INSTITUIÇÃO: ESCOLA R. MUNICIPAL IDILIA ALVES DE FARIAS
ASSUNTO: PROPOSTA CURRICULAR EDUCAÇÃO ESPECIAL
A aprendizagem e os limites de desenvolvimento da criança e do
estudante com deficiência demandam mediações e recursos que permite a apropriação do conhecimento pela humanidade. Sem dúvida a educação especial é inegável que Lev Vygotsky dedicou boa parte de sua vida à educação de crianças com necessidades educativas especiais e que uma razoável parte de sua obra é dedicada a elas.
Um dos conceitos mais importantes de Vigotski de como funciona o
cérebro humano é a mediação, e define como "...processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa então de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento". Em uma relação de ensino e aprendizagem, mediar significa fornecer níveis de ajuda, planejados de forma intencional e que se ajustem as necessidades de todas as crianças/estudantes.
A concepção do ser humano como imutável, por nós herdada, gerou na
sociedade, e também nos educadores, uma expectativa muito negativa com relação às possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento do aluno com necessidades educativas especiais, o que pode acarretar consequências desastrosas no processo educativo e de intervenção.
Assumindo a perspectiva de Vygotsky, partimos do princípio de que nós
e o mundo real, que nos insere, estamos em permanente movimento e transformação. Sob essa ótica, o que objetivamos nesse texto é oferecer ao leitor algum conhecimento a respeito da obra do autor dedicada às crianças com necessidades educativas especiais - denominada Defectologia Soviética - e oferecer algumas pistas para a prática de intervenção.
Visão dialética do problema
O olhar com o qual Vygotsky nos propõe examinar as possíveis
limitações dessas crianças não é de complacência ou desânimo, mas, sim, o de uma visão dialética do real, que leve à constatação de que, se existem problemas, existem também possibilidades. E os problemas podem ser uma fonte de crescimento.
Desse modo, para o autor, "um defeito ou problema físico, qualquer que
seja sua natureza, desafia o organismo. Assim, o resultado de um defeito é invariavelmente duplo e contraditório. Por um lado, ele enfraquece o organismo, mina suas atividades e age como uma força negativa. Por outro lado, precisamente porque torna a atividade do organismo difícil, o defeito age como um incentivo para aumentar o desenvolvimento de outras funções no organismo; ele ativa, desperta o organismo para redobrar atividade, que compensará o defeito e superará a dificuldade. Esta é uma lei geral, igualmente aplicável à biologia e à psicologia de um organismo: o caráter negativo de um defeito age como um estímulo para o aumento do desenvolvimento e da atividade2".
Vygotsky deixa transparecer a sua crença na plasticidade - capacidade
de se transformar do organismo e do ser humano - na capacidade do indivíduo de criar processos adaptativos com o intuito de superar os impedimentos que encontra. Apesar de o organismo possuir, em potencial, essa capacidade de superação, ela só se realiza a partir da interação com fatores ambientais, pois o desenvolvimento se dá no entrelaçamento de fatores externos e internos.
Nessa perspectiva, no caso dos cegos, seres privados de visão, todo o
organismo se reorganiza para que as funções restantes trabalhem juntas para superar o impedimento, processando estímulos do mundo exterior com a ajuda de meios especiais, tal como o Braille. O mesmo acontece com os surdos, seres privados da audição, que desenvolverão capacidades visuais e espaço- temporais, na interação com instrumentos diversos, tendo a Língua de Sinais um papel preponderante nesse processo. É nessa perspectiva, também, que, para sujeitos com sérios problemas motores e que tenham grande dificuldade no ato da escrita, o uso de instrumentos como o computador - ou, na falta desse, da máquina de escrever - atua como estímulo e como suporte para a superação de dificuldades.
2. Em relação aos princípios da Flexibilização Curricular:
a) O que a Proposta contempla para assegurar a criança/estudante com
deficiência sua participação, aprendizagem e desenvolvimento no contexto escolar?
Quando falamos de Proposta Curricular para a Educação Especial,
entendemos um currículo comum a todas as modalidades de ensino, porém o professor deverá realizar diversas adequações metodológicas e/ou de adaptação de recursos (materiais), a qual chamamos de Flexibilização Curricular para atender as especificidades de cada criança/estudante.
A concepção da inclusão deve ser tratada em uma maior amplitude, não
somente inserir o público alvo no ensino regular, mas acolher a todos, repensar a escola que está posta, assegurando a todos o direito de aprender, garantindo o direito de uma educação com qualidade e valorizando a diversidade, com um currículo aberto e flexível. Para além do direito, todas as crianças/estudantes devem ser matriculadas na rede regular de ensino, desde a educação infantil, para que junto de seus pares a possibilitem experienciar diversas situações de aprendizagem visando o seu desenvolvimento global.
A proposta ela contempla o compromisso pedagógico de adequar as
especificidades de cada criança/estudante, respeitando o conhecimento de mundo, porém buscando sempre a apropriação do conhecimento científico, no intuito da utilização prática deste conhecimento. A Escola Municipal de Educação Básica – Modalidade Educação Especial, tem como objetivos: Propiciar condições necessárias para a democratização da educação possibilitando uma visão mais crítica de mundo e de educação; proporcionar a melhor adequação possível do ensino às necessidades e ao ritmo de aprendizagem do estudante, ao seu desenvolvimento e as suas potencialidades; utilizar metodologias e recursos pedagógicos diferenciados e diversificados, conforme a necessidade educacional.
b) Qual a responsabilidade docente para que a criança/estudante tenha
acesso ao currículo flexibilizado?
Na minha visão o papel do professor é de suma importância, ele
precisa orientar o aluno na sua atividade de forma controlada em direção ao seu objetivo final, permitindo que ele tome consciência da tarefa. É importante na mesma intensidade, interesse e formação independente da modalidade de ensino em que o profissional está inserido, pois todo aprendiz precisa ser considerado com suas habilidades e limitações e assim trabalhados, desenvolvidos com o objetivo de adquirirem o conhecimento de maneira adequada.
Pois deverá ocorrer o trabalho colaborativo entre o professor da Sala de
recursos multifuncionais e os professores das turmas comuns, trabalho este mediado pela equipe pedagógica.
Os professores especialistas, durante a hora-atividade, desenvolverão o
trabalho colaborativo com os professores da classe comum e o Tradutor Intérprete de Libras, mediados pela equipe pedagógica. A equipe pedagógica desenvolverá: ações para possibilitar ao estudante surdo, o acesso aos conteúdos curriculares; orientações para a realização de avaliações diferenciadas na escrita da Língua Portuguesa, reconhecendo a Libras como sua língua natural e a Língua Portuguesa, na modalidade escrita, como segunda língua e estratégias pedagógicas visuais de forma a atender às necessidades educacionais das crianças/estudantes surdos.