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Tema:

DIARREIA CRÓNICA ASSOCIADA AO HIV

DIARREIA ASSOCIADA A ANTIBIÓTICOS

Nampula

2023
Formando:
Célia Fernando Namuana

Curso: TMG-05

Trabalho de Carácter Avaliativo da


Cadeira de Pediatria III, leccionada
pela docente:
Maria Adelaide Vaz

Tema:

Diarreia crónica associada ao HIV

Diarreia associada a antibióticos

Nampula
2023
ÍNDICE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................4
DIARREIA CRÓNICA ASSOCIADA AO HIV...............................................................5
Fisiopatologia....................................................................................................................5
Quadro clínico...................................................................................................................6
Anamnese..........................................................................................................................6
Exames Auxiliares e Diagnóstico......................................................................................7
Conduta.............................................................................................................................7
DIARREIA ASSOCIADA A ANTIBIÓTICOS................................................................8
Fisiopatologia....................................................................................................................8
Quadro clínico...................................................................................................................8
Colite por C. dificile..........................................................................................................8
Conduta.............................................................................................................................9
CONCLUSÃO.................................................................................................................10
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................11
INTRODUÇÃO

Este presente trabalho fala sobre diarreia crônica associado ao HIV e diarreia associada
aos antibióticos, onde vou falar da descrição fisiológica, importância clínica, exames
auxiliares, diagnostico e a conduta. E na diarreia associada antibióticos vou descrever os
antibióticos que determinam mais frequentemente diarreia em crianças, fisiopatologia,
sessão anatômica afectada, quadro clinico, a evolução clinica e a conduta.

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DIARREIA CRÓNICA ASSOCIADA AO HIV

Em pacientes com HIV/SIDA, a diarreia é um sintoma muito frequente e sua incidência


difere de acordo com as condições socioeconómicas da região estudada. Os países
desenvolvidos têm incidência em torno de 60%, enquanto em alguns países
subdesenvolvidos as taxas chegam a 100% no curso da doença.

Agentes infecciosos podem ser identificados em até 80% dos casos. O tratamento
específico desses agentes diminui a morbidade e a mortalidade. A co-infecção é comum
e os níveis de CD4 auxiliam no diagnóstico e prognóstico.

Fisiopatologia

A diarreia crónica nas crianças com infecção pelo HIV pode ser determinada por
diferentes mecanismos:

 Infeccioso:
 Gastroenterites infecciosas bacterianas e virais (Salmonella, E.coli, Rotavírus,
adenovírus) são mais frequentes nas crianças seropositivas (que não estão em
TARV) e podem ter uma duração maior;
 Ao reduzir o número de CD4 verifica-se o aumento de frequência de infecções
oportunistas, por bactérias, protozoários, fungos ou vírus que normalmente não
causam infecções sintomáticas porque o organismo é capaz de se defender
(Complexo Mycobacterium Avium (MAC), Isospora, Microsporidia, Cândida,
CMV, HSV).

Os agentes infecciosos que estão mais frequentemente envolvidos são:

 E.coli;
 Salmonella (não typhi);
 Criptosporidiaum;
 Microsporidia;
 Giardia;
 Isospora.
 CMV;
 MAC;

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 M. tuberculosis.
 Enteropatia por HIV: pensa-se que esteja determinada pela acção do próprio vírus do
HIV. Observa-se uma atrofia da parte superior da mucosa intestinal (as vilosidades
onde acontece a absorção dos alimentos). Como consequência a absorção das
substancia é reduzida a chamada síndrome de mal absorção com intolerância à
lactose.

Quadro clínico

A diarreia crónica é um dos sintomas mais frequentes em lactentes e crianças com


infecção pelo HIV não tratado. A diarreia crónica leva a desnutrição que piora o estado
imunitário e a mal absorção e facilita a presença de outras infecções. Assim desenvolve-
se um ciclo vicioso como o que pode acontecer em crianças seronegativas. O ciclo
vicioso precisa do tratamento da própria infecção pelo HIV para ser quebrado.

Anamnese

Os sintomas mais frequentes da enteropatia por HIV são:

 Diarreia persistente ou recorrente, na maioria dos casos aquosa;


 Dores abdominais;
 Falência de crescimento.

A salmonella spp pode causar infecção mais grave que em crianças seronegativas com
bacteremia e pode se manifestar com um quadro de toxemia semelhante ao determinado
da Salmonella typhi, mesmo não sendo provocada pela própria Salmonella typhi. A
Campylobacter, Isospora belli e Microsporidia determinam diarreia aquosa
acompanhada de dores abdominias.

Na Microsporidíase náusea e vómito são também frequentes. OCryptosporidium infecta


o intestino delgado e o colon, a infecção é mais frequente em crianças menores de 5
anos. Ambos, a Criptosporidíase e a Microsporidíase, podem-se complicar com
colecistite (infecção da vesícula biliar).

A infecção por MAC pode complicar-se com peritonite. O CMV determina infecção
sistémica com envolvimento do intestino. O vírus pode causar lesões localizadas ou
gerais (úlceras a partir do esófago até o recto). O CMV causa diarreia com dores

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abdominais que pode ser acompanhada por rectorragia e pode-se complicar com
colecistite.

Exames Auxiliares e Diagnóstico

Perante uma criança com infecção pelo HIV e diarreia crónica devem ser realizado o
exame das fezes a fresco, e coprocultura. Estes exames permitem de identificar os
microorganismos que determinam a diarreia infecciosa associada ao HIV, enquanto o
diagnóstico da enteropatia causada pelo HIV é um diagnóstico de exclusão.

 Exame a fresco das fezes: evidencia a presença dos cistos de Cryptosporidium,


da Isospora e da Microsporidia.
 Hemocultura: permite a identificação da Salmonella.
 Coprocoltura: permite a identificação de infecção por Salmonella,
Campylobacter, MAC
 Exame do expectorado ou do sugo gástrico: permite o diagnóstico de infecção
por MAC.

Conduta

O tratamento baseia-se no tratamento da própria infecção do HIV (TARV), pois pode


melhorar o estado imunitário (subida dos CD4), reduzir a carga viral e reduzir os
sintomas da diarreia. Em caso de infecções por:

 Salmonella: Cloranfenicol 50mg/kg/dia de 6/6 horas durante 7 dias.


 Isospora: CTZ 8/kg/dia de TMP, de 12/12h, durante 7 dias:
 Comprimidos de 400 mg de Sulfametoxazol (SMX) e 80mg de Trimetoprim
(TMP):
 2-5 meses: 1/4 comp. de 12/12 h;
 6 meses 5 anos: 1/2 comp. de 12/12 h;
 6-12 anos: 1 comp. de 12/12 h.
 Suspensão 200 mg SMX e 40 mg TMP/5 mL.
 2-5 meses: 2,5 mL de 12/12h;
 6 meses-5 anos: 5 mL de 12/12 h;

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 6-12 anos: 10mL de 12/12 h.
 Microsporidia: Albendazol. Por causa de diarreia não de causa antibiótica faz-se:
 < 10 anos 200mg de 12 / 12 durante 4 semanas ou até que o CD4 aumente
até 200/mm3
 ≥ 10 anos 400mg de 12/12 durante 4 semanas ou até que o CD4 aumente até
200/mm3.
 CMV: Ganciclovir 5 mg/kg/dose EV de 12/12 horas por 3-6 semanas.

DIARREIA ASSOCIADA A ANTIBIÓTICOS

O intestino normalmente contém bactérias (denominados flora microbiana normal) que


não causam lesões, mas, ao contrário, são úteis para a manutenção normal da mucosa.
Estas bactérias ajudam na absorção de alguns micronutrientes e impedem o
desenvolvimento de bactérias patogénicas. Assim enquanto a flora micróbica for
mantida, age como uma defesa do intestino e estas bactérias podem ser encontrados
normalmente nas fezes. No estômago e no intestino delgado a presença da flora
microbiana normal é limitada devido ao ácido gástrico e à motilidade do intestino
delgado.

Fisiopatologia

Os antibióticos determinam alteração da flora intestinal normal micróbica com remoção


das bactérias que normalmente constituem tal flora podendo ser substituída por bactéria
que causam inflamação da própria mucosa.

Quadro clínico

A presença de diarreia durante o tratamento antibiótico é comum. Os antibióticos usados


em pediatria e que com mais frequência alteram a flora microbiana são Amoxicilina, os
Cefalosporinas, Clindamicina e Cloranfenicol. Na maioria dos casos trata-se de diarreia
aquosa, leve ou moderada que se desenvolve durante ou após o tratamento com
antibióticos, e autolimita-se.

Colite por C. dificile

Em alguns casos desenvolve-se a bactéria Clostridium dificile que causa uma


inflamação do intestino grosso (colite) devida a produção duma toxina chamada
Enterotoxina. O C.dificile pode ser parte de flora micróbica na maioria das crianças sem

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determinar nenhuma sintomatologia. O problema começa por causa do tratamento
antibiótico, o crescimento das outras bactérias reduz-se e o crescimento do próprio
C.dificile aumenta.

A infecção é mais comum em:

 Pessoas que receberam Cefalosporinas, Amoxicilina e Clindamicina;


 Doentes hospitalizados (infecção nosocomial).

Na maioria dos casos também o C.dificile determina diarreia leve-moderada às vezes


acompanhada por dores abdominais e anorexia.

Nos casos graves determina o desenvolvimento de diarreia com muco e sangue,


acompanhada por febre elevada, dores abdominais, mal-estar geral e tenesmo. O exame
das fezes pode mostrar presença de sangue (em caso de disenteria).

Conduta

 Na maioria dos casos com diarreia leve a interrupção da terapia antibiótica é


suficiente e será seguida pela reconstituição da flora microbiana e do fim da
diarreia.
 No caso de colite com diarreia, febre elevada e mal-estar geral: tem indicação o
uso de antibióticos. Sendo que a bactéria permanece no lumen intestinal do
intestino grosso é indicado o tratamento oral que é eficaz e com menores efeitos
colaterais. O antibiótico de primeira escolha é o Metronidazol: 7,5mg/kg três
vezes por dia, durante 7 dias. O doente com disenteria e febre elevada deve ser
internado no hospital, colocado em isolamento, se for possível e avaliado pelo
médico.

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CONCLUSÃO

Perante este trabalho conclui que a diarreia crónica em paciente com infecção pelo HIV
pode ser determinada por infecções oportunistas ou por acção do próprio vírus. O
tratamento é baseado no TARV e a melhoria do estado imunitário da criança. E a flora
microbiana normal encontra-se no intestino e é composta por bactérias necessárias e
úteis ao nosso organismo. Alguns antibióticos alteram a flora microbiana normal
causando a proliferação de bactérias patogénicas e deste modo, a diarreia surge durante
ou depois da administração do antibiótico. A suspensão do antibiótico na maioria dos
casos resolve a diarreia.

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BIBLIOGRAFIA

Stanfield, P, et al. Saúde Infantil - Um manual para os trabalhadores médicos e de saúde


no centro de saúde e hospitais rurais. 1999. 2 ª edição. AMREF.

Hay, WW Hayward, AR Levin, MJ Sondheimer, JM. Diagnóstico e Tratamento


Pediátrica atual. 16 edição. 2003. Lange-McGraw Hill.

OMS. Cuidados Hospitalares para criança. ARTMED Editora, S.A; 2008.

Werner, D., et al. Onde Não Há Médico. TALC. 2008

Kliegman, RM, et al. Livro Didático de Pediatria de Nelson.19a Edição. 2011.

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