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GRUPO I – 9 valores+1
Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações, justificando sucintamente e com
precisão:
1. Não existe diferença entre o princípio in dubio pro reo e o princípio da presunção de inocência.
2. Aquele que tem legitimidade para se constituir assistente, mas que não o fez durante todo o
processo, pode constituir-se como tal apenas para efeitos de recurso da decisão final.
V. Pode constituir-se assistente para efeito de recurso desde que o faça no prazo para interposição
de recurso da decisão – art. 68.º, n.º 3, al. c) do CPP + 69.º, n.º 2, al. c) do CPP.
3. Qualquer cidadão pode dar entrada de uma providência de habeas corpus desde que
simplesmente considere a prisão injusta.
F. A providência de habeas corpus em virtude de prisão ilegal, tal como prevê o art. 222.º do CPP,
só se pode fundamentar em ilegalidade proveniente de um dos seguintes motivos: a) Ter sido
efetuada ou ordenada por entidade incompetente; b) Ser motivada por facto pelo qual a lei a não
permite; ou c) Manter-se para além dos prazos fixados pela lei ou por decisão judicial. O que cada
um considere sobre a justiça ou injusta da prisão não constitui fundamento.
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- SÓ PODE SER UTILIZADA UMA FOLHA DE TESTE EM CADA GRUPO;
- SÓ PODE SER CONSULTADO O CÓDIGO PROCESSO PENAL NÃO ANOTADO, NÃO SENDO
PERMITIDAS QUAISQUER ANOTAÇÕES PRÓPRIAS, COM EXCEÇÃO DE SIMPLES REMISSÕES;
- DEVE JUSTIFICAR AS SUAS RESPOSTAS DOUTRINAL E LEGALMENTE NOS TERMOS REQUERIDOS.
António, músico da banda “Tocamuito”, cruza-se do dia 22/12/2021, pelas 17H00, na Avenida da
Liberdade, no Porto, com Belchior, também ele músico na banda “Dançademais”, mas que, desde
longa data, tinham, entre si, uma disputa sobre a qualidade das respetivas bandas.
Como consequência de imediato trocam provocações dirigindo-se mutuamente palavras e frases
ofensivas da honra de cada um. Como António se sente especialmente visado na sua honra aplica
um violento murro na direção de Belchior, atingindo-o em cheio na face. Numa reação instintiva,
também Belchior pontapeia repetidas vezes António na barriga e na cabeça, quando este cai no
chão.
No dia seguinte, António começou a sentir uma dor aguda no estômago e a cuspir sangue, tendo
imediatamente percebido que eram ainda consequências do pontapé de Belchior.
Justificando, enquadre penal e processualmente as condutas descritas. (2,0 v.)
António, nesse mesmo dia, e após receber tratamento no Hospital de St.º António, dirige-se à
Esquadra da Polícia de Segurança Pública mais próxima e aí manifesta intenção Belchior seja
criminalmente responsabilizado.
António, tendo hoje (20/01/2022) ficado a saber, por um amigo comum, que Belchior apresentara
queixa contra si, contacta-o no sentido de o esclarecer se também poderia responsabilizar Belchior
e, se sim, como deveria proceder.
Aprecia a questão colocada por António, justificando a sua resposta. (1,0 v.)
Belchior (e António) podia responsabilizar António (ou Belchior) pelo crime de injúrias, tendo para
tal de apresentar queixa, porque ofendido (art.º 113, 1 CP e 50.º CPP), no prazo de 6 meses após
conhecimento dos factos e do agente (art.º 115.º 1 CP) logo estaria em tempo porque o podia fazer
até 22/06/2022, devendo constituir-se assistente até 10 dias após a apresentação da queixa (246.º
4, 68, 1 a e 68.º 2).
Belchior podia responsabilizar António pelo crime de ofensa a integridade física simples, porque
ofendido (art.º 113, 1 CP e 49.º CPP), no prazo de 6 meses após conhecimento dos factos e do
agente (art.º 115.º 1 CP), logo estaria em tempo porque o podia fazer até 22/06/2022.
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Na sequência da vontade manifestada por ambos o Ministério Público abre dois processos. Findo
o inquérito no primeiro processo o Ministério Público acusa António pela prática de um crime de
ofensa à integridade física simples. No outro processo o Ministério Público também acusa Belchior
pela prática de um crime de ofensa à integridade física simples.
Tanto António como Belchior pretendem reagir, para o que pretendem requerer abertura de
instrução. António entende que Belchior deveria ser acusado por homicídio, na forma tentada e, ele
próprio, não deveria ter sido acusado. Por sua vez, Belchior entende que António deveria ter sido
acusado por ofensa a integridade física grave, como também entende que no seu caso estão
preenchidos os requisitos de legitima defesa, pelo que o inquérito deveria ser arquivado.
Em face do que António e Belchior pretendem, como deveriam processualmente atuar? (3,5
v.)
Decorrida a instrução verifica-se que o Juiz de Instrução Criminal, pronuncia António, pelos factos
constantes da acusação do Ministério Público. Também Belchior é pronunciado, mas por factos
que, para lá dos que constam da acusação do Ministério Público, permitem imputar-lhe o crime de
homicídio, na forma tentada.
O Ministério Público, António e Belchior pretendem recorrer dos despachos de pronúncia
Do despacho de pronúncia relativamente a Antonio, não recorrível, quer pelo próprio António, quer
pelo M.º P.º e Belchior por a mesma o ser pelos factos constantes da acusação do Ministério
Público. (310.º 1 e 399.º CPP).
Do despacho de pronúncia relativamente a Belchior, é recorrível, quer pelo próprio Belchior e pelo
M.º P.º por a mesma considerar factos distintos dos constantes da acusação do Ministério Público.
(310.º 1 à contrário e 399.º CPP).
O recurso seria dirigido ao Tribunal da Relação (432.º à contrário e 427.º CPP), no prazo de 30 dias
após notificação da pronúncia (411.º CPP).
O JIC poderia, antes da remessa do recurso para o Tribunal da Relação, poderia o alterar o
despacho reparando-o, pois não se trata de de decisão que conhece a final o objeto do processo
(art.º 414.º 4 CPP).
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