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Laboratório de Métodos - Reflexão Final - Mestrado PDF
Laboratório de Métodos - Reflexão Final - Mestrado PDF
TRABALHO FINAL
Trabalho com orientação da Professora Doutora Paula Abreu para a unidade curricular de
Laboratório de Métodos inserida no Mestrado em Sociologia pela Faculdade de Economia
da Universidade de Coimbra.
Junho de 2019
Laboratório de Métodos | Mafalda da Cruz Machado
Índice
II
Laboratório de Métodos | Mafalda da Cruz Machado
Identificação
A tese que me proponho analisar é da autoria de Ana Nestal de Almeida Martins Roque
Dantas, cujo título é “A felicidade enquanto recurso emocional socialmente desigual: para uma
abordagem sociológica do sentir”. A tese analisada corresponde aos requisitos necessários à
obtenção do grau de Doutora em Sociologia, realizada pela orientação científica do Professor
Doutor Manuel Gaspar da Silva Lisboa, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa.
Com base no objetivo principal da tese, a autora propõe uma abordagem a diferentes
níveis, articulando a análise da expressão, recorrendo aos dados obtidos através do European
Social Survey, com a compreensão dos significados e práticas sociais que lhe estão
associados e as condições sociais em que são produzidos, através da realização de inquéritos
por questionário. Para além disto, a investigação articula diferentes níveis de observação,
completando os dados macro com uma aproximação mais intensiva e focado em atores
sociais concretos. A autora definiu a área do seu estudo em Portugal, através do ESS e mais
especificamente, na região de Lisboa com as metodologias realizadas e descritas
anteriormente.
III
Laboratório de Métodos | Mafalda da Cruz Machado
Em termos estruturais, a tese é constituída por nove capítulos e está dividida em duas
partes. Uma primeira parte dedicada à caraterização do problema social, e percorrendo as
contribuições teóricas disponíveis, à apresentação de uma nova problematização de
felicidade. A segunda parte está centrada na validação empírica das hipóteses orientadoras
da pesquisa e na discussão dos resultados alcançados à luz das propostas teóricas que
enquadram esta investigação (Roque Dantas, 2015).
Nos restantes capítulos, procura dividir a sua análise identificando, no quarto capítulo,
qual a sua estratégia de investigação e respetivos instrumentos metodológicos – definição da
amostra, construção do campo de observação, instrumentos de recolha de informação e o
tratamento e análise dos dados obtidos.
Por fim, nos restantes capítulos – oitavo, nono e décimo – Ana Roque Dantas, foca a
sua análise no impacto que a crise económica tem para a perceção de felicidade e como os
estilos de vida e modos de ação dos atores sociais interferem na felicidade dos atores sociais.
IV
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Ao longo da sua investigação, Ana Roque Dantas vai referindo diversos autores e
diversas teses que abordam a problemática da felicidade. Na primeira parte da dissertação, a
autora procura citar diversas abordagens de diversos autores relativamente à questão da
felicidade, das emoções e contextos sociais.
Dantas começa por citar Lipovestky relativamente à sua posição acerca da definição
daquilo que é a felicidade. A partir daí, vai desenvolvendo o seu Estado da Arte, recorrendo a
Mcmahon (2009), Ahmed (2009) e Bauman (2003), confrontando as diversas perspetivas
acerca do tema da investigação.
Inseridos num quadro teórico apresentado pela autora, refere autores como Beck e
Beck-Gernsheim (2001), Giddens (2002), Holmes (2010), Kahneman e Krugger (2006),
Giannetti (2002), Sedas Nunes (1977), Layard (2005) e Easterlin (1974). Estes autores
abordam aprofundadamente o conceito sociológico de felicidade enquanto emoção social e
Dantas procura confrontar as suas diferentes perspetivas.
Para além dos autores citados, Ana Roque Dantas introduz no seu trabalho diversos
estudos realizados por revistas internacionais no que diz respeito ao nível de felicidade das
pessoas. Revistas essas cujo nome são “Journal of Hapiness Studies”; “International Journal
of Hapiness and Development”, “Journal of Hapiness and Well-Beijng”, “World Database of
Hapiness”.
V
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Outro recurso utilizado pela autora, são dados estatísticos relativamente aos
indicadores de felicidade. Sucedem-se exemplos de organismos oficiais de recolha deste tipo
de dados, que reúnem informação sistemática sobre o bem-estar das populações e incluem
indicadores materiais e não materiais como a avaliação subjetiva das condições de vida.
Exemplos desses organismos são – “Better life Index” (OCDE); “Well-being indicators” do
Office for National statistics no Reino Unido; “Gallup”; “Eurobarómetro”, entre outros.
A autora recorre também a diversos dados estatísticos apresentados pelo INE no ano
de 1999 e 2012, com um inquérito relativo à ocupação do tempo e a região de Lisboa,
respetivamente. Recorre a um estudo do Eurostat realizado em 2013, relativamente a dados
da União Europeia e à PORDATA, acerca do Retrato de Lisboa, no ano de 2011.
VI
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estatísticos que medem o grau de felicidade das pessoas em diferentes países. Desta forma,
a consolidação da sua problemática e objeto de estudo são reforçados através do seu Estado
da Arte e da diversidade que este comporta. Através de relatórios, artigos de publicação,
dados estatísticos, páginas online e livros, Ana Roque Dantas acentua a sua preocupação em
compreender a felicidade de um ponto de vista sociológico, recorrendo a vários domínios
científicos, procurando analisá-la em diversos contextos sociais – trabalho, saúde, relações
interpessoais, condições de vida e perspetivas futuras – dos atores sociais.
Para além de recorrer a teorias já existentes, a autora apresenta de raiz uma nova
conceptualização de felicidade e vai discutindo a ideia de felicidade na modernidade e vai
refletindo sobre as possíveis implicações do contexto social – nomeadamente os efeitos da
crise – sobre as formas de sentir e agir.
Uma vez apresentadas as linhas teóricas em que assenta o trabalho da autora, e tendo
conceptualizado a felicidade, estabelecendo as suas dimensões e subdimensões, segue-se
a apresentação das hipóteses orientadoras da pesquisa empírica.
VII
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Considero que Ana Roque Dantas foi metódica e organizada no que concerne à
elaboração das hipóteses, estruturando bem o seu objeto de estudo e apresentando as
diversas metodologias a que recorreu para as tornar claras e precisas.
VIII
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Neste sentido, a autora foca-se nas subdimensões que este conceito abarca, como
“bem-estar” e “satisfação com a vida”, procurando nas várias dimensões da vida
quotidiana encontrar a definição que procura.
Na minha ótica, a sua operacionalização não é tão concreta e clara como a autora
sublinhou que seria. A autora foca-se mais nas suas subdimensões e não tanto no
conceito em si, afastando-se do objetivo inicial. O facto de ser um conceito bastante
abrangente e relativo e que varia de pessoa para pessoa, faz com que a sua
operacionalização seja mais difícil, como já referi.
IX
Laboratório de Métodos | Mafalda da Cruz Machado
Considero que a autora optou por aplicar várias metodologias, tanto qualitativas como
quantitativas, permitindo aprofundar o seu objeto de estudo, com vista a dar resposta à
problemática que desenvolveu inicialmente. Nos anexos da dissertação, é possível ler o
questionário que foi aplicado, a caraterização da amostra Lisboa estudo felicidade e as tabelas
suplementares que organizam e estruturam de forma metódica os resultados do seu trabalho.
O facto de conciliar o qualitativo com o quantitativo, permitiu-lhe enriquecer a sua
investigação.
É na segunda parte deste trabalho que a autora se dedica à análise e discussão dos
resultados alcançados. A sua estrutura decorre das hipóteses formuladas e cada um dos seus
capítulos tem como objetivo o seu teste empírico. Ana Roque Dantas, procura refletir sobre
os resultados de forma conjunta e articulada, na medida em que ajudam a compreender
melhor a felicidade e para além da análise das suas expressões e procurando as suas
complexidades sociais. Pretende-se, desta forma, que a reflexão feita permita ir mais além na
compreensão das formas em que a felicidade é inerentemente social, chegando a
conhecimento dos processos que condicionam a perceção de felicidade.
X
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Por isso, considero que os tipos de resultados são claros e preciso; a forma de
apresentação é percetível, organizada e bem estruturada e a relação com as hipóteses e
questões de pesquisa também é bem feita e organizada pela autora.
Avaliação da bibliografia
O estilo bibliográfico que foi utilizado na elaboração da bibliografia, foi o estilo APA (6ª
edição). Considero que é um estilo clean e simples, que permite a quem consulta a lista
bibliográfica encontrar rapidamente o que procura através da sua estrutura e organização.
XI
Laboratório de Métodos | Mafalda da Cruz Machado
Relativamente a autores, Ana Roque Dantas cita na sua maioria autores ingleses e
americanos e apenas faz referência a alguns autores portugueses. Não é que seja relevante
e que tenha enviesado os resultados obtidos, mas prova que estudos sobre as emoções e
sentimentos na área da sociologia não são tão vastos como esperava que fosse.
O autor mais citado por Ana Roque Dantas é Ruut Veenhoven, um sociólogo holandês
e autoridade pioneira e mundial no estudo da felicidade, no sentido do prazer subjetivo da
vida. A autora cita várias publicações de revistas científicas e capítulos de livros, dada a
relevância que o autor tem para a problemática em questão.
De notar que a vasta lista bibliográfica também se deve ao facto de o tema da felicidade
não ter uma abordagem concreta e específica, sendo difícil a autora basear-se em poucas
opiniões e teorias, porque é um tema controverso, complexo e abstrato, no que diz respeito à
sua definição.
XII
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Bibliografia
XIII