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São Paulo
2022
Beatriz Dib, Ester Martins, Graziella Soares Barbosa, Lucas Neme, Mateus Gomes.
SÃO PAULO
2º/ 2022
SUMÁRIO
Atualmente, cada vez mais tem aumentado o número de pessoas que buscam por
profissionais que tratam a depressão, sendo este um transtorno que desde os tempos passados
tem sido observado entre os indivíduos. Com base nisso, o grupo buscou por um caso que
relatasse tal transtorno para que fosse possível realizar uma análise acadêmica sobre o caso,
pautando-se na DBT. Entretanto, também faremos um breve resumo sobre a ABA para que
haja uma diferenciação entre as duas variações.
A DBT (Terapia Comportamental Dialética), do inglês Dialectical Behavior Therapy,
é uma terapia elaborada a partir de elementos de aceitação e atenção plena e tem se mostrado
eficiente no tratamento de diversos transtornos. Entre eles, transtorno de humor bipolar,
transtorno alimentar, por uso de substâncias e outras adicções, transtorno de estresse
pós-traumático (TEPT), depressão e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade). O objetivo principal da DBT (Terapia Comportamental Dialética) é que o
paciente aprenda a regular e controlar a emotividade exacerbada de seus impulsos,
diminuindo os comportamentos disfuncionais dependentes do estado de humor. Ele também
aprende a confiar e a validar suas próprias experiências, emoções, pensamentos e
comportamentos.
A Terapia Comportamental Dialética foi desenvolvida a partir da década de 1970 pela
psicóloga, professora e escritora norte-americana Marsha Linehan. Enquanto isso, a ABA tem
seus marcos de publicação datados desde 1950. A DBT combina técnicas de terapia
comportamental, filosofia dialética e princípios de aceitação da realidade. A ABA, por sua
vez, destaca-se por sua eficiência na modelação de comportamentos socialmente relevantes,
através do desenvolvimento de habilidades como, por exemplo, autocuidado.
Uma técnica importante a ser considerada sobre a Análise do Comportamento
Aplicada é o reforçamento diferencial. Considerando que os comportamentos são mantidos
por suas consequências, é importante que esse processo de reforçamento ocorra para que o
indivíduo discrimine qual comportamento deve emitir. Essa técnica pode ser utilizada tanto
para reforçar comportamentos alternativos (DRA), outros comportamentos (DRO) ou
comportamentos incompatíveis (DRI).
Uma intervenção para ser considerada ABA precisa atuar dentro das dimensões que
esta ciência possui. Afinal, a Análise do Comportamento Aplicada é uma intervenção baseada
em evidências científicas e com fundamentos sólidos. A definição da ABA se dá a partir de 4
pressupostos filosóficos, sendo estes notórios pressupostos já conhecidos pelas áreas do
conhecimento, os quais são o determinismo, o método científico, empirismo e a parcimônia
(CAMARGO, Síglia Pimentel Höher; RISPOLI, Mandy, 2013). Esses são os mesmos
pressupostos que influenciaram o Behaviorismo, e que foram desenvolvidos ao longo do
século XIX: o saber, positivismo, funcionalismo, estruturalismo e associacionismo
(CAMARGO, Síglia Pimentel Höher; RISPOLI, Mandy, 2013).
É muito importante reforçar que, os analistas do comportamento devem adequar as
suas práticas respeitando estas dimensões, sendo elas:
1. Aplicada – Atua diretamente na melhora da qualidade de vida e resolve problemas de
relevância social.
2. Comportamental – Avalia a efetividade da mudança de comportamento com a
intervenção.
3. Analítica – Estuda e prova essas mudanças de comportamento alvo através de dados
mensuráveis.
4. Tecnológica – Os procedimentos são planejados e replicáveis com informações que
demonstram os passos exatos que foram seguidos para a obtenção daquele resultado.
5. Conceitual – Os programas de intervenção baseados em ABA devem estar relacionados
com os conceitos e princípios dessa ciência.
6. Efetiva – A intervenção resulta em mudanças comportamentais significativas.
7. Generalizável – Traz resultados de longa duração e que ocorrem em diferentes lugares e
situações.
A DBT engloba o tratamento individual como intervenção, tendendo a ser diretiva e
baseada no momento presente, buscando abordar os problemas adaptativos do paciente. A
atenção prioritária é dada a comportamentos suicidas e auto-destrutivos, assim como a
comportamentos que aconteçam na própria terapia. Na sequência, assuntos ligados à
qualidade de vida do paciente e à sua melhora. Em paralelo, a ABA traz uma intervenção que
ocorre em cinco frentes comportamentais: Acadêmica, Profissional, Social, Verbal,
Atividades da Vida Diária (AVD) e pode envolver profissionais de diversas áreas, sempre
considerando a máxima eficácia do tratamento.
FORMULAÇÃO DO CASO
Ana é uma mulher de 31 anos e solteira. Mora com os pais, trabalha em uma escola.
Foi atendida em uma clínica escolar com o objetivo de fornecer acesso a psicologia à
população de baixa renda através de estagiários, por um referencial Cognitivo-
Comportamental. Foram realizadas 20 sessões e a paciente foi diagnosticada com Transtorno
Depressivo Maior (TDM).
Triagem
Ana foi avaliada pelos seguintes métodos: anamnese e análise de humor. Em seguida,
foi encaminhada para a entrevista clínica.
História
Ana nasceu sem complicações em seu parto. Foi uma criança tímida, com poucos amigos
e vergonha de conversar. No colégio, sofria bullying, sendo que chamavam-na de gorda e
baleia.
O pai não a deixava sair, com isso, ela ficava sozinha, pois tinha vergonha de não poder
fazer atividades fora do colégio com seus amigos. A partir dos 14 anos, ela passou a ter mais
contato interpessoal e afirmou que “sua adolescência foi bem melhor que a infância” (sic.).
Conheceu seu primeiro namorado, que foi infiel. Após isso, ela não namorou mais.
O pai é autoritário e impõe regras em casa. Deixa explícito seu desconforto com ela não
estar casada e fora de casa, às vezes em tom de ironia, o que faz ela sentir que “não tem
espaço em casa” (sic). Ana “tem dificuldades em estudar, porque o pai liga a televisão com
som alto em diferentes momentos do dia” (sic). Recentemente, estava se envolvendo com um
de seus amigos, pelo qual se apaixonou, porém, ele não queria namorar, fato que a deixou
extremamente vulnerável e deprimida.
Em um determinado momento do processo, conseguiu se autoavaliar de forma
positiva, mas seguido de um fardo: “Eu sei bastante as coisas e sou inteligente, mas se as
pessoas souberem, eu vou estar sendo metida” (sic.)
Queixas e desenvolvimento
Ana buscou atendimento por sentir-se insegura em seus relacionamentos interpessoais, e
inferior aos demais: “Eu sempre penso o pior, porque eu sempre me frustro mesmo [...] eu me
sinto inferior” (sic.). Na avaliação apresentou humor deprimido, diminuição do interesse e
prazer, diminuição de apetite, e indecisão, “juntamente com crença de desvalor e de
incapacidade” (sic). A paciente dizia estar sendo pressionada a sair de casa e não se sentir
bem, porém, por não confiar nas pessoas, obrigava-se a ficar sozinha. Ana relata: “Fiquei me
sentindo mal e muito insegura”.
Ana dizia que tinha perdido o interesse por muitas atividades e preferia ficar “deitada
chorando”; continuava trabalhando apenas para ter como pagar as contas, mas sua vontade
era de não sair de casa. Seis meses antes de iniciar a terapia, ela estava obesa, tendo de buscar
atendimento endocrinológico. Ela modificou sua dieta alimentar e passou a praticar
exercícios, conseguindo reduzir sua massa corporal. Porém, no momento do atendimento, não
estava motivada a praticar exercícios e, muitas vezes, descontrolava-se, comendo muitos
chocolates.
Ana apresentou melhora nas sessões, declarando que decidiu cuidar de si, realizando
tarefas que a faziam sentir bem, como ir ao shopping e ao cinema. Começa a trazer resolução
de problemas nas sessões, mostrando-se mais efetiva.