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RESUMO MÓDULO 15

TERAPIA COGNITIVA SEXUAL

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Parte 1 – Terapia cognitivo-comportamental

A terapia sexual é um conjunto de intervenções voltadas para o


tratamento de dificuldades, disfunções, problemas sexuais, as técnicas da
terapia sexual derivam de diferentes perspectivas teóricas e vão recebendo
contribuição de várias áreas diferentes, principalmente da psicologia e de
algumas especialidades médicas o que é muito bom porque nos possibilita ter
uma visão mais ampla da sexualidade humana, do tratamento das disfunções
sexuais.

Dentre as maiores influências que vão auxiliar na formação, na


estruturação das intervenções da terapia sexual como um todo, encontramos
na terapia cognitivo comportamental que é sem dúvidas a mais relevante de
todas e que vai apresentar técnicas que trazem resultados muito efetivos no
tratamento das disfunções.

A aplicação das técnicas da TCC (Terapia Cognitivo Comportamental)


são muito eficazes e contribuem para uma mudança significativa, permanente
dos padrões cognitivos distorcidos de pensamentos, comportamentos,
principalmente comportamentos sexuais disfuncionais.

A pesquisa de técnicas da TCC aplicada na terapia sexual foi realizada a


nível nacional e baseada em 3 livros que são a base para o terapeuta sexual:

• Tratamento Clínico das Disfunções Sexuais – Ricardo C.


Cavalcanti;
• Tratamento Clínico das Inadequações Sexuais – Ricardo C.
Cavalcanti e Mabel Cavalcanti; e
• Disfunções sexuais – Abordagem Clínica e Terapêutica – João
Fernando Mannocci.

Quando definimos o ato sexual não vamos falar só de coito, mas de tudo
que vai além do sexo praticado, envolve sentimentos, emoções, desejos,
fantasias, medos, receios,... o sexo permeia o campo da subjetividade, envolve
também fatores sociais, culturais, psicológicos que são os critérios do sexo,
alguns fatos como concepções equivocadas sobre desempenho sexual,
imagem distorcida que o indivíduo tem dele mesmo, do outro, crenças
equivocadas que são formadas ao longo da vida, preconceitos,
incompreensões culturais, mitos, tabus religiosos, problemas éticos, ansiedade,
fatores fisiológicos, enfim, são fatores que são geradores de disfunções
sexuais porque afetam diretamente o comportamento humano.

Então, a TCC se baseia nesse conceito de estrutura biopsicossocial e


na compreensão biopsicossocial ela aborda os fenômenos relativos à
psicologia humana, enfatizando uma concepção mais clara dos problemas
sexuais que também podem ser originados de outras causas além das
orgânicas como as questões psicológicas que são a estrutura cognitiva e as
questões sociais do meio.

Nessa perspectiva a TCC se encontra com a terapia sexual e ela se mostra


de grande valia para o tratamento das disfunções sexuais porque as teorias da
TCC vão falar que as disfunções e a própria ansiedade, as formas distorcidas
de como o indivíduo enxerga a si mesmo e ao outro, as formas como o
indivíduo interpreta as situações vividas e aí a TCC vai buscar por meio de
várias técnicas produzir uma mudança cognitiva no paciente para promover
mudanças emocionais e comportamentais, afetando assim as relações
interpessoais. Essas mudanças vão ser duradouras porque elas vão
compreender que as estruturas distorcidas é que vão determinar se o
comportamento é disfuncional ou não e por isso que afeta diretamente o
desempenho sexual porque o sexo passa por todo esse sistema de crenças, de
formas cognitivas, de estruturas cognitivas funcionais, disfuncionais.

Essas técnicas apresentadas são sugestões de aplicabilidade, existem


outras técnicas que podem ser aplicadas dentro das disfunções, talvez vá ter
uma técnica que está lá mais você nunca vai utilizar ou não vai precisar utilizar
porque as que já foram aplicadas foram suficientes.

Terapia sexual

Conforme Cavalcanti o tratamentos das disfunções sexuais podem ser


feitos na perspectiva de três abordagens que inclusive são os critérios do sexo
que são:

• Modelo clássico - os transtornos como sendo comportamentais


incluindo os da sexualidade como sendo puramente de fatores
orgânicos, ou seja, do critério biológico.
• Modelo psicológico – aborda a conduta sexual como sendo de causas
psicológicas vê que todos os problemas sexuais também são de causas
psicológicas.
• Modelo psicossomático ou holístico – tem uma visão mais
abrangente do ser humano que afirma que o indivíduo é um ser
psicofísico, ou seja, define que as disfunções sexuais podem ser
classificadas como fatores orgânicos e/ou psicológicos e que tem que
ser feito tratamento médico se derivadas de causas orgânicas e com
tratamento psicológico em casos onde há comprometimento puramente
psicológico.

Até 1950, os problemas sexuais eram tratados baseados nos conceitos de


modelo clássico e também da psicanálise clássica e tanto a terapia quanto a
psicanálise clássica, viam os problemas sexuais como sendo decorrentes de
conflitos inconscientes não resolvidos durante as etapas do desenvolvimento
psicossexual infantil.

“(...) antes de Masters e Johnson lançarem seus livros Resposta


Sexual Humana e Inadequações Sexuais Humanas (1966), a terapia para
as disfunções sexuais era basicamente a mesma das outras disfunções
psicológicas.” Ainda segundo o autor, a partir de 1950, sob a perspectiva
behaviorista, Masters e Johnson iniciaram seus estudos num foco
comportamental, que lideraram várias novas descobertas.

A psiquiatra Helen Kaplan (1981), afirma também que a terapia


comportamental se baseia exclusivamente no foco comportamental, com
técnicas basicamente envolvendo educação sexual, formação em
habilidades sexuais e de comunicação, dessensibilização da ansiedade
sexual, na construção de atividades sexualmente estimulantes e tarefas
de casa – o que tem sido de grande valia para incontáveis pacientes,
inclusive nos dias atuais.

No final da década de 1960, houve uma insatisfação muito grande com a


terapia comportamental tradicional porque ela não considerava os fatores
cognitivos na compreensão da abordagem dos transtornos.

Em 1974, Kaplan começa a levantar questionamentos, a propor mudanças,


inovações e vem incorporando na terapia sexual comportamental de Masters e
Johnson conceitos mais abrangentes, inovadores para as causas dos
problemas sexuais porque em seus registros sobre a terapia sexual Masters e
Johnson não faziam nem menção aos conflitos inconscientes ou mesmo a
esses fatores psicológicos.

Atualmente e após muitas influências a terapia sexual vai adiante e ela se


baseia não somente nas técnicas comportamentais como nos tempos de
Masters e Johnson, mas também em técnicas cognitivas, corporais entre várias
outras.

Lucena e Abdo (2016, p. 186) afirmam sobre a terapia sexual atual: diz
respeito ao conjunto de intervenções embasadas em diferentes
perspectivas teóricas, voltadas ao tratamento das dificuldades sexuais.
Geralmente segue os princípios das psicoterapias breves, com terapeuta
e paciente focados em questões específicas relativas ao desempenho
sexual podendo ocorrer em atendimentos individuais, de casal ou de
grupo, ainda que não haja teoria única subjacente à terapia sexual e que
profissionais das mais diversas escolas psicoterápicas possam ser
terapeutas sexuais.
Então, a terapia sexual atual é o resultado de um conjunto de técnicas de
várias teorias, de várias abordagens, mas, dentre as contribuições que a
terapia sexual vem recebendo ao longo de vários anos a TCC se apresenta
como uma das maiores aliadas no tratamento das disfunções sexuais.

TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental

A TCC é uma junção de duas abordagens a comportamental e a


cognitiva.

A teoria do comportamento ou a comportamental que teve uma grande


repercussão por volta de 1950, foi desenvolvida por 3 principais teóricos que
foram Pavlov com a teoria do condicionamento clássico, Skinner com a
teoria do condicionamento operante e Bandura com a teoria do
aprendizado social no início do século XX.

A terapia cognitiva foi desenvolvida por Aaron Temkin Beck nos Estados
Unidos na década de 1960.

Nas abordagens terapêuticas com foco comportamental dava-se pouca


atenção aos processos cognitivos e basicamente visavam moldar o
comportamento mensurável com reforçadores e eliminar as respostas
negativas através da exposição e da redefinição do comportamento.

A teoria comportamental justifica o comportamento ou o desaparecimento


do comportamento como sendo algo que vem de um aprendizagem num
determinado meio, num determinado ambiente, contexto, então, uma vez que o
comportamento é aprendido, reforçado e mantido, se ele for adequado ou
inadequado, funcional ou disfuncional ele vai se estabelecer.

Já a teoria cognitiva vê os comportamentos e as emoções como sendo o


produto do medo como as pessoas interpretam as situações e experiências
baseados na cognição que são pensamentos, crenças e interpretações.
Ressaltam Bahls e Navolar (2004), que na década de 1970 com a
notoriedade da terapia comportamental, foram surgindo inúmeras
técnicas que foram sendo agregadas a ela e muitos colaboraram para que
estratégias e conceitos, teorias e técnicas da terapia cognitiva fossem
acrescentadas, pois, muitos pesquisadores proeminentes constataram
que a visão cognitiva proporcionava ao tratamento comportamental mais
eficácia.

Então, essa junção dessas duas vertentes vem considerar que o


comportamento e a cognição são imprescindíveis utilizando procedimentos
comportamentais e pegando técnicas cognitivas com foco na transformação
das interpretações, das avaliações errôneas em padrões racionais de
pensamento que consequentemente vão afetar o comportamento.

Aaron Temkin Beck foi o primeiro a elaborar métodos e teorias,


complementos, intervenções juntando essas duas abordagens cognitivo e
comportamental para transtornos emocionais que o objetivo era identificar e
modificar os chamados pensamentos automáticos que vão afetar diretamente o
comportamento e as emoções das pessoas. Ele entendia que a cognição e o
comportamento eram muito eficazes nos tratamentos observando então, a sua
eficácia primeiro na teoria e depois na prática.

Segundo Souza e Cândido (209, p. 86) a emoção torna-se disfuncional


quando decorrente de pensamentos idealistas e absolutistas, interferindo
na capacidade da pessoa de pensar objetivamente. Isso não significa que
os pensamentos causam os problemas emocionais, mas sim que eles
modulam e mantêm as emoções disfuncionais (Rangé, 2001). Há uma
interação recíproca entre os pensamentos, os sentimentos e os
comportamentos, fisiologia e ambiente; a mudança em qualquer um
destes componentes pode iniciar modificações nos demais (Knapp, 2044).

As técnicas da TCC englobam técnicas comportamentais que visam à


mudança direta de comportamentos inadequados e as técnicas da terapia
cognitiva visam à substituição dessas emoções disfuncionais que são
causadoras das interpretações equivocadas e padrões de pensamentos
disfuncionais que por sua vez, afetam diretamente as condutas dos indivíduos
tornando-as inadequadas.

A TCC está baseada em dois princípios cíclicos primordiais, emoções e


comportamentos são influenciados pela cognição e o comportamento afeta
profundamente os padrões de pensamentos e as emoções.

Esse ciclo vai se perpetuando indefinidamente e os pensamentos, os


comportamentos disfuncionais perduram, acompanham o indivíduo a vida
inteira caso não haja uma intervenção efetiva que visa essa transformação de
padrões e também a substituição desses padrões disfuncionais por outros que
sejam mais funcionais, então, nessa visão a TCC tem como objetivo auxiliar o
paciente a aprender novas estratégias cognitivas porque assim ele vai
conseguir promover mudanças necessárias, em como esse paciente atua no
seu meio, no seu contexto e aí é uma cooperação entre paciente e terapeuta
que vão buscando juntos, numa parceria, estratégias para superação dos
problemas sexuais, ou seja, visa promover mudanças nesses pensamentos,
nesse padrão de pensamento e de comportamento que são disfuncionais.

Sobre a aplicação das técnicas da TCC na terapia sexual afirma


Lucena e Abdo (2013, p. 96): [...] o trabalho em TCC objetiva identificar e
modificar pensamentos e crenças disfuncionais a fim de reestabelecer o
funcionamento sexual satisfatório. Para tanto, esse tipo de terapia
geralmente inclui uma parte educativa e exercícios que abordam as
preocupações do paciente acerca de seu desempenho sexual.

As teorias cognitivas comportamentais elas tem relacionado tanto a


ansiedade quanto as disfunções sexuais a essas formas distorcidas com que
as pessoas aprendem a pensar sobre si mesmas, sobre o outro, sobre as
situações da vida.

Do ponto de vista cognitivo a ansiedade elevada vai interferir negativamente


no funcionamento sexual, porque o indivíduo está enviesado, inclinado para
perceber uma situação ameaçadora, então, para certas pessoas é ameaça, a
pessoa se distrai dos estímulos sexualmente excitantes e vão assumindo
interpretações sobre os estímulos e sobre a relação sexual que são
disfuncionais.

Cavalcanti e Cavalcanti trazem que o comportamento disfuncional quando


não é de causa orgânica é um comportamento aprendido e no que diz respeito
à terapia sexual, ela é aplicada para que o comportamento disfuncional seja
extinto e que no seu lugar se manifeste respostas fisiológicas adequadas que
todo ser humano é capaz de dar.

Essas terapias fazem parte de princípios que as consequências emocionais


e os comportamentos que se observam nas pessoas são resultantes de
aprendizagem interior, o objetivo da terapia é eliminar ou reduzir as
consequências indesejáveis desse aprendizado interior substituindo por outras
que são mais adequadas.

Então, diante do que tem sido falado, a TCC apresenta uma abordagem
muito indicada para o tratamento das disfunções sexuais, ele é bem coerente
mesmo em causas orgânicas.

Como o processo de tratamento complementar pode acontecer mesmo


junto com as medicações, então, mesmo sendo de causas orgânicas pode ter
terapia sexual também.

As técnicas da TCC apresentam 3 características extremamente viáveis na


terapia sexual que são a brevidade, a objetividade e a possibilidade de
validação científica.

Crenças/Pensamentos Automáticos
As TCCs são psicoterapias breves, diretas que vão incorporando prática
clínica, técnicas comportamentais que modificam diretamente as condutas
inadequadas e as técnicas cognitivas que alteram as emoções disfuncionais
modificando a forma como as pessoas avaliam, interpretam aquilo que
acontece em suas vidas são normalmente padrões equivocados, errôneos,
irracionais de pensamento e indiretamente as condutas inadequadas também
vão ser afetadas por esses padrões inadequados.

No processo psicoterápico das TCCs é muito importante a colaboração


do paciente e do terapeuta, isso é essencial e essas terapias vão partindo do
princípio de que as consequências emocionais ou comportamentais que vão
sendo observadas nas pessoas são resultado de uma aprendizagem anterior
então, o objetivo da terapia é eliminar ou reduzir as consequências
indesejáveis desse aprendizado e assim substituindo essas consequências,
essas vivências por outras mais adequadas.

Segundo Ingram e Scott (1990), entre características dessas terapias,


está a convicção de que:

• Aprendizagem é mediada cognitivamente.


• As variáveis cognitivas são importantes mecanismos causais da gênese
das emoções, do comportamento e do controle da conduta humana.
• Atuando sobre as cognições podemos modificar as emoções e
condutas.

Mahoney e Arknoff (1978):

Vamos logo esclarecer que as terapias cognitivas comportamentais não


constituem um corpo único, tendo sido agrupadas em três categorias distintas:

• Terapias de reestruturação (reconstrução cognitiva)


• Terapia de habilidades de conforto.
• Terapias de solução de problemas.

A terapia de reconstrução cognitiva parte do princípio que o


pensamento, as emoções e o comportamento dos seres humanos são
intimamente inter-relacionados, seja no plano consciente ou no plano
inconsciente, de modo que o pensar, o sentir e o agir não se realizam
isoladamente e por causa dessa convicção embora os terapeutas dessa linha
de abordagem não ignoram que as emoções tem várias origens, mas, eles
valorizam que a gênese, a sua origem a partir dos processos cognitivos vem
sobretudo das avaliações, das interpretações, ou seja, o importante não é o
que acontece, não é o fato em si, é como a pessoa interpreta o que acontece,
então, de modo geral podemos dizer que as pessoas parecem pensar em
níveis, as inferências, as avaliações e as crenças.

As inferências são suposições que as pessoas fazem sobre o que


acontece, o que aconteceu, sobre o que está acontecendo e sobre o que irá
acontecer e essas inferências podem ser verdadeiras ou falsas, então, as
avaliações são muito importantes, elas vão além dos fatos é como eu interpreto
aquilo que acontece, é o que significa pra mim.

As avaliações são às vezes conscientes, mas outras vezes elas são


inconscientes e elas podem ser racionais ou irracionais, então, os seres
humanos ao contrário dos animais, dos ratos, das cobaias, que são usados
para os testes, os humanos são caracteristicamente avaliadores, fazemos
avaliações o tempo todo e essas avaliações é que vão determinar a maneira
como nos comportamentos em qualquer evento da vida, então, a nossa
percepção influencia o comportamento e as emoções que vão sendo
armazenadas na nossa memória e elas vão atuar nas nossas percepções
futuras, vai criando um sistema de retroalimentação, um ciclo que tem que ser
rompido.

Se o indivíduo avalia o fato como sendo bom gera uma emoção positiva
boa, por exemplo, alegria, amor, prazer e isso vai levar a um comportamento x,
mas se a pessoa avalia o fato como sendo mal, negativo aí vão aparecer
emoções negativas como dor, tristeza, desconforto, então, o indivíduo vai
reagindo, emitindo um comportamento muitas vezes de fuga, de evitação,
congelamento.

Por exemplo, um casal que vivencia uma situação, algo que acontece, os dois
podem ter interpretações completamente diferentes de um mesmo fato, a
variedade das emoções, das condutas que diferentes pessoas podem ter
diante de um mesmo evento ativada vai depender basicamente do modo com
que cada um avalia esse acontecimento, cada pessoa tem uma maneira
própria de avaliar e isso é uma das características fundamentais da nossa
individualidade, vamos avaliar o que nos acontece de acordo com as nossas
crenças dependem de várias questões, como, aquilo que é herdado, vivências
principalmente no sistema familiar, vem da aprendizagem de cada um e vai se
mantendo por diferentes esquemas de reforçamento, vai sendo reforçado e
futuramente aquilo que eu acredito, interpreto, que eu avalio as questões da
vida podem estar muito mais fortes, enraizadas.

Lazarus e Folkman de uma maneira bastante didática classificam as


avaliações em primárias e secundárias. Na avaliação primária que fazemos nós
respondemos às seguintes perguntas, esse fato me beneficia ou me prejudica?
Esse benefício ou prejuízo é atual ou futuro? É uma avaliação mais rápida faz
bem ou faz mal, é positivo ou negativo? Se acontecer agora o que vai gerar de
resultado no futuro?

Na avaliação secundária as perguntas a serem respondidas são o que


posso fazer agora? Devo enfrentar esse fato? Como devo agir? Quase tudo
depende do pensamento do indivíduo, das crenças que ele desenvolveu a
cerca de si mesmo, das outras pessoas, do mundo em geral e de como ele
interpreta as circunstâncias, o outro e a si mesmo.

As pessoas se comportam e se emocionam baseadas nas suas crenças,


crenças de relacionamento, de dinheiro, de prosperidade, de família,
sexualidade, quais são as nossas crenças? Será que são positivas, negativas?

As crenças podem ser de dois tipos racionais e irracionais, as racionais


são conhecidas também como preferências e as irracionais são conhecidas
como exigências, então, as nossas crenças irracionais vão nos limitar, por isso
que se fala crenças limitantes, vão nos impedir de vivenciar aquilo que
gostaríamos, o que é bom, dificulta atingirmos as nossas metas traçadas e isso
vai causar muito desconforto, muita emoção negativa, muitos comportamentos
prejudiciais, é uma distorção da realidade, a interpretação errada de um fato
em relação à nós mesmos, aos outros e ao mundo ao nosso redor.
Por outro lado se a crença favorece a obtenção de metas individuais, ou
seja, se são crenças positivas, motivadoras que rompem limites, aí são crenças
racionais então, elas determinam atitudes de preferências, não de exigências.
Podemos aprender no nosso convívio social, com os nossos pais, com outros
adultos que são significativos para nós e quando falamos das disfunções
sexuais percebemos que as questões socioculturais são muito relevantes e a
relação interpessoal com a minha parceria também é muito relevante porque é
um adulto, uma pessoa muito significativa para mim.

Segundo Ellis (1985), nascemos com uma forte tendência de pensar


irracionalmente.

Quando buscamos atingir nossas metas, objetivos, vamos nos deparar


com fatores que podem facilitar ou dificultar nesse projeto, é o caso de certos
pensamentos, sentimentos, condutas que já foram vivenciados anteriormente e
guardados na nossa memória e eles podem ser ativados.

As crenças estão agrupadas em níveis cognitivos diferentes, algumas


são mais acessíveis, mais próximas da consciência, temos até uma certa
consciência de que temos essas crenças, outras estão num nível mais
inconsciente, consequentemente são mais difíceis porque como trabalhar uma
coisa que não se tem consciência dela.

As crenças mais próximas da consciência constituem o que Beck


denominou de pensamentos automáticos. Esses pensamentos automáticos são
caracterizados por surgirem como se fossem reflexos, sem nenhum raciocínio
prévio, eles simplesmente aparecem, não se pensa sobre isso e normalmente
qual é o problema, o que é disfuncional? Nós aceitamos esses pensamentos
sem nenhum questionamento, como sendo verdades absolutas, sem criticar,
sem ver se tem evidências, se são comprováveis, é como se tivesse alguém
dentro da nossa cabeça falando conosco, pode ser às vezes uma palavra, uma
imagem e normalmente eles vem acompanhados de uma carga emocional
muito grande e aí dá a sensação que é verdadeiro, que é real.

Num nível mais profundo essas crenças nucleares como são chamadas
ou de crenças bases, esquemas cognitivos que são regras, são filosofias de
vida e aí Ellis privilegia o termo mais genérico de crenças, enquanto Beck
prefere a expressão pensamentos automáticos.

Esses esquemas, filosofias de vida, essas crenças vão sendo arraigadas


ao longo da vida, são como os nossos óculos, então, com esses óculos eu vejo
tudo, vejo o mundo, eu avalio, eu julgo as pessoas, o ambiente, a mim mesmo
e todas as questões da vida como sexualidade, finanças, relacionamentos,
funções, tudo é julgado através desses óculos e se eu não tirá-los vou
continuar enxergando a vida daquela forma pra sempre. Esta é uma forma
simplista de explicar, mas na prática nem sempre é fácil de ir distinguindo se
uma crença está num nível ou em outro, consciente ou inconsciente.

Um mesmo evento pode determinar diferentes consequências


emocionais e comportamentais nas pessoas, dependendo da forma como cada
um interpreta a situação de acordo com suas crenças.

Por exemplo, uma mulher que sai de casa e abandona o seu marido, se esse
homem amasse essa mulher a consequência emocional adequada, fruto de
uma crença racional seria frustração, tristeza, dor, mas, algumas pessoas
reagem de modo muito destrutivo e aí elas avaliam esse fato como algo
terrível, como algo insuportável, como se fosse impossível continuar vivendo
depois desse fato, então, é importante lembrar que a perda faz parte da vida,
desse jogo da vida, que o luto é parte da vida, a morte faz parte da vida, o luto
normal é uma reação saudável, adequada e à medida que vamos equilibrando
isso, vamos percebendo que a vida não é vencer sempre, nem sempre vamos
viver o que queremos, nem sempre vamos ser amados por quem amamos,
nem sempre vamos ser desejados, às vezes vamos ser abandonados, traídos.

Pessoas saudáveis também sentem emoções negativas assim como


todas as outras pessoas que tem padrões cognitivos disfuncionais, mas, não
necessariamente essas pessoas vão ser desestruturadas, não vai ter uma
consequência tão destrutiva na vida dessas pessoas, então, precisamos fazer
uma distinção clara entre as emoções negativas prejudiciais, daquelas
emoções negativas que não são prejudiciais, que são até benéficas, por
exemplo, um casal fica com raiva, chateado um com o outro, essa situação não
necessariamente tem que ser prejudicial, isso pode estar acontecendo inclusive
para que eles avaliem a relação, para que eles se reconectem
emocionalmente, ou seja, nem sempre emoções negativas são ruins, o medo,
ele é um mecanismo de defesa que o ser humano tem, o problema é a
intensidade com que ele se manifesta, o que o medo causa, a emoção é ou
não prejudicial dependendo da base cognitiva porque quem tem uma base
cognitiva saudável o medo vai ser uma coisa, a raiva, a alegria, para uma
pessoa que vem de uma base ou que tem esquemas muito fortes negativos,
destrutivos, que são disfuncionais aí vai ter obviamente consequências e uma
gravidade muito maior, então, as emoções racionais não levam o indivíduo a se
ferir nem a ferir os outros, mas as emoções irracionais sim, elas levam as
pessoas a se ferir, a ferir o outro, elas são exageradas, desproporcionais, ou
seja, as emoções racionais são construtivas e as irracionais são destrutivas.

Distorções Cognitivas

As consequências dependem das crenças do indivíduo.

Consequências (C)
Evento (A) Crenças (B) Emocionais Comportamentais
A mulher abandonou o marido A sociedade está Revolta contra a Apoio às associações
corrompida. Veja como TV (contra as que defendem a censura
as novelas induzem à novelas). na TV.
separação.

Devem ser essas amigas Ira contra as Afastar-se das amigas da


com quem anda. amigas da mulher. mulher e vingar-se delas.

A mulher não presta. É Alívio e alegria. Vou procurar outra.


uma vagabunda. Graças
à Deus me livrei. Ainda
bem que ela tomou a
iniciativa de ir embora.

O que foi que eu fiz de Depressão. Isolamento social.


errado? Amo essa Desespero. Uso
mulher. Não posso viver imoderado de bebidas,
sem ela. É terrível. drogas.

Por que tem que Baixa autoestima. Tenta compensar


acontecer comigo? Será Depressão. praticando a religião e
que sou incompetente obras sociais.
sexual?

Que dirão os vizinhos e Angústia, Isolamento social. Mudar


conhecidos? Que desconfiança, de bairro ou cidade.
vergonha! vergonha.

Tanto faz se ela for Indiferença. Vou procurar outra


embora ou fique. mulher.

Coitada da minha mulher Preocupação. Procura ajuda para a


ela deve estar doente mulher.
para proceder dessa
maneira.

Aqui temos uma pessoa sendo representada por pessoas que tem
padrões cognitivos diferentes, então, cada pessoa tem uma reação, uma
interpretação do mesmo fato, um ponto de vista, ou seja, uma vista de um
ponto muito individual, particular, baseado nas suas crenças e de cada um
reage baseado naquilo que sentiu, que veio de emoção, então, temos crenças,
emoções e comportamentos ou pensamentos automáticos que geram
emoções, que vão me fazer agir de determinado modo.

A grande pergunta é, será que podemos controlar esses pensamentos?

Não dá para parar de pensar, mas, é possível, somos capazes de


pensar, de refletir sobre o que nós estamos pensando e se realmente aquilo
que estamos pensando faz sentido ou não, se é racional ou irracional, o que
isso vai trazer de benefício, malefício, então, se a gente quiser nós somos
capazes de controlar o que acontece depois, eu não posso impedir o
pensamento de vir mas, o que eu vou fazer depois daquilo é possível começar
a mudar, mudar o nosso destino mudando a nossa forma de lidar com o que
nós pensamos e sentimos e aí começa a mudar o comportamento.

Na vida sexual é a mesma coisa, quais são as minhas crenças, em que


estou arraigado, o que passa na cabeça antes, durante e depois do sexo, da
falha, da briga, enfim, da situação. Isso não depende de nenhum tipo de
determinismo, depende de cada um de nós querermos primeiramente, segundo
ir trabalhando de forma muito prática um treinamento cognitivo diário, repetitivo
até que consiga começar a mudar essas estruturas.

Ellis enfatiza que o indivíduo nasce com duas tendências biológicas


básicas, a primeira é irracionalmente transformar desejos em exigências
absolutas e a segunda é o potencial para identificar, questionar e mudar essas
exigências se assim a pessoa desejar.

Uma das preocupações básicas da TCC é a de identificar as crenças


irracionais, elas possuem algumas características muito básicas, elas são
inconscientes, irreais, absolutistas, dogmáticas, são emocionalmente
perturbadoras e elas não contribuem para atingirmos as nossas metas.

Em 1962, Ellis listou 11 crenças irracionais que segundo ele deveriam


ser terapeuticamente modificadas que são:

1. Ter que ser aceito ou amado por todas as pessoas que são importantes
para ele.
2. Ter de ser perfeito em tudo que faz, ter êxito e conseguir seus objetivos
ou pelo menos, ter talento e competência em alguma área importante
para ser considerado necessário pelos outros.
3. As pessoas devem sempre fazer a coisa certa. Quando se comportam
de modo injusto ou egoístico devem ser responsabilizadas e punidas.
4. É “terrível, tremendo e catastrófico” quando as coisas não acontecem
como desejaria.
5. A infelicidade emocional tem causas externas e a pessoa tem pouca ou
nenhuma capacidade para controlar e mudar seus sentimentos.
6. Se algo parece perigoso deve-se ficar muito preocupado com ele e
sentir-se ansioso, pela possibilidade que ele ocorra.
7. É mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades e
responsabilidades.
8. Cada um de nós depende dos outros. Precisamos sempre de alguém
mais forte em quem possamos confiar.
9. A história passada é fator determinante do comportamento presente, se
algum fato afetou muito a vida de alguém, terá sempre o mesmo efeito.
10. Cada um deve estar sempre preocupado com os problemas dos outros.
11. Existe sempre uma solução certa e perfeita para os problemas
humanos. É catastrófico não encontrar esta solução.

Depois que Ellis apresenta essas 11 crenças ele traz 3 categorias de


crenças irreais ou irracionais básicas que estão dentro das exigências ou das
necessidades perturbadoras. Quando essas necessidades perturbadoras não
se cumprem surgem 3 grandes exigências racionais:

• Tremendismo – que é a tendência de avaliar como 100% péssimo um


evento, considera tudo como terrível, catastrófico, a pior coisa que
poderia acontecer.
• Insuportabilidade ou não aguentite – é a tendência de exagerar o
insuportável de uma situação, o indivíduo acredita que não pode ser
feliz, por exemplo, se um acontecimento que não deveria ocorrer
acontece (imagina dentro da área sexual) é uma atitude típica que as
pessoas que tem baixa tolerância a frustração costumam apresentar.
Elas usam afirmativas do tipo, isso é insuportável, eu não vou aguentar,
é absolutamente intolerável.
• Condenação ou danação – é a tendência a condenar as pessoas, a si
próprio, à vida, se autoavaliando, avaliando tudo e todos como menor,
desprezível, sub-humano, por exemplo, eu sou, não é algo que
aconteceu, não, eu sou, isso me define, ou a outra pessoa é estúpida,
inútil, burra, fracassada, se faz, se não faz algo que deveria ter feito.
Danação também pode ser aplicada às condições da vida da pessoa
que são consideradas insuportáveis porque não oferecem as qualidades
que o indivíduo acha que deveria ter.

Necessidades perturbadoras

• Primeira “necessidade perturbadora” – é absolutamente necessário


atuar bem e ser amado e aprovado pelas pessoas que são significativas
para mim.
• Segunda “necessidade perturbadora” – é absolutamente necessário
que os outros se comportem comigo da forma como eu quero que eles
me tratem.
• Terceira “necessidade perturbadora” – é absolutamente necessário
que todas as condições de minha vida sejam favoráveis de modo que eu
consiga tudo o que quero de maneira cômoda, rápida e fácil.

A sobrevivência vem sempre em primeiro lugar, quando um indivíduo avalia


que certo evento da vida aconteceu ou pode acontecer, a primeira
preocupação é determinar se esse evento pode ameaçar a sua existência, vou
morrer ou não, acontece muito, por exemplo, quando a pessoa descobre que
tem uma enfermidade, decreta que vai morrer, já se enterra viva, outras
pessoas por algum momento entra naquele “parafuso momentâneo”, mas, logo
já avalia outras possibilidades, não se considera fadada a sentença de morte.

Em casos positivos a reação é imediata, instintiva, primitiva, então, a nossa


tendência sempre é defender a vida, é o instinto de sobrevivência, é aquele
comportamento de luta ou de fuga, então, é possível avaliar, discriminar
rapidamente se uma situação está favorável ou não.

Na vida social podemos nos ver diante de muitas situações extremas e é


nesse momento que vamos fazer uma espécie de diálogo interno que Ellis
chama de falar comigo mesmo, então, nesse diálogo interno vai tentar
perceber, questionar, vai tentar avaliar as possibilidades a luz das suas crenças
para ver se o acontecimento é negativo, positivo, se vai dar certo, se não, o
que é o pior que pode acontecer, às vezes esse diálogo interno é rápido e em
outras vezes vai ter que ponderar em cima deles por um bom tempo mas, tudo
é treino, em algumas coisas vamos mais rápido e outras nem tanto.

Principais conceitos teóricos

Abraham Maslow tem uma teoria que estabelece uma hierarquia de


necessidades humanas básicas, das mais básicas para as mais elevadas que
são:

• Necessidade de sobrevivência;
• Necessidade de segurança e proteção;
• Necessidade de integração social e afeto;
• Necessidade de estima; e
• Necessidade de atuo realização.

Um dos pontos mais importantes da teoria de Ellis são os erros de


avaliação que são as distorções cognitivas e nesse caso Ellis aponta que essas
distorções cognitivas são um traço dessas perturbações psicológicas, existem
várias distorções cognitivas:

➢ Tudo ou nada – é o extremismo, a polarização, o pensamento


dicotômico, nesse modelo cognitivo as coisas são vistas como branco e
preto, são opostos, não tem um meio termo, uma categoria
intermediária, por exemplo, se algo não está perfeito está mal, está
péssimo, se a pessoa comete uma falha quando não pode ou não deve
é considerada fracassada, incompetente, como, se não tenho orgasmo
eu não sou mulher de verdade, se eu tenho uma disfunção erétil logo,
não sou homem, então, se um indivíduo funcionar bem em um
determinado papel ele também pode se ver como superior, ou seja, da
mesma forma que a pessoa pode se rebaixar ela pode se colocar como
superior.
➢ Supergeneralização – conclui com base em um acontecimento isolado,
por exemplo, se aconteceu hoje vai acontecer sempre, se fui traída uma
vez logo, os homens traem, se para o meu pai a minha mãe não
prestava, logo todas as mulheres não prestam, então, é o emprego
muito comum do sempre, do nunca, todo mundo, ninguém, você nunca
me ouve, você nunca faz o que eu quero, você nunca me ajuda, não
conseguiu ter uma ereção ontem, acabou, jamais terei ereções, está
tudo perdido.
➢ Catastrofização ou pensamento catastrófico – também é denominada
como adivinhação, a pessoa prevê ou acha que prevê o futuro só que de
uma forma negativa, sem considerar outros resultados, alternativas mais
prováveis, outras possibilidades, por exemplo, às vezes a pessoa sente
uma dorzinha e já acha que vai morrer, às vezes um dia teve dificuldade
de atingir o orgasmo pronto, agora vou ficar anorgásmica, expressões
como é o fim, acabou, não tem mais jeito, fracasso total, tô destruída,
arrasada, essa catastrofização dificulta até mensurar o que a pessoa
está sentindo, o quão grave é aquilo.
➢ Desqualificando o positivo – quando a pessoa fala para ela mesma
que as experiências, que aquilo que ela faz, que as qualidades positivas,
nada disso conta, só foca no negativo, Judith Beck traz o seguinte
exemplo, eu fiz bem aquele projeto mais isso não significa que eu seja
competente, eu apenas tive sorte. Todo mundo elogiou, mas, meu irmão
falou que não gostou ou a minha mãe colocou um defeito, então, não
interessa se todo o auditório aplaudiu, sempre o foco está no negativo.
➢ Rotulando – quando a pessoa coloca um rótulo global e fixo sobre si
mesmo, sobre os outros, sem considerar as evidências, fixa algo sobre
si mesma ou sobre os outros, sem considerar que a conclusão seria
menos desastrosa, por exemplo, sou um perdedor, ele não presta,
mulher não presta, casamento é uma merda, sexo é isso, sexo é aquilo,
homem que é homem é de tal forma ou mulher que é mulher gosta
disso, mulher faz aquilo se não faz, não é.
➢ Magnificação (maximização) ou minimização – quando avalia a si
mesmo ou outra pessoa, situação, pode magnificar irracionalmente o
negativo ou minimizar também o negativo, mas, normalmente maximiza
o negativo e minimiza o positivo, isso nas relações afetivas, sexuais é
um dos mais presentes, quando só coloca o foco e amplia isso quando é
algo negativo, mas quando positivo dá pouca importância, às vezes a
parceria ajuda a semana inteira, aí um dia que fala não, hoje eu não tô
afim, aquilo é como se apagasse todo o bem que a pessoa já fez .
➢ Filtro mental – é um dos mais comuns, denominado também como
abstração seletiva, a pessoa acha que sabe o que os outros estão
pensando, o que estão pensando dela, o que está pensando da
performance sexual, da beleza, da roupa, do tamanho do pênis, isso é
muito comum na relação a dois, os casais não conversam, eles vivem no
filtro mental, é achar que sabe sem considerar outras possibilidades que
são até mais prováveis, até mesmo na hora do sexo, nossa será o que
está pensando, a acho que não está gostando...
➢ Personalização – é muito presente nos relacionamentos, na
sexualidade, é quando a pessoa acredita que a culpa é sempre dela,
sempre ela fez alguma coisa errada, ela se comportou de uma forma
negativa que ela não deveria ter se comportado, não considera as
explicações, por exemplo, o encanador foi rude comigo porque eu fiz
algo errado, fulano não me cumprimentou porque ele está com raiva de
mim eu fiz alguma coisa errada, o meu chefe chegou de cara feia
certeza que eu fiz alguma coisa errada, a relação sexual não está boa
certeza que o problema sou eu, ou essa relação só está dando certo
porque eu estou fazendo dar certo, a pessoa chama pra si a
responsabilidade de tudo.
➢ Declaração do tipo eu deveria, eu sou obrigado a, tenho que – o que
é esperado de mim é isso e eu tenho que fazer, quando tem uma ideia
exata de como a gente deveria ser, de como o outro deveria ser, a
relação deveria ser assim, superestima o quão ruim seria se essas
expectativas não sejam preenchidas, então, se eu deveria e não consigo
sou um fracasso, sou inadequado e aí entra num ciclo que cada vez
mais a gente vai ficando submerso nesse tipo de pensamento.

Parte 2 – Compilação de técnicas da TCC

A terapia de reconstrução ou de reestruturação cognitiva, as de


habilidades de confronto e a terapia de resolução de problemas são as mais
importantes da TCC.

No que diz respeito às técnicas empregadas na terapia sexual temos as


técnicas inespecíficas e as específicas. As técnicas inespecíficas ou gerais são
empregadas em todos os processos de psicoterapia e as específicas são
aquelas empregadas especificamente para os problemas sexuais.

Será apresentado um breve resumo das técnicas e estão em ordem


alfabética para melhor organização:

❖ Técnicas inespecíficas ou gerais

1 - Apoio

O profissional vai acolher e apoiar, esse apoio não é simplesmente


incentivar e sim conhecer, compreender e aceitar o paciente, acolher as
demandas sem julgamento, buscando sempre um diálogo de forma a
neutralizar as nossas questões pessoais em função das questões do paciente,
então, esse apoio é muito importante principalmente nesse acolhimento e
aceitação das pessoas.
2 - Autoverbalização emotiva

É verbalizar as emoções que nós estamos sentido e muitas vezes é


pedir realmente a pessoa para extravasar emoções negativas, isso pode ser
expressando o que ela sente em voz alta ou até mesmo através de gritos
porque isso vai ajudar a pessoa na liberação das emoções negativas,
principalmente as pessoas que percebemos que estão engasgados ou que não
conseguem verbalizar, que não conseguem ter uma assertividade na
comunicação com a parceria, então, é conseguir colocar pra fora emoções
negativas.

Nesse caso é muito importante ressaltarmos que devido às nossas


crenças, às nossas convicções pessoais, podemos errar na hora de conduzir
algum atendimento principalmente quando envolva emoções negativas, por
exemplo, eu tenho vontade de matar o meu pai, isso para a maioria de nós é
um choque quando ouvimos, mas muitas vezes é necessário que o cliente
coloque pra fora para que ele não continue carregando aquilo, é importante se
desbloquear emocionalmente e ser possível ir dando outros passos na
evolução da terapia. Quando chega a informação de que eu tenho muito ódio,
tipo eu odeio Deus, normalmente se temos uma fé em Deus a reação pode ser,
não, mais Deus não é ruim, você não pode falar assim de Deus ou não pode
falar assim da sua mãe,... é preciso tomar cuidado com isso.

Essa autoverbalização muitas vezes vai levar a pessoa a se ouvir e a


refletir as emoções, é um movimento muito importante dentro da terapia para
que nós possamos deixar a pessoa verbalizar, às vezes é algo que ela não
consegue falar para o cônjuge, no set terapêutico é um momento muito
oportuno, que é inclusive um lugar controlado ou ao menos um pouco mais
seguro para que a pessoa possa falar o que pensa, o que sente e fazer essa
autoverbalização emocional.

3 - Biblioterapia

Leitura por meio de literatura, artigos, revistas que você saiba que são
de fonte segura, tudo que possa ajudar os nossos pacientes a expandir a
consciência, a ter mais informações adequadas sobre algum tema, por
exemplo, indicar leitura individual, para o casal, leituras científicas para
pessoas que são mais racionais.

Dentro das técnicas de questionamentos podemos trazer, por exemplo,


para o contexto religioso, há muita distorção com doutrinas pesadas sobre a
sexualidade, é sempre bom pedir, principalmente se é casal, para eles
buscarem no livro sagrado dos cristãos que é a bíblia, o que aquela religião
traz sobre a sexualidade, que aí pode começar a questionar, a bíblia traz muita
informação sobre a sexualidade, principalmente no livro de Cantares que é
inclusive uma escrita sensualizada de um homem para uma mulher, então, o
que esse livro está fazendo ali na bíblia se a sexualidade é algo tão horrível
como é pregado em muitas igrejas.

Para o casal a literatura romântica, erótica, dentro da possibilidade de


cada um, do que é bom para cada casal, pois, precisamos respeitar as
limitações, as religiões, as crenças de cada um. A biblioterapia é extremamente
útil para a expansão da consciência a cerca da sexualidade e a pessoa pode
fazer em casa, em qualquer lugar.

Essas tarefas que vão aumentando a nossa percepção da realidade,


desmistificando, tirando uma carga negativa da sexualidade ou de qualquer
tema que seja, reformulando as nossas ideias, questionando todas aquelas
crenças disfuncionais, tudo isso estamos operando mais na questão cognitiva e
quando passamos para comportamentos mais corporais, técnicas mais
corporais também estamos trabalhando o cognitivo mas, muito mais voltado
para o comportamento.

4 – Dessensibilização imaginária

Dessensibilização é um processo gradual, que vai acontecendo aos


poucos para que a pessoa não seja exposta de uma vez ou de uma forma
abrupta a alguma coisa que ela teme, a um fato que ela tem uma fobia ou que
seja difícil para ela e assim gradativamente, seja com técnicas imaginárias ou
técnicas corporais, passo a passo vai quebrando as barreiras e
dessensibilizando a pessoa de algo que é mais simples até ela conseguir
chegar àquilo que ela espera ou a um grau mais elevado de determinada
situação.

A dessensibilização é uma técnica encoberta, que está só na mente, que


vai acontecer de forma imaginária e progressiva, pode ser algo que a pessoa
vai imaginar, por exemplo, em um caso de vaginismo, antes de fazer a
dessensibilização com os cones vaginais, com os dilatadores vaginais, antes
de a pessoa ir par a atividade de fato, podemos fazer primeiro essa
dessensibilização imaginária para que ela vá imaginando primeiro introduzindo
o cotonete, depois introduzindo o primeiro dilatador, depois o segundo e aí
passo a passo vai imaginando, sempre com algo positivo associado, sempre
com um desfecho positivo e assim é muito mais fácil quando formos iniciar uma
dessensibilização sistemática.

5 - Disposição ao fator ansiogênico

É expor o paciente aquele fator ansiogênico, numa escala crescente, do


menor fator, aquele que menos gera ansiedade, até aquele que gera maior
ansiedade, isso pode ir acontecendo ao longo do processo, pode ir casando a
dessensibilização imaginária com a dessensibilização sistemática propriamente
dita, corporal, então, a pessoa se imagina colocando o cotonete e depois que
ela coloca, se imagina colocando o primeiro cone e depois ela coloca o
segundo e assim por diante. É muito mais fácil ajudar a pessoa a desbloquear
no mental para depois ir para o campo físico.

6 – Distração condicionada

Distração cognitiva ou ainda distração da distração, é muito comum


durante o ato sexual a gente perder a atenção, o foco naquilo que estamos
fazendo, então, essa distração da distração ou essa distração cognitiva é a
busca exatamente pela concentração, estar 100% entregue naquele momento
presente e em cada sensação do ato sexual, não desviar o pensamento,
neutralizar os pensamentos automáticos, pensamentos estranhos, então, tudo
isso é importante dentro desse momento de focar naquilo que está
acontecendo aqui e agora.

Temos desde o momento pré-coito, pré-relação sexual para que a


pessoa já vá fazendo um processo de relaxamento, de respiração, de
dessensibilização imaginária para que ela já possa ir para o ato sexual focada
e no ato sexual também nós temos a técnica da parada do pensamento, que é
quando esses pensamentos começam a borbulhar na mente da pessoa, ela se
distrai e de repente ela pode perder a ereção ou se desconectar totalmente da
relação sexual e nem querer continuar ou continuar simplesmente porque tem
que ajudar a parceria a chegar ao orgasmo.

Concentração, não desviar o pensamento é um treino em que vamos


passo a passo atingindo os resultados, mas, a pessoa pode se concentrar nas
sensações do corpo, muito mais nas suas sensações corporais do que muitas
vezes nas da parceria porque a pessoa pode se desligar do momento em que
ela está vivendo em função de querer entender o que está acontecendo com a
parceria.

7 – Entrevista

É o momento inicial mais que também vai acontecendo ao longo do


processo que é esse momento para entrevistar, para abordar, interferir, aplicar
procedimentos, então, a entrevista terapêutica é tudo que diz respeito aos
questionamentos que vão sendo feitos e obviamente a essa interação que
temos com os nossos clientes/pacientes.

8 – Esclarecimento

É uma técnica muito poderosa embora seja muito simples, muito óbvia,
mas, ela é óbvia para nós que estudamos na área da sexualidade, que
sabemos, conhecemos o órgão genital feminino, masculino, sabemos o que é o
clitóris, por onde sai o xixi, mas as pessoas não.

Esse esclarecimento são orientações, informações sem tabu, sem mito,


sem preconceito que nós vamos fazendo com as pessoas, com os casais, é
importantíssimo esclarecer, muitas vezes o homem vem, por exemplo, falando
que a parceira não gosta mais dele, deve estar com outro ou não tem interesse
por ele porque ela não procura, então, nós vamos esclarecer em primeiro lugar
no contexto da diferença do homem para a mulher, vamos desfazer mitos,
tabus, muitos conceitos errôneos em relação a tamanho do pênis, enfim, tanta
coisa que o esclarecimento por si só já vai ser uma grande ajuda, pode usar
imagens, o computador, informações escritas, áudio visuais para informar e
esclarecer.

9 – Técnica da extinção

A extinção também é um comportamento encoberto, que acontece só na


mente, que é a imaginação do comportamento indesejável que queremos
extinguir, que acabe, que cesse sem que ele seja seguido de um reforço que
normalmente mantém esse comportamento.

10 – Modelação

É também encoberto, é o ato de se imaginar ou imaginar alguém se


comportando da maneira desejada, da forma que você quer se comportar
sexualmente falando, então, conforme a gente vai imaginando determinado
comportamento, determinadas práticas sexuais ou aquilo que deseja que
aconteça, que apareça, aquilo que deseja viver, isso vai facilitando que a nossa
mente vá se adaptando e o nosso corpo consiga responder a isso também.

11 – Parada do pensamento

É em relação à ansiedade, por exemplo, no momento do ato sexual em


que normalmente sabe que aquela situação vai ser problemática, vai começar
de repente a ansiedade, nesse momento vamos falar, vamos dar a ordem para
nós mesmos para pararmos, então, normalmente é um STOP, falar pra si
mesmo pára, interromper o pensamento de forma enérgica, brusca, com
ênfase, pode dar uma chacoalhada na cabeça para desfazer os pensamentos
ansiogênicos que estão vindo, isso também é um treino mas, normalmente
ajuda muito, acompanhado obviamente de respiração, mas é algo muito
importante principalmente para pessoas muito ansiosas, que desencadeiam e
não conseguem parar o ciclo de pensamentos negativos, devemos ajudar a
pessoa a identificar o momento que eles aparecem e STOP e isso serve para
tudo, pois, ainda estamos falando de técnicas gerais, no caso de ansiedade
junto com o STOP é importante a pessoa focar em algo.

Quando existe quadro de ansiedade junto com a técnica do pare, se a


pessoa está na rua focar em um objeto, ler alguma coisa, contar quantos carros
brancos passam na rua, enfim, parar o pensamento e focar em outra coisa.

Para a sexualidade esse pare seguido de uma concentração maior


naquilo que está sendo prazeroso, pode unir técnicas e começar a modelar um
pensamento que seja mais funcional.

12 – Técnica da permissão

É o permitir-se, o ato gradativo, sistemático da pessoa ir se permitindo,


não é raro que os pacientes às vezes peçam a permissão, o aval do terapeuta
para determinados comportamentos, para determinadas situações que ele
gostaria de viver, não só da pessoa ir se permitindo, ir se autorizando mais o
próprio terapeuta liberar a pessoa para fazer determinada coisa, para que a
pessoa aceite que aquele comportamento é normal, que está tudo bem se ela
fizer.

Pessoas muito reprimidas sexualmente ou que tem alguma forma de


crença religiosa limitante, por exemplo, tem pessoas que perguntam, eu posso
ao invés de estimular o meu clitóris com a mão usar um vibrador porque às
vezes aquilo para a pessoa ainda é algo tabu e aí explica que ela pode, que vai
ser algo prazeroso e ainda pode ajudá-la, instruir para não colocar direto no
clitóris, estimular outras partes do corpo também, então, aqui já estamos dando
uma permissão, entrando com esclarecimento, vai unindo as técnicas que vai
ajudando muito.

Nunca vamos conseguir usar todos os recursos com uma única pessoa
e só precisamos acrescentar técnicas se aquilo que estamos fazendo não está
resolvendo, aquilo que o esclarecimento, que alguns processos simples de
psicoeducação ou das próprias técnicas corporais já está ajudando porque
tenho que ficar colocando outras técnicas corporais, então, precisamos focar
muito no objetivo do cliente porque a terapia sexual é focada e breve.

13 – Técnica de reestruturação cognitiva

É para modificação dos pensamentos disfuncionais par que os pacientes


possam ter comportamentos mais adequados, estamos falando de identificação
de crenças irracionais, confrontação dessas crenças, ou seja, levar os
pacientes a questionar as crenças irracionais, trabalhando com as técnicas de
questionamento.

14 – Técnica do reforçamento positivo

Mais conhecida como terapia do reforço, é uma técnica encoberta que


trabalha com a imaginação, a fantasia, visando a imaginação de um
comportamento que é desejado seguido de recompensa, podemos muitas
vezes começar a imaginar esses comportamentos seguido de uma
recompensa.

15 – Técnica do relaxamento

Vai trabalhar mente e corpo, ou seja, relaxamento corporal e psíquico


tem o relaxamento muscular progressivo de Jacobson em que vai contraindo e
relaxando cada parte do corpo, às vezes o paciente chega com tanta tensão
que temos que fazer esse relaxamento na própria sessão, é feito em silêncio,
seguindo as ordens do terapeuta ou mesmo vídeo, áudio.

16 – Técnica da sensibilização

A sensibilização é o oposto da dessensibilização. A dessensibilização é


algo que eu estou sensível de forma exagerada à determinada coisa e vai
dessensibilizar, ir aos poucos tirando esse incômodo, esse desconforto
relacionado a algo ou alguma situação.

A sensibilização é fazer a pessoa se tornar mais sensível à determinada


coisa, nesse caso estamos falando de uma associação de estímulos aversivos
com comportamentos indesejáveis.

Essa técnica quase nunca é usada, porque é uma técnica que pode em
alguns momentos trazer prejuízos, quando lidamos com alguma situação de
pensamentos, comportamentos que são indesejáveis para a pessoa, que traz
sofrimento e você introduzir uma imagem aversiva junto com um estímulo que
a pessoa deseja extinguir, por exemplo, a pessoa durante a relação sexual tem
muitos pensamentos pedofílicos, pensamentos indesejados, então, essa
sensibilização pode ser feita com a pessoa numa situação sexual que seja de
masturbação, de fantasias daquilo que traz o estímulo e quando ela está
prestes a ter o orgasmo ela introduz imagens, uma foto mesmo daquele
conteúdo aversivo para que quando ela estiver ali prestes a ter o orgasmo, ela
visualize e imagine aquela situação aversiva para que ela vá sensibilizando e
fazendo perder força ou substituindo aquele estímulo indesejável por outro que
seja desejado, então, dentro da terapia sexual há de se questionar a
aplicabilidade dessa técnica.

17 – Técnica da cadeira vazia

As técnicas psicodramáticas são muito boas, o paciente nesse caso vai


interpretar, ele vai perguntar e ele mesmo vai responder, então, pode colocar
duas cadeiras, uma de frente para outra de forma que a pessoa possa trocar
de posição, em alguns momentos pode trocar de lugar com o próprio terapeuta,
em que ele vai ser o terapeuta e você o cliente, essa é outra possibilidade e
aqui entra numa outra técnica que é o role play, que é encenar, fazer esse jogo
de papéis.

A cadeira vazia é para ele se visualizar, pensar, chamado de âncora, a


pessoa estando na posição se torna mais fácil visualizar possibilidades de
questionamentos, para vir com ideias, trocar de papeis.

18 – Técnica da intervenção paradoxal

O objetivo dela é que façamos um rompimento do ciclo de ansiedade,


fóbico por meio de algumas sugestões de comportamentos inadequados que a
gente não quer que o paciente faça mais ele pode acabar fazendo porque a
gente disse que não era pra fazer, mais ou menos como a psicologia reversa.

Vamos sugerir algum comportamento inadequado, ou seja, vamos


solicitar para o paciente que ele não faça o que se pretende fazer, isso
acontece muito quando passarmos a técnica do foco sensorial, trabalhando os
cinco sentidos, tirando o foco da penetração a gente proíbe o coito que é outra
técnica também, aí é muito comum, quase sempre, eles tem a penetração e
chegam dizendo que foi muito bom, porque eles entraram sem a intenção da
penetração, eles não estão obrigados a fazer e normalmente dá um efeito
positivo, então, nesse caso quando a gente proíbe o coito já pode vir a ser uma
intervenção paradoxal, é quando a gente quer que um comportamento
aconteça mais fala o contrário para instigar realmente o paciente a fazer, a agir
de determinada forma.

19 – Técnica de dramatização com inversão de papéis

Chamada também de role play, pode trocar de papéis porque aí o


paciente pode ver ele mesmo, como as suas crenças são irracionais através do
diálogo, do debate com o terapeuta e juntos vão elaborando mudanças, outras
formas de pensar é muito interessante porque o simples fato do paciente ouvir
aquilo que ele mesmo falou parece que aquilo já perde uma força,
principalmente se tiver a possibilidade de uma dramatização com a
possibilidade de ver realmente o que fala.

20 – Técnica de respiração

É uma técnica dentro do relaxamento também, mas é muito mais voltada


para o controle dessas modificações funcionais do corpo durante situações de
estresse e de ansiedade, isso é essencial.

A respiração envolve dois níveis tanto de consciência quanto corporais,


ela trabalha o involuntário e o voluntário, eu posso escolher como respirar, eu
posso escolher qual velocidade, qual profundidade mais eu não posso escolher
não respirar.

A respiração é a junção entre o físico, o mental e o emocional, ela é


uma das técnicas em que vemos um resultado muito poderoso de forma muito
rápida, principalmente para controle de estresse e ansiedade, então, ensinar as
pessoas a respirar com consciência é muito importante.

21 – Técnica do espelho

De autoconsciência corporal, ela não necessariamente tem que


acontecer de frente a um espelho, a pessoa pode fazer no banho, na cama, às
vezes para algumas pessoas vai ser melhor começar no escuro, imaginando se
tocando primeiro para depois ela ir pra frente do espelho, dessa forma já está
fazendo uma dessensibilização imaginária também.

A pessoa se visualizar no espelho para que ela possa reestruturar as


ideias equivocadas que ela tem do padrão de beleza distorcido dela mesma, de
partes do seu corpo e aí ela vai perceber que enquanto ela olha alguns
sentimentos vão surgir e isso pode ser trabalhado também com o terapeuta
trazendo para a sessão o que sentiu, o que pensou, mas o objetivo também é
focar naquilo que é positivo, naquilo que é bom, que é bonito, pede para listar o
que gosta no corpo e o que não gosta.

O que você pode mudar? O que você pode fazer para mudar? Pode
fazer uma reeducação alimentar, procedimentos estéticos, talvez uma
intervenção cirúrgica, vai avaliando cada caso.

Mas e o que não pode mudar? Porque o que não pode mudar precisa aceitar e
dar um novo significado.

O significado de pertencimento também é muito importante nessa


autoaceitação, buscar trabalhar com imagens, recortes de revistas, para que a
pessoa possa ver que a beleza dela também está presente em outras pessoas
famosas, consideradas bonitas, símbolos sexuais, podemos trabalhar com a
diversidade da beleza, mas, principalmente às vezes, quais são as vozes que a
pessoa ouve internamente quando ela se olha no espelho.

22 – Técnica de aumento do comportamento

É reforçar o comportamento desejável, então, vemos que é possível no


treino, na repetição ir se aproximando daquilo que é desejado, esse
comportamento pode primeiro acontecer no imaginário, ele pode ser modelado,
depois ela começa a aparecer e vamos começar reforçando até que isso se
torne o natural, habitual, comum na vida das pessoas.

23 – Técnicas de comportamentos operantes

O objetivo é controlar e condicionar o comportamento por meio de


recompensas e castigo ou punição.

24 – Técnica de condicionamento encoberto

É o que se dá no campo da imaginação e da fantasia, todos os


comportamentos são imaginados e experimentados, experienciados pelo
paciente no âmbito da imaginação, vamos trabalhar reforço positivo, reforço
negativo, sensibilização, extinção, modelação, está tudo dentro dessa técnica.

25 – Técnica de diminuição de comportamento

Vamos identificar, extinguir o reforçador desses comportamentos, então,


se tem comportamento indesejável o que é o reforço, qual recompensa que eu
estou tendo que vai precisar excluir, modificar.

26 – Técnicas para o aparecimento de comportamentos

Vamos propiciar o aparecimento de determinados comportamentos


desejáveis através da imitação do comportamento que é a modelação ou
vamos alcançar determinado comportamento, determinada prática pouco a
pouco, então, é uma aproximação sucessiva daquele comportamento que
queremos que apareça e também o não reforçamento dos comportamentos
que queremos que desapareçam.

27 – Treinamento assertivo

Esse é muito importante principalmente para casal, é quando o paciente


treina a se posicionar adequadamente, ele vai balancear a inibição e a
agressividade, é como se fosse assim, podemos falar tudo que precisa ser
falado, só que tem um jeito, tem uma forma.

A assertividade está muito ligada a garantir os meus direitos sem ferir os


direitos do outro, falar dos meus sentimentos sem ferir os sentimentos do outro,
é dizer sim e não porque isso é normal do adulto saudável, a pessoa que diz
sim o tempo todo está doente, está disfuncional e a pessoa que diz não o
tempo todo que é tirânica também está em desequilíbrio, também está doente,
ou seja, não está saudável, esse treino vai muito de se expressar.
Uma das coisas que mais detona a vida sexual é a pessoa não saber
expressar o que ela é e esse não expressar vem lá da infância, mas, nós
precisamos ir ajudando a pessoa a se questionar, o que é o pior que pode
acontecer se falar? Vamos treinar aqui juntos como que você poderia falar,
como você poderia colocar isso em outras palavras que tenha menos chance
de agredir sua parceria, qual é o melhor momento de falar, então, esse
treinamento assertivo é muito importante.

28 – Treinamento das fantasias

A nossa mente, o mundo das ideias, a fantasia é o mais importante


principalmente para o aparecimento do desejo, então, aprender a fantasiar
também vai incluir o permitir-se, o treinamento, o foco, a parada do
pensamento, a pessoa às vezes não consegue fantasiar, muita gente nem
ousa, nem sabe como que é, podemos ajudar a pessoa a ir treinando, pensar
em lugares, situações, aquilo que pode despertar o desejo.

❖ Técnicas específicas da terapia sexual

1 – Técnica da autofocagem

Vai focar, sobretudo na percepção tátil, pode ser feita no corpo todo,
pode ser feito a autofocagem como também com a parceria focando no toque,
com a ponta dos dedos, modificando toque, intensidade, movimentos, pode
unir as percepções sensoriais de quente, frio, vai adaptando para o casal mais
nesse caso especificamente é a autofocagem, pode ser feito no banho,
massageando, percebendo cada parte do corpo, tocando, num movimento de
autocuidado, autocarinho, focando realmente nas percepções sensoriais, ela
pode ser no corpo todo ou em partes.

2 – Autofocagem corporal
É a percepção tátil do corpo todo, massagear do couro cabeludo até a
pontinha do dedinho mínimo, pode usar texturas diferentes tecidos, penas,
quente, frio, usar a imaginação mais ter foco na percepção.

3 – Autofocagem genital

Uma dessensibilização gradativa que vai incluir atividades táteis, visuais,


exploração dos genitais com ajuda do espelho que é a técnica do espelho só
que focada no genital, nesse momento pode associar os exercícios de Kegel,
introdução de dedo (1, 2 dedos), objetos como dilatadores vaginais, vibradores,
objetos vibratórios, mas, da mesma forma gradativamente, pode começar com
um bullet, depois aumenta para vibrador personal, pode ter uso de material
erótico também e vai mesclando junto com as fantasias.

Pode usar essas técnicas como uma dessensibilização sistemática,


gradativa que vai desde o toque de algumas partes do corpo que normalmente
não focamos tanto durante o sexo, por exemplo, os braços, a barriga, só os
seios, as coxas, os pés, as costas, o couro cabeludo, tem várias partes do
nosso corpo que proporcionam sensações prazerosas e não necessariamente
tem que ter conotação sexual. Para pessoas que tem muita resistência pode
começar com a autofocagem, depois de todo o corpo e culminando na
autofocagem genital e aí vai acrescentando outros itens.

4 – Técnica do cadeado

Com a mulher sentada, por exemplo, na mesa, na beirada da cama, a


mulher consegue que o homem venha para a penetração e ela prende o
homem cruzando as pernas, var dar essa “trancada” com as pernas. É uma
atividade que ajuda no controle da penetração, nesse momento conforme o
casal vai treinando a mulher pode fazer os movimentos de contração com os
movimentos de kegel para trazer mais percepção.
5 – Técnica da compressão basilar

Quando o homem percebe que a excitação sexual está muito grande e


aí naquele momento pré-orgasmo, ele retira o pênis da vagina parcial ou
totalmente e vai fazer a compressão da base do pênis, nesse momento respira
fundo, segura 4,5 segundos ou até que ele sinta que começou a dar uma
baixada na tensão sexual, nessa hora é importante explicar para o casal que o
pênis vai dar uma detumescida, só que eles vão continuar as carícias, os
estímulos apropriados e a ereção volta novamente, tem que ajudar a pessoa a
entender que ela tem que estar focada e que ela vai precisar ter uma
percepção corporal muito nítida de qual é o momento certo de parar, porque
tem um momento que se já tiver na inevitabilidade ejaculatória o orgasmo e a
ejaculação vão vir, mas, reforçar que se acontecer tá tudo bem, é um treino,
talvez não vai ser da primeira, nem da quinta, nem da décima vez, mas, é
importante falar para baixar as expectativas da pessoa porque isso também
pode atrapalhar.

6 – Compressão perineal

A parte entre o ânus e o saco escrotal, normalmente com dois dedos o


homem vai na região perineal e pressiona, repirando, por alguns segundo ou
até sentir que baixou a tensão sexual, focado, vai dar uma detumescida no
pênis e depois o casal ou a própria pessoa vai continuar os estímulos. A
pessoa pode testar e sentir o que é melhor para ela a compressão perineal ou
a basilar. Tem pessoas que fazem o abaixamento do saco escrotal que pode
ter o mesmo efeito.

7 – Condicionamento orgásmico ou recondicionamento orgásmico

É a prática da masturbação, pode falar estimulação principalmente num


primeiro momento em que não se conhece a pessoa ou que ainda está na
construção do elo terapêutico, precisamos desmistificar isso, mas, vamos aos
poucos sentindo cada pessoa, então, é a prática da masturbação/estimulação
utilizando fantasias eróticas e no momento do orgasmo ou quando já estiver
começando o orgasmo, a pessoa substitui a fantasia pela imagem da parceria
e aí quando estiver próximo ao orgasmo vai fazendo essa ligação entre o
prazer, o orgasmo, o prazer genital com a imagem da pessoa que deseja
colocar nessa relação para trazer o aparecimento de um comportamento.

Nesse caso precisamos tomar cuidado com questões religiosas, porque


é muito particular de cada pessoa como ela se sentiria mais à vontade, o que
ela prefere ou pode criar na sua mente um personagem de acordo com suas
preferências e que inclusive pode ser a própria parceria, ver com a pessoa uma
cena ou se teve alguma relação sexual deles que foi muitíssimo prazerosa, se
tiver pode ser essa fantasia, pode voltar a ter o estímulo introduzindo a imagem
da parceria.

Caso seja uma fantasia que não seja com a parceria, com alguém que
existe ou com alguém imaginário, lembrando das limitações de cada um, uma
das opões quando a pessoa já estiver próxima ao orgasmo pode ser uma foto
da parceria porque nem todo mundo tem facilidade de fantasiar, principalmente
pessoas que já tenham uma dificuldade cognitiva de concentração, então, a
foto vai ajudar porque o nosso cérebro já vai fazendo essa conexão e o
orgasmo focado naquela pessoa, naquela figura específica já vai fazendo esse
desbloqueio.

8 – Desbloqueio ejaculatório

Essa técnica é muito importante, por exemplo, para o bloqueio


ejaculatório, para a ejaculação bloqueada ou retardada, o foco primeiramente
vai ser nas percepções eróticas da pessoa sem compromisso de agradar a
parceria, o que chamamos técnica do egoísmo, é claro que o sexo é uma troca,
não posso pensar só no meu prazer nem só no prazer do outro, mas, para
quem tem essa dificuldade precisa tocar, pensar, se permitir ter a ejaculação
livre em frente à parceria, trabalhamos muito com a permissão, ou dentro da
vagina da parceira.
Claro que vamos trabalhar a parceria, trabalhar qual a função de cada
um nesse sistema, que tipo de dinâmica relacional e vamos fazer essa
dessensibilização primeiro de forma encoberta, ajudar a pessoa a ir
imaginando essa ejaculação junto com a parceria, como que ele se sente, que
pensamentos que vem, qual é o medo, quais lembranças para depois ir para a
dessensibilização orgástica propriamente dita.

9 – Técnica da dessensibilização masturbatória

Dessensibilização já vimos que é aos poucos e nesse caso até o próprio


nome pode ser um bloqueio para a pessoa, então, vamos fazendo essa
dessensibilização sistemática falando primeiro estimulação, tudo que vai
gradualmente é uma forma de dessensibilizar, de tirar aquela sensibilidade
extrema que a pessoa tem com determinados assuntos ou situações.

É muito importante que a dessensibilização masturbatória comece


primeiro na desconstrução sistemática de mitos, de preconceitos, de questões
religiosas, de pecado, de diabólico e aí nesse caso usamos várias outras
técnicas para fazer a dessensibilização, biblioterapia, fazer questionamento,
tudo para ajudar a pessoa nesse desbloqueio masturbatório.

Primeiro fazer todas as práticas encobertas, de imaginação, depois que


vai para a prática da masturbação propriamente dita.

10 – Técnica da dilatação vaginal ou dessensibilização vaginal

Dessensibilização sistemática, gradativa, da dilatação progressiva,


podemos usar os dilatadores, pode ser feito na fisioterapia que nesse caso vale
a pena ressaltar que tanto os exercícios de Kegel, quanto a dessensibilização
com dilatadores, com calibradores tem que ser feito após avaliação
ginecológica, avaliação da fisioterapia pélvica que é especializada nesse tema
da saúde íntima, é importante que mesmo que o terapeuta que vai indicar
porque é uma técnica da terapia sexual, ter essa parceria com os outros
profissionais, uma mulher que está muito receosa ou um tratamento que não
está conseguindo ter o resultado que precisava pode ter o auxílio da
fisioterapia pélvica.

Fazer primeiro uma dessensibilização imaginária e depois que vai para o


propriamente dito, sempre com o uso de lubrificante, usar o dedo da própria
pessoa, dedo do parceiro até que vai usando os dilatadores e poder culminar
na penetração.

11 – Exercícios de Kegel

É conhecido também como relaxamento geral de Kegel, fazer


primeiramente a avaliação, é uma série de exercícios vaginais, dos músculos
perineais, tem contração/relaxamento, tremulação que são os exercícios feitos
em uma velocidade mais rápida, tem a sucção, a expulsão, podemos também
começar primeiro com a técnica encoberta, que é a pessoa imaginar que tem
um objeto dentro da vagina, na entrada da vagina e ela pode se imaginar
sugando, expulsando e depois que pode usar esses objetos como os cones
vaginais que vão ajudar nesse treino de sugar e expulsar.

12 – Técnica de focagem à penetração ou coito não exigente ou vagina


parada

É focar nas sensações genitais sem necessariamente o orgasmo,


normalmente a mulher vai vir por cima primeiro sem movimentar, faz a
penetração e fica parada, vagina parada, só focando na sensação, no que está
sentindo, depois sistematicamente começa pequenos movimentos, nem
precisa ser para cima e para baixo, pode ser pequenos movimentos do quadril
para que o parceiro vá sentindo levemente esses movimentos e depois
gradativamente vai aumentando e vai percebendo.

O casal nesse momento vai ter uma cumplicidade muito grande, porque
se a mulher começar a fazer movimentos o homem começa a sinalizar para ela
calma, para, relaxa, então, tem que ser feito de forma gradual até a
movimentação da penetração vir a ser mais livre e eles conseguirem mudar de
posição, esse homem vai conseguindo mais liberdade, mais autocontrole até
conseguirem realizar o que é desejo de ambos.

13 – Foco sensorial I e II ou focagem das sensações ou foco sensorial

O objetivo dessa técnica é focar nas sensações, nos sentidos para


enriquecer a relação sexual através da sensibilidade, da sensorialidade com a
troca das sensações, com o estímulo dos cinco sentidos.

O foco sensorial I é com a proibição do coito.

O foco sensorial II pode ter estímulo genital, mas, o foco continua


sendo no corpo todo e não só no genital, nesse caso pode ter orgasmo mais
sem penetração com estímulo oral ou manual.

14 – Manobra da ponte

É o estímulo clitoriano durante a penetração, pode usar imagens para


mostrar durante a sessão no notebook, tablet ou imprimir e plastificar para
mostrar para o casal pode preparar um material impresso e entregar para
pessoa ou para o casal levar pra casa.

Pode ser feito a própria mulher estimulando, o parceiro estimulando,


uma posição em que o clitóris vá ser estimulado pelo corpo do parceiro ou por
um travesseiro ou um objeto que pode ser um vibrador, vai entendendo cada
pessoa para ir auxiliando dentro das limitações de cada um.

15 – Técnica da modelagem masturbatória

A modelagem é o que deseja que apareça, então, primeiro faz de forma


encoberta, mental, é o autotreinamento do homem de prolongar o tempo da
ereção, retardando a ejaculação por meio da técnica masturbatória, com
manobras de vai e vem que vão sendo intercaladas com pausas.
Primeiro faz essas movimentações com a mão seca e depois com a mão
úmida é chamado também de stop-start, faz alguns movimentos, para,
espera baixar a tensão, depois faz outros movimentos.

Pode perguntar para o homem mais ou menos quantas manobras ele


acha que consegue fazer antes de ejacular, normalmente eles falam eu
consigo 1 minuto, 2 minutos, mas, precisamos pensar que às vezes ele vai
conseguir 2, 3, 5, 10 manobras de vai e vem para depois parar, de repente ele
vai conseguir parar só uma vez e já vai ejacular, talvez na primeira vez ele nem
vai conseguir, tem que levantar todas essas possibilidades com a pessoa para
não ter mais frustração.

O objetivo aqui é ir no stop-start, para/continua as manobras de vai e


vem começando com a mão seca, quando estiver tendo um pouco mais de
controle usa um lubrificante, em algumas possibilidades também pode usar
próteses de vagina de silicone que pode inserir aqui nesse contexto que já vai
dando uma textura diferente, uma pressão diferente que já não é a pressão da
mão do homem, do jeito que ele faz porque assim vai dessensibilizar para
conseguir ir para a penetração com a parceria.

16 – Técnica da partilha da fantasia

Dependendo da parceria é aconselhável compartilhar as fantasias como


um meio de sair da rotina, de apimentar a relação.

Nesse caso não precisa ser fantasias reais, tem que ir com muito
cuidado porque de repente o homem vai falar eu fantasio fazendo sexo com
fulana (o) de tal, isso é delicado, então, pode ser uma partilha que eles podem
criar, vai sentindo cada caso, mas, normalmente a pessoa já passou pelo
desbloqueio/treino das fantasias, talvez já fizeram um treino assertivo, já estão
conseguindo comunicar mais e conseguindo dialogar mais, aí já pode entra
para a partilha das fantasias, podem escrever um começa uma história o outro
continua, pode ser verbalmente, fantasiando, falando um para o outro, isso
pode ser uma preliminar para o início da relação sexual, pode ser feito sem
nenhuma conotação sexual só para irem praticando mesmo e depois trazer
para o terapeuta como que foi, o que sentiu e assim por diante.

17 – Técnica da pornografia ou da erotização visual

É o uso de material erótico com a finalidade de excitação sexual, de


aparecimento do desejo, de aumento da excitação, da ereção, da lubrificação.

Deve-se tomar muito cuidado porque a pornografia pode fazer muito


mais mal do que bem porque tem o mito do tamanho do pênis, foco excessivo
em vaginas infantilizadas sem pêlo, todas harmônicas, normalmente corpos
muito bonitos, ereções que duram horas, o orgasmo focado só no prazer
masculino, a mulher como objeto, mas, está na literatura e cada um fica à
vontade para decidir o que fazer.

Mas podemos sim indicar e orientar o casal, o indivíduo a buscar filmes,


leituras que sejam sensuais ou eróticas e não puramente pornográficas, tem
vários filmes, livros de contos que trabalham muito mais a imaginação, que não
são tão focados na penetração que tem um enredo, uma história e isso
principalmente para as mulheres é muito bom.

18 – Autoterapia

São técnicas que vão ser praticadas pelo próprio paciente par que ele
tenha uma transformação psicológica, comportamental, social, com
características muito específicas, com comodidade, no conforto da sua casa,
privacidade, conveniência, tudo que ele vai fazer em casa sozinho ou o casal
chamamos de autoterapia, a própria biblioterapia, leitura, autoconhecimento,
tudo isso passa por essa questão.
19 – Provocação sem coito

É o casal iniciar alguma atividade sexual num momento, num lugar que é
impossível concretizar a penetração, por exemplo, na subida de um elevador,
em lugares públicos, mas, explicar para não entrarem no atentado violento ao
pudor é algo que vai excitar, estimular o casal, mas , que eles não podem
concluir o coito, quando não tem tempo suficiente, isso serve muito para
pessoas que estão com baixo desejo sexual, baixa excitação, porque se a
relação sexual vai acontecer à noite, por exemplo, isso pode ir acontecendo ao
longo do dia para apimentar a relação, sair um pouco da rotina.

20 – Simulação do orgasmo

Quando a própria pessoa simula que está tendo um orgasmo, pode


simular posições, barulhos, gemidos, gestos, movimentos e se imaginar tendo
um orgasmo, como a pessoa imagina que seria, como ficaria seu corpo, como
ela iria gemer, se movimentar, isso é bom para o cérebro ir dando permissão
para o nosso corpo.

21 – Técnica do squeeze

A mulher vai fazer a masturbação, ela que vai estimular o pênis até o
momento pré-orgástico, aí o homem sinaliza que está quase e nesse momento
a mulher vai fazer a compressão da glande, mas, não em cima da glande e sim
abaixo, naquela fenda chamada de sulco balanoprepucial, junto com a parceria
vão achar qual a pressão ideal, aí faz o stop e depois vai para o start, reinicia,
pode ser na penetração também ou só na estimulação e vai fazendo, baixou
tensão sexual reinicia, até que o homem consiga controlar ou que seja
suficiente para ambos.
22 – Treino da fantasia

É o estímulo da fantasia, criação, imaginação, variação de personagem,


cenário, contextos.

❖ Disfunção do desejo/inapetência

1. Apoio

2. Autofocagem corporal

3. Biblioterapia

4. Coito não exigente/ focagem à penetração

5. Condicionamento orgásmico

6. Distração cognitiva

7. Entrevista terapêutica

8. Esclarecimento

9. Exercício de Kegel

10. Focagem das sensações

11. Parada do pensamento

12. Partilha de fantasia

13. Pornografia/ erotização visual

14. Proibição do coito

15. Reestruturação cognitiva

16. Relaxamento

17. Técnicas de modelação encoberta

18. Treinamento assertivo

19. Treino da fantasia


❖ Disfunção da excitação – disfunção erétil – ausência de
lubrificação vaginal

1. Apoio

2. Autofocagem genital

3. Biblioterapia

4. Coito não exigente

5. Dessensibilização sistemática

6. Entrevista terapêutica

7. Esclarecimento

8. Estimulação repetida

9. Exercícios de Kegel

10. Foco sensorial I e II

11. Masturbação

12. Parada do pensamento

13. Partilha da fantasia

14. Permissibilidade

15. Pornografia

16. Proibição do coito

17. Provocação sem coito

18. Reestruturação cognitiva

19. Reforçamento positivo


20. Relaxamento

21. Treinamento assertivo

22. Treinamento da fantasia

❖ Disfunção do orgasmo – ejaculação precoce/ prematura

➢ Individual

1. Apoio

2. Cadeado

3. Distração da distração

4. Entrevista terapêutica

5. Esclarecimento

6. Exercícios de Kegel

7. Reestruturação cognitiva

8. Relaxamento

9. Stop-start ( mão seca e mão úmida)

10. Técnica do espelho

11. Treino assertivo

12. Autofocagem
➢ Com o par

1. Coito não exigente

2. Compressão basilar e perineal

3. Dessensibilização masturbatória

4. Focagem das sensações

5. Modelagem masturbatória

6. Partilha de fantasias

7. Recondicionamento masturbatório

8. Squeeze

9. Stop-start

10. Treino da fantasia

11. Treino assertivo

❖ Ejaculação bloqueada

1. Apoio

2. Coito não exigente

3. Desbloqueio ejaculatório – orgásmico

4. Dessensibilização masturbatória

5. Distração condicionada

6. Entrevista terapêutica

7. Esclarecimento

8. Exercícios de Kegel

9. Focagem das sensações


10. Masturbação

11. Relaxamento

12. Treino assertivo

❖ Anorgasmia

1. Apoio

2. Autofocagem corporal

3. Autofocagem genital

4. Autoterapia

5. Biblioterapia

6. Condicionamento orgástico

7. Desbloqueio ejaculatório – orgásmico

8. Dessensibilização imaginária

9. Dessensibilização masturbatória

10. Distração condicionada

11. Entrevista terapêutica

12. Esclarecimento

13. Exercícios de Kegel

14. Focagem das sensações

15. Foco sensorial I e II

16. Manobra da ponte

17. Parada do pensamento


18. Partilha de fantasias

19. Permissão

20. Pornografia

21. Reestruturação cognitiva

22. Reforçamento positivo

23. Relaxamento

24. Simulação do orgasmo

25. Técnica do espelho

26. Treino da assertividade

27. Treino das fantasias

❖ Vaginismo

1. Apoio

2. Dessensibilização imaginária

3. Dessensibilização masturbatória

4. Dessensibilização sistemática

5. Dessensibilização / dilatação vaginal/ dessensibilização invivo

6. Entrevista terapêutica

7. Esclarecimento

8. Exercícios de Kegel

9. Focagem das sensações / foco sensorial I e II

10. Reconstrução cognitiva

11. Relaxamento

12. Técnica do espelho / autoconsciência corporal


13. Treinamento assertivo

❖ Dispareunia

1. Todas as técnicas usadas para o tratamento do vaginismo

2. Parada do pensamento

3. Permissão

4. Técnicas de reforçamento positivo / terapia de reforço.

Parte 4 – TCC Revisão – Luciana Vilela

A TCC tem uma abordagem breve e focada, ela é breve porque ela tem
começo, meio e fim e é focal porque tem o foco no problema do paciente,
porém, é preciso ressaltar que não vemos esse paciente como o problema, a
demanda, a queixa que ele nos traz, essa pessoa tem um todo, um histórico e
todas as questões que o envolve e não simplesmente aquele problema que ele
está trazendo específico ou às vezes não, mas, diante da dinâmica da TCC,
essa psicoterapia é onde vamos trabalhar os nossos pensamentos.

Dentro desta abordagem entendemos que nós temos um


comportamento sendo considerado como algo positivo ou não porque antes do
comportamento nós sentimos uma emoção, uma emoção sozinha ou junto à
outra, então, eu estou só com raiva ou eu estou feliz, ou estou ansiosa e triste,
brava e triste, pode associar mais de uma emoção, mas antes dessa emoção
vários pensamentos passaram pela mente.

Nós temos vários pensamentos, esses pensamentos geram as


emoções e produzem os comportamentos e nessa tríade algumas vezes
existem as reações físicas, algumas pessoas tem nesse processo de
desenvolvimento reações fisiológicas, dependendo da situação que ela
descrever ou dependendo do que ela estiver sentindo ou o que estiver
acontecendo tem pessoas que podem ter uma palpitação ou até a sensação de
estar tendo algum problema cardíaco como às vezes eles descrevem, tem
pessoas que tem sudorese, tremores, outras mancham o corpo que são
sintomas físicos, são mais atípicos mais nessa tríade de pensamento gera
emoção e produz comportamento podem existir também reações físicas.

Precisamos entender qual é a diferença de cada um deles, parece até


fácil saber, porém, quando o paciente chega ele vai descrever uma situação,
olha o que tem acontecido é que às vezes na situação tal, no meu
relacionamento ou quando vamos fazer tal coisa, então, ele vai trazer a
situação e vai dizer eu fico com raiva, eu sinto tal coisa, ou ele vai descrever o
comportamento eu não quero ir, eu não quero fazer, eu não gosto de escutar,
ele vai te descrever muitas vezes o comportamento ou a emoção, dificilmente o
paciente te descreve ao menos um pensamento quanto mais o turbilhão de
pensamentos que passam na nossa cabeça o tempo todo.

Nosso trabalho muitas vezes é ensinar o paciente onde as coisa


começam, então, vamos falar do que são os pensamentos, dos nossos
pensamentos automáticos ou pensamentos quentes, o que são nossas crenças
centrais ou nucleares como são chamadas.

Nesse processo terapêutico se o meu objetivo é mudança de


comportamento, se esse paciente não quer mais ter as emoções que ele tem
tido, não quer mais ter ações, não quer mais agir como tem agido, se buscou
com esse foco que quer mudar uma situação, precisa mudar onde as coisas
começam e nessa abordagem as coisas começam nos pensamentos.

Um pensamento nunca está sozinho, uma emoção pode estar sozinha,


só triste, só raiva, só alegre, mas, o pensamento não está sozinho, às vezes
ele vai dizer... a eu pensei que a pessoa não queria sair comigo, a pensei que a
pessoa estava com raiva de mim, pensei que não queria mais olhar na minha
cara, ele vai trazer um pensamento só muitas vezes, talvez uma ou outra
pessoa te traga mais, não tem uma regra, aí temos que desenvolver os
exercícios para que a pessoa consiga identificar todos os outros pensamentos.

O nosso pensamento é atemporal, lembro-me de uma coisa que


aconteceu na infância e em uma fração de segundos já me lembro de uma
coisa que aconteceu agora, lembro-me de algo que vai acontecer no futuro,
então, passa tão rapidamente, a pessoa está tão envolvida na emoção que é
difícil saber o que passou na cabeça naquele momento, tem sempre que
perguntar, o que passou na sua cabeça quando sentiu algo que não foi
agradável ou que você teve um comportamento que não foi tão ajustado,
alguns vão ter acesso outros não.

Os nossos pensamentos estão dentro das nossas cognições juntamente


com outras funções nas cognições, os pensamentos são carro chefe da TCC.
Nesse processo dos nossos pensamentos temos os pensamentos funcionais e
os disfuncionais.

Os pensamentos funcionais funcionam para produzir resultado, se o


pensamento gera emoção e produz um comportamento funcional, gera uma
emoção que funciona e automaticamente produz um resultado de acordo com
o que precisa, de um comportamento adequado.

Um pensamento disfuncional desajusta as minhas emoções, algumas


vezes ele paralisa o comportamento ou ele produz um comportamento
desajustado.

Por exemplo, quando você vai atravessar a rua é algo tão automático
que você não para pra pensar o que eu pensei, o que eu senti para ter esse
comportamento mais é um comportamento atravessar a rua, portanto, mesmo
que você não tenha feito essa observação você teve um pensamento que
gerou uma emoção para produzir esse comportamento, atravessar a rua,
então, o que é comum é que por ser tão automático você não parou para
pensar eu vou atravessar na faixa, vou olhar se o sinal está aberto pra mim ou
não, se vem carro, você não observou talvez por estar pensando em algo que
tinha que fazer ou porque estava no celular, por ter alguém do seu lado, às
vezes aí a pessoa vai parar , se ver nesse momento do dia a dia para perceber
então, talvez vai dizer eu estava no celular, nem vi que eu fiz, fiz automático e
segui minha vida, provavelmente eu tive um comportamento funcional, mas não
vi o que passou na minha cabeça.

O que seria um comportamento disfuncional para esse mesmo exemplo,


eu já nem saio mais na rua porque se eu sair eu tenho certeza que um carro
vai me atropelar, dizendo com convicção, ou se eu sair na rua vai vir um ladrão
e me assaltar. São pessoas que estão limitadas por algo que começou no seu
pensamento e muitas vezes buscamos evidências para confirmar o que está
pensando porque não podemos dizer, imagina, que loucura, você não pode
pensar que vai ser assaltado.

Para ir entendendo como funcionamos no dia a dia, como são esses


pensamentos funcionais e disfuncionais, trazendo para os relacionamentos,
relações sexuais quais são os maiores pensamentos das pessoas em relação a
essas questões, será que tem mais pensamentos funcionais ou disfuncionais?
Precisamos pensar sobre isso para ir vendo como vamos lidar com isso no
nosso dia a dia, de repente, lamentavelmente vamos encontrar muitas
disfunções quando trata desses dois temas, relacionamentos e relações
sexuais porque tem muitas crenças também que foram enraizadas e as
crenças são mais profunda que os nossos pensamentos.

Usando uma analogia os nossos pensamentos são como a onda do


mar, são agitados e às vezes podem até nos derrubar mais eles são acessíveis
e às vezes visíveis, já as crenças estão profundas, são como a areia que às
vezes está mais profunda e é mais difícil de mexerem, mais difícil de
acessarmos, mudarmos elas de lugar, elas estão mais enraizadas dentro de
nós até porque vamos criando as crenças ao longo da vida, por exemplo, se for
atender uma pessoa de 38 anos é uma pessoa com 38 anos de crenças, de
construção de crenças, para desconstruir tudo isso demanda tempo e aí
falamos que a psicologia cognitivo comportamental é um processo muitas
vezes breve, ela é conhecida por ser mais breve principalmente se for
comparado à psicanálise que por ser um processo de análise é um processo
mais extenso, porém, quando as crenças estão estabelecidas há algum tempo,
muitas vezes elas demandam tempo.
Crenças centrais e nucleares

As crenças são de mais difícil acesso, mais profundas, enraizadas, elas


são o entendimento básico que eu tenho sobre mim, sobre o outro, sobre o
mundo e sobre o futuro, pode-se dizer que ela é a opinião e o julgamento que
eu tenho, que eu estabeleci sobre mim, o outro, sobre o que está a minha volta,
sobre o futuro. Quando eu penso nisso, por exemplo, sobre eu mesma, eu
trago essa opinião e esse julgamento de que forma? Sobre como eu me vejo,
como eu sou enquanto pessoa física, eu sou bonita, eu sou alta, eu sou gorda,
eu sou legal, eu sou antipática como que eu me vejo isso tem haver com as
minhas crenças que às vezes passa em forma de pensamento mais tem haver
com as minhas crenças.

As crenças tem haver com como eu me vejo a respeito do que eu faço,


por exemplo, eu desenho bem, eu canto bem, eu cozinho bem, eu falo bem,
me relaciono bem... e sobre o meu próprio futuro, pode ser sobre o futuro do
país, hoje isso tem sido muito mais falado por causa da situação de
vulnerabilidade que estamos passando.

Então, quando traz essa definição de crenças sobre a opinião e


julgamento que eu tenho sobre mim mesmo vamos colocar esses três pontos:
como eu me vejo, como eu julgo o que eu faço e como eu vejo o meu
futuro e aí estendemos isso, como eu vejo o outro, como eu vejo o mundo e
como eu vejo o futuro, em geral, então, dentro do que eu vejo tem três
aspectos de crenças e também tem três aspectos sobre o outro, o futuro e o
mundo e sempre vamos entender que as crenças tem haver com opinião e
julgamento que eu tenho sobre isso.

Quando que as crenças são um problema diante disso tudo, se as


crenças são isso qual o mal nessa crença central, nuclear como é chamada?
As crenças só são um problema quando é disfuncional, quando ela não
funciona como deveria, porque quando ela é disfuncional automaticamente a
crença é que faz gerar o pensamento, a crença que está enraizada é que gera
esse turbilhão dos pensamentos, automaticamente produz sensações
disfuncionais e comportamentos que não vão estar ajustados.

Muitas vezes crenças disfuncionais são rígidas, inflexíveis,


inquestionáveis por essas pessoas e elas causam problemas e muito
sofrimento, então, esse é o maior problema das crenças e por isso que primeiro
quando recebemos esse paciente nesse modelo de TCC ensinamos sobre os
pensamentos, os ensinamos como funciona esse modelo, pensamento gera
emoção e produz comportamento e às vezes nós temos reações físicas,
dependendo da queixa enfatiza esse quarto ponto que pode acontecer e aos
poucos, à medida que ele reconhece esses pensamentos nós vamos trazendo
e nós vamos conhecendo quais são as crenças e vamos ensinando também
sobre as crenças, ao logo do tempo esse paciente aprende a ser o seu próprio
terapeuta porque ele vai aprendendo a desenvolver suas habilidades, a se
perceber e a se conhecer e em casa, no trabalho, quando está se relacionando
no dia a dia vai usar tudo que está aprendendo.

As crenças se formam durante o nosso desenvolvimento, na nossa


infância, a nossa adolescência muito fortemente e na vida adulta possivelmente
elas já estão formadas, fortalecidas, elas só vão sendo evidenciadas. Elas se
formam pelos pensamentos, comportamentos, pela fala, pelas ações dos
nossos pais que são figuras fortes para nós, figuras de autoridade e pela nossa
família, nossos irmãos, as pessoas com quem nós convivemos, na convivência
com os amigos de criança, da adolescência, desde as experiências de você
não fazer parte de um grupo, tudo isso vai formando crenças dentro de nós.

Elas também se formam de acordo com a sociedade em que eu faço parte, a


cultura dessa sociedade, experiências de vida também ao longo dos anos vão
fortalecendo e formando crenças, tanto experiências positivas quanto
negativas.

Dentro da TCC falamos de três crenças, a do desvalor, do desamor e do


desamparo.
• Crença do desvalor – quem tem essa crença é uma pessoa que pensa
que moralmente ela é ruim, como se ela sentisse que algo dentro dela
fosse ruim, ela tem pensamentos ou falas do tipo: eu sou ruim, eu não
presto, eu sou tóxico, eu sou um perigo para as outras pessoas, eu sou
mal.
• Crença do desamor – são pessoas que se sentem incapazes de
receber amor e de receber intimidade dos outros, ás vezes ela até se
casa, constrói família mais dentro desse relacionamento ela é incapaz
de receber isso então, ela vai ter falas ou descrever pensamentos do
tipo: sou desinteressante, eu não sou amável, os outros não vão gostar
de mim, eu nunca me encaixo.
• Crença do desamparo – quem tem essa crença são pessoas que se
sentem incapazes de se sentirem protegidas, se sentem vulneráveis o
tempo todo, então, as falas e pensamentos são: sou incapaz, não tem
jeito eu não faço nada direito, eu sou indefeso, eu não tenho controle, eu
sou fraco, eu não sou bom, sou vulnerável.

Como foi dito as crenças também podem ser sobre os outros e sobre o
futuro, percebemos isso em falas como: todos os homens são safados, o
mundo será sempre um caos, todas as mulheres são ruins, falas que tem
palavras fortes como sempre, tudo, nada, na maioria das vezes são compostas
por crenças disfuncionais enraizadas, que foram construídas ao longo do
tempo.

Um paciente que tem uma crença central de desvalor, “sou um


fracassado”, vai ser uma fala, ás vezes sai um pensamento isolado, uma coisa
muito desconexa, ele não sabe que ele tem a crença de desvalor, você vai
pegar essa crença ao longo das descrições que ele vai trazendo, muitas vezes
ele vai trazer comportamentos perfeccionistas é alguém que não quer errar, às
vezes é um paciente que nem para você que é um profissional que está ali
para ajudar ele vai contar experiências de fracasso, vai contar somente
situações bem sucedidas, coisas que deram certo, porque a regra que ele criou
para ele é que se eu falhar, se eu errar significa que eu sou um fracassado, ele
se esconde atrás disso com comportamentos perfeccionistas.
Uma pessoa que evita participar de grupos, mesmo tendo interesse em
ir numa festa, em conhecer alguém, se relacionar, ele evita isso, dá uma
desculpa, nunca tem essa disponibilidade de horário, às vezes a própria
pessoa não consegue entender porque ele não consegue encontrar uma
agenda disponível, ele não consegue se colocar nos encontros, ás vezes fica
mais na interação virtual até de relacionamentos mais não marca presencial, se
resguarda, então, a estratégia compensatória do paciente é essa. A regra
intermediária que ele criou é não posso chegar perto das pessoas, num
processo inconsciente, ele só faz o comportamento, se evitar outras pessoas
vai ficar bem, se me relacionar eu vou me machucar é o paciente que sente dor
para não sentir dor porque não se relacionar também tem um preço, dói, mas,
ele prefere sentir essa dor do que pensar na dor que ele pode ter em se
relacionar com alguém, se acha vulnerável, se sente desamparado, tem uma
crença de desamparo.

Identificando e desconstruindo pensamentos


automáticos

Os pensamentos automáticos ou pensamentos quentes eles são o


principal foco da TCC porque se nós conseguirmos ajudar o nosso paciente a
identificar esses pensamentos temos o processo de mudança em mãos,
primeiro porque sabemos que se queremos mudar comportamento e emoções
e até atingir o paciente que tem reações físicas, precisamos começar pela
mudança de pensamentos.

O processo de mudança de pensamento não é simplesmente troca esse


pensamento ruim por um pensamento bom, para de pensar nisso, pensa em
outra coisa, liga a TV, faz yoga, ou seja, não sugerimos que o paciente deixe
de pensar alguma coisa que nós consideramos que não é bom pensamento
para que ele tenha, nós ensinamos esse paciente a questionar os seus
pensamentos.

Então, os pensamentos automáticos são aqueles que passam


rapidamente na minha cabeça e como são automáticos não tenho noção de
quando eles estão passando, pode ser sobre algo que aconteceu na infância,
sobre algo que me aconteceu no passado, sobre algo de ontem, algo que vivi
em um outro relacionamento, sobre alguma coisa que ainda vai acontecer no
futuro ou sobre algo que estou vivendo agora, o que temos que entender é que
esse pensamento pode acontecer com qualquer outro processo de
pensamento e o que é um pensamento?

O pensamento acontece no nosso cérebro e ele é uma voz ou uma


imagem, então, eu tenho uma imagem sobre alguma coisa ou eu escuto uma
voz, mas, é a minha própria voz porque se ouvir outra voz aí é outra questão,
uma patologia.

Por exemplo, se eu falar o nome de uma comida, pastel, maçã, água, você tem
uma imagem ou uma voz no seu pensamento para saber que de repende
quando você escuta algo te ativa um pensamento. Algumas pessoas podem
falar, a pastel eu vou lembrar de alguém me chamando para ir comer um pastel
na feira, pode ativar um pensamento de voz, para outras pessoas podem falar,
a visualizo eu indo comer o pastel, eu vejo um pastel na minha frente, ou seja,
vai da individualidade de cada um.

Então, um pensamento é uma imagem ou uma voz mais os


pensamentos automáticos são essa imagem e essa voz que eles passam
automaticamente o tempo todo na nossa cabeça e eles são na maioria
das vezes inconscientes, não tenho acesso, nem sei que ele passou pela
minha cabeça, nossa eu nem sabia que eu tinha pensado isso, se não tivesse
me esforçado, parado, anotado, refletido nunca ia imaginar que tinha pensado
sobre isso. Esses pensamentos automáticos são a razão de nos fazer ter
determinados comportamentos diferentes de outras pessoas vivenciando a
mesma situação.

Em paralelo com os pensamentos temos as emoções, parece fácil fazer


essa diferenciação, mas, nem sempre é, então, se pergunta para o paciente o
que você estava pensando e ele responde, eu pensei que eu fiquei triste na
hora, a pensei que eu fiquei com raiva demais da pessoa ter falado isso, fiquei
muito bravo dele ter feito isso comigo, então, geralmente a grande maioria vai
descrever fielmente a situação, vão falar o que fizeram com eles e descrever a
emoção, por exemplo, pegando as emoções primárias amor, alegria, tristeza,
medo, raiva e nojo, aí pode ter também ansiedade, desesperança,... um leque
de emoções que vem se juntando a essas emoções primárias.

Vale refletir um pouco se é fácil diferenciar os pensamentos das


emoções para se colocar no lugar do outro um pouco, porque normalmente
quando pergunta para o paciente o que ele pensou, ele “trava” e descreve a
emoção, se insistir com ele perguntando mais o que você pensou? Ele
geralmente fala da emoção e conta de novo o que aconteceu e aí você fica
preso entre a emoção, a situação e o comportamento, muitas vezes ele não
consegue acessar porque foi tão difícil lidar com aquilo que ele vivenciou que
ele vai precisar de um direcionamento e nós vamos tentando conduzi-lo nesse
processo e a tarefa de casa vai ajudando para que ele faça isso no momento
em que vivencia, algumas vezes pode ser muito útil nesse processo para ele ir
fazendo essa identificação ou às vezes nesse momento eles fazem um relato
mais extenso e você vai trazendo pensamento solto aí nessas anotações.

O nosso papel ao longo do processo terapêutico é ajudar o paciente a


identificar quais são esses pensamentos automáticos porque eles são
inconscientes e não são de fácil acesso, então, esses pensamentos vão sendo
percebidos pelo paciente à medida que ele vai tomando consciência deles. Em
uma mesma situação nós podemos ter pensamentos automáticos diferentes,
gerar emoções iguais ou diferentes.

Por exemplo, um paciente jovem que na hipótese de ter um novo


relacionamento o que vinha de pensamento automático para ele:

- ela pode me ignorar;

- ela pode me achar feio; ou

- ela pode me humilhar.

Ele tinha três pensamentos automáticos que ele só conseguiu ter acesso
à medida que foi anotando. O que te faz ter essa dificuldade? O que te impede
de ter o encontro? Três pensamentos diferentes podem gerar para ele uma
mesma emoção, ansiedade, o fato de pensar que ela poderia humilhá-lo
também, ignorar da mesma forma, então, ele ficava ansioso diante da situação
de conhecer essa moça. Na mesma situação eu posso ter outros pensamentos
e que vão gerar emoções.

Outros pensamentos da mesma pessoa:

- ela vai me ignorar e vai fingir que eu nem existo;

- é injusto que os outros consigam conversar sem ter problemas para fazer isso
e eu não consigo;

- ninguém gosta de mim, logo ficarei sozinho para sempre.

Essas 3 linhas de pensamentos automáticos diferentes relacionadas


num mesmo evento elas geram emoções diferentes, então, quando ele fala, ela
vai me ignorar e fingir que eu não existo que tipo de emoção vai trazer, pode
ser ansiedade; é injusto que os outros consigam conversar e eu não, ele fica
com raiva porque os outros conseguem e ele não; ninguém gosta de mim, logo,
ficarei sozinho pra sempre qual emoção, tristeza. O pensamento estabelece a
emoção ou diferente ou ele estabelece vários pensamentos numa só emoção.

Nesse processo de fazer essa identificação com as tarefas para


desconstrução desses pensamentos que vamos fazer com o RPD (Registro
dos Pensamentos Disfuncionais), que é um modelo que vai ser disponibilizado,
pode fazer ele inicialmente com 3 colunas que pode dar para o paciente, mas
eles fazem muito no próprio celular com praticidade, faz com eles na sessão
uma vez e depois ele faz da forma que ficar prático para ele. Com esse RPD
que tem situação, qual foi a emoção que sentiu e depois o que passou pela sua
cabeça nesse momento, pedir para quantificar, por exemplo, de 0 a 100 quanto
ficou ansioso, é importante quantificar para que depois no processo de
desconstrução ver quanto ele flexibiliza ou não.

Aí vamos questionar esse pensamento, ela vai te ignorar e fingir que


você não existe, por onde você conversa com essa moça? Por um aplicativo.
No aplicativo ela já te ignorou alguma vez? Não, nunca ignorou. Qual a
probabilidade dela te ignorar? A não sei mais pode que ela ignore porque é
pessoalmente. Mais essa moça quer te ver pessoalmente? Ela que me ver
pessoalmente, ela está insistindo. Se ela quer te ver pessoalmente qual a
probabilidade dela te ignorar? Você está ensinando o paciente a questionar o
pensamento disfuncional. Num primeiro momento o paciente não consegue
fazer isso sozinho, então, você precisa trazer o questionamento e ao longo do
tempo ele vai fazendo os próprios questionamentos.

Depois que você faz os questionamentos, você ensina ele a desconstruir


o pensamento, ele vai falar, é eu estava acreditando que esse pensamento de
que ela ia me ignorar e fingir que eu não existo era 90% verdadeiro, mas,
depois que você me questionou e você falou sobre isso talvez ele não faça
tanto sentido, talvez seja mais um receio, um medo de ser rejeitado, mas, eu
acho que ele pode ser uns 30% verdadeiro. Se esse pensamento que era 90%
agora diminuiu para 30%, quanto que vai a ansiedade que estava 90%, vai
para 30%, se a ansiedade vai para 30% o comportamento de encontrar com a
moça vai pra quanto? É acho que agora tenho condições de encontrar com ela
porque já não tenho tanto medo de ser rejeitado.

Então, com esse exercício do RPD ensinamos o paciente a questionar o


pensamento, quando ele for sair de novo com essa moça ou se ele passar por
essa situação outra vez e tiver esse mesmo pensamento outra vez o que vai
acontecer? Por que estou pensando isso se eu á percebi que esse pensamento
não é tão verdadeiro quanto eu achei que ele fosse 90% antes, ele só é 30%
ou de repente ele já foi ao primeiro encontro e não faz sentido pensar isso
mais, agora eu posso ter outros pensamentos, mas, esse não mais.

Essa é a linha de raciocínio que vamos desenvolvendo junto com o


paciente pra gente desconstruir em última instância o comportamento, estamos
modificando, mas nós estamos desconstruindo pensamentos automáticos.

Os pensamentos automáticos são interpretações que nós fazemos,


eles não são verdades.

Exercício
Um exemplo trazendo primeiro o pensamento.

➢ Situação – você marcou de ir a uma festa com seu amigo e aí de última


hora seu telefone tocou e ele falou, olha cancelado, não vou conseguir ir
à festa e depois eu te explico melhor e desligou.

➢ O que vai pensar?

1º - Meu Deus será que aconteceu alguma coisa com ele?

Qual emoção que você vai sentir se tiver esse pensamento?

2º - Que falta de consideração, ele sempre faz isso comigo é muita falta de
respeito.

Qual emoção você vai sentir se você pensar isso?

3º - Que bom, agora eu posso chamar meu outro amigo ele também queria
ir nessa festa.

Qual emoção que você tem com esse pensamento?

4º - Ele está cancelando porque ele não quer sair comigo, faz tempo ele
não gosta mais de mim, tá sempre assim, toda vez ele cancela.

Qual emoção você teria com esse pensamento?

Agora outro exemplo trazendo primeiro a emoção.


➢ Situação – você acorda atrasado para uma reunião muito importante.

1º - Se você estiver sentindo muita raiva.

Qual o pensamento estaria passando na sua cabeça nessa situação?

2º - Se você estiver muito ansioso.

Qual o pensamento passa?

3º - Se você estiver se sentindo muito triste.

Qual o pensamento que vai passar pela sua cabeça?

4º - Se você estiver feliz, tranquilo e acordou atrasado para a reunião


importante.

Qual o pensamento vai passar pela sua cabeça?

Tarefas da TCC

Se você se identifica com essa abordagem, se é algo que faz sentido, se


você entende que nós temos esse funcionamento, pode no início fazer um
atendimento supervisionado até que consiga ver o paciente e já identificar as
técnicas que são possíveis de serem utilizadas.

Serão apresentadas técnicas que podem ser usadas com a grande


maioria dos pacientes.

• Psicoeducação
Depois que já tiver contado a história dele, você vai explicando para esse
paciente, trazendo essa educação para ele tanto de como vai ser esse
momento de vocês dois, vai clareando esse caminhar de vocês, esses passos,
vai trilhando um caminho que vão caminhar juntos, como que é esse processo
terapêutico de vocês, vai falando sobre o que é a demanda que ele trouxe,
porque é comum do paciente nos falar, doutora você nunca viu um caso como
o meu né? Porque falam um pouco das crenças deles, às vezes falam você vai
conseguir mesmo? Você já ouviu uma situação essa? Alguns não mais é
comum eles se verem perdidos dentro daquilo que eles estão trazendo, se
verem confusos, se você conseguir trazer um direcionamento, essa
psicoeducação diante daquilo, olha a sua situação é tão comum, tem tantos
casos disso, tem tantos casos de melhora, temos situações de pacientes que
tem um avanço, o seu tratamento não demanda muito tempo, você acende
uma luz para esse paciente, isso é muito importante, atrai, fideliza esse
atendimento.

Às vezes o paciente tem uma queixa, às vezes tem uma principal mais tem
outras, alguns não deixam muito definido uma queixa, que ficam alguns pontos
soltos, tem mais de uma coisa ser trabalhada, então, vai clareando para ele,
fala nós temos objetivos a serem alcançados, temos aonde nós queremos
chegar e isso traz segurança para ele, vê que ele tem um caminho a ser
trilhado e é um processo que também depende dele, não precisa esperar só de
você, você vai junto com ele, mas, vão trilhar um caminho juntos.

• Registro dos Pensamentos Disfuncionais – RPD

Fazer com o paciente num primeiro momento juntos, fazer de forma que
essa técnica se ajuste à realidade dele, alguns pacientes tem aversão à tarefa,
outros gostam.

Por exemplo, o paciente que tem aversão a tarefa explicar com um outro
linguajar, pode falar que no decorrer da semana se vivenciar alguma situação
que não foi tão agradável, que se sentiu incomodado o que você acha de me
mandar pelo whatsapp o que você pensou sobre isso, como que foi para você
ter sentido isso, você se sentiria à vontade, não precisamos falar no whatsapp
no momento, mas, podemos conversar quando nos encontrarmos de
novamente.

Então, tem que adaptar essa tarefa ao seu paciente, o fato do paciente
anotar traz para ele mais consciência daquilo que ele está escrevendo, todas
as vezes que você anota algo, seja escrevendo ou nas notas no celular,
aumenta o seu nível de consciência, às vezes quando leem juntos com a gente
lembram-se de mais coisas. Escrever também auxilia nesse processo de
identificação, de separar o funcional do disfuncional e à medida que vai
fazendo essa identificação já consegue criar de repente a terceira técnica que é
o cartão de enfrentamento.

• Cartão de enfrentamento

Ele pode ser feito em um papel, pode ser colocado no quarto, na geladeira,
no carro, no celular, na carteira, no bolso, onde a pessoa tiver acesso,
liberdade, onde ela for ver e for funcional para ela. Ele pode ser um parágrafo
com respostas que a gente conseguiu criar, questionando os nossos
pensamentos ou pode ser algo mais prático, como se fosse uma frase de efeito
que pode funcionar também. Por exemplo:

- Apesar de eu pensar que não sou capaz de realizar o meu trabalho de


faculdade, na verdade eu sempre penso isso e eu consigo fazer sem grandes
problemas e ainda consigo tirar boas notas, ficar enrolado para começar o
trabalho por achar que ele é muito difícil só me deixa mais ansioso e me
atrapalha nos momentos de lazer.

- Pensamentos não são verdades absolutas.

- Isso também passará.

Você pode ajudar o paciente a criar mais o instigue a criar porque se vier
dele tem muito mais efeito.
• Questionamento Socrático

Esse nome é usado porque o Sócrates era aquele que questionava, de fato
o nome é muito propício, o que o terapeuta vai fazer? Vai fazer uma série de
perguntas com o objetivo de ajudar o paciente a aprofundar a compreensão
dele com os próprios pensamentos no processo terapêutico porque as pessoas
estão funcionando no automático e às vezes os próprios pensamentos
automáticos estão saindo na fala desse paciente.

A pessoa não está percebendo, então, é nesse momento com você fazendo
o questionamento é que ele vai se perceber é que ele vai conseguir... opa peraí
então, se eu estou pensando assim e isso pode não ser uma verdade absoluta
eu posso tomar uma outra decisão, ou seja, essa é uma técnica que coloca em
cheque, questiona aquilo “a verdade absoluta” que o paciente acredita, muitas
vezes vamos até o limite daquele paciente... a mais e se isso for uma verdade
absoluta como vai ser pra você? Mais e se chegar nesse ponto? E aí vai
aprofundando, questionando com esse objetivo que esse paciente se perceba
que ele veja o que ele falou, muitas vezes você pode usar a própria fala dele,
você está me dizendo que a sua esposa não gosta de você? Aí a pessoa vai
falar não ela gosta porque ela está casada comigo, mais você acabou de falar
que ela não gosta. Ah eu falei? Falou que ela não gosta. Não, mais não é bem
que ela não gosta e aí você vai trazendo o que o seu paciente falou e trazendo
para ele, é o questionamento socrático, vai fazendo com ele em consultório.

• Técnica de exposição

Muitas vezes elas são ditas úteis para lidar com problemas específicos,
quando tem fobia, pânico,... que trazem as pessoas a situações às vezes de
muito desconforto, ansiedade, nós ensinamos essas pessoas a lidar com essas
emoções e a enfrentarem aquela situação que antes era quase que impossível
de ser enfrentada, como por exemplo, uma pessoa que não andava, não
atravessava a rua, uma técnica de exposição seria colocar essa pessoa
novamente para ir atravessar essa rua que era difícil atravessar quando
começaram a se falar, porém, a técnica de exposição para nós é muito rica,
pode usar com casais onde um deles tem dificuldade de se expor, de falar o
que pensa, o que gosta é uma técnica de exposição que precisamos
desenvolver com eles, fazemos primeiro no consultório, coloca ele se vendo
diante dessa situação, vamos combinar, leva de tarefa pra casa, às vezes ele
consegue, às vezes não, não conseguiu o que aconteceu? A na hora eu tive
vergonha, tive medo, achei que ia acontecer tal coisa... vai trabalhando até que
ele consiga se expor e ter um comportamento diferente.

• Técnica da troca de papéis

É muito útil para atendimento de casal, de família e até mesmo


individual, vamos incentivar o nosso paciente dentro do consultório, no
processo da sessão a se colocar na pessoa do outro e assim ele sendo o outro,
se manifestar como o outro, se ele fosse essa outra pessoa como pensaria, o
que ele faria, o que falaria, como ela agiria, como estaria sentindo... é muito
rico, é útil para desenvolver a empatia, para melhorar as relações, é
interessante o quanto faz sentido para eles depois de se perceberem no outro.

Parece fácil mais na prática é bem complicado, é difícil eles se verem


nesse outro papel, muitas vezes não conseguem de pronto se colocarem,
fazerem, mais é muito bom, depois desta técnica eles criam muitas vezes os
seus próprios limites, reconhecem, entendem mais o outro, às vezes eles
falam... a agora eu entendi até aqui eu posso ir, se ele está assim eu tenho que
entender que eu não posso falar... enfim, vamos estabelecendo novas formas
de se relacionar quando conseguimos colocar no lugar do outro,
desempenhando, desenvolvendo essa empatia, então, você faz com eles em
consultório e depois podem fazer sozinhos, mentalmente, em qualquer lugar.

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