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Conceitos fundamentais
e exame clínico
SÉRGIO RUSSI
JOÃO NEUDENIR ARIOLI FILHO
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
O sistema estomatognático é uma entidade fisiológica funcional, OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
perfeitamente definida e integrada por um conjunto de órgãos cuja • Identificar as diversas fases do
biologia e fisiopatologia são absolutamente interdependentes. exame clínico e suas características.
Apresenta dois componentes: • Conhecer os aspectos relacionados
ao diagnóstico e ao prognóstico
• componente anatômico: todas as estruturas duras e moles do
para a indicação de prótese.
crânio, face e pescoço, incluindo a clavícula e osso externo;
• Compreender a importância da
• componentes fisiológicos: oclusão dentária, periodonto,
conduta do cirurgião-dentista para
articulações temporomandibulares (ATMs) e mecanismo o sucesso do exame clínico
neuromuscular. e do tratamento.
Trata-se de um sistema complexo e equilibrado, controlado por um • Conhecer as principais situações
que requerem um plano
complexo mecanismo neurológico e intimamente relacionado com o
protético provisório.
restante do organismo.1
PRÓTESES TOTAIS
A prótese total pertence ao grupo das próteses removíveis e pode ser
definida como um aparelho removível que repõe todos os dentes e
estruturas associadas da maxila e da mandíbula, alteradas pela
edentação total (Fig. 1.1).
PARA PENSAR
AUMENTO DA LONGEVIDADE
Acompanhando o crescimento da população mundial, o aumento da
longevidade e da expectativa de vida é um fato demográfico
inconteste que está ocorrendo com grande rapidez.
EXAME CLÍNICO
O exame clínico compreende uma fase investigativa pré-operatória
Exame clínico
que permite a avaliação das condições existentes e das reais
Conjunto de procedimentos necessidades do paciente como um todo. Requer do cirurgião-
realizados com metodologia dentista habilidade, paciência, experiência, poder de observação,
apropriada para a obtenção de
autocontrole e conhecimentos básicos de outras áreas, bem como a
informações sistêmicas, bucais e
psicológicas do paciente. cooperação do paciente.
LEMBRETE O exame clínico tem por objetivo detectar e avaliar estados mórbidos,
moléstias sistêmicas e debilitantes, variações anatomofisiológicas da
A saúde bucal e a saúde geral são
inseparáveis. Portanto, o exame cavidade bucal e enfermidades bucofaciais. São também objetivos
clínico não deve restringir-se dessa fase a determinação de diagnósticos, prognósticos, possíveis
apenas à cavidade oral. dificuldades no tratamento, informações pessoais e grau de
cooperação do paciente.
FICHA CLÍNICA
A ficha clínica é fundamental para uma boa documentação e avaliação
do paciente. Ela funciona como um guia para a formulação do
diagnóstico e do prognóstico, a definição do tratamento e de sua
duração, o acompanhamento das etapas clínicas e o controle de
honorários.
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
A seguir, são descritos os itens que devem constar na identificação do
paciente.
A PRIMEIRA ENTREVISTA
Para ser bem-sucedida, a entrevista deve ser planejada de acordo com
uma estratégia. O cirurgião-dentista deve primeiro “entrar na mente LEMBRETE
As perguntas devem sempre ser feitas com clareza e objetividade, Má aparência, desleixo,
e o cirurgião-dentista deverá estimular o paciente a contar sua história irritabilidade, sarcasmos,
maneirismos, hábito de criticar
médica, seus problemas e suas experiências com próteses. colegas, impulsividade,
O cirurgião-dentista também deve saber ouvir queixas, temores e ostentação e linguagem não
profissional causam má
expectativas, demonstrando interesse em ajudar. Todas as
impressão no paciente,
informações devem ser anotadas na ficha clínica. dificultando o exame clínico.
HISTÓRIA MÉDICA
A história médica consiste em informações sobre as condições de
saúde gerais do paciente, considerando-se a inter-relação existente
entre a saúde bucal e a saúde geral. Deve também ser considerada a
influência que certos fatores sistêmicos exercem sobre o prognóstico,
o tipo e a duração do tratamento e a adaptação e tolerância do
paciente à prótese total.
EXAME EXTRAORAL
O Quadro 1.2 apresenta as diversas características faciais que devem
ser avaliadas no exame extraoral do paciente.
EXAME INTRAORAL
O exame intraoral permite a observação de inúmeros detalhes e
características morfológicas do paciente. Assim, uma sequência
lógica e objetiva dos aspectos a serem observados deverá ser adotada
(Fig. 1.2 e Quadro 1.3).
EXAME RADIOLÓGICO
O exame radiológico tem por objetivo verificar o tipo e a qualidade
do osso alveolar e a existência de áreas patológicas, cistos, raízes
residuais, dentes inclusos e extranumerários, espículas ósseas,
osteoporose e outros corpos estranhos.
MODELOS DE ESTUDO
Permitem uma visão de conjunto das características da área de
suporte. São úteis para o diagnóstico, planejamento de cirurgias
pré-protéticas e confecção da moldeira individual.
TIPOS PSICOLÓGICOS
Em relação às reações psicológicas que apresentam, os pacientes
podem ser classificados em quatro tipos, descritos a seguir.11
• Receptivos: otimistas, compreensivos, calmos e bons
colaboradores.
• Céticos: descrentes e receosos. São mal informados e possuem
conceitos pré-concebidos sobre próteses totais.
• Histéricos: exatistas, tensos, pessimistas e muito críticos, pouco
colaborativos.
• Indiferentes: desmotivados. Não se importam em ficar edêntulos
ou em receber próteses totais. Não valorizam o trabalho do
cirurgião-dentista.
DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO
Diagnóstico O diagnóstico é dinâmico e deve sempre acompanhar o tratamento,
além de revelar a situação e os fatores encontrados. O prognóstico
Conhecimento ou determinação de avalia o peso ou a influência desses fatores sobre o tratamento, sua
uma doença ou de um estado
duração e a longevidade da prótese.
alterado pelos seus sintomas e
sinais mediante exames diversos. Para Tamaki,12 o prognóstico e a indicação das próteses totais
dependem do fator biológico, que poderá ser favorável ou
Prognóstico
desfavorável. O cirurgião-dentista deverá analisar os fatores
Juízo ou previsão sobre a evolução, a encontrados no exame clínico para avaliá-los e formular o prognóstico
duração e o término de uma doença. e a indicação ou não das próteses totais.
Quando o fator biológico for favorável, a prótese poderá ser indicada com
grande possibilidade de sucesso. Quando for desfavorável, o prognóstico
será ruim, e o sucesso da prótese ficará seriamente comprometido.
LEMBRETE
CONDUTA DO CIRURGIÃO-DENTISTA
O cirurgião-dentista deve usar uma
Antes do tratamento, o paciente deverá ser esclarecido sobre suas
comunicação objetiva, sincera e condições bucais e gerais, o prognóstico, o que poderá ser feito e o
honesta para educar e motivar o plano de tratamento. Também devem ser fornecidas informações
paciente, buscando sua cooperação sobre a prótese total, seu uso, suas limitações, cuidados sobre
e alertando-o sobre sua parcela de higienização, dificuldades no período de adaptação, necessidade
responsabilidade no tratamento. de reajustes e de retornos.
CONTRAINDICAÇÕES
As próteses totais são contraindicadas formalmente nos casos de
rejeição psicológica da prótese, reabsorções alveolares extremas,
senilidade avançada, doença de Parkinson grave, demência, áreas
bucais irradiadas, câncer em evolução, exigências irreais do
paciente, falta de confiança no cirurgião-dentista, intolerância à
prótese e epilepsia.