Você está na página 1de 3

CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

A Centralização ocorre quando o Estado executa suas tarefas directamente, por meio dos
inúmeros órgãos e agentes administrativos que compõe sua estrutura administrativa funcional,
denominada Administração Directa. Os serviços são prestados directamente pelos órgãos do
Estado, despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa jurídica.
A centralização ocorre quando a atividade administrativa é totalmente desempenhada por órgãos
e agentes de um único ente federativo. Em tal situação, o Estado executa as tarefas que a ele são
atribuídas pela Constituição Federal de forma directa, ou seja, por intermédio dos agentes e dos
órgãos públicos componentes da Administração Direta.

Vantagens da centralização
De acordo com Bresser-Pereira (1980) e Chiavenato (1993) são vantagens:
 As decisões mais importantes são tomadas por administradores de maior competência,
pois geralmente são mais bem treinados os gestores do topo que os de níveis mais baixos.
 Possibilita compras de larga escala, devido ao aumento do poder de barganha.
 Há uniformidade de diretrizes e normas, possibilitando um melhor controle e
acompanhamento das atividades da empresa. Por vezes, pode-se pretender justamente o
oposto da uniformização, mas de forma particular e com o objetivo de atender uma
demanda específica.

Desvantagens da centralização
Segundo Chiavenato (1993), desvantagens a serem observadas são:
 As decisões são tomadas por administradores que estão distanciados dos fatos e muitas
vezes é raro o contato com as pessoas e situações envolvidas com a decisão.
 Os administradores de níveis hierárquicos mais baixos ficam distantes dos objectivos
globais.
 Como a comunicação é mais distante, provoca demoras e maior custo operacional.

Descentralização

Faria e Chichava (1999) no estudo sobre “Descentralização e Cooperação Descentralizada


em Moçambique”, referem que Moçambique iniciou, em princípios dos anos 90, com o
programa de reforma dos órgãos locais, um processo de descentralização, parte integrante de um
conjunto de reformas políticas, económicas e administrativas em curso desde os anos 80. O
estudo mostra que as dificuldades do processo de descentralização não derivam apenas das
resistências e diferenças políticas internas. Outros que condicionam o alcance, extensão e
sucesso da descentralização, como a efectiva participação de todos os actores envolvidos, a
disponibilidade de recursos financeiros e humanos, o respeito das práticas democráticas na
gestão do desenvolvimento local, o reforço das capacidades, dentre outros.

Faria e Chichava (1999) no estudo sobre “Descentralização e Cooperação Descentralizada


em Moçambique”: O estudo parte da ideia de que a descentralização pode ser definida como a
organização das actividades da administração central fora do aparelho do governo central,
podendo ser através de: a) Medidas administrativas (e fiscais) que permitem a transferência de
responsabilidades e recursos para agentes criados pelos órgãos da administração central, ou; b)

1
Medidas politicas que permitam a atribuição, pelo governo central, de poderes, responsabilidades
e recursos específicos para autoridades locais.

Faria (2011) citando Buarque (1999) refere que a descentralização é a transferência da


autoridade e do poder decisório de instâncias agregadas para unidades espacialmente menores,
entre as quais o município e as comunidades, conferindo capacidade de decisão e autonomia de
gestão para as unidades territoriais de menor amplitude e escala. Representa uma efectiva
mudança da escala de poder, conferindo às unidades comunitárias e municipais capacidades de
escolhas e definições sobre suas prioridades e directrizes de acção e sobre a gestão de programas
e projectos. Faria abraça autores como Forquilha (2009), Habermas (2004), Canhanga (2001),
Cistac (2001), Buarque (1999).

Tipos de descentralização administrativas:


A Descentralização Administrativa se dá por três formas: territorial ou geográfica; funcional ou
técnica e por colaboração.
Territorial ou Geográfica é a forma verificada quando uma entidade local, delimitada
geograficamente, que detenha personalidade e capacidade jurídica própria, de direito público e
com capacidade legislativa, porém, subordinada as normas oriundas do poder central.

Funcional ou técnica é a forma verificada quando o poder público (União, Estados, Distrito
Federal ou Município) por meio de uma lei cria uma pessoa jurídica de direito público – ex.
Autarquia, e a ela atribui a titularidade decorrente de lei específica, o que significa uma entidade
que passa a deter a capacidade específica para a qual foi criada.

Por colaboração é a verificada quando por meio de um contrato, seja de concessão de serviço
público ou de um ato administrativo - permissão de serviço público, transferindo a execução de
determinado serviço público a uma pessoa jurídica de direito privado, previamente existente,
porém, a titularidade do serviço ficando totalmente com o Poder Público concedente, o que lhe
permite dispor do serviço de acordo com o interesse público.

Vantagens da Descentralização
 A descentralização contribui para a elevação do moral à medida que atende às
necessidades de reconhecimento pessoal, de independência, de segurança, de prestígio e
de poder dos membros da organização, deixando-os mais motivados e conscientes.
 A descentralização corta atrasos de decisão, uma vez que o administrador fica mais
próximo às condições locais. Dessa forma, também reduz custos de comunicação com a
administração superior. Isso requer directrizes bem definidas e que se estabeleça até que
ponto as unidades subsidiárias podem tomar suas decisões.
 Concentra a atenção da administração nos resultados. Uma vez estabelecidos os
objectivos da organização, são estes desdobrados para os demais níveis. O administrador
intermediário irá actuar em função desses objectivos, reportando os resultados. Assim a
alta administração investe no controle pelo resultado atingido em vez de controlar os
meios para alcançá-lo.

Desvantagens da Descentralização

2
 Perda de uniformidade nas decisões. Tal questão pode ser resolvida com reuniões de
coordenação.
 Falta de equipe apropriada ou de funcionários nos campos das atividades. Em decorrência
disso é necessário treinamento de administradores intermediários, aumentando este custo.
 Há o risco de o administrador defender mais objetivos departamentais do que os da
empresa.

Descentralização por Outorga (por Serviços ou Legal)


A descentralização por outorga ocorre quando o ente federativo transfere tanto a titularidade
quanto o exercício de determinada competência. Tal descentralização é feita por meio de lei,
sendo por intermédio de tal instituto que as entidades da Administração Indireta são criadas.

Quatro são as entidades, conforme veremos mais a fundo em momento posterior, sendo elas as
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. No
caso das autarquias, a criação se dará directamente por meio de lei. Nas demais entidades, a lei
apenas autorizará a respectiva criação.

Descentralização por Delegação (por Colaboração ou Negocial)


A descentralização por delegação ocorre quando apenas o exercício da competência é transferido à outra
entidade, ficando a titularidade com o ente originalmente competente. Através dela, as concessionárias,
permissionárias e autorizatárias assumem o exercício de algumas atividades administrativas.

Se a descentralização for para uma concessionária ou permissionária, dizemos que a transferência do


exercício é por prazo certo, oportunidade em que teremos a licitação prévia e a formalização de um
contrato administrativo.

Caso a descentralização ocorra para uma autorizatária, tal procedimento poderá ocorrer por prazo
indeterminado, uma vez que a característica do instituto é a precariedade e a possibilidade de revogação à
qualquer tempo pelo Poder Público.

Concentração e desconcentração
A concentração e desconcentração são figuras que segundo o Prof. Diogo Freitas do Amaral se reportam à
“organização interna de cada pessoa colectiva pública, ao passo que a centralização e a descentralização
põem em causa várias pessoas colectivas públicas ao mesmo tempo” . Ambas são modalidades de gestão
administrativa.

Concentração
Assim, Prof. Diogo Freitas do Amaral, considera que concentração de competências ou a administração
concentrada é o “sistema em que o superior hierárquico mais elevado é o único órgão competente para
tomar decisões, ficando os subalternos limitados às tarefas de preparação e execução das decisões
daquele”.

Desconcentração
Por outro lado, a desconcentração de competência ou administração desconcentrada “é o sistema em que
o poder decisório se reparte entre o superior e um ou vários órgãos subalternos, os quais, todavia,
permanecem, em regra, sujeitos à direcção e supervisão daquele”.
A este propósito, a Lei n°8/2003, de 19 de Maio, no seu artigo 30 e 44, estabelece que os directores
provinciais e de serviços distritais subordinam-se ao Governador Provincial ou Administrador e
obedecem às orientações técnicas e metodológicas dos órgãos do Aparelho do Estado Central.

Você também pode gostar