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Mecanismo
O debito cardíaco e a resistência periférica são dois dos vários determinantes da pressão
arterial.
Volume intravascular
O sal pode ativar alguns mecanismos neurais, endócrinos/parácrinos, e vasculares sendo que
todos eles têm potencial de elevar a pressão arterial. O efeito do sódio na pressão arterial está
relacionado com o fornecimento de sódio, como cloreto, sendo que os sais de sódio sem
cloreto, não tem tanto efeito ou não tem efeito sobre a pressão arterial.
À medida que a pressão arterial aumenta em resposta a uma alta ingestão de Na Cl, a excreção
de sódio pelos rins aumenta também para manter o equilíbrio de sódio, só que em
consequência a isso, aumenta a pressão arterial. O mecanismo para esse fenômeno se chama
pressão natriurese, pode aumentar sutilmente a taxa de filtração glomerular, diminuir a
capacidade de absorção dos túbulos renais e possivelmente fatores hormonais como o fator
natriurético arterial.
Os receptores alfa1, são ocupados e ativados mais eficazmente pela norepinefrina e estão
localizados nas células pós sinápticas dos músculos lisos e produzem vasoconstrição. Os
receptores alfa2 localizam na membrana pré sináptica das terminações nervosas pos
ganglionares que sintetizam a norepinefrina, quando são ativados pelas catecolaminas, os
receptores alfa2 agem como controladores de feedback negativo, inibindo a liberação de
norepinefrina. Nos rins a liberação de alfa 1 adrenérgicos aumenta a reabsorção tubular renal
de sódio. As diferentes classes de anti hipertensivos inibem os receptores alfa1, ou agem como
agonista dos receptores alfa2 e reduzem o fluxo simpático sistêmico.
Os receptores beta, são ocupados e ativados mais eficazmente pela epinefrina. A ativação dos
receptores beta1 miocardicos estimula a taxa e a força de contração cardíaca e
consequentemente aumenta o debito cardíaco. A ativação dos receptores beta1 também
estimula a liberação de renina pelos rins. A ativação de receptores beta2 pela epinefrina
relaxa o musculo liso e resulta na vasodilatação. Pg, 6788.
Pg. 6801
Os critérios clínicos para definir hipertensão se baseia na media de duas ou mais aferições da
pressão arterial na posição sentado cada uma de duas ou mais consultas ambulatoriais, sendo
classificada como: normal, pre hipertensão, hipertensão estagio I e II e hipertensão sistólica
isolada que é comum entre os idosos. Em crianças e adolescentes geralmente é definida como
PAS sistólica/diastólica consistentemente superior ao percentil 95 para idade sexo e altura, as
PAS de percentil 90 a 95 são considerados pre hipertensão, sendo indicação para mudanças no
estilo de vida.
As mensurações repetidas da função renal, dos eletrólitos séricos, da glicose de jejum e dos
lipídeos podem ser obtidos após a introdução de um novo agente anti-hipertensivo, e
posteriormente anualmente, ou com mais frequência se clinicamente indicado. O exame
laboratorial mais extenso é adequado em pacientes com hipertensão aparentemente
resistente a fármacos ou quando a avaliação clinica sugere uma forma secundaria de
hipertensão.
TRATAMENTO
A dieta rica em frutas, verduras e laticínios com baixo teor de gordura durante um período de
8 semanas baixa a pressão arterial em indivíduos com pressão arterial normalmente alta ou
hipertensão leve. Frutas e vegetais são fontes enriquecedoras de potássio magnésio e fibras,
e os laticínios uma fonte de cálcio.
A redução de sal NaCl (<6 g(6gr = 1 colher de sopa) = 100mEq) aumenta efeitos dessa dieta na
pressão arterial.
Tratamento Farmacológico
Antagonista da angiotensina II (tem como outra indicação ICC com baixa fração de ejeção,
nefropatia, e tosse por IECA). Contraindicação/ precaução: insuficiência renal, estenose da
artéria renal bilateral, gravidez, hiperpotassemia
Simpaticolíticos central
Antagonista alfa
Seletivos
Prazosina 2mg – 20mg (2 – 3 vezes por dia) (tem como outra indicação prostatismo)
Doxazosina 1mg – 16mg (1 vez por dia)
Terazosina 1 – 10mg (1 a 2 vezes por dia)
Não seletivos
Fenoxibenzamina 20mg a 120mg (2 a 3 vezes por dia)(tem como outra indicação em
feocromocitoma)
Beta-bloqueadores
Cardiosseletivo
Atenolol 25mg – 100mg 1 vez por dia (tem como outra indicações nos casos de angina,
ICC decorrente de disfunção sistólica, pós IAM, taquicardia sinusal, taquiarritmias
ventriculares)(contraindicação/precaução: Asma, EPOC, bloqueio cardíaco de 2° e 3°
grau, doença do nó sinovial.)
Metoprolol 25mg - 100mg (1 a 2 vezes por dia)
Não seletivos
Propranolol 40mg – 160mg ( 1 a 2 vezes por dia)
Propranolol LA 60mg - 180mg (1 vez por dia)
Alfa/beta combinados
Labetalol 200mg – 800mg (2 vezes por dia)
Caverdilol 12,5mg – 50mg (duas vezes por dia)
Diureticos
Tiazinicos
Hidroclorotiazida 6,25mg – 50mg (1 a 2 vezes por dia) (contraindicação/precaução:
diabetes, dislipidemias, hiperuricemia, gota, hipopotassemia)
Clortalidona 25mg – 50mg (1 vez por dia)
Diureticos de asas
Furosemida 40mg – 80mg (2 a 3 vezes por dia) (outra indicação: ICC decorrente de
disfunção sistólica e insuficiência renal)(contraindicação/precaução: diabtes,
dislipidemias, hiperuricemia, gota hipopotassemia)
Acido etacrínico 50mg – 100mg (2 a 3 vezes por dia)
Antagonista da aldosterona
Espironolactona 25mg – 100mg (1 a 2 vezes por dia) (outras indicações: ICC
decorrente de disfunção sistólica, aldosteronismo primário)
(contraindicação/precaução: insuficiência renal, hiperpotassemia)
Esplerenona 50 – 100mg (1 a 2 vezes por dia)
Poupadores de potássio
Amilorida 5mg – 10mg (1 a 2 vezes por dia) (contra indicação/ precaução: insuficiência
renal, hiperpotassemia)
Triantereno 50mg – 100mg (1 a 2 vezes por dia)
Inibidores de renina
Alisquireno 150mg – 300mg (1vez por dia) (outra indicação : nefropatia diabética)
(contraindicação/precaução : gravidez)
Antagonista de cálcio
Dihidropiridinas
Nifedipino(longa ação): 30mg – 60mg (1vez por dia)
Não dihidropiridina
Verapamil (longa ação) 120mg – 360mg (1 a 2 vezes por dia) (outra indicação: pós –
IAM, taquicardia supraventriculares, angina) (contraindicação/precaução: bloqueio
cardíaco 2° e 3° grau)
Diltiazem (longa ação) 180mg – 420mg (1 vez por dia)
Vasodilatadores diretos
Qualquer dos grupos de hipotensores podem ser utilizados para iniciar tratamento e para
manter, porem existe um nível preferencialmente de acordo com as características clinicas do
paciente.
Os novos guias de 2017 destavam que somente 4 dos muitos fármacos anti-hipertensivos
devem considerar-se como drogas primarias, ou seja aquelas com as que tem que iniciar o
tratamento de HTA.
O mais importante que recomenda o guía de 2017 é que com as medidas de mudança de vida
é possivel controlar a PA em uma alta porcentagem dos pacientes, ja que as mesmas podem
chegar a diminuir a PA sistólica ao rededor de 8 a 9 mmHg e a diastólica em forma quase
similar.
Para aqueles pacientes com enfermedades renais crónicas e diabetes mellitus maiores de 18
anos, a recomendação é adm. De tratamento medico com o objetivo de PA menor de
140/90mmHg.
Em quanto aos fármacos anti hipertensivos recomendados para a população em geral que não
seja raça negra (incluido pacientes diabéticos), se pode iniciar tratamento com:
Diuréticos tiazídicos
Antagonista de calcio
IECA
ARAII.
Para pacientes de raça negra (incluido diabéticos), os fármacos de inicio recomendados são:
Diuréticos tiazídicos
Antagonista de calcio
Pacientes que apresentam enfermidade renal crónica, os fármacos de inicio recomendados são
IECA
ARAII
Os pacientes com alto teor de renina podem ter uma forma vasoconstritora de hipertensão,
enquanto os pacientes com baixo teor de renina podem ter uma hipertensão dependente do
volume. As associações inconsistentes entre aldosterona plasmática e PA foram descritas em
pacientes com hipertensão primária. A associação entre aldosterona e PA é mais contundente
em pessoas negras, e a ARP tende a ser baixa nos negros hipertensos.
Isso levanta a possibilidade de que aumentos sutis da aldosterona possam contribuir para a
hipertensão em pelos menos alguns grupos de pacientes que não possuem aldosteronismo
primário franco. Além disso, a espironolactona, um antagonista da aldosterona, pode ser um
agente anti hipertensivo particularmente eficaz para alguns pacientes com hipertensão
primária, incluindo alguns pacientes com hipertensão “resistente a fármacos”.
Hipertensão secundaria
Quase todos os distúrbios renais podem causar hipertensão, sendo a doença renal a causa
mais comum da hipertensão secundária. A hipertensão está presente em > 80% dos pacientes
com insuficiência renal crônica.
Em geral, a hipertensão é mais grave nas doenças glomerulares do que nas doenças
intersticiais, como a pielonefrite crônica. Em contrapartida, a hipertensão pode causar
nefrosclerose, e em alguns casos pode ser difícil determinar se o distúrbio inicial foi a
hipertensão ou a doença renal.
A proteinúria > 1.000 mg/dia e um sedimento urinário ativo são indicativos de doença renal
primária. Qualquer que seja o caso, as metas são controlar a PA e retardar a taxa de
progressão da disfunção renal.
HIPERTENSÃO RENOVASCULAR
A hipertensão causada por uma lesão oclusiva de uma artéria renal, a hipertensão
renovascular, é uma forma potencialmente curável de hipertensão. Dois grupos de pacientes
estão em risco para esse distúrbio:
1- pacientes arterioscleróticos mais velhos que têm uma placa obstruindo a artéria renal,
frequentemente em sua origem.
2- pacientes com displasia fibromuscular
A aterosclerose é responsável pela maior parte dos pacientes com hipertensão
renovascular à doença renovascular aterosclerótica, tendem a afetar as porções mais
distais da artéria renal. Embora a displasia fibromuscular possa ocorrer em qualquer idade,
ela possui forte predileção pelas mulheres brancas jovens e as lesões da displasia
fibromuscular são frequentemente bilaterais.
ALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
Em um paciente hipertenso com hipopotassemia não provocada (i.e., não relacionada com
diuréticos, vômitos ou diarreia), a prevalência do aldosteronismo primário atinge 40 a
50%. Nos pacientes sob tratamento com diuréticos, o potássio sérico < 3,1 mmol/L (< 3,1
mEq/L) também aumenta a possibilidade de aldosteronismo primário; entretanto, o
potássio sérico é um exame de triagem pouco sensível e não específico. O potássio sérico é
normal em cerca de 25% dos pacientes que subsequentemente são diagnosticados com
adenoma produtor de aldosterona, e porcentagens mais altas de pacientes com outras
etiologias de aldosteronismo primário não são hipopotassêmicas.
A razão entre aldosterona plasmática e atividade da renina plasmática (AP/ARP) é um
exame de triagem útil. Essas mensurações são preferencialmente obtidas em pacientes
deambulantes na parte da manhã. Uma razão > 30:1 com uma concentração de AP > 555
pmol/L (> 20 ng/dL) supostamente tem uma sensibilidade de 90% e uma especificidade de
91% para um adenoma produtor de aldosterona.
Contudo, há várias condições ao interpretar essa razão. O ponto de corte para uma razão
“alta” depende do laboratório e do exame. Alguns agentes anti-hipertensivos podem
afetar a razão (p. ex., antagonistas da aldosterona, antagonistas do receptor da
angiotensina e IECA podem aumentar a renina; os antagonistas da aldosterona podem
aumentar a aldosterona). As recomendações atuais orientam retirar os antagonistas da
aldosterona por pelo menos 4 a 6 semanas antes de obter essas mensurações. Como a
biossíntese de aldosterona é dependente de potássio, a hipopotassemia deve ser corrigida
com suplementos por via oral (VO) de potássio antes da triagem. Com essas advertências,
relatou-se que a razão foi útil como exame de triagem nas mensurações obtidas com
pacientes que estão tomando seus medicamentos anti-hipertensivos usuais, exceto para
antagonistas da aldosterona, que devem ser descontinuados 6 semanas antes do teste.
SÍNDROME DE CUSHING
FEOCROMOCITOMA
a hipertensão ocorre em > 50% dos indivíduos com apneia obstrutiva do sono. A gravidade da
hipertensão correlaciona-se com a gravidade da apneia do sono. Cerca de 70% dos pacientes
com apneia obstrutiva do sono são obesos. A hipertensão relacionada com a apneia obstrutiva
do sono também deve ser considerada nos pacientes com hipertensão resistente a fármacos e
nos com história de ronco. O diagnóstico pode ser confirmado por polissonografia. Nos
pacientes obesos, a perda de peso pode aliviar ou curar a apneia do sono e a hipertensão
relacionada. A pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP, de continuous positive airway
pressure) ou a pressão positiva da via aérea em dois níveis (BiPAP, de bilevel positive airway
pressure), administrada durante o sono, é uma terapia eficaz para a apneia obstrutiva do sono.
Com a CPAP ou BiPAP, os pacientes com hipertensão aparentemente resistente a fármacos
podem ser mais responsivos aos agentes anti-hipertensivos. A coarctação da aorta é a causa
cardiovascular congênita mais comum da hipertensão. Mesmo quando a lesão anatômica é
corrigida cirurgicamente na infância, até 30% dos pacientes desenvolvem hipertensão
subsequente e apresentam risco de doença acelerada da artéria coronária e eventos
cerebrovasculares. Os pacientes com lesões menos graves podem não ser diagnosticados até o
início da vida adulta. Os achados físicos consistem em redução e atraso dos pulsos femorais,
bem como um gradiente de pressão sistólica entre o braço direito e as pernas e, dependendo
da localização da coarctação, entre o braço direito e o esquerdo. Um sopro sistólico pode ser
auscultado nas áreas interescapulares esquerdas posteriores. O diagnóstico pode ser
confirmado pela radiografia de tórax e pela ecocardiografia transesofágica. As opções
terapêuticas consistem em reparo cirúrgico ou angioplastia com balão, com ou sem colocação
de stent intravascular. Subsequentemente, muitos pacientes não apresentam expectativa de
vida normal, mas podem ter hipertensão persistente e até morrer devido a cardiopatia
isquêmica, hemorragia cerebral ou aneurisma aórtico. Vários distúrbios endócrinos adicionais,
incluindo doenças tireoidianas e acromegalia, causam hipertensão. A hipertensão diastólica
leve pode ser uma consequência do hipotireoidismo, enquanto o hipertireoidismo pode
resultar em hipertensão sistólica. Hipercalcemia de qualquer etiologia, sendo que a mais
comum é o hiperparatireoidismo primário, pode resultar em hipertensão. A hipertensão
também pode estar relacionada com diversos medicamentos que exijam prescrição ou sejam
de venda livre.