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2008, de sua propriedade, para ser vendido pelo valor de R$ 18.000,00. Restou acordado
que o veículo ficaria exposto na loja pelo prazo máximo de 30 dias. Considerando a
hipótese acima e as regras do contrato estimatório, responda, fundamentadamente, os
questionamentos abaixo:
O contrato estimatório tem natureza real, pois se aperfeiçoa com a entrega do objeto ao
consignatário. Nesse escopo, o art. 535 do CC, define expressamente a sujeição do
consignatário a uma obrigação: pagar o preço ou restituir a coisa consignada que ficou sob
sua posse por prazo certo, com o dever de conservá-la e no fim específico de venda a
terceiro. Assim, se vier a alienar a coisa, obriga-se ao pagamento ajustado, equivalendo à
alienação todo e qualquer evento que torne impossível restituí-la em sua integridade,
respondendo, de conseguinte, pela perda ou deterioração da coisa, mesmo que não der
causa.
Ou seja, o detentor do domínio da coisa – JL Veículos Usados - responderá pelo preço se
esta se perder ou deteriorar, mesmo em caso fortuito ou força maior. Desse modo, durante o
período em que a sociedade empresária estiver na posse da coisa, Maria poderá se valer das
ações necessárias à defesa de seu direito e para a conservação do bem.
Com fulcro no art. 537 do CC, estipula-se que, celebrado o contrato e aprimorada a tradição
da coisa ao consignatário, é defeso ao consignante dispor da coisa, a título gratuito ou
oneroso, a terceiros, fato que só poderá ocorrer após ela ter sido restituída findo o termo
ajustado. O artigo permite a disposição da coisa pelo consignante se feita a comunicação
formal de sua restituição pelo consignatário. Assim, não é essencial que a restituição do
bem efetivamente tenha ocorrido, bastando a comunicação de que não foi vendido pelo
consignatário que, em vista disso, fará a devolução do bem.
Dois anos depois, após sérios desentendimentos e ofensas públicas desferidas por
Carmen, esta é condenada, em processo cível, a indenizar Leandro ante a prática de
ato ilícito, qualificado como injúria grave. Leandro, então, propõe uma ação de
revogação da doação. Responda às seguintes indagações, fundamentadamente:
(a) Explique a diferença entre contrato de doação modal ou com encargo e doação
remuneratória.
A inserção contratual da referida cláusula não condiz com o fundamento do art. 556 do CC
e, portanto, está incorreta. Nesse diapasão, o direito de revogar a doação é preceito que o
código elegeu como cogente, de ordem pública. Assim, a faculdade do exercício de direito
de o doador revogar a doação por ingratidão é irrenunciável por antecipação. A renúncia
prévia corresponderia conceder ao donatário carta ele para ele vulnerar o dever ético,
jurídico de corresponder, dignamente, à liberalidade do doador e, desse modo, não lhe ser
grato.
A renúncia posterior coabita tacitamente, diante dos atos da ingratidão, se o doador não
exercitar o direito no prazo prescricional, ou, de modo expresso, quando comunica ao
donatário o perdão concedido. Nula será a cláusula dispondo, de antemão, a renúncia desse
direito.
(c) Indique a razão pela qual a doação para Carmem não poderia ser revogada por
ingratidão.
O argumento que deve ser levado em consideração, em defesa de Carmen, seria afirmar
que não são passiveis de revogação as doações puramente remuneratórias, presente no
caso em comento e consubstanciada no art. 564, I do CC. As doações puramente
remuneratórias são aquelas que visam recompensar o donatário por favores ou serviços
prestados ao doador. Fundamenta-se na gratidão do doador pelas atitudes,
desinteressadamente, praticadas pelo donatário. Assim sendo, a doação remuneratória
corresponde, de certa forma, pagamento. É feita pelo doador objetivando recompensar o
donatário, por simples necessidade moral de compensá-lo pelos serviços ou favores
prestados. Graças a essa finalidade, impossível a revogação por ingratidão, uma vez que
a liberalidade se dirige a ação já cumprida pelo beneficiário.