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TRF5: NÃO CABE PERDIMENTO DE MERCADORIAS QUANDO A INFRAÇÃO É PRATICADA POR

ERRO DO CONTRIBUINTE.

O Desembargador Ivan Lira de Carvalho da 4ª Câmara do Tribunal Regional Federal da 5ª


Região reconheceu que quando a infração aduaneira praticada por erro do contribuinte não se
aplica o perdimento dos bens.

No caso a Trading Company Orientador Alfandegário Comercial Importadora e Exportadora


Ltda. realizou importação na modalidade encomenda. No entanto, o despachante aduaneiro
no momento do registro da Declaração de Importação não apresentou para a Alfândega da
Receita Federal o Contrato de Importação por Encomenda e a Carta de Vinculação entre a
Trading e a empresa encomenda.

Antes do encaminhamento dos bens para a Seção de Procedimentos Especiais Aduaneiros


(SEPEA) da RFB a Trading apresentou retificação da declaração de importação esclarecendo o
erro e apresentando o Contrato de Importação e a Carta de vinculação. Contudo, a Receita
Federal decretou administrativamente o perdimento dos bens afirmando que ocorrera
interposição fraudulenta de terceiros na importação, asseverando ainda que o perdimento dos
bens independe de prova de culpa ou dolo, com base no artigo 136 do CTN.

A Trading Company por meio de seu advogado, Dr. Oswaldo Gonçalves de Castro Neto,
distribui Ação Anulatória na Seção Judiciária de Maceió e após o indeferimento do pedido
liminar para desembaraço das mercadorias, Agravo de Instrumento ao Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, alegando, entre outras coisas, a ocorrência de denúncia espontânea da
infração e a necessidade de dolo para o decreto de perdimento das mercadorias.

O Desembargador Ivan Lira de Carvalho em sede de antecipação dos efeitos da tutela recursal
reconheceu que o perigo da demora está “consubstanciado exatamente na possibilidade de
alienação da mercadoria cuja pena de perdimento ora se ataca”.

Sobre a relevância da fundamentação afirmou que “a aplicação da pena de perdimento não se


mostra razoável, exatamente porque, ao que tudo indica, não teria havido a intenção, por
parte do agravante, de ocultar o real comprador de uma operação de importação de bens”.

Ao final, arremata “Deduzir a atuação dolosa da agravante na improbabilidade da ocorrência


de erro em razão da sua experiência na importação de mercadorias do exterior não se mostra
medida acertada. Como dito, ao que tudo indica, ocorreu por falha”.
TJSC: O Sujeito Ativo do ICMS devido na Importação é o Ente Federativo do domicílio do
Adquirente Final dos Bens Importados.

A Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina em Acórdão de


Relatoria do Desembargador Jorge Luiz de Borba suspendeu, em sede de Agravo de
Instrumento em Ação Anulatória, crédito tributário exigido em execução fiscal decorrente de
ICMS importação, por entender que a exação seria devido a Estado diverso da Federação.

A Orientador Alfandegário Comercial Importadora e Exportadora Ltda – Trading Company –


por meio de sua sede localizada no Estado de Santa Catarina realizou importação de
mercadorias na modalidade “conta e ordem de terceiros” e “encomenda”.

Por estar localizada no Estado de Santa Catarina e possuir regime especial ICMS de importação
naquele caso a Secretaria da Fazenda do Estado de Santa Catarina lavrou auto de infração por
suposto descumprimento do regime especial visto que a Orientador Alfandegário
desembarcou mercadorias em outros Estados da Federação.

Após o processo administrativo que confirmou o crédito exigido no auto de infração a


Orientador Alfandegário distribui por meio de seus advogados, Dr. Kissao Thais (Kissao &
Oliveira Filho Advogados) e Dr. Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Ação Anulatória com
pedido de Tutela Antecipada para a suspensão do crédito Tributário na Comarca de Joinvile
alegando, entre outras coisas, que o sujeito ativo do ICMS importação seria o Ente Federativo
do local onde se encontram os adquirentes finais da mercadoria sendo a Trading uma mera
Mandatária na importação.

O juiz de primeiro grau, Dr. Roberto Lepper, deferiu a liminar determinando a suspensão do
crédito tributário, o que levou a Procuradoria Geral do Estado de Santa Catarina a interpor
Agravo de Instrumento.

No julgamento do mérito do Agravo de Instrumento o Desembargador Relator Jorge Luiz de


Borba, manteve a suspensão do crédito deferida em primeira instância. O Desembargador
Relator após fundamentar sua decisão em Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que
dispõe que o sujeito ativo do ICMS Importação é o Estado onde se localiza o adquirente final
da mercadoria importada, afirmou que “vê-se que mais da metade das importações pelas
quais a recorrida foi notificada tinha por destinatário final, segundo os critérios adotados pelo
STJ, empresas estabelecidas fora do Estado de Santa Catarina, de modo que o imposto devido
pela operação não caberia ao agravante (Estado)”.

Ademais, o Desembargador assevera que “embora os precedentes do STJ não sejam


perfeitamente claros a esse respeito, que o ICMS devido nas operações subsequentes, ou seja,
de saída das mercadorias em posse do intermediário para o estabelecimento do destinatário
final, também seria devido ao Estado do estabelecimento de destino”.

Assim, como a Secretaria da Fazenda do Estado de Santa Catarina ao lavrar os autos de


infração exigiu em uma notificação tributos devido a diversos Entes Federativos não foi
possível, segundo o Desembargador, “sequer separar neste momento o que é absolutamente
indevido e o que depende de análise das normas estaduais em debate” e portanto todo o
crédito exigido na Execução Fiscal foi suspenso.

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