou o encerramento de um plano de combate à inflação


com participação popular, crescimento econômico e distribuição de
renda. A partir de novembro, o antiCruzado adotou o pedido do Banco
Central de aumentar a taxa de juros.

6 Elenque as principais medidas propostas pelo Plano Bresser.

R.: Esse conjunto de medidas foi chamado de política feijão com arroz,
sendo as principais:
a) Congelamento de preços por três meses, com aumento prévio de
vários preços públicos.
b) Desvalorização cambial de 9,5% e sem congelamento do câmbio.
c) Fim do gatilho e congelamento de salários por três meses (no nível
de 12 de junho), com o resíduo inflacionário sendo pago em seis
parcelas a partir de setembro.
d) Criação da URP (Unidade de Referências de Preços), constituída
pela média geométrica da taxa de inflação dos três meses anteriores.
Era preciso corrigir os salários a partir de setembro.
e) Aluguéis congelados no nível de junho, sem compensação.
f) Contratação fixada e mantida para os fixados (desvalorização de
15% ao mês).
g) Políticas, monetária e fiscal, contracionistas, com taxas reais de juros
positivas.

7 Apresente um resumo dos principais indicadores econômicos da


década de 80 e justifique se você concorda que a década foi uma
década perdida.

R.: Esta é uma pergunta com várias opções de abordagem, mas conforme foi
visto, foi chamada de década perdida devido à instabilidade macroeconômica
que se instaurou durante toda a década. De acordo com os indicadores
apresentados, o crescimento do PIB atingiu taxas negativas, sendo que
em 1988 chegou à recessão de -4,3%. Embora a taxa de desemprego
apresentasse queda e níveis muito baixos, o número de postos de trabalho
criados não eram suficientes para atender a toda a poupulação ativa, e
muitos partiram para a informalidade. A inflação chegou, em 1989, a 1782%.
A maioria da população não tinha como proteger-se do poder corrosivo do
poder aquisitivo da hiperinflação, aumentando as desigualdes sociais no
Brasil. A concentração de renda aumentou na mão dos mais ricos. O pedido
de moratória da dívida externa fez que o país perdesse a credibilidade e as
reservas internacionais diminuíram e a entrada de capitais também. Além
disso, houve aumento das remessas das multinacionais que não investiam
seus lucros na capacidade produtiva das suas empresas instaladas no Brasil.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

TÓPICO 2

1 Quais foram os principais fatores que contribuíram para a adoção da


abertura comercial do Brasil no início dos anos 90?

R.: O Brasil estava endividado e, para não desagradar os credores


internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, adotou as medidas
liberalizantes, sugeridas no Consenso de Washington, como abertura
comercial, redução de imposição de quotas e tarifas e adoção de
medidas de desregulamentação de mercado.

2 Quais foram as principais medidas adotadas no Plano Collor I?

R.: O plano prezava o confisco dos depósitos à vista e aplicações com fixação
da correção dos preços e salários, câmbio flutuante, tributação ampliada
sobre aplicações financeiras e a chamada “reforma administrativa”.
O plano fundamentava-se em elementos ortodoxos e heterodoxos,
especialmente em ajustes fiscal e monetário. A abertura econômica seria
fundamental para o sucesso do plano de estabilização. A liberalização das
importações pressionaria os produtores a reduzirem e a não reajustarem
os preços de suas mercadorias diante da concorrência internacional.

3 O que levou o Plano Collor I a não ter conseguido conter o


crescimento da taxa inflação?

R.: O Plano Collor I conseguiu alguns resultados, como diminuir a dívida


interna, por meio dos gastos públicos, e elevação da arrecadação do
fisco. No período foi atingido um superávit operacional de 1,2% do PIB
em 1990, por meio do superávit primário que foi de 4,5% do PIB. A
inflação nos primeiros meses apresentou redução de 80% ao mês e nos
meses seguintes entre 10%. Entretanto a inflação voltou a elevar-se e,
ao final de 1990, estava acumulando 1476,6% pelo IGP. Notou-se que
a cultura inflacionária não havia sido debelada, além disso os cartéis
pressionavam o aumento dos preços alegando o repasse de seus
custos de produção. Os preços públicos foram congelados, mas depois
foram corrigidos. Outro fator foi a adequação dos preços relativos em
desníveis de acordo com a estrutura interna. Os conflitos distributivos
internos entre os diferentes interesses econômicos também ficaram
evidentes e agudos no período. Externamente, o confronto do Golfo
Pérsico também influenciou a alta de determinados preços.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

4 Quais as principais medidas adotadas pelo Plano Collor II?

R.: Lançou-se um congelamento de preços e salários, além do


deflacionamento de dívidas e o ajuste fiscal.

5 Quais foram as medidas de política exterior praticadas no governo


Collor?

R.: As reformas no governo Collor também atingiram a política exterior.


Paralelamente à implementação do câmbio livre, ocorreu o estímulo
da liberalização das importações, as listas de produtos com emissão de
guias de importação foram extirpadas e também os regimes especiais de
importação, com exceção da Zona Franca de Manaus, drawback e bens
de informática. Além disso, foi anunciada uma reforma tarifária para reduzir
as alíquotas de importação. Vários produtos teriam reduções de tarifas
graduais nos próximos quatro anos. O objetivo era preparar os produtores
para uma economia mais aberta e com concorrência internacional.

6 Por que a privatização não obteve os resultados esperados para


contribuir efetivamente com o pagamento da dívida externa?

R.: Os resultados das privatizações não atenderam às expectativas iniciais


proclamadas por Collor. Havia também a dificuldade de fazer a avaliação
adequada devido à própria inflação, e algumas dessas empresas também
enfrentavam dificuldades financeiras pelo forma da sua gestão.

7 O que diferiu o Plano Real dos outros planos econômicos?

R.: À medida que os gastos governamentais fossem condizentes com a


arrecadação, não seria emitida moeda ou títulos, pois a confiança na
moeda pela população voltaria. A proposta precisava não somente
ser apoiada pelos políticos que deveriam mudar a Constituição, mas
precisava de apoio e adesão popular para a restauração da confiança
na moeda. Não ocorreram congelamentos de preços e salários e
substituição imediata da moeda. A adesão da nova moeda foi gradual
à medida que a sociedade e os agentes econômicos foram restituindo
a confiança na capacidade da moeda, apesar de que a ancoragem
cambial não era algo novo no mundo.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

TÓPICO 3

1 O Plano Real, assim como o Plano Cruzado, partiu do diagnóstico de


que a inflação brasileira possuía forte componente inercial. Comente
o que seria inflação inercial.

R.: Inflação inercial refere-se à memória inflacionária. A inflação presente, é a


inflação passada mais a expectativa de inflação futura. Assim, significa dizer
que a inflação passada altera a inflação presente, pois há uma memória.

2 Quais foram as três fases do Plano Real para atacar o processo


inflacionário? Comente.

R.: A primeira fase diz respeito ao ajuste fiscal, realizado para diminuir
o desequilíbrio orçamentário e impedir que desses desequilíbrios
decorressem pressões inflacionárias. Isso seria feito a partir do corte das
despesas, do aumento dos impostos e da diminuição nas transferências
do governo federal. A segunda refere-se à indexação da economia já
em 1994, substituindo o Cruzeiro pela Unidade Real de Valor (URV),
e corrigindo o valor diariamente pela taxa de inflação dos principais
índices. A URV mantinha uma paridade com o dólar de um para um.
A terceira, e última fase, diz respeito à reforma monetária, substituindo
a URV pela nova moeda: o Real. Inicialmente, houve uma aceleração
inflacionária, mas, posteriormente, com a implementação do Plano Real,
a inflação apresentou expressiva queda.

3 Como uma valorização cambial e uma demanda fortemente aquecida


impactaram a economia brasileira no primeiro mandato de FHC?

R.: A valorização cambial somada a uma demanda aquecida leva ao


aparecimento de déficits na balança comercial. Isso ocorre pois há um
aumento das importações e, ao mesmo tempo, um fraco desempenho
das exportações.

4 Comente sobre o PIB e desemprego no primeiro mandato de FHC.

R.: A taxa média de crescimento do PIB foi de 2,6% a.a. Já o desemprego,


que era baixo no início de seu mandato, começou a subir após a crise
mexicana, e assumiu valor recorde após a crise asiática.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

5 O primeiro mandato de FHC foi exitoso no combate à inflação, mas


vários desequilíbrios foram se formando na economia brasileira.
Como o governo agiu para combater esses desequilíbrios no
segundo mandato de FHC?

R.: O governo realizou uma tríplice mudança nos regimes: cambial, monetário
e fiscal. O regime cambial de bandas cambiais foi substituído pelo regime
de flutuação suja. Em termos de política monetária, adotou-se uma
política restritiva, com metas para a taxa de juros para contenção da saída
de recursos e diminuição da atividade especulativa em torno da taxa de
câmbio. No que se refere à área fiscal, houve a introdução do Programa
de Estabilidade Fiscal, que foi anunciado ainda em 1998, mas apresentou
resultados a partir do segundo mandato de FHC. Esse Programa passou
a determinar um patamar de superávit primário do setor público.

UNIDADE 3

TÓPICO 1

1 Por que o mercado financeiro olhava com desconfiança para o


presidente Lula em 2003 ao assumir o mandato?

R.: A possibilidade de um governo comandado pela esquerda gerou grande


expectativa no mercado financeiro, que tinha dúvidas em relação ao
posicionamento de um governo de esquerda, à taxa de câmbio, juros e
ao cumprimento das obrigações da dívida. Temia-se que fosse feito um
pedido de auditoria da dívida, além de que não fossem realizados os
pagamentos das obrigações da dívida ao Fundo.

2 Quais foram as estratégias da campanha de Lula para que pudessem


amenizar sua imagem?

R.: Além do desgaste do Plano Real, das taxas de desemprego altas, da


inflação que aumentou e das taxas de juros altas, a imagem de FHC
já estava muito desgastada. Para acalmar os ânimos do mercado, o
candidato Lula deu um sinal claro de moderação no posicionamento
quanto às futuras práticas na condução da política macroeconômica e
apresentou a carta de intenção assinada comprometendo-se com as
obrigações assumidas pelo governo FHC junto ao FMI.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

3 Que fatores contribuíram para expandir as exportações brasileiras?

R.: A recuperação do preço das commodities também favoreceu a


recuperação da economia brasileira, mesmo com a política econômica
restritiva. Podemos também apontar outros fatores que contribuíram para
a expansão das exportações relativas ao agronegócio, especialmente
a expansão das fronteiras agrícolas e os melhoramentos genéticos
devido às pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA). Por outro lado, há a expansão de mercados
consumidores de países emergentes com a Índia e China, que abrem
espaço para a participação direta no comércio exterior de produtos que
incorporam maior tecnologia. Há associação ou compra de empresas
locais, aumentando a concorrência e obrigando as organizações
brasileiras a buscarem medidas para o aumento da competitividade.

4 Qual a importância do Programa Fome Zero?

R.: Visando redistribuir renda, e contemplar especialmente essa população


de se encontrava em estado de miséria, foi criado o Programa Fome
Zero. Além de transferir renda, procurava criar mecanismos para essas
famílias superarem a extrema pobreza. Ao contemplar 11,1 milhões de
famílias em 2006, o governo alcançou a meta estimada das pessoas
que se encontravam abaixo da linha da pobreza (SOUZA, 2008).

5 O que contribuiu para o aumento de reservas internacionais pelo


governo brasileiro?

R.: O acúmulo de reservas internacionais quase que dobrou no período de


2003 a 2006, explicado pela entrada de capitais, mas, fundamentalmente,
pelas exportações e melhoria dos termos de troca.

6 Qual foi a principal mudança proposta pelo governo brasileiro em se


tratando da diplomacia brasileira?

R.: A diplomacia brasileira manifestou-se como uma política externa,


independente do alinhamento com os Estados Unidos, tradicionalmente
mantido com os governos anteriores. A diversificação de países com os
quais o Brasil passou a negociar foi o principal ponto dessas mudanças.

7 Qual foi o principal instrumento utilizado para conter a inflação no


período de 2003 a 2006?

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

R.: A inflação era de 9,3% quando Lula iniciou seu mandato e, em 2006, a
taxa de inflação era de 3,1%. A taxa de juros real também se manteve
muito elevada, somente em 2004 que se destacou uma redução para
7,5%. Contudo, nos anos seguintes, a política macroeconômica ortodoxa
da equipe econômica prevaleceu mantendo as taxas de juros altas para
conter a inflação e tentar atrair os rentistas para a compra dos títulos
públicos brasileiros.

TÓPICO 2

1 Explique o que foi o PAC.

R.: O Programa de Aceleração do Crescimento (2007 a 2010) – PAC. O


PAC fora sustentado em um diagnóstico que entendia que existiam
gargalos que estavam travando o crescimento da economia, como áreas
de infraestrutura como transporte e energia, e na área social, como
habitação e saneamento básico. Assim, para destravar a economia,
seriam necessários investimentos nas áreas. Os três principais objetivos
do PAC se centravam: (a) na aceleração do crescimento econômico; (b)
elevação de oportunidades de emprego; e (c) melhorias nas condições
socioeconômicas da população. De 2007 a 2010 foram investidos pelo
PAC R$ 503,9 bilhões em infraestrutura, sendo a previsão total de R$
619 bilhões. R$ 219,20 bilhões foram investimentos realizados pelas
estatais, como a PETROBRÁS (empresa de economia mista), que
investiu R$ 148,7 bilhões. Outros R$ 67,80 bilhões de investimentos
provinham de recursos do orçamento fiscal da União e da seguridade.
Ainda, a iniciativa privada (empresas, fundos de pensão e fundos do
mercado financeiro) investiu R$ 216,9 bilhões.

2 Quais fatores explicam a redução dos produtos manufaturados da


pauta de exportação brasileira?

R.: A elevação dos preços das commodities provocou melhorias nos termos
de troca do Brasil, e foi alavancada pelo aumento do consumo da
China. As taxas de juros altas e a perda de competitividade da indústria
brasileira vêm impactando na diminuição dos produtos industrializados
na pauta de exportação.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

3 Quais são os motivos que endossam a decisão dos técnicos do


COPOM de seguirem com a política dos juros altos?

R.: O motivo alegado fora um suposto risco do aumento da taxa de inflação.


Assim, a política de juros elevados conteria a demanda futura, para não
incitar uma possível inflação.

4 Qual a importância dos programas sociais para a economia?

R.: Os programas assistencialistas como o Fome Zero têm por objetivo


atender a populações em estado de urgência, pois estão sobrevivendo
abaixo da linha da pobreza. Além desses programas de renda mínima
terem por finalidade diminuir as desigualdades sociais, funcionavam
também como aceleradores da economia por meio do estímulo da
demanda. Milhares de pessoas passam a consumir e a dinamizar a
economia regional.

5 Explique como foi o impacto da crise internacional no Brasil.

R.: O PIB de 2007 para 2008 teve crescimento de 5%. Embora a crise imobiliária
nos Estados Unidos já pudesse estar sendo sentida em várias partes do
mundo, o PAC contribuiu para o Brasil não ser afetado economicamente
em 2008. Em 2009 o PIB per capita apresentou queda de 1,3%. Voltando
a elevar-se nos anos seguintes, o PIB brasileiro apresentou crescimento
-0,3. As medidas do PAC continuavam sendo implantadas. No entanto, a
taxa de produção industrial apresentou um recuo de 7,4%.

6 O governo de Lula pode ser caracterizado como uma continuidade


do Governo FHC?

R.: Apesar do compromisso com o Consenso de Washington, que impunha


uma agenda neoliberal aos países devedores, no segundo mandato de
Lula observamos que, especialmente no campo da política econômica, há
espaço para a substituição da política ortodoxa por uma política heterodoxa.

TÓPICO 3

1 O Governo Dilma deu continuidade às obras do PAC, lançando o


PAC 2. Quais foram os pontos estratégicos do PAC 2?

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

R.: O PAC 2 possuía seis pontos estratégicos: transporte, energia, Cidade


Melhor, Comunidade Cidadão, Minha Casa Minha Vida, Água e Luz
para Todos. É importante salientar também que, além desses pontos
estratégicos, existiram investimentos em obras para a Copa do Mundo e
para as Olimpíadas.

2 A respeito do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, qual


era a nova matriz econômica desenhada para atender às demandas
dos segmentos empresariais?

R.: A política econômica do primeiro governo Dilma Rousseff, desenhada na


“nova matriz econômica”, foi composta por: redução de taxas de juros e
tarifas de energia elétrica; desonerações tributárias e crédito subsidiado;
desvalorização cambial e protecionismo industrial seletivo e concessões
de serviços públicos para a iniciativa privada. Algumas dessas iniciativas
foram, inclusive, solicitadas em documento entregue ao governo e
assinado em conjunto com outras organizações empresariais e centrais
sindicais em 2011.

3 O ano de 2014 foi marcado pela disputa presidencial entre Dilma


Rousseff e Aécio Neves. Descreva a situação econômica do país no
período.

R.: Em 2014 o país encontrava-se economicamente estagnado, após passar


por um período de crescimento econômico com desaceleração em 2013.
No final de 2014, diante dos choques econômicos, a atividade econômica
se desacelerou fortemente, piorando o resultado fiscal. Assim, diante
desse cenário, em 2015, foram abandonadas as políticas expansionistas,
e foram adotadas medidas restritivas, principalmente na área fiscal.

4 Quais foram os principais problemas enfrentados pela presidente


Dilma em seu segundo mandato?

R.: A crise e escândalos da Lava-Jato, problemas no setor financeiro e


com empresários, o aumento da inflação, a dificuldade de articulação
com o Congresso, a falta de diálogo com os movimentos sociais e a
organização das Olimpíadas de 2016. Além disso, o ano de 2015 foi
marcado por uma piora significativa da economia. A recessão de 3,8%,
alta da inflação e juros, corte dos investimentos públicos e privados
e uma crise de confiança alimentada pela instabilidade econômica
tomaram conta do cenário econômico.

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

5 Comente sobre as prioridades do governo de Michel Temer.

R.: Em dois anos, a equipe de governo de Temer se concentrou na


recuperação da economia, na redução da taxa de juros, na queda da
inflação e no equilíbrio das contas públicas. Apesar de se concentrar
nessas questões, a taxa de desemprego que, anteriormente ao governo
Temer, era de 11,2% ou 11,4 milhões de trabalhadores desempregados,
subiu para 13,1% ou 13,7 milhões de desempregados, demonstrando
que a taxa que era alta sofreu uma significativa piora em dois anos.
No que se refere à taxa cambial, é importante mencionar que o dólar
aumentou de R$3,47 para R$3,62 em dois anos do governo Temer. No
que se refere ao equilíbrio das contas públicas, importante mencionar a
PEC 241 e a reforma trabalhista, que foram alvo de grande polêmica.

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