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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Atenção farmacêutica
e o manejo dos transtornos
menores
Prof.ª Thais de Barros Fernandes

Descrição

Instrumentos de atenção farmacêutica utilizados para o manejo dos transtornos menores mais comuns na
população.

Propósito

A atenção farmacêutica no manejo dos transtornos menores é uma prática clínica do farmacêutico,
sobretudo em contextos de sobrecarga do sistema de saúde e riscos oriundos da automedicação.

Objetivos

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Módulo 1

Os transtornos menores e os problemas de saúde autolimitados


Identificar sinais e sintomas dos transtornos menores mais comuns na população.

Módulo 2

Terapias farmacológicas e não farmacológicas


Empregar alternativas farmacológicas e não farmacológicas para o manejo dos transtornos menores.

Módulo 3

Interpretação de exames laboratoriais


Analisar exames laboratoriais para auxiliar na escolha do medicamento isento de prescrição mais
adequado.

Módulo 4

Identificação das situações de alerta e encaminhamentos


Reconhecer situações de risco nas quais o paciente necessita de atendimento médico.

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Introdução
Os farmacêuticos clínicos podem identificar e tratar condições autolimitadas por meio de consultas e
prescrições. Em geral, as medidas não medicamentosas e os medicamentos isentos de prescrição (MIP)
são prescritos porque não requerem indicação médica. Cabe salientar que os MIPs, embora isentos de
prescrição, não são produtos a serem utilizados sem orientações para a sua utilização adequada.

A prática exige uma série de cuidados que devem ser adotados pelo profissional, pois o que, inicialmente, é
um distúrbio menor pode evoluir para outra condição ou não ser resolvido com a abordagem inicial. Sendo
assim, é necessário realizar o encaminhamento ao médico ou a outros profissionais da saúde.
Consequentemente, o cumprimento de protocolos ou diretrizes de caráter profissional é essencial para o
atendimento adequado ao paciente.

A consulta realizada em farmácias ou drogarias e a prescrição de MIP podem trazer diversos benefícios
para o sistema de saúde, como por exemplo uma redução substancial nos custos da atenção secundária e
terciária; otimização dos recursos governamentais; o conforto dos usuários, que têm melhor qualidade de
vida; e a proximidade do paciente a um profissional de saúde de fácil acesso.

Vamos aprender sobre os sinais e sintomas dos transtornos menores mais frequentes na população, como
direcionar o tratamento a partir de exames laboratoriais do paciente, a necessidade de indicação de
tratamento farmacológico e não farmacológico, e as situações de risco em que o paciente deve ser
encaminhado para a consulta médica.

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1 - Os transtornos menores e os problemas de saúde


autolimitados
Ao final deste módulo, você será capaz de Identificar sinais e sintomas dos transtornos
menores mais comuns na população.

Problemas e necessidades de saúde

Qual é a diferença?
Primeiro, você precisa lembrar do conceito ampliado de saúde. É sabido que o processo saúde-doença
envolve diversos fenômenos. Entre eles, destacam-se os fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais,
econômicos e ambientais. Nossa capacidade de compreensão sobre esses fatores influenciará diretamente
na resposta assistencial a ser prestada.

Um problema de saúde pode ser qualquer queixa, observação ou fato, percebido pelo próprio paciente ou
por um profissional da saúde como um desvio da normalidade que tenha acometido, possa acometer ou
acometa a capacidade funcional do paciente.

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Quando falamos a respeito de necessidades em saúde, precisamos considerar o contexto social e histórico,
além de alguns aspectos como a natureza e a cultura. As necessidades em saúde não dizem respeito
somente a questões de conservação da vida; elas devem considerar a humanização individual e coletiva.
Assim, não se trata apenas de necessidades médicas relacionadas às doenças, mas sobre o que é
necessário para viver com satisfação.

Transtornos menores ‒ ou problemas de saúde autolimitados ‒ são problemas de saúde ordinários e de


cura espontânea. Geralmente, duram menos de sete dias e não são relacionados a outras doenças do
paciente (comorbidades, como hipertensão, diabetes, entre outras) ou com efeitos adversos de
medicamentos.

Como o farmacêutico identifica os problemas de saúde do paciente? Ele o faz por meio da avaliação de
sinais e sintomas. Vale lembrar que:

Sinais

Refere-se a tudo aquilo que pode ser medido ou visto pelo profissional (como a pressão arterial, a
temperatura corporal, a presença de tosse, entre outros).

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Sintomas

Dizem respeito às percepções que o paciente relata para o profissional e que ele não é capaz de mensurar
(como a presença de dor e a sua intensidade, náuseas, desconfortos, entre outros).

Precisamos ter em mente que, para avaliar os sintomas, o profissional precisa entender as condições do
paciente e a sua própria consciência sobre o seu estado de saúde. Crianças, por exemplo, podem ter
dificuldades para compreender e relatar o que estão sentindo.

O farmacêutico deve juntar o máximo de informações possível sobre o quadro clínico e a queixa. Assim, ele
deve saber distinguir quando se trata de um transtorno menor ou um problema de saúde que necessite de
atendimento médico. Para obter essas informações, o farmacêutico deve guiar o relato do paciente. O
quadro a seguir traz exemplos sobre como obter essas informações.

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O tempo

Quando iniciou a queixa?


Por quanto tempo durou?
Com que frequência apareceu?

A localização

A dor na frente ou atrás da cabeça?


O desconforto ocorre em que parte do abdome?

A característica

A dor é aguda?
A secreção nasal é aquosa?

A gravidade

Leve, moderada ou grave?


Dificultou ou impediu a execução de alguma tarefa?

O ambiente ou a atividade

Piora no tempo frio? Melhora no tempo quente?


Ocorre quando faz esforço físico?

Os atenuantes ou agravantes

Pi d t i t ?
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Piora quando executa um movimento?
Melhora com o uso de algum medicamento?

Os sinais e os sintomas associados

A dor de cabeça vem junto com tonturas?


A secreção nasal está associada a dores na região da face?

As recomendações para tratamento de transtornos menores visam garantir que o paciente não tenha um
comprometimento das suas atividades diárias ou redução da sua qualidade de vida.

A terapia farmacológica indicada para o seu tratamento é composta por medicamentos comprados sem a
necessidade de prescrição médica (não apresentam tarja vermelha ou preta); eles são denominados
'Medicamentos isentos de prescrição' (MIPs) ou medicamentos OTC (over the counter, em inglês).

Transtornos menores respiratórios

Gripe e resfriado
São doenças causadas por vírus, que afetam o nariz, a laringe e a faringe.

A gripe se diferencia do resfriado por ser mais grave e ter início súbito. Ela tem impacto direto no estado
geral da pessoa, ao contrário do resfriado, que costuma apresentar sintomas mais concentrados no nariz e
na garganta. Alguns sinais e sintomas são inespecíficos e podem se manifestar após um período de
incubação de 18 a 48 horas.

Os principais sinais e sintomas clínicos da gripe são:

Febre – normalmente (39º a 40ºC), com duração de 3 a 4 dias;


Cefaleia – intensa, principalmente quando há movimento dos olhos;
Dor nos músculos e articulações – intensa, sobretudo nas costas e pernas;

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Fadiga e mal-estar – podendo durar 2 a 3 semanas;


Congestão nasal – com fluxo abundante de muco nasal;
Dor de garganta – devida à tosse seca, pode ocasionar perda do apetite;
Demais sintomas característicos do resfriado comum.

Os principais sinais e sintomas clínicos do resfriado são:

Dor de cabeça frontal e periorbitária;


Rinorreia – com aspecto inicial aquoso e claro;
Obstrução nasal uni ou bilateral;
Espirros;
Diminuição do olfato e do paladar;
Irritação faríngea – rouquidão ou voz ‘nasalada’, dor de garganta e perda de apetite;
Tosse seca ou produtiva;
Lacrimejamento.

Veremos a seguir outros transtornos.

Rinite alérgica

A rinite é definida como uma inflamação da mucosa nasal, a qual pode ser aguda ou crônica. Existem vários
tipos de rinite, mas, basicamente, eles podem ser divididos em dois grupos de acordo com a sua etiologia:
infecciosa e não infecciosa. Quando falamos sobre a patogenia, podemos classificá-las em inflamatória
(alérgica), não inflamatória (não alérgica) ou estrutural.

Os sintomas da rinite alérgica são comumente confundidos com a forma não alérgica. Assim, o
farmacêutico deve ficar atento a certos tipos de sinais e sintomas. Como exemplo, é possível destacar que
a rinite alérgica apresenta maior proeminência de prurido nasal e irritação conjuntiva.

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Dentre os principais sintomas da rinite alérgica, destacam-se:

Rinorreia com muco transparente e muito constante – necessidade frequente de assoar o nariz.
Congestão nasal alternante – quando ocorre em somente uma cavidade nasal, pode significar um
problema anatômico no nariz.
Prurido nasal, ocular ou do palato.
Espirros.
Dor nasal.

Também é possível observar sintomas não nasais, os quais afetam os órgãos adjacentes ao trato
respiratório, incluindo os seios paranasais, a orofaringe, os olhos e os ouvidos. Os sintomas característicos
são:

Irritação, enrijecimento e tumefação ocular, lacrimejamento, sensibilidade à luz e conjuntivite –


rinoconjutivite alérgica.
Dor de ouvido.
Cefaleia frontal.
Sinusite recorrente – comum em casos de obstrução crônica da mucosa nasal, por impedir a drenagem
dos seios paranasais, culminando na diminuição do olfato e do paladar.
Fadiga crônica.
Tosse crônica.

Transtornos menores gastrointestinais

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Constipação intestinal

O acúmulo de fezes no organismo ocorre quando não há uma correta evacuação. Quando esse acúmulo
persiste por tempo prolongado, o reto passa a conter fezes, as quais se tornam cada vez mais ressecadas e
em maior volume. Com isso, a parede do reto fica cronicamente dilatada e a sensibilidade retal diminui. O
movimento vagaroso das fezes ao longo do intestino grosso, geralmente associado à grande quantidade de
fezes secas e endurecidas na porção descendeste do cólon, é denominado constipação.

A constipação pode se apresentar de várias maneiras, dependendo da faixa etária dos indivíduos a qual
acomete. Em geral, ela se apresenta como os seguintes sinais e sintomas:

Incômodo do momento na evacuação;


Problemas para evacuar;
Tensão;
Fezes duras devido ao período de retenção do bolo fecal no lúmen intestinal, o que gera ressecamento;
Pouca frequência de evacuações;
Sensação de evacuação incompleta;
Dor abdominal;
Vômito;
Sangue nas fezes;
Falta de apetite;
Enjoo;
Dor de cabeça;
Flatulência;
Distensão abdominal;
Bolo fecal palpável no abdome;
Fissura anal.

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Veremos agora outras formas de transtornos.

Diarreia

A diarreia é definida como um aumento da frequência, do volume e da fluidez das evacuações habituais —
por isso, há de se considerar o hábito intestinal próprio de cada pessoa. Em geral, as fezes se apresentam
pouco compactadas, aquosas e com frequência de três ou mais evacuações por dia. Ela pode ser
acompanhada por outros sintomas, como:

Mal-estar;
Cólica, dor e câimbras abdominais;
Distensão abdominal – devido ao aumento de gás no trato intestinal;
Falta de apetite;
Náuseas e vômitos;
Fraqueza – pode ocorrer devido a absorção insuficiente de nutrientes com consequente perda de energia;
Dor no corpo – ocorre em órgãos abdominais;
Dor de cabeça;
Calafrio, ereção dos pelos e arrepiamento – geralmente associada a diarreias causadas por infecções;
Febre – comum no caso das diarreias provocadas por bactérias;
Desidratação.

A diarreia não é considerada uma doença, e sim o sintoma de um transtorno.

Azia e dispepsia
A dispepsia e a azia (pirose) são duas condições diferentes. Azia causa uma sensação de queimação com
dor no peito, a qual pode se estender para o pescoço ou as costas. Ela ocorre porque o ácido do estômago
entra em contato com a mucosa do esôfago. Por outro lado, a dispepsia causa uma sensação de dor
associada à pós-refeição, concentrada entre o esterno e o umbigo.

Entre os sinais e sintomas que serão citados a seguir, é necessário considerar fatores de risco relacionados
à suscetibilidade familiar, fatores psicológicos e intolerância e/ou alergia alimentar.

Dor na boca do estômago;

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Desconforto após as refeições;


Ardência ou queimação na parte inferior do tórax (azia);
Dor no peito;
Ânsias;
Dificuldade para engolir (disfagia) – considerando a dificuldade de iniciar a deglutição e a sensação de
que alimentos estão retidos na passagem da boca para o estômago;
Dor ao engolir alimentos (odinofagia);
Arrotos em excesso (eructação);
Deglutição excessiva de ar (aerofagia);
Náuseas e vômitos.

Quando o farmacêutico atende um paciente com queixa de dispepsia, é importante que ele observe se há
outros sinais e sintomas compatíveis com o agravamento da doença, como úlcera péptica e câncer
gástrico. São sintomas desse agravamento:

Sangramento gastrointestinal (melena/hematêmese) – fezes de cor escura e odor fétido;


Perda de peso involuntária progressiva;
Disfagia progressiva;
Vômitos persistentes;
Anemia por consequência da deficiência de ferro;
Massa na região abdominal;
Histórico de doença péptica ulcerosa;
Casos de câncer gástrico na família.

Outros transtornos menores

Pediculose

A pediculose é uma doença causada por um parasita chamado Pediculus humanus, popularmente
conhecido como piolhos. Quando ocorre na cabeça, o principal sinal é o prurido intenso. Como trata-se de
uma doença bastante frequente em crianças, cabe aos responsáveis observarem o comportamento de

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coceira excessiva. Em alguns casos, é possível identificar escoriações e infecções secundárias que podem
repercutir nos gânglios próximos.

Inicialmente, o profissional da saúde deve confirmar a presença de piolhos na cabeça do paciente. Se essa
confirmação não tiver sido feita por um médico ou por uma enfermeira, o farmacêutico deve perguntar se
alguma inspeção foi realizada para confirmar a presença de pediculose.

Dor de cabeça

A Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) define a dor como “uma experiência desagradável,
sensitiva e emocional, associada à lesão real ou potencial dos tecidos”. Este conceito reafirma que a
avaliação do estímulo doloroso é uma experiência estritamente subjetiva e pessoal. Por este motivo, a
sensação da dor pode variar de acordo com “fatores perceptivos, cognitivos, emocionais e de
comportamento”, tais como medo, crenças, atitudes, conhecimento, entre outros.

Atenção!

Nesse contexto, a prescrição farmacêutica deve promover o uso racional, potencializar os benefícios da
terapêutica, reduzir os riscos da utilização, diminuir os custos e amparar outros profissionais da saúde.

No próximo vídeo conheceremos sobre o manejo dos transtornos.

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Transtornos menores
Neste vídeo, a especialista fala sobre o manejo farmacológico e não farmacológico dos diversos
transtornos menores e da importância do farmacêutico nesse cuidado.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O tratamento do transtorno menor consiste na utilização de conhecimentos e habilidades clínicas do


farmacêutico para selecionar e documentar terapias farmacológicas que não exigem prescrição
médica, mas farmacológicas. Além disso, ele também pode necessitar de outras intervenções relativas
ao cuidado à saúde. Acerca desse tópico, estão corretas as alternativas:

1) Um transtorno menor é caracterizado por uma queixa ou observação, percebido pelo paciente ou
pelo profissional da saúde.

2) Um transtorno menor é um desvio da normalidade que afetou, possa afetar ou afete a capacidade
funcional do paciente.

3) Transtornos menores são questões de saúde ordinárias, autolimitadas e de cura espontânea após
um mês de curso.

A 1, 2 e 3

B 1e3

C 1e2

D 2e3

E 1

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Parabéns! A alternativa C está correta.

Os transtornos menores, em geral, duram menos de sete dias. Caso os sintomas persistam por mais
tempo, o farmacêutico deve avaliar a necessidade de modificar as abordagens terapêuticas ou
encaminhar o paciente para um médico. Esse profissional poderá diagnosticar o problema e definir o
tratamento adequado. É importante ressaltar que esse conceito não pode ser considerado definitivo,
porque exclui transtornos considerados menores de evolução maior do que sete dias, como a acne e a
caspa. Alguns sintomas menores também podem ser encontrados em enfermidades graves.

Questão 2

A constipação crônica é a queixa digestiva mais comum na população em geral, afetando 16% dos
adultos (principalmente mulheres) e até 33% dos indivíduos acima de 60 anos. Dessa forma, é uma
morbidade que contribui para os números elevados de atendimentos médicos. A maioria dos casos não
se caracterizam por ameaças à vida do paciente, porém, elas podem influenciar na qualidade de vida.
Assinale a alternativa que contém características da constipação:

A Desidratação, devido à perda de líquido.

B Dor na boca do estômago.

C Coceira intensa.

D Fezes duras e ressecadas.

E Desconforto após as refeições

Parabéns! A alternativa D está correta.

A desidratação é um sintoma comum do quadro de diarreia, a qual ocorre devido à perda de líquido e
sais durante as evacuações. A dor na boca do estômago e o desconforto após as refeições podem ser

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decorrentes do lento esvaziamento gástrico, classicamente associado ao quadro de dispepsia. A


coceira é associada à pediculose, causada pelos piolhos. Por fim, a principal característica da
constipação é a ocorrência de fezes endurecidas e ressecadas devido ao período de retenção do bolo
fecal no lúmen intestinal.

2 - Terapias farmacológicas e não farmacológicas


Ao final deste módulo, você será capaz de empregar alternativas farmacológicas e não
farmacológicas para o manejo dos transtornos menores.

Manejo dos transtornos menores respiratórios

Gripe e resfriado

Tratamento Farmacológico

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Consiste na administração de medicamentos para aliviar o desconforto. Para alívio dos sintomas nasais,
utilizam-se medicamentos das classes dos anti-histamínicos e das aminas simpatomiméticas; disponíveis
nas formulações em gotas, aerossóis e spray nasais.

Os anti-histamínicos promovem redução do prurido nasal, ocular e do palato. Os de primeira geração, como
a clorferinamina e a dexclorfeniramina, possuem um efeito colateral anticolinérgico que alivia a congestão
nasal e rinorreia.

Os descongestionantes (aminas simpatomiméticas) de uso tópico podem ser considerados como de ação
longa (8 a 12 horas), como a oximetazolina e a xilometazolina; ou como de duração curta (4 a 6 horas),
como a fenilefrina e a nafazolina. As aminas simpatomiméticas de uso sistêmico, como a fenilefrina e a
pseudoefedrina, têm maior duração do efeito descongestionante, não provocam irritação local e tem menos
risco de ocorrência de congestão nasal de rebote.

Outras opções de MIP incluem analgésicos e antipiréticos associados, como o paracetamol e o ibuprofeno.
Eles são destinados à redução da febre, alívio da congestão nasal, a cefaleia, a mialgia, a artralgia, a tosse e
as demais manifestações clínicas. Outros medicamentos, como antitussígenos, mucolíticos, expectorantes,
anti-histamínicos e descongestionantes, serão apresentados nos próximos tópicos.

Tratamento não farmacológico

O farmacêutico deve instruir o paciente quanto à utilização de medidas higiênico-sanitárias, considerando


que as microgotículas são o maior vetor de transmissão da doença. Alguns métodos simples se mostram
como de fácil prevenção da doença e de rápida recuperação da saúde:

Evitar ao máximo contato com pessoas que estejam doentes;


Não frequentar ambientes muito cheios e com aglomeração;
Evitar o tabagismo;

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Evitar temperaturas frias e mudanças muito abruptas de temperatura, as quais tornam o indivíduo
altamente suscetível a infecções virais;
Ingerir grande quantidade de líquido, pois isso ajuda a regular a funcionalidade protetora da mucosa
respiratória;
Manter uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais, favorecendo o aporte de vitaminas e sais
minerais; dando ênfase na ingestão de alimentos ricos em cobre, zinco, betacaroteno e vitamina C que,
em conjunto, atuam amplificando o sistema imune;
Evitar compartilhar quaisquer tipos de utensílios com pessoas doentes;
Lavar as mãos de maneira frequente;
Utilizar lenço de papel descartável;
Repouso;
No caso de crianças com quadro de congestão nasal, recomenda-se a instilação de soro fisiológico
(solução de cloreto de sódio a 0,9%) para realizar a limpeza do nariz.

Rinite alérgica

Tratamento farmacológico

Os anti-histamínicos de primeira geração, como a clorferinamina e a dexclorfeniramina possuem um efeito


anticolinérgico que reduz a congestão nasal e a rinorreia. Entretanto, esses fármacos provocam sonolência.
Os medicamentos mais utilizados para o tratamento da rinite são os anti-histamínicos de segunda geração,
como azelastina, cetirizina, fexofenadina e loratadina; os quais apresentam pouco ou nenhum efeito
sedativo.

As aminas simpatomiméticas são utilizadas para a redução da congestão nasal e rinorreia. São exemplos
de medicamentos dessa classe:

Efedrina e a fenilefrina, que possuem duração de efeito de 4 horas;


Oximetazolina e xilometazolina, que possuem duração de efeito de 8 a 12 horas;
Fenoxazolina e nafazolina, que possuem duração de efeito de 6 horas.

O paciente precisa ser orientado que a administração não deva ultrapassar 5 dias consecutivos, pois há
risco de desenvolvimento de rinite farmacológica. Além disso, o uso exorbitante dessas substâncias pode
causar absorção sistêmica, resultando em taquicardia e aumento da pressão arterial.

O tratamento sistêmico é realizado com MIP anti-histamínicos de administração oral. Esses medicamentos
são indicados para proporcionar um alívio rápido dos sintomas nasais graves; porém, devem ser utilizados

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por um curto período de tratamento.

Tratamento não farmacológico

Algumas sugestões de tratamento são:

Evitar se expor aos alérgenos;


Manter o local de dormir muito bem ventilado e permitir a luz solar incidir sobre o ambiente;
Evitar a diminuição abrupta da temperatura do ambiente e do corpo;
Evitar contato com produtos que possam causar irritação (tintas, agentes químicos, cloro, fumo);
Realizar exercício físico;
Realizar ingestão adequada de líquidos;
Realizar lavagem nasal, por, pelo menos, três vezes durante o dia, utilizando solução salina estéril. Essa é
a primeira opção de tratamento para pacientes pediátricos;

A utilização de tiras nasais produz dilatação nasal naturalmente, com isso, diminuem a resistência à
passagem do ar e possibilitam diminuir a congestão.

Manejo dos transtornos menores gastrointestinais

Constipação intestinal

Tratamento farmacológico

O tratamento medicamentoso consiste no uso de laxantes. Esses medicamentos não devem ser utilizados
por um período superior a 7 dias, pois o uso prolongado pode provocar problemas de saúde e mascarar
sinais de outras doenças. O uso prolongado só pode ocorrer sob prescrição médica.

Os laxantes formadores de massa (gomas) são os mais indicados para o alívio da constipação simples. O
farmacêutico deve orientar o paciente sobre a necessidade de aumentar a ingestão de água. Seu efeito
pode ocorrer de 12 horas a 3 dias após a sua ingestão. Seu uso é contraindicado para pacientes com
úlceras intestinais ou estenose, pois há risco de ocorrência de obstrução intestinal.

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Os laxantes osmóticos são os medicamentos mais indicados para casos de constipação idiopática ou
resistente à dieta. Pertencem à essa classe xaropes e soluções contendo lactulose ou manitol.

stenose
Estreitamento de um duto.

A parafina pertence ao grupo dos laxantes emolientes. Eles devem ser utilizados quando o paciente não
pode fazer esforço para defecar, há suspeita de fecaloma ou de doença perianal aguda (associada com dor
no ato da evacuação). O tratamento prolongado pode aumentar o risco de desequilíbrio eletrolítico, por isso,
é desejável que eles sejam utilizados por curtos períodos.

Laxantes lubrificantes, como o óleo mineral, tem um tempo de ação em torno de 8 horas. O farmacêutico
deve orientar o paciente que esse medicamento não deve ser utilizado diariamente ou por longos períodos.
Além disso, não deve ser administrado com alimentos, pois há risco de dilatação da cavidade gástrica.

O hidróxido de magnésio é um exemplo de laxante salino. Seu uso é indicado para o alívio da constipação
aguda e quando não há risco de obstrução intestinal.

Algumas ervas medicinais também podem aliviar a constipação intestinal. Esse é o caso da cáscara
sagrada e o sene, pois essas plantas possuem grande quantidade de compostos antraquinônicos. Sua
classificação é laxante-estimulante, pois atuam a partir do aumento do peristaltismo. Esses compostos
possuem ação irritante – incluído o risco de dependência e de colite iatrogênica (diarreia, gases e dor
abdominal). Dessa maneira, são contraindicados quando o paciente apresenta dor abdominal, náuseas e
vômitos. Seu uso não deve ultrapassar o período de uma semana.

Por fim, existem supositórios e enemas com atividade laxativa. Eles causam irritação direta no cólon e são
prescritos quando há necessidade de limpeza do colón distal.

Tratamento não farmacológico

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Medidas não medicamentosas, normalmente, são indicadas como tratamento de primeira escolha para
pacientes que não apresentam causas secundárias. Estas estratégias, geralmente, incluem exercício regular,
ingestão de fibras e líquidos, e capacitação do hábito intestinal.

Recomendação
A prática regular de atividade física auxilia para que o sistema digestivo se mantenha ativo e saudável, e,
para isso, são indicados de 20 a 30 minutos diários de exercício físico.

Outra medida que contribui para o alívio do quadro é o consumo de alimentos que sejam muito ricos em
fibras e líquidos. Em geral, é indicado o uso de uma dieta balanceada ‒ que inclua grãos integrais, frutas e
vegetais. Também é muito importante salientar que o consumo excessivo de fibras pode resultar em
inchaço e flatulência em alguns pacientes, sem a melhora do quadro de constipação, podendo levar ao
agravo do quadro clínico. Além disso, há necessidade de orientar que o aumento do consumo de líquidos
sem a dieta adequada de fibras não traz melhora para a constipação intestinal.

Diarreia

Tratamento farmacológico

A escolha do MIP deve ser guiada de acordo com o quadro apresentado; basicamente em função da
intensidade e da gravidade dos sintomas e considerando a causa etiológica. A maioria dos casos de diarreia
cursa com a resolução do quadro sem a necessidade de intervenções farmacológicas. O tratamento é
inespecífico e tem como propósito a diminuição do desconforto.

Formulações baseadas no uso de bactérias e leveduras atuam na restauração da flora intestinal. São
bastante utilizados quando há alteração da flora intestinal devido ao uso de antibióticos. Os
microrganismos componentes incluem o Lactobacillus acidophillus, Saccharomyces boulardii e
Bifidobacterium bifidum.

Tratamento não farmacológico

O principal foco do tratamento é restabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico por meio da reposição rápida dos
líquidos e por meio de uma reidratação. Para a reidratação, a OMS e a UNICEF recomendam a administração
por via oral, contendo os seguintes componentes: 1L de água, 20g de glicose, 3,5g de cloreto de sódio, 1,5g
de cloreto de potássio e 2,5g de bicarbonato de sódio. Formulações industrializadas também podem ser
utilizadas no tratamento, pois contêm todos os eletrólitos necessários.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

A reidratação é o tratamento principal nas diarreias e deve ser iniciada mesmo que o paciente seja
encaminhado à consulta médica. É importante que o farmacêutico indique a maneira mais correta de
administração das fórmulas de reidratação oral; orientações quanto ao uso de água potável, sem gás ou
fervida; a conservação na geladeira (por um período máximo de 24 horas) e a ingestão de pequenas
quantidades e de forma continuada.

Azia e Dispepsia

Tratamento farmacológico

O tratamento farmacológico com MIP visa reduzir os sintomas decorrentes da hipersecreção ácida a partir
da neutralização da acidez. Outros tipos de medicamentos, como os antisecretores, que tem como
proposito aliviar a dor e acelerar a cicatrização da úlcera péptica, devem ser prescritos por médicos.

Atenção!
Muitos medicamentos utilizados na tentativa de realizar o controle da dispepsia não tem a sua eficácia
comprovada e podem causar efeito rebote. Isso ocorre, sobretudo, com o uso dos antiácidos carbonato de
cálcio. Sua indicação é restrita aos pacientes que apresentam hipocalemia e acidose.

O tratamento da azia deve ser realizado com antiácidos ou fármacos antagonista H2. Alguns medicamentos
desse grupo podem causar diarreia e outros, constipação. Pacientes com restrição de sódio não podem
usar bicarbonato de sódio.

Tratamento não farmacológico

O farmacêutico deve indicar a adoção de práticas não medicamentosas, como a alimentação estruturada,
evitando alimentos que iniciem ou agravem o estado de desconforto gástrico, seja por azia ou dispepsia. A
ingestão de alimentos leves, não gordurosos e pouco condimentados é recomendada junto com a
realização das refeições em pequenas porções, aproximadamente de quatro a seis vezes por dia.

O paciente deve ser orientado a evitar, principalmente:

Álcool;
Café;
Refrigerantes;

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Condimentos (ketchup, pimenta etc.);


Frutas cítricas.

O farmacêutico deve recomendar uma reeducação alimentar e reduzir ou evitar o consumo de álcool e
tabagismo, bem como orientar o paciente sobre a natureza e as limitações do tratamento e possíveis
efeitos indesejados. Se os sintomas persistirem por mais de 5 dias, o paciente deve ser encaminhado ao
médico.

Manejo dos outros transtornos menores

Pediculose

Tratamento farmacológico

A pediculose de cabeça deve ser tratada com medicamentos administrados por via oral e por via tópica. Os
fármacos mais utilizados são piretrinas, hidrocarbonetos clorados, organofosforados e anti-helmínticos. As
piretrinas (como a permetrina) e os hidrocarbonetos clorados (como o lindano) se ligam diretamente ao
sistema nervoso do parasita e causam agitação, seguida por paralisia generalizada. Organofosforados
(como o melation) inibem a enzima acetilcolinesterase do organismo do parasita.

Tratamento não farmacológico

O ato de pentear o cabelo é o método de detecção mais confiável. O paciente pode detectá-los de maneira
simples ao pentear os cabelos com um pente fino sobre um pano branco ou algo de cor clara. Os cabelos
devem estar úmidos ou molhados para auxiliar o processo, desse modo, os parasitos serão arrastados para
fora do couro cabeludo e facilmente visualizados como pequenas manchas marrons ou branco-
acinzentadas.

Quando o farmacêutico estiver diante de um relato de infestação por P. humanus, o paciente será orientado
a evitar o contato físico com outros indivíduos, a lavar a roupa de cama e as vestimentas com água quente
(55ºC), deixando de molho por, pelo menos, 20 minutos. Perucas, gorros, bonés e chapéus deverão ser
limpos a seco e colocados e lacrados em bolsas plásticas pelo menos durante um período de 14 dias.

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Dor de cabeça

Tratamento farmacológico

Quando a necessidade de tratamento farmacológico é identificada, o farmacêutico deve selecionar o MIP


para alívio da dor que é indicado ao quadro do paciente; neste caso, o racional deve ser avaliar qual é o
medicamento de primeira escolha. A escolha de analgésicos orais pelo farmacêutico é limitada a
paracetamol, ácido acetilsalicílico (AAS), ibuprofeno, naproxeno e várias apresentações de cetoprofeno. A
seleção deste último medicamento deve levar em consideração critérios de necessidade ou indicação,
eficácia, segurança e conveniência, com base nas melhores evidências disponíveis.

Alguns estudos clínicos demostraram que o AAS e o paracetamol possuem potência equivalente no alívio
da cefaleia leve a moderada. Nos casos em que a dor de cabeça for intensa e houver necessidade de efeito
maior que esses, o farmacêutico tem outras opções, como a indicação de ibuprofeno, naproxeno e
cetoprofeno.

Recomendação

Quando comparamos o perfil de segurança, o paracetamol é o medicamento de escolha. O AAS possui risco
de gastropatia analgésica e de reações idiossincráticas, sendo o seu uso reservado ao tratamento de dores
concomitantes a processos inflamatórios em adultos. A dipirona tem o pior perfil de risco dentre os
fármacos citados e deve ser selecionada apenas em forma injetável para tratamento de dor e hipertermia. O
ibuprofeno é o medicamento que tem o menor potencial de risco dentre os AINE, e, por isso, é recomendado
para cefaleias decorrentes do período menstrual.

Algumas formulações apresentam, ainda, a associação de um analgésico com substâncias que promovem
a vasoconstrição das artérias cranianas, como o isometepteno e a cafeína, o que auxilia na diminuição do
quadro de dor.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Tratamento não farmacológico

As orientações gerais para a diminuição da ocorrência de cefaleias incluem:

Prática de exercícios físicos;


Evitar o consumo de álcool, tabaco, estresse, comidas gordurosas, café, chocolate e gatilhos conhecidos
que podem vir a desencadear a cefaleia;
Ter um sono regulado e saudável;
Se alimentar de modo regular.

Agora que vimos o manejo dos principais transtornos menores, temos que nos perguntar: essas prescrições
valem para todas as pessoas?

Resposta
Não! Gestantes ou mulheres em fase de amamentação, devem priorizar a intervenção não farmacológica.
Caso seja muito necessário o uso do tratamento farmacológico, este deve ocorrer sob orientação médica e
iniciar o tratamento com opções terapêuticas conhecidamente seguras ou que apresentam menor risco,
sempre na menor dose terapêutica possível. O farmacêutico sempre deve preferenciar medicamentos
aprovados para o uso em recém-nascidos e lactentes, ou reconhecidamente seguros para pacientes
pediátricos, e que sejam muito pouco secretados no leite materno.

Veremos, ainda, os cuidados com outros pacientes com base em seus exames laboratoriais.

video_library
Manejo dos transtornos menores
Neste vídeo, a especialista fala sobre o manejo farmacológico e não farmacológico dos diversos
transtornos menores e da importância do farmacêutico nesse cuidado.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Falta pouco para atingir seus objetivos.


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Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A rinite é um processo inflamatório das mucosas do nariz e pode se desenvolver em curto ou longo
prazo. As principais causas da rinite são infecções virais, bacterianas ou fúngicas e alergias. Assinale a
alternativa que contém informações corretas a respeito do tratamento da rinite alérgica.

1) Os medicamentos anti-histamínicos têm menor eficácia para reduzir os sintomas de congestão nasal
quando comparados aos medicamentos corticosteroides intranasais.

2) Os anti-histamínicos de administração oral de segunda geração são amplamente utilizados para o


tratamento da rinite.

3) Uma solução fisiológica estéril deve ser utilizada nos casos de congestão nasal para realização da
lavagem das fossas nasais.

A 1, 2 e 3

B 1e3

C 1e2

D 2e3

E 1

Parabéns! A alternativa A está correta.

Corticoides intranasais são mais eficazes para reduzir a congestão nasal, pois atuam diminuindo o
prurido nasal, ocular e de palato. Os MIP anti-histamínicos de primeira geração têm eficácia reduzida
para alívio da congestão nasal quando comparados aos medicamentos de segunda geração. Além
disso, os medicamentos de segunda geração possuem pouco ou nenhum efeito sedativo. A lavagem
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das fossas nasais com soluções fisiológicas contribui para a eliminação de secreções e auxilia a
descongestionar as mucosas. Ela é uma alternativa ideal para o tratamento de pacientes pediátricos.

Questão 2

Os laxantes abrangem uma classe ampla de medicamentos com mecanismos de ação distintos.
Considerando as suas especificidades, avalie o seguinte caso e determine a melhor escolha
terapêutica. “Paciente de 70 anos em processo de recuperação de cirurgia para hemorroidas. Relata
que está há 3 dias sem evacuar e tem receio de fazer força devido ao seu estado pós-operatório”.

A Salino

B Osmótico

C Formador de massa

D Lubrificante

E Emoliente

Parabéns! A alternativa E está correta.

Laxantes emolientes devem ser utilizados por curtos períodos quando o paciente não pode fazer
esforço para defecar, há suspeita de fecaloma ou em casos em que se constate uma doença perianal
aguda (associada com dor no ato da evacuação). Os laxantes osmóticos são indicados para casos de
constipação idiopática ou resistente à dieta. Os laxantes formadores de massa (gomas) são indicados
para o alívio da constipação simples. O farmacêutico deve orientar o paciente sobre a necessidade de
aumentar a ingestão de água. O laxante salino é indicado para o alívio da constipação aguda quando
não há risco de obstrução intestinal.

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3 - Interpretação de exames laboratoriais


Ao final deste módulo você será capaz de analisar exames laboratoriais para auxiliar na
escolha do medicamento isento de prescrição mais adequado.

Exames laboratoriais

A importância dos exames laboratoriais

Você sabia que o farmacêutico pode interpretar exames laboratoriais com o objetivo de aprimorar a
prescrição? Vamos entender melhor como esse profissional pode solicitar e interpretar os seus resultados.

Os exames laboratoriais contribuem para o diagnóstico e prognóstico, a avaliação de níveis plasmáticos de


fármacos e o monitoramento da efetividade da farmacoterapia. São serviços complexos que necessitam de
protocolos de execução para minimizar a ocorrência de erros e garantir a qualidade da informação. Essa
ferramenta é essencial para elucidar questões e auxiliar no diagnóstico de enfermidades clínicas não tão
evidentes. Alguns profissionais da área da saúde podem solicitar e interpretar os resultados e, no contexto
da farmácia, eles são utilizados para verificar os resultados do tratamento farmacológico e guiar o processo
de prescrição.

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Convém relembrar que a consulta farmacêutica é dividida em quatro partes: o acolhimento, a anamnese e a
verificação de parâmetros clínicos, a elaboração do plano de cuidado e a avaliação dos resultados. Nessas
etapas, o farmacêutico:

1ª etapa

Recebe o paciente e escuta atentamente a sua queixa.

2ª etapa

Deve identificar as necessidades e os problemas de saúde, as situações especiais e as


precauções e as possibilidades de conduta.

3ª etapa

Redige receita (terapia farmacológica ou não farmacológica) ou o encaminhamento e a


educação e orientação do paciente.

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4ª etapa

Deve avaliar se houve melhora (total ou parcial) no problema ou necessidade em saúde.

Cabe aos farmacêuticos prescritores questionarem o paciente quanto a exames realizados recentemente,
além de demonstrar a importância da sua interpretação para o processo de cuidado. Cabe aos pacientes
buscar, guardar e apresentar exames aos seus prescritores (de maneira geral, os exames são válidos por um
prazo máximo de seis meses).

Recomendação
Sabemos que o acesso do farmacêutico a esses exames ainda é bastante limitado; por isso, é necessário
conscientizar o paciente sobre a sua importância. Eles podem ser bastante úteis para guiar a indicação de
tratamentos quando avaliados junto com informações pessoais (nome, data de nascimento, idade, gênero,
endereço, medicamentos e suplementos em uso, entre outros) e o exame físico. Para isso, o farmacêutico
deve desenvolver a sua habilidade de comunicação e construir uma relação de confiança com o usuário.
Vamos falar mais sobre como a interpretação dos exames pode auxiliar o processo de prescrição no
decorrer desse texto.

O avanço da farmácia clínica possibilitou uma mudança no currículo do farmacêutico, permitindo a


obtenção de conhecimentos voltados para o cuidado com o paciente. Em outros países, farmacêuticos são
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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

treinados desde os primeiros períodos da graduação para a prática clínica.

No Brasil, as atividades clínicas do farmacêutico são regulamentadas a partir da Resolução RDC 585/2013
do Conselho Federal de Farmácia. Essa legislação permite que o farmacêutico, no âmbito da sua
competência profissional:

looks_one
Realize a solicitação de exames laboratoriais para a avaliação e o monitoramento da terapia
medicamentosa.

looks_two
Interprete o resultado de exames com o objetivo de tornar a terapia medicamentosa mais adequada para
aquele paciente.

looks_3
Identifique parâmetros bioquímicos e fisiológicos que devem ser acompanhados.

Além disso, a legislação também permite que o farmacêutico avalie os níveis séricos (concentração
plasmática) dos fármacos e identifique, avalie e realize intervenções em interações medicamentosas de
relevância clínica.

Esses procedimentos são de extrema importância para crianças, idosos, gestantes e pacientes que
apresentam comorbidades – incluindo problemas renais, hepáticos e imunossuprimidos. Em muitas
ocasiões, esses pacientes precisam de uma terapia farmacológica individualizada. Também cabe destacar
que a interpretação desses exames pode auxiliar na identificação e no manejo de efeitos adversos a
medicamentos.

A interpretação de exames laboratoriais

Previamente, você precisa relembrar como os exames laboratoriais podem ser influenciados por questões
de qualidade na fase pré-analítica, analítica e pós-analítica. Além disso, diversos medicamentos de uso
crônico ou agudo podem influenciar nos resultados dos exames por meio de interferências analíticas (in

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vitro) ou interferências fisiológicas (in vivo). Como exemplo, é sabido que o fenobarbital causa indução da
enzima glicuronil-transferase, e isso aumenta a sua conjugação com a bilirrubina; assim, ele pode afetar o
resultado da dosagem plasmática de bilirrubina.

Vamos relembrar os principais exames laboratoriais (hemograma, colesterol, lipídios, glicemia, função renal,
função hepática, entre outros); discutindo o que eles representam, seus valores de normalidade e como
realizar a melhor escolha dos MIPs baseada em seus resultados.

Hemograma

Série vermelha

Trata-se do exame da quantidade e das características das células sanguíneas ‒ eritrócitos, leucócitos e
plaquetas. Sua interpretação pode auxiliar na investigação da ocorrência de anemias, policitemias, doenças
hemolíticas, processos infecciosos bacterianos e virais, leucemias, processos alérgicos, doenças
inflamatórias crônicas, distúrbios da coagulação (manchas no corpo e sangramento excessivo), entre
outros.

A seguir, esclareceremos melhor os seguintes tipos de avaliações:

Eritrograma expand_more

Consiste na contagem das hemácias, a dosagem de hemoglobina e os índices hematimétricos. A


contagem de hemácias encontra-se reduzida nos quadros de anemia ferropriva.

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O volume corpuscular médio (VCM) consiste na avaliação do tamanho das hemácias ‒ é um


parâmetro bastante útil para identificar tipos de anemias. Há casos em que células macrocíticas,
devido à carência de ácido fólico, devemos avaliar a existência de anemia megaloblástica ou
perniciosa. Por outro lado, células microcíticas ocorrem devido à carência de ferro.

A Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) e a Hemoglobina Corpuscular Média


(HCM) estimam a quantidade de hemoglobina e permitem identificar o tipo de anemia. Quando o
VCM e o HCM encontram-se reduzidos, o CHCM encontra-se normal, podemos falar em suspeita de
anemia megaloblástica (deficiência de folato ou vitamina B12).

Red cell Distribution Width (RDW) expand_more

Consiste na análise da diferença de tamanho entre as células. Quando encontramos eritrócitos de


tamanhos diferentes, podemos estar diante de um quadro de carência de ferro. Na anemia
megaloblástica, há anisocitose e o valor de RDW encontra-se aumentado. Por outro lado, quando o
RDW se encontra reduzido, ocorrem macrocitoses, frequentemente associadas a doenças hepáticas.

As anemias podem ser uma consequência do uso de MIPs, por isso, é importante a atenção do
farmacêutico. A suplementação prolongada e excessiva de zinco para o tratamento de gripes e resfriados e
o uso excessivo de laxantes a base de magnésio, em pacientes com quadro de anorexia, por exemplo,
podem ser fatores que levam ou contribuem para os quadros de anemia. É importante, ao notar o paciente
que apresenta esse quadro, que o farmacêutico o questione sobre os MIPs que têm utilizado e por quanto
tempo.

Série branca (leucócitos)

É a parte do hemograma que avalia os leucócitos, células do sistema imunológico que combatem agentes
invasores.

Neutrófilo expand_more

Encontrado em maior quantidade no sangue (entre 45-75%), são produzidos na medula e seus
valores encontram-se mais elevados quando há infecção bacteriana. O aumento da produção se
mantém constante até que o organismo controle o processo infeccioso, então, sua concentração

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pode aumentar ou diminuir dentro de 24-48 horas. Além disso, esse processo faz com que a medula
libere na corrente sanguínea neutrófilos recém-produzidos, os bastões. Isso ocorre porque, na
presença de uma grande infecção, a medula agiliza a produção de neutrófilos para o combate da
infecção e, em tal processo, não há tempo suficiente para o amadurecimento dessas células. A
presença delas em concentrações acima dos valores de referência é um forte indicativo de processo
infeccioso agudo. Por outro lado ‒ quando a infecção já foi combatida ‒ encontramos uma grande
proporção de neutrófilos maduros, conhecidos como segmentados.

Linfócitos expand_more

Representam o segundo tipo de leucócito mais abundante no sangue, que são responsáveis pela
produção de anticorpos. Encontram-se aumentados quando há necessidade de defesa do organismo
contra vírus e células carcinogênicas, assim, ocorre rejeição a órgãos transplantados ou quando há
infecção pelo vírus HIV. Linfócitos atípicos podem aparecer na presença de infecções virais
(mononucleose, gripe, dengue, catapora, entre outras), medicamentos e doenças autoimunes (lúpus,
artrite reumatoide e síndrome de Guillain-Barré, entre outras).

Em menor proporção, temos os monócitos, os eosinófilos e os basófilos.

Monócitos expand_more

Podem estar aumentados tanto em infecções virais quanto em bacterianas ‒ geralmente, quando o
quadro se torna crônico (como na tuberculose).

Eosinófilos expand_more

São as células que se encontram aumentadas quando há necessidade de combate ao parasita, na


presença de asma ou nos processos alérgicos.

Basófilos expand_more

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São os leucócitos em menor proporção e seu número se eleva quando há presença de processos
alérgicos e inflamações crônicas.

O entendimento dessas células é importante para direcionar o pensamento do farmacêutico quanto ao


transtorno que o paciente apresenta. Diferenciando resfriados de quadro alérgicos, por exemplo, e
possibilitando a avaliação de agravos. As gripes causadas pelos vírus Influenza, em geral, não apresentam
alterações significativas em hemogramas, porém a linfopenia marcante indica a progressão da doença e a
necessidade de encaminhamento. Da mesma forma, a neutrofilia (aumento do número de neutrófilos) em
casos de resfriado simples indicam a presença de infecção bacteriana secundária e a necessidade de
avaliação médica.

Plaquetas

São fragmentos celulares responsáveis pelo início do processo de coagulação por meio da formação de
trombos. É importante verificar a sua quantidade nos casos de hemorragias, equimoses e preparação pré-
cirúrgica (para reduzir o risco de sangramento).

A plaquetopenia também pode ser vista em casos de dengue, por isso, é fundamental esse cuidado quando
o paciente apresenta sintomas como dor de cabeça, dores pelo corpo, febre, entre outras, para que não seja
confundida com um transtorno menor e o paciente seja adequadamente orientado, medicado e
encaminhado.

A seguir, veremos os valores de referência para cada tipo de exame:

Eritrograma expand_more

Contagem de hemácias: mulheres, 4,2-5,4/µl; homens, 4,4-6,0/µl

VCM: 80-100 fl
HCM: 30 a 33 pg
CHCN: 31-36 g/dL
RDW: 11-14%

Leucograma expand_more
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Contagem de leucócitos: 4.000-11.000 µl

Neutrófilos: 43-72 (%)


Segmentados e bastões: 4-5 (%)
Linfócitos: 18-43 (%)
Monócitos: 4-12 (%)
Eosinófilos: 0-8 (%)
Basófilos: 0-2 (%)

Plaquetas expand_more

Valores normais: 150.000-450.000/µl

Risco de sangramento espontâneo: < 10.000/µl


Risco de sangramento quando submetido a trauma ou procedimentos como pequenas cirurgias: <
50.000/µl
Risco de sangramento quando submetido a grandes cirurgias: < 100.000/µl
Trombocitose: > 450.000/µl

Glicemia e hemoglobina glicada

A avaliação da glicose

A glicose é popularmente conhecida como açúcar, e a sua dosagem sanguínea é a glicemia. A ingestão de
alimentos influenciará nos níveis de glicose sanguínea, pois são compostos por carboidratos e outros
nutrientes convertidos em glicose por meio do metabolismo.

A glicemia é utilizada para o diagnóstico da diabetes e a avaliação do seu tratamento, além de identificar
situações de hipoglicemia. É importante destacar que o diagnóstico da diabetes também inclui a avaliação
da hemoglobina glicada (próximo tópico).

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Valores de referência:

Normal

< 100 mg/dL em jejum;


< 140 mg/dL no teste de glicemia de 2 horas após sobrecarga de 75 g de glicose (TOTG – teste oral de
tolerância à glicose).

Tolerância diminuída

≥ 100 mg/dL e < 126 mg/dL;


Quando o valor de glicemia de 2 horas no TOTG estiver dentro do intervalo de ≥ 140 mg/dL a < 200
mg/dL.

Diagnóstico de diabetes

≥ 126 mg/dL para o jejum;


Glicose plasmática casual ≥ 200 mg/dL;
Valor ≥ 200 mg/dL no TOTG.

A hemoglobina glicada (Hb1Ac) também é utilizada como critério para o diagnóstico e o monitoramento do
controle do diabetes. A medida da Hb1Ac pode ser interpretada como o grau de exposição à glicose.
Quando comparada aos valores de glicemia de jejum, é possível verificar se o paciente teve uma elevada
exposição à glicose durante um maior período de tempo.

Alguns pacientes adotam uma dieta hipoglicêmica poucos dias antes da coleta para que o exame de glicose
fique dentro da normalidade. Porém, com a avaliação da Hb1Ac, é possível identificar se ele manteve os
hábitos saudáveis para o controle da doença por até três meses antes do exame.

Valores de referência:

Normal

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Entre 4,7% e 5,6%.

Pré-diabético

Entre 5,7% e 6,4%.

Pacientes diabéticos

> 6,5% em dois exames separados.

Tanto a glicemia quanto a hemoglobina glicada são importantes para o farmacêutico, para o cuidado que se
deve ter com medicamentos homeopáticos, por exemplo, que, em muitos casos, usa como diluente a
sacarose, um açúcar que deve ser evitado em pacientes diabéticos.

Perfil renal e hepático

Função renal

Os exames de sangue utilizados para avaliar a função renal são a dosagem de creatinina e de ureia.

A creatinina (Cr) é uma substância produzida pelos músculos, a partir da creatina e da fosfocreatina, e
eliminada por via renal. Sua dosagem plasmática é utilizada para estimar a taxa de filtração glomerular
(TFG). A creatinina pode estar elevada em pacientes com doenças renais e musculares (gigantismo e
acromegalia) e pacientes em uso de aminoglicosídeos e penicilinas; ela pode se encontrar diminuída na
gravidez, em perdas de massa muscular esquelética, e em pacientes que utilizam cimetidina e trimetropina.
Essa avaliação deve ser cautelosa no caso de pacientes com idade inferior a 18 anos, gestantes, indivíduos
sedentários ou atletas de alto rendimento.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

A ureia é uma substância resultante do catabolismo de proteínas e ácidos nucleicos. Sua produção ocorre
no fígado e cerca de 90% da sua eliminação ocorre nos rins. Sua interpretação deve ocorrer junto com a
creatinina, pois, sozinha, ela não é um preditor suficiente para estimar a função renal. Quando elevada, pode
indicar um comprometimento da função renal, azotemia (aumento da concentração plasmática de
compostos nitrogenados não proteicos, como ureia e creatinina) pré ou pós renal e aumento do
catabolismo proteico. Quando há aumento do catabolismo proteico, a creatinina permanece normal.
Quando a ureia encontra-se diminuída, pode ser um indicativo de diurese ou disfunção hepática.

Valores de referência:

Cr expand_more

0 a 1 mês, 0,00 a 1,00 mg/dL;


1 mês a 1 ano, 0,10 a 0,80 mg/dL;
1 a 16 anos, 0,20 a 1,00 mg/dL;
> 16 anos, mulher, 0,50 a 1,20 mg/dL;
> 16 anos, homem, 0,60 a 1,30 mg/dL

TFG expand_more

> 16 anos, > 60 mL/min/1,73 m²

Ureia expand_more

7 a 23 mg/dL

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

O farmacêutico deve compreender os dois aspectos relacionados ao uso de medicamentos e à disfunção


renal. Antibióticos, inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina), quimioterápicos e AINEs (anti-
inflamatórios não esteroidais) são os principais agentes que podem causar comprometimento da função
renal. Aqui, a função renal é afetada pelo uso do medicamento. O outro lado representa o oposto, o
tratamento medicamentoso é afetado pela insuficiência renal existente, principalmente em relação à
farmacocinética. A meia-vida de muitos medicamentos aumenta proporcionalmente ao comprometimento
da função renal e pode ser significativamente prolongada em pacientes com insuficiência renal.

A pacientes que apresentam disfunção renal, não devem ser prescritos AINEs, como ibuprofeno, e aspirina
em altas doses. Anti-histamínicos, especialmente os de 1ª geração, devem ter a dose ajustada para
pacientes com insuficiência renal, uma vez que os efeitos anticolinérgicos associados ao clearance
reduzido podem levar a importantes efeitos adversos. Descongestionantes orais, como a fenilefrina, devem
ser evitados, uma vez que sua excreção é altamente dependente dos rins. Da mesma forma, deve-se evitar
medicamentos à base de alumínio e magnésio, como os antiácidos.

learence
A depuração renal, ou clearance, é um fenômeno em que a fração filtrada do plasma é transformada em filtrado
glomerular e depois em urina. Sendo assim, em relação à concentração plasmática, substâncias eliminadas
pelo rim apresentam um clearance maior do que as não eliminadas.

Função hepática

O exame de sangue utilizado para estimar a função hepática é a dosagem de enzimas hepáticas conhecidas
como aminotransferases: a AST (aspartato amino-transferase) ou TGO (transaminase glutâmico-
oxalacética) e a ALT (alanina amino-transferase) ou TGP (transaminase glutâmico-pirúvica).

A AST é uma enzima encontrada majoritariamente no fígado ‒ porém, ela também está presente no coração,
no músculo esquelético e em outros tecidos. Sua dosagem sérica é indicada quando há suspeita de
doenças hepáticas ou no monitoramento do tratamento prolongado com certos fármacos potencialmente
hepatotóxicos (como acetazolamida, alopurinol, calcitriol, citarabina, cloranfenicol, fluoxetina, haloperidol,
diazepam, isotretinoína, enalapril, valproato de sódio, entre outros). Seu resultado encontra-se elevado nos
casos de cirrose hepática, em lesões teciduais hepáticas, no infarto do miocárdio, na hemocromatose, na
hepatite, no câncer do fígado, em pancreatites, na deficiência de piridoxina, nas doenças
musculoesqueléticas, entre outros.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

A ALT é uma enzima presente em quantidades elevadas nos hepatócitos. Por isso, sua dosagem elevada é
indicativa de lesão nessas células. Ela é amplamente utilizada no monitoramento terapêutico de fármacos
potencialmente hepatotóxicos. Resultados elevados podem indicar a presença de etilismo, doenças
hepáticas virais, cirrose hepática, colestase, hemocromatose, anemia hemolítica, hipotireoidismo, entre
outros.

Valores de referência:

AST expand_more

Até 1 ano de idade, 30 a 80 U/l; Mais de 1 ano de idade, 10 a 40 U/l.

ALT expand_more

Até 1 ano de idade, 5 a 50 U/l; Mais de 1 ano de idade, 10 a 40 U/l.

No monitoramento farmacoterapêutico, ao acompanhar uma possível lesão causada pelo medicamento, o


farmacêutico deve observar atentamente o aumento de AST e ALT. Os valores relacionados a essas enzimas
tendem a subir acima de três vezes o valor de referência, o que já indica lesão e seria indicativo para
possível suspensão do tratamento.

Recomendação

No que diz respeito aos MIPs, precisamos lembrar que grande parte dos fármacos são metabolizados no
fígado anteriormente à sua eliminação, por isso, o fígado tem papel fundamental na farmacocinética dessas
substâncias. Pacientes que já apresentam distúrbios hepáticos devem ser orientados aos cuidados que
devem ter com alguns tipos de antibióticos, e o uso de AINEs, bem como de paracetamol, deve ser feito na
menor dose e pelo menor espaço de tempo possível.

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Estudos mostram, ainda, que os principais medicamentos relacionados à falência hepática aguda e à
automedicação são o paracetamol, Camellia sinensis (Chá verde), Rhamnus purshianus (Cáscara sagrada) e
isoflavonas. Isso mostra a importância da atenção do farmacêutico ao fazer a anamnese do paciente,
procurando saber o que o paciente toma de medicamento, com que frequência e em que dose. Em
pacientes que já apresentam diferentes níveis de hepatopatia, o cuidado deve ser ainda maior para evitar a
progressão da doença e os efeitos adversos.

video_library
A importância dos exames laboratoriais para o
farmacêutico
Nesta vídeo, a especialista abordará os tópicos contemplados neste módulo.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O corpo deve processar (alterar ou metabolizar quimicamente) os fármacos para usá-los e eliminá-los.
A maior parte desse processamento ocorre no fígado e é feito por enzimas hepáticas. Sobre esse tema,
assinale a alternativa que contêm afirmações corretas:

1) As aminotransferases (AST e ALT) são encontradas exclusivamente no fígado.

2) A prescrição de paracetamol deve ser evitada quando essas enzimas se encontram em valores
acima de três vezes o valor de referência.

3) Betabloqueadores constituem uma classe de medicamentos que requer avaliação trimestral da


função hepática durante o primeiro ano de tratamento e, a cada 6 meses, a partir do segundo ano.

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A 3.

B 1 e 3.

C 2.

D 2 e 3.

E 1 e 2.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Além do fígado, a enzima AST também é encontrada no coração e outros músculos, e também pode ser
encontrada nos rins. O paracetamol é um medicamento altamente metabolizado pelo fígado e deve ser
evitado nos casos em que se percebem alterações nos exames laboratoriais referentes à função
hepática. O uso de estatinas deve estar associado com avaliações frequentes da função renal.

Questão 2

Alguns medicamentos usados para tratar sintomas comuns, incluindo medicamentos que não estão
relacionados aos rins, podem causar danos nesses órgãos se usados de maneira incorreta. Esses
medicamentos são conhecidos como nefrotóxicos. Sobre a utilização de medicamentos e a avaliação
da função renal, assinale a alternativa correta.

Anti-histamínicos e descongestionantes orais podem ser utilizados sem maiores


A
preocupações em pacientes com disfunção renal.

Antibióticos e quimioterápicos são os únicos agentes que podem causar


B
comprometimento da função renal.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Quando o paciente apresenta doença renal crônica, é necessário realizar o ajuste da


C dose dos medicamentos a serem administrados para garantir a efetividade e prevenir a
toxicidade.

A meia-vida dos fármacos tende a ficar diminuída em pacientes que apresentam


D
disfunção renal.

E A ureia é o melhor preditor para o cálculo de taxa de filtração glomerular.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Anti-histamínicos e descongestionantes orais devem ser utilizados com cautela nesses pacientes, uma
vez que o menor clearance e o fato de que esses fármacos dependem de eliminação renal, pode levar a
efeitos adversos. Alguns MIP, como os AINE, podem comprometer a função renal e, por isso, não devem
ser prescritos para pacientes nefropatas. A meia-vida dos fármacos tende a aumentar em pacientes
com disfunção renal, uma vez que sua excreção está comprometida. A ureia não é um bom preditor de
TFG, porque parte dessa substância retorna ao plasma por meio da difusão passiva nos túbulos renais.
Ela deve ser avaliada em associação com outro parâmetro, como a creatinina.

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

4 - Identificação das situações de alerta e


encaminhamentos
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer situações de risco nas quais o paciente
necessita de atendimento médico.

Situações de alerta e encaminhamentos

Encaminhamentos

O que devemos fazer quando percebemos que o problema de saúde precisa de cuidados especiais?

Durante o acolhimento, o farmacêutico pode se deparar com casos que apresentam problemas de saúde
agravados ou condições específicas que devem ser tratadas por outros profissionais (como fisioterapeutas,
nutricionistas, educadores físicos, entre outros). Nesses casos, é necessário demonstrar a importância da
continuidade do cuidado.

Quando se trata de uma condição de agravamento do quadro de saúde, o farmacêutico deve compreender
que a situação está além do seu escopo profissional. Nesses casos, ele nunca deve se retirar e deixar o
paciente em situação de desamparo.

Atenção!

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Em situações de sofrimento intenso ou risco de vida, o farmacêutico deve amparar o paciente e fazer o seu
encaminhamento para o serviço de emergência mais próximo, seja ele público ou privado. Em situações em
que há uma ocorrência que necessita de assistência, mas esta não implica em risco imediato à vida, o
farmacêutico deve realizar o encaminhamento completo em um contexto de urgência.

O processo de encaminhamento deve ser composto por uma orientação adequada, voltada ao paciente
sobre o seu estado de saúde e a elaboração de um documento de encaminhamento para o outro
profissional. É importante que esse documento contenha informações úteis para auxiliar no processo de
seguimento, incluindo o motivo, a situação de saúde do paciente e relatos e suspeitas relevantes.

Situações de alerta

Existem algumas situações em que o farmacêutico deve estar alerta para identificar riscos, mesmo que a
situação não envolva urgências ou emergências observadas de maneira direta. Quando o farmacêutico deve
realizar o encaminhamento para um médico?

Se ele pertence a um grupo de risco (gestantes, lactantes, recém-nascidos, crianças, idosos).


Se o problema não puder ser conduzido com MIP.
Se estiver ocorrendo reação adversa a outro medicamento que o paciente utiliza.
Se os sintomas se associarem a outra doença.

Em alguns casos, os transtornos menores podem se desenvolver para um agravamento do quadro. Nessas
situações, o farmacêutico deve fazer o encaminhamento para o médico. São sinais de agravamento:

Febre presente acima de 40ºC ou por um período de mais de 2 dias.


Gripe ou resfriado com duração de mais de 10 dias.
Muco com característica espessa verde ou amarela.
Obstrução nasal, sem melhora após 5 dias de uso de descongestionantes.
Sintomas de asma, dificuldade ao respirar, ritmo rápido de respiração e chiados.
Dor ou pressão no peito.
Pele com coloração azulada.
Ingestão insuficiente de líquidos ou alimentos.
Suspeita de otite.
Alteração no estado mental – sonolência, irritabilidade, tontura, confusão ou desorientação.
Náuseas e vômitos severos ou persistentes.
Rinite alérgica persistente.

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Rouquidão, dor de garganta e tosse constantes.


Constipação com duração além de 3 semanas ou além de uma semana com o uso de laxantes.
Presença de sangue, pus e muco nas fezes.
Pediculose em crianças menores de 2 anos com a presença de feridas na cabeça.
Dor de cabeça associada a distúrbios de humor e sono, manifestações visuais e sensitivas, trauma,
problemas de visão ou náuseas, vômitos e tontura e rigidez na nuca.
Sinais e sintomas que não reagem ao tratamento com MIP.

O primeiro passo é avaliar se o quadro apresenta alguma ameaça direta à vida ou de sofrimento intenso. Em
seguida, deve-se avaliar se o paciente pertence a algum grupo de risco. Vamos observar alguns casos que
mostram a análise do farmacêutico a partir das informações prestadas e sua conduta.

Estudos de caso

O que acontece na prática?

Para compreender como as questões apresentadas ocorrem na prática clínica, vamos avaliar alguns
estudos de caso.

Caso 1

Paciente R.Y.M., 30 anos, com queixa de nariz entupido há 3 dias, catarro de cor clara e febre de 38,5°C por
mais de 10 horas.

A seguir, veremos a análise do caso e respectivas propostas de tratamento:

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20/01/2023 20:25 Atenção farmacêutica e o manejo dos transtornos menores

Análise expand_more

Não há sinais de risco ou agravantes.

Proposta de tratamento farmacológico expand_more

Anti-histamínico sistêmico (fexofenadina), combinado a um descongestionante sistêmico


(pseudoefedrina) para tratar das manifestações nasais (rinorreia, congestão nasal e espirros), e
paracetamol para o controle da febre.

Proposta de tratamento não farmacológico expand_more

Indicar repouso associado a uma dieta rica em vitamina C, zinco e betacaroteno (frutas e legumes) e
hidratação.

Caso 2

Paciente M.A.R., 70 anos, com queixa de constipação por mais de uma semana.

A seguir, veremos a análise do caso e respectivas propostas de tratamento:

Análise expand_more

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Apesar da sua idade ser um sinal de alerta (superior a 65 anos), seu quadro não apresenta gravidade.

Proposta de tratamento farmacológico expand_more

A escolha do laxante deve ser baseada na experiência da paciente e na redução do risco de


ocorrência de interações medicamentosas e reações adversas. Por exemplo: hidróxido de magnésio
não pode ser indicado para pacientes que utilizam levodopa, lítio, benzodiazepínicos, fenotiazinas,
digoxina, cetoconazol, diflunisal, gabapentina, levotiroxina, penicilinas e tetraciclinas. Também é
importante salientar questões de eventos adversos com o uso de plantas medicinais e fitoterápicos.

Muitos pacientes utilizam essas opções devido ao saber popular, frequentemente por indicação de
parentes ou amigos. Existe uma falácia de que medicamentos naturais ou plantas não fazem mal
para a saúde e, por isso, não há necessidade de temor com a sua utilização. É preciso salientar para
o paciente que o uso indiscriminado, em doses maiores do que as recomendadas, pode causar
intoxicação. Plantas utilizadas para o tratamento da constipação, com a cáscara sagrada (Camellia
sinensis), estão entre as principais causas de hepatite aguda. Por isso, deve-se ter cautela na
avaliação do uso de chás e fitoterápicos, e na sua recomendação.

Proposta de tratamento não farmacológico expand_more

Indicar uma alimentação rica em fibras, ingestão de água e prática de atividades físicas.

Caso 3

Paciente T.A.I., 7 anos, acompanhada da sua responsável, a qual informa que identificou a presença de
piolhos na cabeça da criança.

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A seguir, veremos a análise do caso e respectivas propostas de tratamento:

Análise expand_more

Apesar da sua idade ser um sinal de alerta (menos de 12 anos), seu quadro não apresenta gravidade.

Proposta de tratamento farmacológico expand_more

Pode ser realizado a partir de piretrinas, hidrocarbonetos clorados e organofosforados administrados


de maneira tópica na formulação de loção ou xampu. O tratamento com anti-helmínticos, como a
ivermectina, é recomendado para casos de infestações graves em que as feridas podem gerar
infecções secundárias.

Proposta de tratamento não farmacológico expand_more

Realizar observações semanais no cabelo da criança com o auxílio do pente fino, penteando sobre
uma superfície clara, a fim de facilitar a visualização de lêndeas ou piolhos. Além disso, é importante
ressaltar a importância das precauções de contato e compartilhamento de objetos pessoais.

Caso 4

Paciente L.S.S. busca medicamento para diarreia de 2 dias de evolução. Seus principais sintomas são: 4-5
evacuações diárias, fezes líquidas com muco e um pouco sanguinolentas, e dor abdominal ‒ recorrente há
quase um ano, repetidas vezes.

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A seguir, veremos a análise do caso e a conduta recomendada:

Análise expand_more

Como a paciente relata a presença de diarreia em episódios frequentes, sangue nas fezes e dor
abdominal, o farmacêutico identifica uma situação de urgência. Nesse caso, ele deve fazer um
encaminhamento para o médico para a resolução imediata do caso.

Conduta expand_more

Após a consulta, a paciente retorna à farmácia e o farmacêutico realiza a dispensação dos


medicamentos e as orientações necessárias para o tratamento farmacológico.

Caso 5

Paciente P.R.U. com queixa de febre alta por 24 horas, dor no corpo e manchas avermelhadas.

A seguir veremos a análise do caso:

Análise expand_more

Há febre, mas ela não está constante por mais de 48 horas.

Entretanto, os sinais e sintomas relatados podem estar associados à dengue. Essa suspeita pode
ser reforçada a partir da interpretação do exame de sangue, por isso, ele deve sempre perguntar ao

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paciente se ele possui um exame recente. As principais alterações sanguíneas são: leucopenia,
plaquetopenia, linfocitopenia, presença de linfócitos atípicos e alterações nas transaminases.

Como há essa suspeita, o farmacêutico deve evitar a recomendação de ácido acetil salicílico (pois
ele pode piorar um possível episódio de hemorragia) e paracetamol ou anti-inflamatórios não
esteroidais (devido ao risco de causar hepatotoxicidade). A melhor indicação frente a essa suspeita
é a dipirona. Além disso, o farmacêutico deve avaliar a evolução dos sintomas pedindo para que a
paciente retorne no dia seguinte. No caso de agravamento, ele deve realizar o encaminhamento de
emergência para um médico.

No vídeo a seguir, esclareceremos algumas questões.

video_library
Identificando situações de alerta e encaminhamentos
Neste vídeo, a especialista explica quais são as situações de alerta às quais o paciente precisa ser
encaminhado para outros profissional da saúde.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A azia é um dos três problemas de saúde autolimitados mais usuais, que levam os pacientes a
consultar um profissional de saúde. A prevalência dos sintomas varia de 10% a 48%, e em combinação
com arrotos, de 21% a 59%. Assinale a alternativa que contêm sentenças verdadeiras quanto à
necessidade de encaminhamento do paciente para uma consulta médica.

1) Casos de indigestão constante ou recorrente, e pirose por mais de 3 meses.

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2) Presença de sinais e sintomas como náuseas, tontura, falta de ar ou dor no peito irradiando para o
braço ou mandíbula.

3) Relatos de azia e dispepsia pontuais tratadas com antiácido.

A 1, 2 e 3

B 1e3

C 2e3

D 1e2

E 1

Parabéns! A alternativa D está correta.

Quando o farmacêutico atende um paciente com queixa de dispepsia, é importante que ele observe se
há outros sinais e sintomas compatíveis com o agravamento da doença, como úlcera péptica e câncer
gástrico. A indigestão constante ou recorrente é um sinal de que há fatores que precisam ser
investigados para entender a causa da recorrência. Da mesma forma, alterações do estado mental
(como é a tontura) e falta de ar, dentre outros, são sempre sinais de agravamento e devem ser
encaminhados ao profissional médico.

Questão 2

Todos os anos, quando o inverno se aproxima, aumentam as taxas de incidência de doenças


respiratórias. Muitas pessoas procuram as farmácias e drogarias em busca de medicamentos para
aliviar os seus sintomas. Embora muitos deles sejam isentos de prescrição, há necessidade de uma
avaliação clínica por parte do farmacêutico para realizar a avaliação do quadro geral de saúde. Assinale
a alternativa que contém situações de alerta nas quais o farmacêutico deve encaminhar o paciente
para o médico.

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A Constatação de febre acima de 37,8ºC.

B Dificuldade ao respirar, ritmo rápido da respiração e chiados.

C Presença de secreção nasal com característica aguada.

D Pacientes pediátricos com menos de 14 anos.

E Obstrução nasal sem melhora após 2 dias de uso de descongestionantes.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O paciente deve ser encaminhado para o médico quando a febre ultrapassa 40ºC e perdura por dois
dias; o muco se encontra abundante, com característica espessa e coloração verde ou amarela; trata-se
de um paciente pediátrico com idade inferior a 12 anos e quando há persistência de obstrução nasal
por mais de 5 dias.

Considerações finais
É necessário que o farmacêutico compreenda a totalidade de fatores que podem ocasionar problemas de
saúde frequentes na população. Essa importância aumenta em relação a situações presentes nas
atividades de atenção farmacêutica, quando esse profissional é capaz de identificar casos de transtornos
menores, para os quais pode indicar tratamentos farmacológicos e não farmacológicos.

O sucesso desse procedimento implica no treinamento do profissional para realizar uma prescrição de
maneira correta, incluindo a avaliação de sinais e sintomas característicos, e sua capacidade para
interpretar exames laboratoriais e identificar condições que podem influenciar na farmacoterapia. Ele

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também deve ser capaz de reconhecer situações que ultrapassam a sua competência e que necessitam de
avaliação médica.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a atenção farmacêutica como uma atividade essencial
para a relação paciente-medicamento. No entanto, apesar do seu reconhecimento, ela ainda é pouco
praticada, e a maioria dos farmacêuticos não possui formação voltada para isso. Cabe a esse profissional
ocupar espaços nos quais ele pode auxiliar pessoas e ser profissionalmente reconhecido.

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Podcast
Neste podcast, a especialista fará um resumo dos principais tópicos apresentados no conteúdo.

Referências
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ed. [S. l.]: AMGH, 2006.

CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução CFF no 586, de 29 de Agosto de 2013. v. 29, 2013.

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HESS, C. et al. Over-the-counter drugs to avoid in older adults with kidney impairment. Nephrology Nursing
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LIMA SANTOS, P. C. J.; DA ROCHA, C. E. (Org.). Cuidado farmacêutico aos pacientes com distúrbios
menores. 1. ed. [S. l.]: Atheneu, 2019. v. 6.

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Journal of Pediatrics. v.136, i. 5, 2000, p. 688-690.

SANTOS, P.; JUNIOR, P. Atenção farmacêutica: contexto atual, exames laboratoriais e acompanhamento
farmacoterapêutico. São Paulo: Atheneu, 2016.

SILVA, J. P. V. da; BATISTELLA, C. E. C.; GOMES, M. de L. Problemas, necessidades e situação de saúde: uma
revisão de abordagens para a reflexão e ação da equipe de saúde da família. [S. l.], 2007.

SUGIMOTO, H.; YAMADA, U. Iron deficiency anemia induced by magnesium overuse: a case report.
BioPsychoSocial Medicine. 2019.

WILLIAMSON, M. A.; LM, S. Wallach ‒ Interpretação de exames laboratoriais. 10a. [S. l.]: Guanabara Koogan,
2015.

Explore +
Pesquise na Internet o documento Algoritmos de prática clínica: grupo de trabalho de educação
permanente, do Conselho Federal de Farmácia, para acessar algoritmos que favorecem a decisão do
farmacêutico na prática da atenção.

Pesquise na Internet a cartilha do PROFAR denominada Serviços farmacêuticos diretamente destinados ao


paciente, à família e à comunidade, e leia mais sobre o serviço clínico de manejo de problemas de saúde
autolimitados.

Assista ao vídeo PROGRAMA FARMACÊUTICO + SAÚDE: Prescrição Farmacêutica, do Conselho Federal de


Farmácia, para compreender um pouco mais sobre a prescrição farmacêutica.

Leia o capítulo 3, Medicamentos isentos de prescrição (MIP), dispensação e prescrição farmacêutica, do


livro Atenção Farmacêutica: Contexto Atual, Exames Laboratoriais e Acompanhamento
Farmacoterapêutico, de Paulo Caleb Júnior de Lima Santos.

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