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14/01/2022 Urologia Carolina Rossi

Disfunção Erétil NEUROTRANSMISSORES ENVOLVIDOS


PROMOVEM CONTRAÇÃO DOS SINUSOIDES
PROF. POMPEU
(FLACIDEZ)
• Noradrenalina
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO: é a constante incapacidade do homem PROMOVEM RELAXAMENTO DOS SINUSOI-
de obter e manter a ereção peniana com rigidez e DES (EREÇÃO)
tempo suficientes para uma relação sexual satisfa- • Óxido nítrico
tória. Não deve ser referida como “impotência”. • Acetilcolina
Não existe um tempo estipulado – é relacionada à • Prostanoides
qualidade da relação. • Polipeptídeos vasoativos (VIP)
Pode ser orgânica (vascular, neurológica, hormonal
ou cavernosa), psicogênica ou mista.
ANATOMIA DO PÊNIS
Do mais superficial para o mais profundo, temos:
CLASSIFICAÇÃO • Pele
QUANTO À GRAVIDADE • Fáscia superficial (subcutânea) ou túnica Dartos
o Contínua com a do escroto, do períneo (fáscia
• LEVE: ereção normal, com perda após o ato de Colles) e do abdome (fáscia de Scarpa)
• MODERADA: ereção normal, com perda após a
• Fáscia profunda (de Buck)
penetração
• GRAVE: sequer atinge a ereção o Envolve os três corpos eréteis (corpos caver-
nosos + corpo esponjoso)
• Túnica albugínea
SEGUNDO A IIEF-5
o Envolve apenas os corpos cavernosos
Pergunta-se, em relação aos últimos 6 meses: o Emite um septo mediano, o septo intercaver-
1. Como classifica a sua confiança em conseguir noso (ainda permite comunicação entre os
ter e manter uma ereção? dois corpos e sua vasculatura)
2. Quando teve ereções com estimulação sexual,
com que frequência as ereções foram suficien-
temente rígidas para conseguir penetração?
3. Durante as relações sexuais, com que frequên-
cia foi capaz de manter a sua ereção após a
penetração?
4. Durante as relações sexuais, qual foi a dificul-
dade que teve em manter a sua ereção até o
fim da relação sexual?
5. Quando tentou ter relações sexuais, com que Dentro os corpos cavernosos há sinusoides, estrutu-
frequência se sentiu satisfeito? ras musculares que, quando contraem, promovem a
As respostas variam de “nunca/quase nunca” a saída do sangue; quando relaxam, retêm sangue
“quase sempre”, e cada uma vale uma pontuação. para o pênis: é o relaxamento dos sinusoides
quem promove a ereção.

FISIOLOGIA DA EREÇÃO VASCULARIZAÇÃO


É um evento hemodinâmico controlado pelo SNC e Há 2 artérias, bilateralmente, que irrigam o pênis:
SNP, regulado pelo relaxamento das aa. caverno- • A. dorsal do pênis (D/E)
sas e do m. liso cavernoso, com participação hor- • A. cavernosa (D/E)
monal, permitindo a tumescência peniana.
As aa. esponjosas têm origem e função diferente
A motivação na ínsula e no lobo frontal causam libe- das aa. dorsal e cavernosa – por isso, no tratamento
ração de NO, que ativa a guanilato ciclase, causando do priapismo refratário, pode-se em fazer uma deri-
aumento de GMPc, que causa o relaxamento. A tu- vação caverno-esponjosa (desvio da circulação ca-
mescência causa distensão dos espaços lacunares vernosa para o corpo esponjoso - desuso).
e rigidez da túnica albugínea, que impede o re-
OBS.: A sorte é que há, no total, 4 artérias que su-
torno venoso (mecanismo venoclusivo, compressão
prem os corpos cavernosos, e há comunicação entre
do plexo subalbugineal). A fosfodiesterase-5 (PDE-
eles: no caso de obstrução de uma delas, as outras
5) é quem degrada o GMPc, promovendo o retorno
conseguem suprir.
à flacidez.
FATORES DE RISCO DIAGNÓSTICO
• Diabetes – é a primeira doença que a gente ima- ANAMNESE
gina que o homem tenha quando ele chega com
queixa de disfunção erétil • Hábito sexual – às vezes o diagnóstico não é real-
• Doença aterosclerótica – da mesma forma que mente disfunção erétil
causa IAM, causa DE – e relacionados: • Qualidade das ereções
• Ejaculação
o HAS
o Alcoolismo e tabagismo o Uma das causas mais frequentes de DE em pa-
o Dislipidemia (impede o relaxamento trabecu- cientes jovens é a ejaculação precoce → an-
lar peniano) siedade (tratamento: antidepressivo)
o Obesidade e sedentarismo • Dor – ex.: fimose
o AVC • Libido – testosterona: pacientes masculinos com
• Outras doenças: DE + redução da libido é importante pedir dosa-
o Insuficiência renal crônica gem de testosterona
o Insuficiência hepática (estrogênio?) • Ereções noturnas
o Esclerose múltipla o Efeito visceroceptivo: a bexiga cheia pode
o Doença de Alzheimer provocar ereção; quando se urina, a ereção
o DPOC baixa
o Depressão o É fisiológico nas fases profundas do sono;
o Úlcera péptica não ocorrem no sono superficial (não chega à
o Artrite fase REM)
• Cirurgias radicais ▪ As ereções servem para melhorar a oxige-
o Prostatectomia e citoprostatectomia nação do corpo cavernoso, conferindo-lhe
o Colectomia saúde e propiciando ereções saudáveis na
o Cirurgias vasgulares retroperitoneais vigília; quando não ocorrem (ex.: apneia
o Cirurgias pélvicas com esvaziamento ganglio- do sono), a vascularização do corpo ca-
nar ou interferência no nervo cavernoso vernoso pode ficar comprometida
• Trauma/cirurgia
• Trauma raquimedular, pélvico ou perineal – ex.:
fratura de quadril • Doenças associadas
• Radioterapia pélvica o Doença psiquiátrica – todo paciente com DE
o Os melhores tratamentos para câncer de prós- fica abalado (pode ser causa ou consequên-
tata são cirurgia e radioterapia, e ambos po- cia), então é sempre importante o acompanha-
dem provocar disfunção erétil: a opção por ra- mento psicológico
dioterapia pode ser por outro motivo, mas • Disfunção vesical
não para evitar a DE (mesmo risco; a cirurgia • Medicamentos
tem até menos risco de disfunção em jovens)
• Medicamentos – risco de 25% EXAME FÍSICO
o Anti-hipertensivos
• Aspecto do paciente – distribuição de pelos, ara-
▪ Metildopa, clonidina e guanetidina nhas vasculares, ginecomastia etc.
▪ Propranolol • Pressão arterial (hipertensão)
▪ Clortalidona e espironolactona • Tireoide – tanto hipo quanto hipertireoidismo
o ISRS • Tórax/abdome – distribuição de pelos, aranhas
o Vasodilatadores (hidralazina) vasculares, ginecomastia etc.
o Hipoglicemiantes • Genitália
o Fármacos cardiovasculares
o Hipospádia (orifício ventral) → vergonha
o Antidepressivos
o Fimose
o Antagonistas H2 (cimetidina)
o Freio redundante (dor)
o Hormônios
o AINEs • Pulsos periféricos – aneurisma, obstrução de aa.
o Sedativos ilíacas
• Exame neurológico básico – reflexo cavernoso
• Drogas
(levantar o pênis sem encostar); se o paciente
o Maconha consegue, o risco de haver lesão neurológica é
o Cocaína menor
• Idade • Toque retal – avaliar tonicidade do esfíncter
o A DE não é consequência inexorável do en- anal (se houver problema neurológico, o esfíncter
velhecimento: o homem idoso e hígido pode é hipotônico)
ter a mesma proporção de musculatura caver-
nosa do que o jovem
EXAMES LABORATORIAIS • CAVERNOSOGRAFIA – exame radiográfico de
contraste que procura fuga venosa (defeito da
ROTINA venoclusão, sem capacidade de manter ereção)
• Hemograma – só porque é sempre bom pedir o Se extravasar contraste, o tratamento seria
mesmo; não tem relação com a DE oclusão das veias (as demais veias, ainda fun-
• Glicemia cionantes, dariam conta do retorno venoso)
• Creatinina (pode-se acrescentar ureia) ▪ Não teve o resultado esperado, possivel-
• Lipidograma mente porque a fisiopatologia da DE,
• T4L/TSH mesmo com a fuga venosa, não era essa
o Não é mais feito de rotina, também porque o
PACIENTE IDOSO OU COM QUEIXA DE contraste é irritativo e pode causar fibrose
BAIXA LIBIDO OBS.: A única veia que não pode sofrer ligadura ci-
• Testosterona rúrgica é VCI acima das vv. renais.
o Se baixa, solicitar LH e FSH, para saber se o
defeito é central ou periférico TRATAMENTO
• Prolactina
• Eliminação dos fatores de risco
o Mudança de estilo de vida
OUTROS EXAMES o Controle de doenças crônicas
A maioria está em desuso. • Aconselhamento/psicoterapia – autoestima, rela-
• TESTE DA FÁRMACO-EREÇÃO ção com parceira, opção sexual, ejaculação pre-
o Injeção intracavernosa de drogas vasoativas coce
(PGE1, papaverina e fentolamina), associada a • Tratamento medicamentoso
estímulos • Tratamento cirúrgico
▪ PGE1: alto custo, mas alta eficácia, porém
provoca dor TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
▪ Papaverina: pode causar priapismo e fi-
brose se usada diversas vezes VIA ORAL
▪ Fentolamina: pouco efeito terapêutico Tratamentos em desuso
(usada em maior quantidade) • Ioimbina (α-bloqueador)
o Permite identificar fatores orgânicos (não psi- • Fentolamina
cogênicos) e permite titular a dose necessá- • Trazodona (antidepressivo)
ria para a terapia intracavernosa
o Tratamento de 4 a 6 semanas
o Falso-negativo: em ansiedade, insuficiência
o Ainda utilizado em alguns casos, como paci-
arterial e dose baixa entes jovens
o Reação adversa: ereção prolongada o EFEITOS ADVERSOS: priapismo
• USG COM DOPPLER DE AA. CAVERNOSAS • Apomorfina
o Ereção induzida por PGE1ou Trimix o Tem efeito terapêutico pequeno, sendo
o Velocidade do pico sistólico < 30cm/s in- usado em pacientes mais jovens (placebo?)
dica insuficiência arterial o EFEITOS ADVERSOS: náuseas (desuso)
o Falso-negativo: ansiedade e dose baixa
• TUMESCÊNCIA PENIANA NOTURNA (polissono-
grafia) Inibidores da fosfodiesterase-5 (IPDE-5)
o Quando normal, revela que o mecanismo fisi- Principal medicação do tratamento da DE.
ológico da ereção está normal → a DE prova- Uso diário ou sob demanda (1h antes da relação).
velmente é psicogênica • Sildenafil (Viagra) → maior efeito terapêutico,
o Desuso: não há sentido em submeter o paci- mas mais efeitos adversos
ente ao exame, basta receitar Viagra e pronto • Vardenafila (Levitra)
• ARTERIOGRAFIA • Tadanafila (Cialis) → ereção de até 36h
o Procura de obstrução da a. cavernosa para • Lodenafila (Helleva)
fazer cirurgia de revascularização (derivação) EFEITOS ADVERSOS (leves): cefaleia, rubor, epigas-
o Não se faz mais de rotina: somente em trauma tralgia e congestão nasal.
de pênis ou priapismo de alto fluxo (pacien- CONTRAINDICAÇÕES:
tes candidatos a cirurgia vascular) • IAM, AVC ou arritmia graves nos últimos 6 meses
• CAVERNOMETRIA – como se fosse uma aferição • Hipotensão de repouso ou hipertensão grave
de pressão venosa central • Angina instável ou ICC NYHA IV
o Não é mais feito pois não altera conduta • Uso de nitratos (contraindicação absoluta)
Reposição hormonal alprostadil na uretra, sendo absorvida pela mucosa
Somente em caso de baixos níveis de testosterona e relaxando o m. liso.
(“andropausa”). ÚTIL EM PACIENTES QUE PREFEREM TRATA-
PRECAUÇÕES – PIORAM COM TESTOSTERONA: MENTO MENOS INVASIVO, PORÉM MENOS
EFICAZ EM RELAÇÃO À INJEÇÃO
• Câncer de próstata – não é que a testosterona in-
EFEITOS ADVERSOS: ardor uretral.
duza o câncer, mas ela piora um câncer preexis-
tente, tanto que drogas que reduzam testosterona CONTRAINDICAÇÕES: parceira gestante (pode
são tratamento para o câncer de próstata (ex.: or- provocar TP).
quiectomia)
• Hiperplasia prostática benigna DISPOSITIVOS DE CONSTRIÇÃO À VÁCUO
• Policitemia Insere-se o pênis em uma pequena câmara de vácuo
• Hiperlipidemia que causa a ereção, mantida por um anel de borra-
Não deve ser usada sem critério: feedback negativo! cha na base do pênis, que impede o retorno venoso.
Você suplementa uma testosterona de má qualidade Requer muita destreza, sendo uma opção em paci-
para substituir a sua (que na realidade está boa), e entes bem orientados que não toleram a terapia in-
vai acabar induzindo disfunção erétil no futuro. tracavernosa ou com relações infrequentes.
EFEITOS ADVERSOS: risco de estrangulamento ou
TERAPIA INTRACAVERNOSA dificuldade de retirada.
Consiste na injeção intracavernosa de Trimix (PGE1, CONTRAINDICAÇÕES: distúrbios hemorrágicos ou
fentolamina, papaverina e clorpromazina – isola- pacientes em anticoagulação.
das ou em associação). O sucesso varia de 65 a 85%.
Calcula-se a dose suficiente para fornecer 2h de TRATAMENTO CIRÚRGICO
ereção, não mais do que isso. A solução deve ser ar-
mazenada na geladeira; há ainda a versão em pó, Lembrar sempre dos cuidados pré-operatórios, já
que deve ser diluída. que geralmente os pacientes têm comorbidades.
INDICAÇÕES: psicogênicos e respondedores. COMPLICAÇÕES INTRAOPERATÓRIAS: perfuração
EFEITOS ADVERSOS: fibrose dos corpos caverno- de uretra, túnica albugínea ou corpo cavernoso, erro
sos (com consequente Peyronie), priapismo, dor e de medição.
hematoma. COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS: infecção, re-
jeição, insatisfação, alteração de sensibilidade (inclu-
sive dor), falha mecânica, fratura da prótese.
Doença de Peyronie
É caracterizada pelo desen-
volvimento do tecido cica- IMPLANTAÇÃO DE PRÓTESE PENIANA
tricial fibroso que diminui a Prótese semirrígida
elasticidade da túnica al- Consiste em dois cilindros de silicone que envolvem
bugínea, possivelmente de- filamentos de prata ou inox, conferindo rigidez per-
vido a traumas, impedindo a manente, mas com maleabilidade.
ereção completa e causando
curvatura para o lado da
placa. O resultado são ereções curvas e dolorosas. Prótese inflável
Só é tratada após 1 ano de observação, pois pode Consiste em dois cilindros infláveis conectados a um
desaparecer espontaneamente ou piorar (se operar reservatório de líquido e uma bomba. Quando não
antes de 1 ano, há muitas recidivas); durante esse acionada, permite a flacidez natural do pênis.
tempo, administra-se vitamina E.
CIRURGIA PENIANA – DOENÇA DE PEYRONIE
Priapismo – tratamento Em desuso, embora útil na doença de Peyronie.
Não pode demorar mais do que 4h, quando inicia
a hipóxia e consequente fibrose do tecido erétil (ex- REVASCULARIZAÇÃO PENIANA
ceto priapismo de alto fluxo, que não causa sequer
Bons resultados, mas em estudo não replicável. Tem
dor, porque o sangue que chega é oxigenado).
papel limitado.
Consiste na lavagem com soro fisiológico (injeção
e aspiração). Antes da chegada ao serviço de saúde,
devem ser aplicadas compressas frias.

TERAPIA INTRAURETRAL
Está em desuso, sendo efetiva em apenas 35%.
Consiste na introdução da prostaglandina

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