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RENDA MENSAL DO

BENEFÍCIO
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

SUMÁRIO

1- Salário de benefício 3
2- Atividades concomitantes 7
3- Benefícios da Previdência social (LOAS) 19
4- Princípios do benefício assistencial 23
5- Jurisprudencias 29
6- Do benefício de prestação continuada 39

Referencias 50

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1- SALÁRIO DE BENEFÍCIO

Renda Mensal de Benefício

Fundamentação legal: Arts. 28 a 40 da Lei n° 8.213/1991 Arts. 31 a 39 do


Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. n° 3.048/1999 Arts. 69 a 96
da Instrução Normativa MPS n°20, de 11/10/2007

Renda mensal de benefício é o valor que a Previdência Social destina ao


beneficiário, é aquilo que o segurado ou o dependente em gozo de benefício sacam
na rede bancária, podendo ser calculada com base em salário-de-benefício ou não;

A renda mensal do benefício de prestação continuada que substituir o salário-de-


contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor inferior ao do
salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição,
excetuadas as situações a seguir apontadas. - No caso da aposentadoria por
invalidez em que o aposentado necessite dos cuidados de outra pessoa, conforme
previsto no Anexo I, do Regulamento da Previdência Social, será pago um adicional
de 25%, mesmo que tal acréscimo somado ao valor da aposentadoria ultrapasse o
teto.

O salário-de-benefício é o valor atribuído com base na média dos salários de


contribuição obtidos dentro de período denominado Período Básico de Cálculo
(PBC) ou, no caso de aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por
idade (nesta última opcionalmente) a média dos salários-de-contribuição multiplicada
pelo fator previdenciário (f), a fim de se determinar a renda das aposentadorias,
auxílio-doença e auxílio acidente. É a partir dos salários-de-contribuição (SC) dos
segurados que calcula-se o salário-de-benefício (SB) e a partir deste, através da
aplicação de percentuais previstos na Lei n° 8.213/1991, é obtida a renda dos
benefícios. São considerados os salários-de-contribuição para o cálculo do salário-
debenefício relativos a 80% (oitenta por cento) de toda a vida laboral,
correspondentes aos maiores salários.

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Exemplo: no momento de requerer a aposentadoria por tempo de contribuição a


segurada deve comprovar 30 anos de tempo de contribuição ou seja 360
contribuições. Tais contribuições foram calculadas sobre 360 salários-de-
contribuição, dos quais 80% ou seja 288 salários correspondentes aos maiores
valores serão usados na média. O fator previdenciário é calculado segundo fórmula
que leva em conta o tempo de contribuição (TC), a expectativa de sobrevida (Es) e a
idade (Id) dos segurados. Na obtenção do fator, deve o tempo de contribuição (TC)
ser multiplicado pelo valor fixo de 0,31 (a) e dividido pela expectativa de sobrevida
determinada pela Tábua de Mortalidade do IBGE vigente na data de cálculo da
aposentadoria. Em seguida, deve ser acrescido a esse montante um percentual
obtido com base na idade e no tempo de contribuição. Fórmula do fator:

Tc x a f = -------------------- x 1 + Tc x a + Id Es 100

Benefícios que são calculados incluindo o Fator Previdenciário. MULTIPLICA PELO


FATOR PREVIDENCIÁRIO NÃO MULTIPLICA PELO FATOR PREVIDENCIÁRIO

Aposentadoria por idade (opcional) Aposentadoria especial Aposentadoria por tempo


de contribuição Aposentadoria por invalidez Auxílio-doença Auxílio-acidente
Percentuais de aplicação para obtenção da renda dos benefícios: Benefício Renda
Aposentadoria por tempo de contribuição SB x 100% Aposentadoria por invalidez SB
x 100% Aposentadoria especial SB x 100% Aposentadoria por idade SB x (70%+1%
a cada grupo de 12 contrib) Auxílio-doença SB x 91% Auxílio-doença SB utilizado
para o cálculo do auxíliodoença que precedeu o auxílio-acidente x 50% Em alguns
casos, não se utiliza o salário-de-benefício para calcular a renda do benefício. Para
o cálculo do salário maternidade, da pensão por morte e do auxílioreclusão, não se
utiliza o SB. O benefício denominado salário-família é pago através de cotas, sendo
devido ao segurado empregado e avulso de baixa renda uma cota a cada filho ou
equiparado a filho com idade até 14 anos ou se inválido, sem limite de idade.

OBSERVAÇÕES: No caso da aposentadoria por idade, a utilização do fator


previdenciário é opcional. Aqueles segurados que ingressaram no Regime Geral de
Previdência Social antes da publicação da Lei n° 9.876, de 1999, somente utilizam
para cálculo do SB os salários-de-contribuição existentes desde julho de 1994. No
caso de cálculo de benefícios por incapacidade, quando existirem menos de 144
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salários-de-contribuição no período básico de cálculo, serão utilizados para cálculo


do SB todos os salários-de-contribuição. Àqueles segurados que implementaram
condições para se aposentar antes da Lei n° 9.876, de 1999, mas não exerceram tal
direito à época, poderão fazê-lo a qualquer tempo, usando para cálculo do salário-
de-benefício os últimos 36 salários-de-contribuição anteriores ao implemento dos
requisitos, conforme estabelecido na legislação anterior ao citado diploma legal. O
valor inicial do benefício será calculado considerando-se como período básico de
cálculo os meses de contribuição imediatamente anteriores ao mês em que o
segurado completou o tempo de contribuição, trinta anos para a mulher e trinta e
cinco anos para o homem.

O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem


superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do
benefício. Assim: Limite mínimo do salário-de-benefício = 1 salário mínimo Limite
máximo do salário-de-benefício = teto Desta forma, um segurado que efetuasse
contribuições sobre salários-decontribuição inferiores ao salário-mínimo mensal,
ainda assim teria um salário-debenefício de um salário-mínimo.

OBSERVAÇÕES: se o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,


considera-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de- benefício que
serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e
bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário
mínimo; o valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para
fins de cálculo do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria. Para fins de
apuração do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria precedida de auxílio-
acidente, o valor mensal deste será somado ao saláriode-contribuição antes da
aplicação da correção monetária, não podendo o total apurado ser superior ao limite
máximo do salário-de-contribuição. os ganhos habituais do segurado empregado, a
qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha
incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo-terceiro salário (gratificação
natalina); o salário-de-benefício do segurado especial consiste no valor equivalente
ao salário-mínimo; exceto no caso de auxílio-acidente, será pago o valor de um
salário-mínimo aos segurados, quando inexistir no período salários-de-contribuição
que permitam o cálculo do salário-de-benefício; não é considerado, para o cálculo do
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salário-de-benefício, o aumento dos salários-de-contribuição que exceder o limite


legal, inclusive o voluntariamente concedido nos 36 (trinta e seis) meses
imediatamente anteriores ao início do benefício, salvo se homologado pela Justiça
do Trabalho, resultante de promoção regulada por normas gerais da empresa,
admitida pela legislação do trabalho, de sentença normativa ou de reajustamento
salarial obtido pela categoria respectiva; os salários-de-contribuição considerados no
cálculo do valor do benefício serão corrigidos mês a mês de acordo com a variação
integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado pela
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE: todos os salários-
de-contribuição utilizados no cálculo do salário-de-benefício serão corrigidos, mês a
mês, de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preço ao Consumidor
- INPC, referente ao período decorrido a partir da primeira competência do salário-
de-contribuição que compõe o período básico de cálculo até o mês anterior ao do
início do benefício, de modo a preservar o seu valor real.

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2- ATIVIDADES CONCOMITANTES

CÁLCULO DO SB

É utilizada a soma dos Salário-de-contribuição em relação a todas as atividades O


trabalhador que recebe auxílio-doença é obrigado a realizar exame médico periódico
e participar do programa de reabilitação profissional prescrito e custeado pela
Previdência Social, sob pena de ter o benefício suspenso. Não tem direito ao auxílio-
doença quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria
o benefício, a não ser quando a incapacidade resulta do agravamento da
enfermidade. Quando o trabalhador perde a qualidade de segurado, as contribuições
anteriores só são consideradas para concessão do auxílio-doença após nova filiação
à Previdência Social houver pelo menos quatro contribuições que, somadas às
anteriores, totalizem no mínimo 12. O auxílio-doença deixa de ser pago quando o
segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se
transforma em aposentadoria por invalidez.

Auxílio-doença acidentário Benefício concedido ao segurado incapacitado para o


trabalho em decorrência de acidente de trabalho ou de doença profissional.
Considera-se acidente de trabalho aquele ocorrido no exercício de atividades
profissionais a serviço da empresa (típico) ou ocorrido no trajeto casa-trabalho-casa
(de trajeto). Ao trabalhador que recebe auxílio-doença, a Previdência oferece o
programa de reabilitação profissional. A comunicação de acidente de trabalho ou
doença profissional será feita à Previdência Social em formulário próprio, preenchido
em seis vias: 1ª via (INSS), 2ª via (empresa), 3ª via (segurado ou dependente), 4ª
via (sindicato de classe do trabalhador), 5ª via (Sistema Único de Saúde) e 6ª via
(Delegacia Regional do Trabalho).

A CAT deverá ser emitida pela empresa ou pelo próprio trabalhador, por seus
dependentes, pela entidade sindical, pelo médico ou por autoridade (magistrados,
membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União, dos estados e do
Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da
Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar).

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O formulário preenchido tem que ser entregue em uma Agência da Previdência


Social pelo emitente. A retomada de tratamento e o afastamento por agravamento
de lesão decorrentes de acidente de trabalho ou doença profissional têm de ser
comunicados à Previdência Social em formulário próprio. Nessa CAT deverão
constar as informações da época do acidente e os dados atualizados do novo
afastamento (último dia trabalhado, atestado médico e data da emissão). Também
devem ser informadas à Previdência Social por meio da CAT mortes de segurados
decorrentes de acidente de trabalho ou doença ocupacional.

A empresa é obrigada a informar à Previdência Social acidentes de trabalho


ocorridos com seus funcionários, mesmo que não haja afastamento das atividades,
até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Em caso de morte, a comunicação
deve ser imediata. A empresa que não informar acidentes de trabalho está sujeita à
multa. Nos primeiros 15 dias de afastamento, o salário do trabalhador é pago pela
empresa. Depois, a Previdência Social é responsável pelo pagamento. Enquanto
recebe auxílio-doença por acidente de trabalho ou doença ocupacional, o
trabalhador é considerado licenciado e terá estabilidade por 12 meses após o
retorno às atividades. O auxílio-doença deixa de ser pago quando o segurado
recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se transforma
em aposentadoria por invalidez.

AUXÍLIO-ACIDENTE

Art. 86 - Lei nº 8.213/91 Art. 104 - Decreto nº 3.048/99 Benefício pago ao


trabalhador que sofre um acidente e fica com seqüelas que reduzem sua capacidade
de trabalho. É concedido para segurados que recebiam auxílio-doença. Têm direito
ao auxílio-acidente o trabalhador empregado, o trabalhador avulso e o segurado
especial. Art. 18,§1º Lei 8.213/91. O empregado doméstico, o contribuinte individual
e o facultativo não recebem o benefício. Para concessão do auxílio-acidente não é
exigido tempo mínimo de contribuição, mas o trabalhador deve ter qualidade de
segurado e comprovar a impossibilidade de continuar desempenhando suas
atividades, por meio de exame da perícia médica da Previdência Social. O auxílio-
acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios
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pagos pela Previdência Social exceto aposentadoria. O benefício deixa de ser pago
quando o trabalhador se aposenta. Pagamento A partir do dia seguinte em que
cessa o auxílio-doença. Valor do benefício Corresponde a 50% do salário de
benefício que deu origem ao auxílio-doença corrigido até o mês anterior ao do início
do auxílio-acidente.

SALÁRIO-MATERNIDADE Inc. II, Art. 201 da CF Letra “b”, Inc. II, Art. 10 do
ADCT Arts. 71 a 73 - Lei nº 8.213/91 Arts. 93 a 103 - Decreto nº 3.048/99

Novidade Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à empregada


gestante, efetivando-se a compensação, de acordo com o disposto no art. 248, da
Constituição Federal, à época do recolhimento das contribuições incidentes sobre a
folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço. A empresa deverá conservar durante 10 (dez)
anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes. As
trabalhadoras que contribuem para a Previdência Social têm direito ao
saláriomaternidade nos 120 dias em que ficam afastadas do emprego por causa do
parto. O benefício foi estendido também para as mães adotivas e, a partir de
14.06.2007, para à segurada desempregada (empregada, trabalhadora avulsa e
doméstica), cujas contrbuições (contribuinte individual, facultativa) cessaram , e
segurada especial, desde que mantida a qualidade de segurado. O salário-
maternidade é concedido à segurada que adotar uma criança ou ganhar a guarda
judicial para fins de adoção: - se a criança tiver até um ano de idade, o salário-
maternidade será de 120 dias; - se tiver de um ano a quatro anos de idade, o
salário-maternidade será de 60 dias; - se tiver de quatro anos a oito anos de idade, o
salário-maternidade será de 30 dias. Para concessão do salário-maternidade, não é
exigido tempo mínimo de contribuição das trabalhadoras empregadas, empregadas
domésticas e trabalhadoras avulsas, desde que comprovem filiação nesta condição
na data do afastamento para fins de salário maternidade ou na data do parto. A
contribuinte facultativa e a individual têm que ter pelo menos dez contribuições para
receber o benefício.

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A segurada especial receberá o salário-maternidade se comprovar no mínimo dez


meses de trabalho rural. Se o nascimento for prematuro, a carência será reduzida no
mesmo total de meses em que o parto foi antecipado. Considera-se parto, o
nascimento ocorrido a partir da 23ª semana de gestação, inclusive natimorto. Nos
abortos espontâneos ou previstos em lei (estupro ou risco de vida para a mãe), será
pago o salário-maternidade por duas semanas. A trabalhadora que exerce
atividades ou tem empregos simultâneos tem direito a um salário-maternidade para
cada emprego/atividade, desde que contribua para a Previdência nas duas funções.
O salário-maternidade é devido a partir do oitavo mês de gestação (comprovado por
atestado médico) ou da data do parto (comprovado pela certidão de nascimento). A
partir de setembro de 2003, o pagamento do salário-maternidade das gestantes
empregadas passará a ser feito diretamente pelas empresas, que serão ressarcidas
pela Previdência Social.

As mães adotivas, contribuintes individuais, facultativas e empregadas domésticas


terão de pedir o benefício nas Agências da Previdência Social. Em casos
comprovados por atestado médico, o período de repouso poderá ser prorrogado por
duas semanas antes do parto e ao final dos 120 dias de licença. Reembolso
“Reembolso é o procedimento pelo qual a SRP ressarce a empresa ou o equiparado
de valores de cotas de salário-família e salário-maternidade pagos a segurados a
seu serviço, observado quanto ao salário-maternidade, o período anterior a 29 de
novembro de 1999 e os benefícios requeridos a partir de 1º de setembro de 2003. O
reembolso poderá ser efetuado mediante dedução no ato do recolhimento das
contribuições devidas à Previdência Social, correspondentes ao mês de pagamento
do benefício, o qual deverá ser deduzido o valor integralmente pago, ou seja, o
salário fixo, acrescido da média das variáveis. Quando o valor a deduzir for superior
às contribuições sociais previdenciárias devidas para o mês do pagamento do
benefício ao segurado, o sujeito passivo, ainda que optante pelo SIMPLES, poderá
deduzir o saldo a seu favor no recolhimento das contribuições dos meses
subseqüentes, sem o limite estabelecido de 30%, observando as disposições dos
arts. 193 e 221 da IN SRP nº 03/05, ou poderá requerer o seu reembolso à SRP.
Caso o sujeito passivo não efetue a dedução na época própria, essas importâncias
poderão ser compensadas, posteriormente, sem o limite estabelecido de 30%,

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observando as disposições dos arts. 193 e 221 da citada IN, ou serem objeto de
requerimento de restituição.

O valor das cotas de salário-família ou das parcelas de salário-maternidade só


poderá ser deduzido das contribuições devidas à Previdência Social (FPAS 20,
SAT/RAT, empregados e contribuintes individuais), em GPS, sendo vedada a
dedução das contribuições arrecadadas pela SRP para outras entidades ou fundos.
Os valores pagos a título de 13º salário, referente ao período de afastamento por
salário maternidade, também, deverão ser deduzidos, em época própria, na GPS
relativa ao recolhimento da Previdência Social, competência. A dedução do
saláriomaternidade deve ser informada na GFIP e, não há necessidade que
ingressas com pedido perante a Previdência Social, há não ser que opte pela
restituição.

SALÁRIO MATERNIDADE – (EMPRESA CIDADÃ) LEI 11.770/2008 - 60 DIAS (2


MESES) -DEVIDO PELA EMPRESA EM TROCA DE INCENTIVOS FISCAIS -
pessoa jurídica TEM que aderir ao Programa

A prorrogação será garantida à empregada da pessoa jurídica que aderir ao


Programa, - A empregada DEVE requer até o final do primeiro mês após o parto -
No período de prorrogação da licença-maternidade pelos 60 dias a empregada não
poderá exercer qualquer atividade remunerada e a criança não poderá ser mantida
em creche ou organização similar

AUXÍLIO-RECLUSÃO Art. 80 - Lei nº 8.213/91 Arts. 116 a 119 - Decreto nº


3.048/99

Os dependentes do segurado que for preso por qualquer motivo têm direito a
receber o auxílio-reclusão durante todo o período da reclusão. O benefício será pago
se o trabalhador não estiver recebendo salário da empresa, auxílio-doença,
aposentadoria ou abono de permanência em serviço. Não há tempo mínimo de
contribuição para que a família do segurado tenha direito ao benefício, mas o
trabalhador precisa ter qualidade de segurado. A partir de 1º de fevereiro de 2009,
será devido aos dependentes do segurado cujo salário-de-contribuição seja igual ou
inferior a R$ 752,12 (setecentos e cinquenta e dois reais e doze centavos)

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independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas. Após a


concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à Previdência Social, de
três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por
autoridade competente. Esse documento pode ser a certidão de prisão preventiva, a
certidão da sentença condenatória ou o atestado de recolhimento do segurado à
prisão. Para os segurados com idade entre 16 e 18 anos, serão exigidos o despacho
de internação e o atestado de efetivo recolhimento a órgão subordinado ao Juizado
da Infância e da Juventude.

O auxílio reclusão deixará de ser pago: - com a morte do segurado e, nesse caso, o
auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte; - em caso de fuga, liberdade
condicional, transferência para prisão albergue ou extinção da pena; - quando o
dependente completar 21 anos ou for emancipado; - com o fim da invalidez ou morte
do dependente. Fuga Em caso de fuga, o pagamento é interrompido e só pode ser
restabelecido a partir da data da recaptura. Em caso de falecimento do detento, o
benefício é automaticamente convertido em pensão por morte. Havendo mais de um
dependente, o auxílio é dividido entre todos, em partes iguais. Quando um dos
dependentes perde o direito de receber o benefício, é feita nova divisão entre os
dependentes restantes.

SALÁRIO-FAMÍLIA

Benefício pago aos trabalhadores com remuneração mensal de até R$ R$ 752,12


para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer
idade. (Observação: São equiparados aos filhos, os enteados e os tutelados que não
possuem bens suficientes para o próprio sustento). De acordo com a Portaria
Interministerial nº 48, de 12 de fevereiro de 2009, o valor do salário-família a partir
de 1º.2.2009, é de R$ 25,66, por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
qualquer idade, para quem ganha até R$ 500,41. Para o trabalhador que recebe de
R$ 500,41 até R$ 752,12, o valor do saláriofamília por filho de até 14 anos de idade
ou inválido de qualquer idade, é de R$ R$ 18,08. Têm direito ao salário-família os
trabalhadores empregados e os avulsos. Os empregados domésticos, contribuintes
individuais, segurados especiais e facultativos não recebem salário-família. Para a
concessão do salário-família, a Previdência Social não exige tempo mínimo de

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contribuição. Atenção: O benefício será encerrado quando o(a) filho(a) completar 14


anos.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Inc. I, Art. 201 da CF Arts. 42 a 47 - Lei nº


8.213/91 Arts. 43 a 50

Decreto nº 3.048/99 Benefício concedido aos trabalhadores que, por doença ou


acidente, forem considerados pela perícia médica da Previdência Social
incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta
o sustento. Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à
Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser
quando a incapacidade resultar do agravamento da enfermidade. Quem recebe
aposentadoria por invalidez tem que passar por perícia médica de dois em dois
anos, se não, o benefício é suspenso. A aposentadoria deixa de ser paga quando o
segurado recupera a capacidade e volta ao trabalho. Para ter direito ao benefício, o
trabalhador tem que contribuir para a Previdência Social por no mínimo 12 meses,
no caso de doença. Se for acidente, esse prazo de carência não é exigido, mas é
preciso estar inscrito na Previdência Social. Pagamento Se o trabalhador estiver
recebendo auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez será paga a partir do dia
imediatamente posterior ao da cessão do auxíliodoença.

Se o trabalhador não estiver recebendo auxílio-doença: Empregados - a partir do 16º


dia de afastamento da atividade ou a partir da data de entrada do requerimento, se
entre o afastamento e o pedido decorrerem mais de 30 dias. Demais segurados - a
partir da data da incapacidade ou a partir da data de entrada do requerimento,
quando solicitado após o 30º dia de afastamento do trabalho. Se a Previdência
Social for informada oficialmente da internação hospitalar ou do tratamento
ambulatorial, após avaliação pela perícia médica, a aposentadoria começa a ser
paga no 16º dia do afastamento ou na data de início da incapacidade,
independentemente da data do pedido. 08. APOSENTADORIA POR IDADE Inc. I,
Art. 201 da CF Arts. 48 a 51 - Lei nº 8.213/91 Arts. 51 a 55 - Decreto nº 3.048/99
Têm direito ao benefício os trabalhadores urbanos do sexo masculino a partir dos 65
anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais
podem pedir aposentadoria por idade com cinco anos a menos: a partir dos 60 anos,

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homens, e a partir dos 55 anos, mulheres. Para solicitar o benefício, os


trabalhadores urbanos inscritos na Previdência Social a partir de 25 de julho de 1991
precisam comprovar 180 contribuições mensais. Os rurais têm de provar, com
documentos, 180 meses de trabalho no campo.

Os segurados urbanos filiados até 24 de julho de 1991, devem comprovar o número


de contribuições exigidas de acordo com o ano em que implementaram as
condições para requerer o benefício, conforme tabela abaixo. Para os trabalhadores
rurais, filiados até 24 de julho de 1991, será exigida a comprovação de trabalho no
campo no mesmo número de meses constantes na tabela. Além disso, o segurado
deverá estar exercendo a atividade rural na data de entrada do requerimento ou na
data em que implementou todas as condições exigidas para o benefício, ou seja,
idade mínima e carência.

Observação: O trabalhador rural (empregado e contribuinte individual), enquadrado


como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pode
requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário-mínimo, até 31 de
dezembro de 2010, desde que comprove o efetivo exercício da atividade rural, ainda
que de forma descontínua, em número de meses igual à carência exigida. Para o
segurado especial não há limite de data. Segundo a Lei nº 10.666, de 8 de maio de
2003, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de
aposentadoria por idade, desde que o trabalhador tenha cumprido o tempo mínimo
de contribuição exigido, no ano em que completou a idade. Nesse caso, o valor do
benefício será de um salário mínimo, se não houver contribuições depois de julho de
1994.

Observação: A aposentadoria por idade é irreversível e irrenunciável: depois que


receber o primeiro pagamento ou sacar o PIS e/ou Fundo de Garantia (o que ocorrer
primeiro), o segurado não poderá desistir do benefício. O trabalhador não precisa
sair do emprego para requerer a aposentadoria. Exigências cumulativas para o
recebimento deste tipo de benefício 1. Comprovação da carência. 2. Idade mínima
de 65 anos se homem e 60 anos se mulher no caso de trabalhador urbano (Art. 48,
Lei nº 8.213/91) e de 60 anos se homem e 55 anos se mulher no caso de
trabalhador rural (§ 1º, art. 48 da Lei nº 8.213/91).

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APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO §§ 7º a 9º, do Art. 201 da


CF Arts. 52 a 56 - Lei nº 8.213/91 Arts. 56 a 63

Decreto nº 3.048/99 Pode ser integral ou proporcional. Para ter direito à


aposentadoria integral, o trabalhador homem deve comprovar pelo menos 35 anos
de contribuição e a trabalhadora mulher, 30 anos. Para requerer a aposentadoria
proporcional, o trabalhador tem que combinar dois requisitos: tempo de contribuição
e a idade mínima. Os homens podem requerer aposentadoria proporcional aos 53
anos de idade e 30 anos de contribuição (mais um adicional de 40% sobre o tempo
que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição).
As mulheres têm direito à proporcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição
(mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998
para completar 25 anos de contribuição). A perda da qualidade de seguradonão será
considerada para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição,
conforme estabelece a Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003. O trabalhador terá, no
entanto, que cumprir um prazo mínimo de contribuição à Previdência Social. Os
inscritos a partir de 25 de julho de 1991 devem ter, pelo menos, 180 contribuições
mensais. Os filiados antes dessa data têm de seguir a tabela progressiva. A
aposentadoria por tempo de contribuição é irreversível e irrenunciável: a partir do
primeiro pagamento, o segurado não pode desistir do benefício.

O trabalhador não precisa sair do emprego para requerer a aposentadoria. Conta-se


como tempo de contribuição: - período de exercício de atividade remunerada
abrangida pela Previdência Social urbana e rural, ainda que anterior à sua
instituição, mediante indenização das contribuições relativas ao respectivo período; -
período de contribuição efetuada por segurado depois de ter deixado de exercer
atividade remunerada que o enquadrava como segurado obrigatório da Previdência
Social; - período em que o segurado esteve recebendo auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez, entre períodos de atividade; -tempo de serviço militar,
salvo se já contado para outro regime de previdência; - período em que a segurada
esteve recebendo salário-maternidade; - período de contribuição efetuada como
segurado facultativo; - período de afastamento da atividade do segurado anistiado
que, em virtude de motivação exclusivamente política, foi atingido por atos de
exceção, institucional ou complementar, ou abrangido pelo Decreto Legislativo nº 18
15
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

de 15 de dezembro de 1961, pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969,


ou que, em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos, tenha
sido demitido ou compelido ao afastamento de atividade remunerada no período de
18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988; - tempo de serviço público federal,
estadual, do Distrito Federal ou municipal, inclusive o prestado à autarquia ou à
sociedade de economia mista ou à fundação instituída pelo Poder Púbico,
regularmente certificado na forma da Lei nº 3.841, de 15 de dezembro de 1960,
desde que a respectiva certidão tenha sido requerida na entidade para a qual o
serviço foi prestado até 30 de setembro de 1975, véspera do início da vigência da
Lei nº 6.226 de 14 de junho de 1975; - período em que o segurado esteve recebendo
benefício por incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou não; - tempo de
serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991; -
tempo de exercício de mandato classista junto a órgão de deliberação coletiva em
que, nessa qualidade, tenha havido contribuição para a previdência social; - tempo
de serviço público prestado à administração federal direta e autarquias federais, bem
como às estaduais, do Distrito Federal e municipais, quando aplicado a legislação
que autorizou a contagem recíproca de tempo de contribuição; - período de licença
remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuições; - período em que o
segurado tenha sido colocado pela empresa em disponibilidade remunerada, desde
que tenha havido desconto de contribuições; - tempo de serviço prestado à Justiça
dos Estados, às serventias extrajudiciais e às escrivanias judiciais, desde que não
tenha havido remuneração pelos cofres públicos e que a atividade não estivesse à
época vinculada a regime próprio de Previdência Social; - tempo de atividade
patronal ou autônoma, exercida anteriormente à vigência da Lei nº 3.807, de 26 de
agosto de 1960, desde que indenizado; - período de atividade na condição de
empregador rural, desde que comprovado o recolhimento da contribuições na forma
da Lei nº 6.260, de 6 de novembro de 1975, com indenização do período anterior; -
período de atividade dos auxiliares locais de nacionalidade brasileira no exterior,
amparados pela Lei nº 8.745, de 1993, anteriormente a 1º de janeiro de 1994, desde
que sua situação previdenciária esteja regularizada junto ao Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS); - tempo de exercício de mandato eletivo federal, estadual,
distrital ou municipal, desde que tenha havido contribuição em época própria e não
tenha sido contado para efeito de aposentadoria por outro Regime de Previdência
16
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Social; - tempo de contribuição efetuado pelo servidor da União, Estado, Distrito


Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; - tempo de contribuição do servidor do Estado, Distrito Federal ou
Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo
efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por Regime Próprio de
Previdência Social; - tempo de contribuição efetuado pelo servidor contratado pela
União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas autarquias
e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art.37 da Constituição
Federal.

APOSENTADORIA ESPECIAL § 1º, Art. 201 da CF Arts. 57 e 58 - Lei nº 8.213/91


Arts. 64 a 70 - Decreto nº 3.048/99

Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à


saúde ou à integridade física. Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador
deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes
físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a
concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos). A comprovação será feita em formulário
do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa com base
em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCA), expedido por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. O PPP, instituído pela
IN/INSS/DC nº 090/03, incluirá informações dos formulários SB-40, DISES BE -
5235, DSS 8030 e DIRBEN 8030, que terão eficácia até 30 de outubro de 2003. A
partir de 1º de novembro de 2003, será dispensada a apresentação do LTCAT, mas
o documento deverá permanecer na empresa à disposição da Previdência Social. A
empresa é obrigada a fornecer cópia autêntica do PPP ao trabalhador em caso de
demissão. Para ter direito ao benefício, o trabalhador inscrito a partir de 25 de julho
de 1991 deverá comprovar no mínimo 180 contribuições mensais. Os inscritos até
essa data devem seguir a tabela progressiva. A perda da qualidade de segurado não
17
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

será considerada para concessão de aposentadoria especial, segundo a Lei nº


10.666/03. Observação A caracterização e a comprovação do tempo de atividade
sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da
prestação do serviço. As regras de conversão de tempo de atividade sob condições
especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao
trabalho prestado em qualquer período. (incluído pelo DECRETO Nº 4.827 - DE 3
DE SETEMBRO DE 2003) CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS Art. 124. Salvo no caso
de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes
benefícios da Previdência Social: I - aposentadoria e auxílio-doença; II - duas ou
mais aposentadorias; II - mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei nº
9.032, de 1995) III - aposentadoria e abono de permanência em serviço; IV - salário-
maternidade e auxílio-doença; (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995) V - mais de
um auxílio-acidente; (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995) VI - mais de uma
pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela
mais vantajosa. (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995) Parágrafo único. É
vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de
prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou
auxílioacidente. (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995) LOAS – LEI 8742/93
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL (LOAS – LEI ORGANICA DA ASSISNTENCIA SOCIAL) -
idoso – 65 anos de idade - deficiente – Renda inferior a ¼ de salário mínimo.

18
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

3- BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL


(LOAS)

O benefício de assistência social será prestado, a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, conforme prevê o art. 203,
V da Constituição Federal, in verbis:

"Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

...

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de


deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei."

A regulamentação deste benefício se deu pela Lei 8.742/93, conhecida como Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS), e do Decreto 1.744/95, os quais
estabelecem os seguintes requisitos para concessão:

a) Ser portador de deficiência ou ter idade mínima de 65 (sessenta e cinco) anos


para o idoso não deficiente;

b) Renda familiar mensal (per capita) inferior a ¼ do salário mínimo;

c) Não estar vinculado a nenhum regime de previdência social;

d) Não receber benefício de espécie alguma, salvo o de assistência médica;

e) Comprovar não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la


provida por sua família;

Características Específicas do Benefício

Para análise do direito ao Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social


(BPC-LOAS), instituída pela Lei 8.742/93, serão consideradas como:
a) idoso: aquele com idade de 65 (sessenta e cinco) anos ou mais;

b) pessoa portadora de deficiência (PPD): é aquela incapacitada para a vida


independente e para o trabalho, ou seja, aquela que apresenta perdas ou
19
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

reduções da sua estrutura, ou função anatômica, fisiológica, psicológica ou


mental, de caráter permanente, em razão de anomalias ou lesões
irreversíveis de natureza hereditária, congênita ou adquirida, que geram
incapacidade para viver independentemente ou para exercer atividades,
dentro do padrão considerado normal ao ser humano, consoante
estabelece a súmula 29 da Turma Nacional de Uniformização dos JEFs;

c) incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação do


desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva
e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à
interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social;

d) família: o conjunto de pessoas que vivam sob o mesmo teto, assim


entendido o cônjuge, o companheiro ou a companheira, os pais, os filhos e
irmãos não emancipados de qualquer condição, menores de 21 (vinte e
um) anos ou inválidos, e os equiparados a filhos, caso do enteado e do
menor tutelado (na forma do art. 16 da Lei 8.213/1991);

e) família incapacitada de prover a manutenção da pessoa portadora de


deficiência ou idosa: aquela cujo cálculo da renda per capita, que
corresponde à soma da renda mensal bruta de todos os seus integrantes,
dividida pelo número total de membros que compõem o grupo familiar, seja
inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.

f) família para cálculo da renda per capita, conforme disposto no § 1º do art.


20 da Lei 8.742/1993: conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto,
assim entendido, o requerente, o cônjuge, a companheira, o companheiro,
o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou
inválido, os pais, e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 anos ou inválido;

Nota: O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante


comprovação de dependência econômica e desde que não
possuam bens suficientes para o próprio sustento e educação;

20
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Nota: O filho ou o irmão inválido do requerente que não esteja em


gozo de benefício previdenciário ou do Benefício de Prestação
Continuada, em razão de invalidez ou deficiência, deve passar por
avaliação médico pericial para comprovação da invalidez.

g) renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos


mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos,
pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou
privada, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não
assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos
auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação
Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19 do
Decreto 6.214/2007.

Anteriormente a idade mínima para ter direito ao benefício era de 70 anos, mas com
a edição de novas leis, a idade teve redução conforme quadro abaixo:

Período Lei Idade


Mínima
1º de janeiro de 1996 a 31 de dezembro Art. 38 da Lei 8.742/1993 70 anos
de 1997
1º de janeiro de 1998 a 31 de dezembro Lei 9.720/1998 67 anos
de 2003
a partir de 1º de janeiro de 2004 artigo 34 da Lei 65 anos
10.741/2003

Conforme dispõe o art. 2º da LOAS, a assistência social tem por objetivos:

I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção


da incidência de riscos, especialmente:

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;


21
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;

d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua


integração à vida comunitária; e

e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência


e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de
tê-la provida por sua família;

II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade


protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de
vitimizações e danos;

III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto
das provisões socioassistenciais.

Entende-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem à


melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades
básicas, observem os objetivos e os princípios acima citados, além das diretrizes
estabelecidas pela Lei 8.742/93.

Será devido o benefício assistencial ao idoso e ao portador de deficiência


incapacitado para a vida independente e para o trabalho, este último
independentemente de sua idade, mesmo que qualquer deles esteja abrigado em
instituição pública ou entidade filantrópica, no âmbito nacional, e desde que
comprove carência econômica para prover a própria subsistência.

Conforme estabelece o Decreto 4.360/02 o benefício é intransferível, não gerando


direito à pensão por morte a herdeiros ou a sucessores, além de não gerar direito a
pagamento de abono anual.

No entanto, os valores que porventura não tenham sido recebidos em vida pelo
beneficiário serão pagos aos seus herdeiros diretamente pelo INSS.

22
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

4- PRINCÍPIOS DO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL

A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:

I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de


rentabilidade econômica;

II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação


assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e


serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se
qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer


natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais,


bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua
concessão.

Perícia Médica

A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação


médica e social. As avaliações serão realizadas, respectivamente, pela perícia
médica e pelo serviço social do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos
especificamente para este fim.

A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da


deficiência e do grau de incapacidade, com base nos princípios da Classificação
Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde (CIF), estabelecida pela
Resolução da Organização Mundial da Saúde nº 54.21, aprovada pela 54ª
Assembleia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001.

A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade considerará as


deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e a avaliação social considerará
23
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

os fatores ambientais, sociais e pessoais, e ambas considerarão a limitação do


desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas
especificidades.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o INSS implantarão as


condições necessárias para a realização da avaliação social e a sua integração à
avaliação médica. Todavia, até que esta regra seja cumprida, a avaliação da
deficiência e da incapacidade, ficará restrita ao exame médico pericial e laudo
realizados pelos serviços de perícia médica do INSS.

Menores de 16 anos de Idade

Para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada às


crianças e adolescentes menores de 16 (dezesseis anos) de idade, deve ser
avaliada a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de
atividade e restrição da participação social, compatível com a idade, sendo
dispensável proceder à avaliação da incapacidade para o trabalho.

Beneficiário Incapaz de Gerir o Próprio Benefício

Na manutenção do benefício caso alguém da família alegue que o beneficiário não


possui condições de gerir o recebimento do benefício, deverão adotar os seguintes
procedimentos:

a) constituição de procurador conforme dispõe o art. 156 do Decreto 3.048/1999, na


hipótese de o beneficiário possuir discernimento para a constituição de mandatário
(art. 654 do Código Civil, combinado com o art. 3º, incisos II e III), uma vez que o
fato de ser acometido de enfermidade mental não significa a impossibilidade de
consciência e expressão válida de vontade em todos os momentos;

b) na impossibilidade de constituição de procurador, deve ser orientado/esclarecido


à família sobre a possibilidade de interdição parcial ou total do beneficiário;

c) deverá ser exigida uma declaração da pessoa que se apresenta no Instituto


alegando a situação vivida pelo beneficiário;

24
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

d) a interdição, seja total ou parcial, nunca deve ser exigência do INSS, pois ela
deve ser promovida pelos pais ou tutores, pelo cônjuge ou qualquer outro parente,
ou ainda, pelo Ministério Público, conforme art. 1.768 do Código Civil;

e) o INSS somente procederá à alteração do recebedor do benefício após a


apresentação do comprovante do pedido de interdição, total ou parcial, perante a
justiça, o que permitirá o recebimento do benefício, na condição de administrador
provisório, por um período de seis meses

Beneficiário Carcerário

A pessoa reclusa (requerente ou beneficiária) devidamente comprovado por órgão


carcerário, não fará jus ao Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social
(BPC-LOAS), uma vez que a sua manutenção estará sendo provida pelo Estado.
Não se aplica o mesmo, quando o requerente ou beneficiário estiver abrigado em
instituição pública ou entidade filantrópica, no âmbito nacional.

Pagamento a Mais de um Membro da Família - Condições

O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC-LOAS) poderá ser


pago a mais de um membro da família, desde que comprovadas todas as condições
exigidas.

O valor do benefício assistencial ao deficiente (espécie 87) concedido a outros


membros do mesmo grupo familiar passa a integrar a renda para efeito de cálculo
per capita do novo benefício requerido, sendo facultada, porém, a renúncia àquele
benefício para possibilitar a concessão do beneficio assistencial ao idoso (espécie
88) aos pais do deficiente.

A partir de 1º de janeiro de 2004, o benefício assistencial ao idoso (espécie 88), já


concedido a qualquer membro da família, não será computado para fins de cálculo
da renda per capita do novo benefício requerido da mesma espécie, conforme o
parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).

25
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

O valor da Renda Mensal Vitalícia (RMV), urbana ou rural, recebido por idoso ou por
pessoa inválida, compõe o cálculo da renda familiar per capita quando da concessão
de benefício do LOAS, inclusive a idoso, desde que os interessados integrem o
mesmo grupo familiar, cabendo porém renúncia expressa àquele benefício em prol
de si mesmo ou de outrem.

O idoso que declara renda fruto de seu trabalho, cuja renda per capita do grupo
familiar seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, terá direito ao beneficio de
prestação continuada da assistência social, desde que atendido o disposto do art. 20
da Lei 8.742/1993 e art. 34 da Lei 10.741/2003.

Para análise da composição do grupo familiar deve-se considerar a relação de


parentesco existente entre o requerente e as pessoas elencadas no art. 16 da Lei
8.213/1991, e não a relação de parentesco dessas pessoas entre si.

Não integram o grupo familiar as pessoas não elencadas no rol do art. 16 da Lei
8.213/1991, ainda que tenham sob sua curatela o deficiente ou venham a acolher
idoso.

A renda do tutor não deve integrar o cálculo para aferição da renda per capita,
exceto quando o rendimento do tutor decorrer da administração dos bens do
tutelado ou quando ocorrer a hipótese prevista no § 2º do art. 16 da Lei 8.213/1991,
ou seja, mediante declaração do segurado/tutor e a comprovação da dependência
econômica.

Os valores oriundos de pensão alimentícia serão computados para cálculo da renda


per capita do grupo familiar, para acesso ao Benefício de Prestação Continuada da
Assistência Social (BPC-LOAS).

Carência

Não há carência para a concessão do benefício de assistência social uma vez que a
própria legislação prevê que não há necessidade de contribuição, dentro dos
requisitos pré-estabelecidos.

26
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Beneficiários

São beneficiários da assistência social os portadores de deficiência e os idosos com


65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de
prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Assim, diferentemente dos benefícios da previdência social, onde há a


obrigatoriedade da contribuição, no benefício de assistência social (LOAS) não há
necessidade de contribuição previdenciária, ou seja, ainda que o indivíduo não tenha
contribuído com a previdência, uma vez enquadrado nos requisitos citados
anteriormente, terá direito ao benefício.

Renda Mensal Inicial

O valor mensal do benefício de assistência social, também denominado LOAS, é de


1 (um) salário mínimo federal por mês, na forma de benefício de prestação
continuada.

Data do Início do Benefício

O benefício de prestação continuada será devido após o cumprimento, pelo


requerente, de todos os requisitos legais e regulamentares exigidos para a sua
concessão, inclusive apresentação da documentação necessária, devendo o seu
pagamento ser efetuado em até 45 (quarenta e cinco) dias após cumpridas as
exigências mencionadas no início deste subitem.

Revisão do Benefício

O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para
avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.

Poderá haver a transformação do benefício entre espécies, sendo desnecessária a


cessação de uma espécie para concessão da outra, se for verificado, por exemplo,
que o beneficiário da espécie 87 (deficiente) preenche os requisitos exigidos para a
espécie 88 (idoso).

27
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Se durante o processo de revisão for apurada a concessão irregular de um Benefício


de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC-LOAS) em virtude de omissão
do requerente ao declarar o grupo e a renda familiar, e se verificar que atualmente o
requerente preenche todas as condições estabelecidas pelo LOAS para concessão
de outro benefício, deve-se cessar o benefício mais recente e conceder novo
benefício.

Se for constatado que por erro administrativo foi concedido benefício assistencial a
casal de idosos, antes do Estatuto do Idoso, sem observar os critérios estabelecidos
no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), o INSS deve
cessar o benefício mais recente e, em seguida, conceder novo benefício.

Cessação do Benefício

A cessação do pagamento do benefício de assistência social ocorrerá nas seguintes


hipóteses:

I) Morte do beneficiário;

II) Morte presumida do beneficiário, declarada em juízo;

III) Superação das condições que lhe deram origem;

IV) Ausência declarada do beneficiário;

V) Falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao exame


médico pericial, por ocasião de revisão do benefício;

VI) Falta de apresentação pelo beneficiário da declaração de composição do grupo


familiar por ocasião da revisão do benefício; e

VII) Concessão de outro benefício.

28
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

5- JURISPRUDÊNCIAS

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 20,


§ 3º, DA LOAS. PONTO NÃO ABRANGIDO NA ANÁLISE DO JUÍZO DE
RETRATAÇÃO. ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N. 10.741/2003.
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. STF. RE N. 580.963/MT. RENDA
MENSAL. APOSENTADORIA NO VALOR DE UM SALÁRIO MÍNIMO. PERCEPÇÃO
POR IDOSO INTEGRANTE DO NÚCLEO FAMILIAR. INCLUSÃO.
DESCABIMENTO. RETRATAÇÃO EFETIVADA. 1. A análise do juízo de retratação,
no caso concreto, não abrange a parte do recurso especial em que era postulada a
aplicação objetiva do critério previsto no art. 20, § 3º, da Lei n. 8.742/1993, uma vez
que, nesse ponto, desproveu-se o recurso da autarquia previdenciária, conforme a
orientação traçada no âmbito da Terceira Seção, no julgamento do REsp n.
1.112.557/MG, sendo que esse aspecto da decisão proferida no especial não foi
abrangido pelo recurso extraordinário interposto pela recorrida, mesmo porque lhe
era favorável. 2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 580.963/MT,
declarou a inconstitucionalidade, por omissão parcial, do art. 34, parágrafo único, da
Lei n. 10.741/2003 e concluiu que a aposentadoria no valor de um salário mínimo
percebida por idoso integrante do grupo familiar não pode ser incluída no cálculo da
renda familiar per capita, para fins de apuração da condição de miserabilidade, no
tocante à concessão do benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da
Assistência Social, o que destoa da posição adotada no julgamento do presente
recurso especial. 3. Recurso especial improvido, em juízo de retratação, na forma do
art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil. (STJ - REsp: 1226027 PR
2010/0230282-2, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento:
27/06/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/08/2014).

ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC.


BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ART. 203, V, DA CF. RENDA FAMILIAR
PER CAPITA. ART. 20, § 3º, DA LEI N.º 8.742/93. INCAPACIDADE TOTAL E
PERMANENTE PARA O TRABALHO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. 1.
Para a concessão do benefício de assistência social (LOAS) faz-se necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos: 1) ser pessoa portadora de deficiência ou

29
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais (art. 34 do Estatuto do Idoso - Lei n.º
10.741 de 01.10.2003); 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de tê-la
provida por sua família, cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário
mínimo (art. 203, V, da CF; art. 20, § 3º, e art. 38 da Lei n.º 8.742 de 07.12.1993). 2.
Preenchidos os requisitos legais ensejadores à concessão do benefício. 3. Agravo
Legal a que se nega provimento. (TRF-3 - AC: 18702 SP 0018702-
28.2012.4.03.9999, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL FAUSTO DE SANCTIS,
Data de Julgamento: 18/03/2013, SÉTIMA TURMA).

Benefício assistencial à pessoa com deficiência: Mudança de conceitos do


Direito Previdenciário

As significativas mudanças vieram com o novo Estatuto de Pessoa com


Deficiência, Lei 13.146/15.
Mas na presente coluna darei ênfase à aplicação dos novos dispositivos no
Benefício Assistencial de Prestação Continuada, este que encontra respaldo legal
no artigo 203, V, da Constituição Federal, no artigo 20 da Lei
8.742/93(regulamentado pelo Anexo do Decreto nº 6.214/07) e demais normas
aplicáveis.
Analisando a redação original do § 2º do art. 20 da LOAS, observa-se que houve
drásticas mudanças com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência:
REDAÇÃO ORIGINAL:
§ 2º Para efeitos de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é
aquela incapacitada para o trabalho e para a vida independente.
NOVA REDAÇÃO:
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se
pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015)

30
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Neste sentido, percebe-se que o legislador foi minucioso ao estabelecer no art. 3º,
inciso IV da Lei 13.146, a conceituação das diferentes espécies de barreiras que
podem dificultar a participação em igualdade de condições da pessoa com
deficiência, veja-se:
Art. 3o Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou
impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de
seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com
segurança, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados
abertos ao público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo,
atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o
recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de
comunicação e de tecnologia da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem
a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com
deficiência às tecnologias;
Logo, não mais se conceitua a deficiência que enseja o acesso ao BPC-LOAS como
aquele que incapacite a pessoa para a vida independente e para o trabalho, e sim
aquele que possui algum tipo de impedimento, que, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em
igualdade de condições com as demais pessoas. Em momento algum a norma
condiciona o recebimento do benefício à demonstração da incapacidade para o
trabalho!

O novo conceito de pessoa com deficiência no Direito Previdenciário

31
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Não se pode mais confundir deficiência (artigo 20, § 2º da LOAS) com incapacidade
laborativa, exigindo, para a configuração do direito, a demonstração da “invalidez
de longo prazo”. Isto, pois a consequência prática deste equívoco é a
denegação do benefício assistencial a um número expressivo de pessoas que
têm deficiência e vivem em condições de absoluta penúria e segregação
social, comprometendo as condições materiais básicas para seu sustento e
até desenvolvimento social para sair da situação de extrema necessidade.
Nesse sentido, cumpre salientar que o novo conceito de pessoa com
deficiência foi primeiramente estabelecido pelo art. 1º da Convenção Internacional
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, constitucionalizado pelo Brasil ao
seguir o rito do art. 5º, §3º da Constituição Federal (incorporado em nosso
ordenamento jurídico com força de EMENDA CONSTITUCIONAL), com a
consequente promulgação do Decreto nº 6.949/09. Em 2012 a Convenção já havia
sido ratificada por 126 países.

Diante disto, a recente mudança de paradigma na conceituação da pessoa com


deficiência possui força de Emenda Constitucional, com aplicação imediata, de
maneira que todo o ordenamento infraconstitucional conflitante com o novo
conceito deve ser assistido como incompatível em termos de compatibilidade
constitucional.

Atentando ao preâmbulo da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas


com Deficiência, no item „e‟ deparamo-nos com a seguinte definição de deficiência:

e) Reconhecendo que a deficiência é um conceito em evolução e que a


deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras
devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação
dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas.

A partir da conjugação deste critério com o disposto no artigo 2º do Estatuto da


Pessoa com Deficiência, que trouxe contribuição à redação dada pelo artigo 1º
do Pacto de Nova Iorque, conclui-se que uma pessoa PODE TER DEFICIÊNCIA E,
32
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

AINDA ASSIM, SER CAPAZ DE TRABALHAR E DE MANTER UMA VIDA


INDEPENDENTE. Se esta pessoa vivendo estado de pobreza
(“miserabilidade”), lhe assiste direito ao Benefício Assistencial, conforme
previsão do artigo 203, V da CF/88.

O Decreto nº 6.214/07, que regulamento o benefício de prestação continuada,


estabelece os parâmetros a serem utilizados para a avaliação do “requisito de
deficiência”, perceba-se:
Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à
avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da
Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF,
estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada
pela 54a Assembleia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. (Redação
dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
[…]
§ 2o A avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais,
a avaliação médica considerará as deficiências nas funções e nas estruturas
do corpo, e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a
restrição da participação social, segundo suas especificidades. (Redação
dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
§ 5o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo:
(Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)

I – comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física,


mental, intelectual ou sensorial; e (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
II – aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa com
deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos a que se
refere o inciso I com barreiras diversas. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
§ 6o O benefício poderá ser concedido nos casos em que não seja possível prever
a duração dos impedimentos a que se refere o inciso I do § 5o, mas exista a
possibilidade de que se estendam por longo prazo. (Incluído pelo Decreto nº
7.617, de 2011) (grifos acrescidos)

33
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

A Turma Nacional de Uniformização já decidiu que para a concessão do benefício


assistencial devem ser observados os princípios da Classificação Internacional de
Funcionalidades, Incapacidade e Saúde (CIF):

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL


– CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (LOAS) –
INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA – PORTADORA DE LÚPUS
ERITEMATOSO SISTÊMICO – DOENÇA AUTO IMUNE – NECESSIDADE DE
AVERIGUAR AS CONDIÇÕES SOCIAIS PARA CONCLUSÃO DA
(IN)CAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. Trata-
se de agravo contra inadmissão de incidente de uniformização nacional, suscitado
pela parte autora, em face de acórdão de Turma Recursal do Juizado Especial
Federal da Seção Judiciária de Pernambuco. Inadmitido o incidente pela Turma de
origem, foi requerida, tempestivamente, a submissão da admissibilidade à
Presidência desta Turma Nacional nos termos do art. 7º, VI do RI/TNU. A matéria
ventilada e a ser verificada no presente caso é a possibilidade de se conceder o
benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da Assistência Social em casos de
incapacidade parcial e definitiva, considerando as condições pessoais e sócio-
econômicas do beneficiário. A parte autora encontra-se com 35 anos, é portadora de
lúpus eritematoso sistêmico, uma doença auto imune, tem o ensino fundamental
incompleto, é lavadeira sem nunca ter trabalhado com carteira assinada e,
atualmente, quando sente poucas dores, faz pequenos serviços como tal. Depende,
para a sobrevivência, da pensão alimentícia dos dois filhos menores e do Bolsa
Família. O “prognóstico é pessimista para a cura”. Ainda de acordo com o perito, “no
momento a pericianda é portadora de incapacidade parcial definitiva. Pode exercer
atividades que não exijam longas caminhadas, exposição ao sol e elevação de peso.
Levando em consideração o relativo nível de escolaridade, necessita de programa
de reabilitação profissional”. Não houve perícia social nem realização de audiência
para a colheita de provas testemunhais. Na contestação, o INSS se manifesta pela
improcedência do pedido declinado na exordial, pois “sendo a parte autora apenas
parcialmente incapaz, resta descaracterizado um dos requisitos do amparo
assistencial”. A Sentença de improcedência de 1º grau foi mantida pela Turma
Recursal, sob o argumento de que a parte autora não se enquadra no conceito legal
34
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

de pessoa portadora de deficiência para efeitos da obtenção de benefício


assistencial: “…entendo que a incapacidade parcial da autora não a afasta do
mercado de trabalho, eis que existem atividades que podem ser por ela exercidas”,
segundo o Magistrado sentenciante. Sustenta o Recorrente que “a patologia da
autora é suficiente para torná-la incapaz de prover seu sustento dignamente”. Foram
apresentadas as contrarrazões pela inadmissão. É o relatório. […] Ao adentrar no
mérito, imperioso perquirir, em um primeiro instante, o que seja incapacidade no
habitat da legislação. Efetivando o estudo pelo critério da interpretação sistemática,
conclui-se que a incapacidade não pode ser avaliada exclusivamente à luz da
metodologia científica. Fatores pessoais e sociais devem ser levados em
consideração, outrossim. Há que se perscrutar, considerando que a incapacidade
laborativa impossibilita, impreterivelmente, a mantença de uma vida independente,
se há a possibilidade real de reinserção do trabalhador no mercado de trabalho, no
caso concreto. Deve ser balizada, para tanto, a ocupação efetivamente disponível
para o autor, levando-se em conta, além da doença que lhe acometeu, a idade, o
grau de instrução, bem como, a época e local em que vive. Como se trata do
benefício da Lei Orgânica da Assistência Social, vejamos o que a Lei nº 8.742, de 7
de dezembro de 1993, estabelece: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a
garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 2o Para efeito de
concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o
Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a
família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo
A Lei n. 7.853/88, que dispõe sobre a Política Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, foi regulamentada pelo Decreto n. 3.298, que prescreve:
Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se: III – incapacidade – uma
redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade
de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa
portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu
35
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Art. 4o


É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes
categorias: I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia,
amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não
produzam dificuldades para o desempenho de funções; (Grifos nossos) No que
concerne à definição de incapacidade para se fazer jus ao benefício em questão, o
Decreto nº. 6.214, de 26/09/07, ao regulamentá-lo, firma, no seus artigos 4º e 16, o
que é incapacidade e o grau a ser considerado, in verbis: Art. 4o Para os fins do
reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: III – incapacidade: fenômeno
multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da
participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em
correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e
social; …. Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita
à avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, com base nos princípios da
Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF,
estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada
pela 54ª Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. § 1o A avaliação
da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação médica e
social. § 2o A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade
considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e a avaliação
social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, e ambas considerarão
a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social,
segundo suas especificidades; (Grifos nossos) O entendimento perfilhado por esta
Corte, outrossim, é no sentido de que o magistrado, ao analisar as provas dos autos
sobre as quais formará sua convicção, e deparando-se com laudos que atestem
incapacidade parcial, deve levar em consideração as condições pessoais da parte
requerente para a concessão de benefício assistencial. Malgrado não ser a
incapacidade total e definitiva, pode ser considerada como tal quando assim o
permitirem as circunstâncias sócio-econômicas do beneficiário, ou na medida em
36
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

que este não possuir condições financeiras de custear tratamento especializado, ou,
mesmo, se sua reinserção no seu ambiente de trabalho restar impossibilitado. […].
(TNU, PEDILEF 05344825220094058300, Relator JUIZ FEDERAL WILSON JOSÉ
WITZEL, DOU 23/01/2015 PÁGINAS 68/160)

Para além da questão afeta à observância do CIF por ocasião da perícia, giza-se
que também deverá ser feita a avaliação da deficiência com fundamento no
Índice de Funcionalidade Brasileiro aplicado para fins de Classificação e
Concessão da Aposentadoria da Pessoa com Deficiência (IF-BRA). O referido índice
foi introduzido pela Portaria Interministerial AGU/MPS/MF/SEDH/MP Nº 1 DE
27.01.2014, e visa fornecer o método a ser utilizado a fim de se avaliar a deficiência
do segurado. E saliente-se que o próprio INSS já se adequou aos parâmetros do
IF-BRA e do CIF na concessão administrativa dos BPC.

Portanto, a partir da análise dos dispositivos acima, verifica-se que as próprias


normas regulamentadoras do benefício prelecionam que o critério a ser observado –
quanto à deficiência – é o grau de restrição para a participação plena e efetiva
da pessoa com deficiência na sociedade, não fazendo qualquer referência à
incapacidade para o trabalho ou para a vida independente!

É perceptível a profunda modificação no enquadramento da pessoa com deficiência,


de maneira que a ultrapassada (e incompatível com a atual ordem constitucional)
definição de pessoa com deficiência, originalmente concebida pela Lei 8.742/93,
merece dar espaço à nova conceituação, dada pela Convenção Internacional Sobre
os Direitos da Pessoa com Deficiência e pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Mudança no critério econômico: o afastamento da regra do 1/4 de salário
mínimo per capita e do conceito de miserabilidade
Já no que consta ao critério econômico relacionado ao benefício, o Supremo
Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade do patamar entabulado no
artigo 20 §3º da Lei 8.742/93, de modo que a análise da vulnerabilidade social
experimentada pelo requerente deve ser observada individualmente. Veja-se:

37
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – RENDA FAMILIAR


PER CAPITA – CRITÉRIO DE AFERIÇÃO DE MISERABILIDADE –
CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO – AFASTAMENTO – DECLARAÇÃO
DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 20, § 3º, DA LEI Nº 8.742/93 SEM
PRONÚNCIA DE NULIDADE – AGRAVO DESPROVIDO. 1. O Colegiado de origem
assentou a comprovação dos pressupostos necessários à concessão do benefício
assistencial de prestação continuada – LOAS. O recorrente insiste no
processamento no extraordinário, afirmando violados os artigos 203, inciso V, e 229,
cabeça, da Constituição Federal, apontando não preenchido o requisito da
miserabilidade. 2. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, de minha
relatoria, tendo sido designado para redigir o acórdão o ministro Gilmar Mendes,
declarou incidentalmente a inconstitucionalidade, por omissão parcial, do artigo 20, §
3º, da Lei nº 8.742/93, sem pronúncia de nulidade, asseverando o critério de renda
familiar por cabeça nele previsto como parâmetro ordinário de aferição da
miserabilidade do indivíduo para fins de deferimento do benefício de prestação
continuada. Permitiu, contudo, ao Juiz, no caso concreto, afastá-lo, para assentar a
referida vulnerabilidade com base em outros elementos. 3. Em face do precedente,
ressalvando a óptica pessoal, desprovejo este agravo. 4. Publiquem. Brasília, 30 de
março de 2016. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (STF – ARE: 937070 PE –
PERNAMBUCO, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 30/03/2016,
Data de Publicação: DJe-063 07/04/2016) (grifo nosso)
Também é verdade que a Jurisprudência consolidou o entendimento restritivo do
INSS no que tange a necessidade de demonstração de estado de miserabilidade
do grupo familiar do postulante, mas a Constituição e as leis pertinentes ao tema
em nada condicionam o benefício para estado de miséria total, degradante e/ou
indigno do grupo familiar, ao passo que se o legislador não restringiu, não cabe aos
intérpretes restringir direitos sociais.

38
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

6- DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - ARTIGO 203,


INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ARTIGO 20 DA LEI 8.742/93

O Benefício de Prestação Continuada -BPC- se trata de um benefício oferecido


pela Assistência Social, trazido pelo artigo 20 da LOAS, no valor de um salário
mínimo, pago à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não
possuir meios de prover à própria manutenção ou tê-la provida por sua família.

As condições para a concessão do Benefício de Prestação Continuada no valor de


um salário mínimo à pessoa com deficiência e ao idoso carentes estão previstas
nos artigos 20 e 21 da LOAS, os quais serão abordados a seguir.

Requisitos para a concessão do Benefício de Prestação Continuada


Para a concessão do beneficio, a Lei 8.742/93, com as alterações realizadas pelas
leis 12.435/11 e 12.470/11, traz os seguintes requisitos em seu artigo 20:
“Art. 20 – O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário
mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta)
anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção
e nem de tê-la provida por sua família.
§ 1º - Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o
cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o
padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores
tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
§ 2º - Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com
deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.
§ 3º - Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior à ¼ (um
quarto) do salário mínimo.

39
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

§ 10 – Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2º deste artigo,


aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. ”(grifos nossos).

Nesta seara, a lei impõe a necessidade do pleiteante ser:

a) PRIMEIRO REQUISITO: pessoa idosa (65 anos ou mais) ou portadora de


deficiência, entendida esta como um impedimento de longo prazo (mínimo
de 2 anos), de natureza física, mental, intelectual ou sensorial;

b) SEGUNDO REQUISITO: que os membros familiares, considerados somente


aquelas pessoas indicadas no § 1º e que vivam sob o mesmo teto, sejam
hipossuficientes materialmente, considerando-se como renda per capita familiar a
base de ½ salário mínimo nacional vigente, posto que o requisito da renda
familiar per capita inferior à ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente, foi
declarado inconstitucional recentemente pelo STF, no julgamento da Reclamação
n. 4374 e REs n. 567985 e 580963, que entendeu pela inconstitucionalidade do
critério objetivo de ¼ do salário mínimo para renda per capita, como prova da
miserabilidade para a concessão do beneficio assistencial, por entender estar o
mesmo “defasado”, devendo ser majorado para ½ salário mínimo, segundo os
demais programas governamentais de assistência social brasileiros.
No presente trabalho, trataremos apenas do requisito da miserabilidade, previsto
no artigo 20, parágrafo 3º, da LOAS.

Do conceito de família, para fins de apuração da renda per capita e da


miserabilidade, nos termos do artigo 20, parágrafo 1º, da LOAS: rol exaustivo
O artigo 20, parágrafo 1º, da LOAS, assim dispõe:

“ Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o


cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o
padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores
tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto”.

40
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Assim, apenas podem ser consideradas família, para fins da LOAS, as pessoas
mencionadas, que residam no mesmo domicílio arroladas de forma expressa e
exaustiva.

DA IMPOSSIBILIDADE DE INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO ARTIGO 20,


PARÁGRAFO 1º, DA LOAS

Em decorrência da mencionada disposição legal, qualquer indivíduo que não


possua o grau de parentesco com o requerente do benefício, ou que não vivam sob
o mesmo teto, deverão ser desconsiderados para o cálculo do número de
indivíduos quanto da renda per capita do grupo familiar, não se admitindo
interpretação extensiva, sendo o rol exaustivo, e não exemplificativo.

Entretanto, é certo que os demais familiares têm o dever de prestar alimentos,


desde que possuam condições para tanto, nos termos da lei civil.

Ocorre que recentes decisões judiciais tem considerado, como membros familiares,
filhos casados e solteiros não residentes sob o mesmo teto do requerente, a fim de
lhes atribuir o dever de sustento, mesmo tendo o estudo social realizado nos autos
concluído ser o núcleo familiar somente composto pelo requerente e
esposo/esposa e não ter sido averiguada a real condição de tais parentes.

Assim entendeu, como exemplo, o relator da decisão do processo n. 0000543-


18.2014.4.03.6329, proferida pela 10ª Turma Recursal da Seção Judiciária de
São Paulo:

“No que tange à hipossuficiência econômica, segundo o laudo social produzido, a


autora reside com seu marido, em imóvel próprio, em boas condições de
habitabilidade; no mesmo terreno, residem dois filhos da autora, casados, que
ajudam em suas necessidades básicas e no pagamento de algumas contas.
Recebe doações de fraudas da assistência social. Há onze anos faz uso da
cadeira de rodas para se locomover; a medicação utilizada é parcialmente
41
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

fornecida pelo SUS e tem gastos aproximados de R$ 100,00 com remédios e total
de R$ 799,00. O marido da autora é aposentado e recebe um salário mínimo
mensal. O casal possui 7 filhos, que têm dever legal dos filhos prestar alimentos a
seus genitores. Assim sendo, a família da parte autora tem condições de prover a
sua subsistência, em atendimento às suas necessidades básicas, ressaltando que
a atuação do Estado é sempre subsidiária em relação à família.” (grifos nossos).

Entretanto, entendemos que tal decisão contraria o artigo 20, § 1º, da LOAS, que
enumera taxativamente quem são os parentes que possuem o dever legal de
sustento, para fins de concessão do beneficio assistencial, desconsiderando,
dentre outros parentes, os filhos casados e os solteiros não residentes sob o
mesmo teto, sendo tal rol exaustivo segundo a jurisprudência pátria,
caracterizando-se assim a miserabilidade familiar, conforme se verá a seguir.

Da análise da jurisprudência

A 1ª Turma Recursal de Tocantins, da 1ª Região, ao analisar o tema, nos autos do


processo n. 123657820074014 (RECURSO CONTRA SENTENÇA DO JUIZADO
CÍVEL), tendo como relator, o Juiz Federal Rodrigo Vasconcelos Coelho de Araujo,
em julgamento ocorrido em 09/03/09 (consultado
em: http://columbo2.cjf.jus.br/juris/unificada/Resposta, em 08/11/14, as 11:59h), em
votação unânime, entendeu que:

“AGRAVO INTERNO. TEMPESTIVO. EMBARGOS de DECLARAÇÃO.


INTEMPESTIVOS. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. SEGURIDADE SOCIAL.
REQUISITO ECONÔMICO. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO
ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, ESTATUTO DO IDOSO. AGRAVO CONHECIDO
E PROVIDO. 1. A interpretação extensiva do art. 34, parágrafo único, da Lei
nº. 10.742/2003 impõe a desconsideração, para fins de cálculo da renda familiar
"per capita" a que se refere a LOAS (art. 20, parágrafo único Lei 8.742/93), de
qualquer benefício assistencial ou previdenciário equivalente ao salário mínimo
recebido por pessoa com mais de 65 anos de idade ou inválida. 2. A renda do

42
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

grupo familiar consiste em dois salários mínimos, provenientes de aposentadoria


por idade rural (genitora nascida em 1948) e aposentadoria por invalidez rural
(genitor nascido em 1924). 3. Nos termos do art., da Lei /93 e art. 16 da Lei nº
9213/91, para efeitos de concessão do benefício assistencial, considera-se
componente do grupo familiar para o cálculo da renda mensal "per capita" apenas
e tão-somente o cônjuge ou companheiro, o filho não emancipado menor de vinte e
um anos ou inválido, os pais, bem como os irmãos também não emancipados e
menores de 21 anos de idade ou inválidos. 4. O grupo familiar do recorrente (autor,
genitora, genitor e uma irmã com 19 anos) possui renda per capita de ¼ do salário
mínimo, nos termos do art. 20§ 1º 8.74220, § 3º da LOAS. 5. A renda do grupo
familiar é de exatamente ¼ do salário mínimo, superando o limite estabelecido no
artigo 20, § 3º, da Lei 8.742/93, não há elementos que conduzam a uma situação
de miserabilidade extrema a ponto de afastar o requisito objetivo da renda familiar.
6. Sentença reformada para julgar improcedente o pedido de amparo assistencial
ao deficiente físico. 7. Agravo interno conhecido e provido. 8. No que pertine aos
Embargos de Declaração, verifica-se que são intempestivos, razão pela qual não
merecem ser conhecidos. 9. Sem ônus de sucumbência.

O citado acórdão afirma que o rol do artigo 20, § 1º, da lei 8742/93 é exaustivo,
não podendo considerar outros parentes, como membros familiares, uma vez que a
lei assim não considera. Diferentemente do que entendeu o acórdão recorrido, o
qual considerou filhos casados e solteiros não residentes sob o mesmo teto,
atribuindo aos mesmos o dever civil de sustento da recorrente, mesmo sem prova
material desta capacidade, já que não são considerados membros familiares, nos
termos da LOAS.
A Turma Recursal da 1ª Região, ao analisar o tema, nos autos do processo n.
347016920074013, tendo como relatora, a Juíza Federal HIND GHASSAN
KAYATH, em julgamento ocorrido em 21/01/2003 (consultado
em: http://columbo2.cjf.jus.br/juris/unificada/Resposta, em 08/11/14, as 14:18h), por
maioria de votos deu parcial provimento ao pedido, entendeu que:

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RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

“(...) Assim, resta apreciar a questão da interpretação extensiva do art. 20, §


1º da Lei nº. 8.742/93 (LOAS) e do art. 16 da Lei 8.213/91, a fim de computar-se
a renda de componentes do núcleo familiar neles não elencados. No caso em
questão, os dois irmãos do autor, maiores de 21 anos. Cumpre ressaltar que as
modificações da LOAS promovidas pela Lei nº 12.435/2011 - em especial a nova
redação do art. 20, § 1º que alterou o conceito de grupo familiar para fins de
aferição da miserabilidade - são inaplicáveis ao caso sub examine, pois não
possuem efeito retroativo e não podem retirar do patrimônio jurídico da autora
direito que detinha segundo a legislação em vigor na época do requerimento
administrativo. Perfilhando entendimento da Turma Nacional de
Uniformização, considero que, na composição da renda, a noção de grupo
familiar deve ser aferida conforme interpretação restrita do disposto no
art. 16da Lei nº 8.213/91 e no art. 20 da Lei nº 8.742/93, o que, no caso concreto,
exclui do grupo familiar os irmãos maiores de 21 anos não inválidos, conforme a
redação desses dispositivos em vigor da data do requerimento do benefício. Por
tudo que foi exposto, conheço parcialmente do incidente e, na parte conhecida,
dou parcial provimento ao pedido de uniformização interposto pelo INSS para,
anulando o acórdão, devolver os autos ao juízo de origem para reexame do caso
concreto excluindo os dois irmãos do autor da composição da renda familiar. É
como voto.” (grifos nossos).

Veja-se que o entendimento foi no sentido de que o artigo 20, § 1º, da lei 8742/93
possui interpretação restritiva, de forma que somente podem ser considerados os
filhos nela elencados. Entendimento este divergente daquele esposado no acórdão
atacado, demonstrando a necessidade da uniformização.
No mesmo sentido, a 1ª Turma Recursal do Distrito Federal - 1ª Região,
igualmente ao analisar o tema, nos autos do processo n. 241273620114013, tendo
como relator, o Juiz Federal DAVID WILSON DE ABREU PARDO, em julgamento
ocorrido em 05/04/2013 por unanimidade, deu provimento ao recurso, entendeu
que:

44
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

“CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO de PRESTAÇÃO


CONTINUADA. COMPOSIÇÃO da RENDA FAMILIAR. EXCLUSÃO de VALOR
MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR de 65 ANOS. FILHO MAIOR E SOLTEIRO.
EXCLUSÃO. PEDIDO FEITO ANTES da LEI 12.435/2011. REQUISITOS LEGAIS
ATENDIDOS. PROVIMENTO DO RECURSO.(...) 7. Além disso, o entendimento
da TNU, anterior à Lei n. 12.435, de 6 de julho de 2011, era de que, "na
composição da renda, a noção de grupo familiar deve ser aferida conforme
interpretação restrita do disposto no art. 16 da Lei n. 8.213/91 e no art. 20 da
Lei n. 8.742/93, o que exclui do grupo familiar os filhos maiores não inválidos,
genros, irmãos maiores de 21 anos, amigos, avós, sobrinhas etc." (TNU,
PEDILEF 201032007001698, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU
de 27.04.2012. Ainda: PEDILEF 2007.70.53.002520-3/PR, Rel. Juíza Federal
Jacqueline Michels Bilhalva, j. 03.08.2009; PEDILEF 2008.71.95.000162-7/RS,
Rel. Juiz Federal Derivaldo de F. B. Filho, DJ de 05.04.2010)...15. Acórdão
proferido nos termos do art. 46 da Lei n. 9.099/95... INTEIROTEOR:” (grifos
nossos).

Mais uma vez, o entendimento foi no sentido da interpretação literal do artigo 20, §
1º, da lei 8742/93, para fins de apuração do núcleo familiar, contrariando a
interpretação realizada pelo acórdão recorrido.
A TNU, igualmente, ao analisar a questão da extensão do artigo 20, § 1º, da
lei 8742/93, nos autos do PEDILEF n. 200733007030145, tendo como relator, o
Juiz Federal PAULO ERNANE MOREIRA BARROS, em recente julgamento
ocorrido em 17/01/14, deram parcial provimento ao pedido de uniformização, sob o
entendimento de que:

“INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO SUSCITADO PELA PARTE RÉ.


SEGURIDADE SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 20, § 1º, da
LEI 8.742/1993 E ART. 16 DA LEI 8.213/91. FILHO MAIOR E CAPAZ. EXCLUSÃO.
INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Sentença de
procedência do pedido de benefício assistencial, mantida pela Turma Recursal da
Bahia pelos próprios e jurídicos fundamentos. 2. Interposição de incidente de

45
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

uniformização pela parte ré, sob a alegação de que o acórdão recorrido é


divergente do entendimento desta TNU, no sentido de que os filhos maiores e
capazes não integram o grupo familiar no cálculo da renda per capita, para efeito
de concessão do benefício assistencial previsto no art. 20 da Lei n. 8.742/93. 3. O
incidente foi admitido na origem, por considerar o juiz coordenador das Turmas
Recursais da Bahia configurado o dissídio. 4. O incidente de uniformização, com
efeito, merece ser conhecido. 5. Inicialmente convém destacar que o presente
incidente foi interposto antes da edição da Lei nº 12.435/2011 que modificou o §
1º do art. 20 da Lei n. 8.742/93, dando nova feição ao conceito de grupo familiar. 6.
A matéria não é nova neste Colegiado, já tendo sido examinada por ocasião do
julgamento do PEDILEF 2008.51.70000368-7, da Relatoria do Juiz Federal Paulo
Ricardo Arena Filho, em que ficou definido o seguinte: “Com efeito, a
jurisprudência consolidada nesta TNU já se firmou no sentido de que: “O
grupo familiar, para efeito da concessão do benefício assistencial, deve ser
definido de acordo com o art. 20, § 1º da Lei 8.742/93 e art. 16 da
Lei 8.213/91. Os filhos maiores e capazes não podem ser considerados
integrantes do grupo familiar, e nem mesmo sua renda pode ser computada
para efeito do calculo da renda mensal per capita, para efeito da concessão
do benefício assistencial, por falta de previsão legal. Incidente conhecido e
provido. PEDILEF 200870530040166. 7. Ressalto que o referido benefício foi
requerido antes da Lei nº 12.435/2011, razão pela qual esta decisão não contempla
as alterações por ela promovidas na concessão do benefício assistencial. 8. Diante
disso, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao presente incidente, para fixar a premissa
de que, para fins de concessão de benefício assistencial, o conceito de núcleo
familiar deve ser aferido, restritivamente, nos termos do art. 20, § 1º da
Lei 8.742/93 e art. 16 da Lei 8.213/91, e determinar o retorno dos autos à Turma
Recursal de origem para readequação do julgado.” 7. Nesse passo, voto no sentido
de que seja o Incidente de Uniformização de Jurisprudência conhecido e provido
em parte, para determinar o retorno dos autos à Turma de origem a fim de que seja
realizado novo julgamento com base na orientação acima expendida.” (grifos
nossos).

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RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Mais uma vez assim entendeu a TNU, nos autos do PEDILEF n.


200835007004024, tendo como relator, o Juiz Federal DERIVALDO DE
FIGUEIREDO BEZERRA FILHO, em julgamento ocorrido em 22/04/09, por
unanimidade, deu provimento ao pedido de uniformização, sob o entendimento de
que:

“EMENTA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL. AFERIÇÃO DA RENDA MENSAL PER CAPITA. RENDA DE
IRMÃO MAIOR DE IDADE. EXCLUSÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO
PROVIDO. 1. A renda do irmão maior de idade, por força do art. 20 da Lei
nº 8.742/93, c/c art. 16 da Lei nº 8.213/91, não deve ser computada na aferição da
renda mensal per capita como requisito para fins de concessão de benefício
assistencial. Precedente da TNU (Processo nº 200770950106637). 2. O direito ao
benefício assistencial pressupõe a inexistência da possibilidade de
manutenção da subsistência do idoso por sua família, considerando-se grupo
familiar as pessoas elencadas no art. 16da Lei n º 8.213/91, desde que vivam
sob o mesmo teto (§ 1º do artigo 20 da Lei nº 8.742/93). Tratando-se de filhos
maiores, casados e que não moram com a interessada, não há espaço para a
presunção de que o auxílio eventualmente prestado por aqueles constituam
meios de prover a subsistência da autora. 3. Pedido de Uniformização
conhecido e provido, reconhecendo o direito da autora ao benefício
vindicado.” (grifos nossos).

Este é o entendimento consolidado na E. TNU, ou seja, no sentido de que o § 1º,


do artigo 20, da lei 8742/93 deve ser interpretado literalmente, não podendo incluir
filhos casados ou solteiros, mas não residentes no mesmo teto, por falta de
amparo legal.
Por tal razão, a decisão proferida pelo MM. Juízo, no exemplo citado, ao considerar
os 7 filhos no casal ao afirmar pela ausência de miserabilidade, considerou-os no
conceito legal de família, mesmo a lei expressamente os excluindo, por não
residirem sob o mesmo teto. Frise-se que o laudo social concluiu que a recorrente

47
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

reside apenas com o marido, como citou, igualmente, o acórdão atacado: “a


autora reside com seu marido, em imóvel próprio, em boas condições de
habitabilidade; no mesmo terreno, residem dois filhos da autora, casados,
(...)”, (grifos nossos), de forma que os filhos, por não fazerem parte do núcleo
familiar, não podem ser considerados capaz de sustento desta, pois a lei 8742/93
assim impede.
Pelas decisões acima colacionadas, vislumbra-se que deve restar demonstrado o
dever de alimentos dos filhos sem prejuízo do próprio, em atendimento a lei civil
vigente. Tal fato deverá ser verificado mediante realização de estudo social.

Assim, havendo o entendimento de que os filhos possuem o dever de alimentos


dos pais, mesmo não fazendo parte do núcleo familiar, nos termos do art. 20, § 1º,
da LOAS, nula é a r. Decisão, a qual não analisou a renda destes, para fins de
apurar a possibilidade de sustento, sem prejuízo do próprio; de forma que, por
este entendimento, a r. Decisão recorrida deve ser declarada nula de pleno direito,
a fim do retorno dos autos à origem para realização do estudo social dos filhos não
integrantes do núcleo familiar, para comprovar a miserabilidade, segundo os
padrões de jurisprudência norteados na presente, no sentido de se incluir 10% da
renda destes para o sustento da recorrente, considerando-se os demais elementos
citados.

Sendo assim, conclui que pela exposição doutrinária e jurisprudencial acima,


verifica-se que, embora haja certa discordância entre o judiciário brasileiro, o que
prevalece atualmente é o entendimento no sentido da impossibilidade de
interpretação extensiva do artigo 20, parágrafo 1º, da LOAS.

Para que se sustente o entendimento de que os filhos possuem o dever de


alimentos para com os pais, mesmo não fazendo parte do núcleo familiar, nos
termos do artigo 20, § 1º, da LOAS, forçoso concluir-se ao menos pela
necessidade de realização de minucioso estudo sócio-econômico dos filhos não
integrantes do grupo familiar, para apuração da real possibilidade dos mesmos no

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RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

auxílio e no sustento do requerente, sem prejuízo do próprio sustento e de seu


núcleo familiar.

Caso contrário, nula seria a decisão, se não devidamente analisada a renda


destes, para fins de se apurar a real possibilidade de sustento, segundo a lei civil
vigente.

REFERÊNCIAS

Art. 203 da CF/88; Lei 8.742/93; Decreto 1.744/95; art. 16 da Lei 8.213/1991; art.34
da Lei 10.741/2003; Lei 10.406/2002 (Código Civil) .

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Coletânea de


Leis. São Paulo: Saraiva, 2010.

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RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

BRASIL. Decreto nº 7.617 de 17 de novembro de 2011. Altera o Regulamento do


Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto no 6.214, de 26 de
setembro de 2007. Coletânea de Leis. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRASIL. Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização


da Assistência Social e dá outras providências. Coletânea de Leis. São Paulo:
Saraiva, 2012.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
GOUVEIA, Carlos Alberto Vieira de. Benefício por Incapacidade & Perícia
Médica. 1ª ed. Curitiba: Juruá, 2012.

KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis e outros. Prática Processual Previdenciária


Administrativa e Judicial. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

BRASIL. PEDILEF 200733007030145, TNU. Relator: Juiz Federal Paulo Ernane


Moreira Barros. Julgado em: 17/01/14.

BRASIL. PEDILEF 200835007004024, TNU. Relator: Juiz Federal Derivaldo de


Figueiredo Bezerra Filho. Julgado em: 22/04/2009.

BRASIL. PROCESSO N. 347016920074013. TURMA RECURSAL DA 1ª


REGIÃO. Relatora: Juíza Federal Hind Ghassan Kayath, Julgado em 21/01/2003.

BRASIL. PROCESSO N. 241273620114013. TURMA RECURSAL DO DISTRITO


FEDERAL-1ª REGIÃO. Juiz Federal David Wilson de Abreu Pardo, julgado em
05/04/2013.
BRASIL. PROCESSO N.123657820074014.
1ª. TURMA RECURSAL DO TOCANTINS. Relator:Juiz Federal Rodrigo
Vasconcelos Coelho de Araujo. Julgado em 09/03/09.

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