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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Departamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário

Disciplina: DIREITO TRIBUTÁRIO II


Professor: Humberto Ávila
Turma: 4º Ano Diurno/Noturno

Seminários – 2º semestre de 2020

Caso 01 – Obrigação Tributária

A pessoa jurídica XPTO é estabelecida no Município de Campinas e dedica-se à


fabricação e comercialização de produtos hospitalares, dentre os quais os chamados
respiradores mecânicos, relativamente aos quais houve grande aumento de demanda por
conta da pandemia da COVID-19. Nesse contexto, a empresa firmou contrato com um
hospital localizado no Município de Bauru, em que se acordou a venda de 150
respiradores, pelo valor total de R$ 19.500.000,00 (dezenove milhões e quinhentos mil
reais). Conforme o contrato, a XPTO obrigou-se a entregar, por meio de caminhões
próprios, os respiradores no hospital localizado em Bauru, bem como a realizar a
instalação e os testes de funcionamento diante de empregado designado pelo hospital.
No dia 05 de maio de 2020, a XPTO emitiu a nota fiscal de saída dos
respiradores, dando ensejo a obrigação tributária do ICMS, no valor de R$ 4.095.000,00
(quatro milhões e noventa e cinco mil reais), que foi devidamente quitada no prazo
legal. Contudo, no dia 06 de maio de 2020, o caminhão da XPTO com os respiradores
foi roubado em rodovia do Estado de São Paulo. Logo, não houve entrega ao hospital.
Após tratativas com a seguradora contratada para a operação, a XPTO foi ressarcida do
valor de R$ 19.500.000,00. Nesse passo, a XPTO fabricou novos respiradores, os quais
deixaram o seu estabelecimento no dia 07 de julho de 2020. Quando dessa saída, o
contador da XPTO informou aos administradores que haveria a necessidade de novo
recolhimento do ICMS no valor de R$ 4.095.000,00 (quatro milhões e noventa e cinco
mil reais), considerando o entendimento das autoridades estaduais de que cada saída de
mercadorias implica ocorrência do novo fato gerador do ICMS, na forma do art. 2º do
Regulamento Paulista:
Artigo 2º - Ocorre o fato gerador do imposto (Lei 6.374/89, art. 2º, na
redação da Lei 10.619/00, art. 1º, II, e Lei Complementar federal 87/96, art.
12, XII, na redação da Lei Complementar 102/00, art. 1º):
I - na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;
Irresignada, a XPTO ajuizou Mandado de Segurança sustentando a
inconstitucionalidade e ilegalidade da nova cobrança ou, alternativamente, a declaração
do direito à compensação do imposto anteriormente recolhido. Em primeira instância,
foi proferida sentença favorável ao contribuinte, declarando a inexigibilidade do novo
ICMS. O Estado interpôs apelação.
Nesse contexto, à luz da matéria “Obrigação Tributária” elaborem:
(i) como representantes do Fisco (grupo 1), os argumentos favoráveis à cobrança
de novo ICMS, em adição ao anterior;
(ii) como representantes do contribuinte (grupo 2), os argumentos contrários à
cobrança de novo ICMS, em adição ao anterior;
Esclareça-se que demais argumentos que transbordem da mencionada matéria
poderão ser suscitados, devendo, porém, os debates em sala centrar-se no tema da aula
para a resolução do caso.

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