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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA COM HABILITAÇÃO EM


TURISMO

BENILDE DINIS FONDO

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

Dondo
2022
BENILDE DINIS FONDO

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

Trabalho de pesquisa a ser


apresentado ao curso de Geografia
na Faculdade de Ciências e
Tecnologias para fins avaliativos na
disciplina de Didática de Geografia
Msc:
II. Geraldo Cardoso Sotaria

Dondo
2022
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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho, segue a temática: avaliação da aprendizagem em Geografia,


levando-se em conta que a avaliação, de modo geral ou melhor, em qualquer que seja a
disciplina, segundo HAYDT (2011), tem sido constantemente associada a expressões
como: fazer prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano/classe. E esta
associação, tão frequente nas escolas, é resultante de uma concepção pedagógica
arcaica, mas tradicionalmente dominante, em que a educação é concebida meramente
como a transmissão e memorização de informações prontas e o aluno é visto como um
ser passivo e receptivo. Em consequência, a avaliação se restringe a medir a quantidade
de informações retidas e nessa abordagem, em que educar se confunde com informar, a
avaliação assume um carácter seletivo e competitivo.

Porém, a concepção de avaliação tem vindo a mudar e alcançar novas dimensões, em


que tem-se desvinculado da pedagogia arcaica através da pedagogia moderna. Deste
modo, faz-se importante compreender o processo avaliativo da aprendizagem em
Geografia.

1.1 - Objectivo geral

- Desenvolver uma pesquisa teórica sobre avaliação da aprendizagem em


Geografia.

1.2 - Objectivos específicos

- Apresentar as ideologias existentes em torno da avaliação da aprendizagem em


geografia;

- Identificar as funções e os tipos de avaliação da aprendizagem em Geografia;

- Dissertar sobre as metodologias avaliativas.

1.3 - Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho, usou-se do método de pesquisa


bibliográfica, em que fez-se um estudo de algumas obras que abordam sobre a temática
do trabalho: avaliação da aprendizagem em geografia, visando a obtenção e veracidade
de todo o material teórico aqui patente.
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2- REFERENCIAL TEÓRICO

Antes da abordagem sobre a avaliação da aprendizagem em Geografia, é


necessário partir-se do geral para o particular, ou seja, falar da avaliação da
aprendizagem no geral, antes de especificamente em Geografia.

2.1. Avaliação da Aprendizagem

A avaliação está sempre presente nas atividades humanas,


visto que constantemente se estabelece comparações entre
coisas e valores diferentes (ou semelhantes), obrigando as
pessoas a fazerem escolhas, nem sempre fáceis. Dentro do
ambiente educacional não é diferente, a avaliação ocupa lugar
de destaque, sendo que além dos alunos, os professores e as
instituições também são avaliadas. (BACK & ROCHA, 2015).

No que tange a definição da avaliação, para HAYDT (2011), de forma geral, é


um processo que consiste na coleta e análise de dados, intencionando verificar se os
objetivos propostos foram alcançados. E que no âmbito escolar, realiza-se em vários
níveis, sendo eles do processo de ensino-aprendizagem, do currículo e do
funcionamento geral da escola.

De acordo com a autora acima citada, a avaliação da aprendizagem do aluno está


interligada a avaliação do próprio trabalho docente, em que ao avaliar até que ponto o
aluno aprendeu, o professor estará avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar. Desta
forma, a avaliação dos avanços e das dificuldades dos alunos na aprendizagem viabiliza,
ao professor, indicações e instruções de como deve proceder e orientar a sua prática
pedagógica, com o objectivo de aperfeiçoá-la sempre que necessário. Por isso mesmo,
diz-se que a avaliação contribui para o melhoramento da qualidade tanto da
aprendizagem, quanto do ensino.

BACK & ROCHA (2015), afirmam que em termos gerais, a avaliação abre um
leque de discussões acerca de: Como? Porquê? Onde? Para quem? Em suma, avaliar é o
ato de buscar resultados para os objetivos, que possibilitem aos educandos e aos
educadores principalmente, uma nova visão para essa temática tão importante que
premeia os nossos dias e que possa subsidiar inovadores e tradicionais educadores.
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HAYDT (2011), também pontua alguns princípios da avaliação do processo


ensino-aprendizagem em geral, que enunciam que a avaliação é:

a) Contínua e sistemática, pois é integrante de um sistema mais abrangente


(processo ensino-aprendizagem) e como tal não tem um fim em si mesma, é
sempre um meio e um recurso que deve ser usado, não de forma improvisada,
mas sim, planeada e constante, ocorrendo em todo o processo de modo a
aperfeiçoá-lo e reorientá-lo.
b) Funcional, por realizar-se em função dos objetivos pretendidos, já que estes
indicam o aproveitamento do aluno.
c) Orientadora, porque indica os avanços e as dificuldades dos alunos de modo a
orientá-los no alcance dos objetivos e no replanejamento do trabalho do
professor para que busque outras alternativas.
d) Integral, pois tem o aluno como um ser total, integrado e não compartimentado.
Sendo assim, deve julgar o comportamento do aluno no aspecto cognitivo,
afetivo e psicomotor.

2.2. Avaliação da Aprendizagem em Geografia

Segundo RABELO (2010), perante as transformações ou tentativas de mudanças


ocorridas no sistema escolar, a avaliação precisa ser entendida para além do ato de
aplicar provas, exames e testes como distribuição de notas. É necessário que ela se
transforme em um momento integrante do processo de ensino-aprendizagem, dessa
forma, o ensino de Geografia e a prática avaliativa dessa disciplina precisam ser
repensados e reformulados para além dos planos oficiais. É preciso que haja uma
verdadeira reflexão por parte de professores em relação a sua prática em sala de aula.

RABELO (2010), ainda pontua que o ensino da Geografia é imprescindível para


oportunizar aos alunos o acompanhamento e a compreensão das transformações pelas
quais o mundo tem passado. E para que isso se torne possível, não se pode negar a
realidade em que o aluno está inserido. A construção de conceitos deve partir da inter-
relação dos conhecimentos cotidianos (realidade do aluno) e o conhecimento científico.

A autora supracitada, acredita que a avaliação da aprendizagem em Geografia


deve ser um recurso pedagógico que contribua para o aluno na construção e
reconstrução de conceitos, pois estes são muito importantes na compreensão do
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pensamento geográfico. Nesta perspectiva, “ a Geografia deve proporcionar a


construção de conceitos que possibilitem ao aluno compreender o seu presente e pensar
o futuro através do inconformismo com o presente. Entendendo que o presente não deve
ser visto como algo parado, estático, mas sim em constante movimento.” STRAFORINI
(2005) citado em RABELO (2010).

Assim como, o professor de Geografia deve trabalhar


com diferentes linguagens como forma de elaborar
observações, registros, descrições, representações de
aspectos da natureza para proporcionar um processo avaliativo
que contemple o ensino (SILVA, 2011). Ressalta ainda (2016,
p.43), “Para que a avaliação na disciplina de Geografia sirva à
aprendizagem é essencial conhecer cada aluno e suas
necessidades”. Então, a avaliação geográfica deve avaliar a
condução e o aprendizado do aluno, contemplando a formação
da cidadania e da vivência onde o aluno mostre que é
transformador da sua realidade. Assim, o aluno tem que se
conectar com o lugar, cotidiano e sociedade. (MANFIO, 2020).

Então RABELO (2010), defende que o aluno deverá constantemente realizar


atividades e exercícios (teóricos e práticos) que lhe sejam significativos, do ponto de
vista cognitivo. O professor de Geografia deverá preocupar-se com o processo e não
somente com os resultados, pois é no processo que o aluno consegue realizar a
decodificação e a interpretação de signos e, dessa forma, realizar a sua aprendizagem. E
para que esta seja realmente eficaz, o professor deve estar atento, ainda, à adequação do
conhecimento com suas práticas e experiências cotidianas.

2.2.1. Funções da avaliação

Quanto às funções da avaliação da aprendizagem em geografia, DUARTE


(2007), associa a avaliação ao fracasso escolar, pois a avaliação que foi concebida, em
primeira fase, para auxiliar na melhoria da aprendizagem, fornecer informações e dados
sobre o currículo, deixou de cumprir o seu papel e converteu-se em uma problemática
relacionada aos elevados índices de reprovação, desperdício escolar e a baixa qualidade
do ensino. Também diz que entre as funções da avaliação encontram-se as de informar,
certificar, selecionar, controlar, gerir a aprendizagem, enfatizando que as funções
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iniciais para as quais a avaliação foi concebida, majoritariamente ligadas a melhoria dos
processos educacionais, foram corrompidas.

2.2.2. Tipos de avaliação

No que tange aos tipos de avaliação usadas pelo docente neste processo,
RIBEIRO (1993) em VILARINHO (1997) citados em DUARTE (2007), destacam três
(3) grupos que são diagnóstica, formativa e sumativa. Em que:

a) A avaliação diagnóstica, considerada avaliação de entrada, utiliza-se


principalmente em novas abordagens, com o objectivo de fazer o levantamento
dos pré-requisitos, isto é, conhecimentos, aptidões e atitudes que são
imprescindíveis para a aquisição de outros. Ela identifica as dificuldades e
permite corrigir de forma antecipada eventuais problemas e também auxilia na
resolução de problemas presentes.
b) Avaliação formativa, também denominada avaliação de processo, usa-se de
forma contínua durante o processo de ensino-aprendizagem, permitindo ao
professor avaliar o aluno em cada processo da aprendizagem e solução de
possíveis problemas.
c) Avaliação sumativa, de produto ou saída, visa classificar o aluno ao final de uma
unidade, conjunto de unidades, classes ou ciclo escolar.

DUARTE (2007), ressalta que não se deve olhar para essa classificação de forma
isolada ou colocá-las separadamente. Facto que pode-se presumir por todas essas
classificações dependerem e completarem uma à outra para a eficácia da aprendizagem
em si. Entretanto, “suas funções irão variar de acordo como o planejamento e os
objetivos que se pretendem alcançar. Dessa forma, o professor deve estar sempre
atento na hora de selecionar o método avaliativo a ser usado, já que sua ação recairá
diretamente sobre o educando, deixando consequências positivas ou negativas no seu
processo de ensino e aprendizagem.” (PEREIRA et AL.).

2.2.3. Metodologias de avaliação em geografia


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LUKESI (2011) citado em PEREIRA et AL (p. 6), diz que a avaliar significa
representar a realidade vivenciada na sala de aula, o índice de aprendizagem do aluno e
a reflexão das práticas e metodologias utilizadas pelo professor. Assim sendo, isso só se
torna possível através do uso de instrumentos avaliativos que permitem que coleta e
análise de dados e possibilitem detalhes da realidade da turma em relação ao índice de
aprendizagem de cada aluno.

Para Luckesi (2011), a coleta de dados corresponde às


condições impostas pelos objetivos, atrelados ao processo de
ensino-aprendizagem. Para isso, é necessário que estes
estejam em consonância como o Projeto Político da escola,
bem com os planos de ensino e, consequentemente, com o
planejamento das aulas. De tal modo, o professor necessita
estabelecer previamente os instrumentos que possibilitem
avaliar o conteúdo estudado, sendo este coeso com aquilo que
foi tratado durante as aulas. (PEREIRA et AL).

Assim sendo, os instrumentos avaliativos devem ser elaborados, aplicados e


corrigidos tendo em conta os critérios utilizados na planificação das aulas e levando
também em consideração a realidade do aluno.

STEFANELLO (2009) citado em PEREIRA et Al, diz que ao planejar a


avaliação, o professor deve atentar-se à organização, considerando os instrumentos a
serem usados, conferindo uma avaliação sistemática e, ao mesmo tempo, estabelecer se
sua descrição será de cunho quantitativo ou qualitativo. Levando em consideração a
criatividade do professor, cada atividade elaborada poderá desencadear um novo
instrumento avaliativo, que poderá ser usado e adequado a situações específicas.

Nesta perspectiva, TURA et Al (1986, apud PEREIRA et AL), pensa que as


técnicas e os instrumentos avaliativos, que servem de mecanismo para o professor
enquanto avaliador, como a técnica de testagem (testes e provas), fichas de controle, a
observação, questionários, entrevistas, técnicas de sociograma e sociometria,
correspondem a um conjunto de factores que se bem alinhados aos objetivos propostos,
podem gerar resultados realmente significativos para e na aprendizagem do aluno.

Portanto, para serem utilizados na rotina escolar, esses instrumentos avaliativos


devem ser bem planejados e elaborados, de forma a se adequar aos objetivos e
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finalidades da avaliação. De tal modo, esses instrumentos podem variar de acordo com
o planejamento e o propósito de execução, mas devem abranger questões específicas,
sem apresentar ambivalências; deve conter um único conteúdo em cada questão; ser
escrito com uma linguagem clara e acima de tudo, respeitar os esforços de estudar e
aprender de cada aluno. (LUCKESI, 2011 apud PEREIRA et AL).

BARBOSA (2013, p.23-24), também contribui nesta abordagem, dizendo que a


avaliação de Geografia deve ser traçada de forma clara e objetiva, evitando, assim,
interpretações equivocadas e os exercícios devem explorar o senso crítico, permitindo
que os estudantes possam resolver situações-problemas, compreender, comparar e
interpretar fenômenos. E ressalta algumas ferramentas e técnicas avaliativas, como:
provas objetivas, provas dissertativas, seminários, observações, trabalhos em grupo,
debates, interpretação de imagens, relatórios de aulas de campo, construção de
maquetes, interpretação e produção de textos.
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3. CONCLUSÃO

Ao fim desta abordagem, pode-se concluir que o processo de desvinculação da


avaliação com relação as ideologias antiquadas tem caminhado com a modernização e a
percepção de que os alunos são construtores do seu próprio saber e a aprendizagem
destes é influenciada por vários factores. Porém, nota-se que é um processo ainda é
lento, mas o alentador é o facto de estarem-se desenvolvendo muitas abordagens sobre
este tema, que também é considerado uma problemática, de certo modo.

Durante a pesquisa, compreendeu-se que processo avaliativo da aprendizagem em


Geografia deve estar de acordo com os objectivos propostos, estes os quais devem ser
revisados e corrigidos durante o processo de ensino-aprendizagem, caso necessário,
tendo em conta que este não é estático, mas sim é um processo dinâmico e passível de
modificações para que se adeque a realidade dos alunos.

Também, os professores devem presar a avaliação qualitativa, ao invés da quantitativa,


assim avaliando o seu próprio trabalho de ensino e não só ao aluno.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACK, A. G. & ROCHA, A. S. (2015). Metodologias de avaliação na disciplina de


Geografia no ensino médio. [PDF].

BARBOSA, E. D. L. (2013, p. 23-24). As diversas possibilidades para avaliar o ensino


da Geografia. [PDF].

DUARTE, S. C. M. (2007). Avaliação da aprendizagem em Geografía: desvendando a


produção do fracasso escolar. Maputo. Imprensa universitária.

HAYDT, R. C. C. (2011, cap. 13). Avaliação do processo ensino-aprendizagem. ROSA.


C. S. M. (Ed.). Curso de didática geral. São Paulo.

MANFIO, V. (2020). A avaliação escolar e o aprendizado geográfico: uma reflexão


necessária. [PDF].

PEREIRA, E. C. M., SOBRINHO, D. M. S., GARCIA, T. C. M. & BATISTA, G. G.


Avaliação da aprendizagem na Geografia escolar: reflexão a partir das aulas de
Geografia em uma escola pública de São João do Sabugui-RN. [PDF].

RABELO, K. S. P. (2010, p. 238- 44). A avaliação da aprendizagem no processo de


ensino em Geografia. [PDF].

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