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imaginário fusão com o corpo da mãe, e o real como um


al. Imaginäre; esp. imaginario; fr. imaginaire; ing. resto impossível de simbolizar.
imaginary Lacan conferiu ao simbólico, até 1970, um
lugar dominante em sua tópica. A ordem das
Termo derivado do latim imago* (imagem) e empre-
instâncias era esta: S.I.R. Depois dessa data, ele
gado como substantivo na filosofia e na psicologia
construiu uma outra organização, centrada na
para designar aquilo que se relaciona com a ima-
primazia do real (e portanto, da psicose*), em
ginação, isto é, com a faculdade de representar
coisas em pensamento, independentemente da
detrimento dos outros dois elementos. S.I.R.
realidade.
transformou-se então em R.S.I.
Utilizado por Jacques Lacan* a partir de 1936, • Jacques Lacan, Os complexos familiares na forma-
o termo é correlato da expressão estádio do espe- ção do indivíduo, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987;
lho* e designa uma relação dual com a imagem do “O estádio do espelho como formador da função do eu”
semelhante. Associado ao real* e ao simbólico* no (1949), in Escritos (Paris, 1966), Rio de Janeiro, Jorge
âmbito de uma tópica, a partir de 1953, o imaginário Zahar, 1998, 96-103; “Le Symbolique, l’imaginaire et le
réel” (1953), Bulletin de l’Association Freudienne, 1,
se define, no sentido lacaniano, como o lugar do
1982, 4-13; O Seminário, livro 1, Os escritos técnicos
eu* por excelência, com seus fenômenos de ilusão, de Freud (1953-1954) (Paris, 1975), Rio de Janeiro,
captação e engodo. Jorge Zahar, 1979; O Seminário, livro 2, O eu na teoria
de Freud e na técnica da psicanálise (1954-1955)
Foi inspirando-se ao mesmo tempo nos (Paris, 1978), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1985; O
trabalhos do psicólogo Henri Wallon (1879- Seminário, livro 3, As psicoses (1955-1956) (Paris,
1962), na fenomenologia hegeliana e hus- 1981), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1988, 2a. ed.; O
serliana e no conceito de Umwelt, extraído de Seminário, livro 4, A relação de objeto (1956-1957)
(Paris, 1994), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1995; Le
Jakob von Uexküll (1864-1944), que Jacques Séminaire, livre XXII, R.S.I. (1974-1975), inédito •
Lacan construiu sua primeira teoria do imagi- Françoise Dolto, “Notes sur le stade du miroir”, 16 de
nário. Esse biólogo alemão servira-se do termo junho de 1936, inédito • Bertrand Ogilvie, Lacan. A
Umwelt para definir o mundo tal como vivido formação do conceito de sujeito (Paris, 1987), Rio de
Janeiro, Jorge Zahar, 1988 • Élisabeth Roudinesco,
por cada espécie animal. No começo do século,
História da psicanálise na França, vol.2 (Paris, 1986),
revolucionara o estudo do comportamento (in- Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1988; Jacques Lacan.
clusive do sujeito* humano), mostrando que o Esboço de uma vida, história de um sistema de pen-
pertencimento a um meio devia ser pensado samento (Paris, 1993), S. Paulo, Companhia das Le-
como a internalização desse meio em cada es- tras, 1994 • Joël Dor, Introdução à leitura de Lacan, t.
II (Paris, 1992), P. Alegre, Artes Médicas, 1996 • Dylan
pécie. Daí a idéia de que o pertencimento de um Evans, An Introductory Dictionary of Lacanian Psy-
sujeito a seu ambiente já não podia ser definido choanalysis, Londres, Routledge, 1996.
como um contrato entre um indivíduo livre e
uma sociedade, mas sim como uma relação de ➢ CASTRAÇÃO, COMPLEXO DE; COMPLEXO; ÉDIPO,
dependência entre um meio e um indivíduo. COMPLEXO DE; EU IDEAL; FANTASIA; FORACLUSÃO;
Esse empréstimo tomado de Uexküll levou IDENTIFICAÇÃO; IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA; IMA-
Lacan a construir, em 1938, em Os complexos GEM DO CORPO; INTROJEÇÃO; NOME-DO-PAI; OB-
familiares, sua teoria do imaginário: não mais JETO (PEQUENO) a; OUTRO; PROJEÇÃO.
um simples fato psíquico, porém uma imago,
isto é, um conjunto de representações inconsci-
entes que aparecem sob a forma mental de um imago
processo mais geral. Num primeiro momento, Termo derivado do latim (imago: imagem) e intro-
Lacan mostrou que o estádio do espelho era a duzido por Carl Gustav Jung*, em 1912, para de-
passagem do especular para o imaginário, e signar uma representação inconsciente através da
depois, em 1953, veio a definir o imaginário qual um sujeito designa a imagem que tem de seus
como um engodo ligado à experiência de uma pais.
clivagem* entre o eu (moi) e o eu ([je] o sujeito). Foi em 1906 que o escritor suíço Carl Spit-
O simbólico foi então definido como o lugar do teler (1845-1924) publicou seu romance Imago,
significante* e da função paterna, o imaginário que obteve sucesso considerável no seio da
como o das ilusões do eu, da alienação e da comunidade psicanalítica nascente. Simulta-

Dicionário de Psicanálise (PSI)


1ª revisão – 06.05.98
2ª revisão – 28.07.98
3ª revisão – 14.09.98
4ª revisão – 23.09.98 – Letra I
Produção: Textos & Formas
Para: Ed. Zahar

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