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DICAS DA PROFA DRA ROSEMEIRE FARIAS

LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL EM DIA

Lei n. 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei n. 9394/96, que também


é conhecida como Lei Darcy Ribeiro, a mais importante lei do sistema educacional,
porque apresenta as diretrizes gerais da educação brasileira e deve ser seguida tanto pelas
instituições públicas e privadas.

A Lei foi aprovada em 1996 e define e organiza todo o sistema educacional


brasileiro, tanto do ensino infantil até o superior, assegurando o direito social à educação
para todas as pessoas. A LDB, considerada como a lei magna da educação, trata da
educação escolar, porém não se restringe à concepção de instrução, que se volta somente
à transmissão de conhecimento nos estabelecimentos de ensino. A educação é concebida
como processo de formação abrangente, voltando-se à formação para o exercício da
cidadania e para o trabalho como princípio educativo.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação


escolar deverá vincular-se ao mundo trabalho e à prática social.

Essa legislação disciplina os diferentes níveis de ensino, os profissionais da área


da educação, os recursos financeiros, assim como toda a estrutura da educação brasileira.

Conhecer a LDB não é só uma condição fundamental para quem atua na educação,
mas também para aqueles que anseiam uma aprovação em concursos da área
pedagógica/educacional.

É importante mencionar que, quando nos referimos à legislação educacional,


referimo-nos à educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio)
e à educação superior. A legislação educacional possui duas naturezas: uma reguladora e
uma regulamentadora.

A organização da educação nacional no país é originalmente regida pela


Constituição Federal (1988), que traz a divisão de competências educacionais entre cada
ente federado. Tal distribuição de competências é apresentada nos artigos 23, 24 e 30 da
CF/88.

Vejamos:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e


conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiência; (Vide ADPF 672)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros
bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à
pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

(...)

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União
e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 53, de 2006)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº


13.874, de 2019)
II - orçamento;
(...)

IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,


desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;


II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (Vide ADPF 672)
(...)
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de
educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de
atendimento à saúde da população;
(...)
Resumidamente a LDB garante:

• Ampliação do direito da educação dos 4 aos 17 anos. De acordo com essa lei, a
educação básica OBRIGATÓRIA e GRATUITA dos 4 aos 17 anos de idade, sendo
organizada da seguinte forma: (LDB)

a) Pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médico.

• Organização da educação nacional com a distribuição de competências


educacionais entre a União, Estados, DF e Municípios. (LDB)

Temos que destacar que a organização da educação nacional no Brasil vem


estabelecida na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), Lei n. 9394/96. Esses diplomas legais definem a distribuição de
competências educacionais entre a União, os Estados, Distrito Federal e os Municípios.

A Constituição Federal estabelece que a educação é um direito social, direito de todos


e um dever do Estado, confere responsabilidade aos entes federados, distribuindo
competências da seguinte forma:

1. União – é responsável por estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional, pela


coordenação da política nacional de educação, estabelecendo competências, currículos
básicos e orientações gerais, exigindo a elaboração do Plano Nacional de Educação.
É atribuição da União financiar a educação em âmbito nacional, assim como garantir
a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. O Ministério da
Educação Nacional (MEC) é o órgão responsável por exercer essas competências em
nível federal.
A União possui a competência para estabelecer as diretrizes e bases da educação
nacional, assim como coordenar e avaliar os sistemas de ensino em todo o país. Ela é
responsável por exercer a função redistributiva e supletiva em relação as outras esferas
de governo, com o objetivo de garantir igualdade de condições para o acesso e a
permanência na educação.

2. Estados e Distrito Federal – aos entes federados é atribuída a responsabilidade de


organizar, manter e desenvolver os sistemas de ensino estadual e distrital. Cada um em
sua competência.
Esses entes possuem autonomia para estabelecer diretrizes educacionais dentro de
seus territórios, incluindo a definição de currículos e a gestão das escolas estaduais.
Os Estados e o Distrito Federal têm a tarefa de elaborar os planos de educação
estaduais e distritais, estabelecer regras para a organização da educação local em
consonância com as diretrizes gerais. São, também, responsáveis por garantir o
financiamento da educação em seus respectivos territórios.
Caberá a esses entes organizar, manter e desenvolver os sistemas de ensino estadual
e distrital, sempre respeitando as diretrizes preventivas da União, mas destacando as suas
regionalidades. Eles têm competência para legislar sobre assuntos pertinentes à educação,
assim como para criar normas para a organização dos seus sistemas de ensino, e a
definição de currículos e a realização de concursos públicos para provimento de cargos
de docentes e servidores da educação também são de suas responsabilidades dentro do
seu âmbito de atuação.

3. Municípios - a estes cabe a responsabilidade de garantir o oferecimento da educação


infantil (creche e pré-escola) e ensino fundamental, estágios iniciais da educação básica.
Os entes devem organizar, manter e desenvolver seus sistemas municipais de ensino, em
conformidade com as diretrizes nacionais e estaduais.
Os entes municipais possuem autonomia para organizar currículos qualificados e
adequados à realidade local, seguindo sempre as regras gerais estabelecidas pela União,
além disso têm também autonomia para administrar as escolas municipais, que fazem
parte do seu sistema de ensino. São responsáveis por garantir a oferta de vagas na
educação infantil e no ensino fundamental, bem como pelo financiamento dessas etapas
de ensino.
É bom deixarmos claro que a colaboração entre os entes federados visa a garantir
a efetivação da educação de qualidade no país. Mesmo que cada esfera de governo tenha
as suas atribuições específicas, é necessário ressaltar que deve haver cooperação e
articulação entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para que os desafios
sejam superados e possa haver a efetivação da melhoria da educação em todas as regiões
do país.
A distribuição de competências entre as diferentes esferas de governo visa garantir
a descentralização e a participação democrática na gestão educacional. Cada ente
federado possui autonomia para definir as suas políticas educacionais e adaptá-las às
necessidades e às realidades da localidade, tendo as diretrizes nacionais como suporte.

• Obrigações dos estabelecimentos de ensino, dos docentes e dos sistemas de


ensino. (LDB)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9394/96, traz uma gama
de obrigações para os estabelecimentos de ensino, os docentes e os sistemas de ensino no
Brasil.
Tais como:
I - Estabelecimentos de ensino:
1º Oferecer ensino de qualidade, para garantir a igualdade de condições para o acesso e a
permanência dos alunos na escola.
2º Elaborar e executar sua proposta pedagógica, que precisa estar de acordo com as
diretrizes curriculares nacionais e assegurar a formação integral dos estudantes.
3º Zelar pela aprendizagem dos estudantes, promovendo a avaliação sistemática do
processo educacional e adotando medidas de apoio e recuperação para os estudantes com
dificuldades de aprendizagem.
4º Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula determinadas na legislação,
assim como a adequada infraestrutura física e recursos materiais necessários para o
desenvolvimento das atividades educacionais.
5º Valorizar os profissionais da educação, procurando garantir condições adequadas de
trabalho e a realização de formação continuada.
II – Docentes:
1º Devem participar da elaboração da proposta pedagógica da escola e colaborar com os
trabalhos para executá-la.
2º Devem cumprir o plano de trabalho estabelecido, procurando zelar pela aprendizagem
dos estudantes.
3º Devem ministrar as aulas com responsabilidade, primando pela ética e o respeito à
diversidade cultural, religiosa e de valores.
4º Devem avaliar o desempenho dos alunos de forma contínua, assim como participar das
atividades de recuperação quando isso for necessário.
5º Devem participar de atividades de formação continuada, com o objetivo de aprimorar
os seus conhecimentos profissionais.
III – Sistemas de ensino:
1º Precisam elaborar e executar políticas educacionais em conformidade com as diretrizes
nacionais, bem como assegurar a oferta de educação básica de qualidade.
2º Devem estabelecer normas e diretrizes para o funcionamento dos estabelecimentos de
ensino em seu contexto jurisdicional.
3º Devem coordenar e supervisionar os estabelecimentos de ensino, sempre buscando
garantir o cumprimento das leis e diretrizes educacionais.
4º Precisam promover a valorização dos profissionais da educação, por meio de planos
de carreira, formação continuada e condições adequadas de trabalho.
5º Devem realizar a avaliação da educação em sua jurisdição, com o objetivo de monitorar
e melhorar a qualidade de ensino.

ATENÇÃO:
Vale frisar que a LDB estabelece outras obrigações e diretrizes para os estabelecimentos
de ensino, os docentes e os sistemas de ensino. Tais obrigações visam garantir uma
educação de qualidade, de acesso a todos, assegurando a valorização e o respeito aos
profissionais da educação.

• A Educação Básica e Superior. (LDB)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9394/96, traz vários
aspectos relacionados à educação básica e superior no Brasil.

I. Educação Básica:
1º É composta pela educação infantil, pelo ensino fundamental e pelo ensino médio.
Direito de todos e dever do Estado com fundamento na Constituição Federal.

2º Finalidade: a finalidade principal é o desenvolvimento integral do aluno (o pleno


desenvolvimento), envolvendo aspectos físicos, cognitivos, sociais e emocionais,
formação ética e preparação para o exercício da cidadania.

3º carga horária: a lei estabelece a carga horária mínima de 800 horas para a educação
infantil e para o ensino fundamental, distribuídas em no mínimo 200 dias letivos. Já no
ensino médio, a carga horária mínima é de 1.000 horas anuais.

4º Avaliação: a avaliação é de forma contínua e cumulativa, considerando o desempenho


dos alunos, a frequência escolar e outros critérios estabelecidos na legislação.

5º Recursos Didáticos: na LDB é destacada a importância do uso de recursos didáticos


e pedagógicos e de tecnologias educacionais, no processo de ensino-aprendizagem.

EDUCAÇÃO BÁSICA NA LDB

- SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL: trata-se da primeira etapa da educação básica,


direcionada a crianças de 0 a 5 anos de idade. A Educação Infantil é direito da criança e
dever do Estado.

A LDB destaca a importância da educação integral, do respeito à identidade e à cultura


da criança, assim como de garantir acesso e qualidade nessa etapa do ensino.

- SOBRE O ENSINO FUNDAMENTAL: trata-se de uma etapa obrigatória e gratuita,


com duração de 9 anos, e atende a crianças de 6 a 14 anos.

A LDB apresenta as competências e habilidades que devem ser desenvolvidas nessa etapa
de ensino.

- SOBRE O ENSINO MÉDIO: é uma etapa da educação básica, que visa a consolidar e
aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental.

A LDB destaca a importância de uma formação geral, que prepare para o trabalho e para
o exercício da cidadania, assim como ressalta a necessidade de desenvolver competências
essenciais para a continuidade dos estudos e garantindo a inserção no mercado de
trabalho.

PARA NÃO ESQUECER


A organização da educação nacional no Brasil está definida na Constituição Federal
de 1988 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Essas leis estabelecem
a distribuição de competências educacionais entre a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios.
A distribuição de competências entre as diferentes esferas de governo tem como
objetivo garantir a descentralização e a participação democrática na gestão educacional,
respeitando a diversidade regional e local. É importante destacar que cada ente federativo
possui autonomia para definir suas políticas educacionais, adaptando-as às necessidades
e às realidades de sua população, sendo sempre observadas as diretrizes nacionais
estabelecidas pela União.
• Cabe à União exercer a coordenação e a avaliação do sistema educacional no
país. Suas atribuições envolvem:
1º Estabelecer as diretrizes e bases da educação Nacional, por meio de leis e normas
gerais, como a LDB;
2º Estabelecer normas para a avaliação e certificação da qualidade do ensino;
3º Definir e financiar programas e políticas nacionais de educação, como o PNE –
Programa Nacional de Educação;
4º Regular o funcionamento de instituições federais de ensino, como universidades e
institutos federais;
5º Promover a cooperação técnica e financeira com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
6º Coordenar o Sistema Nacional de Educação (SNE), articulando a atuação dos entes
federativos.
• Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm competências compartilhadas
na área educacional, são responsáveis pela oferta e gestão dos serviços
educacionais em suas respectivas jurisdições. Dentre as suas atribuições:

1º Estabelecer e executar políticas educacionais, de acordo com as diretrizes nacionais;


2º Desenvolver, gerir e manter as instituições de ensino, como escolas e creches;
3º Definir currículos escolares e métodos de ensino, respeitando as normas nacionais;
4º Oferecer a educação infantil (creches e pré-escola), o ensino fundamental e o ensino
médio;
5º Promover a formação e a valorização dos profissionais da educação;
6º Realizar a gestão dos recursos financeiros destinados à educação.

a) Os Estados e o Distrito Federal

1º Elaborar e executar políticas e planos educacionais em conformidade com as regras


nacionais;
2º Autorizar, credenciar e supervisionar estabelecimentos de ensino;
3º Promover a formação e atualização dos profissionais da educação;
4º Manter o ensino fundamental e médio nas escolas estaduais;
5º Atuar na oferta de educação profissional e tecnológica.

b) Os Municípios ocupam uma posição central na oferta da educação básica.


1º Ofertar a educação infantil e o ensino fundamental.
Os Municípios são responsáveis por garantir o acesso à escola e a qualidade do ensino
em tais níveis de ensino.
2º Colaborar com os Estados e a União na oferta do ensino fundamental e médio.
3º Cuidar da infraestrutura das escolas municipais.
4º Oferecer transporte escolar aos alunos da educação básica.
5º Promover programas de alimentação escolar.

É importante destacar que, mesmo com a distribuição de competências, os entes


federativos precisam atuar de forma articulada e cooperativa, buscando complementar e
cooperar entre si para garantir a efetivação do direito à educação em todo o território
nacional.
Em suma, a União tem o papel de coordenar, normatizar e financiar o sistema
educacional. Já os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm a responsabilidade de
implementar e gerir as políticas educacionais no âmbito local, com atenção às diretrizes
nacionais. Essa divisão de responsabilidades busca promover a descentralização e
participação dos diferentes entes federativos na educação, com o objetivo de garantir
melhoria na qualidade e o atendimento às necessidades locais.

TÍTULO I

Da Educação

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente,


por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

Comentários:

O art. 1º da LDB traz o conceito de educação, dizendo que “a educação abrange os


processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais”.

Tal artigo frisa a concepção ampla de educação e reconhece que ela ultrapassa o espaço
formal da escola.

Abrangência da educação: a educação engloba diferentes processos formativos que


ocorrem em diferentes contextos da vida humana.
A LDB reconhece a importância da educação formal, informal e não formal, destacando
a educação no ambiente familiar, no trabalho, nas reflexões sociais e na cultura em geral.

O artigo 1º entende que a educação não se limita ao ambiente escolar, abrange um


conjunto amplo de experiências e contextos nos quais os processos formativos acontecem.

A educação se desenvolve não só nas instituições de ensino e pesquisa, mas também na


vida familiar, no convívio social, no trabalho, nos movimentos sociais, nas organizações
da sociedade civil e nas manifestações culturais. Tal fato amplia a compreensão da
educação e destaca o aprendizado e o desenvolvimento que podem ocorrer em diferentes
contextos e ao longo da vida.

A educação ultrapassa os muros da escola e está presente em vários cenários e situações


da sociedade. Assim, a formação do indivíduo não ocorre somente por meio do ensino
formal, mas também por meio das diferentes situações sociais, da convivência em
comunidade, do trabalho e da participação ativa na sociedade. Tal visão fortalece a ideia
de que a educação é um processo contínuo e abrange situações que vão além da sala de
aula.

No parágrafo 1º a LDB destaca o foco – a educação escolar, que é a que ocorre em


instituições próprias de ensino, como escolas e universidades. No entanto, não podemos
invalidar a relevância dos outros espaços educativos.

O artigo 1º ressalta:

- a importância da educação em todos os espaços sociais: menciona outros espaços e


contextos que vão além da escola como locais em que ocorre a educação.

- as relações humanas: menciona a convivência humana como geradora dos processos


formativos, o que destaca a relevância das relações interpessoais, da troca de experiências
e do aprendizado que se dão por meio da interação social.

- o papel das instituições: as instituições de ensino e pesquisa, os movimentos sociais e


as organizações da sociedade civil também desempenham papel fundamental na
educação. A educação, então, conecta-se com a realidade social, cultural e política do
país.

O artigo 1º da LDB amplia a compreensão de educação, traz uma visão holística,


reconhecendo a importância dos processos formativos presentes em diferentes contextos
da vida e valorizando a diversidade de aprendizagens e conhecimentos que cada contexto
social oferece.

TÍTULO II

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos


princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

O artigo 2º apresenta o propósito da educação no país. Quais sejam:

- Dever da família e do Estado: o art. 1º coloca em evidência que a educação é uma


responsabilidade que a família e o estado compartilham. Estes dois agentes têm o dever
de assegurar a educação a todos sem distinção de qualquer natureza.

- Princípios de liberdade: a educação é inspirada nos princípios de liberdade, garantindo


a autonomia do aluno no processo de aprendizagem. Respeito à diversidade, ao direito de
cada pessoa construir seu conhecimento de forma crítica e reflexiva.

- Ideais de solidariedade humana: esses ideais orientam o rumo da educação no país,


tendo o respeito mútuo, a cooperação, a valorização da diversidade e a construção de uma
sociedade mais justa e igualitária como fundamentos. Esses ideais objetivam a formação
de cidadãos críticos e conscientes e pró-ativos na sociedade.

- Finalidades da educação: são três finalidades destacadas, quais são, o pleno


desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. Tais finalidades evidenciam a importância da formação
integral da pessoa e contemplam aspectos cognitivos, socioemocionais, éticos e
profissionais.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino; (aplica-se às universidades públicas)
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.
XIV - respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária
das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva. (Incluído pela
Lei nº 14.191, de 2021)
O artigo 3º da LDB elenca os princípios que regem a educação nacional.
• Igualdade de condições: igualdade de condições para o acesso e a permanência na
escola ressalta a importância de garantir que as oportunidades sejam iguais a todos,
independe de qualquer característica (origem social, etnia ou gênero).
• Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar: destaca-se a importância da
liberdade no processo educacional. O aluno precisa ter autonomia e condições para
aprender, e o professor precisa ter liberdade para ensinar, pesquisar e compartilhar
conhecimentos e manifestações culturais.
• Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas: a lei valoriza o pluralismo de ideias
e concepções pedagógicas. Há diferentes abordagens e perspectivas no campo
educacional e isso é valorizado. A diversidade de opiniões e contextos são destacados.
• Respeito à liberdade e tolerância: destacam-se o respeito à liberdade individual e o
valor à tolerância, incentivando a formação de cidadãos que respeitem as diferenças
e adotem uma postura de diálogo, aberta as diferenças e que contribuam para a
convivência harmoniosa.
• Coexistência de instituições públicas e privadas: aqui está evidente o
reconhecimento da coexistência de instituições públicas e privadas, o que permite a
diversidade de opções educacionais. Assim, a educação pode ser ofertada por
instituições privadas, além das mantidas pelo Estado. Mas é preciso lembrar que o
Estado permite o oferecimento da educação por parte de instituições privadas com o
seu controle.
• Gratuidade do ensino público: a gratuidade do ensino em estabelecimentos públicos
é garantida neste artigo, sem cobrança de mensalidades de qualquer natureza.

TÍTULO III

Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será


efetivado mediante a garantia de:

I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17


(dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma:

a) pré-escola;
b) ensino fundamental;
c) ensino médio;

II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;


III - atendimento educacional especializado (AEE) gratuito aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e
modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos
os que não os concluíram na idade própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com
características e modalidades adequadas às suas necessidades e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de
acesso e permanência na escola;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,
por meio de programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde;
IX – padrões mínimos de qualidade do ensino, definidos como a variedade
e a quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem adequados à idade e
às necessidades específicas de cada estudante, inclusive mediante a provisão
de mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos apropriados;
(Redação dada pela Lei nº 14.333, de 2022).
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino
fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em
que completar 4 (quatro) anos de idade.
XI – alfabetização plena e capacitação gradual para a leitura ao longo da
educação básica como requisitos indispensáveis para a efetivação dos direitos
e objetivos de aprendizagem e para o desenvolvimento dos indivíduos. (Incluído
pela Lei nº 14.407, de 2022)
XII - educação digital, com a garantia de conectividade de todas as
instituições públicas de educação básica e superior à internet em alta
velocidade, adequada para o uso pedagógico, com o desenvolvimento de
competências voltadas ao letramento digital de jovens e adultos, criação de
conteúdos digitais, comunicação e colaboração, segurança e resolução de
problemas. (Incluído pela Lei nº 14.533, de 2023)

Parágrafo único. Para efeitos do disposto no inciso XII do caput deste artigo, as
relações entre o ensino e a aprendizagem digital deverão prever técnicas,
ferramentas e recursos digitais que fortaleçam os papéis de docência e
aprendizagem do professor e do aluno e que criem espaços coletivos de
mútuo desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 14.533, de 2023)

Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, durante o período de


internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de
saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, conforme
dispuser o Poder Público em regulamento, na esfera de sua competência
federativa. (Incluído pela Lei nº 13.716, de 2018).
Vamos destacar alguns pontos:

O artigo estabelece a obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 anos de


idade, e é destacada a importância de assegurar a oportunidade de educação básica
gratuita para aqueles que não tiveram chance na idade apropriada.
O artigo apresenta a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio, destacando a importância de ampliar o acesso e a oferta gratuita nessa
etapa educacional.
A LDB ressalta a necessidade de oferecer atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino. Percebe-se aqui a intenção de reforçar o princípio da inclusão educacional e de
fortalecer a oferta de condições adequadas de aprendizagem para todos.
Destacamos o atendimento em creches e pré-escola: o artigo estabelece a
obrigatoriedade de atendimento em creches e na pré-escola de crianças de 0 a 5 anos
de idade, o que demonstra o reconhecimento da importância da educação infantil como
etapa fundamental ao desenvolvimento das crianças.
O artigo ressalta, ainda, o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, seguindo a capacidade de cada indivíduo. É reforçada a
importância de proporcionar oportunidades educacionais e culturais para que ocorra o
pleno desenvolvimento dos alunos.
O artigo 4º prevê os deveres do Estado em relação à educação, destacando a
obrigatoriedade e gratuidade da educação básica, a universalização do ensino
médio, o atendimento especializado, a oferta de creche e pré-escola, acesso aos níveis
mais altos de ensino. Isso objetiva assegurar a equidade e a qualidade da educação,
assim como a promoção da inclusão e do desenvolvimento pleno dos indivíduos em
todas as etapas educacionais.

Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público


subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação
comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente
constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
(...)
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder
Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino,
independentemente da escolarização anterior.

O artigo 5º da LDB dispõe que o acesso à educação básica obrigatória é um


direito público subjetivo, o que significa que qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
associação comunitária, organização sindical, entidades de classe ou o Ministério Público
têm o direito de acionar o poder público a fim de exigir o cumprimento do disposto em
lei.
Esse dispositivo reconhece que o direito à educação é um direito fundamental e
assegura a possibilidade de ações judiciais a fim de garantir o acesso à educação básica.
Assim, em caso de não atendimento ou de omissão por parte das autoridades responsáveis
pela educação, é possível recorrer à justiça para fazer valer esse direito.
Essa abertura para acionar o poder público por parte de diferentes atores sociais
objetiva o fortalecimento da participação da sociedade civil no processo de promoção da
educação e no cumprimento das políticas públicas educacionais.
Essa pluralidade de agentes capazes de exigir o acesso à educação básica é
reflexo do princípio democrático e da busca pela garantia efetiva do direito à educação.
Também é relevante destacar que acionar o poder público não se limita ao acesso
à educação básica, mas também envolve a qualidade do ensino, a formação dos
profissionais e a infraestrutura das escolas. Isso é porque a sociedade tem o direito de
exigir que o Estado cumpra suas responsabilidades e ofereça educação de qualidade em
todos os aspectos para todos os cidadãos.

Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças


na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.

Este artigo 6º da LDB dispõe que é dever dos pais ou responsáveis matricular as
crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade. Como vimos a educação é
colocada em destaque desde os primeiros anos de vida, sendo obrigado que as crianças
sejam matriculadas. Isso porque a educação é essencial para o desenvolvimento integral
das crianças e para a construção de uma sociedade mais igualitária e democrática.
Ao ser estabelecida a idade de 4 anos de idade para matrícula obrigatória, o
dispositivo legal visa a garantir que as crianças tenham oportunidades educacionais desde
a fase inicial da educação básica, que compreende a educação infantil. A responsabilidade
de cumprir com o disposto é dos pais ou responsáveis.
A educação infantil desempenha um papel crucial no processo de desenvolvimento
cognitivo, social, emocional e motor das crianças.

Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes


condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo


sistema de ensino;
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder
Público;
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no 213 CF.

Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em instituição de ensino


pública ou privada, de qualquer nível, é assegurado, no exercício da liberdade
de consciência e de crença, o direito de, mediante prévio e motivado
requerimento, ausentar-se de prova ou de aula marcada para dia em que,
segundo os preceitos de sua religião, seja vedado o exercício de tais atividades,
devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e sem custos para o aluno,
uma das seguintes prestações alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do art. 5º
da Constituição Federal.
I – prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser realizada em data
alternativa, no turno de estudo do aluno ou em outro horário agendado com
sua anuência expressa;

II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de pesquisa, com tema,


objetivo e data de entrega definidos pela instituição de ensino.

§ 1º A prestação alternativa deverá observar os parâmetros curriculares e o


plano de aula do dia da ausência do aluno.
§ 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa de que trata este artigo
substituirá a obrigação original para todos os efeitos, inclusive regularização
do registro de frequência.
(...)
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar a que se refere o
art. 83 desta Lei.

EXERCÍCIOS

1. (Pref. De Água Branca – ADMTEC – 2020) Leia as afirmativas a seguir:

I. É assegurado à criança o direito de ser respeitada por seus educadores na escola.


II. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n. 9394/96, os currículos
da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ser formulados
a partir da base nacional comum, sem necessidade de complementação.

Marque a alternativa CORRETA:

(a) as duas afirmativas são verdadeiras


(b) a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa
(c) a afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa
(d) as duas afirmativas são falsas.

2. (Professor – Pref. De Água Branca – ADMTEC – 2020) Leia as afirmativas a seguir:

I – É assegurado à criança e ao adolescente o direito de contestar critérios avaliativos,


podendo recorrer às instâncias escolares superiores.
II – É assegurado à criança e ao adolescente o direito de organização e participação em
entidades estudantes.

Marque a alternativa CORRETA:

(a) As duas afirmativas são verdadeiras


(b) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa
(c) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa
(d) As duas afirmativas são falsas.
3. (Professor – PREF. DE AMPARO/SP- 2020) – No que tange a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, analise os itens a seguir, e, ao final, assinale a
alternativa correta:

I. A educação básica é formada pela educação infantil, ensino fundamental, ensino


médio e ensino superior.
II. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
III. Um de seus princípios é a consideração com a diversidade étnico-racial.

(a) apenas o item I é verdadeiro


(b) apenas o item II é verdadeiro
(c) apenas os itens I e II são verdadeiros
(d) apenas os itens II e III são verdadeiros
(e) Todos os itens são verdadeiros

4. (Professor – Pres. De Amparo/SP – 2020) Acerca dos princípios que regem a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, analise os itens a seguir e, ao final, assinale a
alternativa correta, considerando a letra (F) como falso e trata (V) como verdadeiro.

I. ( ) disparidade de condições para o acesso e permanência na escola.


II. ( ) coexistência de instituições públicas e privadas de ensino.
III. ( ) respeito à liberdade e apreço à intolerância.
IV. ( ) gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofociais.

(a) V–F–V–F
(b) F–V–F–V
(c) V–V–F–F
(d) V–V–F–V
(e) F–F–V–F

GABARITO
B
A
D
B

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