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PSICOLOGIA
Profª Anelise Meurer Renner

RESENHA CRÍTICA

PAPEL DO DIAGNÓSTICO EM PSICOPATOLOGIA

Cecilia Balsamo Etchelar


Fernanda Luzia Anflor Ferreira
Filipe Alves Mallet

Cachoeirinha
Março de 2023/1
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A psicopatologia enquanto área que desenvolve e estuda diagnósticos psiquiátricos tem


ganhado corpo na contemporaneidade no que diz respeito à classificação de um maior número
destes diagnósticos (Matos, 2018).
O diagnóstico de psicopatologias apresenta duas faces, podendo trazer benefícios ou
malefícios, a depender de cada caso. O diagnóstico de um paciente pode direcionar um
caminho químico mais assertivo e uma abordagem mais específica em psicoterapia. Além
disso, pode ajudar o paciente a compreender suas dificuldades e questões emocionais e
aprender a lidar com elas.
Contudo, o diagnóstico normalmente é um longo caminho a ser trilhado. Na maioria das
vezes, são necessárias diversas consultas, com diferentes especialistas, exames, testes,
medicamentos precisam ser testados e adaptados, e isso tudo não é garantia de um diagnóstico
preciso e de um tratamento efetivo, não sendo incomum diagnósticos e prescrições de
tratamento errôneos.
Segundo Dalgalarrondo (2019), atualmente, enquanto muitos diagnósticos são dados
erroneamente para alguns pacientes, há uma parcela da população precisando de diagnóstico e
tratamento e não os tem, seja por falta de acesso, de conhecimento ou por negligência.
Portanto, este é um assunto com muitas contradições e que necessita atenção dos sistemas de
saúde e dos profissionais.
Outra questão importante envolvendo o diagnóstico é que, uma vez que haja um
diagnóstico, nem sempre ele é positivo para todos os pacientes. Cabe ao profissional
compreender as necessidades de seu paciente e avaliar como ele receberá o diagnóstico e
quais serão os impactos deste em sua vida. Algumas pessoas, ao depararem-se com um
diagnóstico de transtorno mental, podem se sentir rotuladas, envergonhadas, presas ao
diagnóstico, sentirem-se incapacitadas, limitadas, ou mesmo usá-lo como justificativa de seus
atos e comportamentos inadequados.
Para Giacomini e Rizzotto (2022), as representações a respeito de saúde e doença
impactam juízos específicos no campo da saúde mental, através do excesso de rótulos
diagnósticos e intervenções que se aplicam mais ao cumprimento de agendas econômicas de
classes dominantes do que ao favorecimento da qualidade de vida. Importa mais o diagnóstico
sobre o sujeito e a proposta tecnológica para a cura, do que o indivíduo e sua complexa
expressão de vida.
O impacto das redes sociais e a mídia em geral no tema saúde mental, podemos

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observar que ao mesmo tempo em que o acesso à
informação é muito positiva, alguns termos foram

“perdendo” seus significados, porque estão sendo utilizados sem fontes confiáveis e sem
contexto, e as experiências de quem sofre com algum transtorno passaram a ser vistas como
características que todos temos, ignorando o quanto de dificuldade e sofrimento isso pode
trazer. Nesse meio enorme de informações, você já deve ter visto alguém dizendo que
(UNICEF, 2022):
“Ai! eu sou tão organizada, com certeza tenho TOC (transtorno obsessivo
compulsivo)”. Ou, ainda, alguém dizendo que tem “bipolaridade” para explicar por
que muda de humor muito rápido; “depressão”, porque está em um dia ruim; ou
“déficit de atenção”, porque não está conseguindo se concentrar naquele momento.
Todos os exemplos citados são formas de banalizar as psicopatologias, porque
consideram que momentos comuns, que todos vivemos, são parte dos transtornos e,
frequentemente, são vistos na internet, especialmente na forma de memes. Esses
comentários colaboram para a ideia muito complicada de que um transtorno é
composto apenas de características isoladas, que muitas vezes nem são mesmo parte
do diagnóstico, o que torna difícil notar a diferença, por exemplo, entre um
transtorno de ansiedade e um momento de ansiedade antes de uma prova. Dessa
maneira, é preciso ter muito cuidado e compreender que o autodiagnóstico é um
caminho perigoso – seja você criança, jovem, adulto ou idoso (UNICEF, 2022).

Além disso, com as redes sociais, filmes e séries, a glamourização de certos transtornos
tem sido cada vez mais frequente. Essa situação pode levar quem assiste a desenvolver
comportamentos de risco, como a automedicação. Assim, é importante que os transtornos
mentais sejam cada vez mais desmistificados e conhecidos, porém, com muita
responsabilidade (UNICEF, 2022).
O psicólogo dentro da avaliação psicológica e um diagnóstico, deverá pautar seu
trabalho dentro das normativas do código de ética, que estabelece padrões para que o
profissional possa
refletir sobre sua prática, tornando-se consciente da sua responsabilidade, pessoal e coletiva,
pelas consequências de suas ações no exercício profissional. Uma formação ética estimula a
consciência social, baseada na teoria e na práxis, que contribuirá para o desenvolvimento de
um sujeito cotidiano, mais crítico em busca de princípios fundamentais de direito, dever,
justiça, igualdade, liberdade, solidariedade e respeito para todos e entre todos (Muiniz, 2018).
Segundo (Pessoto, 2011) ainda no que tange um diagnótico realizado pelo profissional
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da psicologia, a falta ética se dá, por exemplo, no uso
de testes psicológicos de forma isolada, desprovida de um processo, sem uma compreensão e
preparo adequado, gerando conclusões

singulares e ignorando a complexidade e dinamismo do ser humano. O fazer do psicólogo


está diretamente ligado à qualidade de vida das pessoas, e sendo assim, a ética é o primeiro
preceito desta atuação.
Dessa forma, nós profissionais de psicologia, precisamos avaliar o sujeito como um
todo, sua subjetividade, dificuldades e necessidades. É preciso, ainda, considerar a sua
trajetória de vida, ambiente onde está inserido e quais questões sociais e culturais o
atravessam antes de diagnosticar e definir o melhor tratamento.

Referências bibliográficas:

Dalgalarrondo, P. (2019). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2019.

Giacomini, E., & Rizzotto, M. L. F.. (2022). Diagnóstico em saúde mental: aceitação e
desprezo da pluralidade. Physis: Revista De Saúde Coletiva, 32(Physis, 2022 32(3)),
e320302. https://doi.org/10.1590/S0103-73312022320302

Matos, J. P. A. (2018). Rotulação diagnóstica psiquiátrica e atribuição de autonomia.

Muniz, M.. (2018). Ética na Avaliação Psicológica: Velhas Questões, Novas Reflexões.
Psicologia: Ciência E Profissão, 38(Psicol. cienc. prof., 2018 38(spe)), 133–146.
https://doi.org/10.1590/1982-3703000209682

Pessoto F. (2011). Ética e Avaliação Psicológica. Disponível em:


https://www.ibapnet.org.br/?cd=23&titulo=etica_e_avaliacao_psicologica (Acesso 19 de
março de 2023).

UNICEF (2022). A influência das redes sociais na banalização de psicopatologias. Disponível


em: https://www.unicef.org/brazil/blog/influencia-das-redes-sociais-na-banalizacao-de-
psicopatologias (Acesso 19 de março de 2023).

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