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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO CEARÁ

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

JOBEDIR HOLANDA RAVETTE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

GEOGRAFIA I

QUIXADÁ - CE
2023

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

JOBEDIR HOLANDA RAVETTE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA


I

Relatório de Estágio Obrigatório realizado na escola


de Ensino Fundamental Dr. Joaquim Fernandes
apresentado ao Componente Curricular de Estágio
Supervisionado em Geografia I do Curso de
Licenciatura em Geografia IFCE – Campus Quixadá.

Professora Orientadora: Profª Drª Adele Araújo


Professor Supervisor: Geovan Nobre de Araújo

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QUIXADÁ - CE

2023

AGRADECIMENTOS

Com a finalização deste Relatório de Estágio I não posso deixar de agradecer a algumas pessoas
que, direta ou indiretamente, me ajudaram nesta caminhada tão importante da minha vida
pessoal e profissional.

Aqui presto também o meu agradecimento ao Professor Geovan Nobre de Araújo por se mostrar
disponível para me ajudar, não apenas nesta fase final, mas também durante os finais de semana.
Obrigada por todas as ideias e todos os conselhos.

Ao corpo docente e não docente da Escola de Ensino Fundamental Dr. Joaquim Fernandes por
terem feito com que me sentisse em “casa” na “vossa casa”. Em particular, gostaria de fazer um
agradecimento sincero à Maria do Socorro de Souza Brasil e ao Paulo Henrique Ferreira da
Silva, por me terem ajudado tanto, facilitando muito algumas das minhas pesquisas, sempre
com uma grande simpatia e profissionalismo.

Por fim, mas não menos importante, agradeço à minha família que sem ela dificilmente
conseguiria chegar até aqui. Por estarem sempre lá para me amparar, para me criticar, para me

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congratular fazendo-me sentir uma pessoa melhor. Obrigada mãe, a minha paixão; aos meus
avós, aos meus irmãos e ao meu pai.

RESUMO

O presente relatório almeja discorrer sobre as experiências aprendidas durante as aulas de


Geografia assistidas com alunos nos Anos Iniciais, do Ensino Fundamental II. Referente à
disciplina de Estágio Supervisionado I do curso de Licenciatura em Geografia, coordenado pela
Profª. Danielle Rodrigues e orientado pela Profª Drª Adéle Araújo. O relatório descreve sobre
minha atuação enquanto estagiária nas respectivas turmas dos Anos Iniciais no Fundamental II
e a descrição das atividades desenvolvidas.

Palavras-chave: Memórias. Estágio Supervisionado. Saberes docentes.

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (com tabela somatória da carga horária)

2.1 Metodologia na escola de estágio

2.2 Metodologia nos encontros de orientação

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4. CONHECENDO A ESCOLA-CAMPO

4.1 Caracterização da escola campo de estágio, indicadores educacionais e contexto


espacial

4.2 Análise diagnóstica do Projeto Político Pedagógico

4.3 Análise diagnóstica da gestão escolar: direção e coordenação pedagógica

5. DIMENSÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

5.1 Análise diagnóstica do planejamento docente do(a) professor(a) supervisor(a) de


estágio

5.2 Análise diagnóstica da formação e da prática docente do(a) professor(a)


supervisor(a) de estágio

5.3 Análise diagnóstica da aprendizagem da Geografia nas turmas observadas

6. DESAFIOS E APRENDIZADOS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

DOCENTE DO(A) ESTAGIÁRIO(A)

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

(Termo de compromisso, fichas de frequência mensais, parecer sobre o(a)

estagiário(a), planos de aulas etc).

1. APRESENTAÇÃO

O Estágio é um momento de fundamental importância no processo de formação profissional.


Constitui-se em um treinamento que possibilita ao estudante vivenciar o que foi aprendido na
faculdade, tendo como função integrar as inúmeras disciplinas que compõem o currículo
acadêmico, dando-lhes unidade estrutural e testando-lhes o nível de consistência e o grau de
entrosamento. Por meio dele, o estudante pode perceber as diferenças do mundo organizacional
e exercitar sua adaptação ao mercado de trabalho. O estágio funciona como uma “janela do
futuro”, através do qual o aluno antevê seu próximo modo de viver. Deve ser uma passagem
natural do “saber sobre” para o “saber como”; um momento de validação do aprendizado teórico
e prático em confronto com a realidade. O Estágio Supervisionado tem cumprido de forma
eficiente o papel de elo entre os mundos acadêmico e profissional ao possibilitar ao estagiário
a oportunidade de conhecimento da administração, das diretrizes e do funcionamento das
organizações e suas interrelações com a comunidade. A realização de estágios será incentivada
como forma de aproximar os alunos das necessidades do mundo do trabalho, criando
oportunidades de exercitar a prática profissional, além de enriquecer e atualizar a formação
acadêmica.

Espera-se que os profissionais hoje, além de estimulados


e bem preparados, sejam atualizados e conscientes de que
sua formação é permanente. Sendo assim, é preciso
extrapolar a formação tradicional dos professores que se
concentra em prepará-los no domínio dos conteúdos, das
técnicas e estratégias de ensino. A formação atual prevê
um profissional reflexivo, crítico envolvido em sua
formação

[...] (FREITAS, 2004, p. 35)

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O estágio supervisionado é a exteriorização do conhecimento acadêmico fora da universidade
é o momento em que o estagiário coloca em prática os conhecimentos acumulados, as
metodologias adquiridas e as orientações recebidas durante a graduação. O estágio e suas
situações surgidas com a vivência no âmbito escolar propiciam à estagiária experiências que
serão muito úteis na sua carreira profissional. Além disso, cumpre eficazmente seu dever de ser
uma ponte entre a universidade e as instituições que futuramente absorverão os futuros
profissionais, permitindo que o estagiário tenha contato com as mais diferentes relações
existentes nas instituições de ensino, dessa forma, o estágio se torna uma peça fundamental na
formação do professor.

Segundo Pimenta e Lima (2004, p. 61), o estágio curricular supervisionado “como campo de
conhecimento e eixo curricular central nos cursos de formação de professores possibilita que
sejam trabalhados aspectos indispensáveis à construção dos saberes e das posturas específicas
ao exercício profissional docente”.

Para Guerim, ‘’O mundo contemporâneo necessita de uma participação ainda maior da escola
na formação do ser humano, sendo necessário que os indivíduos desenvolvam um olhar crítico
capaz de questionar, investigar e argumentar, não aceitando todo e qualquer conhecimento
como verdade absoluta. A efetivação deste desafio proposto para a escola necessita ser buscada
desde cedo no dia a dia escolar, onde o aluno aprende a pensar criticamente, questionando e
problematizando o próprio saber.’’ Por conseguinte, no decorrer do estágio é importante ter
consciência dep://nonio.eses.pt/interaccoes/artigos/H1%281%29.pdf uma participação ativa
nesse processo de ensino e aprendizagem e não meramente precepitores alheios à realidade.

O presente relatório almeja discorrer sobre as experiências apreendidas durante as aulas


observadas duas vezes na semana no período de 01/09 a 06/12 de 2022, na Escola de Ensino
Fundamental Dr. Joaquim Fernandes em Quixeramobim, CE. Com alunos dos Anos Iniciais do
Fundamental II. Referente à disciplina de Estágio Supervisionado I do curso de Licenciatura
em Geografia, coordenado pela Profª. Danielle Rodrigues e orientado pela Profª Drª Adéle
Araújo.

O Estágio Supervisionado tem como objetivo proporcionar o entrelaçamento entre teoria e


prática ao cotidiano dos educandos, promovendo assim, a vivência no âmbito escolar tem-se
um ensino voltado às questões sociais e, por conseguinte, mais eficaz. A disciplina promove
que todo o trabalho estudado e realizado em sala possa ser efetivamente transportado para a
prática escolar, ajustando-se apenas à realidade da escola e dos alunos. Os embasamentos
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teóricos que assimilamos no curso de Geografia consistem em sua essência, que questionamos
nossas aulas de Geografia e nos encarregaremos de mudar e inovar nossa prática docente. Este
relatório objetiva, portanto, mostrar como se deram as atividades desenvolvidas.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Durante o processo de Estágio, o professor em processo de formação passa a enxergar a


educação de forma mais crítica, entendendo a realidade da escola, a rotina dos alunos, dos
professores, bem como dos profissionais que a compõem (JANUÁRIO, 2008). Neste sentido,
o profissional passa a entender os procedimentos necessários para o funcionamento da
instituição, obtendo uma visão holística do processo interdisciplinar e aprimorando suas
práticas de ensino.

Para tanto, o Estágio Supervisionado possibilita ao aluno-professor pensar seu fazer docente,
mapeando suas práticas, refletindo sobre as escolhas feitas, as ações desenvolvidas, os
conteúdos observados, bem como as atividades realizadas.

Buscando, deste modo, otimizar as metodologias, buscando novas posturas que favoreçam a
aprendizagem dos alunos em sala de aula (ARROYO, 2000).

2.1 Metodologia na escola de estágio:

Sexta-feira, 16 de Setembro (4h/a)

Fui recebida pelo diretor da escola, Paulo Henrique, que me forneceu informações sobre todas
as rotinas das turmas e me dirigiu às respectivas salas. Logo, após me apresentar aos alunos,
retornei para a sala dos professores para acompanhar o professor em seu estudo. Em seguida,
acompanhei uma reunião brevemente referente às questões internas da escola em relação a má
disciplina de alguns alunos juntamente com a direção e os professores.

Quinta-feira, 22 de Setembro (2h/a)

Ao dar o horário e entrarem na sala, cada aluno dirige-se para a sua mesa e senta-se na sua
cadeira. Alguns ainda resistem querendo ficar nos corredores da escola. Entretanto, estando
todos prontos para a aula, o educador deu início à sua respectiva aula. A turma que dei início
nas observações foi de 6° ano, mostraram-se alunos bem agitados e inquietos com frases
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ofensivas ao professor. No entanto, o educador finge demência e prossegue a aula com o
conteúdo do dia.

Quinta-feira, 29 de Setembro (6h/a)

No início da tarde, fomos à primeira turma do dia, 7° ano. São alunos disciplinados e calmos,
demonstram muito interesse pela Geografia e amam aulas de campo. Há, ainda, uma relação
divertida entre o professor e a turma. A aula foi bem dinâmica e debateram sobre Fenômenos
Naturais e Sociais; para os recursos, fizeram uso do globo terrestre. A didática se deu a partir
de imagens de satélite e problemas ambientais, logo após a exploração foram feitas questões no
PNLD.

Para finalizar a tarde de aula, dirigimo-nos à turma unificada de 7° e 8° ano. Embora a turma
seja multi, são feitas duas abordagens com duas geografias diferentes e os alunos absorvem
bem o conteúdo. Mostraram ser bem agitados e participativos, mas em Geografia,
especialmente nas aulas de campo, demonstraram entusiasmo. Porém, estavam em processo de
intervenção sobre as provas bimestrais. A aula foi monótona.

Sexta-feira, 30 de Setembro (10h/a)

Iniciei com contato para possível acesso ao PPP, o que, de fato, foi tranquilo e não houve
resistência por parte da gestão que de duas formas me disponibilizou o material, físico e digital.
Portanto, dei início ao estudo/ análise, intercalando com visitas à biblioteca e secretaria para
observação da dinâmica dos funcionários do local. No horário da tarde substituí o professor,
pois ele teve um caso de urgência e precisou viajar, mas me deu as devidas orientações e
repassou o conteúdo, e consegui ministrar a aula.

Quinta-feira, 06 de Outubro (4h/a)

O dia começou animado, logo na acolhida dois alunos discutiram, mas o professor soube
contornar a situação e não precisou levá-los à diretoria. Após a aula, tivemos uma palestra muito
importante sobre alimentação saudável e os benefícios de comer frutas e vegetais. Em seguida,
ao terminar a palestra, fui planejar juntamente com o professor.

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Quinta-feira, 13 de Outubro (4h/a)

Dando continuidade, o estudo/ análise do PPP prosseguiu a partir da página 59 onde constam
os componentes curriculares e as propostas pedagógicas do Projeto Político Pedagógico da
unidade escolar. À tarde voltei para a observação em sala e ajudei o professor na aplicação das
intervenções.

Sexta-feira, 14 de Outubro (2h/a)

Este foi o dia do meu primeiro auxílio na montagem dos planos de aulas da semana. E um bom
plano de aula não garante apenas a organização da rotina dos educadores em sala de aula. Na
realidade, ele contribui diretamente para o desenvolvimento dos alunos e, consequentemente,
para o sucesso da escola. Entretanto, como sustentou o professor supervisor, esse processo exige
organização, sistematização e intenções claras. Isso porque, considerando-se o roteiro já
delineado, é possível ensinar e aprender melhor. Com isso, torna-se mais simples transmitir o
conhecimento e os conteúdos curriculares, de forma a transformar positivamente a ação
docente. Sem isso, o educador tende a se distrair e acaba por não aprofundar devidamente os
temas propostos. Contudo, mesmo "engatinhando" para se adequar ao modelo da escola me saí
bem (ANEXO IV), como disse o professor.

Quinta-feira, 20 de Outubro (4h/a)

Substituí novamente o professor em 4 aulas e consegui administrar bem os conteúdos, foi uma
experiência muito enriquecedora e que contribui imensamente para minha formação docente.

Sexta-feira, 21 de Outubro (4h/a)

Apesar das rotinas diárias, fizemos uma visita técnica na fábrica de algodão de Quixeramobim,
logo em seguida, a filha do proprietário nos recepcionou e nos contou a história das Rações
Carneiros (onde são produzidas as rações advindas dos carouços dos algodões). Posteriormente,
um funcionário da fábrica foi nos guiando e nos explicando cada processo dos maquinários e
suas utilizações. Foram receptivos conosco e colaboraram com as atividades e perguntas
dispostas pelo professor; sempre tirando nossas dúvidas e sendo bem atenciosos com os alunos.
Uma curiosidade, é que eles usam energia sustentável e nada do algodão é desperdiçado. À
seguir a imagem:

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Os alunos do 6º ano B, ouvindo atentamente a explicação do funcionário da Fábrica de algodão
de Quixeramobim.

Sexta-feira, 04 de Novembro (2h/a)

Neste dia, o educador faltou e, por isso, a aula sobre Relevo e as paisagens ficaram a cargo da
educadora Socorro. Ela deu início a aula mostrando à turma do 6° ano imagens de diferentes
paisagens onde o relevo se destaca. Logo após, propôs aos alunos que discutam, em pequenos
grupos, as semelhanças e as diferenças identificadas por eles ao observar as imagens. Houve
dispersão por parte de alguns, mas a professora conseguiu intervir a tempo de retomar a
organização.

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Quinta-feira, 10 de Novembro (2h/a)

Ao começo de uma nova semana, deu-se a observação e ocorreu uma reunião com intuito de
aconselhamentos na elaboração das avaliações parciais.

Sexta-feira, 11 de Novembro (8h/a)

Nos dias de prova do 6° ao 9° ano, o professor combinou que eu auxiliaria na observação dos
alunos com intuito de evitar cola entre eles. A tarefa foi tranquila e as turmas reagiram bem
com a proposta.

Quinta-feira, 17 de Novembro (4h/a)

Tal como tenho citado nas segundas são os dias em que planejamos as aulas, são dias tranquilos
de muitas dicas, suposições e acordos, já que ele sempre pede opinião por eu estar "atualizada",
como sempre fala, das habilidades e competências da BNCC.

Sexta-feira, 18 de Novembro (2h/a)

O educador iniciou a aula fazendo uma apresentação dos resultados obtidos nas avaliações
parciais passando pelas lições que já aprenderam. Mais tarde, trabalharam com o material de
elaboração do professor sobre o conteúdo do dia. Contudo, começou por pedir que as meninas
produzissem um cartaz e aos meninos um mapa mental. Fizeram a leitura da unidade do livro
didático e começaram a produzir. Utilizaram diversas estratégias tendo em conta o conteúdo
trabalhado para o 7° ano.

Terça-feira, 06 de Dezembro (4h/a)

Nas turmas unificadas, 6° e 7° ano, após apresentar os resultados obtidos nas provas parciais
foram direcionados para as atividades do dia. Para o 7° ano, aula sobre os Problemas Ambientais
e as atividades econômicas, e no 7° ano sobre Continente Americano, ambas deram-se através
de uma discussão e abordagem dos temas acerca de imagens e pontuações feitas pelo professor.
Em seguida, atividades didáticas. Por conseguinte, me despedi das minhas turmas que fiquei
durante 3 longos meses observando e aprendendo, e os abracei, tivemos uma troca muito
significativa.

2.2 Metodologia nos encontros de orientação

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Quinta-feira, 01 de Setembro

Aula destinada a orientações e recomendações; tira dúvidas sobre carga horária; alinhamento
sobre o estágio.

Quinta-feira, 08 de Setembro

O primeiro momento foi destinado a orientações/ dúvidas. E, no segundo momento, possíveis


questionamentos que poderiam ser feitos à direção escolar.

Quinta-feira, 03 de Novembro

Aula de orientação e tirar dúvidas sobre o estágio.

Quinta-feira, 10 de Novembro

Diálogo sobre os textos de Pimenta;Lima.

Quinta-feira, 17 de Novembro

Orientação para as atividades desenvolvidas durante o mês de maio (foco no diagnóstico);


apresentação dos instrumentais para diagnosticar direção, coordenação e PPP.

Quinta-feira, 01 de Dezembro

Alinhamento sobre o prazo para entrega do diagnóstico geral; e tirar dúvidas.

Quinta-feira, 12 de Dezembro

Recapitulação das orientações da aula passada; leitura e debate do texto de Veiga e Guerim.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Desde o primeiro semestre do curso, na disciplina de Oficina de Geografia I, temos noção do


quanto é importante o planejamento das aulas. O ato de planificar é uma atividade muito
importante para todos os docentes. Além disso, é uma atividade importante para a organização

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do processo ensino-aprendizagem de uma turma, de maneira a que os discentes adquiram a
maioria de conhecimentos possíveis, transmitidos pelo docente de diferentes formas e
utilizando diversas estratégias. A planificação baseia-se na preparação prévia e realização de
um plano de ação, que visa atingir determinados fins.

Segundo Zabala (citado por Braga, Vilas-Boas, Alves Freitas & Leite, 2004)

(…) passa pela criação de ambientes estimulantes que propiciem


atividades que não são à partida previsíveis e que, para além disso,
atendam à diversidade das situações e aos diferentes pontos de partida
dos alunos. Isso pressupõe prever atividades que apresentem os
conteúdos de forma a tornarem-se significativos e funcionais para os
alunos, que sejam desafiantes e lhes provoquem conflitos cognitivos,
ajudando-os a desenvolver competências de aprender a aprender (p.
27).

Segundo Ribeiro e Ribeiro (1990, p.433), a planificação “trata-se de selecionar estratégias de


ensino que envolvem os alunos em atividades de aprendizagem apropriadas à consecução dos
objetivos e dos conteúdos definidos”.

Clark e Peterson (citados por Braga, 2001, p.34) referem que na planificação estão contidos “os
processos de pensamento que o professor leva a cabo antes da interação com a turma”. Bullough
(citado por Braga, 2001, p.35), defende que “a planificação deve ser realizada com o objetivo
de manter os alunos interessados e intelectualmente despertos”, recorrendo a atividades que
“exigem muito esforço e outras que o poupem, atividades de grande e pequeno grupo, atividades
que convidam ao barulho, …”

De acordo com Escudero (citado por Zabalza, 2002, p.47), planificar é também “prever
possíveis cursos de ação de um fenômeno e plasmar de algum modo as nossas previsões,
desejos, aspirações e metas num projecto que seja capaz de representar, dentro do possível, as
nossas ideias acerca das razões pelas quais desejaríamos conseguir, e como poderíamos levar a
cabo, um plano para as concretizar.”

Dessa forma, cada momento de estudo e planejamento do professor supervisor foi feito com o
pensamento nos alunos, nos tipos de metodologias que pudessem ser usadas para atender às
necessidades de cada estudante.

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Segundo Kotler (1992, p. 63), “planejamento estratégico é definido como o processo gerencial
de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as
mudanças e oportunidades de mercado”. No entanto, planejar é importante porque contribui
consideravelmente para o sucesso da aula e dá o controle necessário sobre a desenvoltura na
participação dos alunos. O planejamento na maioria das vezes leva a melhoria na produtividade,
na qualidade e nos resultados objetivados.

4. CONHECENDO A ESCOLA

4.1 Caracterização da escola campo de estágio, indicadores educacionais e contexto


espacial

A escola E.E.F. Dr. Joaquim Fernandes é situada na zona urbana de Quixeramobim no Ceará.
Esta escola atende o ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais. Existem seis salas de aula, um
pátio enorme cujo nome é em homenagem ao ex-prefeito Edmilson Júnior de Correia
Vasconcelos, onde ficam secretaria/ diretoria, sala dos professores, cozinha e, logo atrás da
cantina, uma biblioteca, uma sala de informática e dois almoxarifados. O colégio conta ainda
com uma quadra aberta, nove banheiros, seis dos quais destinados aos alunos e um de
acessibilidade. Além disso, para contato com a gestão email:
esc.joaquimfernandes@gmail.com, possui identificação jurídica da instituição CNPJ:
10.932.363/0001-19 Atende nos turnos matutino e Vespertino nas modalidades de ensino
regular.
À seguir tabela com mapeamento físico do prédio:

A ESCOLA E.E.F DR JOAQUIM FERNANDES CONSTA DE UMA ÁREA DE 8.000 M²

SALAS BANHE BIBLIO COZIN ALMO SALA DIRET PÁTIO

IROS TECA HA XARIF /REUNI ORIA

ADO ÃO

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06 09 01 01 02 01 01 01

Por outro lado, é sabido que os indicadores educacionais são construídos para atribuir um valor
estatístico à qualidade do ensino de uma escola ou rede, atendo-se não somente ao desempenho
dos alunos, mas também ao contexto econômico e social em que a escola está inserida. A partir
disto, através do aplicativo Clique Escola pude analisar seu desempenho de ensino, disposto no
link https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.cliqueescola é só consultar pela UF:
CE, cidade: Quixeramobim através do código 23101920.

Em sequência, apresentando o contexto espacial da E.E.F. Dr. Joaquim Fernandes. A mesma é


um espaço educacional que atua na formação de alunos críticos e busca ser uma escola onde
pais, alunos, professores e comunidade tenham sua contribuição no processo de ensino,
perfazendo uma escola democrática. Neste diagnóstico locacional, a escola situa-se na entrada
da cidade de Quixeramobim, onde atende vários bairros considerados periféricos da cidade.
Com a doação do terreno feita pelo Sr. Joaquim Fernandes é construída pela luta do povo que
queria uma escola mais próxima, pois a maioria das escolas que existiam na época ficavam no
Centro da cidade e era bem longe, e que atendesse os bairros que ficam na área entre Conjunto,
Vila São Paulo e Cohab. A partir de dados do Google Earth, o território conta com cerca de
8.000 m². A principal atividade econômica da região é a agricultura, a indústrias e lotações
(carros de horário/ pau-de-arara). Desse modo, 97% dos alunos que estudam nesse colégio
necessitam do transporte escolar que passa em 4 bairros circunvizinhas à escola (Cohab, Vila
São Paulo, Conjunto, Sabonete). As políticas públicas da região têm um pouco de carência
devido à fama do bairro, onde fica localizada a escola, é um bairro que acontece muitas mortes
e assaltos. Contudo, em seu cenário socioterritorial a gestão zela pelo seu patrimônio escolar e
a comunidade agradece pelo prédio ali situado que atende seus familiares com competência.

4.2. Análise diagnóstica do Projeto Político Pedagógico

A partir do estudo/análise do PPP da E.E.F. Dr. Joaquim Fernandes, percebeu-se que foi
elaborado com êxito. Atende Fundamental II, em dois turnos. O mesmo acatou todos os
requisitos que são necessários para a construção de um Projeto Político Pedagógico, ou seja, o
arquivo conta com as características de ensino voltadas à realidade dos alunos. Sua elaboração
teve a participação de toda a comunidade escolar, e encontra-se à disposição de todos
interessados em conhecê-lo. No entanto, prioriza reuniões e palestras para aprofundamento de
questões pertinentes de interesse à educação dada aos alunos. Desse modo, é notório que as
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relações humanas nem sempre são cem por cento harmônicas, pois quando se convive em grupo
há divergência de ideias e opiniões, mas procura-se manter o respeito mútuo. Além disso, a
existência da prática de diálogo entre todos os segmentos e a ética profissional são os principais
fatores de interação e integração de um grupo. Contudo, a escola conta com parcerias também
de outros órgãos, como secretarias e membros da comunidade, sempre que necessário para
palestras, depoimentos, reuniões de alinhamento, gincana, e campanhas (de combate à dengue,
drogas, sobre saúde, etc.). Vale ressaltar também parcerias realizadas juntamente com a
Gerência Municipal de Educação,
Ação Social, Gerência de Saúde, Conselho Tutelar, escolas circunvizinhas, etc.

Para acesso ao PPP da escola, o processo se deu de forma tranquila. Em nenhum momento
houve resistência por parte da gestão ou do corpo docente da escola. Inicialmente, entrei em
contato com a direção de ensino que atendeu meu pedido e logo se pôs à disposição. Assim,
disponibilizaram o arquivo físico e o digital prestando toda assistência quanto ao esclarecimento
de dúvidas. Foram 10h semanais de análise, contabilizando 2 semanas , pois o arquivo conta
com uma gama de informações e por ser extenso, descreve desde a doação do terreno aos
componentes curriculares de cada área e nível fundamental.

4.3 Análise diagnóstica da gestão escolar: direção e coordenação pedagógica

Como profissional em formação, pude perceber que na regência de uma escola requer pulso e
determinação. No cargo de estagiária nesta escola, acompanhei reuniões de caráter
comemorativo e de alinhamento que me permitiram conhecer elementos escolares que nunca
havia notado enquanto aluna. Liderança, competência em trabalhos colaborativos, dedicação
foram os elementos mais latentes durante os dias estagiados que em conjunto transitaram
entre o corpo docente com leveza e coordenaram na escola com maestria. Com um currículo
vasto, a diretora que já lecionou na instituição anteriormente mostra-se capaz de gerenciar,
acompanhar, orientar e colaborar na utilização de recursos, meios e processos técnicos com o
objetivo de localizar e avaliar os problemas e dificuldades dos alunos, determinando suas
causas, para preveni-las e corrigi-las. Mostrou-se responsável em diversas tarefas, desde a
administração das contas até a manutenção de um bom relacionamento com os docentes,
alunos e famílias. Em suma, o bom funcionamento escolar não só depende de um
planejamento pedagógico adequado. Na prática, há uma série de processos administrativos,
além de recursos físicos e materiais, que precisam ser bem gerenciados. No entanto, a diretora
escolar sempre buscou, sob minha percepção, garantir e assegurar a manutenção do espaço

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escolar, adquirir novos equipamentos quando necessário, administrar e cuidar dos recursos da
instituição e implementar tecnologia na rotina escolar. Portanto, presumo que seu preparo e
comprometimento com o cargo esteja atrelado à sua formação de Pós- Graduação em Gestão
e sua atuação como docente no nível superior.

Ademais, percebeu-se que as ações pedagógicas são direcionadas através dos grupos de
Whatsapp, e de acordo com as dificuldades de cada professor o mesmo realiza
acompanhamento individual, apresentando as orientações sugeridas pela Secretaria de
Educação, realiza acompanhamento das avaliações elaboradas pelos professores e direciona
estratégias que contemplem as expectativas de aprendizagem de cada turma fazendo a ponte de
comunicação entre todos os envolvidos no processo educacional. O papel da coordenadora
pedagógica na escola também é, além de fazer a ponte entre todos os agentes envolvidos no
processo de aprendizagem dos alunos, o dever de avaliar as necessidades e os interesses de cada
um deles, além de atuar de forma a solucionar conflitos e alinhar expectativas em relação ao
serviço oferecido pela escola. Todo compromisso e decisão tomados por ele, está sempre
estruturado no Projeto Político Pedagógico da instituição, articulando projetos que estejam o
mais alinhado possível com as expectativas dos pais e alunos — sem deixar os valores da
instituição de ensino e de seus professores de lado. No quesito socialização do corpo docente,
com as lotações de funcionários ocorridas na prefeitura do município esse último mês, houve
inúmeros conflitos internos que dizem respeito à escola, e o coordenador pedagógico esteve
muito presente na identificação desse problema, solucionando-o antes mesmo que ele pudesse
prejudicar o funcionamento da instituição. Portanto, como a formação continuada dos
professores é uma das principais responsabilidades do coordenador, ele costuma ser uma figura
próxima dos docentes. E, segundo ele, um fator que colaborou muito para intensificar a relação
foi a tecnologia, pois a mesma casa durante o final do expediente ainda atende as dúvidas e
questões que os professores têm, como sugestões de atividades, etc.

5. DIMENSÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA

5.1. Análise diagnóstica do planejamento docente do(a) professor(a) supervisor(a) de


estágio

A educação é um processo dinâmico e as tendências pedagógicas estão sempre sendo


atualizadas. O professor supervisor sempre mostrou-se preparado para essas transformações e

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foi incentivado a ter uma formação contínua, com cursos, palestras e atividades ofertadas pela
Secretaria de Educação do município. Além disso, o planejamento escolar quando elaborado é
voltado para o aprendizado dos estudantes e sempre foi visto como um documento flexível,
passível de revisões ou, até mesmo, alterações durante o ano letivo. A preparação do
planejamento escolar, desde minha atuação, além de envolver toda a equipe, também
reconhecia as exigências das Secretarias da Educação e da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), do MEC. Tudo visando ser estruturado dentro do plano, abordando também projetos,
metas e objetivos próprios da instituição.

No Brasil, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), em seu artigo 12, coloca que é dever da escola
acompanhar o professor para verificar se o seu plano de trabalho está sendo cumprido. E na
escola de atuação, o corpo de gestores caminham juntos o que facilita na eficiência do
cumprimento das etapas. Não é tão simples observar para diagnosticar o professor,
considerando que ele é um profissional com grandes responsabilidades. Além de ter que
dominar o conteúdo que leciona, embora não seja formado na sua área de atuação, deve
conhecer técnicas pedagógicas, didáticas e metodológicas, ele cultiva um bom relacionamento
social para com seus alunos. Procurei também tomar o cuidado de não avaliar somente o aspecto
do trabalho, e entre alguns pontos que observei, pude destacar: o cumprimento do conteúdo
lecionado e registrado no diário de classe; como é o relacionamento do professor com os
estudantes e o seu controle da sala; o seu relacionamento com os funcionários da instituição; a
sua participação nas reuniões pedagógicas; a sua pontualidade; e o que ele faz para inovar no
processo de aprendizagem. É importante que sejam utilizados vários aspectos na análise e que
ela aconteça durante momentos distintos de atuação do docente, em dias alternados, para que
não se tenha uma visão única sobre o trabalho do professor. Em resumo, a parceria que ele
sempre demonstrou, também, é um aspecto relevante ao meu ver.

5.2. Análise diagnóstica da formação e da prática docente do(a) professor(a)


supervisor(a) de estágio

A essência da prática de um professor deve estar baseada no método ensino e aprendizagem,


sendo necessário conhecimento teórico prático para realizar a atividade docente. Neste sentido,
a presente análise desenvolve-se sob objetivo de compreender como se dá a docência do
professor supervisor sem formação adequada na área de atuação, que almeja diagnosticar por
completo suas atividades pedagógicas, observando as práticas docentes nas quatro turmas de
Anos Finais. E observar a formação do professor e seus anseios profissionais, a forma de

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utilização do livro didático, apoio da gestão escolar e a infraestrutura do colégio. O diagnóstico
realizado pertence à vertente investigativa e descritiva de uma professora em formação,
informando as condições na estruturação de um plano de aula, a forma de fazer docência. O
método de abordagem utilizado é o dedutivo. Nos resultados obtidos, apurou-se que a prática
do professor é deficiente no atendimento das necessidades fundamentais dos docentes, com
precários recursos para desenvolvimento de pesquisa, tais como usar biblioteca sem
bibliotecário, além de limitação estrutural imposta por falta de espaço na localidade onde se
situa a escola. Em um sistema democrático e representativo, as práticas docentes apuradas são
tradicionais, com uso exclusivo do método expositivo e do quadro negro como recurso didático,
com limitação e preferências do livro didático, sendo que as avaliações são qualitativas. A
observação priorizou demonstrar a realidade de como se aproveita o objeto de estudo e o
cotidiano da atividade docente.

Portanto, analisando a formação docente, a partir do contexto de práxis, na perspectiva da


construção de novos conhecimentos, podemos assim dizer, que a tríade: formador, formando e
conhecimento se fez mediante uma relação dialética, sendo esta, uma característica necessária
à realização da práxis. Neste sentido, Freire (1996, p.25) nos coloca que: “[...] ensinar não é só
transferir conhecimentos”, a nosso ver, o ato de ensinar descontextualizado da práxis não
transforma, assim, concordamos com este autor quando diz: “Quem ensina aprende ao ensinar
e quem aprende ensina ao aprender”.

5.3 Análise diagnóstica da aprendizagem da Geografia nas turmas observadas

Na turma de 6° ano, o professor sempre busca estimular nos alunos a capacidade de desenvolver
o raciocínio espacial. O que é um dos grandes desafios da Geografia atualmente, após 2 anos
no ensino remoto. O planejamento contempla o trabalho com conteúdos e permite aos
estudantes compreender a posição que ocupam no espaço e as interações da sociedade em que
vivem com a natureza.

Na turma de 7° ano, o professor incentiva os alunos a criar sua própria divisão regional da
comunidade que está inserido, fundamentada nos livros didáticos; comparando as paisagens,
percebendo que os recortes regionais do meio em que ao seu redor se transformam em função
das mudanças socioeconômicas e ambientais do território, e dos recursos das ações da
comunidade. Objetivando formar o estudante para o pleno exercício da cidadania e o
conhecimento da diversidade cultural, econômica e social, que se faz necessário para o
conhecimento do território e suas características naturais e socioculturais.
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6. DESAFIOS E APRENDIZAJES PARA A CONSTRUÇÃO DA

IDENTIDADE DOCENTE DO(A) ESTAGIÁRIO(A)

Ao escolher esta profissão, mais do que qualquer outra, tenho de ter consideração pelo fato da
sociedade em que vivemos estar em constante mudança. Por essa razão e por querer estar,
sempre, informada e atualizada vou querer estar receptiva a novas aprendizagens bem como
pesquisas. No futuro espero vir a frequentar uma Pós-Graduação em Necessidades Educativas
Especiais, visto puder ter em sala de aula alunos com essa necessidade e por considerar ser uma
mais valia na minha profissão. Tal como já referi, a nossa sociedade está em imutável evolução
e as Tecnologias de Informação e Comunicação são um exemplo disso. De acordo com
Silveira–Botelho (2009, p.114), “não dominar as novas tecnologias de informação, equivale na
prática a um novo tipo de analfabetismo.” Deste modo dispensaria, no futuro, tempo para me
sentir mais apto e eficaz a este nível.

Segundo Veiga, ‘’A escola é uma realidade temporal instituída. Ela se desenvolve num espaço
e tempo histórico; sob as orientações previamente instituídas; sob a gestão de um corpo docente
para assegurar as ações educativas no interior da escola; e com a presença do movimento
instituinte, responsável por rever o instituído e, a partir dele, instituir outras possibilidades.’’

A escola, ao desencadear a organização instituinte, procura assumir um conjunto de fatores


políticos, sociais, culturais e educacionais criados e recriados pelas relações entre os indivíduos
e o dia a dia da escola. Pérez Gómez afirma com muita clareza que:

[...] para entender as peculiaridades dos intercâmbios dentro da


instituição, é imprescindível compreender a dinâmica interativa entre
as características das estruturas organizativas e as atitudes, os
interesses, os papéis e os comportamentos dos indivíduos e dos grupos.
(2001, p. 131-132).

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Para Pimenta (1996) a identidade docente se constrói pelo significado que cada professor dá
para a sua profissão, enquanto autor e ator, conferindo à atividade docente, no seu cotidiano, a
partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas
representações, de seus saberes, de suas angústias e de seus anseios. Logo, as poucas semanas
observando a docência do professor supervisor me garantiu a configuração de uma identidade
requerida, com base nas vivências em sala. Contudo, a importância do estágio curricular, em
suma, me permitiu a busca por autonomia, procurar melhores apropriações conteudistas sobre
a Geografia, ter noções da relação entre o tempo de trabalho e suas atribuições cotidianas,
permitindo priorizar a interação com os alunos e demais funcionários que fazem o espaço
escolar, e, ao exercício da prática docente. Após refletir as contribuições do estágio, identificou-
se a relevância de critérios básicos na etapa da formação e na construção da identidade docente.
Como contribuir para que os discentes desenvolvam apreço por estudar Geografia, procurando
soluções e levantando questionamentos acerca dos conteúdos e da atuação em sala; considerar
a necessidade de ter mais flexibilidade com os alunos, pois em alguns momentos o planejamento
da aula não funcionará como o esperado, tendo que ser improvisado no desenvolvimento da
aula, ou seja, tenha sempre um plano B, C, D, etc. Diante desse cenário, acabei tendo
insegurança por não conseguir ser uma professora capaz disto ou muito mais. Porém sou adulta
o suficiente para entender que isso se conquistará com qualificação e aprofundamento.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com Galveias (2008, p.10), a prática pedagógica deve considerar alguns princípios,
entre os quais “orientar-se quer para o desenvolvimento da competência técnica quer para o
desenvolvimento das competências científicas, éticas, sociais e pessoais” bem como
“privilegiar espaços que favoreçam a construção de um saber pedagógico como resultado da
interacção entre os saberes já adquiridos e o questionamento, provocado pela vivência dos
problemas profissionais contextualizados.” Na perspetiva de Guimarães e Lopes (2007,
p.3661), “o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional
reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário (…) é o momento
de efetivar um processo de ensino/aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando
da profissionalização deste estagiário.”

Ao elaborar os planos de aulas, o professor baseia-se de acordo com o que sabe sobre as turmas
e sobre cada aluno. Conforme nos refere às Orientações Curriculares para a Educação Pré-
21
Escolar (2002, p.26), “planear implica que o educador reflita sobre as suas intenções educativas
e as formas de as adequar ao grupo, prevendo situações e experiências de aprendizagem e
organizando os recursos humanos e materiais necessários à sua realização.” Os planos têm a
possibilidade de sofrer alterações, por situações que se verifiquem em sala de aula e não seja
plausível realizá-la na sua totalidade. Estando o educador preparado para mais tarde lecionar
em sala de aula o mesmo conteúdo.

Para finalizar as minhas considerações, é, para mim, muito importante refletir sobre o fato de
ter pessoas que me apoiaram antes, durante e depois da conclusão da carga horária por parte do
corpo docente e gestão. Ao iniciar esta minha licenciatura tinha em mente a vontade de ser
educadora, de partilhar a minha vida junto dos mais diversos tipos de alunos, contribuindo para
o seu desenvolvimento e aprendizagem, mas como já referi, a Prática Pedagógica está presente
desde o início da graduação, por esta razão a minha vontade foi também sido abrangida para o
Fundamental II devido aos vários dias estagiados que realizei nesta valência. Sinto-me
privilegiada por ter passado cerca de cinco semanas da minha vida rodeada de pessoas
(professores, professoras, diretores, auxiliares, os próprios alunos e de amigos nas aulas de
orientação no campus) que me ajudaram a crescer, enquanto pessoa, enquanto estagiária e
enquanto futura docente, mostrando-me o caminho correto a percorrer.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. BRASIL.

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concepções. Poíesis pedagógica, v. 3, n. 3 e 4, p. 5-24, 2006.

GUERIM, Geuciane Felipe. Teoria e Prática: Notas Sobre Didática e a Pedagogia Histórico
Crítica. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, v. 15, n. 3, 2014.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. A escola em debate-Gestão, projeto político-pedagógico e


avaliação. Retratos da Escola, v. 7, n. 12, p. 159-166, 2013.

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Braga, F., Vilas-Boas, F. M. Alves, M. E. M., Freitas, M. J. & Leite, C. (2004). Planificações
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Freitas, L. V. & Freitas, C. V. (2002). Aprendizagem cooperativa. Lisboa: Edições ASA.

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23
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ANEXOS

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