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O controle da constitucionalidade das leis:

os diferentes sistemas

Iacyr de Aguilar Vieira

Sumário
1. Introdução. 2. Sistemas de controle da
constitucionalidade das leis. 2.1. O controle
político. 2.2. O controle jurisdicional. 2.2.1. O sis-
tema difuso ou “americano”. 2.2.2. O sistema
concentrado ou “austríaco”. 2.3. O controle
misto. 3. Efeitos dos pronunciamentos nos di-
ferentes sistemas de controle da constituciona-
lidade das leis. 3.1. Controle político. 3.2. Con-
trole jurisdicional. 3.3. Sistema difuso. 3.4. Os
efeitos no sistema americano. 3.5. Os efeitos em
alguns ordenamentos jurídicos europeus 4.
Conclusão

1. Introdução
Como bem assinala Canotilho1, o proble-
ma do controle principal da conformidade dos
atos dos poderes públicos com a Constitui-
ção apresenta-se como uma das questões-
chave da moderna constitucionalidade, de-
vido ao caráter de norma jurídica direta e
imediatamente vinculativa atribuído à Cons-
tituição e à necessidade de considerar como
uma das tarefas centrais do Estado demo-
crático constitucional a garantia e a segu-
rança imediata da lei fundamental.
Introduzido no mundo jurídico no iní-
cio do século XIX (1803) por meio da cons-
trução jurisprudencial da Corte Suprema
americana2, o controle de constitucionalida-
Iacyr de Aguilar Vieira é Professora Assis-
tente junto ao Departamento de Direito da
de somente neste século encontra maior
Universidade Federal de Viçosa, MG, onde le- campo de expansão3.
ciona Direito Civil e Direito Internacional. O controle de constitucionalidade cons-
Mestre em Direito pela Faculdade de Direito titui a “verificação da adequação de um ato jurí-
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. dico (particularmente da lei) à Constituição”4
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e deriva da concepção da Constituição como Para Canotilho11, o princípio fundamen-
lei fundamental do ordenamento jurídico. tal da constitucionalidade dos atos norma-
Segundo José Afonso da Silva5, “o princípio tivos deriva da união destas duas dimen-
da supremacia requer que todas as situa- sões – superlegalidade formal (a Constitui-
ções jurídicas se conformem com os princí- ção como norma primária da produção jurí-
pios e preceitos da Constituição”. dica, que justifica a tendencial rigidez das
Também realçando a necessidade e o leis fundamentais) e superlegalidade mate-
modo de resguardar a supremacia da Cons- rial (parametricidade material das normas
tituição, manifestam-se Canotilho e Vital constitucionais, ou seja, os atos normativos
Moreira6: só estarão conformes com a Constituição
“através da fiscalização da constitu- quando não violarem o sistema formal, cons-
cionalidade e do sistema de revisão titucionalmente estabelecido, para a produ-
afirma-se a inequívoca supremacia da ção desses atos, e quando não contrariarem,
Constituição como lei fundamental da positiva ou negativamente, os parâmetros
ordem jurídica, impondo-se a toda a materiais já fixados nas normas ou princí-
actividade do Estado (incluindo a de pios constitucionais.
produção normativa) e definindo e Karl Loewenstein12, considerando o con-
demarcando os limites da sua própria trole da constitucionalidade como sendo, es-
alteração”. sencialmente, um controle político, e a deci-
Entre nós, Gilmar Ferreira Mendes7, con- são que decorre da sua imposição perante
firmando o pensamento de Konrad Hesse8, os outros poderes, uma decisão política, vai
destaca que o conceito de Constituição “pa- mais além quando afirma:
rece preservar um núcleo permanente”, con- “quando os tribunais proclamam e
tendo a idéia de um princípio supremo que exercem seu direito de controle, dei-
determina de forma integral o ordenamento xam de ser meros órgãos encarrega-
estatal e a essência da comunidade que é dos de executar a decisão política e se
constituída por esse ordenamento. convertem pelo próprio direito em um
Para Hans Kelsen9, a Constituição, no detentor do poder semelhante, quan-
sentido material, representa o escalão de Di- do não superior aos outros detentores
reito positivo mais elevado, isto é, a norma do poder instituídos”.
positiva por meio da qual é regulada a pro- Tal pensamento, no entanto, contraria as
dução das normas jurídicas gerais – quan- idéias de Montesquieu13, que caracterizava
to à determinação do órgão ou dos órgãos o poder judiciário como invisível e quase nulo,
que são dotados de competência para pro- e de Hamilton14, que assim se expressava:
duzi-las e também quanto ao seu conteúdo. “o Judiciário pela própria natureza de
Assinala Kelsen10 que a Constituição, ao suas funções será sempre o menos
determinar o conteúdo de normas gerais, perigoso para os direitos políticos pre-
pode ou prescrevê-lo, ou excluí-lo. A Cons- vistos na Constituição, pois será o de
tituição pode prescrever o conteúdo de fu- menor capacidade para ofendê-los ou
turas leis: “quando existe a promessa de leis violá-los. O Executivo dispõe não ape-
a fixar”; como exemplo de exclusão pela nas das honrarias, mas também da
Constituição, Kelsen aponta espada. O Legislativo, além de man-
“leis que violem direitos e liberdades ter os cordões da bolsa, prescreve as
fundamentais, que forma uma parte normas pelas quais cada cidadão
substancial das modernas Constitui- deve regular seus direitos e deveres.
ções, não é, na sua essência, outra coi- O Judiciário, porém, não tem a menor
sa senão uma tentativa de impedir que influência sobre a espada nem sobre
tais leis venham a existir”. a bolsa; não participa da força nem
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da riqueza da sociedade e não toma rioridade do Judiciário sobre o Legislativo”,
resoluções de qualquer natureza. Na supondo apenas “que o poder do povo é
verdade, pode-se dizer que não tem superior a ambos”; e que, “sempre que a
“força” nem “poderio”, limitando-se vontade do Legislativo, traduzida em suas
simplesmente a julgar, dependendo leis, se opuser à do povo, declarada na
até do auxílio do ramo executivo para Constituição, os juízes devem obedecer a
a eficácia de seus julgamentos”. esta, não àquela, pautando suas decisões
Não obstante essas palavras, Hamilton, pela lei básica, não pelas leis ordinárias”16.
no mesmo número do Federalista15, afirma Loewenstein17, professor alemão que
o valor da Constituição e o papel preponde- estudou profundamente a ciência política
rante das Cortes: norte-americana, considera o controle
“Se se imaginar que os congressis- judicial como sendo o traço mais signifi-
tas devem ser os juízes constitucionais cativo e próprio do sistema governamental
de seus próprios poderes e que a americano e define os seus três campos de
interpretação que eles decidirem será aplicação:
obrigatória para os outros ramos do 1) o campo das relações entre a União
governo, a resposta é que esta não pode e os Estados, notadamente na ampliação
ser a hipótese natural, por não ter da competência federal em relação aos
apoio em qualquer dispositivo da Estados, o que “confirma o fato de que em
Constituição. Por outro lado, não é de qualquer ordem estatal federal é indispen-
admitir-se que a Constituição tivesse sável a existência de um órgão para
pretendido habilitar os representantes ajustar os conflitos entre o Estado central
do povo a sobreporem a própria e os Estados membros;
vontade à de seus constituintes. É 2) o segundo campo de aplicação do con-
muito mais racional supor que as trole judicial
cortes foram destinadas a desempe- “é a proteção das liberdades civis e
nhar o papel de órgão intermediário dos direitos fundamentais que osten-
entre o povo e o Legislativo, a fim de, tam de igual forma todos os destina-
além de outras funções, manter este tários do poder. O controle judicial
último dentro dos limites fixados para aparece aqui também estreitamente
sua atuação. O campo de ação próprio ligado à relação Federação-Estado
e peculiar das cortes se resume na membro, mas sua razão de ser não é
interpretação das leis. Uma consti- menos indiscutível nos Estados
tuição é, de fato, a lei básica e como tal unitários. Neste campo, o controle
deve ser considerada pelos juízes. Em judicial se mantém na maior parte dos
conseqüência, cabe-lhes interpretar casos dentro dos limites marcados
seus dispositivos, assim como o para a função de executar a decisão
significado de quaisquer resoluções política. A ativi-dade dos juízes
do Legislativo. Se acontecer uma consiste aqui, fundamentalmente, só
irreconciliável discrepância entre na aplicação daquelas normas que
estas, a que tiver maior hierarquia e protegem as liberdades civis contra as
validade deverá, naturalmente, ser a intervenções da Legislação e da
preferida; em outras palavras, a administração”.
Constituição deve prevalecer sobre a 3) como terceiro campo de aplicação,
lei ordinária, a intenção do povo sobre Loewenstein18 aponta o controle juridical
a de seus agentes”. entre os órgãos do poder. Ocorre quando
Para Hamilton, no entanto, essa atribui- os juízes proclamam seu direito de valo-
ção do Judiciário não implica uma “supe- rizar uma decisão político-social e político-
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econômica do governo e/ou do parlamento. mas uma função constitucional autô-
Segundo o professor alemão19, noma que tendencialmente se pode
“o controle judicial pode, de fato, caracterizar como função de legisla-
ocupar o lugar de decisão do detentor ção negativa”22.
político do poder. Carece de impor- O controle da constitucionalidade das
tância que a Suprema Corte prescinda leis também pode ser feito por órgãos políti-
de declarar a lei formalmente nula; sua cos – é o sistema designado por “sistema
inaplicabilidade no caso em litígio francês”, em que o controle é feito a priori.
significa sua suspensão definitiva Neste trabalho serão estudados os vários
segundo a regra do stare decisis.” sistemas de controle de constitucionalidade
Como exemplo, Loewenstein recorda o pe- das leis e, numa análise comparativa, os
ríodo de 1890 a 1836 em que a Suprema efeitos dos pronunciamentos nos diferentes
Corte, sistemas de controle da constitucionalidade
“através de suas decisões aplicando das leis.
disposições constitucionais – em
particular a cláusula due process da 2. Sistemas de controle da
quinta e da décima quarta emenda, e constitucionalidade das leis
da cláusula commerce, foi capaz de O controle de constitucionalidade das
impor à nação a ideologia econômica leis tem sido exercido sob as mais varia-
do laissez faire contra a regulamen- das formas.
tação governamental sobre a economia Para uma análise mais clara, devem
e a indústria, evitando o cerco à justiça ser observados vários aspectos que
social exigido pelas maiorias progres- influenciam a classificação dos tipos e
sistas nas assembléias legislativas sistemas de controle.
federais e nas assembléias legislativas Quanto ao momento em que ocorre o con-
dos Estados membros”. trole, há que se distinguir entre controle pre-
É conhecida de todos a afirmação de que ventivo e controle repressivo. O primeiro ocorre
a Constituição americana é o que a Suprema antes que se perfeccione o ato legislativo. O
Corte diz que ela é20, nos casos concretos controle repressivo ou sucessivo dá-se quando
que lhe são apresentados. Em matéria de o ato normativo já é um ato perfeito, pleno de
Constitucionalidade, não há controle in eficácia jurídica. O primeiro é um controle a
abstrato no sistema americano, como veremos. priori. O segundo, um controle a posteriori.
O controle jurisdicional da constitucio- Quanto ao órgão que exerce o controle,
nalidade foi desenvolvido a partir da noção há que se distinguir entre controle político e
jusnaturalista de higher law21, consagrado controle jurisdicional. O primeiro é exercido
no Federalista e concretizado em 1803 na sen- por órgãos que não pertencem ao Poder Ju-
tença do Juiz John Marshall no caso Marbury diciário. O segundo é exercido por órgãos
v. Madison: “the constitution is superior to any integrados ao Poder Judiciário e pode ser
ordinary act of the legislature”; “an act of the legis- difuso ou concentrado.
lature repugnant to the constitution is void”. É O terceiro aspecto a ser analisado e que
conhecido como sistema difuso ou america- interfere no controle é o modo com que se
no: É também conhecido como judicial review. efetiva o controle de constitucionalidade.
O sistema concentrado ou austríaco foi Canotilho23 classifica o modo de controle
desenvolvido por Kelsen. Esse sistema em controle por via incidental e controle por via
diverge substancialmente do sistema difuso principal, e ainda: controle abstrato e controle
ou americano: concreto. O controle preventivo está associado
“o controlo constitucional não é pro- ao controle político. Tem como precedente
priamente uma fiscalização judicial, histórico o exercido pelo Senado conser-
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vador da Constituição francesa do ano VIII Em relação ao controle preventivo, afirma
(1799) e a Corte Constitucional austríaca, Ferreira Filho26 que
prevista na Constituição de 1920 (art. 138, “a experiência revela que toda ten-
n. 2), que, incumbida do controle preventivo, tativa de organizar um controle pre-
apresentou resultado desanimador24. ventivo tem por efeito politizar o
Conforme dados do Relatório geral da órgão incumbido de tal controle, que
VII Conferência dos Tribunais Constitucio- passa a apreciar a matéria segundo
nais Europeus25, em relação aos países em o que entende ser a conveniência
que a Justiça Constitucional se encontra pública e não segundo a sua con-
institucionalizada num Tribunal Constitu- cordância com a lei fundamental.
cional ou instituição similar, o controle Isso é mais grave ainda no que con-
preventivo é, em princípio, a única modali- cerne à lei, que se considera, na de-
dade admitida pela França, com ressalva da mocracia representativa, expressão
hipótese prevista no art. 37, alínea e, da da vontade geral, pois vem dar a um
Constituição Francesa, que trata do controle órgão normalmente de origem não
obrigatório das ‘leis orgânicas’ e dos popular uma influência decisiva na
‘regimentos’ das câmaras do Parlamento e elaboração das leis”.
do controle facultativo de acordos interna- O controle repressivo ou sucessivo é exer-
cionais e leis parlamentares. O controle cido após a entrada em vigor do ato norma-
preventivo encontra-se expressamente tivo. Considerado válido, pleno de eficácia
consagrado também em Portugal, Áustria, jurídica, é o ato normativo submetido à apre-
Itália e Espanha. Em Portugal, esse controle ciação seja pelo juiz que conhecer da causa,
alcança todos os diplomas com valor de modo concreto, pelo sistema difuso, seja
legislativo ou equiparado (convenções pelo órgão competente para conhecer do
internacionais, leis, decretos-leis e decretos pedido in abstracto, pelo sistema concentra-
legislativos regionais); já na Áustria, Itália e do. Associa-se o controle repressivo ou su-
Espanha, tem um âmbito muito mais cessivo ao controle jurisdicional.
limitado, pois é admitido apenas quanto a
questões de repartição de competência entre 2.1. O controle político
a Federação e os Estados federados (Áus- A França é apontada como o país que
tria); quanto a leis regionais reaprovadas oferece “os mais típicos e numerosos exem-
pela respectiva assembléia depois da opo- plos de um controle político, não judicial, de
sição do Governo (Itália), ou quanto a trata- constitucionalidade”27.
dos internacionais (Espanha, onde, a partir As Constituições francesas, por razões
de 1985, desapareceu a possibilidade de históricas e ideológicas, sempre afirmaram
controle preventivo dos estatutos das a exclusão de um controle judicial de
“Comunidades Autônomas” e das “Leis constitucionalidade28.
Orgânicas”). Desde 1789, por meio das doutrinas e
Também na República Federal da Ale- dos dogmas que fundamentaram o Estado
manha, o Tribunal Constitucional chegou a democrático e liberal francês, foi a Consti-
admitir, mesmo sem texto expresso, o tuição concebida como um pacto social
controle preventivo de leis de aprovação dos essencial e superior, que legitima e ao
tratados internacionais. Na Bélgica, o mesmo tempo delimita a competência das
Conselho de Estado emite parecer prévio autoridades públicas instituídas por ela. Os
sobre o texto dos projetos e propostas de lei direitos individuais, tidos como inalienáveis
e de decreto, sem que nada impeça que o e intocáveis, foram colocados acima da lei e
respectivo exame abranja a questão da do direito pela Declaração de direitos do
constitucionalidade. Homem e do Cidadão (1789), que insistia
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sobre os limites do Poder Legislativo: “La loi Em 1875, nada foi instituído para asse-
n’a le droit de défendre que les actions nuisibles gurar a primazia das leis constitucionais da
à la société” (art. 5). III República.
A Declaração de direitos de 1789 pro- Em 1946, com o nascimento da IV Repú-
clama em seu artigo 16: “toute société dans blica, a nova Constituição previu um “comi-
laquelle la garantie des droits n’est pas assurée, té constitutionnel” competente para verificar
ni la séparation des pouvoirs déterminée, n’a “si les lois votées par l’Assemblée Nationale su-
point de Constitution”29. pposent une révision de la Constitution”, dei-
A Constituição francesa de 3 de setem- xando claro que, em caso de julgamento ne-
bro de 1791, em prolongamento à Declara- gativo, “la loi ne peut être promulguée avant
ção de 1789, formulou de maneira clara: “Le que la présente Constitution n’ait été revisée”33.
pouvoir législatif ne pourra faire aucunes lois Bernard Pacteau34 observa que essa ino-
qui portent atteinte et mettent obstacle à l’exercice vação trazida pela Constituição de 1946 foi
des droits naturels et civils... garantis par la recebida com prudência. O Preâmbulo não
Constitution”. podia ser utilizado contra uma lei e o proce-
Os constituintes de 1789 insistiram sobre dimento do Comité era complexo; exigia uma
a preeminência da Constituição, mas não petição conjunta do Presidente da Repúbli-
instituíram nada para garantir os possíveis ca. O comité constitutionnel se reuniu apenas
abusos do poder legislativo. No entanto,
uma vez, em 1948.
fizeram tudo para impedir a aparição de um
Apenas em 1958 assiste-se ao verda-
controle das leis pelos juízes ordinários30.
deiro nascimento de um órgão constitu-
A Lei de 16-24 de agosto de 1790 sobre a
cional na França: o Conseil Constitutionnel,
organização judiciária, à qual se deve
criado pela Constituição de 4 de outubro
também a separação das autoridades
administrativas e judiciárias, anunciava em de 1958, que dedica os artigos 56 a 63 à
seu artigo 10: “les tribunaux ne pourront sua estruturação.
prendre directement ou indirectement aucune O artigo 46 da Constituição de 1958
part à l’exercice du pouvoir législatif, ni dispõe que as leis orgânicas não podem ser
empêcher ni suspendre l’éxécution des décrets promulgadas senão após a declaração, pelo
du corps législatif sanctionnées par le Roi, à Conseil Constitutionnel, de sua conformidade
peine de forfaiture”. O que será consagrado na com a Constituição.
Constituição de 1791: “les tribunaux ne peuvent O Conseil Constitutionnel compreende
ni s’immiscer dans l’exercice du pouvoir nove membros, cujos mandatos duram nove
législatif ou suspendre l’execution des lois ...”31. anos e não são renováveis. O Conseil é
Segundo Gaston Jèze32, foi sob a influên- renovado por um terço de três em três anos.
cia dessas considerações, fortalecidas Três membros são nomeados pelo Presidente
pelo dogma da separação dos poderes, da República; três pelo Presidente da
que “o poder lógico, normal, natural dos Assembléia Nacional e três pelo Presidente
tribunais de verificar a constituciona- do Senado (artigo 56).
lidade das leis antes de aplicá-las foi Além dos nove membros acima referi-
afastado”. Considerando a proibição dos, fazem parte do Conseil Constitutionnel
endereçada aos juízes pela Lei de 1790 e pela os antigos Presidentes da República
Constituição de 1791 como contraditória (artigo 56).
ao princípio da separação dos poderes, O Presidente do Conseil Constitutionnel
atribuía à proibição origens de ordem é nomeado pelo Presidente da República
exclusivamente política. e tem voz preponderante em caso de em-
Houve experiências de um controle de pate (artigo 56).
Constitucionalidade pelo Sénat nas Consti- As funções dos membros do Conseil
tuições napoleônicas do Ano 8 e na de 1852. Constitutionnel são incompatíveis com
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as de ministro ou de membro do Parla- 7 de novembro de 1958 – Lei orgânica so-
mento. As demais incompatibilidades são bre o Conseil Constitutionnel).
fixadas por uma lei orgânica (artigo 57). Para Canotilho35,
O Conseil Constitutionnel vela pela regu- “a inexistência de um controlo juris-
laridade da eleição do Presidente da Repú- dicional e a acentuação do controlo
blica, examina as reclamações e proclama o político não é apenas, como por vezes
resultado do escrutínio (artigo 58). se defende, uma conseqüência das
O Conseil Constitutionnel estatui, em caso concepções rousseauniano-jacobinas
de contestação, sobre a regularidade da (a lei como instrumento da ‘vonta-
eleição dos deputados e dos senadores de geral’). Ela é também típica da
(artigo 59). doutrina da soberania do parlamento
Vela pela regularidade das operações de inglês. A posição paradigmática de
referendum e dele proclama os resultados Blackstone merece ser referida: ‘The
(artigo 60). Power of Parliament is absolue and
As leis orgânicas, antes de sua promul- without control ‘.”
gação, e os regulamentos das assembléias Em Portugal, o controle político domi-
parlamentares, antes de entrarem em vigor, nou durante o constitucionalismo monár-
devem ser submetidos ao Conseil Constitu- quico. Com a Constituição de 1911 (art. 63º),
tionnel, que se pronuncia sobre sua confor- foi introduzido o sistema difuso, incidental
midade à Constituição (artigo 61). e concreto; a Constituição de 1933, no en-
Para os mesmos fins, devem as leis ser tanto, reafirmou o controle político para as
deferidas ao Conseil Constitutionnel, antes de inconstitucionalidades orgânicas ou for-
sua promulgação, pelo Presidente da Repú- mais de diplomas promulgados pelo Presi-
blica, o Primeiro Ministro, o Presidente da dente da República (art. 123º)36.
Assembléia Nacional, o Presidente do A Itália também conhece o controle polí-
Senado ou por sessenta senadores (Lei Cons- tico – não judicial. A Constituição italiana
titucional nº 74.904 de 29 de outubro de prevê um controle judicial, confiado à Corte
1974). Nos casos previstos no artigo 61 da Constitucional, e um controle político que
Constituição de 1958 e na Lei Constitucional compete ao Presidente da República. Este
acima referida, o Conseil Constitutionnel deve pode, quando julgar oportuno, suspender a
deliberar no prazo de um mês. No entanto, promulgação das leis aprovadas pelo Par-
a pedido do governo, se há urgência, esse lamento, pedindo às Câmaras, com mensa-
prazo é reduzido para oito dias. gem motivada, que submetam o texto
Nesses casos, o embargo do Conseil legislativo a uma nova deliberação37.
Constitutionnel suspende o prazo de promul-
2.2. O Controle Jurisdicional
gação. Uma disposição declarada inconsti-
tucional não pode ser promulgada nem O controle jurisdicional da constitucio-
aplicada (artigo 62) e as decisões do Conseil nalidade das leis tem sido exercido por meio
Constitutionnel não são susceptíveis de de dois modelos básicos: o difuso e o
recurso algum. Elas se impõem aos poderes concentrado.
públicos e a todas as autoridades adminis-
trativas e jurisdicionais (artigo 62). 2.2.1. O sistema difuso ou “americano”
Uma lei orgânica determina as regras de É exercido por qualquer membro do Po-
organização e de funcionamento do Conseil der Judiciário: “A competência para fiscali-
Constitutionnel, o processo que é seguido zar a constitucionalidade das leis é reco-
diante dele e os prazos abertos para opo- nhecida a qualquer juiz chamado a fazer a
sição de contestação (artigo 63 da Consti- aplicação de uma determinada lei a um caso
tuição de 1958 – Ordonnance nº 58-1067 de concreto submetido à apreciação judicial”38.
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O sistema difuso é também conhecido do a Constituição seja ‘rígida’ e não
como sistema ou tipo “americano” de con- ‘flexível’, prevalece sempre sobre a
trole, pelo fato de ter sido concretizado pela norma ordinária contrastante, do
primeira vez nos Estados Unidos da Améri- mesmo modo como a lei ordinária
ca; constitui um traço característico no or- prevalece, na Itália assim como na
denamento daquele país. França, sobre o regulamento”.
O sistema americano de judicial review O controle difuso é exercido incidental-
encontra-se, também, em muitas das ex-co- mente no caso concreto, como alegação da
lônias inglesas como o Canadá, a Austrália parte, para exigir a prática de um ato coar-
e a Índia. A Inglaterra se vê excluída, por for- tado por lei tida por contrária à Constitui-
ça do princípio fundamental da supremacy of ção, ou como alegação de defesa contra a
the Parliament, do controle judicial da legis- prática de um ato exigido com fundamento
lação. Não há controle de constitucionali- numa lei viciada de igual modo. “A questão
dade na Inglaterra39. é levantada, por via de incidente, por ocasião
Também experimentaram o sistema difu- e no decurso de um processo comum (civil,
so a Alemanha de Weimar e a Itália, de 1948 penal, administrativo ou outro), e é discuti-
a 1956, que corresponde ao período da entra- da na medida em que seja relevante para a
da em vigor da Constituição de 1947, até o solução do caso concreto”43.
início do funcionamento da Corte Constitu- Canotilho44, no entanto, adverte que não
cional, conforme a previsão do art. VII, § 2º, se deve identificar o controle por via inci-
das “Disposições transitórias e finais”40. dental com o controle difuso, uma vez que
Portugal adotou o sistema difuso de con- este pode conduzir a um controle concen-
trole pela Constituição de 1911 (art. 63º), por trado por meio do Tribunal Constitucional.
influência da Constituição Brasileira de 1891 Acrescenta o mestre português que
(arts. 207 e 280)41. “noutros sistemas, o controlo concen-
Os critérios que constituem a base do me- trado pressupõe também o incidente
canismo do controle difuso são apresentados da inconstitucionalidade, embora
por Cappelletti42: aqui o juiz (ao contrário do controlo
“a função de todos os juízes é a de difuso) se limite, como tribunal a quo,
interpretar as leis, a fim de aplicá-las a suspender a questão da inconstitu-
aos casos concretos de vez em vez cionalidade, fazendo-a subir para o
submetidos a seu julgamento; uma Tribunal Constitucional (ex.: sistema
das regras mais óbvias da interpre- alemão, sistema italiano)”.
tação das leis é aquela segundo a qual, Também associado ao controle jurisdi-
quando duas disposições legislativas cional difuso incidental, tem-se o controle
estejam em contraste entre si, o juíz concreto. Também chamado de ação judicial
deve aplicar a prevalente; tratando-se ou judicial review: qualquer juiz que tenha
de disposições de igual força norma- de decidir um caso concreto está obrigado,
tiva, a prevalente será indicada pelos em virtude da sua vinculação pela Consti-
usuais, tradicionais critérios lex tuição, a verificar se as normas políticas apli-
posterior derogat legi priori, lex specialis cáveis ao caso são ou não são válidas. É um
derogat legi generali, etc; mas, eviden- poder-dever do juiz.
temente, estes critérios não valem mais O juiz Marshall, no citado caso Marbury
– e vale, ao contrário, em seu lugar, o v. Madison, explicou o controle concreto de
óbvio critério lex superior derogat legi forma clara:
inferiori – quando o contraste seja “é, sem dúvida, da competência e de-
entre disposições de diversa força nor- ver do Poder Judiciário interpretar a
mativa: a norma constitucional, quan- lei. Aqueles que a aplicam aos casos
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particulares devem, necessariamente, americana: o controlo constitucional
explaná-la, interpretá-la. Se duas leis não é propriamente uma fiscalização
se contrariam, os tribunais devem de- judicial, mas uma função constitucional
cidir sobre o seu âmbito de aplicação. autônoma que tendencialmente se pode
Assim, se uma lei estiver em contradi- caracterizar como função de legislação
ção com a constituição, e se tanto uma negativa.”
como a outra forem aplicáveis ao caso, No sistema concentrado, a inconstitucio-
de modo a que o tribunal tenha de nalidade e conseqüente invalidade e,
decidir de acordo com a lei, ele terá, portanto, inaplicabilidade da lei não pode
inevitavelmente, de escolher dentre os ser julgada e declarada por qualquer juiz,
dois preceitos opostos aquele que re- como mera manifestação de seu poder e de-
gulará a matéria. Isto é da essência do ver de interpretação e aplicação do direito
dever judicial. Se, portanto, os tribunais “válido” nos casos concretos submetidos a
devem observar a Constituição, e se esta sua competência jurisdicional. Ao contrá-
é superior a qualquer lei ordinária do rio, os juízes comuns – civis, penais, admi-
poder legislativo, é a Constituição e não nistrativos – são incompetentes para conhe-
a lei ordinária que há-de regular o caso cer, mesmo incidenter tantum e, portanto, com
a que ambas dizem respeito45. eficácia limitada ao caso concreto, da
validade das leis”50.
2.2.2. O sistema concentrado ou “austríaco”
Ao sistema concentrado associam-se o
Coube a Kelsen a criação deste sistema controle por via principal e o controle abs-
de controle da constitucionalidade das leis. trato. As questões são levantadas a título
Kelsen o concebeu para ser consagrado na principal, mediante processo constitucional
constituição austríaca de 1920. autônomo51, e a impugnação da constitu-
Esse sistema importa na reserva da com- cionalidade de uma lei é feita independen-
petência para julgar definitivamente acerca temente de qualquer litígio concreto52.
da constitucionalidade a um único órgão, O controle abstrato de normas não é um
que tanto pode ser um órgão de jurisdição processo contraditório de partes; é um
ordinária (ex.: Tribunal Supremo) ou um processo que visa sobretudo à garantia da
órgão especialmente criado para esse fim Constituição, à defesa da Constituição e da
(ex.: um Tribunal Constitucional)46. legalidade democrática por meio da elimi-
Esse sistema encontrou recepção após a nação de atos normativos contrários à
Segunda Grande Guerra, estando consagra- Constituição53.
do na Constituição da República Italiana, A legitimidade ativa é reservada a um
de 1º de Janeiro de 1948, estando em vigor número restrito de entidades, no sistema
desde a data da criação da Corte Constitu- abstrato de controle, ao contrário do que
cional (1956); na Constituição de Bonn, de ocorre no sistema difuso, em que a legiti-
23 de maio de 1949; na Constituição da Re- midade ativa está circunscrita ao juiz, ao
pública do Chipre, de 16 de agosto de 1960; Ministério Público e às partes na causa
na Constituição da República Turca, de 9 sub-judice.
de julho de 196147. Como modelo de sistema concentra-
Canotilho acrescenta aos países que ado- do de controle podemos destacar o exer-
taram o sistema concentrado de controle de cido na Alemanha pelo Bundesverfassun-
constitucionalidade das leis a Grécia, gsgericht (a seguir denominado BVerfG),
Espanha e Portugal48. sediado em Karlsruhe. Instituído pela Lei
Segundo Canotilho49: Fundamental de 23 de maio de 1949, o
“a concepção kelseniana diverge BVerfG é mencionado junto com outros
substancialmente da judicial review quatro órgãos constitucionais que são o
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 47
Presidente da República, o Parlamento Fe- pelos Estados e do exercício da fisca-
deral, o Conselho Federal ou Senado e o lização federal;
Governo Federal. 4º – em outras controvérsias de
O BVerfG foi constituído em 1951; é in- direito público entre a Federação e os
dependente em relação aos demais órgãos Estados, entre diversos Estados e den-
constitucionais. Compõe-se de duas câma- tro de um Estado, sempre que não exis-
ras chamadas senados (o primeiro ocupa- ta outra via judicial;
se com a Lei Fundamental e o segundo, com 4ºa – sobre processos constitucio-
o Direito Público), cada um é formado por nais que podem ser interpostos por
oito juízes. Metade deles é designada pelo todo o cidadão com a alegação de ter
Parlamento e a outra, pelo Conselho Fede- sido prejudicado pelo poder público
ral. Não poderão pertencer nem ao Parla- nos seus direitos fundamentais ou num
mento Federal nem ao Conselho Federal, dos seus direitos contidos nos artigos
nem ao Governo Federal, nem a órgãos 20, alínea 4, 33, 38, 101, 103 e 104;
correspondentes de um Estado (artigo 94, 4ºb – sobre processos constitucio-
(1), da Lei Fundamental). nais de municípios e entidades comu-
Os juízes devem ter pelo menos 40 anos nais por infração ao direito de auto-
de idade; são eleitos para um período de administração de acordo com o artigo
doze anos e devem deixar o cargo, a mais 28 por uma lei; em casos de leis
tardar, ao completar os 68 anos de idade. estaduais, no entanto, apenas se o
Todas as tarefas e competências do recurso não puder ser interposto no
BVerfG estão regulamentadas no artigo 93, Tribunal Constitucional Estadual
(1), da Lei Fundamental. Além de atuar nos respectivo;
casos que lhe forem conferidos por lei federal 5º – Nos demais casos previstos
(artigo 93, (2)), o BVerfG decide: nesta Lei Fundamental.”
“1º – sobre a interpretação desta O controle das normas é previsto no
Lei Fundamental em controvérsias a artigo 100 (1) da Lei Fundamental de Bonn:
respeito da extensão dos direitos e “Quando um tribunal considerar
deveres de um órgão supremo da Fe- inconstitucional uma lei, de cuja
deração, ou de outros interessados validade dependa a decisão, terá de
dotados de direitos próprios pela pre- suspender o processo e submeter a
sente Lei Fundamental, ou pelo regu- questão à decisão do tribunal estadual
lamento interno de um órgão federal competente em assuntos constitucio-
supremo; nais, quando se tratar de violação da
2º – no caso de divergências de constituição de um Estado, ou à do
opinião ou dúvidas a respeito da com- Tribunal Constitucional Federal,
patibilidade formal e material da le- quando se tratar da violação desta Lei
gislação federal ou estadual com a Fundamental. Isto também é aplicável,
presente Lei Fundamental, ou com a quando se tratar da violação desta Lei
compatibilidade de uma legislação Fundamental pela legislação estadual
estadual com outras leis federais, ou da incompatibilidade de uma lei
quando o solicitem o Governo Fede- estadual com uma lei federal”.
ral, um Governo Estadual ou um terço A iniciativa do controle abstrato no orde-
dos membros do Parlamento Federal; namento jurídico alemão é facultada ao
3º – no caso de divergência de opi- Governo Federal, ao Governo dos Landers, a
nião sobre direitos e deveres da Fede- minorias parlamentares (1/3 do Bundestag)
ração e dos Estados, especialmente a e admite-se recurso constitucional do cidadão
respeito da execução das leis federais (com acesso direto ao BVerfG, artigo 19, 4, da
48 Revista de Informação Legislativa
Lei Fundamental de Bonn) contra a admi- terzo dalle Supreme Magistrature ordinaria ed
nistração pública para defesa de seus direi- amministrative”.
tos fundamentais. O professor mineiro inclui ainda a
A organização do BVerfG, o processo Espanha e Portugal no rol dos ordena-
e a determinação dos casos em que as mentos que admitem o controle misto.
suas decisões terão força de lei são regu- A Constituição espanhola, de 1978, no
lamentadas por meio de Lei Federal (Lei Título IX, artigos 159 e seguintes, estabelece
sobre o Tribunal Constitucional Federal, a composição e a estrutura do Tribunal
de 12-3-1951). Constitucional, que se compõe de 12 mem-
bros nomeados pelo Rei, sendo 4 propostos
2.3. Controle misto
pelo Congresso (dos Deputados) por maioria
Segundo José Afonso da Silva54, de 3/5 dos seus membros; 4 propostos pelo
“o controle misto realiza-se quando a Senado, com idêntica maioria; 2 propostos
Constituição submete certas categori- pelo Governo e 2 propostos pelo Consejo
as de leis ao controle político e outras General del Poder Judicial.
ao controle jurisdicional, como ocorre Portugal, após a revisão constitucional
na Suíça, onde as leis federais ficam de 1982, também se enquadra no sistema
sob o controle político da Assembléia misto de controle. O Tribunal Constitucional
Nacional, e as leis locais sob o português foi inserido na Parte III (Organi-
controle jurisdicional.” zação do Poder Político), Título V, que trata
Já Anna Cândida da Cunha Ferraz55 dos Tribunais em geral e sua composição se
apresenta como um terceiro modelo ‘misto’ encontra na Parte IV, que trata da Garantia
“a combinação com temperamentos e e Revisão da Constituição, demonstrando o
adequações a uma dada realidade nacional, seu caráter de órgão jurisdicional especial57 .
dos modelos americano e austríaco”, enqua- Segundo o professor mineiro58, o “con-
drando nesse “novo” modelo o sistema de trolo” de constitucionalidade em Portugal
controle no Brasil. atualmente é feito mediante a fiscalização
Para o Professor Ricardo A. M. Fiuza56, preventiva, requerida pelo Presidente da
há controle misto República ao Tribunal Constitucional para a
“quando na fiscalização da constitu- “apreciação da constitucionalidade
cionalidade há a participação de de qualquer norma constante de ato
elementos vindos, por escolha e legislativo que lhe tenha sido enviado
formação, do Judiciário e de outros para promulgação; é feito através da
elementos estranhos a esse órgão do fiscalização sucessiva concreta – con-
Poder do Estado, reunidos, todos, em forme o artigo 207 da Constituição da
tribunal não judicial, de competência República Portuguesa (CRP), os juízes
especializada”. e tribunais judiciais, nos feitos sub-
Aponta como controle misto o “modelo metidos a seu julgamento, não podem
austríaco” – Constituição austríaca de 1920; aplicar normas que infrinjam o dis-
o sistema adotado na Itália – artigos 134 a posto na Constituição ou nos princí-
137 da Constituição italiana de 1947, pios nela contidos; através de fiscali-
modificado o artigo 137 pela Emenda zação sucessiva abstrata – “o artigo 281
Constitucional de 22 de novembro de 1967, da CRP estabelece que o Tribunal
que estabelece a composição da Corte Constitucional aprecia e declara, com
Costituzionale: “La Corte Costituzionale é força obrigatória geral, a inconstitu-
composta de quindici giudici nominati per un cionalidade de quaisquer normas, a
terzo dal Presidente della Repubblica, per un requerimento do Presidente da Repú-
terzo dal Parlamento in seduta comune e per un blica, do Presidente da Assembléia da
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 49
República, do Primeiro-Ministro, do dades: l’invalidation, l’interprétation e
Provedor de Justiça, do Procurador- l’intímidation61.
Geral da República ou de um décimo 1. L’invalidation, isto é, a declara-
dos Deputados à Assembléia da ção de não-conformidade de uma
República.” norma à Constituição; é a modalidade
Portugal conhece também a fiscalização mais natural e a mais radical censura
da inconstitucionalidade por omissão59. de irregularidades constitucionais de
Como modelo de sistema misto, aponta- uma lei. Tem por efeito interditar a
se, ainda, o ordenamento jurídico brasileiro. promulgação de estipulações julga-
A Constituição Federativa do Brasil, de 5 das contrárias à Constituição, o que
de outubro de 1988, além de manter o não impede o re-início do procedi-
controle de constitucionalidade em con- mento parlamentar62.
creto (que vinha desde 1891) e de ampliar 2. L’interprétation, que significa
o controle em abstrato (que tínhamos colocar a lei “em conformidade” com
desde 1946), consagrou o controle de a Constituição. Neste caso a lei não é
constitucionalidade por omissão, a exem- invalidada, mas ao mesmo tempo uma
plo do modelo português. determinada significação e uma
determinada aplicação lhe são impos-
3. Análise comparativa dos efeitos dos tas; fala-se então de declaração de con-
pronunciamentos nos diferentes formidade “sous reserve”, ou mesmo de
“strictes réserves d’interprétation”63 .
sistemas de controle da
3. L’intimidation, que significa, na
constitucionalidade das leis60 verdade, uma advertência, um efeito
Para uma abordagem eficaz dos efeitos dissuasivo que exerce indiretamente
dos pronunciamentos nos diferentes siste- a Jurisprudência do Conseil Constitu-
mas de controle da constitucionalidade das tionnel contra os excessos ou poten-
leis, há que se analisar, primeiramente, o ciais desvarios legislativos. O temor
conteúdo das decisões que são proferidas de uma desaprovação detém o Go-
em cada sistema por meio dos modos espe- verno quando da preparação de
cíficos com que a questão da constituciona- seus projetos de Lei (o Conseil d’État,
lidade é interposta. obrigatoriamente consultado, adver-
Nos ordenamentos jurídicos estudados, tirá justamente o Executivo dos riscos
apresentam-se dois modelos básicos de incorridos. Ele pode também deter os
controle da constitucionalidade: o controle parlamentares)64.
político e o controle jurisdicional. 3.2. Controle jurisdicional
3.1. Controle político No controle jurisdicional, os ordena-
mentos jurídicos têm-se utilizado ora do
No controle político, não há uma decisão
judicial, mas há uma verificação prévia da controle difuso, ora do controle concentra-
constitucionalidade dos atos normativos do, ora de ambos. Antes de tratar dos efeitos
apresentados ao órgão competente e há um das decisões, necessário se faz estabelecer
pronunciamento a respeito. uma primeira distinção entre o conteúdo das
No controle preventivo, o conteúdo decisões nos dois sistemas:
dispositivo do pronunciamento traduz-se “no controle concentrado a decisão
em impedir a entrada em vigor da norma versa diretamente sobre a questão da
não conforme com a Constituição. constitucionalidade e incorpora no
Na França, o Conseil Constitutionnel se seu teor o correspondente juízo; no
manifesta por meio de três grandes modali- controle difuso a decisão visa imedia-
50 Revista de Informação Legislativa
tamente resolver outra questão jurídi- dimento judiciário: ‘regardless of the
ca (a questão principal) submetida ao nature of the proceeding’. Tal procedi-
tribunal ou ao juiz singular e, em geral, mento não é observado no controle con-
só nos seus fundamentos integra um centrado ou sistema austríaco, onde, ali-
juízo sobre a constitucionalidade da ás, ocorre o contrário. A Constituição
norma, juízo que se resolve na ‘apli- austríaca de 1º de outubro de 1920
cação’ ou ‘não aplicação’ desta norma criou uma especial Corte Constitucio-
ao caso concreto”65. nal na qual ‘concentrou’ a competên-
Uma segunda distinção, decorrente da cia exclusiva para decidir as questões
primeira, refere-se ao modo pelo qual a ques- de constitucionalidade, mas, além
tão da constitucionalidade se apresenta: disso, a Constituição austríaca con-
sistema difuso ou sistema concentrado. No sis- fiou a esta Corte um poder de controle
tema difuso, o controle das leis “tem o caráter que, para ser exercido, necessitava de
de um controle que se exerce em via inciden- um pedido especial, isto é, do exercício
tal”. No sistema concentrado, o controle da de uma ação especial por parte de alguns
constitucionalidade tem “o caráter de um órgãos políticos”.
controle que se exerce em via principal”66. Na Áustria, o controle de legitimidade
das leis ocorria de forma “inteiramente des-
3.3. Sistema difuso
vinculada dos casos concretos”; ocorria
Para Mauro Cappelletti67, nos países em apenas “via principal”, ou seja, “em via de
que vigora o controle difuso ou análogo, como ação”, mediante um adequado e autônomo
no Canadá, no Japão, na Noruega, na recurso e com a instauração de adequado e
Dinamarca, na Suécia e também na Suíça autônomo processo ad hoc perante a Corte
(com limites), Constitucional”69.
“as questões de constitucionalidade Assim, na formulação originária do sis-
das leis somente podem ser argüídas tema austríaco, “não só os juízes – exceção
incidenter, ou seja, no curso e por oca- feita exclusivamente para o Verfassungsgeri-
sião de um ‘case or controversy’ – um chtshof quer dizer, exclusivamente para a
concreto processo comum (civil, penal Corte Constitucional – não tinham qualquer
ou de outra natureza) e na medida em poder de controlar a Constitucionalidade
que a lei, cuja constitucionalidade se das leis, como também não tinham o poder
discute, seja relevante para a decisão de não aplicar as leis que reputassem
do caso concreto. O órgão judiciário inconstitucionais (...), mas os juízes austría-
competente para resolver as questões cos, além disso, tampouco tinham o poder
de legitimidade constitucional das leis de pedir à Corte Constitucional que fizesse
será, em geral, o mesmo órgão judiciá- ela o controle que lhes era vedado. Com
rio competente para decidir o caso efeito, a questão da constitucionalidade das
concreto apresentado para apreciação leis podia ser argüida perante a Corte
e em cujo seio a questão de constitu- Constitucional austríaca somente por aqueles
cionalidade tenha nascido”. órgãos, não judiciários, mas políticos, que es-
Segundo Mauro Cappelletti68, tavam indicados na Constituição70.
“no sistema americano, que, sem Tal situação se modificou com a revisão
dúvida é o mais típico entre os siste- da Constituição em 1929, de forma parcial:
mas nos quais o controle de consti- acrescentou à legitimação dos órgãos polí-
tucionalidade se realiza em via inci- ticos também a legitimação de dois órgãos
dental, a questão de constitucionali- judiciários ordinários: o Oberster Gerichtshof
dade pode ser incidentalmente argüi- (Corte Suprema para as causas civis e pe-
da no curso de qualquer tipo de proce- nais) e o Verwaltungsgerichtshof (Corte
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 51
Suprema para as causas administrativas), abstrato, ao contrário do sistema americano,
que “não podem argüir perante a Corte que só admite controle “of a concrete case or
Constitucional austríaca a questão de cons- controversy”. As Cortes norte-americanas
titucionalidade ‘em via principal’, isto é, ‘em não decidem questões abstratas74.
via de ação’, mas, antes, só ‘em via Após tais considerações, passemos à
incidental’ ou ‘de exceção’, quer dizer, análise dos efeitos produzidos pelos pro-
apenas no curso e por ocasião de um nunciamentos, mediante o controle jurisdi-
ordinário processo (civil, penal ou adminis- cional – difuso e o concentrado.
trativo) desenvolvendo-se perante eles e para No sistema americano, “segundo a con-
a decisão do qual a lei, federal ou estadual, cepção mais tradicional, a lei inconstitu-
cuja constitucionalidade foi posta em ques- cional, porque contrária a uma norma
tão, seja relevante”, dando, assim, início ao superior, é considerada absolutamente nula
caráter híbrido do sistema austríaco71. (null and void) e, por isto, ineficaz, pelo que o
Na Itália (sistema previsto na Consti- juiz, que exerce o poder de controle, não
tuição de 1948 e posto em prática a partir de anula, mas, meramente, declara uma (pré-
1956) e na Alemanha (sistema introduzido existente) nulidade da lei inconstitucional”.
com a Lei Fundamental de Bonn – 1949), Efeito declarativo75.
como também na Áustria, há proibição aos No sistema austríaco, ao contrário, a
juízes comuns (civis, penais, administra- Corte Constitucional não declara uma
tivos) de efetuarem um controle de constitu- nulidade, mas anula, cassa (aufhebt) uma lei
cionalidade das leis. Os juízes, nesses orde- que, enquanto não ocorrer a publicação do
namentos jurídicos, “são incompetentes para pronunciamento, é válida e eficaz, ainda que
efetuar tal controle de constitucionalidade, inconstitucional. Efeito constitutivo76.
que é reservado à competência exclusiva das No sistema americano ou difuso, a
Cortes Constitucionais dos dois Países”. eficácia meramente declarativa opera, em
Ao contrário da Áustria, tanto na Itália princípio, ex tunc, isto é, retroativamente. No
como na Alemanha, sistema austríaco ou concentrado, a eficácia
“todos os juízes comuns, mesmo constitutiva negativa, ou seja, de anulação do
aqueles inferiores, encontrando-se ato normativo eivado de inconstitucionalida-
diante de uma lei que eles considerem de, opera ex nunc, ou seja, para o futuro77.
contrária à Constituição, em vez de Conforme o Professor Almiro do Couto e
serem passivamente obrigados a apli- Silva78,
cá-la, têm, ao contrário, o poder (e o “nos sistemas concentrados, a lei,
dever) de submeter a questão da cons- mesmo em dissintonia com a Consti-
titucionalidade à Corte Constitu- tuição, enquanto essa desarmonia
cional, a fim de que seja decidida por não é proclamada pelo tribunal com-
esta, com eficácia vinculatória, fi- petente, existe e produz efeitos. A
cando, assim, suspenso o julgamento sentença somente impede que se
do caso concreto, até que a Corte Cons- formem efeitos futuros, deixando
titucional decida a questão prejudicial porém inapagados, pelo menos em
de constitucionalidade”72. princípio, os gerados no passado”.
A Itália e a Alemanha também conferem Almiro do Couto e Silva 79, citando
legitimação a outros órgãos não judiciários Cappelletti, reitera posição muitas vezes
“que podem agir diretamente, ‘em via princi- defendida: a proteção de determinadas
pal’, portanto, ou seja, ‘em via de ação’, e situações em que a “noção de justiça material
não apenas em via meramente ‘incidental’ sairia seriamente arranhada se o princípio
ou ‘de exceção’, perante as Cortes Constitu- da eficácia ex tunc fosse sempre aplicado de
cionais”73. Aqui opera-se o controle em maneira invariável, sem atentar para as
52 Revista de Informação Legislativa
peculiaridades e as circunstâncias de cada o seu poder-dever-direito de examinar as leis
caso”, pois, conforme expressão da Supre- que incidem sobre os casos concretos, con-
ma Corte americana, também citada pelo trolando a sua validade, a sua conformida-
Professor Almiro do Couto e Silva80, “nem de com a Constituição. Constatada a incons-
sempre o passado pode ser apagado por titucionalidade, é o ato normativo desapli-
uma nova declaração judicial”. Trata-se, na cado no caso concreto submetido à cogni-
verdade, de sustentação do princípio da ção do juiz, mas continuará em vigor até ser
segurança jurídica. anulado, revogado ou suspenso pelos
Cappelletti81 assinala que, órgãos competentes.
“em matéria penal, as Cortes ameri- A segunda classificação apresentada
canas têm sempre considerado – e por Canotilho84 refere-se à distinção entre a
agora a lei alemã e a italiana expres- decisão de anulação, que atribui eficácia ex
samente dispõem – que, sem embargo nunc, em que o efeito da invalidade só come-
do trânsito em julgado da sentença ça a partir do momento em que seja declara-
penal condenatória, ninguém deva ser da a inconstitucionalidade, e a decisão que
obrigado a cumprir uma pena que te- pronuncia sobre a nulidade do ato, atri-
nha sido imposta com fundamento buindo eficácia ex tunc, “com efeitos retroa-
em uma lei posteriormente declarada tivos, próprios da nulidade em sentido téc-
inconstitucional. Em matéria civil, ao nico, quando a eficácia invalidante abran-
invés, e, às vezes, também em matéria ge todos os atos, mesmo os praticados antes
administrativa, se tem preferido res- da declaração da inconstitucionalidade”85.
peitar certos ‘efeitos considerados’ Quanto à terceira classificação – efeitos
(entre os quais emerge, de modo parti- declarativos e efeitos constitutivos – ocor-
cular, a autoridade da coisa julgada), rem os primeiros quando “a entidade con-
produzidos por atos fundados em leis trolante se limita a declarar a nulidade pré-
depois declaradas contrárias à Cons- existente do acto normativo”. Sendo nulo o
tituição: e isto em consideração ao fato ato (null and void), o juiz ou o órgão compe-
de que, de outra maneira, se teriam tente reconhece declarativamente a sua nu-
mais graves repercussões sobre a paz lidade. “É o regime típico do controlo difu-
social, ou seja, sobre a exigência de um
so”86. Quanto aos segundos – efeitos cons-
mínimo de certeza e de estabilidade das
titutivos –, verificam-se quando o órgão que
relações e situações jurídicas. Ainda
decide sobre a inconstitucionalidade anula
quanto aos efeitos dos pronuncia-
um ato normativo considerado até então
mentos convém destacar a classifica-
ção oferecida por Canotilho82: efeitos como válido e eficaz. “É o regime geral do
gerais e efeitos particulares; efeitos re- controlo concentrado”.
troactivos e efeitos prospectivos; efeitos 3.4 Os efeitos no sistema americano
declarativos e efeitos constitutivos83.”
Os efeitos gerais correspondem ao efei- Aqui há de se destacar a judicial review,
to erga omnes, próprio do controle concen- pela distinção que apresenta, inclusive em
trado. O Tribunal Constitucional ou o ór- relação ao controle difuso que nela encon-
gão judicial competente afirma-se como tra suas bases mas que, praticado em países
“defensor da Constituição”, “legislando” de civil law, adquire conotações próprias.
negativamente. Uma vez declarada a in- A particularidade da judicial review pren-
constitucionalidade, é o ato normativo eli- de-se ao stare decisis, característica do siste-
minado do ordenamento jurídico. ma de common Law. As decisões proferidas
Os efeitos particulares correspondem ao pelos juízes, como precedentes que vincu-
efeito inter partes, próprio do controle difuso, lam as decisões posteriores, geram efeitos
da clássica judicial review. Os juízes exercem que ultrapassam a eficácia inter partes. A
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regra fundamental do sistema americano e em via de “recurso”, a “rever” de forma
dos sistemas que o imitaram é a de que “o limitada a questão da constitucionalidade
juíz deve limitar-se a não aplicar a lei inconsti- numa decisão judicial prévia de aplicação
tucional ao caso concreto”. ou não aplicação de uma norma. Ou ele con-
Não havendo, no sistema norte-ameri- firma a decisão (decisão de “não provimen-
cano, controle concentrado para decidir de to” do recurso) ou ele a revoga (decisão de
forma abstrata sobre a constitucionalidade “provimento” do recurso), acrescentando à
das leis, também não há o efeito de eficácia decisão do recurso o julgamento sobre a in-
erga omnes, o qual, todavia, pode ser alcan- constitucionalidade da norma.
çado por meio do princípio do stare decisis, Na Alemanha, na Turquia e na Espanha,
especialmente quando se trata de controle o efeito cassatório da norma liga-se ao da de-
exercido pela Supreme Court87. claração de nulidade da norma e, na Espa-
nha, acrescenta-se ainda o da “derrogação”
3.5. Os efeitos em alguns ordenamentos
diante de normas pré-constitucionais. Em
jurídicos europeus
outros países, liga-se, em princípio, um efei-
Neste item nos deteremos no Relatório to de “revogação” – é o caso da Áustria,
da VII Conferência dos Tribunais Constitu- onde, todavia, estando em causa tratados
cionais Europeus88, que nos fornece uma internacionais ou normas revogadas, pro-
visão panorâmica e ao mesmo tempo espe- nuncia-se apenas uma “declaração de in-
cífica do que ocorreu, na prática, em vários constitucionalidade”; noutros, ainda, um
Tribunais Constitucionais da Europa, no efeito, por vezes qualificado de intermediá-
final da década de 80. rio, de “anulação” (Itália, Bélgica); em Portu-
Os tipos mais simples de decisões sobre gal, a Constituição e a lei referem-se apenas à
constitucionalidade das leis “reduzem-se a “declaração de inconstitucionalidade”.
uma decisão pura e simples de inconstitucio- Conforme o Relatório da VII Conferên-
nalidade (decisões de ‘acolhimento’ na ter- cia dos Tribunais Constitucionais Euro-
minologia italiana) ou a uma decisão de sen- peus, as decisões de sentido oposto ao da
tido e alcance oposto (decisões de ‘rejeição’ inconstitucionalidade assumem freqüente-
na mesma terminologia)”. Apesar de ser uma mente um caráter puramente negativo (Suí-
emissão de juízo simples, sem reservas ou ça), traduzindo-se, ou numa “não declaração
condições, apresenta-se com conteúdo dife- de inconstitucionalidade” (é a fórmula portu-
rente nos diversos ordenamentos e situações. guesa, no controle abstrato sucessivo); ou
No ordenamento jurídico francês, como então na “negação de provimento” (rejeição)
vimos, o controle preventivo afasta a pro- da ação, do recurso ou da questão de consti-
mulgação da norma considerada não con- tucionalidade (Suíça, Espanha, Bélgica, Ir-
forme com a Constituição. landa, Áustria). Em qualquer das duas ver-
Nos ordenamentos que adotam o con- tentes, o que os Tribunais não pronunciam
trole sucessivo, a declaração ou pronúncia é uma declaração “positiva” da “constitu-
de inconstitucionalidade determina a elimi- cionalidade” da lei ou da norma questiona-
nação da norma do ordenamento jurídico; ve- da; pois só de maneira indireta o correspon-
rifica-se esse efeito tanto no controle concreto dente juízo poderá resultar da decisão (a
ou incidental (questão de constitucionalida- exemplo do que ocorria na ex-Iugoslávia).
de) como no controle abstrato ou principal. Nos controles preventivos praticados na
Constitui exceção o sistema de controle Irlanda e na França, a declaração positiva
adotado em Portugal devido às particulari- de conformidade constitucional ou de não
dades que apresenta em sua configuração. inconstitucionalidade são objetos de pro-
Nas hipóteses de controle concreto, o Tri- nunciamento, ao contrário do controle pre-
bunal Constitucional português é chamado, ventivo praticado em Portugal. Também há
54 Revista de Informação Legislativa
pronunciamentos cujo conteúdo é a declara- tucionais, em face do legislador e em face
ção positiva de conformidade constitucional dos tribunais em geral.
ou de não inconstitucionalidade, como ocor- A interpretação conforme à Constituição
re na Alemanha, na Polônia e na Turquia, tem os seus limites “na letra e na clara von-
no âmbito do controle sucessivo. tade do legislador” (Alemanha), devendo
Ainda quanto ao conteúdo das decisões, “respeitar a economia da lei” (Bélgica) e
o Relatório citado assinala os tipos interme- “não podendo traduzir-se na ‘reconstrução’
diários que se situam “substancialmente” de uma norma que não esteja devidamente
ou mesmo “formalmente” entre os dois explícita num texto” (Espanha). Dentro des-
extremos que compõem os tipos simples sa orientação comum, é possível assinalar
de decisões. diferentes modos na aplicação do método,
Utilizando-se de “técnicas de decisão”, ou da técnica. Na Suíça há especial empe-
os tribunais evitam retirar do legislador a nho do Tribunal Federal na procura de uma
autoridade. A primeira dessas técnicas é a interpretação conforme, enquanto na Irlan-
da “interpretação em conformidade com a Cons- da e na Áustria há “presunção de interpreta-
tituição”; outro tipo é o da declaração de uma ção conforme no caso de leis post-constitu-
inconstitucionalidade parcial; outros tipos são cionais e presunção inversa no caso de leis
as decisões apelativas e as de “mero reconheci- pré-constitucionais”.
mento da inconstitucionalidade”. Outro problema deriva do fato de a in-
A primeira técnica consiste em “reinter- terpretação conforme não ser monopólio dos
pretar a norma, recusando-lhe o sentido ou Tribunais Constitucionais (Áustria) e de a
sentidos que conduziriam à sua inconstitu- interpretação da lei competir primariamen-
cionalidade e, eventualmente, fixando-lhe te aos tribunais comuns. “Daí que se per-
um outro compatível com a Constituição”. gunte se aos Tribunais Constitucionais é lí-
Muito aceita essa técnica, entendida como cito, não apenas afastarem as interpretações
“interpretação sistemático-teleológica do di- desconformes com a Constituição, mas im-
reito” (Áustria) ou como “interpretação neu- porem a sua própria interpretação da lei”.
tralizante”, como ocorre na França. Essa téc- No primeiro sentido, Áustria e Alemanha;
nica tem sido utilizada inclusive em países já na Itália, ocorreram dois tipos de inter-
em que o controle da constitucionalidade é pretação conforme: uma, segundo o “direi-
vedado, funcionando como “compensação” to vivente”, isto é, de acordo com a orienta-
pela ausência do controle. É o que ocorre na ção interpretativa fixada pelos tribunais em
Suíça quanto às leis federais e na Finlândia. geral, e em especial pela Cassação, e outra
A técnica de “interpretação conforme” em que o Tribunal Constitucional define a
conduz a decisões em que não se julga in- sua própria interpretação. Na França, se a
constitucional a norma questionada: são as “constitucionalidade” do texto tiver sido
decisões interpretativas de rejeição, produ- baseada numa interpretação neutralizante,
zidas na Itália. Em geral são decisões em adquire esta um caráter obrigatório. Em Por-
que o sentido e o alcance são apurados por tugal, a própria lei do Tribunal Constituci-
meio dos respectivos fundamentos, e por re- onal dispõe que a “interpretação confor-
envio para estes, do teor da decisão ou dis- me” feita pelo Tribunal é obrigatória para
positivo da sentença, ou diretamente por os demais tribunais que intervenham no
meio do dispositivo; é o que ocorre no con- processo em causa.
trole preventivo francês e no Tribunal Cons- O segundo tipo de decisões intermediá-
titucional espanhol. rias é o da declaração de uma inconstitucio-
Da utilização dessa técnica surgem nalidade parcial. São decisões em que se
problemas quanto à amplitude e quanto aos julga inconstitucional apenas uma parte do
limites dos poderes dos Tribunais Consti- preceito questionado no pedido ou na
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 55
“questão prejudicial”. O pronunciamento inconstitucional – é o caso de Portugal. Na
pode alcançar uma parte correspondente a Espanha, tais decisões são denominadas
uma das “disposições” do preceito, ou mes- construtivas.
mo só um período ou frase do respectivo tex- Nas decisões de mero reconhecimento da in-
to (inconstitucionalidade parcial horizon- constitucionalidade, o Tribunal declara a in-
tal ou quantitativa); ou pode alcançar uma constitucionalidade da norma, mas não liga
certa dimensão do seu conteúdo dispositi- a essa declaração a da correspondente nuli-
vo (uma norma que dele se extrai), o que po- dade. “O sentido comum dessas decisões é
derá chamar-se inconstitucionalidade par- o de que o Tribunal Constitucional conside-
cial qualitativa, ideal ou vertical. Correspon- ra ‘que a situação atual não pode permane-
dem ao contrário do tipo anterior – interpreta- cer’, mas deixa ao legislador a ‘decisão’
ção conforme à Constituição. Apesar de guiada política sobre o modo como deve configu-
pela idêntica preocupação em não “desau- rar-se a regulamentação futura”.
torizar o legislador”, busca a inconstitucio- Quanto à vinculabilidade das decisões,
nalidade parcial julgar inconstitucional o pre- prevalece a distinção entre a extensão da
ceito “enquanto” ou “na medida em que” eficácia: erga omnes e inter partes ou limitada
ou “na parte em que” incorpora um certo ao caso. Assim, a generalidade das decisões
conteúdo de sentido ou uma certa dimen- proferidas em controle difuso produzem efi-
são aplicativa. Recebidas na doutrina itali- cácia limitada ao caso; fazem exceção as
ana como decisões interpretativas de acolhimen- decisões em que os tribunais irlandeses (ma-
to, quando a inconstitucionalidade parcial xime, a Supreme Court e a High Court) emitem
é definida por reenvio do dispositivo decisó- uma declaração de inconstitucionalidade.
A mesma eficácia limitada produzem, ain-
rio para os respectivos fundamentos, ou de
da, certas decisões dos Tribunais Constitu-
acolhimento parcial, quando a correspondente
cionais a que corresponde, no fundo, um
declaração constar do próprio dispositivo.
simples controle incidental da constitucio-
O terceiro e o quarto tipos intermediários nalidade – por exemplo, em processos de
de decisão – o das decisões apelativas e o das “queixa constitucional”.
decisões de mero reconhecimento da inconstitu- Quanto às decisões diretas sobre a cons-
cionalidade desenvolvidas pelo Tribunal titucionalidade de normas jurídicas, profe-
Constitucional alemão – não são tão utili- ridas em controle concentrado, é necessário
zados quanto os dois primeiros – interpreta- fazer uma distinção: se elas são no sentido
ção em conformidade com a Constituição e in- da inconstitucionalidade ou no sentido con-
constitucionalidade parcial. trário e se elas incorporam ou não uma cor-
Nas decisões apelativas, o Tribunal respondente declaração.
Constitucional Federal alemão considerou As primeiras produzem eficácia erga
que uma lei ou situação jurídica ainda não omnes, pois em princípio incorporam uma
é inconstitucional, mas liga a essa declara- “declaração” formal da inconstitucionali-
ção um apelo ao legislador para modificar dade. Não acontece assim, porém, nas deci-
essa situação, eventualmente fixando-lhe sões proferidas em controle concreto pelo
um prazo para o efeito. Tribunal Constitucional português e pelo
Também é possível falar em decisões ape- Tribunal de Arbitragem belga, as quais têm
lativas quando o Tribunal, sob a forma de eficácia limitada ao caso, fazendo coisa jul-
uma decisão de inconstitucionalidade, gada no processo quanto àquela questão,
enuncia também uma série de princípios que vinculando não só o tribunal recorrido ou
uma nova lei com o mesmo objeto deve con- proponente, como todos os que venham a
ter para se conformar com a Constituição, intervir no processo.
quando não emite ele mesmo uma norma- As decisões em sentido inverso ao da in-
ção provisória para substituir a declarada constitucionalidade limitam-se a julgar
56 Revista de Informação Legislativa
improcedente o pedido ou a questão da in- nais em controle preventivo, ficando reser-
constitucionalidade, evitando uma declara- vada, no entanto, ao Presidente da Repúbli-
ção formal de constitucionalidade ou de não ca a faculdade de promulgar ou não o res-
inconstitucionalidade, não gerando, por pectivo diploma legal ou de ratificar ou não
isso, uma eficácia obrigatória geral. Tratan- o tratado internacional, se for o caso.
do-se de decisões proferidas em controle Em relação à coisa julgada material, há
concreto, terão eficácia limitada ao caso; acentuadas divergências nos ordenamentos
sendo proferidas em controle abstrato, dir- europeus. Na Áustria e na Bélgica recondu-
se-á que não produzem um efeito preclusivo. zem-se a essa noção (caso julgado com efi-
Caso os Tribunais emitam uma declara- cácia geral ou caso julgado absoluto) os efei-
ção de constitucionalidade ou de “confor- tos erga omnes das decisões; em França, tam-
midade constitucional” da norma sujeita ao bém às decisões do Conseil Constitutionnel
controle, essa declaração tem eficácia idên- se reconhece uma autoridade comparável à
tica à da declaração de inconstitucionali- do caso julgado; na Alemanha, distingue-
dade – Alemanha e Polônia. Na Áustria, as se a eficácia erga omnes do efeito de caso jul-
decisões em causa têm eficácia geral no to- gado (limitado ao dispositivo da decisão);
cante às questões de constitucionalidade na Suíça, o efeito de caso julgado material é
apreciadas, produzindo uma correspon- recusado mesmo às decisões proferidas em
dente força de coisa julgada nos respectivos controle abstrato, e com eficácia erga omnes.
fundamentos; na Espanha, a lei prevê que Em alguns ordenamentos, a eficácia erga
as declarações de negação de provimento omnes das decisões é qualificada como força
produzam um “efeito preclusivo” em rela- de lei. Assim na Alemanha, conforme dis-
ção à apreciação do mesmo problema de posição expressa da Lei do Tribunal Cons-
constitucionalidade, não estando, todavia, titucional, e na Itália.
fixado em jurisprudência o alcance dessa Também alguns ordenamentos dispõem
disposição – quais as situações em que se expressamente que as decisões do respecti-
deve aplicá-las; na Bélgica, as decisões de re- vo Tribunal Constitucional ou órgão equi-
jeição de um recurso de constitucionalidade valente são obrigatórias para todos os po-
– em controle abstrato – são obrigatórias para deres públicos e autoridades ou entidades
os tribunais quanto à questão decidida. públicas (e privadas), ou para os restantes
Em relação à coisa julgada, o Relatório órgãos constitucionais do Estado e para to-
afirma que “o único ponto que se pode ter dos os tribunais e autoridades administra-
como firme é o de que as decisões em causa tivas. É o que acontece na Alemanha, Espa-
adquirem, em geral, força de caso julgado nha, Portugal, França e Turquia. A força
formal, ou uma eficácia equivalente. Isto é, obrigatória geral de todas as decisões tem um
são decisões finais, não passíveis de recur- alcance muito mais amplo do que o específico
so e que precludem a possibilidade de a efeito ou eficácia – erga omnes, caso julgado,
questão por elas resolvida vir a ser reposta, efeito preclusivo – que deva ser reconhecido a
de qualquer forma, no mesmo processo”. cada espécie ou categoria em particular.
Verifica-se uma exceção no ordenamen- Outro aspecto a ser salientado no con-
to da Polônia, que admite a possibilidade trole de constitucionalidade das leis e que
de revisão no tocante a decisões declarató- se refere à eficácia obrigatória geral das deci-
rias da inconstitucionalidade de normas sões dos Tribunais Constitucionais é o da
infra-legais. Também se verifica exceção no vinculação do legislador às decisões decla-
ordenamento português, em face da possi- ratórias da inconstitucionalidade.
bilidade de o Parlamento português “con- Na Áustria, essa vinculação do legisla-
firmar”, por maioria qualificada, normas dor às decisões do Tribunal Constitucional
por ele aprovadas, julgadas inconstitucio- é negada. Na Alemanha, a vinculação do
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 57
legislador corresponde a um dos aspectos interrogações quanto à caracterização do
da “força obrigatória geral” das decisões. efeito de tais decisões.
Na Itália, a pura e simples reprodução, sem Alguns ordenamentos – Áustria, Lie-
mais, de uma norma declarada inconstitu- chtenstein, Bélgica e Portugal – “conferem
cional violará, desde logo, o princípio cons- expressamente aos respectivos Tribunais
titucional da eficácia cassatória das deci- Constitucionais a faculdade de delimitarem,
sões de acolhimento. Na Turquia, as deci- em certos termos, a eficácia temporal de suas
sões do Tribunal Constitucional são obri- decisões de inconstitucionalidade”.
gatórias para os órgãos legislativos e ser-
vem de orientação para o Parlamento. Quan- 4. Conclusão
to à vinculação dos órgãos de justiça consti-
A partir da análise dos vários siste-
tucional às suas próprias decisões, a única
mas de controle da constitucionalidade
vinculação que pode ocorrer é a decorrente
das leis, verifica-se que assiste razão a
do caso julgado. As decisões não represen-
Loewenstein quando afirma ser o contro-
tam um precedente obrigatório para esses
le da constitucionalidade “um controle
órgãos, que admitem a possibilidade de “re-
essencialmente político”89.
visão” da doutrina firmada em decisões
Também nesse sentido Mauro Cappel-
anteriores, diante de alterações circunstan-
letti90, ao afirmar “que o controle judicial de
ciais, de modificação do próprio direito or-
constitucionalidade das leis sempre é desti-
dinário, de uma evolução da consciência
nado, por sua própria natureza, a ter tam-
ético-jurídica ou ainda de uma simples re-
bém uma coloração ‘política’ mais ou me-
consideração argumentativa.
nos evidente, mais ou menos acentuada,
Vale acrescentar que, não obstante esses
vale dizer, a comportar uma ativa, criativa
fatores que podem levar a uma revisão, são
intervenção das Cortes, investidas daquela
os precedentes considerados fatores de gran-
função de controle, na dialética das forças
de importância no desenvolvimento da ju-
políticas do Estado”.
risprudência constitucional, numa preocu-
Na verdade, no delicado campo do con-
pação de manter uma coerência decisória. trole da constitucionalidade há sempre o en-
Quanto à eficácia temporal das decisões, volvimento político nas questões. Podem
cumpre assinalar que a questão fundamen- surgir situações em que juridicamente seja
tal é a de saber se a declaração de inconsti- a norma a ser aplicada não conforme à cons-
tucionalidade opera com eficácia ex tunc ou tituição mas conforme ao interesse público
mera eficácia ex nunc. No primeiro caso, a de excepcional relevância91. Apesar da dis-
decisão de inconstitucionalidade opera um cussão em torno do que seja “interesse pú-
efeito de invalidação da norma; no segun- blico” é assente o princípio da supremacia
do, um efeito puramente revogatório. do interesse público e a sua observância,
Na Áustria, Suíça, Turquia e Polônia, re- quando a necessidade se impõe.
conhece-se às decisões de inconstituciona- O caráter político do controle da consti-
lidade uma eficácia, em princípio, simples- tucionalidade das leis toma vulto diante do
mente ex nunc ou revogatória. Na Alemanha conteúdo das Constituições modernas, “que
e em Portugal, reconhece-se-lhes eficácia ex não se limitam”, na verdade, a dizer estati-
tunc ou de invalidação, eficácia essa expres- camente o que é o direito, a “dar uma or-
samente prevista na Constituição e na lei. dem” para uma situação social consolida-
Na Itália, o efeito é de revogação e na Espa- da; mas, diversamente das leis usuais, esta-
nha, embora o ordenamento jurídico deter- belecem e impõem, sobretudo, diretrizes e
mine de forma expressa que as decisões de programas dinâmicos de ação futura. Elas
inconstitucionalidade comportam a “decla- contêm a indicação daqueles que são os su-
ração de nulidade” dos preceitos, subsistem premos valores, as rationes, os Gründe da
58 Revista de Informação Legislativa
atividade futura do Estado e da sociedade: KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. [Trad. de
consistem, em síntese, em muitos casos, João Baptista Machado]. São Paulo: Martins
Fontes, 1991.
como, incisivamente, costumava dizer Piero Lei Fundamental da República Federal da Alemanha.
Calamandrei92, sobretudo em uma polêmica Promulgada pelo Conselho Parlamentar em 23/
contra o passado e em um programa de reformas 05/49. Wiesbaden, 1983.
em direção ao futuro”. LOEWENSTEIN, Karl. Teoria de la Constitución.
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n. 84. Out/Dez. São Paulo: Ed. Revista dos
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FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Apontamen- 1
José J. Gomes Canotilho. Direito Constitucional.
tos sobre o Controle de Constitucionalidade.
5. ed. Almedina. Coimbra, 1991, p. 974.
In: Revista da Procuradoria Geral do Estado de São 2
Mauro Cappelletti. Controle Judicial da Cons-
Paulo, n. 34, dez. de 1990. pp. 27-44.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de titucionalidade das Leis. [Trad. de Aroldo Plínio
Direito Constitucional. 18 ed. São Paulo: Gonçalves]. 2. ed. Fabris. Porto Alegre, 1992. pp. 49
Saraiva, 1990. e ss. apresenta os precedentes históricos do Consti-
FIUZA, Ricardo Arnaldo Malheiros. O Controle de tucionalismo, destacando a antiga civilização ate-
Constitucionalidade das Leis (Direito Comparado). niense. Neste estudo será considerado apenas o
Conferência proferida no Foro da Justiça Constitucionalismo Moderno, iniciado com a Cons-
Federal. Belo Horizonte, 07-04-1994 (texto tituição dos Estados Unidos da América (1787).
datilografado - inédito). 3
Anna Candida da Cunha Ferraz. Apontamen-
HAMILTON, Alexander; MADISON, James e JAY, tos sobre o Controle de Constitucionalidade. In:
John. O Federalista. Pensamento Político nº 62. Revista da Procuradoria do Estado de São Paulo,
[Trad. de Heitor Almeida Herrera]. Brasília: Ed. n. 34. Dez. de 1990. p. 28. A autora aponta como
Universidade de Brasília, 1984. uma das causas da expansão do controle da
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 59
constitucionalidade a redescoberta da noção de 13
Citado por Karl Loewenstein. Op. cit., p. 309.
“Constituição” após a Segunda Guerra Mundial, Montesquieu, O Espírito das Leis. [Trad. de Cris-
“como forma de reação às experiências trágicas dos tina Murachco]. Martins Fontes. São Paulo, 1993,
governos tirânicos e absurdos do antes-guerra”; e afirmara: “O poder de julgar não deve ser dado a
como decorrência, “a necessidade de protegê-la e um senado permanente, mas deve ser exercido por
resguardá-la [a Constituição] principalmente con- pessoas tiradas do seio do povo em certos momen-
tra a ação dos poderes políticos” (op. cit., p. 28). O tos do ano, da maneira prescrita pela lei, para
interesse pelo tema, no entanto, não é novo. Entre formar um tribunal que só dure o tempo que a
nós, Rui Barbosa, em 1893, tornava viva, as lições necessidade requer. Desta forma, o poder de jul-
aprendidas do Constitucionalismo americano. Cfr. gar, como não está ligado nem a certo estado, nem
Rui Barbosa, Os Atos Inconstitucionais do Con- a certa profissão, torna-se, por assim dizer, invisí-
gresso e do Executivo, In: Trabalhos Jurídicos, Obras vel e nulo. Não se têm continuamente juízes sob os
Seletas de Rui Barbosa, vol. XI. Casa de Rui Barbosa, olhos; e teme-se a magistratura, e não os magistra-
Rio de Janeiro, 1962. dos” (p. 173).
4
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Curso de 14
Citado por Karl Loewenstein, op. cit., p.
Direito Constitucional. 18 ed. Saraiva. São Paulo, 309. Alexander Hamilton, James Madison e John
1990, p. 30. Jay. OFederalista. [Trad. de Heitor Almeida
5
Curso de Direito Constitucional Positivo. 8. ed. Herrera]. Editora Universidade de Brasília.
Malheiros Editores. São Paulo, 1992. p. 48. Brasília, 1984, p. 576.
6
J. J. Gomes Canotilho e Vital Moreira. Funda- 15
O Federalista, cit., p. 578.
mentos da Constituição. Coimbra Editora. 16
O Federalista, cit., p. 578.
Coimbra, 1991. p. 236. 17
Karl Loewenstein, op. cit., p. 310 e 311.
7
Gilmar Ferreira Mendes. Controle de Constitucio- 18
Karl Loewenstein, op. cit., p. 312.
nalidade – aspectos jurídicos e políticos. Saraiva, São Segundo Loewenstein (op. cit., p. 314): “Den-
Paulo, 1990. pp. 3 e 4. tro do contexto dos controles entre os órgãos do
8
Citado por Gilmar Ferreira Mendes, op. cit., poder, o controle judicial aparece como uma ano-
p. 4. Para uma análise do pensamento de Konrad malia. O controle judicial da constitucionalidade
Hesse, como contraponto ao pensamento de
das leis emitidas conjuntamente pelos detentores
Lassalle, ver artigo da autora, publicado na Revista
do poder estabelecidos é incompatível, estrutural-
de Informação Legislativa n. 139, pp. 71-81: A
mente, com o princípio da distribuição de funções
essência da Constituição no pensamento de Lassalle
entre diferentes detentores do poder”.
e de Konrad Hesse. 19
Karl Loewenstein, op. cit., p. 312.
9
Hans Kelsen. Teoria Pura do Direito. [Trad. de 20
Karl Loewenstein, op. cit., p. 313, assinala
João Baptista Machado]. 3. ed. Martins Fontes. São
que a “Suprema Corte, no exercício de seu controle
Paulo, 1991.
político, tem se imposto certas restrições que, con-
10
Op. cit., p. 242. Segundo Hans Kelsen (op. cit.,
sideradas em sua totalidade, tendem a atenuar o
p. 241): “Da Constituição em sentido material deve
que de outra maneira conduziria à absoluta supre-
distinguir-se a Constituição em sentido formal, isto
macia judicial: a intervenção dos tribunais se limita
é, um documento, designado como “Constituição”
que – como Constituição escrita – não só tem nor- àqueles casos e litígios autênticos, à diferença dos
mas que regulam a produção de normas gerais, ditames jurídicos e sentenças antecipadas in abs-
isto é, a legislação, mas também normas que se tracto (controle abstrato das normas). Também rege
referem a outros assuntos politicamente importan- o princípio de que a vontade do Congresso deve ser
tes e, além disso, preceitos por força dos quais as respeitada sempre e quando não viole claramente a
normas contidas neste documento, a lei consti- Constituição, tal como é interpretada pela Supre-
tucional, não podem ser revogadas ou alteradas ma Corte. Finalmente, os tribunais – e isto é extre-
da mesma forma que as leis simples, mas somente mamente importante desde o ponto de vista dos
através de processo especial submetido a requisi- controles entre os órgãos do poder – recusam tra-
tos mais severos. Estas determinações represen- tar as chamadas “questões políticas” (political
tam a forma da Constituição que, como forma, questions), e justamente nestas há freqüentemente a
pode assumir qualquer conteúdo e que, em primei- decisão fundamental no processo político”.
ra linha, serve para a estabilização das mesmas
21
J. J. Gomes Canotilho. Direito Constitucional,
que aqui são designadas como Constituição mate- cit., p. 979. Mauro Cappelletti, em O Controle Judi-
rial e que são o fundamento de Direito positivo de cial de Constitucionalidade das Leis no Direito Com-
qualquer ordem jurídica do Estado”. parado, cit., pp. 56 e 57, sustenta a origem jusnatu-
11
Direito Constitucional, cit., p. 972 - 973. ralista do sistema norte-americano de controle
12
Teoría de La Constitución. [Trad. espanhola por judicial da constitucionalidade das leis.
Alfredo Gallego Anabitarte]. Editorial Ariel. 22
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 980.
Barcelona. 1976. p. 309. 23
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., pp. 981-982.
60 Revista de Informação Legislativa
24
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, op. cit., p. 31. 46
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 980. Mauro
J.J.Gomes Canotilho, Op. Cit., p. 983. Cappelletti, op. cit., p. 67: no sistema concentrado,
25
Relatório geral da VII Conferência dos Tribu- “o poder de controle se concentra em um único
nais Constitucionais Europeus. Relator: José Manuel órgão judiciário”.
M. Cardoso da Costa. Gabinete de Documentação 47
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 73.
e Direito Comparado. Procuradoria Geral da Re- 48
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 980.
pública. Boletim do Ministério da Justiça nº 27/ 49
J. J. Canotilho, op. cit., p. 980. Mauro Cappe-
28 – Lisboa, 1986, pp. 43 e 44. lletti, op. cit., p. 84, também afirma que a base
26
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, op. cit., p. 31. doutrinária dos dois sistemas – o difuso e o con-
27
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 27. centrado – é “radicalmente contraposta”.
28
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 96 a 98. 50
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 84 – 85.
29
Bernard Pacteau. La Juridiction constitution- 51
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 981.
nelle en France. In: Revue Internationale de Droit 52
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 982.
Comparé. n. spécial. vol. 10. Journées de la 53
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 982.
Sociétéde Législation Comparée. Année 1988. 54
Curso de Direito Constitucional Positivo,
Paris, 1988. p. 101. cit., p. 50.
30
Bernard Pacteau, op. cit., p. 102. 55
Op. cit., p. 33.
31
Bernard Pacteau, op. cit., p. 102. 56
Em Conferência proferida no Foro da Justiça
32
Citado por Bernard Pacteau, op. cit., p. 102. Federal, em Belo Horizonte, MG, em 07.04.94 (texto
33
Bernard Pacteau, op. cit., p. 104. datilografado). p. 8.
34
Bernard Pacteau, op. cit., p. 104. 57
Ricardo A. M. Fiuza, op. cit., p. 9.
35
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., pp. 978 – 979. 58
Ricardo A. M. Fiuza, op. cit., pp.. 11a 15.
36
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 979. 59
Ricardo A. M. Fiuza, op. cit., pp. 15.
37
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 30 e 31. A ex- 60
Adotamos de forma simplificada o título uti-
URSS também adotava o controle político, que era lizado por Mauro Cappelletti no Capítulo V da sua
exercido pelo Presidium do Soviete Supremo, após obra O Controle Judicial de Constitucionalidade das
provocação do Procurador Geral (artigos 121, nº 4 Leis no Direito Comparado, cit., por nos parecer o mais
e 164, da antiga Constituição Soviética). apropriado para abordar a temática dos efeitos.
38
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., pp. 979. 61
Bernard Pacteau, op. cit., pp. 112 a 115. Para
39
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 68. uma análise crítica das atividades do Conseil Cons-
40
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 71 e 72. titutionnel, Bernard Pacteau, op. cit., pp. 115 a 117,
41
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 980. e Jacques Robert, Le Contrôle de la Constitution-
42
Op. cit., p. 75.
nalité des lois en France. In: Revue Internationale de
43
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 981.
Droit Comparé. nº spécial. vol. 10. Journées de la
44
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 981.
Société de Législation Comparée. Année 988, esp.
Conforme o Relatório da VII Conferência dos
pp. 179 a 184.
Tribunais Constitucionais, cit., p. 45: “No que diz 62
Bernard Pacteau, op. cit., pp. 112 e 113.
respeito ao controle concreto, ou em via incidental, 63
Bernard Pacteau, op. cit., pp. 114 e 115.
tem ele lugar, na generalidade dos sistemas jurídi- 64
Bernard Pacteau, op. cit., p. 116.
co-constitucionais com jurisdição constitucional 65
José Manuel M. Cardoso Costa, Relatório
institucionalizada, através do mecanismo da ‘ques-
tão prejudicial’ da constitucionalidade, que é reen- Geral da VII Conferência dos Tribunais Constitu-
viada pelo tribunal da causa ao Tribunal Constitu- cionais Europeus, cit., p. 53. O ordenamento irlandês
cional. Nalguns ordenamentos (Áustria, Polônia) apresenta um desvio à regra geral prevista para o
esse reenvio ocorre qualquer que seja a natureza da primeiro dos modelos indicados: na hipótese de
norma cuja constitucionalidade (ou legalidade) é inconstitucionalidade, o procedimento mais usual
posta em causa; noutros, apenas ocorre quando a é o de o tribunal emitir uma correspondente
norma questionada seja de uma lei ou diploma declaração formal, embora possam ocorrer casos
com força legislativa ou equivalente (R. F. Alema- em que o juízo sobre a inconstitucionalidade figure
nha, Itália, Espanha), o que permite dizer que a apenas nos fundamentos da decisão. (Relatório cit.,
intervenção do Tribunal Constitucional, em tal caso, pp. 53 e 54).
se justifica também pela ‘defesa da lei’. Neste últi- 66
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 102.
mo tipo de situação cabe à generalidade dos tribu- 67
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 102 e 103.
nais o controle concreto da constitucionalidade das 68
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 104.
restantes normas jurídicas, mormente das normas 69
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 104 e 105.
com valor infra-legal”. 70
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 105. Os órgãos
45
Extrato da sentença proferida em 1803, pelo políticos indicados pela Constituição da Áustria
juiz John Marshall, citado por J. J. Gomes Canoti- (1920) no originário Sistema: “o Governo Federal
lho, op. cit., p. 982. (Bundesregierung) tratando-se de pedir o controle
Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 61
da legitimidade constitucional de leis dos Länder 74
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 112.
(Landesgesetze), pelos Governos dos Länder 75
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 115 a 117.
(Landesregierungen) tratando-se de controle de leis 76
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 116.
federais. Nenhum limite de tempo era fixado para 77
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 118.
o exercício, por parte destes órgãos políticos, do 78
No artigo “Princípios da legalidade da admi-
direito de ação, para o qual eles eram únicos legiti- nistração pública e da segurança jurídica no estado
mados” (Mauro Cappelletti, op. cit. p. 105). de direito contemporâneo” publicado na Revista de
71
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 106. Direito Público, n. 84 Out/Dez – 1987 – Ano XX –
72
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 109. Ed. Revista dos Tribunais. São Paulo, 1987. p. 58.
73
Mauro Cappelletti, op. cit., p. 110. “Na Itália, 79
No artigo citado, p. 58.
a legitimação “em via de ação” pertence aos órgãos 80
Idem, idem, p. 58.
dos Governos das Regiões (Juntas Regionais), tra- 81
Mauro Cappelletti, p. 124.
tando-se de leis nacionais ou regionais que uma 82
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., pp. 984 a 986
Região considere serem tais que invadam esfera de 83
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 984.
competência a ela reservada pela Constituição (Lei Mauro Cappelletti, op. cit., p. 119, trata de
Constitucional nº 1, de 9 de fevereiro de 1948, art. maneira específica quanto a eficácia temporal das
2º, parágrafos 1º e 2º), e pertence ao Governo Cen- decisões.
tral no caso de inconstitucionalidade de Leis regio- 84
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 985.
nais (art. 127, último parágrafo, da Constituição 85
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 985.
italiana). Na Alemanha, a legitimação para dirigir- 86
J. J. Gomes Canotilho, op. cit., p. 986.
se “em via de ação” à Corte Constitucional Federal
ou às Cortes Constitucionais dos Länder, para con-
87
Mauro Cappelletti, op. cit., pp. 112 e 118.
trole das leis, pertence a uma ainda mais vasta
88
Relatório da VII Conferência dos Tribunais
série de órgãos ou de pessoas: de modo particular, Constitucionais Europeus, por José Manuel M. Car-
ao Governo Federal, aos Governos dos Länder, a doso da Costa, cit., esp. pp. 54 a 71.
um terço dos membros do Bundestag (art. 93 da
89
Karl Loewenstein, op. cit., p. 309.
Constituição de Bonn), e até às pessoas individual- 90
Op. cit., p. 114
mente consideradas, se a lei implicar uma lesão 91
Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza, op. cit.,
imediata e atual de um seu “direito fundamental” p. 21.
(M. Cappelletti, op. cit., p. 110). 92
Citado por Mauro Cappelletti, op. cit., p. 89.

Referências bibliográficas conforme original.


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