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Capacidade e Performance: Entenda os índices: Cp, Cpk, Pp e Ppk

Praticamente todas as indústrias possuem profissionais ou uma área inteira dedicada a aplicar
o Lean – ou produção enxuta – no chão de fábrica. A produção enxuta é baseada no
pressuposto de que os processos de fabricação são operados de forma capaz e previsível. O
contrário de produção enxuta é a produção tradicional em massa – onde primeiro o item é
produzido, para em seguida ser inspecionado para remoção de produtos não conformes.

Em função da busca pela produção enxuta por grande parte das indústrias, é comum
escutarmos bastante sobre capacidade e performance de processo, bem como seus principais
índices: Cp, Cpk, Pp e Ppk. Afinal, se não estamos medindo tudo o que produzimos, como
podemos garantir que estamos trabalhando dentro das especificações?

Quando medimos a capacidade do processo, estamos extrapolando o que sabemos sobre o


produto que produzimos para o produto que ainda não produzimos. Apesar dos riscos
inerentes em extrapolar valores, é razoável fazê-lo quando sabemos que o processo se
comportou de forma previsível no passado, isto é, se comportou dentro de seus Limites de
Controle, ou esteve sob Controle Estatístico.

Muito mais que calcular esses índices para apresentá-los em relatórios para os seus clientes, é
importante entender o significado de cada um e a relação entre eles. Vamos lá?

Índices de capacidade

O Cp compara a tolerância especificada com a variação potencial do


processo:

O Cp descreve a relação entre o espaço disponível para variação de


acordo com as especificações e o espaço ocupado pela variação do
processo.

Para caracterizar a localização do processo usamos o Cpk, que avalia a


distância da média do processo com a especificação mais próxima dela, da
seguinte forma:
Quando o processo opera centralizado na nominal (alvo da especificação),
os dois índices (Cp e Cpk) terão o mesmo valor, ou valores muito
próximos. A medida que a média do processo se desvia da nominal, o
Cpk vai ficando menor que o Cp.

A interpretação dos valores do Cp e Cpk depende de o processo


estar sob ou fora de controle estatístico:

 Se o processo está sob controle, o Cp e o Cpk representam


a capacidade real do processo – como se comportou no passado e
o que se espera que continue a fazer no futuro.
 Se o processo é imprevisível – ou fora de controle – o Cp e Cpk não
são representativos.

Índices de performance

O Pp compara a tolerância especificada com a performance do processo no


passado, através do desvio padrão de longo prazo  s:

A diferença entre o Cp e o Pp é a forma como calculamos o fator de


dispersão (σ e s) do denominador. O Pp utiliza o desvio padrão global de
todos as amostras, enquanto o Cp utiliza a medida de dispersão média,
medida entre os valores de um mesmo subgrupo.

Por que não usar o desvio padrão global para o cálculos dos Limites de
Controle?, o desvio padrão de curto prazo σ tende a ser menor que o
desvio padrão de longo prazo (ou global) s. Pois o segundo irá detectar
variações globais que podem estar relacionadas a lotes de matéria prima,
variação entre turnos, mudanças em equipamentos, etc.

Assim, a proximidade entre os valores de Cp e Pp caracteriza um


processo que está sendo operado de forma consistente ao longo do
tempo. Quando esses dois índices diferem de maneira
substancial, você pode ter certeza de que o processo está sendo
operado de forma imprevisível.

De forma análoga, o Ppk é calculado da seguinte forma:

Exemplos práticos

Para entender melhor a relação entre os dados medidos de um processo e


seus índices de capacidade, vamos avaliar quatro casos utilizando
o histograma como ferramenta de análise:

Caso 1
No caso 1 temos os quatro índices com valores bem semelhantes,
podemos dizer que o processo é previsível e centralizado. Porém, todos
eles são menores do que 1, assim sabemos que esse processo entrega
muitos produtos fora de especificação.

Caso 2

No caso 2, os índices de capacidade (Cp e Cpk) são


consideravelmente diferentes dos índices de performance (Pp e Ppk),
pois o processo não esteve operando sob controle estatístico. Quando o
processo não está sob controle, o Cp e Cpk não tem significado físico
real.
Ao avaliar o Pp e Ppk, vemos que esse processo não está centralizado  em
relação a nominal (ou alvo), pois o Ppk está muito diferente do Pp. Vemos
também que o processo entrega muitas peças fora de especificação (Pp
e Ppk menores que 1).

Caso 3

No caso 3, temos um processo centralizado na nominal pois o Cpk está


próximo do Cp. O processo é estável e previsível pois os índices de
performance (Pp e Ppk) estão próximos dos índices de capacidade (Cp e
Cpk).

Além disso, o processo entrega suas peças dentro de especificação, pois


a variação do processo é consideravelmente menor que a variação
permitida pela especificações do produto.
Caso 4

No caso 4, os índices Cpk e Ppk são bem menores que o Cp e Pp, o que


indica que o processo não está centralizado com a nominal da
especificação. Se analisarmos o histograma, vemos que a média do
processo está mais próxima da especificação superior do que da nominal
da especificação. Por isso esse processo produz muitas peças fora de
especificação.

Porém, trata-se de um processo previsível! Observe que o Cp e o Pp


possuem valores muito próximos entre si, assim como o Cpk com o Ppk.
Assim, o processo é estável, embora não esteja centralizado com o
alvo.
 

Relações entre os índices

Os índices de capacidade e performance se relacionam da seguinte forma:

 O Cp e Cpk representam a capacidade real de um processo que é


operado de forma previsível. Os índices não tem significado se o processo
está fora de controle.
 Já o Pp e Ppk representam o desempenho real de um processo, tendo
ele operado de forma previsível ou não.
 O Cp e Pp mostram o que acontece quando o processo trabalha de forma
centralizada na nominal da especificação, enquanto o Cpk e
Ppk representam o que acontece quando o processo não está centrado no
ponto médio das especificações.
 Se o processo opera de forma previsível -ou seja, sob controle estatístico –
e centralizado na nominal, os quatro índices serão muito
próximos (Casos 1 e 3).
 Quando o processo está sob controle, mas não está centralizado com a
nominal, a discrepância entre o Cp-Pp e o Cpk-Ppk irá quantificar os efeitos
da descentralização (Caso 4)
 Se o processo opera de forma imprevisível (fora de controle estatístico) o
Pp e Ppk serão significativamente menores que o Cp e Cpk (Caso 2).

Agora que você já conhece os conceitos e entende para que servem os


índices Cp, Cpk, Pp e Ppk, você deve estar pensando sobre quais valores
seriam desejáveis em um processo, certo? Leia nosso post Que valores
meta de Cp e Cpk eu devo usar? para saber mais sobre o assunto!

Mas atenção: o “juiz final” que determina se um processo está ou não


sendo operado de forma previsível é o Gráfico de Controle. Como já
comentamos no post Índices de Capacidade, os índices de capacidade e
performance podem complementar os gráficos, nunca substituí-los. Os
índices devem ser sempre interpretados em conjunto com o Gráfico de
Controle.

Fonte:  Understanding Statistical Process Control – Donald J. Wheeler and David


S. Chambers – 2010

Ppk e Pp

O que é qualidade?
A qualidade é relativa. O que é qualidade para uma pessoa pode ser falta de qualidade para
outra.
"G. Weinberg"

O conceito de qualidade é aparentemente intuitivo levando as pessoas a considerá-la como


“satisfação”, “melhor”, “confortável”, “seguro”, etc.

Vamos ver um exemplo prático:

Imagine que se deseja adquirir uma camisa para uma ocasião importante. Se o preço do
produto é muito além das expectativas, este se torna um impedimento para a compra. Então
o preço inconveniente passa a ser encarado como um defeito!

Se o tamanho não está disponível no estoque, a disponibilidade do produto é também um


fator de QUALIDADE e sua ausência implica em mais um defeito.

Mas, supondo que tudo anteriormente apresentado estivesse em conformidade com as


expectativas, a camisa poderia apresentar algum problema como a falta de manga, de cor,
de botão, de costura, de maciez no tecido..., e outras faltas, ou seja, se ela tem algum
defeito de fabricação. Caso tenha alguma anormalidade, a compra não seria efetuada, pois
não foram atendidas as expectativas. O que se procura então numa camisa para uma
ocasião importante? QUALIDADE ou defeitos?

Nesse caso, se a decisão pela compra é feita quando não se encontra defeitos, logo se pode
admitir que a camisa possui QUALIDADE! O conceito de qualidade pode então ser definido
como “Ausência de defeitos”.

Entretanto quando examinado mais longamente, o conceito revela-se complexo. Definir um


conceito de qualidade para estabelecer objetivos é, assim, uma tarefa menos trivial do que
aparenta a princípio.

Supondo que se esteja diante de produtos alternativos, como escolher o melhor? Esse
problema de julgamento acontece com qualquer pessoa cotidianamente, quando se
consomem itens como roupas, música, comida ou filmes. Mas curiosamente, apesar da
freqüência com que avaliamos os objetos à nossa volta, é muito difícil obter consenso a
respeito da qualidade de um produto. Isso se traduz, por exemplo, no fato de existir uma
profusão de marcas de eletrodomésticos e haver clientes felizes adquirindo aparelhos de
marcas diferentes.

Uma escolha torna-se mais clara quando se estabelecem critérios que sirvam para julgar um
produto. Em algumas situações, tais critérios são relativamente simples de identificar e
estabelecer. Por exemplo: em domínios como engenharia elétrica ou mecânica, as
informações necessárias são obtidas em função da finalidade a que se destina um
determinado produto. Para dispositivos simples, como um fusível ou uma engrenagem, não é
difícil enumerar algumas características que provavelmente são relevantes: ponto de fusão,
condutância térmica, resistência a cisalhamento ou dimensões físicas.

Isto nos leva à famosa definição de Crosby [1992]: "A qualidade é conformidade aos
requisitos". Essa definição é interessante, pois deixa explícito o fato de que é preciso um
ponto de referência para julgar um produto. Traz embutida a idéia de como efetuar esse
julgamento e, por fim, mostra como o processo todo pode ser documentado, analisado e os
resultados transmitidos a outras pessoas.

Fonte:

 Série Saiba Mais – Sebrae


 Cep Training - Megabyte

doutorcep@datalyzer.com.br

Pp e Ppk – "Série: Índices de Capacidade e Performance do Processo"

Finalizando nossa série sobre os índices estatísticos, falaremos neste mês sobre os Índices
de Performance Pp e Ppk.

Qual a diferença entre os índices de Capacidade e os índices de


Performance do processo?

Os índices de Capacidade informam como o processo poderá agir no futuro, já os índices de


performance informam como o processo agiu no passado ou está agindo no momento.

O cálculo dos índices de performance é muito semelhante ao dos índices de capacidade,


salvo o que diz respeito ao desvio-padrão utilizado.
Mas qual desvio-padrão deve ser usado para o cálculo dos índices?

Até 1991, essa pergunta não tinha uma resposta exata. Para eliminar essa confusão, a ASQC
- American Society for Quality Control (Sociedade Americana de Controle da Qualidade)
publicou naquele ano "o manual fundamental de referência do Controle Estatístico de
Processo".

O que está definido no manual publicado pela ASQC é que os índices de capacidade do
processo utilizam o desvio-padrão estimado e os índices de performance utilizam o desvio-
padrão calculado sobre os valores individuais do processo.

Você perceberá, em seguida, que o cálculo dos índices de Performance do processo é


idêntico ao cálculo dos índices de Capacidade, exceto que o desvio-padrão utilizado é o
calculado.

Vamos rever os cálculos...

 Pp
 Desempenho: Intervalo de tolerância dividido pelo desempenho do processo;
 Desconsidera a centralização do processo;
 Não é sensível aos deslocamentos (causas especiais) dos dados;
 Quanto maior o índice, menos provável que o processo esteja fora das
especificações;
 Um processo com uma curva estreita (um Pp elevado) pode não estar de acordo com
as necessidades do cliente se não for centrado dentro das especificações.

 Cálculo do índice

Os índices de Performance do processo utilizam o desvio-padrão calculado.


Considerando os dados utilizados no informativo do mês de agosto de 2006 clique
aqui para acessaá-lo), temos:

LSE (Limite Superior de Especificação) = 2.5


LIE (Limite Inferior de Especificação) = 0.05
 (Desvio-padrão calculado) = 0.5350

A fórmula do índice Pp é dada por: 


Na fórmula, percebemos , como foi escrito anteriormente, que este índice
desconsidera a média do processo, retratando apenas sua variação.
O cálculo deste índice em nosso exemplo é dado por:

 Avaliação do cálculo do índice


o Processo incapaz: Pp < 1
o Processo aceitável: 1 = Pp = 1,33
o Processo capaz: Pp = 1,33

 Ppk
 Indica quão próxima a média está do valor alvo do processo;
 É o ajuste do índice Pp para uma distribuição não-centrada entre os limites de
especificação;
 É sensível aos deslocamentos (causas especiais) dos dados;
 Cálculo do índice
Os índices de Performance do processo utilizam o Desvio-padrão calculado (clique aqui
para aprender a calculá-lo).
Considerando os dados utilizados no informativo do mês de agosto de 2006 (clique aqui para
acessá-lo), temos:

LSE (Limite Superior de Especificação) = 2.5


LIE (Limite Inferior de Especificação) = 0.05
 Média do processo (Média do processo) = 1.025
 (Desvio-padrão calculado) = 0.5350

A fórmula do índice Ppk é dada por: 

O cálculo deste índice em nosso exemplo é dado por:

 Avaliação do cálculo do índice


o Processo incapaz: Ppk < 1
o Processo aceitável: 1 = Ppk = 1,33
o Processo capaz: Ppk = 1,33

Obs.: Atente-se para a simbologia do desvio-padrão. O desvio-padrão estimado é


simbolizado por  , já o calculado é simbolizado por  .

Agora que já vimos como calcular os índices, vamos ver em gráficos quais os seus
significados.

Sabemos que quanto mais estreita a curva da distribuição, menor a variação e maiores os
valores dos índices Pp e Ppk. Sabemos ainda que quanto maior o valor de Pp e Ppk, melhor é
o status do processo.

Considerando essa afirmação, vamos entender em quais ocasiões temos valores altos e
baixos para esses dois índices.

Pp baixo
Causa: variação maior que a faixa dos limites de especificação
Ppk baixo
Causa: a distribuição está centrada, mas há uma variação maior que a faixa dos limites de
especificação

Processo: incapaz

Pp bom
Causa: variação menor que a faixa dos limites de especificação

Ppk bom
Causa a distribuição está centrada e há uma variação menor que a faixa dos limites de
especificação

Processo: satisfatório

Pp alto
Causa: baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação

Ppk alto
Causa a distribuição está centrada e há uma baixa variação em relação à faixa dos limites
de especificação

Processo: capaz
Nos três exemplos anteriores, os índices Pp e Ppk receberam os mesmos conceitos, mas nem
sempre isso ocorre.

Veja no próximo exemplo em que há um processo com uma variação bem pequena, que
gera um Pp ótimo e também geraria um Ppk com valor alto, mas a distribuição não está
centrada entre os limites de especificação.

Pp alto
Causa: baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação

Ppk baixo
Causa há uma baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação, mas a
distribuição não está centrada

Processo: incapaz

Como já vimos no mês passado, um processo, para ser capaz, necessita de centralização
entre os limites de especificação e baixa variação.

Resumindo a utilização dos índices de Capacidade e Performance do Processo, temos:

Índice Uso Definição

Taxa de
tolerância (a
largura dos
limites de
Cp, Pp O processo está centrado entre os limites de especificação especificação)
à variação
atual
(tolerância do
processo)

Cpk, Ppk O processo não está centrado entre os limites de especificação, mas cai sobre Taxa de
ou entre eles tolerância (a
largura dos
limites de
especificação)
à variação
atual,
considerando a
média do
processo
relativa ao
ponto médio
das
especificações.

Fonte:

 Apostila Cep Trainning - Megabyte

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