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CARBOIDRATOS

São as biomoléculas mais abundantes na Terra.


São polímeros de carboidratos complexos covalentemente ligados a proteínas ou
lipídeos que atuam como sinais que determinam a localização intracelular ou o destino
metabólico dessas moléculas híbridas, chamadas de glicoconjugados.
Carboidratos são poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, ou substâncias que geram
esses compostos quando hidrolisadas. São moléculas à base de carbono ricas em grupos
hidroxila.
Compostos orgânicos formados por C, H, O, N, P, S. Apenas alguns também contêm
nitrogênio, fósforo ou enxofre.
Fórmula empírica: (CH2O)n
 Fonte primária de energia e de armazenamento de energia.
Alguns carboidratos compõem a principal via de produção de energia na maioria das
células não fotossintéticas.
OBS: primeiro utilizamos carboidratos como fonte de energia. Em segundo lugar,
usamos lipídeos. E em terceiro, começamos a utilizar as proteínas como recurso final
(pessoa já bem debilitada e subnutrida).
 Constitui o arcabouço do DNA (pentose – DNA e RNA).
 Função estrutural e protetora.
Polímeros de carboidratos agem como elementos estruturais e protetores nas paredes
celulares bacterianas e vegetais e também nos tecidos conectivos animais.
 Outros polímeros de carboidratos lubrificam as articulações e auxiliam o
reconhecimento e a adesão intercelular.
 Comunicação e reconhecimento celular (glicocálice).

1) MONOSSACARÍDEOS (oses)
São açúcares simples constituídos por uma única unidade poli-hidroxicetona ou poli-
hidroxialdeído. São aldeídos ou cetonas que têm dois ou mais grupos hidroxila.
Possuem de 3 até 7 átomos de carbono.
Os monossacarídeos tem livre absorção pela célula.
Trioses = três átomos de carbono = C(3)H2(3)O(3) à C3H603
Heptose = sete átomos de carbono = C(7)H2(7)O(7) à C7H14O7

HEXOSE PENTOSE
C6H12O6 C5H10O5
Glicose Desoxirribose
Frutose (DNA)
Galactose Ribose (RNA)

Muitos dos átomos de carbono aos quais os grupos hidroxila estão ligados são centros
quirais, o que origina os muitos estereoisômeros de açúcares encontrados na natureza.
Esse estereoisomerismo é biologicamente importante porque as enzimas que agem sobre
os açúcares são absolutamente estereoespecíficas, normalmente preferindo um
estereoisômero a outro por três ou mais ordens de magnitude.
Os monossacarídeos são chamados de aldoses ou cetoses a depender do grupo
funcional, se possui um aldeído ou uma cetona. É chamado de aldose quando o grupo
funcional carbonila (C=O) está na extremidade da cadeia; e cetose quando o grupo
carbonila está em qualquer outra posição.

Todos os monossacarídeos, com exceção da di-hidroxiacetona, contêm um ou mais


átomos de carbono assimétricos (quirais) e, portanto, ocorrem em formas isoméricas
opticamente ativas. A aldose mais simples, o gliceraldeído, contém um centro quiral (o
átomo de carbono central) e assim tem dois isômeros ópticos diferentes, ou
enantiômeros (imagens especulares uma da outra).
Os estereoisômeros são isômeros que diferem no seu arranjo espacial. Conforme
discutido anteriormente sobre os aminoácidos, os estereoisômeros são designados pela
sua configuração D ou L. Por convenção, os isômeros D e L são determinados pela
configuração do átomo de carbono assimétrico mais distante do grupo aldeído ou ceto.
Um dos dois enantiômeros do gliceraldeído é, por convenção, designado isômero D, e o
outro é isômero L. Os monossacarídeos biologicamente importantes apresentam
configuração D.
Quando o grupo hidroxila (OH) do carbono de referência está à direita (dextro) em uma
fórmula de projeção que apresenta o carbono do carbonil no topo, o açúcar é o isômero
D; quando está à esquerda (levo), é o isômero L.
“Para cada um dos comprimentos de cadeia carbônica, os estereoisômeros dos
monossacarídeos podem ser divididos em dois grupos, os quais diferem quanto à
configuração do centro quiral mais distante do carbono do carbonil. Aqueles nos quais
a configuração desse carbono de referência é a mesma daquela do D-gliceraldeído são
designados isômeros D, e aqueles com a mesma configuração do L-gliceraldeído são
isômeros L.”
Geralmente, uma molécula com n centros quirais pode ter 2^n estereoisômeros
Os carbonos de um açúcar começam a ser numerados a partir da extremidade da cadeia
mais próxima ao grupo carbonil.
Dois açúcares que diferem apenas na configuração de um carbono são chamados de
epímeros. Ex: D-glicose e D-galactose.
Os monossacarídeos são unidos a álcoois e aminas por ligações glicosídicas

 Ciclização dos monossacarídeos


Monossacarídeos de quatro ou mais carbonos tendem a formar estruturas cíclicas.
Até o momento, vimos cadeias abertas, mas em solução aquosa, as aldotetroses e todos
os monossacarídeos com cinco ou mais átomos de carbono no esqueleto ocorrem
predominantemente como estruturas cíclicas (em anel), nas quais o grupo carbonil está
formando uma ligação covalente com o oxigênio de um grupo hidroxila presente na
cadeia.
Na natureza, as cadeias dos carboidratos ficam fechadas (com exceções).
Para formar um anel, um aldeído deve reagir com um álcool, formando um hemiacetal;
da mesma forma, uma cetona pode reagir com um álcool e formar um hemicetal.

A ciclização ocorre quando uma hidroxila se liga ao carbono do grupo cetona ou


aldeído, formando um hemiacetal ou hemicetal. Na estrutura resultante, o carbono
torna-se assimétrico (anomérico – 4 ligantes diferentes).
Duas moléculas de um álcool podem ser adicionadas ao carbono do carbonil; o produto
da primeira adição é um hemiacetal (quando adicionado a uma aldose) ou um hemicetal
(quando adicionado a uma cetose). Se os grupos -OH e carbonil vierem da mesma
molécula, o resultado será um anel com cinco ou seis membros.
A adição de uma segunda molécula de álcool produz o acetal ou cetal completo, e a
ligação formada é uma ligação glicosídica. Quando as duas moléculas reagentes forem
monossacarídeos, o acetal ou cetal formado será um dissacarídeo.
A reação com a primeira molécula de álcool cria um centro quiral adicional (o carbono
do carbonil) produzindo os anômeros.
As formas isoméricas de monossacarídeos que diferem apenas na configuração do
átomo de carbono hemiacetal ou hemicetal são chamadas de anômeros, e o átomo de
carbono da carbonila é chamado de carbono anomérico.
Os compostos com anéis de seis membros são chamados de piranoses, pois se
assemelham ao composto em anel de seis membros pirano. Nas ceto-hexoses cíclicas
com formas anoméricas alfa e beta, o grupo da hidroxila em C-5 (ou C-6) reage com o
grupo da cetona em C-2, formando um anel pentagonal denominado furanose (por
causa da semelhança com o furano), contendo uma ligação hemicetal.
Como o álcool pode ser adicionado de duas maneiras diferentes, atacando a “frente” ou
as “costas” do carbono do carbonil, a reação pode produzir qualquer uma de duas
configurações estereoisoméricas, denominadas alfa e beta.
A D-glicose ocorre em solução na forma de hemiacetal intramolecular no qual o grupo
hidroxila livre do C-5 reagiu com o C-1 do aldeído, gerando o carbono assimétrico e
produzindo dois possíveis estereoisômeros, designados alfa e beta.
Perspectiva de Haworth: representações das estruturas cíclicas na qual os átomos de
carbono não são exibidos. Se um grupo hidroxila estiver à direita na projeção de Fisher,
ele é colocado apontando para baixo na perspectiva de Haworth; se ele estiver à
esquerda na projeção de Fisher, é colocado apontando para cima na perspectiva de
Haworth.
O grupo -CH2OH terminal projeta-se para cima no enantiômero D-, e para baixo no
enantiômero L-. A hidroxila no carbono anomérico pode apontar para cima ou para
baixo. Na designação de Haworth, quando a hidroxila anomérica de uma D-hexose
estiver no mesmo lado do anel que o C-6, a estrutura é, por definição, beta; quando
estiver do lado oposto do C-6, a estrutura é alfa.

O átomo de carbono C-1 é denominado átomo de carbono anomérico, e as formas α e β


são denominadas anômeros.

Alfa à OH- para


baixo
Beta à OH- para
cima

 Agentes redutores
As aldoses e cetoses exibem propriedades típicas de aldeídos e cetonas, como a
capacidade de reduzir agentes oxidantes fracos: são chamados açúcares redutores.
Os monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes relativamente suaves,
como o íon cúprico (Cu2+) que forma íon cuproso (Cu+).
Capacidade de reduzir agentes e ser oxidado.
!!! Para relembrar química:
Reduzir = ganhar elétrons à agente oxidante (quem reduz)
Oxidar = perder elétrons à agente redutor (quem oxida)

Como os isômeros α e β da glicose encontram-se em um equilíbrio que passa pela forma


de cadeia aberta, a glicose apresenta algumas das propriedades químicas dos aldeídos
livres, como a capacidade de reagir com agentes oxidantes.

OBS: hemoglobina glicada


Por ser um açúcar redutor, a glicose pode reagir com a hemoglobina, formando a
hemoglobina glicosilada. O monitoramento das variações na quantidade de
hemoglobina glicosilada constitui um método particularmente útil de avaliar a
eficiência do tratamento do diabetes melito, uma condição caracterizada por altos
níveis de glicemia. Como a hemoglobina glicosilada permanece na circulação, a
quantidade de hemoglobina modificada corresponde à regulação a longo prazo – em
um período de vários meses – dos níveis de glicose. No indivíduo não diabético, ocorre
glicosilação de menos de 6% da hemoglobina, ao passo que, em pacientes com diabetes
não controlada, quase 10% da hemoglobina está glicosilada.
Utiliza-se o teste da hemoglobina glicada para verificar se a pessoa possui a diabetes
mellitus, pois indica que o nível de glicose está elevado há +/- 3 meses.
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2) OLIGOSSACARÍDEOS
Os oligossacarídeos consistem em cadeias curtas de unidades de monossacarídeos, ou
resíduos, unidas por ligações características chamadas de ligações glicosídicas. 2 a 10
moléculas.
Em células, a maioria dos oligossacarídeos constituídos por três ou mais unidades não
ocorre como moléculas livres, mas sim ligada a moléculas que não são açúcares
(lipídeos ou proteínas), formando glicoconjugados.

 DISSACARÍDEOS (oses)
Contém duas unidades de monossacarídeos. (os dissacarídeos fazem parte dos
oligossacarídeos)
Ex: sacarose, lactose, maltose

Consistem em dois monossacarídeos unidos covalentemente por uma ligação O-


glicosídica, a qual é formada quando um grupo hidroxila de uma molécula de açúcar,
normalmente cíclica, reage com o carbono anomérico de outro.F
As propriedades bioquímicas dos monossacarídeos podem ser modificadas pela sua
reação com outras moléculas. Essas modificações aumentam a versatilidade bioquímica
dos carboidratos, possibilitando a sua atuação como moléculas de sinalização ou
tornando-os mais suscetíveis à combustão. Três reagentes comuns são álcoois, aminas e
fosfato. A ligação formada entre o átomo de carbono anomérico da glicose e o átomo de
oxigênio de um álcool é denominada ligação glicosídica – especificamente uma ligação
O-glicosídica.
Essa reação representa a formação de um acetal a partir de um hemiacetal (como a
glicopiranose) e um álcool (um grupo hidroxila da segunda molécula de açúcar), e o
composto resultante é chamado de glicosídeo.
Ligações glicosídicas são prontamente hidrolisadas por ácido, mas resistem à clivagem
por base. Assim, os dissacarídeos podem ser hidrolisados para originar seus
componentes monossacarídicos livres por fervura em ácido diluído.
Ligações N-glicosídicas unem o carbono anomérico de um açúcar a um átomo de
nitrogênio em glicoproteínas e nucleotídeos.
Como o carbono do carbonil pode ser oxidado somente quando o açúcar estiver em sua
forma linear, a formação de uma ligação glicosídica gera um açúcar não redutor. Na
descrição de dissacarídeos ou polissacarídeos, a extremidade de uma cadeia com um
carbono anomérico livre (não envolvido em ligação glicosídica) normalmente é
chamada de extremidade redutora.
Como o dissacarídeo conserva um carbono anomérico livre, a maltose é um açúcar
redutor. O resíduo de glicose com o carbono anomérico livre pode existir nas formas
piranose alfa ou beta.
O carbono anomérico do resíduo de glicose está disponível para oxidação e, portanto, a
lactose é um dissacarídeo redutor.
Ao contrário de maltose e lactose, a sacarose não contém um átomo de carbono
anomérico livre; os carbonos anoméricos de ambas as unidades monossacarídicas estão
envolvidos na ligação glicosídica. A sacarose é, assim, um açúcar não redutor, e sua
estabilidade frente à oxidação a torna uma molécula adequada para o armazenamento e
o transporte de energia em plantas.

Os produtos de clivagem da sacarose, da lactose e da maltose podem ser ainda


processados para fornecer energia na forma de ATP.
Os dissacarídeos precisam ser clivados pelas enzimas de degradação nas vilosidades
intestinais para serem absorvidos.

OBS: intolerância à lactose


Quando a pessoa não possui o bom funcionamento da enzima LACTASE, ela não
consegue clivar a lactose em monossacarídeos para serem digeridos. Nesse cenário, as
bactérias presentes no intestino aproveitam para metabolizar a molécula de lactose,
gerando os problemas intestinais característicos.

3) POLISSACARÍDEOS (glicanos)
Os polissacarídeos são polímeros de açúcar que contêm mais de 20 unidades de
monossacarídeo; alguns têm centenas ou milhares de unidades.
Ex: celulose, amido, glicogênio
A maioria dos carboidratos encontrados na natureza ocorre como polissacarídeos,
polímeros de média a alta massa molecular. Diferem-se uns dos outros na identidade das
unidades de monossacarídeos repetidas, no comprimento das cadeias, nos tipos de
ligações unindo as unidades e no grau de ramificação.
Ao contrário das proteínas, os polissacarídeos geralmente não têm massas moleculares
definidas. Para a síntese de polissacarídeos, não existe molde; em vez disso, o programa
de síntese de polissacarídeos é intrínseco às enzimas que catalisam a polimerização das
unidades monoméricas, e não há um ponto de parada específico no processo sintético;
os produtos, portanto, variam em comprimento.

HOMOPOLISSACARÍDEOS: Contêm somente uma única espécie monomérica.


Amido e glicogênio à servem como formas de armazenamento para monossacarídeos
utilizados como combustíveis
As moléculas de amido e glicogênio são extremamente hidratadas, pois têm muitos
grupos hidroxila expostos e disponíveis para formarem ligações de hidrogênio com a
água.
A amilopectina, a amilose e o glicogênio são rapidamente hidrolisados pela α-amilase,
uma enzima secretada pelas glândulas salivares e pelo pâncreas.
Celulose e quitina à atuam como elementos estruturais em paredes celulares de plantas
e em exoesqueletos de animais

HETEROPOLISSACARÍDEOS: Contêm dois ou mais tipos diferentes de


monômeros.
Fornecem suporte extracelular para organismos de todos os reinos.

 Amido
Reservatório nutricional das plantas, contém dois tipos de polímero de glicose, amilose
e amilopectina.
A amilose consiste em cadeias longas, não ramificadas, de resíduos de D-glicose
conectados por ligações (α-1,4) (como na maltose).
A amilopectina é altamente ramificada. As ligações glicosídicas que unem os resíduos
de glicose sucessivos nas cadeias de amilopectina são (α-1,4); nos pontos de
ramificação (que ocorrem a cada 24 a 30 resíduos) são ligações (α-1,6).
Uma ligação α-1,6 para cada 30 ligações α-1,4.
α-1,4: cadeia linear
α-1,6: cadeia ramificada
 Glicogênio
É o principal polissacarídeo de armazenamento das células animais. Como a
amilopectina, o glicogênio é um polímero de subunidades de glicose ligadas por
ligações (α-1,4), com ligações (α-1,6) nas ramificações; o glicogênio, porém, é mais
ramificado (em média a cada 8 a 12 resíduos) e mais compacto do que o amido.
O glicogênio é encontrado na maioria dos nossos tecidos, porém é mais comum no
músculo e no fígado. O glicogênio é especialmente abundante no fígado.
Como cada ramificação do glicogênio termina com uma unidade de açúcar não
redutora, uma molécula de glicogênio com n ramificações tem n + 1 extremidades não
redutoras, mas apenas uma extremidade redutora.
Quando o glicogênio é utilizado como fonte de energia, as unidades de glicose são
removidas uma de cada vez a partir da extremidade não redutora.

OBS: por que não armazenar a glicose em sua forma monomérica?


A glicose constitui uma importante fonte de energia em praticamente todas as formas
de vida. Entretanto, as moléculas de glicose livre não podem ser armazenadas, visto
que, se estiver presente em altas concentrações, a glicose perturbará o equilíbrio
osmótico da célula, com a consequência potencial de morte celular. A solução é
armazenar a glicose como unidades em um grande polímero, que não é osmoticamente
ativo.
O glicogênio é insolúvel e contribui um pouco para a osmolaridade do citosol.
[glicog] no hepatócito = 0,4 M de glicose. Se o citosol contivesse 0,4 M de glicose, a
osmolaridade seria perigosamente elevada, causando uma entrada osmótica de água
que poderia romper a célula. Além disso, com a concentração de glicose interna igual a
0,4 M e a concentração externa igual a 5 mM (a concentração no sangue de um
mamífero), a variação de energia livre /para o transporte de glicose para dentro das
células contra este gradiente de concentração tão alto seria proibitivamente grande.

 Celulose
Substância fibrosa, resistente e insolúvel em água. É encontrada na parede celular de
plantas, particularmente em caules, troncos e todas as porções amadeiradas do corpo da
planta. Função mais estrutural do que nutricional.
Como a amilose, a celulose é um homopolissacarídeo linear e não ramificado,
constituído por 10.000 a 15.000 unidades de D-glicose. Entretanto, existe uma
importante diferença: na celulose, os resíduos de D-glicose têm a configuração beta,
enquanto na amilose a glicose está em configuração alfa.
Os resíduos de glicose na celulose estão ligados por ligações glicosídicas (β-1,4), ao
contrário das ligações (α-1,4) da amilose.
Devido à essa diferença, as moléculas individuais de celulose e amilose dobram-se
espacialmente de maneiras diferentes, dando a essas moléculas estruturas macroscópicas
e propriedades físicas muito diferentes. A configuração β faz com que a celulose possa
formar cadeias retilíneas muito longas. A natureza rígida e fibrosa da celulose a torna
útil para produtos comerciais como papelão e material para isolamento, e ela é um dos
principais componentes dos tecidos de algodão e linho.
As fibras insolúveis, como a celulose, aumentam a velocidade pela qual os produtos da
digestão passam pelo intestino grosso. Esse aumento de velocidade pode minimizar a
disposição às toxinas presentes na alimentação.

OBS: por que não conseguimos digerir celulose?


O glicogênio e o amido ingeridos na dieta são hidrolisados por α -amilases e
glicosidases, enzimas presentes na saliva e no intestino que rompem ligações
glicosídicas (α-1,4) entre as unidades de glicose. A maioria dos animais vertebrados
não consegue utilizar a celulose como uma fonte combustível, pois eles carecem de uma
enzima que hidrolise ligações (β-1,4).
Corpo humano não possui uma enzima que cliva a celulose e permite que ela seja
digerida.

 Quitina
É um homopolissacarídeo linear composto por resíduos de N-acetilglicosamina em
ligações (β-1,4). A única diferença química em comparação com a celulose é a
substituição de um grupo de hidroxila em C-2 por um grupo de amina acetilado. A
quitina forma fibras longas similares às fibras da celulose e, como a celulose, não pode
ser digerida por vertebrados. A quitina é o principal componente dos exoesqueletos
duros de aproximadamente 1 milhão de espécies de artrópodes.

FIBRAS SOLÚVEIS: produzem efeitos na porção superior do tubo digestivo,


retardando o esvaziamento gástrico e a assimilação de nutrientes e aumentando o tempo
de trânsito intestinal.
As fibras solúveis formam uma matriz-gel no tubo digestivo capaz de adsorver ácidos
biliares e colesterol arrastando-os para as fezes. A matriz-gel também adsorve açúcares
e os arrasta para as fezes.
Fibras solúveis podem reduzir a glicemia pós-prandial por retardarem o esvaziamento
gástrico ou por aumentarem a viscosidade do bolo alimentar presente no intestino
delgado, impedindo o acesso das enzimas do trato gastrointestinal aos nutrientes.
FIBRAS INSOLÚVEIS: agem sobretudo no intestino grosso, promovendo aumento do
volume fecal e produzindo fezes mais macias (prevenção de constipação intestinal,
diverticulose, hérnia de hiato, varicoses, hemorroidas)
As fibras insolúveis retêm muita água e conferem “volume” aos resíduos alimentares no
intestino → Aumenta o trânsito intestinal e a frequência da defecação.
Fibras insolúveis como a celulose reduzem a colesterolemia plasmática por aumentarem
o trânsito intestinal, diminuindo a absorção de gorduras.
As fibras insolúveis aumentam o peristaltismo, deixando a glicose menos tempo
disponível para absorção por parte do intestino delgado.

 Estabilização
Subunidades com estrutura relativamente rígida ditada por ligações covalentes formam
estruturas macromoleculares tridimensionais estabilizadas por interações fracas dentro
da própria molécula ou intermoleculares, tais como ligações de hidrogênio, interações
hidrofóbicas, interações de van der Waals e, para polímeros com subunidades
carregadas, interações eletrostáticas.
A estrutura tridimensional mais estável para as cadeias ligadas por ligações do amido e
do glicogênio é uma hélice firmemente enrolada, estabilizada por ligações de hidrogênio
entre as cadeias.

Matriz Extracelular (MEC) à mantém as células unidas e provê um meio poroso para
a difusão de nutrientes e oxigênio para cada célula. É composta por uma rede
entrelaçada de polissacarídeos e proteínas fibrosas. A membrana basal é uma MEC
especializada constituída por colágenos especializados, lamininas e
heteropolissacarídeos.

GLICOSAMINOGLICANOS
São heteropolissacarídeos, polímeros lineares compostos por unidades de dissacarídeo
repetidas. Os glicosaminoglicanos são exclusivos de animais e bactérias, não sendo
encontrados em plantas. Um dos dois monossacarídeos é obrigatoriamente N-
acetilglicosamina ou N-acetilgalactosamina; o outro, na maioria dos casos, é um ácido
urônico, geralmente ácido D- -glicurônico ou ácido L-idurônico. Alguns
glicosaminoglicanos contêm grupos sulfato esterificados.
Glicosaminoglicanos = N-acetilglicosamina ou N-acetilgalactosamina + ácido urônico
Os glicosaminoglicanos sulfatados são ligados a proteínas extracelulares para formarem
proteoglicanos

HEPARINA
Os segmentos sulfatados da cadeia permitem a interação com um grande número de
proteínas, incluindo fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular, assim
como várias enzimas e fatores presentes no plasma. A heparina é um agente terapêutico
utilizado para inibir a coagulação sanguínea por sua capacidade de se ligar à
antitrombina, um inibidor de proteases. A ligação da heparina leva a antitrombina a se
ligar e inibir a trombina, protease essencial para a coagulação do sangue. Essa interação
é fortemente eletrostática; a heparina tem a maior densidade de cargas negativas que a
de qualquer macromolécula biológica conhecida.

GLICOCONJUGADOS
É um polissacarídeo ligado covalentemente a uma proteína ou lipídeo que carrega
diversas informações.
Além dos importantes papéis como armazenadores de combustível e como material
estrutural, os polissacarídeos e oligossacarídeos são transportadores de informação.
Alguns fornecem comunicação entre as células e a matriz extracelular circundante;
outros sinalizam proteínas para o transporte e a localização em organelas específicas, ou
para degradação, quando a proteína é malformada ou supérflua; e outros atuam como
pontos de reconhecimento para moléculas de sinalização extracelulares (fatores de
crescimento, por exemplo) ou parasitas extracelulares.
Nas células eucarióticas, cadeias de oligossacarídeos específicos ligadas a componentes
da membrana plasmática formam uma camada de carboidratos (o glicocálice), que serve
como uma superfície rica em informações que a célula expõe para o meio exterior.
Esses oligossacarídeos são componentes centrais para reconhecimento e adesão entre
células, migração celular durante o desenvolvimento, coagulação sanguínea, resposta
imune, cicatrização de ferimentos e outros processos celulares. Na maioria desses casos,
o carboidrato que carrega a informação está covalentemente ligado a uma proteína ou
lipídeo, formando um glicoconjugado, molécula biologicamente ativa.
Proteoglicanos = 1 ou + cadeias de glicosaminoglicanos covalentemente unidas a uma
proteína central
Os proteoglicanos são macromoléculas da superfície celular ou da matriz extracelular
nas quais uma ou mais cadeias de glicosaminoglicanos sulfatados estão covalentemente
unidas a uma proteína de membrana ou a uma proteína secretada.
As glicoproteínas têm um ou alguns oligossacarídeos de complexidades variadas,
unidos covalentemente a uma proteína. Costumam ser encontradas na superfície externa
da membrana plasmática (como parte do glicocálice), na matriz extracelular e no
sangue.
As porções oligossacarídicas das glicoproteínas são muito heterogêneas e, assim como
os glicosaminoglicanos, são ricas em informação, formando locais extremamente
específicos para o reconhecimento e a ligação de alta afinidade por proteínas ligantes de
carboidratos, chamadas de lectinas.
Glicoproteínas são conjugados carboidrato-proteína nos quais os glicanos são menores,
ramificados e mais estruturalmente diversos do que os gigantescos glicosaminoglicanos
dos proteoglicanos. O carboidrato é ligado por meio de seu carbono anomérico por uma
ligação glicosídica com o –OH de um resíduo de Ser ou Thr (O-ligado) ou por uma
ligação N-glicosil com o nitrogênio da amida de um resíduo de Asn (N-ligado)
A glicosilação aumenta a estabilidade da proteína no sangue. Atua por mais tempo,
aumenta a hemoglobina e a capacidade de transportar O2.
Os glicoesfingolipídeos são componentes da membrana plasmática nos quais o grupo
hidrofílico da cabeça é um oligossacarídeo. O cérebro e os neurônios são ricos em
glicoesfingolipídeos, os quais auxiliam na condução nervosa e na formação da mielina.
Os gangliosídeos são lipídeos de membrana das células eucarióticas nos quais o grupo
polar, a parte do lipídeo que forma a superfície externa da membrana, é um
oligossacarídeo complexo contendo ácido siálico e outros resíduos de monossacarídeos.
Lipopolissacarídeos são as moléculas dominantes da superfície da membrana externa
de bactérias gram-negativas. Essas moléculas são o alvo primordial dos anticorpos
produzidos pelo sistema imune dos vertebrados em resposta a uma infecção bacteriana
e, por essa razão, são importantes na determinação dos sorotipos das linhagens
bacterianas.
Lipopolissacarídeo = lipídeo + polissacarídeo ligados covalentemente

LECTINAS
Lectinas são proteínas que leem o código dos açúcares e controlam muitos processos
biológicos
As lectinas, encontradas em todos os organismos, são proteínas que ligam carboidratos
com alta especificidade e com moderada a alta afinidade. Participam de vários
processos de reconhecimento celular, sinalização e adesão e na destinação intracelular
de proteínas recentemente sintetizadas. As lectinas de plantas, abundantes em sementes,
provavelmente atuam como restringentes para insetos e outros predadores.
Lectinas da superfície celular são importantes no desenvolvimento de algumas doenças
humanas – tanto as lectinas humanas quanto aquelas dos agentes infecciosos. As
selectinas compõem uma família de lectinas da membrana plasmática que controlam o
reconhecimento e a adesão célula-célula em diversos processos celulares. Um desses
processos é o movimento das células do sistema imune (leucócitos) através da parede
dos capilares, do sangue para os tecidos, em sítios de infecção ou inflamação.
Em um sítio de infecção, a selectina-P da superfície das células endoteliais dos capilares
interage com um oligossacarídeo específico das glicoproteínas da superfície dos
leucócitos circulantes. Essa interação desacelera os leucócitos, que rolam sobre o
revestimento endotelial dos capilares. Uma segunda interação, entre moléculas de
integrina da membrana plasmática dos leucócitos e uma proteína de adesão da superfície
das células endoteliais, detém o leucócito e permite que ele atravesse a parede do
capilar, entrando nos tecidos infectados para iniciar o ataque imune.
BIBLIOGRAFIA
BERG, Jeremy Mark; TYMOFCZKO, John L.; STRYER, Lubert. Bioquímica. 7. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
LEHNINGER, Albert L.; NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de
bioquímica de Lehninger. 7. ed. São Paulo: Sarvier, 2018.
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