ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) PRESIDENTE (A) DO DEPARTAMENTO DE
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT)
Eu, nome, estado civil, profissã o, inscrito junto ao Ministério da Fazenda com o CPF nº: xxxx, portador do RG nº xxxxx, domiciliado e residente à xxxxx venho respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, interpor o presente Recurso contra a aplicação de penalidade por suposta infração de trânsito (E030415496), conforme notificaçã o anexa, o que faz da seguinte forma. De acordo com mencionada notificaçã o, o veículo de minha propriedade, um veículo automotor modelo, placa, etc, excedeu o limite de velocidade da via em que transitava a data de 20 de novembro de 2016, às 16hs e 24 minutos. Desta suposta infraçã o foi lavrado o auto de infraçã o nú mero E030415496, o que me fora entregue por meio dos correios em abril de 2017, ou seja, 5 (cinco) meses, cerca de 150 (Cento e cinquenta) dias depois do suposto cometimento da infraçã o. Tal data pode ser auferida por meio de checagem de AR de entrega, uma vez que nã o foi me disponibilizada uma via do comprovante de entrega. Eximindo-se de dever legal, portanto, o Auto de Infraçã o nã o obedeceu a todos os elementos obrigató rios previstos no artigo no Có digo de Trâ nsito Brasileiro, particularmente aquele relativo ao que estipula um prazo de 30 dias para a notificaçã o do suposto condutor do veículo automotor. O ó rgã o executivo de trâ nsito possui o prazo de 30 dias, contados da data do cometimento da infraçã o, para entregar a notificaçã o da autuaçã o ao infrator, e nã o para entregá -la na empresa responsá vel por seu envio como firmado por Jurisprudência do nosso maior Tribunal de Justiça do País, o Superior Tribunal de Justiça. Vale lembrar que o Có digo de Trâ nsito Brasileiro foi instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, com o objetivo de modernizar a legislaçã o de trâ nsito do Brasil, em razã o dos elevados níveis estatísticos de acidentes do país, além da frequente transgressã o das normas de circulaçã o pela sociedade. O Có digo surgiu, sobretudo, para aumentar a segurança do trâ nsito e promover a educaçã o para o trâ nsito, porém nã o podemos olvidar da segurança jurídica que pode ocorrer se tal diploma nã o respeitar seus pró prios ritos. No seu Capítulo XVIII, o Có digo de Trâ nsito Brasileiro regulamentou, em poucos artigos, o processo administrativo destinado à imposiçã o da multa de trâ nsito ao infrator. Entre esses há o artigo que trata do prazo de 30 (trinta) dias para notificaçõ es, previsto no artigo 281, pará grafo ú nico, inciso II, do diploma legal, cuja transcriçã o é oportuna. Vejamos: Art. 281. A autoridade de trâ nsito, na esfera da competência estabelecida neste Có digo e dentro de sua circunscriçã o, julgará a consistência do auto de infraçã o e aplicará a penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente: I - se considerado inconsistente ou irregular; II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação. (Redaçã o dada pela Lei nº 9.602, de 1998) (grifamos) De acordo com o dispositivo acima transcrito, o auto de infraçã o será arquivado e seu registro julgado insubsistente se, no prazo má ximo de trinta dias, nã o for o suposto condutor da autuaçã o. Por outros termos, a lei instituiu um prazo decadencial de 30 (trinta) dias para a autoridade de trâ nsito notificar o infrator. Cumpre ressaltar, no entanto, que o Có digo de Trâ nsito Brasileiro prevê uma primeira notificaçã o de autuaçã o, para apresentaçã o de defesa (art. 280), e uma segunda notificaçã o, posteriormente, informando do prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sançã o aplicada (art. 281). Isto é, depois da lavratura do auto de infraçã o, é entregue a primeira notificaçã o ao suposto infrator (pelo agente de trâ nsito ou mediante comunicaçã o documental), para apresentaçã o de defesa. Ultrapassada essa fase e concluindo-se pela imputaçã o da sançã o, nova notificaçã o deve ser expedida para satisfaçã o da contraprestaçã o ao cometimento do ilícito administrativo ou oferecimento de recurso. A primeira notificaçã o (da autuaçã o) deve ser entregue no prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 281, pará grafo ú nico, inciso II, do CTB. O dever de comunicar em tã o pouco tempo a instauraçã o do processo administrativo visando à apuraçã o da infraçã o de trâ nsito, assim como toda regra decadencial, tem como finalidade primordial conferir segurança jurídica aos supostos infratores. Com efeito, a demora é fator de insegurança para os indivíduos que, porventura, nã o tenham transgredido a lei e precisem demonstrá -lo no â mbito do processo administrativo. Quanto mais tempo se passar do dia do cometimento da infraçã o, mais difícil será para o suposto infrator sustentar sua defesa. Nei Pires Mitidiero, ao comentar o art. 281 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, leciona: O prazo de que trata o inciso II do pará grafo ú nico do art. 281, CTB é decadencial, porquanto apanha o direito de notificar da autuaçã o da Administraçã o Pú blica, com o que, sú bito, inviabiliza igualmente o seu direito de punir (uma vez que se inadmite, dentro do ordenamento pá trio, julgar sem prévia oitiva do acusado). De conseguinte, desconhece causas interruptivas e suspensivas e o seu termo final consome o direito, banindo-o do mundo jurídico. A melhor, mais coerente e justa interpretação a ser oferecida ao inciso II do parágrafo único do artigo 281 do Código de Trânsito Brasileiro é a de que a autoridade de trânsito tem o prazo de 30 (trinta) dias para a notificação do infrator e não para a entrega da notificação no correio. Afinal, não seria coerente interpretar a norma criada para beneficiar o acusado de cometer a infração em seu prejuízo. Neste sentido, a Primeira Seçã o do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial nº 1.092.154/RS, submetido ao regime dos recursos repetitivos, concluiu nos seguintes termos: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉ RSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃ O STJ N.º 08/2008. AUTO DE INFRAÇÃ O. NOTIFICAÇÃ O. PRAZO. ART. 281, PARÁ GRAFO Ú NICO, II, DO CTB. NULIDADE. RENOVAÇÃ O DE PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁ RIOS. SÚ MULA 7/STJ. 1. O Có digo de Trâ nsito Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificaçã o de autuaçã o, para apresentaçã o de defesa (art. 280), e uma segunda notificaçã o, posteriormente, informando do prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sançã o aplicada (art. 281). 2. A sançã o é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos estabelecidos. 3. O art. 281, pará grafo ú nico, II, do CTB prevê que será arquivado o auto de infraçã o e julgado insubsistente o respectivo registro se nã o for expedida a notificaçã o da autuaçã o dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado, não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo. 4. Descabe a aplicaçã o analó gica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a notificaçã o, no prazo de trinta dias do trâ nsito em julgado da decisã o que anulou parcialmente o procedimento administrativo. 5. O exame da alegada violaçã o do art. 20, § 4º, do CPC esbarra no ó bice sumular n.º 07/STJ, já que os honorá rios de R$ 500,00 nã o se mostram irrisó rios para causas dessa natureza, em que se discute multa de trâ nsito, de modo a nã o poder ser revisado em recurso especial. Ressaltou o acó rdã o recorrido esse montante remunera "dignamente os procuradores, tendo em vista a repetividade da matéria debatida e sua pouca complexidade". 6. Recurso especial conhecido em parte e provido. Acó rdã o sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resoluçã o STJ n.º 08/2008. (RESP 200802146804, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃ O, DJE DATA:31/08/2009.) (grifamos) Pela redaçã o da ementa transcrita, vê-se que o Superior Tribunal de Justiça, concebido para ser o uniformizador da interpretaçã o da legislaçã o federal, enuncia que nã o sendo notificado o infrator para defesa dentro do prazo de 30 (trinta) dias, previsto no inciso II do pará grafo ú nico do artigo 281 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, opera-se a decadência do direito de punir do Estado. Assim, para o STJ, a autoridade de trâ nsito tem o prazo de 30 (trinta) dias para a notificaçã o do infrator e nã o para a entrega da notificaçã o na empresa responsá vel por seu envio. Neste pé, no â mbito jurisprudencial, portanto, há que se observar que o Superior Tribunal de Justiça já resolveu a questã o, ao afirmar expressamente em vá rios julgados, dentre os quais o referente ao Recurso Especial nº 1.092.154/RS, submetido ao regime dos recursos repetitivos, que a ausência de notificaçã o do infrator no prazo má ximo de 30 (trinta) dias da infraçã o, implica na decadência do direito de punir do Estado. Nesse mesmo sentido, o recente aresto do STJ: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AUTO DE INFRAÇÃ O. NOTIFICAÇÃ O. PRAZO. ART. 281, PARÁ GRAFO Ú NICO, II, DO CTB. NULIDADE. RENOVAÇÃ O DE PRAZO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DECADÊ NCIA. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁ RIOS. SÚ MULA 7/STJ. RESTITUIÇÃ O DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS. POSSIBILIDADE. 1. O Có digo de Trâ nsito Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificaçã o de autuaçã o, para apresentaçã o de defesa (art. 280), e uma segunda notificaçã o, posteriormente, informando do prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sançã o aplicada (art. 281). 2. A sanção é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos estabelecidos. 3. O art. 281, pará grafo ú nico, II, do CTB prevê que será arquivado o auto de infraçã o e julgado insubsistente o respectivo registro se nã o for expedida a notificaçã o da autuaçã o dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado, não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo.4. Descabe a aplicaçã o analó gica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a notificaçã o, no prazo de trinta dias do trâ nsito em julgado da decisã o que anulou parcialmente o procedimento administrativo. 5. A presente controvérsia teve soluçã o quando do julgamento do Recurso Especial 1.092.154/RS, de relatoria do Ministro Castro Meira, submetido ao regime dos recurso repetitivos. 6. O pagamento da multa imposta pela autoridade de trâ nsito nã o configura aceitaçã o da penalidade, nem convalida eventual vício existente no ato administrativo, uma vez que o pró prio Có digo de Trâ nsito Brasileiro exige o seu pagamento para a interposiçã o de recurso administrativo (art. 288) e prevê a devoluçã o do valor no caso de ser julgada improcedente a penalidade (art. 286, § 2º) 7. Esta Corte tem decidido que, uma vez declarada a ilegalidade do procedimento de aplicaçã o da penalidade, devem ser devolvidos os valores pagos, relativamente aos autos de infraçã o emitidos em desacordo com a legislaçã o de regência. Precedentes. 8. Conforme se depreende da aná lise do julgado (fls. 660/663), assiste razã o aos recorrentes em relaçã o aos autos de infraçã o de trâ nsito lavrados em flagrante (ns. 311534B, 311903B, 214066B2 e 504813), pois nã o foi respeitado o prazo para a defesa prévia imposto pela norma legal. 9. Recurso especial provido.(RESP 200700680243, MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:08/02/2011.) (g. N.) Desta forma, em que pese entendimentos contrá rios propugnados pela doutrina, depreende-se que a controvérsia, ao menos em â mbito jurisprudencial, encontra-se dirimida atualmente pelo Tribunal uniformizador da interpretaçã o da legislaçã o federal brasileira, no sentido de que o ó rgã o executivo de trâ nsito possui o prazo de 30 (trinta) dias contados da data do cometimento da infraçã o para entregar a notificaçã o da autuaçã o ao infrator e nã o para entregá -la na empresa responsá vel por seu envio. Logo, caracterizado insaná vel vício formal, cumpre seja o Auto de Infraçã o anulado, procedendo-se, quanto ao mais, nos termos do artigo 285 e seguintes, aplicá veis, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro. Noutro viés, caso esse ilustre nã o entenda pela procedência do pleito segundo a argumentaçã o acima, pugna este pela procedência do pleito de cancelamento da multa segundo a falta de risco à terceiros e falta de precisã o de instrumentos analó gico (como o caso do medidor de velocidade de motocicletas). A velocidade aferida por equipamento eletrô nico foi de 70 Km/h, sendo considerada como velocidade 63 Km/h, enquanto a má xima permitida para o local é de 60 Km/h, porém, nã o há prova irrefutá vel da presumida transgressã o à norma de trâ nsito, tampouco se o aparelho atende as especificaçõ es mínimas exigidas por lei. Verifica-se a necessidade do infrator ser informado sobre todos os elementos plausíveis para analisar a regularidade e legalidade da infraçã o que lhe foi imposta, o que foi sonegado. Frise-se que no local nã o havia nenhuma sinalizaçã o indicativa dando conta de fiscalizaçã o eletrô nica, situaçã o que contraria os princípios fundamentais do direito. Mesmo assim, nã o prevalece a multa, eis que a notificaçã o nã o se ateve ao dispositivo legal correspondente. Veja-se que no bojo da notificaçã o consta a velocidade permitida, a aferida e a considerada. Considerando-se a margem de erro (- 7 km/h) tem-se que a velocidade excedida foi de 3 Km/h, sendo forçoso admitir uma infraçã o por exceder a velocidade má xima permitida para o local em APENAS 3 KM/H. Importante referir que o velocímetro do veículo descrito é analó gico e nã o permite aferir a velocidade com a eficiência de um equipamento digital. Além disso, a margem supostamente ultrapassada sequer atingiu velocidade passível de sançã o, já que essa eventual transgressã o nã o colocou em risco a segurança e a integridade física de terceiros. Dessa forma, a decisã o imposta pela autoridade de trâ nsito deve ser cancelada por esta JARI, eis que eivada de nulidades. Ante o exposto, requer o cancelamento da penalidade imposta com a consequente revogaçã o dos pontos de meu prontuá rio, protestando ainda pela produçã o de provas por todos os meios admitidos em direito e cabíveis à espécie, em especial a pericial e testemunhal. Termos em que Pede deferimento. Local, data. Nome CNH: