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1.3.2 - CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA


Conceitos
No aspecto etimológico, o termo CIÊNCIA vem do latim SCIENTIA, que provém de
SCIRE, que significa “aprender” ou “conhecer”.

Para Trujillo (1982, p. 2) Ciência “é uma forma especial de conhecimento da realidade.


A Ciência é um conhecimento racional, portanto reflexivo, sustentado numa lógica
racional”.

Cada estudioso aplica o seu olhar para compreender o conceito de ciência e dentre vários
conceitos o que possui uma visão mais abrangente é de (Ander-Egg apud Lakatos, 1983,
p. 22) que diz: “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis,
obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de
uma mesma natureza.”

Ao entender o conceito de Ciência construído por Ander-Egg e associado-o com o


conhecimento da Ciência Contábil percebemos o seguinte:
1. O Conhecimento deve ser racional capaz de exigir método e constituído de ele-
mentos básicos, criando um sistema conceitual, hipotético e de definições. Em
Contabilidade, ao se realizar pesquisa científica a razão deve preceder a emoção, o
que se busca é uma fundamentação baseada em situações do observável.
2. Outra possibilidade é a probabilidade científica que consiste em não atribuir a
Ciência verdade absoluta, pois, como bem afirma Rubem Alves, a Certeza Cien-
tífica anda de mãos dadas com a fogueira. Todas as experiências e pesquisas
desenvolvidas na área contábil poderão com o tempo, ser refutada. O que é verdade
hoje poderá não o ser amanhã.
3. Todo estudo científico deve ser baseado em um método. Fazer Ciência em Con-
tabilidade implica identificar caminhos para chegar a algum objetivo previamente
traçado. Não se faz ciência ao acaso, mas mediante regras lógicas e procedimento
técnicos.
4. Os conhecimentos precisam ser sistematizados, ordenados de forma lógica com
as idéias bem encadeadas. A Contabilidade como Ciência carece nas pesquisas rea-
lizadas um critério rigoroso de sistematização das atividades.
5. As pesquisas realizadas precisam ser verificáveis e, em Contabilidade, as mesmas
são comprovadas com observações e outras possibilidades.

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Desejando sintetizar o Conceito de Ciência podemos citar, novamente, Trujillo (1982,


p.2) que diz: “A Ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais, diri-
gindo ao sistemático conhecimento co objetivo limitado, capaz de ser submetido a
verificação”.

Ao recorrermos ao dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Ciência é “infor-


mação, conhecimento, notícia, saber, que se adquire pela leitura e meditação, instrução,
conjunto organizado de conhecimento sobre determinado objeto, em especial os obtidos
mediante à observação dos fatos e a um método próprio”.

Em todo conceito de Ciência, explícito ou implícito, é identificado um objetivo ou o fim


que se propõe, uma função e um objeto de estudo. Assim sendo, pode-se afirmar que a
contabilidade é uma ciência, pois possui um objetivo que é estudar, analisar, interpretar,
compreender, comparar, controlar o Patrimônio que por sua vez é o seu objeto de estudo
e tem como função precípua compreender a dinâmica patrimonial dentro do universo
organizacional inserida no contexto social.

Classificação
Pela diversidade de fenômenos e pela necessidade do homem tentar explicá-lo surgi-
ram vários ramos do conhecimento e ciências específicas. Alguns autores em razão desta
dinâmica começaram a classificar as ciências pelo seu conteúdo, objeto de estudo, meto-
dologia aplicada e outros critérios.
Vejamos algumas dessas classificações:
Para Augusto Comte, as Ciências, de acordo com a ordem crescente de complexidade,
apresentam-se em : Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia e
Moral.
Segundo Lakatos (1983, p. 25) outros autores baseados na idéia de Comte aliam essa
classificação ao Conteúdo ficando assim demonstrado.
CIÊNCIA
Teóricas: Aritmética, Geometria e
MATEMÁTICA
Álgebra Aplicada: Mecânica Racional, Astronomia
FÍSICO-QUÍMICAS Física, Química, Mineralogia, Geologia, Geografia Física
BIOLÓGICAS Botânica, Zoologia, Antropologia
Psicológicas: psicologia, lógica, estética e moral
MORAIS Históricas: história, geografia humana, arqueologia
Sociais e Políticas: sociologia, direito, economia, política
METAFÍSICAS Cosmologia Racional, Psicologia Racional, Teologia Racional.

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Baseado no conteúdo, Rudolf Carnap classifica as Ciências em Formais e Factuais. As


Ciências Formais não tratam de objetos empíricos, de coisas, nem de processos. São
aqueles que tratam dos entes ideais, só existem na mente humana.

Exemplo: O resultado encontrado no Balanço Patrimonial os números ali expressos


ninguém pode pegar, porém existem os bens, direitos e obrigações que estão ali repre-
sentados pelo símbolo numérico.

As Ciências Factuais, conhecidas também como materiais ou empíricas, são aquelas que
se preocupam com fatos, sucesso e processos. Precisam de observação, experimenta-
ção pois utilizam símbolos interpretados. As Ciências Factuais caracterizam-se por ser:
racional, analítica, verificável, sistemática, falível e explicativa.

Exemplo: A contabilidade enquanto ciência social aplicada é uma ciência factual desde
quando o seu objeto de estudo é o Patrimônio que carece de interpretação racional, siste-
mática, analítica, verificável e explicativa.

Bunge apud Lakatos (1983, p. 25) classifica às ciências da seguinte forma:


CIÊNCIA
Lógica
FORMAL
Matemática

Física
FACTUAL Química
NATURAL Biologia
Psicologia

Psicologia Social
Sociologia
Economia
CULTURAL
Ciência Política
História Material
História das Idéias

Percebe-se uma diversidade de classificação da ciência de acordo com a visão de cada


autor. Apresentaremos agora a classificação bastante usual de acordo com a Classifica-
ção Decimal Universal (CDU), utilizada para catalogação das mais variadas publicações
acerca dos vários campos do conhecimento.

A) FILOSOFIA
• Metafísica. Problemas fundamentais

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• Filosofia do espírito. Metafísica da vida espiritual


• Sistemas filosóficos. Teorias e especulações metafísico-ontológicas
• Psicologia
• Lógica. Teoria do conhecimento. Metodologia
• Ética. Moralidade. Filosofia prática. Sageza
• Estética em geral
• História da filosofia

B) RELIGIÃO, TEOLOGIA
• Teologia natural. Teodicéia
• Bíblia
• Teologia dogmática
• Teologia moral. Problemas da moral religiosa
• Teologia pastoral
• Igreja Cristã em geral
• História geral da Igreja Cristã
• Igrejas, seitas, comunidades cristãs
• Religiões não-cristãs

C) CIÊNCIAS SOCIAIS
• Sociologia. Questões sociais. Sociografia
• Estatística
• Política. Ciência política
• Economia. Economia política
• Direito. Legislação. Jurisprudência
• Administração. Direito Administrativo. Ciência Militar. Defesa
• Assistência e socorro social. Seguros
• Educação. Pedagogia.
• Comércio. Comunicações
• Etnografia. Costumes e tradições. Folclore. Antropologia social ou cultural

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D) FILOLOGIA, LINGUÍSTICA
• (A classe D está integrada atualmente à classe H)

E) CIÊNCIAS PURAS
• Princípios gerais sobre as ciências puras
• Matemática
• Astronomia. Geodésia
• Física
• Química. Cristalografia. Mineralogia
• Geologia e ciências afins. Meteorologia
• Paleontologia
• Ciências biológicas
• Botânica
• Zoologia

F) CIÊNCIAS APLICADAS, MEDICINA, TECNOLOGIA


• Questões gerais sobre as ciências aplicadas
• Medicina
• Engenharia. Tecnologia em geral
• Agricultura. Silvicultura. Zootecnia
• Ciências domésticas. Economia doméstica
• Administração e organização da indústria, comércio e transporte
• Indústrias químicas
• Indústrias e profissões diversas
• Ofícios, artes e indústrias especializadas.
• Indústria de construção, materiais, profissões, construções.

G) BELAS ARTES, DIVERTIMENTOS, DESPORTOS


• Urbanização. Planejamento. Arquitetura paisagística
• Arquitetura
• Escultura e artes afins

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• Desenho. Artes menores


• Pintura
• Arte da gravura. Gravuras
• Fotografia e cinematografia
• Música
• Divertimentos. Passatempos. Jogos. Desportos

H) LINGUÍSTICA, FILOLOGIA
• Lingüística
• Línguas especiais. Troncos lingüísticos
• Literatura em geral
• Literatura das diversas línguas, povos, nações etc.

I) GEOGRAFIA, BIOGRAFIA, HISTÓRIA


• Geografia, explorações, viagens
• Biografia
• História
• História em geral. Fontes. História antiga
• História da Europa
• História da Ásia
• História da África
• História da América do Norte
• História da América do Sul
• História da Oceania

Ilustração: Marcone Pereira

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1.3.3. Conhecimento
Ao tentarmos definir conhecimento, poderemos recorrer a diversos autores em que
todos tem em comum que Conhecer é desvendar, desbravar, apreensão de um objeto
pelo sujeito onde quem conhece acaba por apropriar-se do objeto que conheceu. Ou seja,
transforma em conceito esse objeto, reconstitui-o em sua mente.

Entende-se por Conceito a forma mais simples do pensamento e através dele fazemos
representações mentais das coisas ou episódios que conhecemos. Conceito é diferente do
juízo. Quando, por exemplo, alguém diz o que entende por Contabilidade e por Ciência,
está emitindo conceitos. Porém quando afirma que Contabilidade é uma Ciência esta
formulando em sua mente um juízo, onde portanto é uma relação entre conceitos.

Os conceitos vão sendo formulados progressivamente e o processo de sua formação


continua. Para Rudio (1998,p.23), um dos pontos mais fundamentais para o desen-
volvimento intelectual do ser humano “consiste no alargamento, aperfeiçoamento dos
conceitos, dando ao indivíduo uma visão, cada vez mais precisa e adequada, de si e do
mundo em que vive.”

Não é o só o saber que o indivíduo deve possuir na Ciência, porém é de grande importân-
cia que o seu conhecimento seja constituído por conceitos adequados, claros e distintos.

Há duas maneiras de conhecermos um objeto, de nos apropriarmos mentalmente dele,


que é através dos sentidos e do pensamento. Os conhecimentos que adquirimos através
dos sentidos são os objetos físicos e a outra forma é puramente intelectual em que, mesmo
sem audição, paladar, visão, olfato ou tato, podemos conhecer uma lei, um projeto.

Ao abordar sobre o valor do Conhecimento, Galliano (1986, p. 17) afirma que o mesmo

leva o homem apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a penetrar nela. Essa posse con-
fere-nos a grande vantagem de nos tornar mais aptos para a ação consciente. A ignorância
tolhe as possibilidades de avanço para melhor, mantém-nos prisioneiros das circunstâncias.
O Conhecimento liberta: permite que atuemos para modificar as circunstâncias em nosso
benefício.

Existem pelo menos quatro tipos fundamentais de conhecimento, que são: conhecimento
popular; conhecimento religioso (teológico); conhecimento filosófico e conhecimento
científico.

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Ao abordar as formas de conhecimento, Trujillo (1982, p. 5) apresenta as características


que são mais exclusivas de cada forma de conhecimento.

Conhecimento Popular
• Valorativo
• Reflexivo
• Assistemático
• Verificável
• Falível
• Inexato

Conhecimento Religioso (Teológico)


• Valorativo
• Inspiracional
• Sistemático
• Não verificável
• Infalível
• Exato

Conhecimento Filosófico
• Valorativo
• Racional
• Sistemático
• Infalível
• Não verificável
• Exato

Conhecimento Científico
• Real (factual)
• Contingente
• Sistemático
• Verificável
• Falível
• Aproximadamente exato.

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CONHECIMENTO POPULAR
É o conhecimento em que todas as pessoas adquirem na vida cotidiano, por acaso, base-
ado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Não possui uma observação
metódica do episódio, não foi sistematizada, refletida para ser reduzida a uma formula-
ção geral.

Para Ander-Egg (1978, p. 13-14), o conhecimento popular caracteriza-se por ser


predominantemente:
superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar sim-
plesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “ porque o vi” , “porque o
senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”;
sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os
que adquire por vivência própria quanto os “por ouvir dizer”;
assistemático, pois esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização das
idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se
manifesta sempre de uma forma crítica.

O que se tem percebido em muitas descobertas científicas é a sua gênese acontecer das
preocupações práticas da vida cotidiana. Como exemplo, podemos citar os estudos para
melhor identificar os custos dos produtos a serem vendidos pelas empresas, o que antes
era realizado muito por sentimento e o que a necessidade do dia a dia obrigou a uma
sistematização.

Inúmeros conhecimentos são adquiridos a partir da experiência pessoal.

Pode-se afirmar que o conhecimento popular é valorativo porque na relação entre o


sujeito e o objeto, o sujeito só é sujeito para um objeto e vice-versa; assim sendo, o sujeito
não se comporta passivamente, mas ativamente interfere na imagem do objeto, os valo-
res do sujeito impregnam no objeto conhecido. É reflexivo, porém preso a um objeto
não pode realizar formulação geral. É assistemático, pois não possui uma sistematização
própria dificultando a disseminação das idéias de pessoa a pessoa. É verificável, pois é
possível perceber o que ocorre no cotidiano. É falível, na medida em que não consegue
uma generalização das possibilidades e inexato por não ocorrer uma exatidão das ações
desenvolvidas a respeito do objeto de estudo.

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CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O Conhecimento filosófico ocorre nas trocas de idéias. No século XIX houve um afas-
tamento entre o conhecimento filosófico e o científico, o que hoje tem percebido uma
completude.

O conhecimento filosófico é valorativo, tendo como partida as hipóteses filosóficas


baseada na experiência e não na experimentação. É racional por admitir que a razão
é a verdadeira fonte do conhecimento. Possui característica de sistemático por suas
hipóteses e enunciados visarem a uma representação coerente com a realidade. É não
verificável, por entender que as hipóteses filosóficas não necessitam de confirmação ou
refutação. É infalível e exato, já que, na busca da realidade, abrange todas ser absoluto.

CONHECIMENTO RELIGIOSO (TEOLÓGICO)


O Conhecimento religioso é produto da fé humana. Entendendo Fé como o firme fun-
damento dos fatos que não se esperam, e a prova dos acontecimentos que se não vêem.
Se apoia na doutrina que contém proposições sagradas, manifestação divina. São trans-
mitidas por alguém, ao longo da história, ou através de escritos sagrados. Por possuir
proposições sagradas são valorativas. Revela-se o sobrenatural, por isso inspiracional,
considerada infalível e indiscutíveis. É um conhecimento sistematizado como obra de
um criador divino; suas evidências não são verificáveis , são atos de fé.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O Conhecimento Científico atende ao propósito da ciência que é desvendar a realidade,
por isso é real (factual) lida com ocorrências ou fatos. A Ciência soma conquista e avança
à medida que novas descobertas são incorporadas aos seus domínios.

No âmbito das Ciências Factuais o conhecimento científico tem as seguintes caracterís-


ticas segundo Bunge apud Lakatos (1991, p.26): racionalidade, objetividade, precisão,
clareza, factualidade, comunicabilidade, sistematização, acumulação, falibilidade, trans-
cende os fatos, analíticos, geral, explicativo, dependente de investigação sistemática,
preditivo, aberto e útil.

O Conhecimento científico, sendo real (factual), constitui um conhecimento contin-


gente, com base na experiência e não apenas pela razão. É sistematizado, logicamente
, formando teorias (sistema de idéias). É passível de verificação na qual as hipóteses
podem ser testadas. Constitui um conhecimento falível, em virtude de encontrar-se em

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constante possibilidade de novas descobertas e, por esse, motivo também é aproximada-


mente exato.

Ao estudarmos, separadamente, os quatro tipos de conhecimentos, não demanda em


dizer que os mesmos acontecem isoladamente na ação do pesquisador. Com isso, vol-
tamos à questão de que o cientista como sujeito cognoscente, ao enfrentar o objeto de
estudo, pode percorrer nas diversas área do conhecimento. Como exemplo, pensemos
em um Cientista Contábil que pode tirar uma série de conclusões de suas atividades
cotidianas, ao desenvolver uma pesquisa científica, bem como associar a sua crença ao
objeto pesquisado, está filiado a um sistema filosófico e age segundo conhecimentos pro-
venientes do senso comum.

1.3.4 - INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA


A Investigação Científica é a busca incessante de novos conhecimentos. O Cientista pre-
cisa entender que a Ciência não é um ponto de chegada e sim um processo em constante
evolução, preferindo, às vezes, ficar sem a resposta do que aceitar soluções limitadas e
pouco apoiada nas experimentações realizadas. Duvidar pode significar interromper o
julgamento quando não exista evidências suficientes, como nos ensinou Descartes em
seu Discurso sobre o Método (1637), ao afirmar: “ Não aceitar nada como verdadeiro
sem saber evidentemente que o é.”

O pesquisador precisa desenvolver uma atitude investigativa com um olhar preparado


para analisar cada dado coletado em relação a um corpo de conhecimento acumulado
por outros estudiosos, pois quanto mais informado e formado for o pesquisador, maior a
riqueza de suas análises.

Entende-se pesquisa como um processo de investigação que implica identificar o conhe-


cimento científico que se deseja buscar e as suas implicações em termos absolutos.
Basicamente, o que distingue a Ciência como sistema de previsão e de adaptação do indi-
víduo e da espécie é o fato de ser um método consciente e compartilhado por toda a
sociedade.

Na Investigação Científica, o pesquisador precisa possuir talento necessário para saber


qual o problema que deseja estudar, saber escolher e interpretar todos os fenômenos que
possa influenciar no objeto a ser pesquisado.

Lakatos (1983, p. 33) diz que o conhecimento científico depende de investigação metó-
dica, já que o mesmo:

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