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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 0ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

COMARCA – ESTADO DE SÃO PAULO.

EMPRESA FULANO DA SILVA., pessoa jurídica de direito privado,


devidamente inscrita sob o CNPJ n° 00-000-000-0, com endereço na Rua, nº 00, Bairro, vêm,
respeitosamente, à elevada presença de Vossa Excelência e respectivo Cartório de Ofício, por seu
advogado infra-assinado (documento em anexo), ingressar com a presente

AÇÃO DE COBRANÇA

em face de ALUNO FULANO DA SILVA, portador(a) da Cédula de Identidade RG n° 00-000-000-0, e


CPF n° 000.000.000.00, com endereço na Rua, nº 00, Bairro, na cidade de Cidade/SP, CEP:00.000-000,
com fulcro nos Artigos 186, 927 e 942 do Código Civil, conforme as razões de fato e de direito a
seguir expostas:

DO FORO DE ELEIÇÃO

Consoante infere-se do(s) Contrato(s) de Prestação de Serviços


Educacionais, objeto(s) da presente demanda, a competência para o conhecimento da matéria, tal
como ajustada livremente entre as partes, encontra-se estipulada em Cláusula de Foro de Eleição,
estabelecendo-se a Comarca de realização do curso. Nesse sentido, a jurisprudência:

Agravo de instrumento. Ação monitoria. Contrato de prestação de serviços educacionais.


Ação proposta no foro de eleição. Ré residente em outra Comarca. Validade, em princípio,
da cláusula de eleição de foro. Recurso a que se dá provimento. (4913107620108260000
SP, Relator: Francisco Occhiuto Júnior, Data de Julgamento: 25/11/2010, 32ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 09/12/2010)

E, já está pacificado o entendimento dos Tribunais Pátrios quanto à


validade da eleição de foro prevista contratualmente, existindo, inclusive, Súmula do Colendo
Supremo Tribunal Federal:

“Súmula 335 do STF: É válida a cláusula de eleição do foro para os processos oriundos do
contrato.”

Dessa forma, conclui-se este MM. Juízo ser absolutamente


competente para dirimir as controvérsias oriundas do Contrato de Prestação de Serviços que instruiu
a presente Ação Indenizatória, nos termos do Artigo 781, I, do Novo Código de Processo Civil.
DA SÍNTESE DOS FATOS E DA RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE AS PARTES

Em primeiro plano, verifica-se que as Requerentes IBE - BUSINESS


EDUCATION DE SÃO PAULO LTDA. e FGV - FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, são pessoas jurídicas
idôneas, do ramo de prestação de serviços educacionais, sendo consideradas referências em
qualidade e método de ensino, através de anos de dedicação, planejamento, e prestação de serviços
por parte de profissionais altamente qualificados.

Cumpre esclarecer que a parte Requerida, ALUNO FULANO DE TAL


DA SILVA, formalizou junto às Requerentes, na data de 00/00/2017, a contratação de 2 (dois)
cursos, denominados Pós Graduação em Administração de Empresas (Contrato nº 00000) e MBA
Pós Graduação Especialização (Contrato nº 0.0000/0000000), restando expresso, no denominado
Contrato PDE (que vincula os contratos de prestação de serviços, regendo condições especiais em razão da
contratação simultânea, descontos, etc...) , que os cursos seriam realizados simultaneamente, ou seja,
após o término do curso de Pós Graduação, iniciar-se-ia o curso de MBA, com o devido
aproveitamento das disciplinas já cursadas, sendo importante mencionar que os cursos de Pós
Graduação e MBA são comercializados separadamente pelas Requerentes, tendo a parte
Requerida optado pela aquisição de ambos os cursos.

Assim, tem-se que os cursos contratados, se adquiridos


individualmente, totalizariam a quantia de R$00.000,00 (R$00.000,00 + R$00.000,00) , sendo que a
contratação conjunta, resultou na concessão de um desconto na quantia de R$0.000,00,
perfazendo a quantia total de R$00.000,00 (reais e centavos).

Ocorre que, após a regular contratação, e no decorrer do curso de


Pós Graduação em Administração de Empresas , a parte Requerida manifestou interesse na
desistência dos cursos // do MBA Pós Graduação Especialização , sendo prontamente informada
que nas hipóteses de desistência/rescisão contratual, são impostas multas rescisórias contratuais,
como já era, e sempre foi, de sua ciência no ato da aquisição dos serviços.

Ora, Vossa Excelência, tem-se que em razão do cancelamento do


curso de Pós Graduação em Administração de Empresas, unilateralmente provocado pela parte
Requerida, gerou-se a obrigação de pagamento dos valores em aberto, relativos às horas-aulas
disponibilizadas (débito proporcional cursado), e ainda, a multa compensatória de 20% (vinte por
cento), devidamente calculada sobre a diferença entre o valor das horas-aulas contratadas e das
horas-aulas das disciplinas disponibilizadas, conforme disposto contratualmente, abaixo transcrito:

13.1 – As obrigações expressas neste Contrato cessarão nas seguintes hipóteses:


(...)
b) Pela desistência/rescisão formalizada pelo Aluno, com apresentação de pedido escrito à Secretaria
do Curso:
(...)
13.2 – Nas hipóteses das alíneas (b) e (c) fica o Aluno obrigado ao pagamento correspondente à
carga horária total das disciplinas disponibilizadas até a formalização do pedido ou do seu
desligamento, acrescido deu uma multa compensatória correspondente a 20% (vinte por cento) da
diferença entre o valor das horas-aula contratadas e das horas-aula das disciplinas disponibilizadas,
além de outras obrigações eventualmente existentes. (grifo nosso)
Ainda, em razão do cancelamento do curso de MBA Pós Graduação
Especialização, unilateralmente provocado pela parte Requerida, gerou-se a obrigação de
pagamento da multa compensatória de 20% (quinze por cento) sobre o valor do curso, bem como a
penalidade contratual consistente na cobrança, à vista, do valor referente ao desconto concedido na
contratação conjunta, conforme disposto na Cláusula 4.1 do Contrato PDE, abaixo transcrita:

4.1 – Se ocorrer a desistência do Aluno para o curso de MBA Pós Graduação Especialização, após
completar o de Pós Graduação em Administração de Empresas, mas antes da sua definição pelo
curso de MBA Pós Graduação Especialização, ele deverá pagar à IBE, à vista, o valor do desconto
concedido sobre o curso de Pós Graduação de Empresas (R$2.735,00). E se o Aluno desistir do curso
de MBA Pós Graduação Especialização após a sua inscrição na modalidade escolhida e
disponibilizada a sua vaga, ele pagará à IBE, à vista, uma multa de 20% sobre o valor do curso. (grifo
nosso).

Dessa forma, diante do cancelamento dos contratos em questão,


com base exclusivamente nos Contratos de Prestação de Serviços Educacionais, gerou-se o crédito
apontado nos cálculos em anexo, sendo importante salientar que em casos análogos, em que as
Requerentes também constaram no polo passivo, já houve pronunciamento quanto a validade e
regularidade de imposição de multa rescisória em caso de cancelamento dos serviços contratados,
sendo pertinente transcrever as Jurisprudências abaixo colacionadas:

(...) Assim, sopesando esses deveres mútuos impostos pela boa-fé, tem-se que é devida a cobrança da
primeira mensalidade, acrescidas dos encargos contratuais (cláusula 4ª, §3º, fl. 41) e multa
compensatória de 20% (cláusula 5ª, "caput", fl. 42). Tal multa, diferentemente do que alega o réu,
não se revela abusiva em vista da natureza e finalidade do contrato, certo que o número de alunos
matriculados é fator preponderante na decisão da prestadora de serviço quanto à efetiva abertura
do curso que, uma vez iniciado, não pode ser interrompido apesar da desistência de parte dos
estudantes. Posto isso, com fundamento no §3º do art. 1.102-A. do CPC/73 (art. 700, "caput",
CPC/15), ACOLHO PARCIALMENTE os embargos e julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação
monitória, declarando constituído, de pleno direito, o título executivo judicial, a contemplar crédito
referente à (i) mensalidades com vencimento aos 28/02/2015, corrigida monetariamente pelo IGP-M
do vencimento até a propositura da ação e, desde então, pela tabela prática do TJSP, acrescida de
juros de mora de 1% ao mês, mais multa de 2%; bem como (ii) multa compensatória de 20% do valor
total atualizado do contrato, corrigido pela tabela do TJSP desde o ajuizamento da ação e com juros
de mora da citação, a ser satisfeito por PEDRO THOMAZONI que, sucumbente, arcará ainda com as
custas processuais e honorários advocatícios, estes arbitrados, com fundamento no §3º do art. 20 do
CPC/73, em 10% do crédito a ser executado. (3ª Vara Cível – Foro Regional XI – Pinheiros – da Comarca
de São Paulo/SP, Processo nº 1000090-02.2016.8.26.0011, Ibe Business Education de São Paulo Ltda. x
Pedro Thomazoni, Juiz de Direito Dr. Théo Assuar Gragnano) (grifo nosso).

De fato. Atinente ao contrato de adesão, a autora tinha pleno conhecimento da multa


compensatória, uma vez que o contrato traz claramente as conseqüências em caso de rescisão
contratual, e ainda, não há que se falar em obrigações abusivas, pois o valor da multa, ora
questionada pela autora, esta dentro dos ditames legais, o que também não enseja nulidade de
cláusula. Não obstante, ainda assim cumpre enfrentar o pedido inicial, à luz agora da lei civil comum,
confrontadas as regras do pacta sunt servanda e rebus sic stantibus. Sobre a obrigatoriedade dos
contratos ensina CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA que o contrato obriga os contratantes. Lícito não lhes
é arrependerem-se; lícito não é revogá-lo senão por consentimento mútuo; lícito não é ao juiz alterá-
lo ainda que a pretexto de tornar as condições mais humanas para os contratantes. Com a ressalva de
uma amenização ou relatividade da regra, que será adiante desenvolvida, o princípio da força
obrigatória do contrato significa, em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada. A ordem
jurídica oferece a cada um a possibilidade de contratar, e dá-lhe a liberdade de escolher os termos da
avença, segundo as suas preferências. Concluída a convenção, recebe da ordem jurídica o condão de
sujeitar, em definitivo, os agentes. Uma vez celebrado o contrato, com observância dos requisitos de
validade, tem plena eficácia, no sentido de que se impõe a cada um dos participantes, que não têm
mais a liberdade de se forrarem às suas conseqüências, a não ser com a cooperação anuente do outro.
(…) Do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo-se o feito com fundamento no artigo
487, inciso I, do Código de Processo Civil e como corolário lógico deste decisum, revogo a tutela de
urgência outrora concedida. (1ª Vara Cível da Comarca de Jundiaí/SP, Processo nº 1013821-
78.2015.8.26.0309, Desirèe Mantovani Caresia x FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - FGV e outro, Juiz de
Direito Dr. Luiz Antonio de Campos Júnior). (grifo nosso).

Ademais, em atenção ao princípio da eventualidade, insta ressaltar


que a parte Requerida, quando da assinatura do Contrato de Prestação de Serviços Educacionais, em
nenhum momento insurgiu-se contrária à multa rescisória (ou ao seu percentual), sendo que
encontra-se prevista de forma límpida e transparente do contrato, cumprindo também esclarecer
que a conduta das Requerentes é lícita, não encontrando óbices legais no ordenamento jurídico,
sendo que dessa forma, tem-se pela legitimidade e regularidade do crédito objeto da presente
demanda, pois encontra-se devidamente constituído e embasado exclusivamente nas normas
constantes dos Contratos de Prestação de Serviços Educacionais, aceitas no momento da
contratação, sendo que nesse sentido, dispõe o Artigo 122 do Código Civil Brasileiro vigente:

“Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons
costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou
o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.”

Ademais, não há que se falar em qualquer ato ilícito doloso ou culposo,


perpetrado pelas Requerentes, devendo ser aplicado o quanto disposto pelo artigo 14, § 3º, inciso II
do Código de Defesa do Consumidor, abaixo transcrito, uma vez que conforme explanado, a culpa
pelo decorreu da conduta da própria parte Requerida, que optou pela contratação dos dois cursos,
dando ensejo à aplicação de multa, diante do pedido de cancelamento.

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
(...)
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.” (g.n.)

Assim, há previsão contratual ou em termo apartado que o


cancelamento imotivado do contrato antes de sua conclusão geraria obrigação de pagamentos,
valendo lembrar que a multa contratual compensatória funciona como uma espécie de fator de
equilíbrio, de forma a evitar que os demais alunos tenham que arcar com o ônus decorrente de
eventuais desistências, sendo que o referido encargo a ser pago pelo Consumidor em favor da
Instituição, torna-se necessário e obrigatório devido as despesas de montagem de curso, contratação
antecipada de professores, disponibilização de salas para o curso, bem como fornecimento aos
alunos de todo o material necessário e estrutura ao bom andamento do curso.

Dessa forma, considerando-se que até o presente momento, a parte


Requerida não honrou com o pagamento das obrigações assumidas, ignorando todas as tentativas de
contato efetuadas, e por outro lado, estando devidamente configurado documentalmente todos os
fatos constitutivos do direito e do crédito, não restou alternativa à parte Requerida, senão submeter
sua pretensão ao poder jurisdicional, através do ingresso da presente Ação de Cobrança, de modo a
viabilizar os direitos violados pela parte Requerida.
DO DIREITO // RESPONSABILIDADE CIVIL DA REQUERIDA

Inicialmente, esclarece-se que a parte Requerida, ao não efetuar o


pagamento de suas obrigações, vem adotando uma CONDUTA OMISSIVA VOLUNTÁRIA, em total
desrespeito com os direitos da Requerente, devendo ser responsabilizada pela produção de danos
correspondentes ao seu ato ilícito, conforme preveem os Artigos 186 e 927 do Código Civil, abaixo
transcritos, devendo seus bens serem responsáveis pelos adimplemento dos danos causados,
conforme dispõe o Artigo 942 do Código Civil, também abaixo transcrito:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à
reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.

Dessa forma, inegável nos autos que a conduta da parte Requerida,


violou direitos e causou prejuízos às Requerentes, enquadrando-se sua conduta nos Artigos 186 e
927 do Código Civil, devendo seus bens serem responsáveis pelo adimplemento da quantia
correspondente aos Danos causados, nos termos do Artigo 942 do Código Civil.

DOS PEDIDOS

Diante de todos os fatos e fundamentos anteriormente expostos, requer


seja, ao final do processo, julgada a presente ação TOTALMENTE PROCEDENTE, deferindo-se os
seguintes pedidos:

A) a citação postal da Requerida, nos termos do Artigo 246, I, do Novo Código de Processo Civil,
para que, no prazo legal, apresentem a Defesa que entenderem cabível, sob pena de revelia
e confissão;

B) a condenação da Requerida ao pagamento da quantia de R$00.000,00 (reais e centavos),


devendo a quantia ser monetariamente corrigida e acrescida de juros, conforme detalhado
no anexo.

C) cumulativamente, a condenação em custas, despesas processuais e honorários advocatícios


a serem arbitrados em montante não inferior a 20% sobre o valor da condenação, levando-se
em conta os trabalhos profissionais realizados;

Requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial, pelo depoimento dos representantes legais da parte Requerida, o que desde
já se requer, sob pena de confissão, juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas, sem
exclusão de nenhum outro meio legal.
Oportunamente, a empresa Autora manifesta seu expresso
DESINTERESSE NA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, nos termos do Artigo 334, § 5º, do
Novo Código de Processo Civil.

Dá-se à causa o valor de R$00.000,00 (reais e centavos), para fins


meramente processuais.

Por derradeiro, requer-se que, doravante, as publicações e intimações


relativas ao presente feito sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome de, sob pena de nulidade,
com base no Artigo 272, §2º do Novo Código de Processo Civil.

Termos em que, pede deferimento.


São Paulo/SP, 17 de May de 2023.

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