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COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

2 º SEMESTRE / 2022-2023
AULA 4 – 01 DE MARÇO

Naíde Müller C.
ncaldeira@ucp.pt
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)

A TTA oferece cinco proposições*:

1) A necessidade e capacidade afetivas são características inatas. Isto é, os humanos


nascem com a habilidade inata para sentir afeto, o que implica que eles não
adquirem tendências afetivas apenas por influências do ambiente.

2) Sentimentos de afeto e expressões de afeto são experiências distintas que, muitas


vezes, mas não necessariamente, coexistem. Esta proposição distingue a
experiência interior emocional do afeto da sua expressão comportamental. É
possível sentir afeto sem o expressar, e também é possível expressar afeto sem o
sentir (por exemplo, expressões de afeto falsas com o objetivo de manipular as
emoções dos outros).

* Sentença declarativa, expressa de forma afirmativa ou negativa, à qual podemos atribuir um valor lógico
“V” (verdadeiro) ou “F”(falso).
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)

3) A comunicação afetiva é adaptativa no que respeita à viabilidade e fertilidade


humana. A TTA identifica dois caminhos principais através dos quais a comunicação
afetiva serve estes dois objetivos centrais: a) a comunicação afetiva auxilia no
desenvolvimento e manutenção de laços relacionais fortes, aumentando o acesso a
recursos materiais e emocionais necessários para a sobrevivência; b) o comportamento
afetivo comunica sobre a viabilidade, aptidão e inteligência emocional de um
potencial parceiro/a.

4) Os humanos variam nas suas tolerâncias ideais para o afeto e o comportamento


afetivo.

5) Comportamentos afetivos que violam o espectro/intervalo de tolerância ideal de


cada individuo são fisiologicamente aversivos.
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)

✓ As proposições 4 e 5 assumem que os indivíduos diferem nas suas necessidades e


desejos de afeto e que nem todos os comportamentos afetivos facilitam a
sobrevivência e procriação. Apesar do comportamento afetivo ser normativamente
positivo, eles podem produzir resultados negativos em determinadas circunstâncias.
Por exemplo, indivíduos podem receber demasiado, ou não solicitado, afeto que
lhes provocará ansiedade, stress e desagrado.
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)

✓ A comunicação afetiva define-se então como: comportamentos que enviam


mensagens de carinho e consideração positiva intensa para com os outros. Sendo
que, as normas culturais e as aprendizagens sociais desempenham um papel
significativo na forma como os comportamentos são codificados e descodificados
como afetivos. Mas é a apresentação/expressão (não o sentimento) de uma
emoção afetiva que qualifica o comportamento como afetivo.
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)

O modelo tripartido de Floyd e Morman (1998) especifica três formas de


comportamento afetivo:

a) comunicação verbal de palavras de afeto, faladas ou escritas;

b) comunicação não verbal direta, comportamentos não linguísticos que expressam


afeto (abraços, apertos de mãos, beijos);

c) comunicação não verbal indireta, comportamentos afetivos menos explícitos que


conotam afeto por meio da prestação de apoio social ou material (por exemplo,
abrir a porta para deixar alguém passar, ajudar um colega com uma tarefa,
emprestar o carro a um amigo).
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)

✓ A TTA propõe que a comunicação afetiva contribui para a sobrevivência e sucesso


reprodutivo através do aperfeiçoamento de laços sociais. Vários investigadores
testaram esta proposta examinando associações ente a comunicação afetiva e os
resultados psicológicos em famílias, casais, organizações, entre outros.
1.2 TEORIA DA TROCA AFETIVA (TTA)
Roland Barthes (1915-1980) dividia o processo de significação em dois momentos:
denotativo e conotativo.

Conotação - quando a linguagem é utilizada no seu sentido figurado, atribuindo um


novo significado à palavra ou contexto específico. Na expressão poética predomina a
linguagem conotativa.

Exemplo: " Tenho saudades! Não falamos há mil anos!"

Denotação - quando a linguagem é utilizada no seu sentido literal e objetivo


(dicionário).

Exemplo: "Antes de fazer o bolo, é necessário preaquecer o forno a 180 ºC." Linguagem
objetiva, privilegiada no contexto jornalístico.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A teoria da Gestão da Informação Motivada (TGIM) - Theory of Motivated


Information Management (TMIM) - foi proposta originalmente em 2004 por Walid Afifi
e Judith Weiner e é uma estrutura sociopsicológica que examina a relação entre a
gestão da informação e a incerteza.

✓ A TGIM assume que os indivíduos tomam decisões com base numa avaliação de
custos, benefícios e possibilidades associadas a uma ação específica, mas
reconhece que essas perceções são afetadas por emoções e outros fatores
tendenciosos que, em última análise, limitam o grau em que as escolhas são
objetivamente "racionais" ou ideais.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ Apesar de, originalmente, o desenvolvimento da TGIM ter começado a aumentar a


precisão preditiva ao explicar as respostas variadas dos indivíduos à incerteza, a
teoria finalmente abordou duas outras omissões problemáticas da literatura da
época:

a) o papel da eficácia no processo de gestão da incerteza e da informação;

b) a natureza diádica (grupo de dois) e transacional do processo de gestão de


incertezas nas interações interpessoais.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ Afifi e Weiner (2004) advertiram, no entanto, que a TGIM é limitada ao entendimento


da gestão da incerteza nos encontros interpessoais e só se aplica aos assuntos
importantes que motivam ações de gestão de incerteza.

✓ As restrições da teoria a assuntos que são percebidos como importantes, pelos


indivíduos em interação, é crítica porque reconhece que apenas uma pequena
fração das nossas experiências com a incerteza são suficientemente motivadoras
para nos fazer avançar para um processo cognitivamente laborioso de tomada de
decisão.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A TGIM prevê um processo de gestão de


incerteza em três fases (Figura 1).

1ª Fase de interpretação

2ª Fase de avaliação

3ª Fase de decisão

Figura 1 - Modelo gráfico revisto da Teoria da gestão


de informação motivada de Afifi e Weiner (2004) em
Braithwaite & Schrodt, (2022:105).
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A primeira etapa é chamada de fase de interpretação. Começa com a pessoa a


perceber uma diferença entre a quantidade de incerteza que ele ou ela querem e
aquela que têm, a isto chama-se discrepância de incerteza.

✓ Qualquer discrepância entre a incerteza que uma pessoa tem e aquela que deseja
ter (seja para aumentar níveis de incerteza, seja para os diminuir) faz com que se
iniciem esforços para gerir essa discrepância.

✓ Alguém pode estar a experimentar elevados níveis de incerteza, mas estar


confortável com esses níveis. Nesse caso não existirá discrepância e a TGIM não se
aplica.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A teoria não argumenta que é a incerteza em si mesma que provoca ansiedade,


havendo até evidências nos estudos que indicam que alguns níveis de incerteza são
vividos enquanto esperança.

✓ Afifi e Weiner (2004) argumentam que é a diferença entre o nível de incerteza que
cada um tem e o nível de incerteza que cada um deseja que provoca ansiedade.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A avaliação emocional da discrepância de incerteza sobre uma questão


importante conduz as pessoas para a próxima fase do processo, a fase de
avaliação.

✓ A fase de avaliação é aquela onde as pessoas pensam sobre a) o possível resultado


da procura de informação (isto é, expectativa de resultado) e b) se elas têm a
capacidade de reunir a informação e de lidar com ela (isto é, eficácia).
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A expectativa de resultados envolve perceções sobre os resultados positivos ou


negativos da procura de informação sobre um assunto. Por outras palavras, este
conceito reflete todos os tipos de custos e benefícios que os indivíduos pensam que
vão ocorrer se eles avançarem para a procura de informação.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A TGIM argumenta que as pessoas consideram todos os tipos de custos e benefícios,


seja sobre o conteúdo das conversas (o que elas esperam que seja revelado), seja
sobre o processo de procura de informação em si mesmo.

✓ Uma vez analisados os custos e benefícios, a teoria propõe que as pessoas decidem
depois se elas têm a capacidade de reunir informação e de lidar com ela, ou seja,
elas fazem avaliações de eficácia.

✓ A teoria prevê que quanto mais negativas forem as expectativas acerca do


resultado da procura de informação, menos capaz a pessoa se vai sentir para a
procura de informação bem-sucedida (isto é, menos eficazes serão).
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ No âmbito da TGIM são ainda discutidos três tipos de eficácia: eficácia da


comunicação, eficácia do alvo e eficácia para enfrentar.

1 ) Eficácia da comunicação envolve a determinação pela pessoa, se ela tem ou não


as competências para procurar informação sobre o assunto em questão (por exemplo,
pessoas que não procuram informação junto dos seus superiores hierárquicos porque
temem o feedback, ou “congelar” durante essa interação).
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

b) Eficácia do alvo, é uma avaliação sobre se o alvo da procura de informação (a


pessoa de quem está a tentar obter informação) possui efetivamente essa informação
e se está disposta a partilhá-la (por exemplo, pais que não perguntam aos filhos sobre
as suas notas porque acham que os filhos não têm essa informação ou porque acham
que eles não a quererão partilhar por algum motivo).
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

c) A eficácia para enfrentar reflete uma determinação sobre se se tem capacidade


emocional, relacional e financeira para lidar/enfrentar com aquilo que se espera
saber/aprender através da procura de informação (por exemplo, pessoas que não
procuram informação sobre determinados temas como guerras, porque consideram
que não têm capacidade emocional para lidar com aquela informação).
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ A TGIM argumenta que estas três avaliações integram as estratégias (estratégia de


gestão de informação) a que os indivíduos recorrem para gerir a discrepância de
incerteza assinalada na fase de decisão (Figura 1).

✓ A teoria prevê ainda que é mais provável que as pessoas procurem informação na
medida em que elas esperam receber resultados positivos e elevados níveis de
eficácia. Sendo mais provável que evitem procurar informação na medida em que
as expectativas de resultados e de eficácia forem baixas.
1.3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO MOTIVADA

✓ O fornecedor da informação passa pelo mesmo processo cognitivo daquele que


procura informação, ou seja, avalia se tem competências para responder ao pedido
de informação (eficácia da comunicação), se tem capacidade para lidar com o
resultado que surgir por responder ao pedido de informação (eficácia do alvo) e
verifica se aquele que está à procura de informação tem a capacidade e a
vontade para gerir a informação fornecida (eficácia para enfrentar).

✓ Estes processos e interações são bastantes fluídos durante as interações e têm


impactos imediatos.

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