Jason L.

Blair
“Quando eu era bem pequena, e eu escutava
os Monstros… Eu fechava os olhos com tanta
força, mas com tanta força, que eu não via nem
um pontinho de luz… Então, fazia de conta que
eu era um passarinho ou uma borboleta. Era algo
tão bonito, tão livre, que bastava eu bater minhas
asas e sair voando dali.

Mas então eu cresci e aprendi a verdade sobre

pássaros e borboletas. O que eles realmente
são…

Hoje eu não faço mais de conta.”

Carolina Maia, 8 anos de idade
 Little Fears - Edição Pesadelo - Versão Original
Escrito & criado por Jason L. Blair Doug Snook Matt Nachtrieb
Layout & design gráfico Michael Petway
Top 3 System desenvolvido por Jason L. Blair Jamie Pollard
Jason L. Blair & Jogadores da versão de teste da Edição Kenny Raper
Caz Granberg Pesadelo Chuck Richeson
W. Alexander Michael Sanders
Editado por Peter Amthor Bob Scott
Caz Granberg & Bill Bodden Anya Slaven
Matt M. McElroy Ben Chronister Lori Smith
Megan Dickison Kristin Toffton
Publicado pela Fun Sized Games Jon Etter Monica Valentinelli
Kevin Glasow Josh Wasta
Informações adicionais por Max Hattuer
Caz Granberg Lauren Hengler In memorian
Mike Holmes Stéphane Péru &
Ilustração da capa Kerri Jackson Udo Octavius
Veronica V. Jones Travis Jenkins
Ilustrações internas Andrew Jones Dedicado a
Oliver Graute Matt M. McElroy S., C., and G. com vocês em minha
Veronica V. Jones Brett Myers vida, não tenho nada a temer.
Stéphane & Olivier Péru Colleen Nachtrieb

Copyright 2009 Jason L. Blair.

Todos os direitos reservados.
Ilustrações internas desta obra são copyright de seus respectivos artistas. Ilustrações usadas com permissão.
Little Fears, Little Fears Edição Pesadelo, Top 3 System, e “This Game uses the Top 3 System” são trademarks
de Jason L. Blair e da Fun Sized Games. Primeira edição Outubro 2009.

CRÉDITOS DA EDIÇÃO NACIONAL:

Editoração: Rogério Lobo.
Tradução: Keller Borges.
Localização e Revisão: Paulo Tríade e Keller Borges.
Diagramação: Ana Rosa
Layout: Rogério Lobo.
Ilustrações: Lucas

ISBN
Copyright 2022 Huginn & Muninn.
Todos os direitos reservados.
Ilustrações internas desta obra são copyright da Editora Huginn&Muninn. Ilustrações usadas com permissão.
Little Fears, Little Fears Edição Pesadelo. Primeira edição Novembro 2022.
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B635l Blair, Jason L.
Little Fears: Edição Pesadelo. / Jason L. Blair, traduzido por
Keller Borges. Ilustração de Lucas "Meh'Ko" -- 1.ed. / Editor Rogério Luís
Lobo, Diagramação de Ana Rosa -- São Paulo: Huginn & Muninn, 2023.
184 p. : il; color ; 29,7x21cm -- (Coleção Little Fear)

ISBN:
ISBN: (Coleção Little Fears)

1. Jogos de fantasia. 2. Ficção. 3. Terror. 4. Sobrenatural. 5.

Medo. I. Blair, Jason L. II. Borges, Keller. III. Lobo, Rogério Luís. IV.
Meh'Ko, Lucas.
CDD 793.93
CDU 794.3

Fonte: Elaborado pela Bibliotecária Morgana B. H. Guimarães, CRB1/2837

 AVISO DE CONTEÚDO ADULTO

Os jogos de interpretação de papéis representam um hobby que diverte e reúne pessoas nos mais diversos
cantos do mundo. E em cada uma dessas reuniões, presenciais ou remotas, todos buscam um único resultado:
a diversão. E essa diversão pode se efetivar das mais diversas maneiras. A obra que você recebe agora se destaca
por sua abordagem que reflete diretamente o terror infantil. Este jogo trará alguns temas e situações que podem
acionar gatilhos emocionais diversos e por isso recomendamos cautela dos Jogadores e mestres. Quando
incluímos assuntos problemáticos em narrações devemos traçar um limite claro: vivenciar tais situações em
um jogo de ficção é algo totalmente diferente de exaltar tais situações, mas é algo que pode ser usado para uma
discussão crítica dos assuntos que podem incomodar determinados grupos. Little Fears – Edição Pesadelo
nos apresenta um mundo ficcional, visto por crianças de 6 a 13 anos de idade, que dividem suas atenções
entre as atividades cotidianas de um ser humano em desenvolvimento e a ameaça dos Monstros que habitam
a Armariolândia.
Little Fears – Edição Pesadelo não possui referências diretas ao mundo real, mas aborda temas complexos,
tais como: violência, morte, terror, medo, abandono, carência, dentre outros, embora permita a criação de
episódios ou temporadas totalmente adequadas ao que chamamos de realidade.
“E o que eu tenho com isso?” Alguém no seu grupo pode se incomodar de verdade com um
ou mais tópico(s), pois pode ter tido que lidar com isso na vida real, quando criança. E essa pessoa, ao saber
que você, seja Moderador, seja Jogador de Little Fears – Edição Pesadelo, leu isso, pode se sentir incluída, e
juntos, vocês encontrarão o tom mais adequado para a diversão compartilhada, que representa o grande cerne
do RPG.
Temos aqui um jogo de terror infantil, mas é só isso: um jogo. Não use nenhum dos temas aqui tratados como
justificativa para comportamentos ou ações reprováveis.

Buscando o seu melhor jogo,

A Equipe da Editora Huginn & Muninn.

AGRADECIMENTOS
A todos que acreditaram na proposta e apoiaram o
financiamento coletivo, que atingiu até a meta extra
da capa dura, o nosso MUITO OBRIGADO. E que
você possa aproveitar o material que recebe agora,
fruto de horas e horas de dedicação diante de telas
brilhantes e ruidosas teclas sendo apertadas, uma
depois da outra.

5
 Índice
Introdução Atrás daquela porta
Conhecendo o medo Atravessando a escuridão
Um jogo sobre histórias Um mundo de monstros
Do que você precisa para jogar? Lugares assustadores
Usando este livro Aqueles deixados para trás
O que você precisa ler para jogar? A sala do Pássaro Atróz
Criando um monstro
É só um jogo Regras dos Monstros
Noções básicas Exemplos de Monstroa
Preparando o jogo
Cenas e rodadas Histórias Assustadoras
O coração do sistema Este conto de problemas na periferia da
Troca-tapas cidade é chamado...
Saúde e danos Encviado para sua aprovação...
Virtudes da infância Recado do Professor
Fichas do jogo
De volta à infância
Segunda infância
Esse moleque tem personalidade
Do que você é feito é o que importa
Nem toda criança é ruim
A confiabilidade dos trecos
Fale-me mais sobre você

Álguém para cuidar de mim

O trabalho do MJ
Estrutura do episódio
Personagens do MJ
O questionário
Depois de cada sessão
Personalizando o jogo
Conselhos para Moderadores

Admirável mundo novo

Aqui e agora
Existem seres bons
Quebra-galhos
 SONHANDO ACORDADO

Gregório pisava firme, pondo todos seus 30 quilos em cada passada. A neve da noite passada
estalava sob seus pés, encharcados pela umidade que ensopava seus tênis de segunda mão. Ele mordeu os
lábios e fortemente se concentrou para enxergar um brilho fraco, bem distante.
O garoto parou por um segundo, para ouvir os ruídos ao seu redor. Ele ouviu uma rajada de vento
forte e, com ela, o rosnado macabro de uma criatura. Claro e frio, como a neve sob seus pés.
O garoto fechou os olhos, atentamente se concentrando em ouvir a criatura. Ele sabia que vê-la não
adiantaria nada. Seria o mesmo que correr atrás de um arco-íris na primavera, seus olhos só te fariam de
trouxa.
O rosnado agora se tornava uma espécie de gemido, e o gemido de repente se transformou em palavras
ao vento… O garoto sentiu um arrepio. Seus ouvidos se aguçaram… Quando de repente:
- Eu vou te devorar, garoto disse a criatura…
O garoto ficou sem ar. Ele segurou uma tosse, quando sentiu o ar frio queimar sua garganta, ao
tentar recuperar seu fôlego.
- Eu não tenho medo de você - disse o garoto, querendo muito se convencer disso. - Você é só um
cachorro. Não um Monstro, é só um cachorro...
Um uivo ressoou, não muito longe dali. Os olhos de Gregório se abriram antes que ele pudesse
entender o que acontecia. A criatura estava à vista agora, e perto demais dele, a menos de trinta metros de
onde ele estava.
Um monte de árvores ressecadas estava próximo também. E logo ele pensou que se corresse para
lá, seria mais difícil do Monstro encontrá-lo. Mas Gregório não conhecia essa floresta. Ele não conhecia
nada por ali. Ele só “abriu uma porta”, e saiu correndo pela neve.
Não deu para pensar onde ele ia parar, ou que caminhos iria encontrar.
O cachorro, bem, o cachorro não era só um cachorro. Era alguma outra coisa estranha. Gregório não
entendeu o que aconteceu, e por que a pele dele mudou quando o sol bateu nela.
- Não - disse o garoto a si mesmo. - Não mudou nada...você é só um cachorro.
- E você é só uma criança - respondeu o Monstro.
Gregório engoliu em seco. Ele sentiu as lágrimas frias encherem seus olhos. Seu pai sempre dizia:
- Homem não chora! E os meninos crescem e se tornam homens! Homens têm que ser fortes.
Gregório já não tinha mais tanta certeza disso. Ele lutou contra as lágrimas com toda a sua força
e falou bem alto dessa vez!
- Eu não tenho medo de você! Eu não estou! Eu não estou com medo de você!
O sorriso negro da criatura ficou evidente, mostrando lábios curvados e dentes quebrados. Uma saliva
quente e espessa escorria deles. Olhos humanos em um crânio canino se fixaram em Gregório.
- Tá sim! - disse a criatura, zombando dele, e continuou: - Afinal de contas, o seu medo me fez.

7
Introdução
Introdução
8
PARTE 1:
Conhecendo o medo
O mundo é um lugar assustador, especialmente
para as crianças. Tudo ao redor delas é estranho. São
regras demais, e tudo muda o tempo todo. São tantas
coisas que elas não podem fazer, não podem dizer, e
não lhes é permitido saber ou ver. O mundo é como
uma porta aberta, que leva a uma sala onde só podem
andar em passos de formiguinha.
O mundo em que vivem está cheio de regras,
mas elas não são as suas.
Mas em seus sonhos, em sua imaginação, não
há regras. Não há limites. Não tem “hora de dormir”,
nem dever de casa. Ali elas podem brincar na lama,
dançar na chuva e voar pelas nuvens. Elas estão livres
de todas as regras que limitam seu dia a dia.
Esses sonhos dão vida a tantas coisas: fantasia
voando solta, contos de fadas e reinos distantes que
estão apenas ao alcance de uma imaginação livre. Um
mundo enorme. Um mundo cheio de portas.
Atrás dessas portas existem cavaleiros
e princesas, castelos nas nuvens guardados por
dragões, ferrovias mágicas, jovens guerreiros, com
suas criaturas místicas presas em orbes de cores
vivas, jovens com varinhas, cujo dia a dia na escola é
tolerável, porque estão aprendendo magia, e não algo
chato, como a velha matemática ou história. É um
mundo onde a infância não tem limites, e as crianças
são reis e rainhas, super-heróis, astronautas e muito
mais.
Mas, atrás dessas portas, tem algo mais…
Depois das imponentes torres mágicas, que crescem
em direção aos céus, passando o resmungar alto e
barulhento de ogros, que são brutos por fora, mas
de bom coração por dentro, nas profundezas mais
sombrias, onde nem os ratos vão, lá, existem Monstros.
Esses Monstros nascem do medo, da Convicção e
do mundo imaginário para onde as crianças fogem,
quando o mundo real se torna muito confuso e
agoniante para elas. Quando sofrem muita dor ou
frustração, as crianças internalizam esses sentimentos
9
bem fundo dentro de si, e criam verdadeiros nós
emocionais. Quando esses nós desatam, um Monstro
nasce.
Estas não são criaturas fictícias e fantásticas.
Não tem nada de faz-de-conta nessas ameaças.
Esses Monstros são reais. Estão vivos. Eles comem,
respiram, arranham, agarram e gritam à noite. Eles
querem comer, e para isso caçam, rastreiam e matam.
Seus olhos brilham vermelhos embaixo da cama. Suas
unhas, como facas, arranham o chão de madeira,
arrancando lascas. Eles quebram brinquedos, assim
como ossos. Eles deixam seu quarto e sua mente
poluídos, nublados, embaçados. Eles sabem usar
trancas e quebram portas e janelas. Eles sussurram
ideias travessas, quando você está quase dormindo.
Os adultos não os veem, então não acreditam
na existência deles. A verdade é que esses Monstros
só podem ser vistos por aqueles que têm Convicção.
Por aqueles cujas mentes não estão enjauladas pelo
pensamento adulto e racional. Mas isso não significa
que estejamos todos seguros.
Embora nascidos na imaginação, esses
Monstros não estão confinados nela. Eles têm um
lar fora da mente das crianças. São lugares escuros,
abandonados, solitários e perigosos. Parquinhos
vazios, em sombras que duram pra sempre, com
balanços se movendo sozinhos, bem devagarinho,
com erva daninha arrancando a tinta do escorregador.
Nas bandeiras rasgadas que tremulam sem vento. Em
sombras que aparecem e desaparecem rapidamente.
Em gargalhadas que se tornam gritos e desaparecem
de repente, no mais absoluto silêncio.
No vazio de uma casa velha, a criança ouve.
Na escuridão embaixo da cama, a criança vê.
No brilho dos olhos de um cachorro estranho.
No sorriso macabro de um estranho que passa…
É o espaço vazio que existe entre a alegria de
uma criança e o coração cuidadoso da sua mãe.
É no balançar dos galhos de árvores, vistos na
sombra de um relâmpago. É o brinquedo perdido que
reaparece do nada, mas quebrado. Ele senta à mesa de
jantar, onde um dos pais deveria estar. É o deboche
do menino que faz bullying na escola. É a linha que
divide uma criança de um adulto. É a fronteira entre a
infância e a vida adulta. Esse lugar é a Armariolândia.
E esse é o inferno de uma criança.
Monstros em rota de colisão
Os Monstros vêm em toda sorte de tipos e
formas. Há aqueles com tentáculos, com os dentes
salivantes à mostra, com garras traiçoeiras, que atacam
sem parar. Há aqueles que se escondem em outras
coisas: o cachorro estranho no ferro-velho, cujo uivo
ecoa a quilômetros de distância; a besta gorgolejante,
que vive no dreno, e os murmúrios golfados podem
ser ouvidos ecoando nos canos; o estranho de olhos
frios, na volta pra casa, que te examina com um olhar
de poucos amigos e ameaçador; a boneca no criado-
mudo, que nunca para sentada, e que, você jura, dá
risadinhas, dependendo da fase da lua; o capim ao
redor de um túmulo, que você sente se enrolar nos
tornozelos assim que se aproxima.
Monstros frequentemente se escondem a
olhos vistos. Isso que faz ser tão óbvio para que "gente
grande" não possa percebê-los, ignorar as histórias
faladas pelas crianças, a darem muxoxos e cala-bocas
sempre que filhos e filhas menores lhes falam seus
contos incríveis.
Às vezes, até mesmo outras crianças não
conseguem vê-los. Crianças que não tiveram tempo
de serem crianças, que precisaram amadurecer, e
endurecer o coração às coisas da infância. Existem
também aquelas que já viram Monstros demais, e
simplesmente já não aguentam mais.
Quem contra-ataca?
Mas os Monstros não podem agir tão
livremente assim. Existem crianças fortes, espertas
e corajosas, ou loucas o bastante para enfrentá-los.
Muitas vezes são bravas crianças (que sabem que
Monstros são reais, e os caçam onde quer que eles
se escondam), mas outras tantas começam como
vítimas que encontram uma coragem leonina e se
organizam, ainda que a contragosto, para lutar contra
esses Monstros.
Esse jogo é sobre essas crianças. Sejam elas
cavaleiros e amazonas ou mesmo alguém sem sorte
10
que estava no lugar errado, na hora errada, todas elas
são heroicas. Seu trabalho é contar a história delas.
Tom e ambiente
Little Fears - Edição Pesadelo nos traz pessoas
que se reúnem para criar histórias horripilantes e
cativantes. É um jogo tenebroso e fantástico, onde
simples crianças têm que lutar contra Monstros, reais
e imaginários. Cabe aos Jogadores determinar quem
são essas crianças, quais Monstros irão enfrentar e
como a história se desenrola.
Todos os personagens Jogadores são heróis,
não importa o ambiente ou a história por trás deles.
Eles podem ser relutantes, durões, inocentes ou
tímidos, mas sempre vão encontrar a sua força interior
e a coragem para usá-la. Eles têm que encontrar, ou os
Monstros ganharão.
A inspiração para os Monstros pode vir de
vários lugares. Podem ser criaturas mitológicas ou da
literatura (vampiros, lobisomens, sacis, o abominável
homem das neves, Frankenstein ou um feiticeiro
maligno empenhado em dominar o mundo), ou da
sua própria imaginação distorcida (existem regras
para criar os Monstros que quiser fazer). Você pode
se apropriar de ideias nas manchetes do jornal, com
horrores da vida real (sequestro e trabalho infantil).
Mas lembre-se, esse jogo não é só um jogo de terror,
é um jogo de terror cujos personagens são crianças.
Então é importante sempre levar em consideração
a história pessoal dos seus Jogadores, seus limites.
Ninguém precisa ter memórias dolorosas expostas
em uma sessão de jogo.
Com esse cuidado em mente, vale ainda dizer,
esse jogo lida com situações pesadas. Ele jamais foi
feito para explorar ou normalizar situações assim, mas
permite que tais situações possam ser contrastadas
com um pouco mais de esperança e luz, pois mesmo
nas situações mais difíceis e aterrorizantes, existe
esperança. E essa esperança é a maior arma que as
crianças têm para afastar os Monstros e vencer a
batalha.
O ambiente descrito na obra original e nas
referências literárias condizem com os tempos atuais
e a cultura estadunidense, mas também transcreve PARTE 2:
alguns elementos regionais para o Brasil, e a língua Um jogo sobre histórias
portuguesa aqui falada. A torta de maçã, por exemplo,
teria o mesmo apelo que nosso bolo de fubá, por
exemplo. No entanto, não é necessário que você siga
Se você é uma pessoa que nunca jogou um
cegamente essa ambientação, ou a data moderna.
jogo sobre histórias antes, seja bem-vinda. Eu escrevi
Existem crianças no mundo todo, de diversas culturas,
este jogo na esperança de que Jogadores, experientes
com problemas reais diferentes, organizações políticas
e novatos, sejam capazes de ler e compreender a
cruéis, influência da mídia, tradições e histórias. Não
ambientação e as regras com o mínimo de estudo e
importa onde, não importa quem, e não importa o
memorização possível. Se você é novo nesse tipo de
quando. Os temas e conflitos abordados nessa obra,
jogo, aqui está uma introdução rápida para ajudá-lo a
embora ambientados em uma cultura, podem ser
entender o que está acontecendo neste livro.
universais e atemporais. Eu, pessoalmente, moderei
Neste livro, você encontrará uma ambientação
jogos na década de 80, na de 90 e na atualidade. Já
(a descrição de um mundo) e um amontoado de
moderei jogos que eram situados no campo, na
regras, que você e seus amigos vão usar para contar
cidade, na periferia. Quando estiver construindo seus
uma história juntos. A ideia básica desse mundo é que:
cenários e personagens, tenha em mente não somente
existem Monstros que apenas crianças podem ver e,
o “quando” e o “onde”, mas o “quem”, o “quê” e o
contra eles, lutar. E os Jogadores são essas crianças, e
“porquê”. Não se preocupe com o “como”. O “como”, o
elas são o foco deste jogo.
sistema resolve, é para isso que ele serve, mas todo o
É chamado de jogo de histórias porque é tanto
resto está nas mãos do grupo.
um dispositivo de narrativa quanto um jogo. Ou

11
seja, o principal objetivo é se divertir com os amigos,
é mergulhar na ficção por algumas horas, bem
como se conectar e se envolver
personagens e suas lutas, conflitos e triunfos.
Essa é a história que você vivenciará.
Existem regras sobre quando e como algo vai
acontecer, e quem terá sucesso ou falha. Essa é a parte
do jogo.
Você precisa de pelo menos duas pessoas
para jogar este jogo. Uma dessas pessoas será o
“Moderador”, e ela tem um trabalho especial. O
restante – e um grupo de três a quatro pessoas é o
ideal, segundo minha experiência – é chamado de
“Jogadores”. Eles criam “Personagens” e, com eles,
contribuem para o andamento da história. Criar um
personagem deve ser divertido, e é mais divertido
ainda quando todos são criados em grupo. Esses
personagens são chamados “personagens Jogadores”
ou “PJ”, pois, como você pode imaginar, são
personagens projetados e controlados por Jogadores.
Cada Jogador deve ter uma cópia da ficha de
personagem (encontrada no final deste livro,
em www.littlefears.com - em inglês e em www.
editorahuginnemuninn.com.br - em português), o
que tornará a criação de um personagem mais rápida
e mais fácil. Cada personagem precisa de sua própria
ficha.
Uma das pessoas será a Moderadora ou “MJ”
(Moderadora do Jogo). O trabalho dela é ajudar
a guiar a história e também a interpretar os outros
personagens que podem fazer parte da narrativa,
sejam eles humanos ou Monstros. Esses personagens
são chamados de PdMs (Personagens da Moderadora).
A Moderadora também tem a função de descrever o
ambiente da história, e “moderar” a relação dos PJs
com o mundo descrito. Desta forma, a MJ terá as
ferramentas para ajudar os Jogadores a saberem que
personagens fizeram aquilo que queriam fazer. Ao
longo da história, as ações dos personagens podem ser
confrontadas por outros personagens, por Monstros,
pelo ambiente. Os personagens enfrentarão desafios
e vão precisar vencer obstáculos. Uma história sem
desafios não tem sentido, além de deixar o jogo vazio.
com Imaginem que vocês estão fazendo um filme (esta
não será a última vez que traço um paralelo entre
filmes e o jogo). Os Jogadores são os atores e eles
estão atuando (com palavras, não ações) como os
personagens do filme. A Moderadora do Jogo é o
diretor, definindo as cenas e jogando o holofote sobre
certos personagens dos Jogadores, em determinados
momentos. Tanto os Jogadores quanto a Moderadora
irão colaborar na criação do roteiro. Um Jogador
falará pela sua personagem, improvisando diálogos
e decidindo como esse personagem irá agir em uma
determinada situação. A Moderadora do Jogo atuará
como qualquer um além dos personagens Jogadores.
As regras neste livro determinam quem age, fala, e o
que acontece quando os personagens discordam ou
agem uns contra os outros. No próximo capítulo,
veremos mais detalhes das ações dos personagens.
É importante lembrar que não há vencedor neste
jogo, embora os personagens sejam recompensados​​
por se saírem bem. O dever principal da Moderadora
do Jogo é se opor às ações dos personagens e testar
as habilidades de tomada de decisão dos Jogadores.
A própria Moderadora do Jogo não deve ser tratado
como o inimigo, mesmo que ela se oponha aos
personagens e controle os Monstros. Cada pessoa na
mesa compartilha o objetivo de contar uma grande
história. Elas apenas desempenham papéis diferentes
para fazer isso.
Tudo o mais que você precisa saber sobre
Little Fears - Edição Pesadelo pode ser encontrado
nas páginas a seguir. Se você tiver alguma dúvida,
visite www.littlefears.com (em inglês) e www.
editorahuginnemuninn.com.br (em português). Lá
você encontra o nosso contato, informações e outros
recursos.
Bem-vindo à Casa Abandonada no final
da rua. Agora, vamos contar algumas histórias
assustadoras.
12
PARTE 3:
Do que você precisa para jogar?
Para jogar Little Fears - Edição Pesadelo você
só precisa de:
Conhecimento básico das regras
Tudo o que você precisa saber está descrito
nas próximas páginas, mas ter uma noção prévia das
regras é muito bom para que você consiga localizar as
informações de que precisa, em vez de perder tempo
folheando o livro.
Lápis, papel e dados
Todo Jogador precisa de uma ficha de
personagem, e todos precisam de um lápis ou lapiseira
(borracha também ajuda). A Moderadora precisa
do livro básico, para consultas, fichas de Monstros e
personagens da Moderadora.
Todo Jogador (inclusive a Moderadora)
precisa de alguns dados de seis lados. Esses são os
tipos mais comuns de dados e podem ser encontrados
em muitos lugares (se é que você já não tem um
punhado deles). Se não encontrá-los na sua cidade,
tente comprar alguns pela internet ou, em último
caso, use um aplicativo que os simule (um rolador de
dados virtual). Como os Jogadores devem rolar dados
ao mesmo tempo, é importante que cada Jogador
tenha um conjunto de dados. Entendemos que algo
entre 8 e 10 dados de seis lados seja o suficiente por
Jogador.
Companheiros
Esse jogo não é para ser jogado sozinho.
Assim, ter alguns amigos para jogar é essencial. Ele
pode ser jogado da maneira clássica, com todos
reunidos ao redor de uma mesa, todos no chão
da sala, mas também pode ser jogado online, com
todos conectados pela internet via programas, como
o Skype ou Discord ou quaisquer outros chats que
compartilhem som e imagem (a escolha é sua).
Seja como for, desde que você e seus amigos se sintam
bem jogando, tudo estará ótimo.
13
PARTE 4:
Usando este livro
Este livro foi criado para te contar tudo o que
precisa saber de uma maneira que faça sentido. Aqui
está uma lista resumida do que você vai ler adiante, e
como utilizar isso tudo.
Os capítulos
Esse livro é dividido em sete Capítulos
(incluindo a Introdução). Os Capítulos são, em
sequência:
Introdução: Sonhando acordado.
É o que você está lendo agora (e está quase
acabando). É um resumo sobre o mundo de ficção
de Little Fears - Edição Pesadelo, e também um
apanhado sobre os elementos que compõem o jogo,
apresentados no decorrer deste livro. Os outros
capítulos vão detalhar esses elementos.
Capítulo I: É só um jogo.
O Capítulo I detalha as regras do jogo. Quase
tudo que você precisa saber para jogar está aqui.
Capítulo II: De volta à infância.
O Capítulo II detalha a criação dos
personagens. Ele é projetado para dar aos Jogadores
tudo o que precisam para criar e personalizar seus
personagens, cheio de dicas, guias e exemplos para os
Jogadores.
Capítulo III: Alguém para cuidar de mim.
O Capítulo III detalha o papel da pessoa
Moderadora no jogo. É recheado de conselhos sobre
como construir e narrar uma sessão de jogo; também
traz orientações importantes sobre como customizar
as regras do jogo para adequá-lo a diferentes tons e
ambientes.
Capítulo IV: Tem um mundão lá fora.
O Capítulo IV é o primeiro de dois capítulos
que se concentra em detalhar o mundo de Little Fears
- Edição Pesadelo. Ele explica o mundo “real” e tem
conselhos sobre como utilizá-lo no jogo. O mundo
também é um personagem. Esse capítulo também
descreve aqueles a quem as crianças podem pedir
ajuda, caso seus destinos se cruzem.
Capítulo V: Atrás da porta.
O Capítulo V é o segundo capítulo destinado
à descrição do mundo, e se concentra sobretudo na
Armariolândia, o mundo distorcido que abriga todas
as coisas maldosas que vagam no escuro da noite. Ele
trata de como é a Armariolândia, como as crianças
chegam até lá e como os Monstros passam para cá,
assim como as pessoas e os lugares nele. Esse capítulo
inclui as regras para criar e interpretar os Monstros.
Capítulo VI: Contos horripilantes.
O jogo que você tem em mãos tem ferramentas
para te ajudar a contar suas histórias através dos seus
personagens. Nesse capítulo há mais informações
e dicas sobre como criar histórias, personagens
prontos, descrição de um cenário completo chamado
“Condomínio Morada dos Ipês” e alguns embriões
de ideias, para incentivar o criador de histórias que
existe em você. Essas ideias são ótimos pontos para
começar uma história do nada, caso apareça alguém
dizendo: “Cara, não tá afim de moderar um jogo de
Little Fears hoje?”
14
PARTE 5:
O que você precisa ler para jogar?
Se você for um Jogador, basta ler os capítulos
1 e 2.
Se você for a pessoa Moderadora, basta ler os
capítulos 1, 2, 3 e a última parte do Capítulo V para
saber todas as regras do jogo. Os capítulos 4, 6 e a
primeira parte do 5 são recheados de dicas e ideias,
mas não são essenciais para se jogar.
Nenhuma leitura nesse jogo é proibida. Todos
podem ler o livro todo, mas se você é Jogador, e gosta
de surpresas, melhor evitar ler do Capítulo III em
diante.
A Edição Pesadelo
Se você jogou o Little Fears original, prepare-
se para outra grande surpresa. A Edição Pesadelo usa
um sistema de jogo semelhante ao anterior, mas que
foi totalmente reconstruído do zero. O mundo de
Little Fears mudou drasticamente. A Armariolândia
ainda existe, mas é diferente da versão original. Mas
apesar das mudanças, Little Fears ainda é um jogo
de terror infantil. O livro básico, que você está lendo
agora, foi baseado em contos de acampamentos, mas
tem potencial para apresentar uma grande variedade
de histórias no mundo deste jogo.
Se você já for fã do original, se estiver dando
outra chance para o jogo, ou mesmo conhecendo
esse tipo de jogo pela primeira vez, o importante é
que você tenha bons e assustadores momentos lendo
essas páginas.
É só um jogo
15
 Neste capítulo vamos falar sobre como Little
Fears - Edição Pesadelo é jogado, como o jogo
funciona e sobre todas as regras que você precisa
saber. Este capítulo deve ser lido por Jogadores
e Moderadores, pois ele o guiará sobre as regras
e elementos iniciais para moderar e interpretar
os personagens deste jogo.
Depois de ler este capítulo, os Jogadores
podem ir em frente e ler o Capítulo II. Isso dará
aos Jogadores o restante das informações que
precisam para cumprir seu papel no jogo. Os
Moderadores também devem ler o Capítulo II para
que possam oferecer conselhos sobre a criação
de personagens e ajudar o grupo a se organizar.

16
PARTE 1:
Noções básicas
Um jogo de história é único porque não existe
um tabuleiro ou baralho de cartas como em outros
jogos. Isso não quer dizer que este jogo não exija
certos itens e uma compreensão básica do conceito de
um jogo de histórias. Nesta seção listamos algumas
noções básicas sobre jogos, com as quais seria bom se
familiarizar.
Jogadores e moderador
Nós já definimos os papéis dos Jogadores e do
Moderador na introdução. E, antes da sessão de jogo
começar, o grupo deve decidir quem será Jogador e
quem será Moderador. Este capítulo trará detalhes
quanto às responsabilidades de cada um, para que
todos possam entender seus papéis antes de decidir
como querem jogar. Achamos que de 2 a 4 Jogadores
seja o ideal, mas não há um mínimo acima de 1
Jogador e não há realmente um máximo.
Claro que, só porque uma pessoa foi a
Moderadora em uma sessão, episódio ou temporada
do jogo, não significa que ela tenha que ser sempre.
Provavelmente será mais fácil, para as primeiras
sessões, que a mesma pessoa seja a Moderadora e os
outros, Jogadores.
Personagens e fichas
Cada Jogador tem sua própria personagem,
e você vai precisar anotar as características dele em
uma ficha de personagem, que pode ser encontrada
no fim deste livro ou mesmo online. É essa ficha que
vai registrar tudo o que você precisa saber sobre sua
personagem.
A Moderadora também tem seus personagens,
e ele também vai precisar de fichas para os PdM e
fichas para Monstros, e mesmo fichas de episódio, em
que ela anota referências para a sessão de jogo.
17
Dados e marcadores
Os dados usados neste jogo são os dados
padrão de seis lados. Eles podem ser encontrados em
diversos lugares, em lojas de jogos e hobbies. Se você
não tem uma loja assim perto de você, você também
poderá encontrá-los facilmente à venda na internet.
Sempre que fizermos alguma referência aos dados,
será sempre a dados padrão de seis lados.
Marcadores também são utilizados neste jogo.
Você não precisa de mais que 10 por Jogador e para o
Moderador. Eles podem ser qualquer coisa: grãos de
feijão, sementes, fichas de pôquer, pedrinhas ou o que
você tiver em mãos.
Sessões, episódios e temporadas
Sempre que seu grupo for jogar, vocês jogarão
uma sessão de jogo. A duração de uma sessão é variável,
podendo levar de 2 a 4 horas. Ela pode representar
um conflito simples, pode ser a solução para um
interesse pessoal de um personagem ou mesmo uma
longa sequência de eventos. O que é importante saber
é: quando mencionarmos uma sessão ao longo do
livro, estamos falando daquele tempo de 2 a 4 horas,
quando vocês se reúnem para jogar.
Quando falamos em episódio, temos uma
história mais abrangente, como um capítulo de
novela ou episódio de uma série. É possível, e algumas
vezes preferível, que uma sessão cubra um episódio
inteiro, mas não será sempre assim. Um episódio
normalmente será contado a partir de múltiplas
sessões de jogos.
Já uma temporada é exatamente como vemos
nas séries de TV: um apanhado de episódios, que
geralmente apresentam os mesmos personagens e
cenário e estão superficialmente conectados. Desde
personagens obrigados a trabalhar juntos contra:
um perigo ou inimigo recorrente, um grupo de
personagens ou local compartilhado. Durante uma
temporada, um personagem irá mudar e evoluir,
de episódio em episódio, e, de preferência, resolver
problemas e desafios, tanto dele quanto do grupo.
PARTE 2:
Preparando o jogo
Antes da primeira sessão, os Jogadores e
a pessoa Moderadora do Jogo devem se reunir e
criar seus personagens. Um Jogador pode trazer um
personagem já criado para um jogo, mas é importante
que o grupo como um todo seja capaz de falar sobre
seus personagens antes do início do jogo. É nesse
momento que podemos discutir como os personagens
se conhecem, estabelecer os relacionamentos e definir
qual o ambiente do episódio.
A criação de personagens pode ser em uma
sessão do jogo feita somente com esse propósito, ou
logo antes de todos jogarem pela primeira vez. A
criação de personagens é descrita com detalhes no
próximo capítulo, mas vamos falar aqui sobre alguns
desses processos de criação conforme avançamos no
sistema.
Preparando o jogador
Um Jogador deve ter uma ficha de personagem,
lápis e borracha para atualizar sua ficha, e seu próprio
conjunto de dados (dez deles devem bastar).
18
Preparando o moderador
A pessoa Moderadora tem alguns afazeres
antes de cada episódio. Ela deve preencher a ficha
de episódios e criar os personagens que planeja
usar (PdMs e Monstros). Os capítulos 3 e 5 trazem,
respectivamente, mais informações sobre como
construir uma história e como criar Monstros. A
cada sessão, a Moderadora trará essas fichas para a
mesa, junto com seus próprios dados e um punhado
de marcadores.
Montando o jogo
Uma vez que todos tenham se preparado, resta
apenas jogar. Cada Jogador deve pegar seus dados e
ficha de personagem. A Moderadora deve pegar sua
ficha de episódios, PdMs, Monstros e dados. É uma
boa ideia para uma MJ ter uma ficha de PdM em
branco e também fichas de Monstros disponíveis caso
precise criar algo na hora.
No início da sessão, a Moderadora do Jogo
entrega a cada Jogador um número de marcadores
igual à “Convicção” de sua personagem. Feito isso,
vamos começar o jogo.
PARTE 3:
Cenas e rodadas
Como dissemos antes, Little Fears - Edição
Pesadelo é um jogo onde as pessoas se juntam para
contar uma história. Essas histórias têm personagens,
conflitos, drama, assim como uma estrutura narrativa.
Durante o jogo, o Moderador e seus Jogadores
contam uma história que será descrita a partir de uma
sequência de cenas. O Moderador é quem descreve a
cena e determina o seu objetivo. É responsabilidade
dos Jogadores resolver o objetivo da cena. Quando
uma cena tiver como foco uma situação de risco,
onde o tempo seja escasso, como um combate, o
Moderador incluirá a estrutura de rodadas, em que
cada personagem poderá agir um de cada vez.
Cenas e objetivos
Neste jogo, como a história se desdobra é
controlado (ou, ao menos, altamente influenciado)
por todos na mesa. O trabalho do Moderador do Jogo
será definir a cena inicial, ter uma ideia básica dos
rumos que a história está tomando de acordo com
seus planos e ajudar os Jogadores a mover a narrativa.
A cena inicial pode ser descrita com algumas frases
ou exposição curta, de alguns parágrafos, como por
exemplo:
“Você chega à estação de trem. Já passa da
meia-noite, e o céu está fortemente nublado. Se não
fosse pela ocasional iluminação da rua, você não seria
capaz de ver nada. Tudo está escuro dentro da estação,
exceto por uma pequena luz (talvez seja uma lâmpada
de escrivaninha) brilhando suavemente em uma sala
além da janela do caixa. O que você faz?"
O trabalho do Jogador é agir e falar por sua
personagem, pensar em maneiras de resolver a cena,
e lidar com os problemas e enigmas nela descritos,
interagindo com outros personagens, confrontando
inimigos e ajudando a contar a história como um
todo. Para que tudo ocorra de maneira organizada, a
19
história se desenrola em cenas. Assim como acontece
em um filme ou programa de televisão, não se trata
de personagens vazios ou diálogos inúteis, que não
levam a lugar nenhum. Trata-se de drama e tensão,
de protagonistas ativos fazendo coisas e personagens
agindo e reagindo ao que está acontecendo ao seu
redor.
Rodadas / turnos
Algumas ações pedem uma maneira focada de
lidar com o tempo. Uma única ação pode fazer toda a
diferença em uma luta ou uma manobra de bicicleta,
por exemplo. Para descrever e narrar esses tipos de
ações dentro de uma cena, nós utilizamos rodadas e
turnos. Uma rodada acontece quando os envolvidos
na cena têm direito a uma ação. Cada ação é feita
na vez de cada personagem. Durante a história que
está sendo contada, as ações provavelmente ocorrem
simultaneamente, mas cada ação precisa ser resolvida
separadamente, pois ter todos os envolvidos rolando
dados ao mesmo tempo, especialmente contra um
oponente em comum, pode ser um pouco confuso e
mais inconveniente que o necessário.
A maneira mais fácil de resolver essas ações
é seguir em círculo. O Jogador à esquerda do MJ vai
primeiro, com as ações sendo resolvidas no sentido
horário daquele Jogador, e com o MJ agindo por
último, caso esteja envolvido na ação (agindo por seus
PdMs ou Monstros). Assim que todos fizerem o seu
turno de ação, a rodada termina.
O Moderador do Jogo pode usar a descrição
das rodadas como um meio de adicionar tensão ao
jogo, dizendo algo como:
– O cão do inferno está atrás de você. Ele
sabe que vocês estão na cabana do clubinho, e está
correndo a toda velocidade na direção de vocês. Vocês
têm quatro rodadas antes dele chegar até vocês. O que
vocês querem fazer?
Isso dá uma sensação de imediatismo às ações
dos Jogadores e define uma consequência muito real à
cena, caso eles não mexam seus traseiros e façam algo.
PARTE 4:
O coração do sistema
Antes de nos aprofundarmos no sistema
do jogo, precisamos falar um pouco mais sobre os
personagens. O próximo capítulo é dedicado à sua
criação, mas já que falaremos deles, é bom sabermos
alguns detalhes.
Personagens possuem Habilidades,
Qualidades, Virtudes e Trecos. Essas características
cobrem o sua personagem no que diz respeito ao
modo como ele se relaciona com as regras. Nós vamos
falar mais detalhadamente sobre cada uma dessas
características conforme forem sendo citadas neste
capítulo.
Personagens do Moderador podem ou não
ter todas essas características. Para o propósito deste
capítulo, suponha que eles são feitos e agem como os
personagens Jogadores (PJ).
Monstros têm os mesmos elementos, mas
pode ser que os nomes e as funções de alguns deles
sejam levemente diferentes.
Ordem das Coisas
Aqui descrevemos uma espécie de cartilha
sobre a ordem e o fluxo das coisas neste jogo, que vai
ajudar a dar contexto ao que está para ler.
1. O MJ prepara uma cena. Ela inclui
atmosfera, humor, outros personagens, e infere o
objetivo da cena. Ela termina quando o MJ pergunta
aos Jogadores: “O que vocês querem fazer”?
2. Cada pessoa diz o que sua personagem vai
fazer, incluindo o MJ e seus personagens!
3. Se uma ação do personagem causa um
conflito ou precisa testar uma habilidade, uma
rolagem de dados é feita.
4. A rolagem resulta em sucesso ou fracasso
por parte do personagem.
5. O resultado da rolagem é descrito e
incorporado à cena pelo Moderador.
6. As etapas 2 a 5 se repetem à medida que os
personagens seguem a cena.
20
7. Quando a cena é resolvida, o MJ prepara a
próxima cena.
Na essência, é assim que este jogo funciona.
Agora, vamos às regras.
Quando usar os dados?
Quando o resultado de uma ação pode
gerar tanto um sucesso dramático quanto uma falha
dramática, o Moderador do Jogo deve pedir aos
Jogadores para rolarem os dados. Isso é chamado de
rolagem, e existem três tipos diferentes de rolagens
detalhadas adiante neste capítulo. Cada ação
realizada por um personagem tem uma chance de
sucesso ou fracasso (até mesmo andar ou escrever em
um quadro-negro pode resultar em uma falha), mas
uma rolagem só é necessária quando a tarefa exige o
máximo das Habilidades de um personagem (como
por exemplo correr para cruzar os tacos uma última
vez, com a bolinha voltando, ou empinar a bicicleta em
uma colina lamacenta) ou mesmo quando o fracasso
de uma tarefa for algo dramaticamente interessante,
tanto quanto o seu sucesso (como um combate, que
poderia ferir um personagem ou mesmo matá-lo).
Quem narra o que?
Tudo o que acontece em uma cena é
chamado de “narrativa”. Ou seja, a parte de
contar histórias desse jogo é uma narrativa.
O objetivo é que, se a sessão de jogo fosse
transcrita, ela pareceria uma história. O que
precisa ser esclarecido é quem controla qual
parte da narrativa. A regra de ouro é que o
MJ controla a narrativa sobre o mundo e
seus personagens (inclusive os Monstros),
e cada Jogador controla a narrativa de
sua personagem. Após uma rolagem bem-
sucedida, o Jogador descreve (narra) o que
aconteceu de acordo com sua rolagem de
dados (um nível de sucesso alto permite uma
descrição grandiosa, enquanto um sucesso
simples significaria que ele mal conseguiu).
Essa ação garante ao MJ a ambientação para
finalizar a narrativa, com algumas das reações
de todo mundo ao redor. Quando a rolagem
resulta em falha, o Moderador descreve o
que acontece com o personagem, narrando
como ele se deu mal. O Jogador pode então
adicionar à cena as suas próprias reações.
 Tarefa versus conflito
Existem dois tipos básicos de desafios, que são:
tarefas e conflitos. Pense em tarefa como uma batalha
e em conflito como uma guerra. Se duas crianças
brigam no parquinho: cada soco e chute é uma tarefa,
mas a briga em si é um conflito. Crianças apostando
uma corrida até o açude: cada quadra que elas passam
é uma tarefa, mas o mergulho na chegada é o conflito.
É tudo uma questão de percepção.
Neste jogo, você usa o sistema para resolver
ambos. Você determina qual medida se adequa
melhor à situação. Se for uma cena tensa e você
quiser estendê-la para dramatizar cada momento,
resolva-a com tarefas. Se uma criança está tentando
entrar furtivamente na escola depois do horário para
ver suas notas, o Moderador pode querer resolver
cada tarefa separadamente: entrar na escola, andar
sorrateiramente pelos corredores, evitar o zelador,
entrar na sala de aula, arrombar a fechadura do
armário. Se fosse um filme, poderia ser uma cena
tensa e cheia de obstáculos a cada passo: as portas
têm alarme, as luzes do corredor são ativadas por
movimento, o zelador está sempre de olho em
pestinhas (esse é você, ao menos para o zelador), a sala
de aula está trancada, a gaveta na mesa da professora
está emperrada – mesmo depois que a fechadura é
arrombada, esta é uma cena onde cada tarefa é tensa
e o sucesso ou fracasso podem dramatizar todo o
conflito.
Se você quer um jogo mais rápido, o conflito
pode ser resolvido apenas com uma rolagem. Usando
o cenário acima, você poderia fazer o Jogador rolar
para conseguir o arquivo. Os outros detalhes seriam
omitidos ou encobertos.
Quando se trata de escolher entre tarefa e
conflito, lembre-se de que ritmo e drama são pontos-
chave a serem considerados.
Rolando dados
Toda tarefa ou conflito é resolvido rolando
dados. Existem três tipos de rolagens em nosso sistema:
Problemas (rolagens não resistidas), Testes (rolagens
21
resistidas) e Exames (rolagens prolongadas). Todas as
rolagens usam o seguinte esquema para o Jogador:
1. Escolha uma Habilidade;
2. Adicione uma Qualidade (soma os valores
das duas);
3. Role um número de dados igual a essa
soma;
4. O Jogador escolhe três dos dados (de maior
valor) como os Dados de Sucesso para o teste que
está sendo realizado. Os números desses três dados
são somados para gerar o valor resultante da sua
rolagem. Voltaremos a esse ponto com mais detalhes
futuramente.
Escolha uma habilidade
Os personagens dos Jogadores têm cinco
Habilidades: Agir, Brigar, Pensar, Falar, Cuidar,
muitas vezes referidas como “5 verbos”. Cada uma
delas determina as ações que um personagem pode
fazer em qualquer situação. Quando você for rolar os
dados para a sua personagem, você usará uma dessas
Habilidades.
Ao escolher uma Habilidade, pense no que
o personagem está tentando fazer. Ele está tentando
resolver uma situação logicamente? Está tentando
algo atlético? Está socando alguém ou alguma coisa?
Está tentando confortar um amigo? Está tentando
convencer seus pais a deixá-lo usar a tampa da panela
de escudo? Tudo o que uma criança pode fazer está
representado nessas Habilidades. O Jogador recebe
um número de dados igual ao valor da Habilidade.
Assim, se sua personagem tiver Brigar 4, você
recebe 4 dados para rolagens de Brigar. Se ele tiver
Pensar 2, você recebe 2 dados. Seja qual for o número,
você recebe esse número de dados e coloque-os na
sua frente.
Escolhas difíceis:
Se a sua personagem está tentando algo que
pode ser representado por duas ou mais Habilidades,
analise o que a criança está tentando fazer. Se ela
está tentando acertar uma lata com um estilingue,
querendo acertar exatamente o elefante verde, usar
Agir é uma boa escolha. Se ela está usando uma
besta de borracha de pneu, carregada com lápis de
madeira afiado em um Vampiro, use Brigar. Se você
não consegue enquadrar sua ação em uma única
Habilidade, analise novamente o que sua personagem
quer fazer e pense em uma outra descrição, tente
enquadrá-la novamente ou escolha a maior Habilidade
dentre as que se enquadram na ação.
Escolha uma qualidade:
As Qualidades definem as coisas que um
personagem pode fazer. Pense nelas como perícias,
hobbies e talentos reunidos. No jogo, é provável que
você escolha alguma ação em que sua personagem
tenha alguma experiência, um conhecimento prévio
ou mesmo uma aptidão. Essas ações fazem sentido,
pois é o que fazemos na vida real. Tentamos resolver
os problemas usando aquilo em que somos bons. Eu
não tento voar até o shopping, eu dirijo! Você, como
Jogador, provavelmente fará escolhas parecidas para
sua personagem.
Neste jogo, o objetivo das Qualidades não é
apenas ajudar a definir a sua personagem e dar ao
Jogador uma noção de quem esse personagem é, mas
também ajuda o Jogador durante o jogo. Quando sua
personagem tem uma qualidade que é relevante à
ação que ele está tentando fazer, você adiciona dados
da Qualidade à ação.
Uma Qualidade adiciona 1, 2 ou 3 dados
à rolagens para ver se uma ação foi bem-sucedida
ou não (você definirá os nível das suas habilidades
na criação de personagem). Então, quando uma
Qualidade se aplica à uma ação, adicione esse número
de dados aos dados que você recebeu de acordo com
22
sua Habilidade. Você vai rolar todos juntos.
Escolhas difíceis, mas de qualidade:
Tal como acontece com as Habilidades, pode
haver momentos em que duas ou mais Qualidades se
apliquem a uma mesma ação. Nesses casos, você só
consegue somar os dados para uma das Qualidades.
De acordo com o sistema, o que você escolheu não
importa, mas isso poderá afetar a forma como o
sucesso ou o fracasso se desenrola na história.
Não importa o que você esteja tentando, você só pode
adicionar uma Qualidade em uma rolagem.
Rolando Apenas a qualidade:
Há situações, como quando o “Equilíbrio”
de um personagem cai e fica muito baixo, em que
você não consegue utilizar uma Habilidade. Mas, se
a sua personagem tiver uma Qualidade que se aplica,
você ainda poderá rolar os dados que obteve dessa
Qualidade, mesmo que eles sejam os únicos dados
que você role.
Se nenhuma qualidade servir:
Há circunstâncias em que o personagem não
terá uma Qualidade que se aplique à ação que quer
realizar. Ele está encurralado e com poucas opções,
está fora da sua zona de conforto e está sendo forçado
a improvisar. Isso é incrível, de um ponto de vista
dramático, embora torne a vida do personagem mais
difícil.
Se sua criança não possuir uma Qualidade
relevante, então você usará apenas a Habilidade em
sua ação. Isso, claro, diminui suas chances, mas, com
alguns Seis Natural nos Dados de Sucesso (veremos
como isso funciona em seguida), nada é impossível.
Claro, isso significa que não será nem um pouco fácil.
Dados de sucesso
Você selecionou uma Habilidade e uma
Qualidade. Somou os níveis, juntou os dados e os tem
chacoalhando nas mãos. Agora é só rolar! Qualquer
que seja o resultado, você vai escolher os 3 maiores
valores, e esses serão os seus Dados de Sucesso.
Quanto maior o número que sair nos dados, melhor
(se você quiser ser bem-sucedido, é claro!).
Selecione os 3 dados com maior valor para
serem os seus Dados de Sucesso. Se você rolar menos
de 3 dados, basta selecionar todos os dados que rolou.
Qualquer referência que fizermos a Dados de Sucesso
é relacionada somente a esses dados, ignorando-se os
outros dados.
Some os valores dos seus Dados de Sucesso.
O que resulta desse total depende do que você queria
fazer. Falaremos mais sobre isso agora.
Seis natural
De qualquer forma, você deve rolar novamente
os dados que obtiverem um resultado igual a 6 e somar
esse resultado ao total dos seus dados de sucesso.
Você pode continuar rolando, de novo e de novo,
caso obtenha novamente um 6, e só parar quando
algum outro número aparecer. Exemplo: Em uma
bela manhã de segunda-feira, na “Escola do Mundo”
de sua personagem, a professora Helena chama
sua personagem, Maria Joaquina, para entregar o
trabalho sobre um livro. Para a surpresa da turma, ela
quer que você leia para a sala toda. Infelizmente, sua
personagem passou o fim de semana todo espantando
um “boi da cara preta”, pois sua irmãzinha, com
medo de careta, era um alvo fácil, e você esqueceu
completamente do trabalho! Mas você está com sorte.
Sua personagem tem Falar 3 e a Qualidade “Eu leio
muito +2”, então ele tem uma boa chance escapar
dessa só na lábia.
Ninguém está agindo contra a sua personagem,
então esta rolagem será um Problema. O MJ define
o número alvo (dificuldade) como médio (9). Então,
você pr ecisa rolar os dados. (Falaremos mais sobre o
número alvo mais tarde)
Como Jogador, você pega 5 dados (3 pelo
Falar, mais 2 pela Qualidade “Eu leio muito +2”) e os
rola. Você obtém 1, 1, 3, 4, 6. Os três números mais
altos são os Dados de Sucesso, então os seus são 3, 4,
6. Somando-os, você tem um total de 13. Já é Sucesso!
Mas, além disso, você pode rolar novamente aquele
6. Você rola e recebe outro 6. Parece que é seu dia de
23
sorte! Isso te dá um total de 19 até o momento. Você
rola novamente (sempre que tirar um 6 no dado) e,
dessa vez, obtém um 3. Você soma esse valor ao 19, e
seu total final agora é 22. Legal!
Sua personagem consegue montar um
relatório completo e perfeito na hora, como também
tira nota máxima no trabalho. Embora seja uma
criança, o personagem apresenta uma dissertação
de nível universitário sobre a obra de Ziraldo, “O
Menino Maluquinho”, o que causa a maior "ciumeira"
em seus colegas e o maior respeito de sua professora.
Ela escreve um baita 10 ao lado do nome da sua
personagem, com direito a estrelinha, sem conseguir
conter a alegria e o orgulho que ela sente.
No entanto, mantenha esses dados na mão,
pois temos a sensação de que a professora vai querer
uma cópia escrita desse trabalho, para se gabar junto
aos outros professores.
Traços bons e ruins
Cada personagem tem um Traço Bom e um
Traço Ruim, que são escolhidos durante a criação do
personagem. Um Traço terá uma Habilidade e uma
condição ou situação em que a Habilidade é boa
ou ruim para o personagem. Esses Traços afetam
qualquer teste feito usando aquela Habilidade.
O Traço Bom:
Quando o Traço Bom de um personagem
é aplicado, a rolagem é feita normalmente, mas o
Jogador pode rolar novamente o dado mais baixo,
se assim o desejar. O Jogador pode, então, pegar
qualquer um dos dois números que ele preferir.
O Traço Ruim:
Quando o Traço Ruim de um personagem é
aplicado, a rolagem é feita normalmente, mas o dado
com valor mais alto é removido antes do Jogador
escolher seus Dados de Sucesso.
Notas Azuis e Vermelhas
“Sucesso” e “Falha” te dizem o óbvio: se você
conseguiu fazer o que queria ou não. Há momentos
em que você precisa saber o quão bem você se saiu
(ou o tamanho da enrascada em que se meteu) e, para
esses momentos, temos as Notas.
Notas Azuis:
Para cada 3 pontos acima do número alvo que
você precisa para ser bem-sucedido, você ganha uma
Nota Azul. Então, se você precisava de um médio
(9) e rolou um 12, você obteve 1 Nota Azul. Se você
precisava de um 12 e tirou um 18, você obteve 2 Notas
Azuis.
Notas Vermelhas:
Para cada 3 pontos abaixo do número alvo,
você recebe uma Nota Vermelha. Se você precisar
obter um médio (9) e obter um 6, você obteve 1 Nota
Vermelha. Se você precisava de um quase impossível
(18) e tirou um 9, você obteve 3 Notas Vermelhas.
Últimas palavras sobre Notas:
Você só ganha uma Nota Azul ou Vermelha
24
a cada 3 pontos inteiros acima ou abaixo do número
alvo, desconsiderando valores parciais. Por exemplo,
se você precisa de 12 e obtém um 16, você tem uma
diferença de 4. Você ganha apenas 1 Nota Azul, pois
consideramos apenas os valores a cada 3 números, e
jogamos fora o resto.
As Notas Azuis ou Vermelhas são usadas em
rolagens de Convicção, Saúde e Armas para aumentar
a quantidade de dano (ou cura) que é causada, mas
entraremos em detalhes sobre isso mais tarde.
Problemas, testes e provas
Como mencionado anteriormente, existem
três tipos de rolagens neste jogo. Os tipos são
Problemas, Testes e Provas. Vamos dar uma olhada
em cada um deles.
Fazendo algo sozinho
Se você está tentando algo que é potencialmente
difícil, como subir correndo um morro de barro, na
chuva, ou tentar acertar uma garrafa, com uma pedra,
a dez metros de distância, e ninguém está tentando
te impedir ou atrapalhar, então você deve fazer uma
rolagem não resistida, que chamamos de Problema.
Os Problemas são rolados contra um Número Alvo
(daqui para a frente abreviados como NA) definido
pelo Moderador.
Os NAs são:
Fácil: 6
Médio: 9
Difícil: 12
Muito difícil: 15
Quase impossível: 18
Lendário: 21
Arbitrar um NA pode ser uma coisa
complicada, pois enquanto um MJ pode considerar
como Média a dificuldade de uma tarefa, outro pode
percebê-la como Difícil, e assim por diante. Não há
maneira infalível de se evitar isso, infelizmente, mas o
que podemos fazer é dar algumas orientações:
Fácil (6): O nível de dificuldade fácil é
geralmente utilizado para ações bem simples, para
as quais o personagem não tem Qualidades que se
aplicam à tarefa em questão. Essencialmente, uma
tarefa básica tentada por alguém sem experiência
exigiria uma dificuldade Fácil. Se o personagem
do Jogador tiver uma Qualidade que se aplica a
uma tarefa com dificuldade Fácil, ele terá sucesso
automaticamente. O MJ pode pedir uma rolagem de
dificuldade fácil, em uma tarefa do dia a dia, caso o
resultado seja cômico ou dramático, em alguma dada
situação.
Média (9): A maioria das tarefas tem uma
dificuldade média. São situações que podem ser um
pouco mais desafiadoras (como andar de bicicleta,
jogar bola, pular corda) e que podem se tornar um
pouco mais difíceis por algum motivo, (como andar
de bicicleta em cascalho solto, jogar bola com os mais
velhos ou pular duas cordas ao mesmo tempo). Ou
pode mesmo ser uma tarefa comum que está muito
25
fora da zona de conforto do personagem (como uma
criança de 8 anos de idade lendo Memórias Póstumas
de Brás Cubas). Em qualquer situação, esse é o NA
padrão, ou seja, se você não conseguir decidir sobre
uma dificuldade, use esta.
Difícil (12): Uma tarefa é difícil quando
requer algum conhecimento especializado ou algum
foco (como matemática avançada ou escalar uma
árvore muito alta e íngreme). Ou quando tentamos
algo de dificuldade média, mas sem as ferramentas
ou equipamento certos para a situação, como quando
andamos de bicicleta com a corrente frouxa subindo
uma colina.
Muito difícil (15): Um passo à frente do
difícil, uma tarefa fica muito difícil quando até
mesmo alguém muito qualificado tem que se esforçar
muito para realizá-la. Se um Jogador tentar fazer algo
difícil sem as ferramentas ou equipamentos certos, a
dificuldade aumenta para muito difícil.
Quase impossível (18): Esta é uma tarefa que
até mesmo um profissional teria muita dificuldade
em realizá-la, e mesmo ele teria poucas chances de
realizar um bom trabalho. Apenas algumas pessoas
muito habilidosas podem fazer algo quase impossível.
Tentar fazer algo muito difícil sem as ferramentas
certas torna-a uma tarefa quase impossível.
Lendário (21): Ninguém consegue se preparar
para uma tarefa lendária. Essas são tarefas de grandeza
tão elevada que ninguém pode realmente planejar
algo assim. Nenhuma quantidade de treinamento ou
know-how pode realmente preparar você para algo
lendário. Tarefas lendárias são bem-sucedidas ao
acaso. Jogue os dados e torça. Exemplo: Bino, de 12
anos, é um garoto durão. Ele joga handebol durante
o outono e basquete durante o verão. Neste episódio,
ele está rastreando uma boneca de pano possuída. Ele
seguiu o brinquedo demoníaco até bem longe de casa,
e chegou a um parque bem arborizado. A maldita
conseguiu se esconder em uma cabana próxima a
um rio, que corta a extremidade norte do parque.
Bino tentou abrir o trinco da porta da frente, não
funcionou, e logo vasculhou os bolsos e encontrou seu
canivete da sorte. Ele vai tentar arrombar a fechadura.
Ele já viu isso na televisão um milhão de vezes, então
tem certeza de que vai conseguir. Esta é uma rolagem
não resistida, então cabe ao MJ escolher um NA. O
Moderador decide que é uma tarefa muito difícil
(15). Arrombar uma fechadura já é algo difícil, e fica
mais difícil ainda pois Bino só tem um canivete, o que
dificilmente é a ferramenta certa. Bino tem Mover 4 e
a Qualidade "Eu sou bom com minhas mãos +2" Isso
dá um total de 6 dados. O Jogador de Bino, Zeca, os
joga e obtém 1, 2, 2, 5, 5 e 5. Para Dados de Sucesso, ele
escolhe 5, 5 e 5 e tem um total de 15! Bino consegue
arrombar a fechadura e abrir a porta.
Quando alguém se opuser
Se você precisa fazer uma rolagem e alguém
está tentando impedir sua personagem diretamente,
como em uma queda de braço, briga de escola ou
abrir uma porta enquanto outra pessoa segura do
outro lado, essa é uma rolagem resistida. Nesse caso,
você está tentando obter um total em seus Dados de
Sucesso maior do que o total de seu oponente.
Testes e Números Alvo
Número Alvo é pré-definido nas
rolagens de Problemas, mas no caso de
um Teste, o NA é definido pelo opositor do
Teste, ou seja, é o total da rolagem que o
outro personagem ou Monstro adversário
rolou. Se uma criança está tentando fugir de
uma cobra com seis patas, o NA para a tarefa
da fuga é o valor que o MJ rolou para aquele
bicho estranho. Ou seja, para Problemas,
eles estão pré-definidos. Para testes, eles
são o resultado de rolagens. Ambos são
considerados NAs.
Exemplo: a personagem de Ângela, Beca, foi
acordada no meio da noite por um barulho no quintal
do vizinho. Ela se arrasta da cama, atravessa a casa e
26
cruza o gramado, tentando ver o que está causando a
confusão. Por cima da cerca que separa o seu quintal
do quintal do vizinho, ela vê um ser humanoide com
pelo escuro e uma longa faixa branca nas costas,
vasculhando as latas de lixo do vizinho.
Por reflexo, a menina engasga. A criatura para
e se vira vagarosamente, fixando seus pequenos olhos
em Beca. Num impulso, a garota foge e o cara-de-
gambá corre atrás dela.
Nesse caso, o MJ faz uma rolagem para o
cara-de-gambá… Personagens do Moderador (ou
PdMs) e Monstros são construídos de forma um
pouco diferente dos PJs, mas quando se trata de
rolagens, todos agem do mesmo jeito. O MJ vai rolar
a habilidade Perseguir do cara-de-gambá (3) e uma
Qualidade (“Eu corro rápido”). Como as Qualidades
de PdMs sempre somam 3 dados, o MJ rolará um
total de 6 dados.
Ângela usará a habilidade Mover de Beca (2)
e nada mais, pois suas qualidades não se aplicam.
Então ela rolará somente dois dados. Boa sorte, Beca.
O MJ lança seus seis dados. E obtém 1, 1, 2, 3, 3 e 5.
Os Dados de Sucesso são 3, 3 e 5, e somam um total
de 11. Ângela rola seus dois e consegue um 4 e um
6. A soma dá 10, mas Ângela rolou um seis natural
e pode rolar novamente esse dado. Ela rola outro 6!
Somando 16, ela continua. A próxima jogada resulta
em um 3, para um total de 17. Ela venceu e ainda teve
duas Notas Azuis.
Beca consegue fugir do Monstro. Garota de
sorte!
Quando alguém indiretamente tenta
impedí-lo
Às vezes, quando você está fazendo algo
sozinho, outra pessoa pode tentar o mesmo que você,
seja para desafiá-lo ou vencê-lo em algo. Digamos
que sua personagem está tentando jogar uma pedra
em uma lata, a cerca de três metros de distância.
Alguém aparece e começa a atirar pedras na mesma
lata. Essencialmente, cada um está resolvendo um
Problema, mas como vocês dois estão tentando fazer
a mesma coisa, essa rolagem também é um Teste.
 Para resolver isso, o MJ deve definir um NA
para acertar a lata. Dada a distância, esta é uma
tarefa média (9). Então, os dois Jogadores jogam
seus dados um contra o outro, como em um Teste.
Mas o Jogador não deve apenas rolar mais alto que o
outro, ele também deve rolar mais alto que o número
alvo definido pelo Moderador. Se nenhum deles
ultrapassar o NA, ambas as pedras erraram a lata.
QUANDO ALGO É DEMORADO
Algumas ações demoram mais que
outras, como consertar uma bicicleta, montar um
Ferrorama, ou abrir uma porta emperrada a tempos.
Ações prolongadas são chamadas de Provas. As
Provas podem ser roladas como Problemas (contra
um número alvo) ou como um Teste (contra um
oponente). O que importa em uma Prova é o número
de sucessos (incluindo as Notas Azuis) que você
ganha, e geralmente você precisará de mais de uma
rolagem para conseguir o suficiente. O número de
sucessos necessário é determinado pelo Moderador,
que segue o bom senso e também as orientações
abaixo:
Se a tarefa prolongada é fácil, você precisa de
3 sucessos.
Se a tarefa prolongada é difícil, você precisa
de algo entre 4 e 6 sucessos.
Se a tarefa prolongada é muito difícil, você
precisa de algo entre 7 e 9 sucessos.
Cada Nota Vermelha diminui uma Nota
Azul e isso pode ser representado como uma
ferramenta quebrada, erro na ordem da montagem
de um Ferrorama, ou a lanterna que caiu enquanto
empurrava uma porta. Embora seja raro, Provas com
rolagens de Problemas e Testes, são possíveis.
Se você for interrompido durante uma Prova,
você mantém o seu número de sucessos atual. Afinal
de contas, você pode parar um projeto e continuar,
na maioria das vezes, de onde parou (salvo exceções,
como quando o trabalho parcial for comido pelo
cachorro das trevas ou algo assim, e precise de ainda
27
mais sucessos por isso). Exemplo: O interior da
cabana é cinza escuro. Com a lua minguante lá fora,
o interior da casa está ficando cada vez mais escuro.
Bino tenta acender a luz, mas não há energia. Depois
de andar um pouco pelas salas mal iluminadas, Bino
vê que os fios da caixa de disjuntores foram cortados.
Boneca maldita… Esperta, mas maldita.
Bino já ajudou seu pai a trocar algumas
lâmpadas e conseguiu consertar seu controle do
GameStation 2 quando estragou. Isso explica sua
qualidade “Eu posso consertar eletrônicos +3”. Mas
consertar todos esses fios vai levar algum tempo.
O MJ decide que há fios que Bino precisará
consertar. Cada um precisa de um sucesso. Bino rola
seu Pensar (2) e adiciona 3 dados da Qualidade, para
um total de 5 dados.
O MJ define 9 como dificuldade. Zeca, o
Jogador de Bino, rola e obtém 2, 3, 4, 4 e 5. Utilizando
4, 4 e 5 como os Dados de Sucesso. A soma é 13, então
ganha 2 sucessos. O primeiro sucesso ocorreu, pois,
ele ultrapassou o número alvo e ganhou mais um pela
única Nota Azul.
Dois fios estão consertados. Na próxima
rolagem, ele deve conseguir consertar o último.
O problema em lidar com uma tarefa
prolongada é o tempo que leva. Se Bino tivesse
conseguido 3 sucessos, ele já estaria na cola da
boneca de novo… Mas ele deve gastar mais tempo…
Enquanto isso, a boneca do capeta segue fazendo
sabe-se lá o que!
Ajudando um amigo
Várias pessoas podem ajudar na execução
de uma Prova. No caso acima, Bino poderia ter um
amigo ajudando a consertar o disjuntor da cabana.
Nesse caso, cada Jogador rolaria separadamente as
tarefas e as Notas Azuis das rolagens são somadas.
Neste caso, as Notas Vermelhas não diminuem o
número de sucessos. Ter um amigo ajudando acelera
as coisas e ajuda a detectar erros.
PARTE 5:
Troca-tapas
Lutar tem a ver com instinto de sobrevivência.
Portanto, não importa como está lutando (socos,
bicudas, tapas na cara, cabos de enxadas, canivetes,
estilingadas de mamonas), você deve usar a Habilidade
Brigar. Há uma variedade de Qualidades que podem
entrar em jogo nesse momento, e cabe a você e ao seu
grupo determinar quais são as melhores opções.
Mano-a-mano
Uma luta é resolvida como qualquer outra
ação. Se você está ativamente engajado em um
combate, contra um ou mais oponentes, então a
rolagem de Brigar será um Teste. Se o oponente
(ou oponentes) estiver incapacitado, distraído ou
incapaz de reagir, então a rolagem para Brigar será
um Problema e terá uma dificuldade Média (a menos
que as circunstâncias sejam melhores ou piores para
lutar). É possível que ambas rolagens sejam usadas ​​em
uma única luta, afinal, acertar a pessoa ou Monstro
distraído pelas costas tende a voltar a atenção dele
para você.
Em uma luta, personagens podem sofrer
danos que os levem à morte, ou mesmo ocasionar
resultados que façam um personagem deixar de ser
jogável. Considere que todas as ações em uma rodada
acontecem ao mesmo tempo. Portanto, mesmo que
um personagem ou Monstro morra tecnicamente
antes de sua vez, resolva os turnos primeiro e depois
avance para a resolução de sua morte após o término
da rodada.
Adultos e PdMs
Os Moderadores do jogo têm a opção de
simplificar os adultos e outros PdMs em uma série
de NA. Esses podem ser usados no lugar da rolagem
de dados do Moderador. Neste caso, todos os ataques
são rolados como Problemas e têm um número alvo
determinado pelo MJ. Se o ataque principal não tiver sucesso, mesmo depois
28
Monstros
Monstros têm Habilidades e Qualidades assim
como os personagens dos Jogadores, então o MJ fará
a rolagem de dados contra um Jogador atacante em
uma rolagem. O nível de poder do Monstro (definido
pelo MJ ao criá-lo) determina quantas ações ele
obtém em uma única rodada. Quanto mais poderoso
o Monstro, mais ações ele recebe. Treta…
Um contra muitos:
Haverá momentos em que uma luta não será
justa. Uma matilha de cães encurralou um personagem
em um galpão. Um grupo de personagens cercou o
bicho do bueiro. Um bando de valentões decidiu que
é engraçado incluir o garoto novo no quebra-ossos.
Quando um dos lados de uma luta é desigual, essas
são as regras para resolvê-la de forma rápida e justa.
Montinho (várias crianças contra um
Monstro)!
Faz sentido que várias crianças se unam
contra um único Monstro. Quando isso acontecer,
escolha uma criança como o atacante principal. O
Jogador para aquela criança rola um Teste contra o
Monstro (Brigar da Criança + Qualidade relevante
versus Brigar do Monstro + Qualidade relevante).
Resolva esse Teste e então guarde os resultados do
Monstro. Agora, as outras crianças rolam também
(novamente, Brigar + Qualidade relevante), contra o
mesmo número que o Monstro rolou como número
alvo.
Se o atacante principal for bem-sucedido,
adicione as Notas Azuis de todos os personagens às
dele. O total de Notas Azuis adiciona dano extra ao
Monstro (mais detalhes abaixo).
Se o ataque principal não for bem-sucedido,
adicione 1 ao número rolado do Jogador principal
para cada Nota Azul dos ajudantes. Se o número-
alvo do Monstro for alcançado, o ataque é bem-
sucedido. Quaisquer Notas Azuis restantes ainda são
consideradas como Nota Azul e se somam ao dano.
de adicionar todas as Notas Azuis, então o Monstro
vence. Exemplo: Jander, Tonho e Eva encurralaram
um boneco de Judas vivo no sótão da casa de Eva.
A estranha criatura tem mais de um metro de altura
e parece um manequim de loja, exceto pelos olhos
estranhos que parecem vivos, mas estão pendurados
para fora das órbitas por uma espécie de cordão. As
três crianças atacam o boneco! O grupo decide que,
por tê-lo visto primeiro e descido a escada na frente,
Jander é o atacante principal.
O Jogador de Jander pega 3 dados, pois ele
tem Brigar 3 e a Qualidade “Eu jogo capoeira +2”,
que somam um total de 5 dados. O Moderador pega
3 dados para o boneco, que tem Brigar 3 e nenhuma
Qualidade relevante.
O atacante principal rola 5 dados e tira 1, 1, 3,
5 e 6. Os Dados de Sucesso são os 3 maiores, 3, 5 e 6,
que somam 14 no total, e o seis natural ainda é rolado
de novo, o que retorna um resultado igual a 4, ou seja,
somando 18 ao final. O MJ rola seus 3 dados e tira
2, 3 e 6. Com o total de 11, ele rola novamente o 6 e
tira outro 6 (boneco do inferno…), o que dá um novo
total de 17. O MJ rola o 6 mais uma vez, tirando um
2… 19 no total. O maldito está ganhando!
Agora Tonho e Eva realizarão seus turnos e
atacarão a boneca. Tonho não é ligado em esportes,
então ele rola somente Brigar 2, pois não tem nenhuma
qualidade que possa ajudá-lo nessa luta. Ele rola um
3 e um 6, que somam 9, e rolando o 6 novamente tira
um 5! Foi uma ótima jogada, mas não o bastante para
acertar a boneca (ele teria que acertar o número-alvo
19, que foi o que ele rolou)
Agora é a vez da Eva. Ela tem Brigar 2 e possui
a qualidade “Eu sou ginasta +2”, então pode rolar 4
dados. Ela obtém 4, 5, 5 e 6. Essa menina está com
sorte hoje, e os seis naturais estão rolando soltos!
Com Dados de Sucesso 5, 5, e 6, ela soma 16, e rola o
seis natural novamente, e tira outro 6 (parece piada)
somando 22. Então rola mais uma vez o seis natural
e tira um 5 dessa vez. 27 no total! É uma rolagem
incrível. Ela acerta a boneca e ainda adiciona duas
Notas Azuis.
Como Eva está ajudando o atacante principal
(Jander), a parte mais importante do ataque dela são
29
as Notas Azuis. Como Jander tem um 18 e a boneca
um 19, ele usa uma Nota Azul para adicionar 1 ao
seu ataque e empatar com a boneca! O que garante
o acerto. A outra Nota Azul permanece e será
adicionada ao dano.
Ao fim de tudo, Jander, Tonho e Eva foram
bem-sucedidos em seu ataque e ainda tem 1 Nota
Azul.
Treta no recreio (Várias crianças contra um
oponente não-Monstro)!
Quando mais de um personagem Jogador
estiver atacando algo que não é um Monstro, trate da
mesma maneira como explicado acima, mesmo se o
personagem ou situação for um PdM simplificado,
feito de número alvo (mais sobre isso no Capítulo III).
Corredor Polonês (Uma criança contra
vários oponentes)
Pode acontecer de uma criança se separar do
grupo, se perder indo para casa do avô, vagar pela
casa escura procurando a tomada da luz ou mesmo
ir buscar pão para a mãe, e de repente, ser atacado
por vários inimigos. Ele também pode sair correndo
na frente dos amigos para defendê-los da matilha de
criaturas horrendas que viraram a esquina, jogando o
bom senso e instinto de sobrevivência “pras cucuias”.
Não importa a causa, o resultado é o mesmo. Uma
criança se enrascou e está cercada por Monstros.
Normalmente uma situação assim seria
resolvida como as demais situações acima, mas isso
faria o Jogador rolar uma vez seus dados enquanto
o Moderador rolaria os dados de todos os seus
Monstros, o que levaria uma infinidade de tempos e
cálculos. Então a regra proposta adiante resolve mais
rapidamente essa situação, com cada lado fazendo
apenas uma rolagem.
Se ao menos um dos personagens do
Moderador for construído completamente (com
Habilidades e Qualidades), faça o seguinte: resolva o
ataque como um Teste. O lado da criança rola suas
habilidades e qualidades normalmente. O lado dos
Monstros terá um atacante principal, e cada Monstro
extra atacando soma 2 dados a rolagem do atacante
principal. Se houver não-Monstros atacando,
cada um soma 1 dado, e as rolagens são resolvidas
normalmente. Exemplo: Um garoto está cercado por
uma matilha de cães infernais. O líder do ataque tem
Brigar 4 (bichinho selvagem dos infernos). Então o
MJ pega 4 dados. Os outros 4 cães também atacam,
e cada um adiciona 2 dados ao ataque, somando 8
dados, o que aumenta para 12 o total de dados do
atacante principal. Esse garoto deveria estar pensando
“sebo nas canelas”.
Quando todos os oponentes têm habilidades
simplificadas (somente NA) faça o seguinte: Escolha
o maior número alvo como o atacante principal e
adicione +2 ao número para cada Monstro atacando
e +1 para cada não-Monstro. Exemplo: Uma criança
corajosa está enfrentando o valentão da escola e
a turma de amigos dele, sozinha. O Moderador
define que o número alvo desse conflito será médio
(9). Cada um dos amigos do Valentão adiciona 1 ao
valor do número-alvo, então, 3 amigos adicionaram
3 ao número alvo, somando um total de 12. Ou seja,
a criança lutando contra o Valentão e seus amigos
precisa ter um resultado maior ou igual a 12 para ser
bem-sucedido nesse conflito.
Se a briga fosse somente contra o Valentão, e
ele tivesse um amigo Monstro, o número alvo seria
30
(9+2) 11.
Bagunça generalizada (Várias crianças
contra vários oponentes)!
A melhor maneira de lidar com conflitos entre
várias crianças e oponentes é tentar separar o conflito
em pequenos grupos (resolvendo cada conflito de
cada grupo separadamente) ou juntar tudo e todos,
usando as regras do “Montinho” e do “Corredor
Polonês”, descritas acima.
Selecione o atacante principal do lado das
crianças e dos oponentes. Eles farão as rolagens
dos atacantes principais para cada um dos lados no
conflito O atacante principal e o inimigo principal
rolam um contra o outro (provavelmente um Teste,
mas pode ser um Problema se o inimigo estiver
usando Habilidades simplificadas). O oponente fará
sua rolagem adicionando dados conforme a regra do
“Corredor Polônes” (+2 dados ou NA por Monstro;
+1 dado ou NA por não-Monstro). Uma vez feita a
rolagem ou definição, os oponentes terão o número
alvo que as crianças devem ultrapassar. As crianças
usam as regras de “Montinho” para tentar vencer o
número-alvo dos oponentes. Todos fazem rolagens
de acordo com suas Habilidades e Qualidades,
adicionando as Notas Azuis que conseguirem.
PARTE 6:
Saúde e danos
Registrar a Saúde da sua personagem é muito
importante. Saúde é a medida do quão bem a sua
personagem está. Quando ele sofre um dano, ele
perde Saúde, o que dificulta suas próximas ações. Se
ele perder todos os níveis de Saúde, pode tornar-se
impossível de seguir jogando com o personagem.
Sofrendo dano
Quando um ataque é bem-sucedido, alguém
vai se machucar, ou seja, ele vai sofrer algum dano.
Para saber o dano, adicione o valor de um dos dados
de sucesso (dependendo do tipo de arma usada) ao
número de Notas Azuis. Quem sofreu o ataque vai
riscando os marcadores de Saúde equivalentes na
ficha, até que uma linha (nível) se complete. Se ainda
houver dano a ser aplicado, marque o próximo nível
até preencher todo o dano que sofreu. Conforme o
personagem sofra mais danos, ele vai se machucando
cada vez mais, até ficar incapacitado. Conforme a
Saúde de um personagem vai caindo, e desce de nível,
ele passa a sofrer penalidades em suas rolagens de
dados, de acordo com o seu nível perdido.
Níveis de saúde
Existem quatro níveis de Saúde, que são, do
mais saudável ao mais ferido:
Suaaaave: O personagem está muito bem (ou
bem perto disso). Sem penalidades.
Dolorido: Um personagem dolorido, sofre
penalidade de -2 dados em toda rolagem. Após somar
seus dados de sucesso, reduza 2 da soma total.
Machucado: Quando o personagem está
machucado, ele sofre -4 de penalidade em toda
rolagem de dados. Após somar seus dados de sucesso,
reduza 4 da soma total.
Batendo as botas: Um personagem batendo
as botas sofre -6 de penalidade em toda rolagem de
dados. Após somar seus dados de sucesso, reduza 6 da
soma total.
31
“Avaiana de pau”
Penalidades por Traços Ruins e Saúde
baixa se acumulam. Então, se um personagem
sofre o efeito de um traço ruim e de “batendo
as botas”, além de perder o seu maior dado,
ele também vai aplicar o redutor de -6 à soma
dos dados de sucesso.
Nota: Os “6” são considerados seis naturais
apenas para o propósito de determinar o sucesso de
uma ação. Para calcular um dano, eles valem 6 pontos,
não importa se gerados por pauladas e pedradas ou
por armas letais.
Saúde, Danos e PdMs
PdMs e Monstros também têm níveis de
Saúde, e sofrem dano igual às crianças. As regras de
dano se aplicam tanto a eles quanto aos personagens
Jogadores.
Socos e bicudas
Quando uma criança ou Monstro ataca com
as mãos ou com os pés (sem armas, garras, ou algo
a mais) somente o dano causado por Notas Azuis
é aplicado. Se uma Qualidade for utilizada nesse
conflito, adicione 1 ponto ao dano causado. Esse
ponto extra de dano reflete a aplicação da Qualidade,
que representa o treinamento avançado em combate
da criança. Exemplo: A personagem da Ângela, Beca,
e seu irmão, Tonho, foram capturados por Baba Yaga.
Eles estão presos em uma grande caixa na dispensa
da caverna da bruxa, onde ela guarda as guloseimas.
Beca chutou a tampa da caixa até romper a tranca
e escapou. Ela abriu a porta da dispensa e deu de
cara com um soldadinho de brinquedo mecânico
patrulhando o corredor.
O soldadinho tem Brigar 2 e a Qualidade “Eu
sei dar um socão”, que adiciona 3 dados extras por ser
qualidade de Monstro. Para se defender, Beca vai usar
sua Habilidade Agir 2 e nada mais. Seu traço bom
“Consigo agir bem quando sou perseguida” não se
aplica, pois, o soldadinho está avançando contra ela, e
não a perseguindo.
O Moderador rola 5 dados para o Soldadinho
e tira 2, 3, 3, 5 e 6. Os dados de sucesso são 3, 5 e
6, que somam um total de 14. Rolando o seis natural
novamente, ele tira um 3, para um total de 17. Ângela
rola 4 e 5 em seus dois dados, somando um 9, que não
é alto o bastante. O soldadinho venceu.
Já que a luta é com socos, o soldado não
seleciona nenhum dado de seus dados de sucesso, e
adiciona somente as duas Notas Azuis (que somam 2
ao dano) que obteve na rolagem (pois 17 em oposição
ao 9 em um Teste, adiciona uma Nota Azul para cada
3 números acima do alvo). +1 de dano é adicionado
pela Qualidade que o Monstro utilizou, o que gera
um dano total igual a 3. O brinquedo do mal dá um
socão na cabeça da Beca, o qual a deixa meio tonta,
mas bem. Ângela marca 3 de dano no nível de Saúde
“Bem”.
Socos, Bicudas e PdMs:
Quando estiver enfrentando PdMs usando
atributos simplificados, role o conflito como um
Problema. O dano resultante é gerado caso falhe
na rolagem de dados. Dessa forma, use as Notas
Vermelhas como dano (e +1 caso o Monstro/oponente
tenha utilizado uma Qualidade relevante).
Pauladas e pedradas
Quando uma arma é utilizada em uma briga,
a chance dela causar um dano maior aumenta.
Determine o dano causado por uma arma descobrindo
o tipo dela.
Quando a Arma é Pequena:
Se a arma é um canivete, uma pedra pequena,
uma bola de sinuca ou algo similar, adicione o valor
do menor de seus dados de sucesso às suas Notas
Azuis. Esse valor será o dano total. Exemplo: Se, no
exemplo acima, o soldadinho estivesse usando uma
lâmina e tivesse rolado o mesmo resultado 3, 5 e 6
como dados de sucesso, o dano calculado seria igual
a 3 (que é o menor dado de sucesso) +2 das Notas
Azuis, somando um total de 5. Como a Qualidade
não se aplica nesse novo exemplo, ela não somaria +1
ao dano.
32
Quando a arma é grande, afiada ou a
paulada é forte:
Para armas como: espadas, cabos de enxada,
pedras grandes, chutes ou socos de adulto ou Monstro
grande, ou algo do tipo, adicione o valor do maior
dado de sucesso às Notas Azuis (além do +1 se houver
Qualidade aplicável). Exemplo: Vamos imaginar que
o Soldadinho do exemplo anterior rolasse os mesmos
valores, mas dessa vez estivesse usando um tacape.
Ele somaria o valor de seu maior dado de sucesso (6)
+2 das Notas Azuis, para um total de 8 de dano.
Pauladas, Pedradas e PdMs:
Se o PdM enfrentando os personagens
estiver armado, ele é importante o bastante para ser
construído de maneira completa, e não apenas com
atributos simplificados.
Armas Letais
No mundo de Little Fears – Edição Pesadelo,
crianças, na maioria das vezes, terão acesso a armas
improvisadas como a corrente de uma bicicleta, uma
vassoura, um taco de bete, ou algo assim. É raro que
uma criança tenha acesso a armas de fogo, mas é
possível que ela possa pegar a arma que o pai esconde
no carro, ou pode acontecer de uma criança saber
onde seu pai policial guarda o revólver velho.
Armas de fogo raramente devem ser utilizadas,
se não pela coesão do tema (“arma não é coisa de
criança”), por todas as razões que fazem dessa uma
má ideia. Mas, se um personagem em seu jogo tiver
acesso a uma arma de fogo (eles jamais devem iniciar
o jogo com elas, nem devem ter acesso contínuo
a uma) e a utilizar, o dano deve ser resolvido como
sugerido a seguir:
O maior dado de sucesso é multiplicado por 2
antes de ser somado às Notas Azuis. Exemplo: Vamos
falar um pouco sobre Sheila Miranda, de 11 anos.
Seus pais têm uma fazenda na Chapada Diamantina,
e Sheila os ajuda a cuidar da fazenda desde que
aprendeu a escapar do berço. Ela adora cavalos e tem
uma égua chamada Clementina, de quem ela cuida
desde que era uma potrinha.
 Sheila está penteando Clementina e mal viu o
tempo passar. Já é muito tarde, e seus pais não gostam
que ela fique no sereno depois de escurecer. Entre
uma penteada e outra da crina, Sheila avista os olhos
amarelos de uma onça-pintada no meio do capim.
São olhos estranhos, e Sheila sente medo…
Com muito cuidado, ela vai até a bancada que
está próxima, dentro do estábulo. Ela sabe que seu
pai guarda a espingarda lá. Ele nunca a deixou atirar,
mas ela já o havia visto atirar algumas vezes. Ela tem
certeza de que sabe o que fazer, e que vai dar uma boa
lição nessa onça, ou ao menos assustá-la.
Sheila pega a espingarda, desviando seus olhos
só por uns segundos. Quando olha novamente, a
onça já está próxima demais! Os olhos amarelos estão
fixados nela. Ela se move lentamente, preparando-se
para o bote, enquanto Sheila começa a tentar levantar
a espingarda com as mãos trêmulas. A onça pula
subitamente em sua direção, e a menina, no susto,
levanta o cano da espingarda e atira!
O MJ define a rolagem de Sheila. Ela tem
Brigar 3 e a Qualidade “Sou da fazenda +3”, o que lhe
dá 6 dados para rolar. O Moderador rola os dados
da onça, que tem Brigar 2 e a Qualidade “Atacando
presas rapidamente”, cuja soma lhe dá 5 dados.
Karine, a Jogadora de Sheila, rola seus 6
dados e tira 2, 3, 4, 4, 5 e 6, escolhendo os dados de
sucesso 4, 5 e 6, que somam 15. Karine rola o seis
natural novamente e tira um 3, somando 18 no total.
O Moderador rola 1, 1, 3, 5 e 6 para a onça, somando
14 com os dados de sucesso. Ao rolar o seis natural,
tira somente 1, que somam um total de 15. Karine foi
bem-sucedida e acertou o tiro!
Para calcular o dano, Karine pega o valor do
seu maior dado de sucesso, que é um 6, e multiplica
por 2, o que lhe dá um 12. Ela adiciona +1 ao dano
pela única Nota Azul obtida no teste, e depois +1 por
ter utilizado uma Qualidade no ataque, somando um
total de 14 pontos de dano! A onça tinha 30 pontos de
Saúde e perdeu quase metade em um só tiro! A onça
cai no chão, atordoada, fazendo um barulho estranho.
A onça faz um chiado estranho e se encolhe
ali, sibilando como um gato raivoso e acuado. Sheila
33
está com a mira firme, mas as pernas tremem feito
vara de marmelo ao vento. Ambas se encaram,
imóveis. Os pais de Sheila vêm correndo ao ouvir o
barulho do tiro e encontram essa cena, como uma
pintura assustadora no meio da noite. A mãe de Sheila
a abraça, enquanto seu pai, com cuidado, remove a
espingarda de suas mãos. Elas entram para o casebre
na fazenda, enquanto o pai de Sheila termina o assunto
com a onça.
Armas Letais e PdMs:
Personagens do Moderador raramente
deveriam usar armas, principalmente contra uma
criança. Além de um elemento fora do contexto
geral do jogo, ele poderia desequilibrar um pouco o
sistema. Armas, mesmo as mais comuns, devem ser
usadas somente pelos Monstros mais cruéis ou pelo
mais desesperado personagem.
Ultraaaaa comboooo!
Nas últimas sessões do livro, nós
analisamos uma série de situações em
que os lados de um conflito poderiam
ser desbalanceados. Para o propósito de
calcular o dano para essas lutas, determine
qual o maior tipo de dano, de acordo com as
armas utilizadas (armas mortais têm maior
tipo de dano que armas grandes, que são
maiores que pauladas e pedradas, que são
maiores que punhos). Resolva o ataque e
calcule o dano como de costume (utilizando
os valores do maior/menor dado de sucesso
de acordo com a arma), adicionando as
Notas Azuis normalmente ao dano. Exemplo:
Há alguns momentos atrás, Jander, Tonho
e Eva estavam lutando contra um boneco
de Judas. Eles tiveram sucesso no conflito,
ultrapassando o número-alvo do boneco
(19) obtendo 2 Notas Azuis. Agora é hora do
dano! Vamos supor que a arma mais perigosa
utilizada fosse um taco de madeira (uma arma
grande, pode inclusive ser instrumento de
beisebol ou golfe), que vai selecionar o maior
dado dentre os dados de sucesso. O maior
dado rolado foi um 6. Isso quer dizer que,
o dano causado é 6 + 2, que é o número de
Notas Azuis da rolagem de ataque, o que dá
um total de 8 pontos de dano! Se a arma mais
perigosa utilizada fossem os punhos, então
somente as 2 Notas Azuis seriam utilizadas.
As crianças envolvidas nesse ataque
poderiam aplicar 2 Qualidades (“Eu jogo
futebol” e “Eu sou ginasta”), isso adicionaria
1 ponto por cada Qualidade utilizada ao dano,
somando um total de 4 de dano no boneco de
Judas.
Acidentes acontecem
Uma briga não é a única maneira de se
machucar. Um personagem pode rolar ladeira abaixo,
cair em um buraco, capotar a bicicleta, cair de uma
árvore, escorregar na escada de casa, ou qualquer
outra das diversas circunstâncias infelizes, ou puro
azar. Essas situações deveriam ser usadas como
consequências de falhas em momentos especialmente
dramáticos ou tensos. Um garoto se pendurando na
árvore ou uma menina fugindo de skate em uma
construção são ótimos exemplos em que falhas em
teste de Habilidade podem resultar em dano aos
personagens.
Se o dano for resultado de situações como a
descrita acima, calcule como explicado a seguir:
Acidente menor: uma queda de baixa
altitude ou um tropeção
O personagem toma uma quantidade de dano
igual às Notas Vermelhas obtidas. Se a falha não
resultou em nenhuma Nota Vermelha, o personagem
só sofreu um arranhão, um hematoma no braço. Nada
que o atrapalhe.
Acidente maior: uma queda de maior
altitude ou cair de cabeça no chão
O personagem toma uma quantidade de dano
igual ao menor dado em seus dados de sucesso +1 por
cada Nota Vermelha. Exemplo: Vamos usar a Sheila
novamente em nosso exemplo. Dessa vez, ela está
montando um cavalo. O Moderador pede a Karine,
Jogadora que interpreta Sheila, que faça uma rolagem
com dificuldade difícil (12), pois o cavalo é bem
maior e mais forte que Clementina, e a Sheila não
está acostumada com isso. Ela junta os dados para a
rolagem. Ela vai rolar seu Agir 3 e sua Qualidade “Sou
da fazenda +3”, o que lhe dá 6 dados para rolar.
34
Karine rola 1, 1, 1, 2, 3 e 3. Seus dados de
sucesso são 2, 3 e 3, somando um total de 8. Vixe,
lascou… Ele dá um pinote muito forte e acaba
derrubando Sheila, que cai de bunda no chão. Como
a rolagem falhou por 4 pontos, Sheila obteve 1 Nota
Vermelha, e então marcou 3 de dano em seu nível
de Saúde (2 pelo menor dado de sucesso mais 1 pela
falha).
Sheila vai se lembrar dessa tentativa sempre
que se sentar nos próximos dias, mas não é nada
grave. Talvez seu pai decida esperar um pouco mais
antes de voltar a essa lição.
Efeitos do Dano
Sofrer Dano muda a configuração das coisas,
superficial e profundamente. É a consequência de se
meter em confusão.
Fique esperto com os modificadores
Preste atenção nos modificadores negativos
anotados do lado dos seus níveis de Saúde, pois pode
ser que os esqueça, e eles fazem diferença. Quando
sua personagem se machuca mais gravemente, ele não
consegue agir mais como antes. Lembre-se, quando
sofre dano, você tem penalidades na soma total dos
seus Dados de Sucesso igual a -2, -4 ou -6, de acordo
com o seu nível de Saúde.
Ambientando o Dano
Acima, o dano é referido dentro do jogo.
Mas o personagem está em seu mundo, e os
marcadores são um efeito mecânico que representa
os efeitos definidos para o personagem. Pode ser
surpreendente, mas se ferir abre feridas que fazem
com que tenhamos reações. Crianças machucadas
ficam ranzinzas, andam devagar, não pensam com
clareza, ficam zangadas e podem entrar em pânico,
entre muitas outras emoções que podem sentir.
Quando o personagem se ferir, atue o que ele está
fazendo. Use isso no falar, nos maneirismos, nas
reações. Uma criança que tomou uma paulada na
cara não vai estar bem ou pensar com clareza. Há um
componente de interpretação nos jogos de histórias,
e esse é um ótimo momento para usá-lo.
Recuperando Saúde
Desde que a Saúde de um personagem não
chegue a zero, ele pode ser curado. Existem duas
maneiras de fazer isso: Tempo & Descanso ou
Cuidados Médicos.
Tempo e descanso
Dar um tempo nas correrias é a melhor
maneira de melhorar. Não se metendo em problemas,
e sem sofrer mais dano, o personagem recupera 1
ponto de Saúde por noite bem dormida ou descanso
mais longo. Se sua personagem estiver muito ferido,
vai demorar mais tempo até ele voltar à ativa, mas dar
um tempo nas loucuras é a melhor maneira de curar
um esfolado ou outro.
Cuidados médicos
Se sua personagem tem enfrentado muitos
Monstros ultimamente, ou outros perigos parecidos,
as chances são de que ele precise de mais cuidados
que um tempinho de descanso. Dormir um pouco faz
sumir alguns hematomas, mas para ferimentos mais
graves, em especial quando ele está muito mal (nível
de Saúde "machucado" ou superior) é preciso ajuda
profissional.
Cuidados médicos são rolados como se fossem
um Problema contra uma dificuldade média (9). Uma
vez feita a rolagem, e os dados de sucesso definidos, o
personagem recupera pontos de Saúde de acordo com
o tipo de cuidado que recebeu, se Primeiros Socorros
ou Visita ao Médico.
Primeiros-socorros:
Se sua personagem recebe tratamento com
um kit qualquer de primeiros socorros, jogue Cuidar
com o personagem que o aplica (PJ ou PdM, depende
quem está usando o kit).
Se ele conseguir, o personagem que recebeu
o cuidado recupera um número de pontos de Saúde
igual ao menor dado de sucesso +1 para cada Nota
Azul na jogada. Uma falha não faz nada, e Notas
35
Vermelhas não têm nenhum efeito aqui.
Visita ao médico:
Se sua personagem receber tratamento
de médico, enfermeira ou profissional com esses
conhecimentos, o Moderador fará a rolagem de dados
(somente PdMs terão treinamento especializado nesse
sentido). Se obtiver sucesso, o personagem recupera
um número de pontos de Saúde igual ao maior dado
de sucesso +1 para cada Nota Azul obtida. Assim
como em primeiros socorros, as Notas Vermelhas não
têm nenhum poder aqui. Exemplo: Em uma outra
aventura, Sheila foi atacada por um morcegão gigante
que a fez sofrer 6 pontos de dano. Sua amiga, Tina,
conhece uns truques de primeiros socorros, e resolveu
dar uma olhada no estrago. Tina rola seu Pensar 4 e a
Qualidade “Sou bandeirante +2” (que também pode
ser útil para encontrar comida no mato e fazer uma
fogueira).
Luana, a Jogadora de Tina, rola os 6 dados e
consegue um 1, 1, 3, 3, 4 e 6. Os Dados de Sucesso
são 3, 4 e 6, e somam 13. Luana rola seu seis natural
novamente e tira um 3, o que dá um total de 16. A
dificuldade é média (9), o que lhe dá 2 Notas Azuis. Já
que Tina usou primeiros socorros, nós selecionamos
o menor dado de sucesso, que é um 3, e adicionamos
o número de Notas Azuis a esse valor, que são 2, para
um total de 5 pontos de Saúde curados em Sheila!
Bandeirantes e Escoteiras servem para muito mais do
que vender biscoitos, sabia?!
A Morte e seus efeitos
Se tudo der certo, sua personagem vai passar
por muitas coisas e enfrentará vários Monstros para
salvar seus amigos, alguns familiares e o mundo
(ou, ao menos, pequenas partes dele). Mas enfrentar
Monstros não é fácil, e é possível que sua personagem
cometa um erro e seja derrotado, ou até morto.
Depende de todo o grupo, Moderador e Jogadores,
não tratar a morte de um personagem como algo
banal. Nenhum personagem deve simplesmente cair
em um buraco sem fundo ou escorregar e bater a
cabeça em uma pedra e deixar esse mundo. Dito isso,
escolhas tolas podem ter resultados graves, e ninguém
é responsável por impedir que um personagem
entre na cova de um leão ou ache que pode fazer
malabarismo com facas afiadas.
Quando um personagem perde todos os seus
pontos de Saúde, ele está à beira da morte. Mesmo
que ele não morra nesse exato momento, nem mesmo
nessa cena, ele morrerá em breve. O ponto é fazer desse
momento uma cena dramática, um final heroico para
sua personagem. Como Jogador, você pode narrar o
fim da vida de sua personagem como desejar, desde
que esteja de acordo com a cena e o tom do jogo.
A morte de um personagem pode ser física (perdeu
toda a Saúde) ou mesmo uma mudança irreversível
que o remova do jogo. De acordo com o sistema, a
morte te pega quando você sofre dano e perde Saúde.
No jogo, a morte pode te pegar quando você dá azar
em uma luta, quando tenta salvar um amigo, quando
leva um raio de verdade de um bruxo sem nariz,
quando é atropelado por uma boiada desgovernada,
enfim, qualquer forma que sua imaginação tome para
o momento.
Zero de Saúde
Quando os pontos de Saúde chegam a zero,
o personagem morre ou deixa o jogo de forma
permanente.
Morte física
Tente trabalhar a morte do personagem na
cena imediatamente posterior ao ocorrido (seja
esse ocorrido o ataque, ou o quer que tenha tirado
seu último ponto de vida), mas fica melhor se sua
personagem resistir um pouco. Enquanto faz seu
último discurso, revele aquele segredo guardado há
muito tempo, reconcilie-se com alguém com quem
havia brigado, enfim, algo dramático nesse estilo.
Outros modos de deixar a cena
Alguma outra coisa aconteceu, e você vai sair
de cena permanentemente. Pode ser que cresceu,
virou uma estátua, se transformou em fumaça,
passou por um espelho quebrado ou se transformou
36
em Monstro. Exemplo: Beca e Tonho escaparam de
Baba Yaga. Os dois vagam pela floresta escura e fria
sem saber para onde vão. A folhagem está densa, e
mal dá para ver onde pisam. O barulho de um galho
quebrando assusta Tonho e o faz sair correndo,
deixando Beca para trás. Ela tenta acompanhá-lo, mas
logo o perde de vista na escuridão.
Beca para por um segundo, olhando em volta,
ansiosa e assustada. E de repente, um grito. É de seu
irmão. Ela segue os gritos e o encontra tentando sair
de um rio muito revolto. Sem pensar duas vezes, ela
pula no rio e, com muita dificuldade, consegue nadar
até seu irmão. Ele parou de gritar a alguns momentos
atrás.
Quando finalmente o alcança e começa a puxá-
lo para fora dali, ela sente um puxão em sua perna.
É um Troll do pântano, e eles têm garras enormes.
Uma batalha longa e agoniante ocorre. Beca consegue
derrotá-lo e salvar seu irmão… Mas ela perdeu toda
sua Saúde nessa luta. A Beca vai deixar o jogo.
Ângela, a Jogadora de Beca, entende que seria
legal para a história que sua personagem se sacrificasse
salvando o irmão. Então, Ângela decide que está na
hora de pôr um fim na história da Beca. E narra:
“Beca grita em agonia quando usa todas as
suas forças para chutar o Troll pela última vez, o que o
nocauteia e o faz afundar nas águas escuras do rio das
bruxas. Ela termina de arrastar seu irmão para fora
d'água deixando-o deitadinho na margem do rio. Ela
o olha com carinho… ela sabe que é a última vez que
olhará para ele com esses olhos”.
“Os ferimentos não vão matá-la, mas ela sente
suas entranhas se mexendo. Mudando. Ela está se
transformando em uma Uiara, uma Mãe D’água. Ela
já ouviu essa história de sua bisavó. Ela nunca mais
vai poder deixar o rio. Suas memórias e sua vida não
importam mais. Tudo vai se perder, e ela se tornará
outro ser. Beca olha seu irmão mais uma vez, ela precisa
garantir que ele ficará bem. – Ele está respirando! –
diz Beca, sentindo um alívio e uma estranheza… sua
voz já está mudando. Parecia um canto longínquo de
baleia misturado com um pássaro.
 “Ela beija a testa de seu irmão e diz – Tchauzinho, birrento... Ele abre os olhos
levemente, como que acordando de um sonho profundo, e ela continua: – Eu vou
precisar ir embora, e você vai ter que ser forte para continuar sozinho... Toma, fica
com minha jaqueta…você sempre quis ela. Tonho está tonto demais para perceber
que sua irmã não é mais tão Beca. Ela pula na água, e ele sai correndo segurando a
jaqueta e derrubando lágrimas”.
Ângela poderia ter narrado qualquer outro final, e até mesmo pedido um
tempo para o Moderador para bolar o final da história, ou simplesmente ter dito
“Beca perdeu muito sangue e não sobreviveu”.

37
PARTE 7:
Virtudes da infância
Virtudes são elementos abstratos de um
personagem. É a habilidade de ficar calmo em
situações de pressão ou quando se está cercado por
Monstros horríveis. É a capacidade de ter convicção
em algo tão forte, que seu coração define o que é real,
não importa a sua razão. É a centelha dentro de você
que te conecta a tudo o que é vivo. É a vontade de
continuar, de lutar, mesmo quando se está ferido, e
você mal consegue se mover.
O Poder da Convicção
Convicção é o que faz o impossível acontecer.
Com Convicção, uma bússola de brinquedo vai te
apontar o caminho para casa, a linha de sal feita no
chão não deixa nenhum Monstro passar, e sua boneca
vai te proteger dos Monstros embaixo da cama.
Existe magia no mundo de Little Fears –
Edição Pesadelo, e ela é maior que os Monstros que
as crianças enfrentam. Crianças podem utilizar um
tipo de magia que nasce do amor e da esperança que
elas colocam em coisas que são importantes para elas.
Se ela estiver convicta de que uma capa a fará voar,
isso acontecerá. Se ela está convicta de que o espírito
da mãe está em um livro velho que a protege, isso
acontece. Se uma criança estiver convicta de que dar
três voltas na cama impede os Monstros de saírem de
lá, isso acontece. Tudo o que a criança precisa é de
um pouquinho de fé em algo em que valha a pena ser
convicto.
O que é Convicção?
Existem muitas características que diferem
uma criança de um adulto. Algumas são óbvias, como
altura, barba, mas a mais importante é algo que não
reflete no espelho: Convicção.
Quando uma criança aprende mais sobre
o mundo dos adultos e como as coisas “são” ou
“funcionam”, ela para de ter Convicção. Conforme
crescem e se tornam mais racionais, elas perdem a
38
capacidade de ter Convicção na magia do mundo das
crianças e não conseguem mais utilizá-la.
Neste jogo, Convicção é uma força interior
que a criança usa para realizar efeitos mágicos,
irracionais e sobrenaturais, de uma forma que os
adultos simplesmente não entendem mais.
Sua personagem tem um nível de Convicção que vai de
1 a 7. No início de cada sessão, você recebe um número
de marcadores igual ao seu nível de Convicção. Esses
marcadores podem ser tanto moedas, botões, feijões,
quanto quaisquer itens que estejam acessíveis. Os
Jogadores podem ter seus próprios marcadores, com
cores próprias, etc, mas não é algo obrigatório.
Durante o jogo você pode usar seus
marcadores de Convicção para ajudar você, ou outro
personagem, a fazer algo, machucar um Monstro, e
outras coisas legais. Existem duas maneiras de utilizar
um marcador. Você pode apostá-lo ou gastá-lo.
Quando você aposta um marcador, o feito não é tão
grandioso, mas você pode mantê-lo (e não gastá-lo)
no final da ação. Quando você gasta um marcador,
você realiza um feito grandioso, e o marcador é gasto,
diminuindo o total de marcadores que você tem para
a sessão. Vamos dissecar a regra um pouco mais.
Convicção é algo mágico:
Sempre que uma criança usa Convicção, seja
apostando, seja gastando, algo mágico acontece. O
Jogador precisa pensar em algo mágico ou místico
em sua descrição. Isso pode ser algo incrivelmente
inspirador, que vai contra a lógica e põe em perspectiva
o quão incrível a Convicção é, e o que ela pode fazer.
Apostando Convicção
Quando você aposta Convicção, está pondo à
prova sua fé em você mesmo, em outra pessoa ou em
um brinquedo de que você gosta. O lado bom é que
Convicção tem poder e pode te ajudar em situações
desesperadoras. A desvantagem é que, quando a
Convicção falha, quando aquilo em que você queria
ter Convicção não corresponde às expectativas, sua
capacidade de ter Convicção pode ficar abalada.
Ao apostar um marcador, você o coloca no
centro da mesa e diz o que fará com ele. Você pode
apostar um marcador durante a sua ação ou durante
a ação de outra pessoa. Quando aposta um marcador,
você pode ter:
Convicção em Si Mesmo:
Ao fechar os olhos e pensar “Eu consigo…
Eu consigo… ”, ao se lembrar de quando seu pai te
ensinou a subir em uma árvore, dizendo “Uma perna
de cada vez, olhe para frente, não olhe para baixo!”,
ao dizer para aquele valentão catar coquinho. Todas
essas são maneiras de incentivar sua personagem a
realizar algo, e isso lhe dá uma vantagem.
Ao apostar um marcador, você ganha 1 dado
extra para a sua ação. Você só pode apostar 1 marcador
para ganhar 1 dado adicional, por ação. Esse dado
é lançado junto com os outros dados para a ação.
Exemplo: Bino está sendo perseguido na biblioteca
por um Monstro feito de livros amaldiçoados. Até
o momento, Bino conseguiu manter distância, mas
ele está se aproximando. Bino está encurralado
num canto, com somente uma escada a sua frente.
Enquanto sobe, ele percebe degraus faltando, de
início 2 ou 3. Eventualmente ele encontra 4 degraus
seguidos faltando.
O Moderador pede uma rolagem para a ação
de saltar os 4 degraus faltantes. Nesse momento, o
Jogador do Bino descreve que vai tentar um mega
salto. Durante o salto, ele canta em sua mente a música
de seu anime favorito, em que os personagens podem
dar grandes saltos quando cantam. O Bino precisa
ser um anime agora e saltar como eles saltam. O
Moderador gosta da ideia. O Jogador do Bino separa
um marcador de Convicção e adiciona um dado à sua
rolagem. Se tiver sucesso, ele devolve o marcador para
o seu montinho de marcadores de Convicção; se ele
falhar, o marcador será gasto, e talvez o anime nem
seja mais tudo isso.
Convicção no Outro:
Por a mão no ombro do amigo e dizer “Você
consegue mano!”, ou gritar “Vai lá Bia, acaba com eles!”
para a sua amiga em uma competição de skate com o
39
menino do outro bairro. Todos esses são exemplos de
como a sua personagem pode incentivar outros (seus
amigos, por exemplo) a fazerem algo grandioso.
Regras
Para ter Convicção no outro, separe o
marcador apostado no centro da mesa e conceda
um dado extra ao personagem em quem você tem
Convicção. O personagem rola o dado extra junto
com os dados para a ação que ele irá realizar.
Você só pode ter convicção em um personagem
por vez, mas um personagem pode receber o benefício
de vários outros personagens tendo Convicção
nele, e somar seus dados. Um personagem pode ter
Convicção nele mesmo, enquanto seus amigos têm
Convicção junto.
Você pode ter convicção em você e em outra
pessoa na mesma rodada. Exemplo: Vamos utilizar
o exemplo anterior novamente, mas dessa vez Bino
vê seus amigos no topo da escada onde quer chegar.
Ele hesita em frente aos 4 degraus quebrados, e seus
amigos, ao perceber o medo de Bino, começam a
incentivá-lo… – Bora Bino! Você consegue!... Você é
o nosso Grilo Verde!
O Moderador pede uma rolagem de dados
para decidir se Bino consegue ou não realizar o salto.
Gabriel, o Jogador da Francisca, que incentivou Bino,
separa um marcador de Convicção, concedendo um
dado para ele. O Jogador do Bino adiciona aquele
dado aos seus para essa ação… e os rola!
Convicção em Algo:
A garota dá uma paulada nas costas do
Monstro, e a armadura dele racha. Um garoto aperta
o colar que sua mãe lhe deu antes de partir desse
mundo, e o amor dela o protege dos Monstros que o
perseguem. Todas essas crianças estão convictas em
algum Treco.
Quando você cria sua personagem, você
escolhe alguns Trecos e define algumas Qualidades
que esses Trecos têm. São essas qualidades que os
fazem ser especiais. Por exemplo, sua personagem
pode ter um apito que foi dado pelo pai. Para que
esse Treco seja um objeto de valor para você, ele tem
que possuir alguma qualidade que seja mágica ou ao
menos muito esquisita. Por exemplo, o apito tem uma
qualidade chamada “Machuca o ouvido dos Monstros
(Perseguir -1)” ou “Sempre chama o Linguiça, meu
cachorro, não importa onde ele esteja”. Nada mal
para uma qualidade. Vamos ver adiante como utilizar
Trecos e suas qualidades maravilhosas.
Você deve apostar um número de marcadores
de Convicção igual ao nível da Qualidade da Treco.
Se o uso do objeto fizer parte de uma ação, como
jogar seu “coelhinho azul de pelúcia invencível” em
um Monstro, segurar firme sua capa do homem-avião
enquanto pula um buraco muito grande, ou usar seu
tênis especial de “homem mais rápido do mundo”
enquanto foge de um cachorro brabo, você faz a
rolagem de dados para a ação normalmente (seja um
Problema, Teste ou Prova). Se você for bem-sucedido,
a Qualidade é aplicada; se falhar, seu Treco falhou em
te ajudar, e a Qualidade não é aplicada.
Se o seu Treco tiver uma Qualidade passiva,
ou seja, sua personagem não está ciente do que está
acontecendo (ou vai acontecer), está ocupado ou
mesmo sem poder agir, ele deve rolar a sua Habilidade
Cuidar com qualquer outra Qualidade relevante do
personagem para definir se o Treco “funciona”. Se
tiver sucesso, a Qualidade do objeto é aplicada, se não
tiver, não é.
Nota: Você pode ter Convicção em várias
Qualidades de um único Treco ao mesmo tempo
(pois está convicto dos poderes daquele objeto), mas
não pode fazer o mesmo em mais de um Treco por
ação. Você também não pode ter Convicção em um
Treco de outra pessoa.
Exemplo: A coisa mais importante no
mundo para a Sheila é seu agasalho de cachorrinho.
Já tem alguns anos que ela o ganhou, e ele está bem
apertado, mas ela não quer se desfazer dele. Quando
tinha 6 anos, ela estava em uma cabana com os pais,
e um problema elétrico causou um incêndio. A fonte
do fogo foi no quarto dela, e, apesar de não admitir
para outras pessoas, ela acha que foi o agasalho que a
protegeu das queimaduras.
Na ficha dela, esse agasalho é uma Treco que
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tem a Qualidade “-2 de dano”. Isso significa que o
agasalho vai reduzir em 2 o dano que a Sheila receber,
quando o item for ativado.
Durante o jogo, uma Gremlin de olhos azuis
e batom vermelho ataca a Sheila com as garras.
Sheila decide que seu agasalho vai entrar em ação e
protegê-la desse ataque de fofura mortal. Para usar a
Qualidade do Treco “-2 de dano”, ela precisa apostar 2
marcadores de Convicção, pois a Qualidade é de nível
2.
Sucesso e falha:
Quando se aposta um marcador de Convicção,
a próxima coisa a se fazer é resolver a ação. Faça as
rolagens normalmente (Problemas, Testes ou Provas).
Sucesso e falha são determinados normalmente, mas
existe algo a mais para acrescentar.
Se a rolagem foi um sucesso.
Parabéns! Sua personagem se arriscou e
ganhou o benefício de ter Convicção em sua ação.
Coloque o marcador que apostou junto dos seus
outros marcadores para que possa usá-lo novamente
durante a sessão.
Se a rolagem foi uma Nota Azul: Muito
bom! Sua personagem conseguiu ter Convicção em
algo e o Treco superou em muito as expectativas. Ou
seja, o efeito deve ser mais mágico, fantasioso, do que
o Jogador descreveu. Retorne o marcador para junto
dos seus outros marcadores e ganhe +1 marcador
de Convicção. Você só ganha 1 marcador extra, não
importando o número de Notas Azuis que recebeu
nessa jogada. As Notas Azuis ainda serão usadas
normalmente para aumentar o dano/efeito/etc.
Ganhar um marcador extra é um benefício
além das Notas Azuis.
Nota: Um personagem pode ter no máximo
10 marcadores de Convicção acumulados. Somente a
pessoa que rolar os dados ganhará o marcador extra.
Se você depositar Convicção em outro personagem,
você recebe o seu marcador de volta normalmente,
mas o outro personagem é quem ganha o marcador
extra.
 Exemplo: O Bino dá um salto caprichado
para cima da escada. Ele está tendo “Convicção em si
mesmo” nessa ação. O Jogador do Bino rola os dados
e tem 2 Notas Azuis. Ele guarda o marcador que
apostou de volta e ganha +1 marcador de Convicção.
Não importa quantas Notas Azuis sejam recebidas,
somente 1 marcador extra é recebido.
Se a rolagem falhar
Tristeza! A magia na qual sua personagem
estava convicta falhou dessa vez. Talvez esteja com
defeito. Nesse caso, você perde o marcador que
apostou. Isso acontece em apostas. Você pode colocar
o marcador em uma pilha de descarte ou dá-lo ao
Moderador, tanto faz. De qualquer forma, a sua
personagem perde um pouco da capacidade de ter
Convicção.
Se a rolagem falhar com Notas Vermelhas:
Ai, ai. Sua personagem queria ter Convicção em algo,
mas além de não funcionar, falhou completamente.
Talvez não seja só defeito. Talvez a magia não seja tão
forte assim.
Se você falhou, recebeu Notas Vermelhas
e não estiver utilizando um Treco, além de perder
o marcador que apostou, você perde um extra.
Não importa quantas Notas Vermelhas você tenha
recebido, você só perde um marcador extra.
Somente a pessoa que rolar os dados perde
o marcador extra. Se você tiver Convicção em
outra pessoa e ela falhar a rolagem obtendo Notas
Vermelhas, você perde o marcador que apostou, mas
somente ela perde o marcador extra.
Se a pessoa que perdeu o marcador não tiver
mais marcadores extras para descartar, nenhuma
penalidade extra ocorre. Exemplo: Vamos imaginar
que o Bino não conseguiu realizar seu super salto,
e dessa vez o seu amigo estava convicto nele. Bino
não só falha no salto como também escorrega escada
abaixo! Ele precisava vencer uma rolagem Difícil (12)
e obteve somente um total de 4 em seus Dados de
Sucesso, o que lhe rendeu 2 Notas Vermelhas. Gabriel,
o Jogador que controla o personagem que depositou
Convicção em Bino, perde o marcador de Convicção
que apostou, mas como houve Notas Vermelhas, o
41
Bino perde 1 marcador extra.
Quando você falha com Notas Vermelhas
tentando ter Convicção em um Treco, você perde o
marcador que apostou primeiramente, mas pode, em
vez de perder o segundo marcador, escolher diminuir
o nível do seu Treco em 1. Quando Trecos perdem
um nível, elas também perdem uma qualidade. Você
pode optar por perder o marcador extra, se desejar.
No entanto, se não tiver mais marcador de
Convicção para perder, você tem que diminuir o
nível do Treco utilizado. Exemplo: Sheila ainda está
em apuros, e a Gremlin resolve lhe dar uma bela
mordida no braço. Karine, a Jogadora de Sheila, faz
um Teste e falha miseravelmente, obtendo 3 Notas
Vermelhas. Ela perde os 2 marcadores que apostou
para ter Convicção em seu agasalho, mas, para não
perder o marcador extra, (pois sua rolagem obteve
Notas Vermelhas) ela decide diminuir o nível do seu
agasalho de +2 para +1. Sheila não confia mais tanto
no seu agasalho.
Abordamos apostas em marcadores de
Convicção. Vamos ver agora os benefícios de quando
os gastamos.
Gastando Convicção:
Quando você gasta um marcador de
Convicção, sem apostá-lo, você consegue fazer muito
mais com suas ações. Você pode arrancar as garras de
um lobisomem, fazer um círculo de sal em volta da
cama, que machuca os Monstros, ou mesmo encontrar
algo novo em que ter convicção. A desvantagem disso
é que você não recupera o seu marcador se for bem-
sucedido. Ele se foi. Mas às vezes vale a pena o custo.
Quando gasta um marcador, você o faz imediatamente.
Não precisa colocá-lo na mesa, só entregá-lo ao
Moderador, colocá-lo em uma pilha de descarte ou
o que quer que tenham combinado. Você faz isso
mesmo que esteja resolvendo um Problema, Teste
ou Prova juntamente com o gasto. Quando gasta um
marcador de Convicção, você pode fazer:
Convicção em Algo Novo:
Você tem seus Trecos, e eles são seus, mas isso
não é tudo que existe no mundo. Você pode descobrir
durante o jogo que o personagem é capaz de forjar
conexões com brinquedos novos ou ganhar alguma
coisa estranha, que dizem ter capacidades mágicas.
Ou pode descobrir um objeto místico (também
chamado de “quebra-galho”) que possui Convicção
dentro dele.
Embora seja um conceito novo, você pode
depositar Convicção em um “quebra-galho” da
mesma forma que o faz com um Treco.
Esses novos objetos agem como Trecos,
então trate-os como tal. Ao gastar um marcador de
Convicção, você pode adicionar uma Qualidade ao
novo objeto (exatamente como foi feita na criação
do personagem. Veja as regras no Capítulo II). Até
3 marcadores podem ser gastos dessa forma para
adicionar 3 Qualidades ao Treco, mas não mais que
isso.
Você então usa o objeto para alguma tarefa,
podendo ser um Problema, Teste ou Prova. A regra
então é, se você for bem-sucedido e obter Notas Azuis,
essa “coisa nova” passa a ser sua, e você a adiciona em
seus Trecos (você pode anotá-lo em sua ficha com os
detalhes e qualidades que ele tem). Se a tarefa falhar,
a conexão não é feita, e nada demais acontece.
Exemplo: A Francisca, personagem do Biel,
se escondeu dentro do armário de limpeza na escola.
Ela está sendo perseguida por uns monstrinhos
estranhos que têm olhos amarelos e uma boca grande,
parecida com a de um tubarão, mas com dentes de
metal. Ela não sabe que tipo de Monstros eles são,
mas são bem assustadores. Ela os escuta arranhando
a porta enquanto tentam entrar. Ela vê os dentes
mordendo a parte de baixo da porta e arrancando
algumas lascas. Isso a apavora muito. Ela olha em
volta e vê 4 latas de refrigerante na prateleira (deve ser
o lanche de alguém). Francisca se lembra de seu pai
dizendo “Refrigerante faz mal para os dentes, corrói
até metal”!
Então ela tem uma ideia. Ela pega duas latinhas
e chacoalha bem rápido, igual ela fez para brincar
com um primo no natal passado (ele mereceu).
Biel descreve a cena dizendo que a Francisca
42
vai utilizar a latinha como se fosse um spray e
acertar os dentes de metal dos Monstros, para que
o refrigerante faça exatamente o que o pai dela disse
que iria acontecer. Biel gasta um marcador para
Convicção nesse novo Treco, que ele descreve que
fará +1 de dano em metal. Biel e o Moderador fazem
suas rolagens, e Biel é bem-sucedido, obtendo uma
Nota Azul.
Francisca abre a porta e as duas latas na
cara dos Monstros, deixando-os encharcados de
refrigerante (igual ao primo). As criaturas gritam e
engasgam com o ataque. Cada lata causou 1 ponto de
dano em cada criatura, e como ela obteve um Nota
Azul, ela poderá adicionar o Treco “Latas de Refri”
à sua lista de Trecos. O Moderador pede para que
Biel descreva a Qualidade de maneira sucinta. E ele
escreve "Corrói até metal +1”. Muito bom!
Realizando um Ritual
Rezar um Pai Nosso antes de abrir a porta para
aquela sala estranha, ou colocar seus soldadinhos
em cada canto do quarto para te protegerem, pisar
somente nos pisos pretos ao atravessar a sala ou
contar até 3 antes de pular, todos esses são Rituais
que podem ser utilizados para se obter algum efeito.
Quando a sua personagem realiza um Ritual, ele está
“criando” um Treco intangível. Ele funciona como se
fosse um Treco, é descrito como um Treco, mas é uma
ação, não um objeto, importante frisar essa diferença.
Regras
Para fazer isso no jogo, o primeiro passo é
realizar o Ritual. Se uma rolagem for necessária (para
fazer um círculo perfeito de sementes de girassol, ou
para se lembrar daquela oração que a vovó fazia),
faça-a e verifique o resultado. O Ritual é a ação de que
o efeito partirá, e só faz sentido se o Jogador obtiver
sucesso na jogada.
Se o Ritual falhar, nada acontece, não há
nenhuma penalidade. O personagem simplesmente
errou e pode tentar de novo.
Se o Ritual for bem-sucedido, você precisa
definir as Qualidades de Trecos (exatamente como
fez com os seus Trecos). Gaste os marcadores de
Convicção de acordo com o nível da Qualidade que
você quer adicionar. Pode ser um bônus de Dano
contra Monstros, um bônus de armadura para uma
personagem ou algum efeito estranho. Você pode
gastar quantos marcadores de Convicção quiser
para adicionar várias Qualidades ao seu Ritual, mas
lembre-se: gastar marcadores não permite que você os
recupere caso a rolagem de dados seja bem-sucedida,
então é sempre bom se precaver e deixar alguns
marcadores reservados, se possível.
O efeito de um Ritual dura enquanto fizer
sentido. Um círculo de sal dura até alguém que não um
Monstro o quebre, ou o vento espalhe o sal. Exemplo:
Sheila tomba uma prateleira de livros, espalhando-
os pelo chão. Ela começa a posicioná-los segundo
um estranho padrão. O MJ pergunta a ela o que está
fazendo, e ela responde: – Vou fazer um Ritual para
invocar um Monstro de livros proibidos, e vou usar
esses irmãos e irmãs dele para atraí-lo.
O Moderador considera o que ela disse e
responde: – Certo, mas esse Monstro é feito de livros,
43
como você irá invocá-lo?
Karine, a Jogadora de Sheila, descreve o Ritual,
dizendo: – Depois que a Sheila organiza os livros em
um círculo, ela se posiciona no centro e começa a ler
o início do Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro
Lobato. O Moderador gosta da descrição e pede para
Karine rolar os dados.
Nessa rolagem de dados, ela utiliza a
Habilidade Falar, e o Moderador define a dificuldade
como média (9). Karine rola os dados e obtém sucesso.
Agora é só uma questão de tempo até o Monstro
aparecer, mas porque ela fez isso? Ninguém sabe…
O efeito é imediato, e enquanto os livros
continuarem na disposição do Ritual, ele continuará
em ação.
Mais detalhes sobre Rituais
Um Jogador pode gastar Convicção
somente em um Ritual de que sua
personagem participou. Se várias pessoas
estiverem fazendo o mesmo Ritual, cada
personagem deverá fazer uma rolagem que
representará a sua participação no Ritual. Se
alguém atrapalhar a tentativa, o Ritual falha e
deve ser feito novamente. Gastar Convicção
em um Ritual não te dá dados extras
normalmente, mas se algum componente for
algo especial, como o cabelo do Monstro que
se quer localizar, ou um aplicativo do Google
Maps, o Moderador pode oferecer um dado
de bônus extra. No entanto, se o Ritual falhar,
o componente é destruído e os personagens
vão precisar de outros componentes.
Dando uma fraqueza ao Monstro
Você já deve ter ouvido histórias sobre
Monstros, dizendo que: “vampiros não podem
entrar sem ser convidados”, “lobisomens tem alergia
a prata”, “fantasmas não conseguem deixar a casa
onde morreram”. Embora essas histórias sejam de
conhecimento geral, elas não são fatos... ainda.
Monstros podem ser muito poderosos,
tão poderosos que não parece haver modo de uma
simples criança feri-lo. Mas você pode. O medo deu
vida a essas criaturas, mas ter Convicção os define.
Gastando 2 marcadores de Convicção, você pode
dar uma suscetibilidade, alergia, aversão ou qualquer
outra limitação a um Monstro. Chamamos isso
Fraqueza.
Isso deve ocorrer enquanto, ou depois, de a
criança interagir com o Monstro de alguma forma,
seja em combate ou sendo perseguida. Algo deve
ter acontecido para que a fraqueza faça sentido.
Geralmente esses efeitos são mais interessantes
quando criados no calor do momento, e não em
algum outro momento calmo, tomando leitinho com
chocolate.
Fraquezas não podem machucar um Monstro
diretamente, mas elas podem limitar o que um
Monstro consegue ou não fazer. É um efeito bem
poderoso, mas também possui algumas limitações.
Você nunca pode criar uma fraqueza que contradiga
algum fato já estabelecido. Fraquezas não podem ser
armas superpoderosas ou muito genéricas, como
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“se o Monstro respirar ar ele morre”. Fraquezas não
têm efeito sistemático no jogo, mas na história em si.
Convicção é algo poderoso, mas funciona em escalas
menores. Exemplo: O Monstro de livros proibidos se
forma a partir dos livros em uma prateleira distante.
Ele toma forma e parte para cima das crianças.
Nesse momento, Karine tem uma ideia. Ela gasta 2
marcadores de Convicção e diz ao Moderador: –
Conforme o Monstro corre em nossa direção, ele
desvia dos feixes de luz solar que entram pelo telhado
quebrado. O que faz sentido pois a luz do sol deixa as
páginas amareladas.
O Moderador concorda com isso e adiciona a
Fraqueza à ficha do Monstro “alérgico à luz solar”.
Destruindo um Monstro
Um Monstro pode recuperar-se de qualquer
castigo físico. Claro, descer a porrada neles, dar tapa
na cara, dedo no olho, chute na barriga, tudo isso
pode ensinar-lhes uma lição e botá-los para correr,
mas eles vão se recuperar e voltar sem dúvida. Para
destruir um Monstro de vez, você precisa destruir a
essência do seu poder, o que o faz ser assustador: seu
Terror.
Terror é a virtude mais importante de um
Monstro. Não é tão diferente de Convicção para
uma criança. Terror dá ao Monstro alguns Trecos,
assim como ter Convicção dá Trecos às crianças,
mas também serve como um medidor de poder para
o Monstro. No entanto, em vez de vigor físico, ele é
mais importante e poderoso para os Monstros. Tão
importante, que só Convicção pode acabar com ele.
Para destruir um Monstro é necessário
primeiro destruir seus Trecos. Somente após isso, o
Terror de um Monstro será afetado. Quando o Terror
do Monstro acabar, ele deixa de existir. Pra sempre.
Para destruir um Monstro, gaste um marcador
e diga em voz alta: “Vou ter Convicção para atacar
esse Monstro”, ou algo que melhor se encaixe naquela
cena para aquele personagem em particular. Mas
garanta que o MJ entendeu o que está fazendo. Essa
ação só pode ser feita a partir de um ataque físico
(seja com Brigar, com um Ritual ou Treco). Ou seja,
é importante que os personagens com Habilidades
altas, e Convicção alta, trabalhem juntos.
Nota: O ataque não precisa causar dano ao
Monstro. Apenas ser bem-sucedido.
Se o Monstro tiver algum Treco em sua posse,
o Moderador diminui o nível desse objeto em 1. Se
o Monstro não tiver qualquer Treco, o seu nível de
Terror diminui 1 ponto (como Jogador, você não
sabe quais Trecos um Monstro tem, então não pode
escolher qual Treco ataca. Tudo o que pode fazer é
atacar o Monstro e ter Convicção).
Não há nada, NADA, que cause mais ódio em
um Monstro do que ser atacado com Convicção. Com
esse tipo de ataque, a criança está dizendo ao Monstro
quem manda ali de verdade. Atacar um Monstro com
Convicção tem consequências graves, pois o Monstro
não vai apanhar calado. Ele vai revidar e vai revidar
forte. Vai jogar terra no olho do moleque, vai chamar
reforços ou vai sair na porrada nervoso e na dentada,
sem dó. Se puder, ele foge, pois Monstros morrem,
alguns até estão acostumados com isso. Mas ser
destruído é outra história.
Nota: Trecos com níveis reduzidos ou zerados
ficam com o Monstro, não importa quantas vezes ele
volte dos mortos. Níveis de Saúde são recuperados
facilmente. O que Convicção faz aqui é destruir o mito
por trás do Monstro, o que lhe dá vida. É destruir o
medo que alimenta sua alma sombria. E isso é magia
muito poderosa. Exemplo: Bino corre até o Monstro
de livros proibidos e dá uma rasteira nele. Ele obtém
sucesso e derruba o Monstro. Sheila também entra na
luta. Ela fecha os olhos e começa a recitar os títulos
dos livros proibidos. Ela usará a sua Convicção para
atacar o Monstro, e precisa que o efeito seja mágico de
alguma forma.
Ela gasta um marcador de Convicção e
descreve sua ação, dizendo: – A cada título que eu
recito, um dos livros que faz parte do Monstro volta
para a prateleira. Tenho Convicção que vou destruí-
lo.
O MJ concorda e dá continuidade. O Monstro
ainda tem um Treco nele, que terá seu nível reduzido.
O Treco se chama “Capa dura -1 de dano”. Ao ter
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seu nível reduzido, ele deixa de fazer efeito, pois só
tinha um nível. A não ser que alguma situação muito
extraordinária aconteça, o Monstro agora tomará
dano total de todos os ataques.
O Monstro grita ao perder algumas partes de
si mesmo, ignora Bino, que está perto dele, e fixa os
olhos na garotinha.
Limites de apostas e gastos
Você só pode apostar ou gastar
marcadores para um efeito por ação (ou,
quando em combate, por turno). Você
também deve ter os marcadores em mãos
quando quiser apostá-los ou gastá-los. Não
tem como apostar algo que você não tenha
mais.
Mantendo o Bom Senso
Qualquer coisa com um nível de Terror é
considerada um Monstro, seja um anão de jardim, o
gato da vizinha com olhos esbugalhados e mancando,
um velho rabugento em uma casa velha, ou um
Monstro místico de outro planeta. Monstros usam
Terror contra crianças. Para combater esse Terror, as
crianças fazem Testes de Medo.
Testes de Medo
Os Testes de Medo são feitos quando um
Monstro está tentando assustar sua personagem ou
quando sua personagem sofre muito dano. Um Teste
de Medo não deve ser realizado em situações simples,
mas em situações realmente assustadoras. Uma falha
impede que sua personagem realize ações naquele
turno, e isso pode ter consequências graves.
Um personagem pode escolher entre as
Habilidades Pensar ou Cuidar para resistir ao medo.
Ele não precisa escolher a mesma Habilidade sempre, e,
claro, sempre existe a possibilidade de uma habilidade
não poder ser utilizada em determinadas situações, e
por isso é sempre bom ter a opção de escolher entre as
duas. Pelo sistema você pode escolher qualquer uma
delas, a diferença será apenas a maneira como você
vai descrever o que sua personagem faz para resistir
ao medo.
Usando Pensar:
Quando você usa Pensar, a criança lida com
o medo de maneira racional. Se ela obtiver sucesso
na rolagem, ela pensa: “É só um lobisomem, tudo o
que eu preciso é de uma colher de prata”. Se falhar, ela
pode gritar: “Nós vamos morrer!”
Usando Cuidar:
Quando você usa Cuidar, a criança lida com o
medo emocionalmente. Se tiver sucesso, ela talvez dê
risada nervosa do medo e fique agitada. Se ela falhar,
ela abre o berreiro e chora até soluçar.
Medo de Monstros
Um Teste de Medo é feito contra Monstros em
três situações: A primeira vez que você o vê, quando
ele muda de forma ou quando ele faz sua Coisa
Assustadora. Quando uma criança sofre muito dano,
ela também rola contra medo. Não importa qual seja
o motivo, um Teste de Medo é feito sempre da mesma
maneira. Abaixo descrevemos o quando, porque e
como fazemos um teste contra medo de Monstros.
Quando encontro um Monstro a primeira vez
Quando você encontrar um Monstro pela
primeira vez, faça um Teste de Medo. Geralmente
será a primeira vez que o ver, mas leve em conta que
alguns são invisíveis, então pode ser a primeira vez
que o ouvir, sentir o seu cheiro, sua respiração atrás
de você, ou então a primeira vez que ele entre em
contato com você.
Quando o Monstro Muda de Forma:
Alguns Monstros têm formas diferentes
(vampiros viram morcegos, lobisomens se
transformam, etc). Sempre que um Monstro muda
para uma nova forma, qualquer personagem que
presencie a mudança precisa fazer um Teste de Medo.
Quando o Monstro Faz Algo Assustador:
Monstros tem um truque que fazem, que é
tão assustador ou tão nojento, que um Teste de Medo
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precisa ser feito sempre que ele tira isso da manga.
Já que isso substitui uma ação que ele poderia tomar,
um Monstro normalmente não fará isso o tempo
todo. Mas se machucado, ou perto da morte, ele pode
recorrer a uma ação assim para assustar as crianças
e conseguir correr. Quando um Monstro faz a Coisa
Assustadora, qualquer criança observando faz um
Teste de Medo.
Teste de Medo contra Monstros:
Qualquer Teste de Medo de Monstros que
for feito usará a Habilidade Assustar (que é uma
Habilidade que os Monstros têm) mais a qualidade
“Ele é…”. Use a Habilidade Pensar ou Cuidar da
criança, adicionando qualquer Qualidade que se
aplique. Essa rolagem é feita como um Teste padrão.
Medo da Morte:
Machucar-se é algo realmente assustador,
mesmo para uma criança dura na queda. E se
machucar muito só piora as coisas. Sempre que um
personagem descer um nível de Saúde (ou seja, perder
pontos de Saúde o bastante para descer um nível de
Saúde), um Teste de Medo deve ser feito. Esse teste
previne que a criança entre em choque ao sentir na
pele o quão reais e mortais os Monstros podem ser.
Medo de Dano
Se Teste de Medo é devido ao dano, role a sua
Habilidade Pensar ou Cuidar (sempre adicionando
qualidades que se aplicam) como um Problema com
um número-alvo determinado pelos níveis de Saúde
perdidos.
O número-alvo base é médio (9). Essa é a
dificuldade da rolagem a ser realizada quando se
perde somente 1 nível de Saúde. Por exemplo, se o
personagem foi de Bem para Dolorido, ou Dolorido
para Machucado.
Se o personagem perder 2 níveis de Saúde,
por exemplo, de Bem para Machucado, ou Dolorido
para Batendo as Botas, o número-alvo será 12.
Se ele perder 3 níveis, por exemplo, e for de
Bem para Batendo as Botas, o número alvo será 15.
Esse é o único tipo de Teste de Medo que é realizado
como um Problema. Essa rolagem não é feita contra
o Monstro em si, mas contra a vontade natural de se
dobrar ou cair de dor e medo.
Passando em Testes de Medo
Se você passou no Teste de Medo, você está
bem! Você consegue continuar o curso de suas ações
sem penalidades.
Se você passar com Notas Azuis, você
ganha um bônus igual ao número de Notas Azuis
conquistadas. Portanto, se passar com 2 Notas Azuis,
a sua próxima rolagem terá um bônus de 2 pontos na
soma dos seus Dados de Sucesso. A adrenalina bate
forte e te impulsiona a seguir adiante.
Reprovando em Testes de Medo
Se falhar em seu teste, você fica paralisado
de medo. Você perde sua ação e não poderá reagir
à próxima ação do Monstro. Você está efetivamente
em choque e precisará de alguns momentos para se
recompor.
Se obtiver Notas Vermelhas na rolagem, você
também perde 1 ponto de Equilíbrio para cada Nota
Vermelha que obtiver. Exemplo: Enquanto Bino está se
esgueirando em um ferro-velho, ele chuta sem querer
uma pilha de calotas. O barulho acorda o Bebezão,
um cachorro preto enorme que guarda o lugar. Ele sai
correndo de um canto escuro, latindo e babando uma
chuva de saliva e restos de alimento (ou crianças).
O Bebezão tem Assustar 4. Esse cachorro é
ruim com força. Como é considerado um Monstro,
ele terá para rolar seu Assustar mais sua Qualidade
“É uma montanha de músculos, dentes e pelos”, que
somam um total de 7 dados. Bino rola seu Cuidar 3 e
não tem nada mais que seja útil
O MJ rola 7 dados e obtém 1, 2, 4, 4, 5, 6 e
6, somando 17. Ele rola os seis naturais novamente
e obtém 1 e 3, somando um total de 21. Esse é um
número muito, muito alto.
O Jogador de Bino rola seus 3 dados de Cuidar
e obtém 4, 4 e 6. Que somam 14 até agora. Ele joga o
6 novamente e obtém 1, para um total de 15. O que
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não é bom. Ele falhou por 6 pontos, o que significa 2
Notas Vermelhas.
Ele apaga 2 pontos de Equilíbrio de Bino.
O menino está muito assustado e começa a tremer
muito.
Não é tão ruim quanto parece…
Se sua personagem falhou em um teste de
medo, ele vai precisar de um tempo para se recompor,
mas existe uma vantagem aqui. Em sua próxima ação,
se ele apostar um marcador de Convicção, ele ganhará
2 dados extras em vez de 1.
Como toda rolagem que envolve Convicção,
o Jogador é encorajado a descrever ao grupo como o
medo pelo qual passou o ajudou a ter Convicção para
agir.
Quando você perde o Equilíbrio
Quanto mais Equilíbrio sua personagem
tiver, mais estável e centrado ele está. Mas mesmo as
crianças mais duronas podem fraquejar quando veem
aquele Monstro de 3 olhos rastejando para fora do
bueiro.
O atributo Equilíbrio está presente na ficha
de personagem. E tem um total de 10 marcadores de
Equilíbrio (divididos ao meio). Um lado tem o título
assustado, à esquerda, e o outro tem calmo, à direita.
Quando se perde pontos de Equilíbrio, você marca os
pontos perdidos da direita para a esquerda, ou seja,
você permanece calmo, mesmo que fique um pouco
mais nervoso e assustadiço. No entanto, quando você
começa a marcar pontos à esquerda (pois já perdeu
todos a direita), você fica abalado, e o medo começa a
te afetar.
Quando sua personagem chegar a 4 pontos de
Equilíbrio na ficha (marcou todos os pontos em calmo
e ao menos 1 em assustado), sua personagem não
conseguirá utilizar uma Habilidade (escolhida pelo
Moderador). Isso significa que aquela Habilidade está
“travada” e você não conseguirá utilizá-la para nada.
Se alguma situação exigir o uso dessa habilidade, o
personagem deve tentar encontrar outra Habilidade
compatível ou utilizar somente alguma Qualidade
que se aplique.
 Para cada ponto adicional de Equilíbrio
perdido pela criança, outra Qualidade será escolhida
pelo Moderador, até que a exposição contínua a
condições horripilantes a paralise, física, mental e
emocionalmente.
Assustada demais para…
Quando uma Habilidade está “travada” pelo
medo, significa que sua personagem está assustada
demais para fazer algo com ela. Você pode fazer uma
marca na esquerda da Habilidade de sua ficha para
indicar que ela está travada. Abaixo temos alguns
exemplos de Habilidades travadas.
Assustada Demais para Agir:
Sua personagem ficou bambo das pernas ou
paralisado sem conseguir se mover. Ele não consegue
correr ou se mover, abrir uma porta, levantar alto
as mãos, ou fazer qualquer ação física (com exceção
de bater e se defender, pois Brigar é sua própria
Habilidade). Ele está completamente travado.
Assustada Demais para Brigar:
Sua personagem não consegue lutar, socar,
chutar, nem se esquivar de ninguém. Ele não consegue
ter vontade suficiente para isso.
Assustada Demais para Pensar:
Sua personagem está confuso, perturbado e
incapaz de raciocinar direito. Quando tenta, as dores
de cabeça o impedem. Ele não consegue processar
informações normalmente ou ter qualquer ideia. Personagens podem levar uma sacudidela de
Assustada Demais para Falar:
Ele não consegue falar de tanto medo, só
gagueja e não consegue coordenar a fala. Qualidade aplicável, com uma dificuldade média (9).
Assustada Demais para Cuidar:
Sua personagem fica apático e perde a
capacidade de empatia. Ele pode começar a gritar
ou a culpar outras crianças pelos problemas que lhe
causaram medo (se não perdeu a capacidade de falar
também).
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Assustada Demais para Qualquer Coisa:
Você está assustado demais para fazer
qualquer coisa, todos os seus atributos estão travados
e você mal consegue chorar de tanto medo. Exemplo:
Vamos utilizar o Bino, que iniciou o conflito com 6
pontos de Equilíbrio, e o Bebezão em nosso exemplo.
A ficha ficaria assim:
Assustado Ø Ø Ø Ø Ø | Ø O O O O Calmo
Depois de perder dois pontos de Equilíbrio:
Assustado Ø Ø Ø Ø O | O O O O O Calmo
Bino fica somente com 4 pontos restantes,
ou seja, ele fica assustado demais para fazer algo. O
MJ então define que Bino está assustado demais para
Agir. Bino marca o círculo à esquerda da Habilidade.
Até que Bino ganhe pontos de Equilíbrio, ele terá que
utilizar suas outras Habilidades para resolver seus
problemas.
Se Acalmando:
Tudo o que se perde pode ser recuperado,
ficar assustado não é um caminho inevitável rumo à
loucura e à morte. Existem maneiras de se recuperar
pontos de Equilíbrio perdidos. Aqui descrevemos
como isso é possível.
Recebendo Ajuda de um Amigo:
seus amigos para sair do estado de medo com uma
rolagem de Cuidar. Para auxiliar um amigo paralisado
de medo, o Jogador deve rolar Cuidar mais qualquer
Se Afastando do Monstro:
Quando a criança não está mais na presença
ameaçadora do Monstro, tendo ele sido derrotado,
destruído, expulso ou fugido do local, ela pode
fazer uma rolagem de Pensar mais uma Qualidade
relevante, com dificuldade média (9) para se acalmar.
(Se estiver Assustada demais para pensar, ela pode
usar a Habilidade apenas para essa rolagem).
Se Acalmando:
Sua personagem pode usar uma de suas
Habilidades para recuperar o equilíbrio e se acalmar
mesmo quando na presença do Monstro. Ele pode usar
Falar (para se convencer), Pensar (para racionalizar a
situação) ou Cuidar (para controlar suas emoções).
Para usar a Habilidade assim, role a Habilidade sem
Qualidades, como um Problema difícil (12).
Recuperando Saúde e Equilíbrio
Se você perdeu pontos de Equilíbrio falhando
em Testes de Medo por dano, você pode Curar seus
pontos de Equilíbrio perdidos quando recuperar os
níveis de Saúde perdidos. O personagem rola seu
Pensar + Qualidade aplicável, contra uma dificuldade
média (9).
Recuperando Equilíbrio
Seja quais forem os métodos acima utilizados,
um sucesso recupera 1 ponto de Equilíbrio +1
ponto para cada Nota Azul recebida no teste. Um
personagem não pode aumentar seus pontos de
Equilíbrio para um total maior que seu nível inicial.
Exemplo: Vamos voltar a Bino no exemplo abaixo.
Ele perdeu um ponto de Equilíbrio do lado assustado,
e com isso teve a habilidade Agir travada. Tina sobe
a escada correndo e gritando: – Corre Bino, é uma
cilada! – mas o Bino, nada…
Tina percebe logo que o Bino está paralisado
de medo, e sabendo que eles precisam fugir dali, ela
tenta acalmá-lo.
Ela diz: – Bora Bino! Eu sei que você consegue.
Vamos juntos, um passo de cada vez. Vamos! Se a
gente não correr, ele vai nos pegar!
Tina rola o seu Cuidar 4 e usa a Qualidade
“Eu falo macio”, com dificuldade 9, e consegue os
resultados 1, 1, 2, 2, 3, 4 e 6. Com dados de sucesso 3,
4 e 6, ela soma 13, e ao rolar o seis natural novamente,
consegue um 4, somando um total de 17. Um grande
sucesso, e ainda obteve 2 Notas Azuis, que recuperam
um total de 3 pontos de Equilíbrio (1 pelo sucesso e
49
+2 pelas Notas Azuis)
Bino tinha perdido somente 2 pontos, pois
seu Raciocínio inicial era 6. Então ele recupera seus
2 pontos perdidos e sua habilidade pode ser utilizada
novamente. Bino olha Tina nos olhos, recupera seu
fôlego e diz: – Bora! E os dois saem correndo.
Esse guri tem “Espírito”
Espírito é a alma imortal do sua personagem.
Não é comum alguma situação que ponha o Espírito
de uma criança em risco, no entanto, algumas magias
e Monstros podem fazê-lo.
O Que é o Espírito?
O nível de Espírito de uma criança representa
sua alma imortal e o quanto ela ainda está intacta.
Um personagem feito do zero começa com dez
pontos de Espírito. No mundo ficcional do jogo, você
pode entender o Espírito de sua personagem como
fosse a parte intangível da sua imagem. A soma de
sua consciência, moral, sexto sentido, determinação,
tudo isso em um só atributo.
Perdendo Espírito
Alguns ataques podem drenar pontos de
espírito de um personagem, listados no Capítulo V
como “dreno de espírito" (um ataque normal não
afeta o espírito de uma criança). Ataques como esses
consomem pontos de Espírito em vez de pontos de
Saúde. O atributo Espírito, assim como o Raciocínio, é
dividido em duas partes. O lado das trevas, à esquerda,
e o lado da luz, à direita. Cada um tem 5 marcadores
(bolinhas), somando um total de 10 pontos, e uma
criança pode perder até metade deles antes de sofrer
alguma penalidade.
Alguns Monstros conseguem roubar pontos
do Espirito muito rapidamente, consumindo a alma
do personagem. Nesses casos, é sempre melhor agir
o mais rápido possível.
Quando o nível de Espírito cai abaixo de 5
pontos, o personagem começa a ficar depressivo e
emocionalmente distante. Assim como Equilíbrio
“trava” habilidades, crianças que perdem muitos
pontos de espírito começam a se distanciar do mundo
real, dos amigos, das emoções, e aos poucos vão se
afundando em si mesmas, até ficarem em estado
catatônico.
Os primeiros cinco pontos não são apenas
para exposição. Na mecânica de jogo não há
consequências, mas sua personagem começa a sentir
surtos de cansaço, preguiça, apatia. Esses surtos se
intensificam a cada ponto perdido.
Entrando nas Sombras:
Cada ponto de Espírito perdido dá ao
personagem alguma penalidade em uma Habilidade.
Essas penalidades não são escolhidas pelo Moderador,
mas definidas abaixo.
Quando estou com 4 pontos de espírito: Sua
personagem fica Cruel. Ele parece não se conectar
aos seus amigos ou ao mundo à sua volta. Todas as
rolagens usando Cuidar têm um redutor de -3 dados.
Quando estou com 3 pontos de espírito: Sua
personagem fica Fraco. Ele não tem vontade de lutar
e se defender. Todas as rolagens usando Brigar têm -3
dados.
Quando estou com 2 pontos de espírito: Sua
personagem fica Cansado. Ele não quer mais sair
da cama, levantar do sofá, sair do quarto. Todas as
rolagens usando Mover têm -3 dados.
Quando estou com 1 ponto de espírito: Sua
personagem fica Apático. Ele tem muita dificuldade
em conversar ou se comunicar para além de sussurros
ou grunhidos. Todas as rolagens usando Falar têm -3
dados.
Quando estou com 0 pontos de espírito: Sua
personagem fica Confuso. Ele está se fechando em
pensamentos e fica muito próximo a um estado de
catatonia. Todas as rolagens de Pensar têm -3 dados.
Todas essas penalidades se somam. Então
quanto mais Espírito o personagem perde, mais
Habilidades são afetadas.
Recuperando Espírito
Todo personagem pode recuperar pontos de
Espírito e revigorar sua alma, seja se reconectando
50
consigo mesmo ou recebendo ajuda de amigos.
Um Amigo Cuidadoso:
Como acontece com Equilíbrio, um amigo
pode levantar o seu ânimo e te ajudar a recuperar
pontos de Espírito. Para isso, ele deve rolar Cuidar
+ Qualidade que se aplique, contra uma dificuldade
12. Em caso de sucesso, somente 1 ponto de Espírito
é recuperado (não importa se obteve Notas Azuis).
Esse tipo de ação pode ser realizado somente uma vez
por sessão de jogo, para Cuidar de um amigo com
Espírito quebrado.
Tirando um Tempo para Mim:
Um personagem pode tentar recuperar
pontos de Espírito fazendo uma rolagem como
um Problema. Ele deve rolar Cuidar + Qualidade
relevante, contra uma dificuldade 12. Aqui as mesmas
regras se aplicam, e somente 1 ponto de Espírito pode
ser recuperado dessa maneira por sessão. Os redutores
aqui se aplicam normalmente, ou seja, quando uma
criança está Cruel, porque perdeu pontos de espírito,
ela tem -3 dados em Cuidar.
Interpretando uma personagem
Murcha (sem Espírito)
Não é legal que sua personagem fique
sentado chorando a sessão inteira. E você
também não quer ser um peso para seus
amigos. Logo, é sempre aconselhável que
você interprete as perdas de Espírito para
que seus amigos, durante o jogo, comecem
a agir e te ajudar a recuperar os pontos
perdidos antes que a coisa fique feia.
E essas são as regras!
Sempre que você tiver dúvidas sobre a
estrutura do jogo, como as rolagens funcionam, ou
quando deve aplicar uma regra ou outra, volte a este
capítulo. Não esperamos que você se lembre de tudo
o que leu aqui. O objetivo aqui é te dar uma ideia
geral sobre as regras, e depois de um tempo, quando
necessário, você pode aprofundá-las quando todo o
sistema estiver um pouco mais familiar e acessível ao
grupo.
Mas por agora, vamos criar alguns
personagens.
 MEDO DE CRESCER

Na sala de aula, normalmente há aquela pessoa que a professora sempre chama primeiro, não
importa o que aconteça:
- E você, Suzana?
Os olhos da menina brilham por ter sido chamada, claro, e sorri. Ela levanta da cadeira e começa
a falar para a sala toda.
- Puxa-saco - resmunga um menino perto de Tiago, que dá de ombros com o comentário.
- Quando crescer - fala Suzana de modo ensaiado - eu quero ser médica. Minha tia Gretchen estava
muito doente, e eu não posso deixar de ajudar pessoas depois de vê-la assim.
O menino resmungão revira os olhos e balança a cabeça em descontentamento. Ele se incomoda
porque Suzana é sempre a queridinha, a primeira a responder, sempre levanta a mão primeiro. De repente a
professora olha para ele…
- Daniel? E você?
O garoto congela, endireita-se na cadeira e responde: - Eu não sei…
- Bom, pense a respeito, do que você gosta? - diz a professora.
Daniel balança a cabeça dizendo: - Eu não sei.
- Tá bom - diz a professora. - Vai pensando e eu retorno a você daqui a pouco.
A tia Penélope olha para a classe novamente, procurando alguém. Tiago olha para janela, na
esperança de que, se não trocassem olhares, ela não o chamaria.
- E você, Tiago? O que você quer ser quando crescer? - pergunta a professora gentilmente e com um
sorriso doce, que somente muitos anos de trabalho com crianças consegue expressar.
Tiago se ajeita na cadeira, meio desconfortável, observando o rosto das outras crianças. O Beto quer
ser policial, a Madalena sonha em ser skatista. A Marcela diz que quer ser presidente. O Tiago morde os
lábios, evitando dizer algo.
- Tiago? - A professora pergunta olhando pra ele por cima dos óculos.
Um menino na terceira fila começa a rir, iniciando a corrente de risadinhas abafadas do resto da
turma.
Tiago olha para baixo e diz bem baixinho…
- Eu sei lá… Eu realmente não quero crescer.

51
De volta à infância
52
PARTE 1:
Segunda infância
Little Fears - Edição Pesadelo é um jogo
que lida com terrores infantis. Aqui os Jogadores
interpretam personagens crianças, com idades entre 6
e 12 anos de idade. Esses personagens podem começar
o jogo como crianças inocentes, mas com o passar
do tempo, elas descobrem que Monstros existem e
começam a enfrentá-los. Elas vão enfrentar lençóis
horripilantes, que soam como fantasmas, homens-
lobos, que podem triturar ossos com garras capazes
de rasgar você ao meio, a mulher de branco, que quer
te levar ao cemitério onde ela vive, e todas as outras
criaturas que você já imaginou quando era criança.
Durante o jogo, seus personagens vão enfrentar
e destruir esses Monstros, seja por esperteza, sorte
absurda, ou sua Convicção inocente. Esses Monstros
são cruéis, agressivos e inteligentes, e seus personagens
podem nem sempre vencer. Alguns desses Monstros
nascem de lendas, mitos, de contos da carochinha ou
das histórias de terror que contamos aos primos para
assustá-los. Não importa a origem da história, todos
os Monstros nascem de uma única força primordial:
nosso medo coletivo.
Desde seu início, as pessoas temem as
sombras e os demônios que existem nos confins da
mente humana, horrores terríveis demais para serem
nomeados e um medo ancestral de que se tornem
realidade. Neste jogo, esses horrores são verdadeiros,
e os personagens irão enfrentá-los. Esses Monstros
vivem em um lugar chamado Armariolândia, um
lugar em que tudo o que adultos e crianças temem
existe. Um reino onde medos e pesadelos estão vivos
e são muito reais.
Esses Monstros rastejam para o nosso mundo
em busca de muitas coisas. Alguns querem apenas
fazer parte de jogos sádicos. Outros procuram por
brinquedos e bugigangas que perderam aqui há
séculos, e estão desesperados por achá-los. Outros
só querem jantar crianças ou capturá-las para fazer
geleia. Eles podem assumir várias formas, algumas
53
monstruosas, outras normais.
Mas todos estão aqui por causa do nosso
medo, e é só quando removemos esse medo que eles
podem ser destruídos para sempre.
Não se Preocupe com Coisas
Pequenas
Desde a primeira versão de Little Fears,
outros jogos sobre crianças protagonizando aventuras
apareceram no mercado, então é bem provável que
você tenha jogado algum deles (e talvez até a versão
original do Little Fears).
Mas se você nunca jogou, a ideia de interpretar
corretamente uma criança, enfrentando Monstros
terríveis e desconhecidos, pode parecer desafiadora.
Será que meu personagem de 8 anos parece ter 12?
Meu personagem de 10 anos está bobão demais? Meu
personagem de 6 anos é muito esperto para a idade
dele?
Não se preocupe com nada disso.
Crianças são muito mais inteligentes do que
os adultos querem reconhecer. Crianças podem ser
limitadas no vocabulário e na experiência, mas uma
olhada em seus olhos pode te dizer que suas cabecinhas
ali estão a mil por hora. Interprete sua personagem
da maneira que você achar mais interessante, seja ele
heroico, tolo, desastrado ou mesmo um gênio, e tudo
está bem.
Se você realmente tem entre 6 e 12 anos, e está
jogando, você sabe o que quero dizer e o quanto seus
pensamentos são complexos e sem limites.
Todos os personagens neste jogo estão em
idade escolar, desde o jardim até os últimos anos
do ensino fundamental (sétima ou oitava série no
Brasil). Se você conhece alguma criança nessa idade,
é bem provável que saiba o quão curiosas, precoces e
espertas elas podem ser. Todos os personagens têm
conhecimento básico da língua nativa de onde vivem
(apesar de, às vezes, bombarem em gramática ou
em divisão de sílabas – mas muitos adultos também
erram). A maioria pode ler, embora seu vocabulário
esteja começando a se desenvolver (presume-se que
todos os personagens sejam alfabetizados, a menos
que você decida o contrário para sua personagem.
Todas as crianças têm uma inclinação natural a
desobedecer às regras, o que normalmente os levará
a aventuras (que podem acarretar pais raivosos e
longos castigos).
Claro, não importa o quão inteligentes e
precoces sejam as crianças, elas ainda são limitadas
pelo fato de serem crianças. Elas têm hora de dormir
e dever de casa para fazer. Elas têm que lidar com
sentimentos confusos, não entendem porque aquela
menina puxou seu cabelo e lidam com os valentões
da escola. Elas têm que viver em um mundo inteiro
construído para pessoas muito mais velhas que elas.
Esse mundo nem sempre faz sentido e, na maioria
das vezes, elas estão simplesmente seguindo as regras
do mundo adulto, esperando que não sejam deixadas
para trás.
Considerando que crianças têm somente uma
compreensão fundamental (trocadilho com ensino
fundamental é mera coincidência) de matemática,
ciências, geografia, história, literatura e o mundo ao
seu redor, assim como personalidades complexas,
você tem tudo que precisa para criar um personagem
dentro do jogo.
Este capítulo pretende te ajudar a organizar
as ideias e criar um personagem jogável que seja
divertido, além de um bom protagonista na aventura.
Onde me inspirar?
Existem várias inspirações de personagens
à sua volta. Muitas séries de TV têm personagens
crianças (como Dois homens e meio, com um pré-
adolescente saidinho), e existem numerosos filmes
que também se propõe a protagonizar crianças,
muitos dos quais têm a temática idêntica ao de Little
Fears – Edição Pesadelo.
Filmes clássicos como Os Goonies, Deu a louca
nos Monstros e o Exorcista, juntamente com O Anjo
Malvado disponibilizam uma série de protagonistas
da idade certa para o jogo. Mais recentemente, filmes,
como Desventuras em Série, As Crônicas de Nárnia,
A Casa Monstro, Zathura - Uma Aventura Espacial
e Os Mensageiros também são ótimas fontes de
54
inspiração. Filmes fora do gênero de terror/fantasia,
como o Expresso Polar, A pequena miss Sunshine,
Conta Comigo e claro, os filmes e a série live-action
da Turma da Mônica ou do Menino Maluquinho
também acrescentam inspiração para personagens de
Little Fears.
Na TV, você encontra episódios de séries
antigas, como Clube do Terror, Sítio do Pica-pau
Amarelo, O Pequeno Scooby-Doo, Goosebumps:
Monstros e Arrepios e Castelo Ratimbum, que são
uma grande inspiração para personagens em Little
Fears – Edição Pesadelo (e inspiração para cenários
também); e séries que são sucesso absoluto, como
Stranger Things.
Nós listamos filmes e programas de televisão
como referência porque eles trazem exemplos claros
de personagens. Ali você vê uma personagem como
um todo, suas manias, como ele fala, qual a aparência
dele, etc. É fácil assistir a filmes e séries, e encontrar
pelo menos um personagem que você ache legal,
e queira usar como fonte de inspiração de alguma
forma. Claro, também existem uma infinidade de
fontes literárias, especialmente terror, como Os Sete,
de André Vianco, ou Os Livros da Magia, de Neil
Gaiman.
Não importa onde você encontre a inspiração
para a sua personagem, pegue uma ficha de
personagem, e vamos começar a fazer sua criança.
PARTE 2:
Esse moleque tem personalidade
Criar uma personagem em Little Fears –
Edição Pesadelo é algo mais do que definir um monte
de números e estatísticas para o jogo. É também
escolher as motivações e objetivos que movem sua
personagem durante o jogo, é começar a história da
sua personagem.
O primeiro passo criará a história básica para
a sua personagem; o segundo passo será aprofundar
e finalizar as suas estatísticas; o terceiro e último será
construir o mundo em torno dele.
Personagens em Little Fears – Edição Pesadelo
são complexos, profundos, e são melhor concebidos
em grupos, ou seja, quando todos os Jogadores se
juntam para criá-los. Nesse momento é possível
estabelecer relações, históricos em conjunto, quem
conhece quem, e quais crianças dividem Monstros em
comum e cenários de terror a serem desvendados. Os
personagens não precisam ser amigos e se gostarem,
mas devem todos existir no mesmo ambiente (bairro,
escola, etc), o personagem novo pode ser um primo
distante, que veio visitar o grupo. Personagens devem
ser coerentes e, sobretudo, cooperativos com os outros
Jogadores.
Agora que estamos cientes desses detalhes,
vamos montar uma personagem. Exemplo: À
medida que passamos por cada etapa da criação do
personagem, uma nova Jogadora, Angela, criará um
personagem para ajudar a ilustrar o que acabamos
de discutir e fornecer uma visão prática de como
funciona o sistema de criação de personagens.
Uma andorinha só não faz verão
Criar personagens ao lado das pessoas com
quem você vai jogar é realmente a melhor maneira
de começar essa jornada. Nada melhor constrói
camaradagem e uma base sólida de amizade e grupo
do que uma sessão compartilhada de criação de
personagens, onde as pessoas falam livremente sobre
que tipo de personagens elas querem criar e que tipos
55
de histórias e aventuras elas querem ver.
Os Jogadores devem falar sobre como cada
personagem se conhece, e criar uma história que os
una a todos. Isso economiza tempo para estabelecer,
como e o porquê das personagens se conhecerem
durante o jogo, e os ajudar a encontrar seu caminho.
Acho esse um conselho inestimável, especialmente
para Jogadores iniciantes e novos grupos.
Esse sou Eu
Antes de fazer qualquer outra coisa, você
criará o conceito da sua personagem. Isto ajudará a
definir todas as outras decisões que você for tomar
sobre sua personagem. Então escolha um conceito que
te empolgue, algo com alguma diversão e jogabilidade
rápida. Depois de definir isso, as próximas quatro
coisas que você precisa decidir sobre sua personagem
são: nome, idade, sexo e data de nascimento.
Conceito
Todo personagem começa com um conceito:
Uma descrição simples, mas carinhosa da sua
personagem. Conceitos são universais, são tipos de
personagens que vemos nos filmes e séries o tempo
todo. Além de ser a base para as suas personagens,
o conceito também será a sua primeira “Qualidade”,
mas veremos mais sobre isso depois. Abaixo temos
alguns exemplos de conceitos para ilustrar, mas
esses não são de longe os únicos possíveis. Sinta-se à
vontade para criar conceitos novos e levá-los para o
grupo conhecer e ajudar a lapidá-los.
Vaqueiro
Essa criança cresceu em uma fazenda, ao
redor de animais grandes. Ela sabe manusear um
laço, ordenhar uma vaca, cavalgar, manobrar o gado,
e talvez até manusear uma arma. Um vaqueiro sabe
lidar com tarefas de fazenda.
Atlética
Esse é o tipo de criança que adora futebol,
queimada, basquete. Ela está sempre envolvida
nos Jogos Internos e é conhecida como o terror
das quadras. Aulas de educação física são as suas
aulas preferidas, e quando os times se formam, os
treinadores a querem como titular.
Precoce
Faz o tipo maduro demais para a sua idade.
Detesta ser tratado como “nenê”, e não ouse chamá-
lo de criança. Ele acaba se isolando um pouco das
outras crianças, que ainda fazem coisas de criança.
A paciência para brincadeiras acabou há tempos.
Infelizmente ele também não tem muito sucesso no
mundo dos adultos.
“Chefe do bando”
Esse é o cabeça por trás dos planos infalíveis,
o centro do grupo (e nem troca letras quando fala).
As crianças menores querem ser como ele, as crianças
maiores o protegem pois ele consegue as coisas legais
para eles. A turma é dele! Como líder, seu charme
conquista as crianças, mas também alguma suspeita
dos adultos. Ele geralmente se safa, pois encanta até
os mais velhos com seu sorriso e seus argumentos
pontuais.
Nerd/Geek/Gamer
Esse é o tipo de criança louca por estudar,
assistir animes, ler livros de fantasia, jogar videogames
e/ou RPGs. Ele usa orelhas de elfo, ou pantufas de
dinossauro. Ele faz cosplay de animes e vive recitando
falas famosas de animes, obras de ficção ou filmes de
fantasia. Ele é fã e não tem medo de demonstrar isso.
Deslocada
Esta é a criança que tem dificuldade em se
socializar. Existe algo nela que a faz se sentir e ser
diferente: talvez ela seja a irmã mais nova tentando
sair com a turma da irmã mais velha, ou é o garoto
desajeitado que sempre conta histórias nojentas, tem
alguma necessidade especial ou fala sozinho em uma
língua própria no fundo da classe.
Princesa
Esta é a bonequinha do papai, que usa as
roupas mais legais, tudo combinando, já se maquila
56
sozinha, fala sobre meninos e moda em geral. Sabe
tudo o que sua irmã mais velha está fazendo e como
ela está com ciúmes por ela ir com seu primo a
Orlando nas férias.
Tímida
Este é o garoto introspectivo e tímido, que
guarda tudo para si mesmo. Ele provavelmente vai
bem em todas as matérias, mas não se destaca para
não chamar a atenção. Não pratica esportes no recreio
(pois prefere ler). Sua atitude quase sempre levanta
rumores sobre ele ou sua família, os quais são às vezes
piadas inofensivas, mas outras vezes são acusações
maldosas e desagradáveis.
Encrenqueiro
Este é o terror do recreio. É o tipo de garoto que
sempre está envolvido nas bagunças, principalmente
nas destrutivas. Ele se tornou a referência quando o
professor suspeita de alguém. Se algo pega fogo, ele é
o primeiro a ser questionado, ainda que às vezes seja
inocente. Toda essa suspeita o deixou bem preparado
para escapar de situações em que ele é o acusado
principal do crime.
Caxias
Este é o garoto que sempre complica as
avaliações. Ele é muito fora da curva no quesito
inteligência. Ele sempre tira nota 10 na feira
de ciências e sempre ganha as competições de
matemática, soletração e física e química. Ele é
muito inteligente, o que é útil, na maioria das vezes,
mas também, provavelmente, um pouco solitário, o
que pode incentivá-lo a juntar-se à turma. Exemplo:
A Ângela está criando sua primeira personagem
de Little Fears - Edição Pesadelo. Como seu filme
favorito é O Clube dos Cinco, ela decide que quer
basear sua personagem na Allison Reynolds, a
menina gótica que está sempre de preto, interpretada
pela atriz Ally Sheedy. As crianças do filme são um
pouco mais velhas do que os personagens deste jogo,
mas o arquétipo que Allison encarna realmente não
depende da idade. Ângela escolhe “Tímido” como
conceito para sua personagem, e a constrói a partir e mentalmente capazes elas são. Quanto mais jovem o
daí. garoto, mais ele pode usar a Convicção.
Mas aqui falamos somente sobre o sistema.
Nome Socialmente, há um mundo enorme entre uma
O nome da sua personagem é como ela é criança de seis e outra de doze anos. Uma criança de
chamada por outras crianças (seus amigos, ao menos). seis anos está no jardim de infância ou na primeira
Pode ser um apelido ou o nome que está na certidão série, e ainda está se adaptando ao ambiente social da
de nascimento, a escolha é sua. escola e aos rigores da vida escolar. Uma criança de
Se você está com dificuldades em escolher doze anos é socialmente mais madura, já quase no fim
um nome, há muitos recursos on-line que possuem do primeiro grau escolar e rumo ao ensino médio.
bancos de dados enormes com nomes. Fazendo Socialmente, as crianças de doze anos estão à
uma pesquisa on-line, você pode encontrar nomes beira da adolescência, e sofrem as pressões que vêm
com base em etnia ou região geográfica, nomes mais junto disso (especialmente se elas têm contato com
comuns em cidades, se você quiser investir um pouco crianças mais velhas). As pressões em uma criança de
mais nesse detalhe. seis anos são bem menores, e geralmente envolvem
coisas simples e desafios da turma da rua. Uma
Idade criança de seis anos provavelmente não tem muito
A idade da sua personagem é muito em comum com uma de doze, mas os eventos que vão
importante e determina seus pontos de Habilidade e acontecer durante o jogo, e os relacionamentos que os
sua “Convicção” inicial. Todas as personagens iniciais Jogadores criam, podem aproximá-los facilmente.
de Little Fears - Edição Pesadelo, tem entre 6 e 12 anos. Na criação de personagens, todos devem ter
Há uma grande diferença de desenvolvimento entre em mente as idades de sua personagem. É bom ter
eles, portanto, escolha sua idade cuidadosamente. uma mistura, como um casal entre 6 e 8 anos e um
A criança de seis anos não será tão desenvolvida
fisicamente quanto a de doze anos, ou seja, ela não
será tão alta, tão forte ou atlética. Essa criança não
terá um nível amplo de experiência ou
exposição em relação a filmes,
música, cultura, literatura e
política como um todo.
Mas, quanto mais jovem o
personagem for, mais “inocente” ele
será, e, portanto, mais capaz de usar
a Magia da Convicção (um poder místico usado
pelas crianças do jogo para combater os Monstros).
Já uma criança de doze anos é mais apta física
e mentalmente, mas a habilidade de ver e lutar contra
os Monstros, pelo menos quando se trata de
destruí-los permanentemente, está
desaparecendo rapidamente.
Todas as outras idades ficam
em algum lugar nessa linha. Quanto
mais velha a criança, mais física

57
casal entre 10 e 12, talvez com 9 e 10 anos na mistura.
Quanto mais diversificado o grupo, na minha
experiência, mais interessantes e dramáticas as coisas
se tornam.
Se vocês optarem por uma mistura muito
variada, é importante considerar por que estão todos
juntos. Normalmente uma criança de 12 e uma
criança de 6 não vão sair juntas sem um bom motivo.
A dança das idades
As idades dos personagens podem
naturalmente distorcer o tom e o humor do jogo, para
mais pesado ou mais leve. Um grupo de crianças de 6
anos testemunhando um horror diabólico é diferente
de um bando de crianças de 12 anos vendo a mesma
coisa. A outra consideração é: Qual será a força dos
personagens? Com todos personagens mais jovens,
você tem menos Habilidade, e mais Convicção
(ou seja, mais magia à sua disposição). Com todos
mais velhos, você ganha menos Convicção, e mais
Habilidade (ou seja, tem um foco maior em resolver
as coisas através da razão e da força). Um grupo de
personagens de idades mistas alcança um meio termo
entre os dois. Nenhuma dessas maneiras está certa
ou errada. Façam o que acharem melhor para o seu
grupo e para as histórias que vocês queiram contar.
Menino ou Menina
No que diz respeito ao sistema de jogo, não
há diferença entre jogar de menino ou menina. Você
decide o gênero da sua personagem com base em
qualquer conceito que você acha que vai fazer um
personagem interessante. Anote na sua ficha a opção
escolhida.
Aniversário
Finalmente, você decide qual o aniversário
da sua personagem. Você deve definir dia, mês, e
pode também definir o ano de seu nascimento se
for importante para o Moderador. Exemplo: Ângela
decide que o nome da sua personagem será Rebeca
Maria, mas todo mundo a chama de “Beca”. Beca
é uma menina de 8 anos, e seu aniversário é 21 de
58
dezembro (Ângela gosta da ideia de representar a
angústia de ganhar um só presente de aniversário e
natal).
Na ficha de personagem fica assim:
Meu nome é Beca. Eu sou uma menina de 8
anos. Meu aniversário é no dia 21 de dezembro.
Habilidades e Traços
As Habilidades são o núcleo da sua
personagem. Há cinco delas neste jogo: Agir, Brigar,
Pensar, Falar e Cuidar. Juntas, elas formam o esqueleto
da sua personagem, de acordo com o sistema do jogo.
Você atribui pontos a cada uma dessas Habilidades, e
seu número de pontos é determinado pela idade da
sua personagem. Na ficha de personagem, eles estão
no topo, à esquerda. Cada Habilidade começa no Nível
1, e você ganha um número de pontos para aumentar
esses níveis igual à Idade da sua personagem. Um
ponto compra um Nível. As Habilidades têm Níveis
de 1 a 6. Um número mais alto significa que o
personagem é melhor naquela Habilidade.
As Cinco Habilidades também
conhecidas como “Os Verbos”
Aqui está a descrição para cada uma das 5
Habilidades e alguns exemplos de quando e como
elas são utilizadas.
Agir:
Esta Habilidade cobre qualquer coisa
relacionada a esportes, truques de mágica,
flexibilidade, destreza manual ou velocidade. Use
essa Habilidade quando o personagem quiser fazer
o truque da moeda atrás da orelha, pegar alguém
no pique-pega, fazer manobras iradas de skate, ou
simplesmente correr bem depressa (às vezes de algo
com presas).
Brigar:
Esta Habilidade envolve tudo o que não
pode ser dito com palavras, mas pode ser dito com
os punhos. Ela abrange socos, chutes na barriga,
mordidas, puxões de cabelo, tapa na cara, golpes
baixos ou pauladas. Também é utilizada para feitos de
força (como levantar uma grande pedra) e qualquer
coisa que envolva uma arma (mesmo uma arma de
longo alcance, ou esportiva).
Pensar:
Essa Habilidade cobre qualquer coisa que
envolva inteligência, percepção ou memória. Seja
fazendo uma pesquisa para um trabalho da escola,
tentando descobrir a combinação de um cadeado,
forjando a assinatura dos pais, ou lembrando quem
estava lutando contra quem na Guerra do Paraguai,
essa é a Habilidade que usará.
Falar:
Esta Habilidade envolve qualquer situação
relacionada à fala. Quando sua personagem precisa
blefar para conseguir entrar, enganar para conseguir
sair, entregar um trabalho depois do prazo, motivar
seus amigos a seguirem fazendo a coisa certa, contar
uma história realmente assustadora na festa do pijama
com seus amigos da escola, ou mesmo simplesmente
mentir, essa é a Habilidade.
Cuidar:
Esta é a Habilidade que lida com a empatia em
relação a todos os seres vivos (ou vivos o bastante para
contar como vivos). Qualquer situação que envolva
a conexão emocional entre dois seres vivos usa essa
Habilidade. Ela também pode ser usada em situações
que envolvam um objeto de que a criança gosta muito,
com a qual tenha uma forte conexão (como com seus
Trecos): uma camiseta do seu time (ou do seus pais),
uma boneca, um cobertorzinho.
Exemplo: Como Beca tem 8 anos, Ângela
ganha 8 pontos para aumentar suas Habilidades
(com cada Habilidade começando em 1). Como
uma criança Tímida, Ângela acha que Beca não é tão
atlética, mas ela é bem durona e passa muito tempo
estudando e lendo. Ângela adiciona 1 em Agir, 2 em
Brigar, 2 em Pensar, 1 em Falar e 2 em Cuidar.
No final, Beca tem Agir 2, Brigar 3, Pensar 3,
59
Falar 2 e Cuidar 3.
Beca não é tão ágil ou eloquente, mas ela pode
brigar, é muito inteligente e se importa bastante com
seus amigos (embora ela provavelmente não consiga
demonstrar muitas dessas coisas, dada sua natureza
Tímida).
Todos que tem coisas boas, tem coisas ruins
também.
As cinco Habilidades, e os níveis que você
coloca nelas, fornecem uma visão geral e básica do
que sua personagem pode ou não fazer. Mas existem
exceções para cada regra. Uma criança que é um
orador eloquente, pode nunca ser capaz de dizer
“não” à sua avó. Um atleta pode ser bom em todos
os esportes, exceto hóquei. O garoto mais inteligente
da classe pode não saber nada sobre como consertar
uma bicicleta. Neste jogo, representamos essas
características como Traços Bons e Traços Ruins
Na ficha de personagem, você notará o
seguinte:
Bom: Consigo ________ bem quando ___________.
Ruim: É difícil _______ quando ________________.
Estes são os Traços Bons e Ruins da sua
personagem, e ajudam a torná-lo alguém mais real,
com peculiaridades e habilidades, tanto contraditórias
quanto verdadeiras.
Seu Traço Bom
Esta é uma situação em que sua personagem
brilha em uma área que geralmente ele não é muito
bom. É a única área em que ele é esperto, ou a única
atividade física em que ele é bom, é o momento em
que ele consegue se levantar e continuar lutando.
Escreva no primeiro espaço em branco uma
das suas duas Habilidades com o valor mais baixo.
Na segunda parte em branco, você deve escrever uma
situação, caso, ambiente ou condição em que sua
personagem é boa nessa Habilidade.
Seu Traço Ruim
Esta é a outra face do seu Traço Bom. É a
situação em que sua personagem, mesmo habilidoso,
tem problemas. Muitas pessoas inteligentes não
sabem soletrar. Um Jogador de futebol pode não
saber dançar.
Na primeira parte em branco da linha, escreva
uma de suas duas maiores Habilidades. Na segunda
parte em branco da linha, anote uma situação,
ambiente, caso ou condição em que essa Habilidade
não seja boa.
Nota: A situação das Características acima
não precisa ser extremamente detalhada, mas deve
ser uma condição que:
a) possa realmente surgir durante o jogo;
b) não seja algo extremamente comum ou
sem sentido.
Se você precisar de ajuda ou quiser ideias,
listamos abaixo algumas condições (boas e ruins):
Agir
Consigo Agir bem quando estou com medo.
Consigo Agir bem quando sei onde estou.
Consigo Agir bem quando estou correndo.
É difícil Agir quando não sei onde estou.
É difícil Agir quando manuseio pequenos objetos.
É difícil Agir quando estou com medo.
É difícil Pensar quando acabo de acordar.
É difícil Pensar quando estou distraído.
É difícil Pensar quando as pessoas estão olhando para
mim.
Falar
Consigo Falar bem quando sei do que estou
falando.
Consigo Falar bem quando uso minha língua nativa.
Consigo Falar bem quando estou confortável com o
público.
É difícil Falar quando estou nervoso.
É difícil Falar quando estou perto de garotas.
É difícil Falar quando estou na frente de uma multidão.
Cuidar
Consigo Cuidar bem quando se trata de
animais.
Consigo Cuidar bem quando um amigo está
cometendo um erro.
Consigo Cuidar bem quando alguém está ferido.
É difícil Cuidar quando estou com raiva.
É difícil Cuidar quando as pessoas me tratam mal.
É difícil Cuidar quando os outros não se importam.

Quando você não conseguir definir seus

Brigar
Traços Bons e ruins, use esses exemplos como guias.
Consigo Brigar bem quando protejo um
Em suma, procure jogar com os pontos fortes do sua
amigo.
personagem e tente evitar suas fraquezas (ou use-as
Consigo Brigar bem quando a pessoa é menor que eu.
para um efeito dramático, quando puder). Exemplo:
Consigo Brigar bem quando é contra um Monstro.
Ângela decide que, embora Beca não seja maratonista,
É difícil Brigar quando eles são maiores que eu.
ela pode correr muito quando é uma questão de vida
É difícil Brigar quando estou em desvantagem.
ou morte. Então Ângela escreve o seguinte Traço
É difícil Brigar quando estou batendo as botas.
Bom para Beca: “Consigo Agir bem quando estou
sendo perseguida”. Para o Traço Ruim, ela decide
Pensar
que, embora Beca seja inteligente, ela é muito tímida
Consigo Pensar bem quando tenho tempo
(a raiz de sua natureza tímida), então ela escreve: “É
para me concentrar.
difícil Pensar quando as pessoas ao meu redor estão
Consigo Pensar bem quando se trata de matemática
falando alto”.
e ciências.
Consigo Pensar bem quando preciso resolver quebra-
cabeças.

60
PARTE 3: assusta facilmente pela maioria dos Monstros. Esse
Do que você é feito é o que importa garoto leva as coisas com calma.
Uma criança com um baixo nível de Equilíbrio
se assusta facilmente, e geralmente é bem nervosa e
preocupada. Ele é o pessimista do grupo e está sempre
Há momentos em que sua personagem será
apontando perigos em potencial, constantemente
testado além de suas Habilidades, quando os Monstros
dizendo às pessoas para “tomar cuidado”. Não é
tentarão te torcer e te virar ao avesso usando magias
preciso muito para pôr esse garoto para correr. É
estranhas ou puro terror. É nesse momento em que as
provável que uma criança com um baixo nível de
Virtudes da sua personagem entram em ação.
Equilíbrio tenha algum tipo de tique nervoso ou
hábito como roer as unhas ou bater os dentes. Esse
Convicção garoto está sempre esperando algo sair debaixo da
A Convicção da sua personagem é determinada
cama.
por sua idade. Quanto mais novo a sua personagem
É importante notar que sua personagem
for, maior a sua capacidade de transcender explicações
pode perder Equilíbrio durante o jogo (mas vamos
racionais, e maior é a sua necessidade de ser convicto.
abordar isso depois). Exemplo: Beca tem Pensar 3,
Quanto mais velho for a sua personagem, mais
então ela adiciona 4 a esse valor e obtém um 7. Essa
acostumado ele estará com a lógica, a causa racional
é sua pontuação de Equilíbrio inicial. Ângela risca
dos adultos e com a forma com que a maioria deles
7 pontos, começando da esquerda para a direita. O
pensa.
Equilíbrio de Beca fica então assim:
A Convicção da sua personagem é igual
Assustado Ø Ø Ø Ø Ø|Ø Ø O O O Calmo
a 13 menos a idade do personagem. Exemplo: A
Ângela marca os pontos com um lápis, já que
personagem de Ângela, Beca, tem 8 anos, então ela
sua personagem pode (e provavelmente vai) perder
tem uma Convicção igual a 5. Ângela escreve 5 ao
Equilíbrio (pelo menos temporariamente) durante o
lado da Convicção na ficha de personagem
jogo.

Equilíbrio Espírito
O Equilíbrio da sua personagem representa
O Espírito de sua personagem representa
seu nível geral de ansiedade ou calma, e também diz
a força da sua alma e o quanto ele está conectado a
o quão capaz ele é de resistir e se recuperar de sustos
ela. Normalmente a alma de uma criança está segura,
monstruosos ou exposição às coisas bem bizarras. O
pois não é todo dia que acontece algo que machuca
Equilíbrio é uma parte importante da sua personagem,
a alma de fato. No entanto, alguns Monstros podem
pois é esse atributo que te ajuda a enfrentar Monstros
machucá-la.
Terríveis ou o desconhecido.
Na sua ficha de personagem, o Espírito tem o
Na sua ficha de personagem, o Equilíbrio tem
seguinte formato:
esse formato:
Trevas O O O O O|O O O O O Luz
Assustado O O O O O|O O O O O Calmo
Todos os personagens começam com Espírito 10.
O nível de Equilíbrio da sua personagem é
Sabendo disso, note que todos os pontos
igual ao seu Pensar +4, podendo variar entre 5 e 10.
iniciais estão cheios até a palavra “Luz” nessa escala.
Preencha esse número de pontos da esquerda para
Se sua personagem perder pontos de Espírito, ele
a direita (a lápis, já que você pode perder pontos
pode cair para o lado “Trevas” da sua alma, o que tem
durante o jogo).
consequências drásticas (como já vimos no capítulo
Uma criança com um alto nível de Equilíbrio
anterior). Exemplo: Beca começa o jogo com a alma
é calma, serena e pode enfrentar coisas muito
totalmente intacta. Ângela marca (a lápis) todos os
assustadoras sem perder a compostura. É preciso
dez pontos.
muito susto para balançar essa criança. Ela se controla
E seu atributo Espírito fica da seguinte forma:
muito bem quando o “bicho tá pegando”, e não se
Trevas Ø Ø Ø Ø Ø|Ø Ø Ø Ø Ø Luz
61
PARTE 4:
Nem toda criança é ruim
O que define sua personagem além das
Habilidades e Virtudes são os seus dotes, talentos e
perícias. Nesse jogo, elas se agrupam formando as
Qualidades. Qualidades definem sua personagem
descrevendo seus pontos fortes e fracos, bem
como listando suas perícias mais proeminentes. As
Qualidades podem ser positivas e negativas. Vejamos
a seguir cada uma delas.
As Qualidades têm um Nível associado a elas.
Qualidades positivas variam entre +1 a +3. Quanto
maior o Nível, mais proeminente na vida da criança
ela é. As Qualidades negativas variam entre -1 a -2.
Quanto menor o número, maior é a desvantagem da
criança nessa área.
Coisas que eu gosto em mim
Qualidades positivas são coisas que sua
personagem gosta em si mesmo, ou, pelo menos, são
coisas em que ele é bom. Elas devem ser descritas
de maneira simples, como uma criança falaria. Uma
Qualidade positiva geralmente começa com “Eu
sou...” ou “Eu posso...”, mas ela também pode começar
com “Eu sei...” ou “Eu tenho...”, ou mesmo “Minha
família...” ou “Meu irmão...”, se você quiser abordar o
relacionamento de sua personagem com um membro
da família e como isso o beneficia.
Sua personagem começa com quatro ou cinco
Qualidades positivas: uma Qualidade principal com
nível +2 e duas Qualidades relacionadas à principal
com +3. Essas qualidades com nível +3 são aspectos
da qualidade principal em que o personagem é bom.
Depois que definir esse conjunto principal, você pode
escolher mais uma Qualidade com +2 ou mais duas
Qualidades com +1 em cada.
Resumo da ópera
Primeiro, uma vez escolhida sua Qualidade
principal, anote-a em sua ficha com a descrição: “Eu
62
sou...”. Essa será a linha principal que define o sua
personagem. Use o conceito que você escolheu no
início da criação do personagem, se você estiver com
problemas para escrever essa linha (Por exemplo:
“Eu sou uma Vaqueira +2”). Você também pode
tentar descrever sua personagem de uma nova forma
ou escolher algum outro aspecto do conceito que
realmente você achou mais interessante. Lembre-se
dos programas de TV, filmes e livros que você já viu
ou leu, ou veja os que foram mencionados e escolha
um conceito visto neles. Nesses exemplos, você
encontrará ótimos conceitos de personagens, sem
dúvida. Então aproveite e divirta-se nesse processo!
Depois de anotar sua Qualidade principal,
descreva duas outras Qualidades relacionadas
a ela. Normalmente a qualidade principal é um
trabalho, função no grupo ou descrição geral de sua
personagem, e as duas Qualidades sob aquela são
as perícias, habilidades ou talentos usados naquele
trabalho. Essas duas são extensões da Qualidade
principal e têm que estar relacionadas a ela. Mais
tarde, você será capaz de descrever sua personagem
além deste resumo básico.
Listamos abaixo alguns exemplos de
Qualidades principais e Qualidades relacionadas.
Sinta-se à vontade para usá-las, personalizá-las ou
criar as suas próprias.
Mais que modificadores
As Qualidades não são apenas modificadores
para o sistema do jogo. Elas ajudam os Jogadores
a descrever seus personagens e interpretá-los.
Qualidades não precisam beneficiar ou penalizar
um teste para entrar em foco no jogo. Uma criança
asmática pode ocasionalmente dar uma tragada em
seu inalador (ótima maneira de encerrar uma cena
emocionante), e um encrenqueiro naturalmente
tenderá a ações menos nobres (até mesmo trapaceiras)
mesmo que nenhum teste esteja sendo feito.
Eu sou artista
Sua personagem tem um pezinho no campo
das artes visuais ou escritas. Ele pode pintar a natureza Cavalos gostam de mim.
morta, escrever poemas, cantar belas canções ou Eu posso laçar coisas.
montar um álbum de recortes para seus pais. Meus pais tem uma fazenda.
Eu trabalho nos estábulos.
Qualidades relacionadas:
Eu desenho coisas legais. Eu sou um tampinha
Eu escrevo poemas. Essa criança é o menorzinho da turma. É o
Eu leio muito. que sai na frente nas fotos, é o escolhido para entrar
Eu crio coisas de barro. nos buracos apertados onde a bola caiu. Esse conceito
diz respeito a seu tamanho e peso.
Eu sou grandão
Essa criança é o topo da escadinha nas fotos Qualidades relacionadas:
com os primos. É sempre a maior criança em meio às Eu tenho amigos que me defendem.
outras. Nenhuma outra criança se atreve a mexer com As pessoas me subestimam.
ela. Ela não é uma valentona, mas impõe respeito só Eu entro em qualquer cantinho.
pelo tamanho. Eu sou bem chato.

Qualidades relacionadas: Eu sou muito esperto

Outras crianças têm medo de mim. Esse é o cabeça da turma. A mente por trás
Eu sou forte. de todos. Ele com certeza tem algumas áreas de
Eu sou muito alto. interesse, mas sua inteligência em geral o livra de
Minha mão é pesada. muitas enrascadas.

Eu sou divertido Qualidades relacionadas:

Essa criança é a rainha/o rei do fundão da classe. Eu sou bom em matemática.
Sempre tem uma piada pronta ou uma história para Eu venci o Soletrando.
contar nos momentos mais inoportunos (geralmente Eu sei tudo sobre geografia e geologia.
interrompendo a explicação do professor). Eu vou construir foguetes quando crescer.

Qualidades relacionadas: Outras Qualidades

Eu tenho muitos amigos. Depois de escolher suas Qualidades principais
Eu penso muito rápido. e Qualidades relacionadas, você deve escolher mais
As pessoas gostam de mim. uma ou duas Qualidades (à sua escolha). Estas não
Eu invento histórias o tempo todo. precisam estar relacionadas à sua Qualidade principal,
e é importante que não estejam, pois isso ajuda a
Eu sou vaqueira construir um personagem mais equilibrado. Pense
Essa criança cresceu em uma fazenda ou nessas Qualidades como algo que sua personagem
passou muito tempo em uma. Ela aprendeu tudo faz em seu tempo livre ou talvez até uma Qualidade
sobre a vida na fazenda, como cuidar de animais, positiva que está além seu controle (como aquela que
manuseá-los, etc. vem da família).
Nota: Abaixo listamos alguns exemplos de
Qualidades relacionadas: outras Qualidades que se encaixam nessa descrição,

63
mas nada impede que sejam utilizadas como
Qualidades principais. Nada aqui é impossível,
desde que seu grupo esteja de acordo com isso.
Por outro lado, você também pode usar qualquer
uma das Qualidades principais ou relacionadas
acima como outras Qualidades (desde que não
estejam relacionadas à Qualidade principal que você
escolheu).
Eu sou corajoso:
Sua personagem entra em situações perigosas
sem pensar. Ele ri na cara dos Monstros, encara
horrores sem pensar na morte e sempre tem ótimas
histórias de “uma vez eu encontrei o Bicho-Papão...”.
Eu sou curioso:
Sua personagem tem uma curiosidade natural
incontrolável e sempre quer decifrar quebra-cabeças,
descobrir como os brinquedos funcionam (o que o
faz desmontar tudo o que ganha) e entrar em lugares
proibidos.
Eu sou bonitinho:
Sua personagem é o “mauricinho” da escola,
tem covinhas, um sorriso que brilha ou alguma outra
característica adorável que faz com que as pessoas
gostem dele.
Eu sou o favorito da mamãe:
Pelo menos na mente da sua personagem,
ela é a favorito de seus pais, muito mais do que seus
irmãos e irmãs.
Eu sou famoso na escola:
A escola inteira, talvez até a cidade inteira,
conhece sua personagem, o que geralmente é uma
vantagem. Ele fez comerciais locais ou ganhou os
jogos esportivos do bairro, mas pode ser que seja
conhecido também por algo não tão legal, como
ter quebrado o nariz do valentão do bairro (se sua
personagem for um encrenqueiro).
64
Eu sou o preferido do professor:
Sua personagem é aquela que sempre é
chamada para ajudar a distribuir a lição de casa,
completar os problemas no quadro, e é aquela que o
professor sempre descarta quando suspeita de algum
mestre do crime na escola.
Eu construo coisas:
Sua personagem tem um talento natural para
construir coisas, seja um carrinho de controle remoto,
um castelo de cartas ou uma casa na árvore.
Eu lembro das coisas:
Sua personagem tem uma excelente memória
e sempre lembra dos fatos, números, pessoas e lugares.
Eu falo duas línguas:
Sua personagem fala duas línguas.
Considerando a idade dele, é provável que a sua
família seja bilíngue (e os membros mais velhos da
família só falam o idioma estrangeiro enquanto o
personagem aprende mais sobre o idioma local na
escola com seus amigos).
Eu nado bem:
Sua personagem “mora” na piscina e é um
nadador exemplar e rápido.
Eu conto histórias:
Sua personagem é ótima em contar histórias,
narrar contos e recitar poemas épicos com criatividade
e emoção.
Eu sei usar um computador:
Quase todas as crianças da era moderna sabem
como usar um computador, mas com essa Qualidade
a sua personagem é excepcionalmente bom nisso.
Quando o bom é ruim e o ruim é bom
Podem haver momentos em que sua
“Boa” Qualidade te atrapalhe. É bom ter uma
família rica quando você quer um brinquedo
novo ou vai à Disney, mas quando encontra
aquela turminha do bairro que detesta
garotos ricos, você pode ser o próximo
saco de pancadas se não tomar cuidado. Ser
tímido te atrapalha quando você tem que
falar com outras pessoas, como o diretor da
escola, mas sua sensibilidade pode ajudá-lo
a perceber que a Mônica não parece a mesma
(pois um Monstro roubou sua aparência e
está se passando por ela).
Coisas que eu não gosto em mim
Qualidades negativas são aspectos de si mesmo
que o personagem não gosta, que o atrapalham em
seu dia a dia, ou que, de alguma forma, agem contra
ele. Elas podem ser algo sobre o qual a criança não
tem controle, como situações familiares, por exemplo.
Elas seguem a mesma estrutura das Qualidades e
geralmente começam com “Eu não posso...”, mas você
pode expressá-las como quiser.
Aceita que dói menos, meu filho
Cada personagem começa com uma
Qualidade negativa -2 e duas Qualidades negativas
-1. Listamos abaixo algumas Qualidades negativas
como exemplo. Você pode usar qualquer uma delas
ou criar as suas próprias.
Eu tenho um nome vergonhoso:
Talvez os pais dele tenham achado fofo na
época, estavam homenageando algum familiar antigo,
queriam algo único ou não pensaram na futura
dor do filho. Sua personagem tem um nome como:
Elisabete Rabanada, Tonho Barata ou Alice Sabiá.
Seja qual for o nome, isso é uma fonte constante de
dor e humilhação.
Eu uso óculos:
Sua personagem tem uma visão muito ruim e
precisa usar lentes de contato ou óculos para enxergar
melhor.
65
Eu sou trapalhão:
Sua personagem tropeça o tempo todo e bate
a cabeça quando se levanta. Se um copo pode ser
derrubado, ele o derruba. O mindinho do pé sempre
acha a quina do pé da mesa, não importa onde ela
esteja.
Eu me meto em enrascadas:
Sua personagem tem um talento natural para a
delinquência. Ele encontra problemas (ou os cria, se
nenhum estiver disponível no momento) em qualquer
lugar, a qualquer hora.
Eu vejo gente morta:
Reais ou não, sua personagem tem flashes de
eventos horríveis, medonhos, aparições ou outras
imagens perturbadoras que parecem surgir nos
momentos mais inoportunos.
Eu sou boca suja:
Isso é o que sua mãe lhe diz, mas a criança não
tem ideia do que ela está falando. Sua personagem
não consegue controlar sua boca quando se trata de
usar palavras as mais sujas da língua portuguesa. E ele
usa todas… Sempre.
Eu me confundo muito:
Sua personagem tem problemas para processar
muitas informações ao mesmo tempo ou lidar com
instruções complexas. Ele até consegue realizar
tarefas, uma de cada vez, mas precisa de alguém para
guiá-lo.
Eu não me encaixo:
Sua personagem é solitária. Ele simplesmente
não consegue se encaixar em nenhum tipo de grupo
social.
Eu não me importo com nada:
Sua personagem está desligada do mundo e
tem dificuldade em se conectar com outras pessoas.
 Minha família é pobre:
A família da sua personagem tem dificuldades
financeiras que as famílias dos seus amigos não
tem. Ela não tem o suficiente para comprar novos
videogames ou roupas caras e da moda, o que é algo
que outras crianças não o deixam esquecer.
Eu tenho asma:
Sua personagem tem asma ou algum outro
problema respiratório que o atrapalha ao correr
ou quando faz alguma atividade física extenuante,
o que é extremamente desconfortável para ele e,
possivelmente, arriscado para sua vida.
Exemplo: Ângela revê o conceito de Beca,
“Tímida”, ao pensar em quais qualidades escolher.
Para a Qualidade principal (com +2), ela escolhe:
Eu sou uma Artista +2
Para as Qualidades relacionadas, que tem +3,
ela escolhe:
Que gosta de pinturas antigas +3
Que lê muita poesia +3
Para suas outras Qualidades, ela escolhe duas
com +1 (em vez de uma com +2):
Eu sei matemática +1
Eu falo duas línguas (espanhol) +1
Agora ela escolhe as Qualidades negativas
para Beca.
As pessoas desconfiam de mim -1
Eu sou muito tímida -1
Ângela percebe que definir essas qualidades
a ajuda a desenvolver sua personagem e conquista o
lugar de menina quietinha do grupo.
Qualidades conflitantes
Obviamente, existem Qualidades conflitantes
listadas aqui e que não fariam tanto sentido para um
personagem ter. Selecionar Qualidades se resume ao
bom-senso. Uma criança não pode ter a Qualidade
“Eu sou Grandão” e “Eu sou uma tampinha”, ou
“Tímido” e “Eu sou o palhaço da turma”. Ao construir
uma personagem, leve em consideração o conceito.
66
Isso será sempre uma boa ideia.
E se uma Qualidade contradiz uma
Habilidade?
Isso pode acontecer. Sua personagem pode ter
Brigar 2 e escolher “Eu sou Durão”. Isto pode parecer
contraditório (um garoto durão não seria bom em
brigar?), e, de certa forma, é., mas isso significa que o
comportamento ou ambiente de sua personagem está
compensando ou atrapalhando as qualidades inatas
dele. Do ponto de vista do sistema, isso significa que
você pode equilibrar sua personagem para que ele
seja razoavelmente bom no geral, mas a menos que
você tenha uma Qualidade que adicione bônus a uma
Habilidade com nível alto, sua personagem nunca
atingirá todo o seu potencial em seus talentos (como
um atleta natural que nunca tenta praticar esportes).
Saúde
Sua personagem pode receber uma certa
quantidade de Dano Físico antes de ficar ferido
demais para continuar. Chamamos isso de Saúde do
personagem.
Há quatro níveis de Saúde: Suaaave, Dolorido,
Machucado e Batendo as Botas. Cada nível tem
uma quantidade de pontos de Saúde. Esses pontos
informam quanto dano cada nível de Saúde pode
receber antes de “descer” um nível (por exemplo, de
“Suaaave” para “Dolorido”), o que acarreta alguma
penalidade. Cada nível de Saúde varia entre 5 e 10
pontos.
Sua personagem tem um número de pontos
de Saúde em cada nível igual a sua Habilidade Brigar
(ou Cuidar) +4.
Preencha essa quantidade de pontos em
cada nível de Saúde em sua ficha de personagem.
Conforme você recebe Dano, os pontos de Saúde vão
sendo removidos, e quando os pontos de um nível
acabarem, você “passa” para o nível de Saúde abaixo.
Brigar ou Cuidar?
Você escolhe qual dessas Habilidades
quer usar. A diferença é como você vê a sua
personagem. Uma criança usando Brigar +4
é fisicamente forte e pode suportar a dor.
Uma criança que use Cuidar +4 é tenaz e tem
uma grande vontade de viver.
Níveis de Saúde
Cada nível de Saúde é um indicador de como
sua personagem está se sentindo. Como cada nível é
preenchido com Dano, sua personagem se sente cada
vez pior.
Suaaave:
Neste nível, sua personagem está em sua
melhor forma. Ele pode ter levado um tombo ou dois,
e ter pequenos arranhões, mas não é nada grave.
Brigar e Cuidar em nível 3, então, numericamente
não faz diferença qual ela vai escolher, mas o que
importa é como Ângela concebeu sua personagem.
Qual Habilidade demonstra mais o interior da Beca?
É sua força física ou a força de seu caráter? Ângela
decide que, por trás dos panos, a força de Beca está
no seu caráter, na sua força de vontade, que é o que a
mantém firme no seu dia a dia. Beca tem Cuidar nível
3, que, somado com +4, resulta em 7, então Ângela
preenche 7 pontos ao lado de cada nível de Saúde.
Ângela coloca uma linha após o sétimo ponto como
marcador do limite de pontos de Saúde por nível de
Saúde. Conforme Beca recebe algum Dano e perde
pontos de Saúde, ela vai apagando pontos, da direita
para a esquerda, sabendo que seus pontos de Saúde
máximos para cada nível são 7.

Dolorido: Suaaave: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø |O O O
Neste nível, sua personagem está com dor. Dolorido: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø |O O O
Ele sente uma pontada na costela quando respira, Machucado: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø |O O O
está com a perna doendo ou um olho inchado. Não Batendo as botas: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø |O O O
importa a forma, estar nesse nível de Saúde é suficiente Beca é uma criança muito forte.
para dar uma penalidade -2 à soma total dos Dados
de Sucesso. Ao somar o resultado dos dados, subtraia
2 de seu total.

Machucado:
Neste nível, sua personagem levou uma surra
das boas. Seu corpo dói, ele está com o nariz sangrando
e tem dificuldade para ficar de pé. A penalidade total
é -4. Ao somar os dados, subtraia 4 de seu total.

Batendo as Botas:
Neste nível, sua personagem está à beira da
morte ou de uma mudança permanente (tornando-se
um personagem não-jogável). Ele vê tudo embaçado,
tudo dói, e é difícil se concentrar ou se defender. A
penalidade total é -6. Ao somar os dados, subtraia 6
de seu total.

Exemplo: Ângela pode usar Brigar ou Cuidar

para determinar seus pontos de Saúde. Beca tem

67
PARTE 5:
A confiabilidade dos Trecos
Além dos aspectos internos que compõem
sua personagem, ele também conta com Trecos, ou
seja, itens de grande importância pessoal que podem
ajudá-lo durante o jogo. A maioria dos itens normais
que sua personagem carrega e tem acesso não tem
influência direta no jogo (não há necessidade de se
preocupar se sua personagem tem roupas de frio ou
uma lanterna). Se fizer sentido, ele os tem. Aqui não
falamos de itens mundanos, mas itens com que sua
personagem tem uma conexão profunda.
Trecos
Um personagem recebe um número de pontos
igual à sua Convicção para dar efeitos aos seus Trecos
pessoais. Efeitos são bônus ou poderes puros que um
objeto pode possuir, oriundos da Convicção de sua
personagem neles. Cada Treco deve ter pelo menos
um efeito. Cada efeito tem um nível entre 1 e 3.
Vários pontos podem ser colocados em um
único efeito para potencializar o que ele faz. Qualquer
efeito que você dê a um Objeto provavelmente fará
algo como os exemplos a seguir.
Bônus em uma habilidade
Seus Trecos podem aumentar uma de suas
cinco Habilidades. Neste caso, para cada ponto que
você coloca no efeito, você ganha um bônus para
uma Habilidade específica. Você pode simplesmente
escrever Brigar +1 ou Pensar +2 como um efeito,
ou bolar algo do tipo “Minha faixa de caratê de
estimação (Brigar +1)” ou “Dá a Super Inteligência do
Sr. Fantástico (Pensar +2)”. Seja qual for a forma que
você descreve o efeito, certifique-se de que o bônus
que ele dá fique claro.
Bônus no Dano
Semelhante ao bônus acima, este é um bônus
para o Dano em vez de uma Habilidade. Um efeito
“Dano +1” ou “Meu soco derruba um boi (Dano +1)”
68
tem o mesmo significado, e adiciona +1 ao dano (+1
ponto e não +1 dado).
Penalidade na Habilidade de um
oponente
Em vez de adicionar dados a sua Habilidade,
esse efeito reduz a Habilidade de um Monstro.
Monstros têm Brigar, Agarrar, Perseguir e Assustar
como Habilidades, então, ao nomear os efeitos, deve
ficar evidente qual dessas terá a penalidade (ainda
que floreie o nome do efeito).
Penalidade no Dano de um oponente
Essencialmente, este efeito faz o Treco agir
como uma armadura. O nível deste efeito é reduzido
do total de Dano sofrido pela criança, como por
exemplo, Dano -2, reduz 2 pontos do dano total
sofrido pela criança em um ataque.
Um poder esquisito/legal
Os efeitos não precisam estar diretamente
relacionados ao sistema, ou seja, dando um bônus ou
penalidade a jogadas. É legal bolar algum efeito do
tipo “cega Monstros” ou “paralisa Monstros”. Efeitos
nesse sentido são muito legais, pois são facilmente
inteligíveis e podem ter impacto na história sem
muitos detalhes e complicações.
Misturando e combinando
Um único Treco pode ter uma mistura de
Qualidades. Uma capa de super-herói pode dar “Agir
+1” e “Dano -1”.
Esses Trecos têm um efeito no sistema, ou
seja, dão bônus e penalidades, mas como têm valor
pessoal para a sua personagem, eles têm um peso na
história também. É o que os torna especiais para a sua
personagem e únicos na história. Sua personagem
pode ter um par de tênis que lhe dão +2 em Mover, e
seu melhor amigo pode ter chinelos que dão o mesmo
bônus. Mas quando seus tênis são ativados, brotam
pequenas asas deles, as quais tornam sua personagem
mais leve que o ar. Enquanto os chinelos do seu amigo
deixam um rastro de fogo quando ele corre.
Lembre-se, você pode ter qualquer número de Trecos,
desde que tenha pontos para comprar os efeitos, e que
esses efeitos não tenham um nível maior que 3.
Exemplo: A personagem de Ângela, Beca,
tem 8 anos, então ela tem uma Convicção igual a 5.
Isso dá a ela 5 pontos para colocar efeitos em seus
Trecos.
Ângela decide dar a Beca um Colar que sua
tia lhe deu em seu sexto aniversário. Beca diz que esse
colar brilha quando Monstros estão por perto. Ela
coloca 3 pontos nele. Ela também tem uma bússola
roxa que sempre apontará para casa. Ela coloca 1
ponto nela. E por fim, ela tem um par de botas de
chuva verdes, que adora usar o tempo todo, mesmo
quando não está chovendo. Ela coloca 1 ponto nelas.
Ângela alocou os pontos aos Trecos, e agora ela
precisa transformar esses pontos em efeitos.
Ângela já decidiu que o colar brilha quando
os Monstros estão por perto, então escreve: “Brilha
quando Monstros estão perto”. Ela cria outro efeito
baseado nisso e escreve: “Pode cegar Monstros se
estiverem perto demais”. Ela precisa de mais um
69
efeito, então descreve: “Protege de Monstros”. Legal!
Isso significa que o amuleto projeta algum tipo de
campo de força que absorve Dano de Monstros.
Para sua bússola, que ela diz ser de plástico
barato, vinda em um ovo de páscoa, ela já tem o
efeito declarado e só precisa escrevê-lo claramente.
Ela escreve: “Sempre aponta para casa”. E, por fim,
as galochas (botas de chuva), ela escreve: “Nunca
escorregam”. Isso significa que ela deve ser capaz de
subir colinas lamacentas ou correr em cima de um
telhado molhado com facilidade.
Na ficha ficou assim:
Colar (a tia me deu)
Brilha quando Monstros estão perto ØOO
Pode cegar Monstros se estiverem perto demais ØOO
Protege de Monstros (Armadura +1) ØOO
Bússola Roxa
Sempre aponta para casa ØOO
Galochas Verdes
Nunca escorregam (Movimento +1) ØOO
PARTE 6: a criança não vê há muito tempo. O motivo da perda
Fale-me mais sobre você pode ser negligência da criança (esqueceu em algum
lugar), um acidente, ou, no caso de uma criatura viva,
pode ter fugido.
Nessa última etapa, não temos números,
jogadas de dados, nem pontos para alocar. Aqui Exemplo de objetos perdidos:
falaremos somente como a sua personagem é como Uma moeda mágica
criança. Pense na vida doméstica, amigos, hobbies, O binóculo do meu pai
personalidade, medos, as pressões que sofre em seu Minha coleção de figurinhas
dia a dia, como ele se comporta na escola, se brigam Meu cachorro, o Linguiça
com ele o tempo todo ou se é amado universalmente. Meu bonequinho do Tico, o esquilo
Depois de todo o trabalho de montar um personagem Meu tablet com meu diário (com tecnologia
de acordo com o sistema, você provavelmente já tem VoxLox)
uma boa ideia de quem é sua personagem. Agora é
hora de aparar as arestas. Foi especial porque...
Por que esse objeto é tão importante para a
Questionário sua personagem? O que o fez ser especial em relação
Na segunda página da ficha de personagem, há a tudo mais que a criança teve?
um questionário. As perguntas te ajudam a explorar
sua personagem um pouco mais e a consolidar quem Exemplos de resposta:
ele é em sua mente. Responda essas perguntas como Sempre voltava quando eu colocava no
se fosse sua personagem. cofrinho.
Meu pai me emprestou para explorar a
Pessoas e coisas perto de mim floresta.
O primeiro grupo de perguntas é sobre Eu tinha centenas de adesivos nele.
pessoas e lugares que sua personagem conhece. Ele era meu melhor amigo.
Foi um presente do meu irmão.
Meu melhor amigo é… Eu escrevi minha vida toda nele.
Este é alguém mais ou menos da idade da sua
personagem, que é seu melhor amigo. Pode ser outro Coisas assustadoras
personagem do Jogador, mas não precisa ser. O segundo grupo de questões lida com medos,
Monstros e o que te assusta.
O adulto em que posso confiar é…
Anote o nome e o relacionamento com a O único lugar em que os Monstros não podem
pessoa (tio, irmã, amigo, professor, etc.), alguém me pegar é…
maior de 16 anos que acredita em sua personagem, Este é o seu esconderijo secreto, uma área
não importa quão estranha seja a história, mesmo ou estrutura que não pode ser contaminada por
quando ninguém mais ouça. Monstros. Deve ser uma pequena área definível,
como um pedaço de terra nua, na floresta, não maior
Uma vez eu perdi… que uma casa.
Descreva um objeto que sua personagem
costumava amar muito, e com que tinha uma forte Respostas de exemplo:
conexão emocional, mas que foi perdido. É algo que Minha barraca de acampamento

70
 A oficina do meu pai no barracão dos fundos
A igreja da minha família
A velha caminhonete da minha mãe
A casa da minha tia
A biblioteca local
A única coisa que os Monstros não podem
tocar é…
Este é um item sagrado que pertence à sua
personagem, que os Monstros não podem roubar,
quebrar ou contaminar. Esse item nunca pode ser
um dos seus Trecos pessoais. Trecos, por si só, já são
muito poderosos para que os Monstros os toquem.
Respostas de exemplo:
Pacote de sobrevivência Hiponga Master
Meu cinto de ferramentas
Meu boné do Urubu do RJ
Minha camiseta do time de vôlei do Brasil,
autografada
Minha bicicleta da gatinha branca e fofa
Meu tênis de cano longo, preto, com estrelinha
Não chego perto…
Dê o nome de uma pessoa, lugar ou coisa deste
mundo que sua personagem acredita ser assombrado,
demoníaco, estar sob o controle ou ser propriedade
de algum Monstro.
Respostas de exemplo:
O vigia da rua...
A velhinha da casa rosa...
O ferro-velho do bairro...
A casa da esquina...
O ônibus quebrado na floresta...
A loja abandonada da esquina…
...porque…
Por que sua personagem não chega perto
dessa pessoa, lugar ou coisa? O que faz esse local/
pessoa ser tão assustador?
Respostas de exemplo:
71
...porque ele come os gatos da vizinhança.
...porque ela faz biscoitos venenosos.
...porque há um cachorro muito bravo lá.
...porque meu amigo Roberto viu um fantasma
lá.
...porque ouvimos gritos vindo de lá, à noite.
...porque a velha do 71 morreu lá.
Meu maior medo é…
O que mais assusta sua personagem? É um
Monstro? Ou é algo real? Pode ser um valentão
que o espera do lado de fora da escola, ou o que vai
acontecer com você quando seus pais finalmente se
divorciarem. Não precisa ser algo racional ou algo
que assustaria alguma outra pessoa. Os melhores
medos raramente são.
Respostas de exemplo:
Aranhas, ou qualquer coisa com pernas
demais!
Dormir e nunca mais acordar.
A árvore do lado de fora da casa dos meus
avós.
Algo ruim acontecendo com minha mãe.
Ser sequestrada, como aquela garota do jornal
das oito.
Ratos gigantes comendo meu rosto.
Um pouco sobre mim
Aqui estão algumas perguntas para definir
como sua personagem se vê.
O que eu menos gosto em mim é…
Cite uma única coisa sobre sua personagem
que ele menos gosta. Isso não precisa ser ligado a
quaisquer Qualidades negativas, Habilidades ou
Características que a personagem tenha definido
anteriormente. Pode ser qualquer coisa de que ele
tenha vergonha. Essa coisa não tem que ser racional,
mas tem que ser algo que o deixe incomodado.
Respostas de exemplo:
Tenho inveja de outras crianças.
 Às vezes sou cruel sem qualquer motivo.
Eu sou gorda e outras crianças me zoam.
Meu irmão faz graça da minha cara e eu não
consigo enfrentá-lo.
Eu destruí o casamento dos meus pais.
Eu não sou bom em esportes.
O que sempre me causa problemas é…
Este é o “fator de risco” da sua personagem.
Pode ser uma tentação, um vício, uma obsessão,
uma fraqueza que ameaça atrair a atenção de sua
personagem sempre que estiver perto dele.
Respostas de exemplo:
Faço o que os outros me mandam fazer.
Eu tenho um dente de leite amaldiçoado.
Eu falo qualquer coisa que alguém me desafiar
a fazer.
Eu tenho medo das autoridades.
Eu faço qualquer coisa, menos os deveres de
casa.
Eu gosto de coisas brilhantes.
Quando eu fico com medo, eu…
Como sua personagem reage a situações
assustadoras diz muito sobre ele. Essa é a reação do
sua personagem quando está “sem tempo para pensar,
tenho que fazer alguma coisa, lascou tudo, vou
morrer… lascou… ai, ai, ai.” Quando sua personagem
sente os Monstros perto dele no escuro, a centímetros
de agarrar sua canela, e puxá-lo para baixo da cama,
e o medo toma conta, o que sua personagem faz?
Não se preocupe com as regras, pense em algo que
sua personagem faria quando explora uma casa velha,
assustadora, e a tábua do piso range. Ou quando ele
espera na floresta fria e escura por seus amigos que já
estão chegando, e de repente ele ouve um galho seco
estalar ao longe.
Respostas de exemplo:
Estalar os dedos.
Enrolar e desenrolar um barbante no dedo.
Gritar como se não houvesse amanhã.
72
Chorar descontroladamente e pedir desculpas
por tudo de ruim que fez na vida.
Fazer xixi nas calças.
Respirar tão alto ao ponto de parecer um
cavalo esbaforido
Vamos ver como tudo isso se junta para
construir um personagem. Exemplo: Ângela examina
o Questionário e preenche o seguinte:
Minha melhor amiga é Tina Reis Fonseca.
O único adulto em quem posso confiar é meu
padrasto, Dan.
Uma vez, perdi os brincos favoritos da minha
mãe.
Eles eram especiais porque pertenciam à
minha avó que faleceu.
O único lugar que os Monstros não podem
me peg ar é o sótão da minha casa.
A única coisa que os Monstros não podem
tocar é minha cópia de Alice no país das maravilhas.
Eu não chego perto do Parque do Colibri
porque há muitas antas assustadoras lá.
Meu maior medo é ser puxada para baixo da
água.
A coisa que eu menos gosto em mim é a minha
timidez.
O que sempre me coloca em encrenca é não
escutar minha mãe.
Quando fico com medo, eu fecho os olhos e
canto o tema do meu programa favorito.
A partir dessas onze declarações, aprendemos
muito mais sobre a Beca.
Fale sobre sua família
A família da sua personagem, ou a ausência
de uma, é uma parte importante da sua vida. Vamos
imaginar como ela é e escrever um breve parágrafo
sobre sua vida doméstica. Este parágrafo deve definir
os membros da sua família (quantos irmãos e/ou
irmãs você tem – Seus pais são divorciados? Você
tem padrasto ou madrasta?), seu tipo de moradia
(Quais membros da família moram com você?
Existem outras pessoas que moram com você? Você
divide seus fins de semana entre seus pais?), a posição
social de sua família (Será que ela tem dificuldades
financeiras? Ela mora na fazenda ou na cidade? Seus
vizinhos não gostam de você ou de sua família?),
como você se sente em relação à sua família (Existe
alguém de quem você não gosta? Ou gosta mais do
que os outros?).
Se você está com dificuldades em escrever,
use o seguinte parágrafo como exemplo. Substitua as
palavras entre parênteses e deixe de fora quaisquer
frases que não se apliquem à sua personagem.
Eu moro em uma [residência] com meus
[pais/avós/família adotiva]. Eu tenho [#] irmãos e
[#] irmãs. Eu também tenho [um pai/mãe separado/
pai divorciado] que mora em [cidade/estado/país].
Meu [parente] morreu e eu sinto muita falta dele. Eu
também tenho [animais de estimação]. Ah sim, e [não
parente ou parente distante] mora conosco também.
Você pode criar qualquer um dos itens acima (como
especificar quais de seus irmãos são mais velhos/
mais jovens que você, ou dar-lhes nomes). Este é o
momento de estabelecer o ambiente familiar que
influencia sua personagem. Exemplo: Eu moro em
uma casa com minha mãe, meu padrasto e meu
irmão, Franja. Eu também tenho um pai que mora
em São Paulo, com sua nova esposa, Suzana. Eles
estão esperando um novo bebê. Minha avó morreu,
e eu sinto muita saudade dela. Eu também tenho
um cachorro chamado Charanga, que gosta mais do
Franja do que de mim.
Metas
Depois de todo esse trabalho, você deve ter
uma boa ideia de quem é sua personagem. O próximo
passo é descobrir o que esse garoto quer da vida. Uma
meta é algo que sua personagem quer fazer em sua
vida. Pode ser para provar algo a si mesmo ou às
outras pessoas, ou apenas porque alguém o desafiou
a fazer algo. A meta, no entanto, não deve ser algo
facilmente alcançável. Mesmo que pareça fácil, deve
73
ser algo difícil para aquela criança.
Concluir metas ajuda a sua personagem a
crescer (tanto na história, quanto no sistema).
Cada personagem começa o jogo com duas
metas. Uma meta de curto prazo e outra de longo
prazo. Metas de curto prazo podem ser concluídas
em algumas sessões. É algo imediato e acessível para
a criança. Metas de longo prazo são mais difíceis,
e podem levar vários episódios ou talvez uma
temporada inteira. A meta é uma dor que a criança
não pode anestesiar, um chamado que ela não pode
negar.
A meta deve começar com as palavras “Eu
quero...”, e elas devem ser frases que demonstrem
como alcançar a meta aos olhos da criança.
Normalmente, as próprias inseguranças e
ansiedades da criança o impedem de completar suas
metas. As metas de longo prazo, são influenciadas por
vários fatores, e geralmente são mais difíceis de fazer,
mas também de evitar.
Nota: As metas tendem a ser separadas
do enredo do episódio. Uma meta, de curto prazo
geralmente, pode ser conquistada quando a atenção
do personagem estiver em algo mais urgente, ou uma
meta pode ser o objetivo de uma sessão para que a
criança salve seus amigos (Moderadores tomem
nota!).
Exemplos de metas de curto prazo:
Quero superar meu medo do escuro.
Quero ter coragem para falar com a Renatinha.
Eu quero saltar o córrego com minha bicicleta.
Quero vencer a competição esportiva do
bairro.
Quero comprar o melhor presente de Dia das
Mães de todos os tempos.
Quero construir um “castelo”.
Exemplos de metas de longo prazo:
Quero encontrar meu pai biológico.
Eu quero salvar meu irmão dos Monstros.
Eu quero que minha irmã goste de mim de
novo.
 Quero ganhar dinheiro para substituir a
bicicleta que furtaram.
Quero impedir meus amigos de brigarem o
tempo todo.
Quero fazer minha irmã terminar com o
namorado estúpido dela.
Finalmente, um segredo
Essa informação não está na ficha de
personagem. Diga ao Moderador do Jogo algo sobre
sua personagem (um crime que cometeu, um hábito
embaraçoso, algum segredo delicioso e escandaloso),
algo que esmagaria sua personagem, se qualquer outra
pessoa descobrisse, mesmo que seja algo mundano ou
sem consequência.
Não deixe que os outros Jogadores saibam
desse segredo.
Exemplos:
Ainda faço xixi na cama.
Meu primeiro nome é realmente “Astrogildo”.
Eu matei um gato.
Eu durmo com a luz acesa.
Eu roubei o brinquedo favorito do meu amigo
e o perdi.
Eu sei onde encontrar Monstro de verdade.
Exemplo: Para o segredo de Beca, Ângela
decide que sua personagem está com ciúmes de
sua melhor amiga, Tina, que é muito popular e
extrovertida. A algumas semanas atrás, fizeram uma
fofoca sobre Tina, o que a deixou muito chateada,
tanto que ela começou a chorar na hora do lanche
e teve que ir embora para casa. Beca foi quem fez a
fofoca.
Criando uma boa personagem
O objetivo de tudo isso (do conceito ao
nome, aos números e às respostas dessas perguntas)
não é apenas criar um personagem que você ache
interessante e envolvente, mas também um que será
um protagonista ativo e interessante. Você está criando
crianças que são personagens em uma história, e
74
elas devem ser projetadas para esse propósito. Elas
são fortes, mas tem falhas, têm problemas, sim, mas
também tem esperança em resolvê-los, e, em última
análise, não importam as probabilidades, elas vão
continuar a lutar.
Personagem passivos não têm vez
Você está criando um herói, uma das poucas
crianças no mundo que está disposta a lutar contra os
Monstros. Sua personagem não pode passar todo o
tempo no canto da sala, sendo indiferente e distante
(mesmo que seja tímido). Ele tem que se ligar à ação,
envolver-se na trama e usar suas habilidades para
ajudar os outros e manter as coisas fluindo.
Crie um personagem que seja bom em
alguma coisa
Pode ser uma Habilidade com nível 4, um alto
nível de Convicção ou uma Qualidade inventiva ou
duas, o que importa é que sua personagem deve ser
boa em alguma coisa. Cada personagem deve trazer
algo para o grupo e, do ponto de vista do sistema, uma
Habilidade alta ou Qualidade são as únicas formas de
garantir isso.
Considere as outras personagens
Tente ajudar a criar um grupo completo
de crianças com habilidades e pontos fortes
complementares. Se você está criando sua personagem
ao mesmo tempo que os outros Jogadores, discuta
conceitos e o papel que cada criança irá desempenhar
no grupo. Se você está entrando em um grupo já
criado, descubra quem são os outros personagens
e veja se existe um nicho para sua personagem
preencher.
Todos os grandes elencos são compostos
por personagens cujas personalidades, habilidades,
fraquezas e peculiaridades trabalham juntas para
criar um todo que é maior que suas partes.
Sendo um bom Jogador
Quando você tem várias pessoas reunidas para
jogar uma história construída cooperativamente, há
uma certa quantidade de cuidado e técnica que todos
devem ter durante o jogo. Devemos tomar cuidado
para não arruinar a diversão de qualquer um, e abaixo
listamos algumas ideias que podemos ter em mente
para que todos se divirtam jogando.
Aja mais e reaja menos
Os personagens reagem, é claro, mas também
agem. Como Jogador, você precisa agir e colocar
sua personagem no cerne da ação, e não esperar o
Moderador de jogar nela. Você precisa colocá-los em
perigo.
Não monopolize os holofotes
Haverá momentos em que sua personagem
será o herói (chutando a cara de Monstros, ganhando
título de herói da rua, mascando chiclete), mas existirão
momentos em que sua personagem será coadjuvante.
Para que o jogo continue interessante para todos,
os momentos de herói devem ser compartilhados.
Isso nem sempre acontece naturalmente. Haverá
momentos em que um personagem entra naturalmente
em foco, como quando um relacionamento entra em
jogo, mas, mesmo assim, o fardo do heroísmo e a
narrativa devem ser compartilhadas.
75
Foque nos pontos fortes da sua
personagem
Quando você fez sua personagem, você
definiu quais são os seus pontos fortes, em que ele é
bom. Em caso de dúvida, foque nos pontos fortes da
sua personagem. Se sua personagem é o cérebro da
turma, use isso em favor dele, pense no problema. Se
tiver conexões, peça favores. Se for um encrenqueiro,
é hora de se superar e inventar um plano infalível.
Ajude a história
Como já dissemos antes, você está
interpretando um personagem em uma história e
se a história desandar, todos serão afetados. Se você
se encontra em uma situação em que sente que sua
personagem “não faria algo”, então converse com
todos na mesa. Fazer sua personagem fugir de uma
situação, pode ser um grande efeito dramático, então,
se for legal para a história, faça.
Personagem criado!
Isso é tudo que precisamos para criar um
personagem Jogador! Mas há mais uma pessoa na
mesa: o Moderador do Jogo. No capítulo seguinte,
vamos dar uma olhadinha em seu papel.
Alguém para
cuidar de mim
76
O trabalho do Moderador do Jogo é muito
importante, pois além de jogar com seus amigos,
ele tem que coordenar e criar uma história para
o jogo. Você assume muita responsabilidade
como Moderador do Jogo, sim, mas a Little Fears
- Edição Pesadelo foi projetado para ser simples
e confortável, tanto para os Jogadores quanto
para o Moderador. Se você assumir o papel de
Moderador, você terá um desafio incrível. Ver
os Jogadores mergulharem em uma história que
você criou, para lutar contra um Monstro que você
imaginou, interagir com personagens a quem
você deu vida, isso tudo é incrível. É a mesma
alegria que um escritor ou diretor de cinema
sente quando alguém curte o seu trabalho, e a sua
audiência está à sua volta. Você e seus Jogadores
estão compartilhando essa experiência juntos, e
isso é muito legal.

77
PARTE 1:
O trabalho do MJ
Abaixo está uma lista básica de tudo o que
você precisa fazer como Moderador do Jogo. Eu
sei que parece muita coisa, mas alguns itens são
feitos apenas uma vez, e cada um pode ser muito
gratificante quando executado. Vamos passar por eles
aqui e depois explorar alguns outros mais tarde neste
capítulo.
Acerte o passo da aventura com
o grupo
Antes da sessão, de preferência quando todos
se reunirem para fazer os personagens, converse sobre
o jogo com seus Jogadores para ver o que eles estão
esperando. Seja direto: pergunte o quão assustador
eles querem que o jogo seja, que tipo de histórias
gostariam de vivenciar e ajudar a contar. O que
influenciou a criação de seus personagens, foi algum
livro? Algum filme? Existe algum livro, um filme ou
uma série de televisão que eles possam dizer: “Sim,
queremos jogar algo assim”? É uma boa ideia colocar
todos na mesma página desde o início para evitar
interrupções de sessão e discussões desconfortáveis
mais tarde.
Crie a base do episódio
Sem algo planejado para fazer, uma sessão de
jogo pode cair por terra e não ser legal. O Moderador
do Jogo deve estabelecer alguma estrutura básica para
que o jogo comece. Abordamos isso com maiores
detalhes mais adiante neste capítulo.
Guie a criação de personagens
A melhor maneira de construir um grupo
coeso é fazer com que todos criem personagens juntos.
Isso nem sempre é possível, mas ser capaz de discutir
abertamente conceitos de personagens, ideias para
Qualidades, e forjar relacionamentos, construindo
essa linha juntos, é algo inestimável.
Os Jogadores nem sempre saberão que tipo
de personagem eles têm em mente, então ofereça
sugestões sempre que possível. Olhe para os outros
personagens dos Jogadores e veja onde estão as
lacunas. O grupo precisa de um personagem forte?
Um CDF? Um líder charmoso?
Crie PdMs e Monstros
78
Tal como acontece com o design de episódios,
esse ponto será abordado neste capítulo e no próximo
mais detalhadamente, mas está nesta lista para que a
referência seja fácil, pois essa é uma parte importante
do trabalho do MJ.
Guie o jogo
Defina as cenas e saiba quando terminá-
las. Mantenha o ritmo que achar mais adequado,
acelere ou atrase as cenas quando precisar. Reduza a
velocidade se as coisas estiverem indo muito rápido.
Adiante existe toda uma seção para falarmos sobre
como guiar um jogo.
Ajude os Jogadores quando eles
estiverem travados
Os personagens se metem em apuros. Esse é
o trabalho deles. Não é o seu trabalho como MJ tirá-
los dos problemas, e sim guiá-los para uma solução
que, com certeza, trará mais problemas ainda. O seu
trabalho como MJ é guiar os Jogadores quando eles
estiverem travados em alguma parte da história. Na
verdade, esse é o trabalho de todos, mas muitas vezes
é você quem vai ver um Jogador buscando opções
para escapar de uma enrascada, descobrir uma pista
ou inventar alguma resposta “para dar nos dedos”.
Se você vir um Jogador com dificuldades,
converse sobre isso. Pergunte: “Como você acha que
pode sair dessa?” ou pergunte se ele tem alguma
dúvida sobre o que tem que fazer. Como este é um
jogo onde as pessoas são cooperativas ao contar uma
história, pode haver momentos em que uma descrição
que você ou um Jogador fez não tenham ficado tão
claras quanto você imaginou. Na dúvida, esclareça.
Quando houver discórdia,
pacifique os Jogadores
Haverá momentos no jogo em que um
Jogador vai realizar uma ação que vai contra outro
Jogador, ou que incomode outro Jogador. Se não for
possível chegar a um acordo amigável, use o sistema.
Se um personagem é inflexível sobre o curso de uma
ação, e um segundo personagem está decidido a ir
contra, então certifique-se de que o conflito seja entre
personagens, não entre os Jogadores. Está tudo bem
se dois personagens tiverem ideias opostas, seguirem
caminhos separados e tentarem coisas diferentes. O
desacordo entre personagens pode criar um drama
interessante, mas não deixe que isso se transforme em
nada pessoal. Seja aberto, honesto e tente resolver os
problemas junto. E lembre aos Jogadores de que todos
estão naquela mesa pelo mesmo motivo.
Interprete as regras
Minha esperança é que tudo neste livro
seja claro como a água, e que nunca haja alguma
contradição ou palavra pouco clara encontrada
nestas páginas. Mas minha experiência me diz que,
infelizmente, nem sempre é assim que acontece. Uma
regra pode não ser clara, e você pode interpretá-la de
forma diferente do que eu pretendia, ou você pode
descobrir uma exceção não abordada neste livro, você
e outro Jogador podem discordar sobre alguma regra,
ou se dois ou mais de seus Jogadores discordarem
sobre como algo deveria ocorrer, você decide no final
das contas. Esse é o seu direito como Moderador do
Jogo. Espero que nunca chegue a isso, e tudo flua
suave como um córrego tranquilo, mas em casos de
emergência, é você que tem o volante. Decida como
uma regra deve ser com base em sua experiência e no
que faz sentido. Foque no ritmo do jogo e da história
que você está criando primeiro. Após a sessão, acesse
os fóruns online ou o site de Little Fears (em inglês)
ou da Editora Huginn e Muninn (em português) para
ver se você pode encontrar um esclarecimento sobre
Recompense o sucesso na aventura e objetivos concluídos
Finalmente, após cada sessão, você deve recompensar os Jogadores pelo desempenho de seus
personagens na aventura e pelos objetivos conquistados.
E esse é um resumo básico do que deve fazer para narrar uma história. A seguir, veremos
esses itens com um pouco mais de detalhes.
79
como a regra deve ser. Mas no calor do jogo, use o que
achar mais sensato para não travar o jogo.
Retrate o mundo e as pessoas
Esta é provavelmente a melhor parte de
ser o Moderador do Jogo. Os Jogadores têm seus
personagens, mas o Moderador tem o mundo.
Ele age como pais, irmãos, irmãs, professores,
vizinhos, policiais, bombeiros, o bibliotecário da
escola, o dono da lavanderia, o casal que é dono do
mercado de esquina, o valentão boca-suja da rua, o
garoto tímido que está apaixonado pela personagem,
e, talvez o melhor de tudo, você interpreta os
Monstros.
Considero isso a recompensa por todo o
trabalho duro que você tem que fazer. Você cria a
estrutura e a premissa de cada jogo, e pode escolher
que tipo de Monstro você gostaria de usar como
personagem (provavelmente interpretará uma grande
variedade deles). O apelo do gênero de terror sempre
foram os Monstros, e desta vez você pode criá-los e
retratá-los como quiser!
PARTE 2:
Estrutura do episódio
A maior parte do trabalho do Moderador é
criar a estrutura para as histórias que serão contadas.
Este jogo é sobre crianças lutando contra Monstros,
mas esse tema pode ser interpretado de inúmeras
maneiras. O jogo pode ser sobre uma turma de
detetives mirins e seu cachorro faminto caçando
estranhas criaturas e seguindo pistas, ou pode ser
sobre caçadores de Monstros pré-adolescentes que
andam pela vizinhança, borrifando vampiros com
água benta e chutando lobisomens em suas partes
sensíveis. Também pode ser algo sobre crianças
normais e comuns que de repente se veem presas em
uma teia de conspirações criadas por Monstros.
Este jogo não é uma emulação da vida real.
Então, ao projetar episódios, pense em séries de
televisão, em filmes, pense em livros. Basear-se na
vida real pode ser ótimo em alguns poucos casos, mas
não se restrinja a isso. A inclusão do mundano deve
servir como contraste ao bizarro.
Os episódios incluídos neste livro são todos
concebidos usando este modelo, portanto, se você
tiver alguma dúvida sobre como tudo isso se encaixa,
você pode consultá-los para ver tudo isso em um
contexto.
O que fazer antes da primeira
sessão?
Sente-se com seus Jogadores e converse sobre
que tipo de história eles gostariam de jogar. Eles
querem algo como uma festa do pijama divertida?
Ou algo que vai arrepiar os cabelos da nuca? Eles
querem algo realmente assustador? Você deve saber
desses detalhes para a primeira sessão de jogo, para
que cumpra, na medida do possível, as expectativas
de todos. Isso ajudará você a determinar o nível de
magia e realismo em seu jogo (assim como quaisquer
ajustes de regras apropriadas que você sugira). Esses
detalhes vão te ajudar a elaborar episódios.
Inventando à medida que a sessão
caminha
80
Tudo o que falamos nesta sessão
é construído sobre a suposição de que
você chegará à sessão do jogo com uma
estrutura de história preparada. Embora
seja o recomendado, não é absolutamente
necessário. O Moderador que está
improvisando, pode criar cenas, metas e
PdMs na hora, ou no calor da batalha. Alguns
Moderadores mais experientes até preferem
fazer dessa forma. É uma questão realmente
pessoal que tem a ver com a preferência e
experiência como Moderador. Se você é
novo em jogos de história, eu recomendo que
utilize uma ficha de episódios, a estrutura e
os conselhos contidos neste livro.
A ficha de episódio
Fornecemos uma ficha de episódios neste livro
e no site para te ajudar a rascunhar seus episódios.
Você não precisa usar essa ficha, mas é um bom
recurso, e vale à pena fazê-la, principalmente se esta
for sua primeira vez narrando um jogo de RPG.
A ficha de episódio tem seções com cabeçalhos
iguais aos descritos a seguir. Vamos analisá-los abaixo
e descrever cada um deles.
Premissa
Escreva um parágrafo definindo a
configuração básica do seu episódio. Certifique-se de
incluir os três “tês”: tempo, território e tom. O tempo
refere-se ao momento em que a história se passa: a
década/ano, estação ou feriado. Você pode ser muito
específico, e definir a festa de São João em 2009, ou
pode ser genérico e definir somente que a história se
passa nas férias de verão em 1980. O território definirá
a área geográfica onde o jogo acontecerá. Ele pode
ser um local genérico, como “uma pequena cidade
no norte de Minas” ou “um bairro no subúrbio",
mas pode ser uma cidade como "Uberlândia, Minas
Gerais” ou “Goiânia, Goiás”, ou ainda menor como
“Cruzeiro dos Peixotos, um distrito a 28 km da cidade
de Uberlândia, que tem 2.500 habitantes”.
Tudo o que você definir dará aos Jogadores uma
noção de quem mais pode viver ali e como ambientar
seus personagens. O tom dará aos Jogadores um ponto
de referência de como será o jogo a partir do qual
eles podem se inspirar. O tom pode ser “campestre”,
“fantástico”, “sombrio” ou qualquer outra descrição
que dê aos Jogadores essa noção do tema da aventura.
Mais adiante, neste capítulo, falaremos sobre três tons
distintos em Little Fears – Edição Pesadelo, e como o
jogo pode ser adaptado para melhor corresponder ao
que você e os Jogadores querem do jogo.
A premissa é muito importante, pois ajuda
os Jogadores a criar e ambientar seus personagens,
então mesmo que você não saiba todos os detalhes do
episódio (e está tudo bem), dê uma dica aos Jogadores
sobre esses três itens (tempo, território e tom) assim
que puder. Quanto mais cedo souberem, mais tempo
terão para desenvolver seus personagens de modo
coerente ao ambiente da história. A premissa não
precisa ser uma redação do ENEM. Estamos buscando
fatos, não um Nobel de literatura.
Evento catalisador
Há sempre alguma coisa que alerta as
personagens de que algo de muito errado não
está certo. Se eles são personagens novos, esse
provavelmente será o evento que os atrai para fora do
seu lugar seguro, para um lugar de conflito, sombras,
pesadelos e criaturas debaixo da cama. Personagens
mais experientes já entendem esses eventos como a
nova história.
Primeira cena
É aqui onde o episódio começa. A primeira
cena mostra onde cada personagem está e o que eles
estão fazendo. Dar essas informações ao seu grupo
ajuda a definir o tom e a premissa do episódio. É seu
trabalho preparar o palco, e esta é sua chance de fazê-
lo. Isso guiará os Jogadores ao evento catalisador,
dando o pontapé inicial na história.
Antagonista(s)
Este é o Monstro ou Monstros que estão
fazendo algo que as crianças precisam impedir. Ele é
a raiz do problema, o grande vilão. Os personagens
podem encontrá-lo repetidamente ao longo do jogo,
ou apenas na parte final da história. Tudo depende
do tipo de história que você quer contar e como você
quer que ela ocorra.
81
Outras cenas
Agora que você tem o evento catalisador, a
primeira cena e o antagonista, é só uma questão de
ir ligando os pontos. Se quiser, você pode esboçar
cinco ou seis cenas que ligam a primeira cena até o
confronto final com o antagonista. Seus Jogadores
podem ter um caminho único a seguir, mas é sempre
útil ter um roteiro básico.
Ao construir as outras cenas, que serão a
maior parte do jogo, leve em consideração algumas
situações clássicas que ocorrem em histórias.
Falsa vitória
Os personagens conseguiram! Eles
enfrentaram o Monstro e domaram a fera. Mas
a verdade é que ainda não terminou. Quem eles
pensavam ser o principal vilão é apenas um subalterno,
e o verdadeiro problema está apenas começando.
Falsa derrota
Os personagens estão perto de vencer quando
(OH NÃO!) aparece outra ameaça. Ou assim pensam.
Uma falsa derrota é aquele ponto onde toda a
esperança se perde. Parece que o bandido vai vencer,
e não há nada que os personagens possam fazer para
impedi-lo. E talvez esse seja o momento perfeito para
executar aquele plano louco do Pedrinho.
Sem saída
Os personagens estão encurralados, cercados
pelo inimigo, e não há como fugir! Geralmente
acontece em um espaço apertado, como uma sala
de aula, um quarto pequeno ou uma casa na árvore,
mas uma criança pode ficar encurralada em qualquer
canto (literal ou figurativamente). Esse é o momento
quando realmente parece que os mocinhos vão perder,
e isso força os Jogadores a pensar criativamente,
superando suas dificuldades.
Grande revelação
Esta é uma cena na qual as personagens
descobrem algum grande segredo ou ficam cara-a-
cara com a verdadeira ameaça, até então obscura. O
importante aqui é a escala ladeira acima. Uma “grande
revelação” deve ser grande, caso contrário, é apenas
uma revelação normal.
Reviravolta
Tudo o que os Jogadores achavam que era
verdade, é mentira! Isso é muito útil quando se tem
uma grande revelação planejada, e os Jogadores
perceberam no início da sessão. Uma reviravolta
(plot twist), deve agitar as coisas no jogo e inverter
o sentido de um ou dois “fatos” importantes para as
personagens.
Outras personagens
Essas personagens podem ser capangas do
vilão principal, adultos que as crianças vão encontrar,
ou outras crianças que são coadjuvantes na trama,
que não precisam de muito mais do que um nome
e uma breve frase que os descreva. Se sentir que a
importância deles cresceu no jogo, transforme-os em
PdMs ou Monstros com ficha completa.
Cenas e objetivos da cena
As cenas devem ter uma abertura dramática
e terminar de maneira razoável. Se seus Jogadores
iniciarem a cena na sede do clube e, em seguida,
decidirem caminhar os doze quarteirões até a casa
de Jaime, não há necessidade de passar pela longa
marcha dos quarteirões. O Moderador do Jogo deve
procurar uma conclusão orgânica para a cena, um
fluxo natural, e então terminar a cena. A menos, claro,
que algo aconteça durante essa caminhada ou que
ela sirva a algum outro propósito, corte a cena para
o momento do ocorrido, quando, por exemplo, os
Jogadores estiverem se aproximando da casa de Jaime
(ou já estejam dentro da casa).
Uma cena é definida pelo seu objetivo, e
diferentes objetivos ajudam a variar o tipo de jogo
e adicionam ao drama da história. A ação constante
pode ser angustiante e tensa, e sem solução clara, e
isso pode deixar os Jogadores insatisfeitos. Listamos
abaixo alguns objetivos de cena como exemplo para
você considerar. Embora o Moderador do Jogo os
use ao construir cenários (abordados no Capítulo
IV), o propósito de uma cena pode mudar conforme
a história se desenvolve, e novos personagens vão
aparecendo.
82
Cena dramática
Este é um dos tipos mais comuns de cena em
filmes e séries de TV. Cenas dramáticas demonstram
a interação entre as personagens, através de diálogos e
conflitos emocionais. São personagens confrontando
uns com os outros. Pode ser uma conversa
desconfortável entre um garoto tímido e a garota
mais fofa de sua classe, uma garota com a cara suja de
carvão explicando ao diretor o porquê da política da
escola contra o uso de fogos de artifício é totalmente
injusta, ou um garoto tentando convencer sua mãe
a deixá-lo ir à Festa Junina sozinho este ano e não
levar seu irmãozinho, como ele sempre tem que fazer.
O foco é todo nas personagens. Coloque algo no ar
(um romance em ascensão, uma possível suspensão
escolar ou a conquista de liberdade social) e deixe o
drama rolar.
Cena de destaque
Uma cena de destaque é uma cena focada em
uma única personagem (controlada pelo Jogador ou
pelo Moderador do Jogo), ou em um item ou assunto
específico. O holofote deve estar direcionado naquela
pessoa ou situação. Pode ser uma bola de sinuca
mágica, que rolou para debaixo do sofá, onde sua irmã
está sentada aos beijos com o namorado; um coelho de
casaca, que acabou de roubar o relógio de bolso do seu
avô e saiu em disparada dizendo que está atrasado; ou
uma reunião na biblioteca da escola, durante a quarta
aula. O que é importante aqui é que há um evento
no qual todas as personagens estão focadas, e há um
obstáculo a ser superado para se chegar a essa coisa.
Encontrar uma maneira de alcançar a bola debaixo
daquele sofá, sem levantar suspeitas de sua arrogante
irmã mais velha e o namorado cabeça oca, perseguir
o coelho antes que ele desça toca adentro, ou inventar
uma desculpa para sair da aula (“Acho que não estou
bem, tia Márcia, eu tenho que ir ao banheiro também
e não posso esperar”), tudo tem a ver com a solução
que a personagem cria para a solução do problema.
Cena investigativa
Se uma cena se concentra em personagens
procurando por algo ou reunindo pistas, ela é uma
cena investigativa. Esse tipo de cena geralmente
conecta dois outros tipos de cenas. Por exemplo,
uma cena de destaque pode tratar de personagens
perseguindo uma criança em uma bicicleta, mas antes
de alcançá-la, a criança os leva a um barraco. Quando
as personagens chegam, eles veem a bicicleta caída
no gramado e a porta de madeira podre, do barraco,
entreaberta. Quando eles decidem entrar no cômodo,
temos uma cena investigativa. Os Jogadores seguem
olhando ao seu redor, tentando descobrir para onde a
criança foi. Se o encontrarem, isso pode levar a uma
Cena de Combate, explicada abaixo.
Cena de combate
O terceiro tipo de cena é todo sobre a ação.
O objetivo desse tipo de cena é atrapalhar, atrasar
ou pôr fim a algo (esperamos que um Monstro). As
cenas de combate deixam muito espaço para todos os
tipos de ações. Em Little Fears - Edição Pesadelo, seus
Jogadores podem usar armas físicas, como tacos de
beisebol e canivetes afiados, e também podem usar
itens mágicos. Além disso, os personagens podem
montar armadilhas, realizar Rituais e praticamente
qualquer coisa que eles puderem imaginar.
Nota: Todas essas cenas resultam e dependem
umas das outras para definir propósitos, contexto e
diversão. Algumas cenas são mais longas, outras são
rápidas e nojentas. Em qualquer sessão, você terá
um monte de cenas com muitas coisas para fazer.
Isso tudo é o que torna um jogo de histórias uma
experiência tão divertida.
Ritmo
O modo como você encadeia os
diferentes tipos de cenas determina o ritmo
geral do episódio. A particularidade da cena
também é um fator muito importante, mas,
de um modo geral, cenas de destaque e de
combate terão mais ações e imediatismo
do que cenas dramáticas e investigativas.
Manter esse ritmo pode ajudar a guiar a sua
mão quando estiver definindo a estrutura de
um episódio.
83
Introduzindo uma cena
É uma boa ideia incluir algum mistério
ou objetivo quando realizar a introdução de uma
cena. Não precisa ser nada grande ou exagerado.
As apresentações definem o local, a hora e o tom da
cena. Elas são o “plano geral” de um lugar ou situação.
Fale brevemente sobre o ambiente naquele momento,
qualquer coisa importante acontecendo ao redor dos
personagens, e polvilhe um pouco do objetivo ali
também. Mostre algo fora do lugar ou que chame a
atenção das personagens ao chegarem ali. Algo que
iria deixar qualquer um com uma pulga atrás da
orelha, por ser estranha. Deve ser algo relacionado ao
objetivo da cena. Seguiremos com alguns exemplos.
A ideia básica aqui é que sua personagem fez
planos para encontrar seus amigos, Beto e Rodnei, na
famosa Casa da Grade. Há rumores de alguns ruídos
estranhos vindo de dentro do local. As três crianças
se separaram para reunir suprimentos antes de se
reunirem na antiga propriedade. Está chovendo, e
sua personagem atravessou um terreno cheio de mato
para chegar até a casa.
Abrindo uma cena dramática
Você abre a porta da sua casa, silenciosamente,
e se esgueira pelo hall de entrada, depois de se
esforçar ao máximo para fechar a porta, sem fazer
barulho. Você tira suas botas enlameadas e as coloca
suavemente no chão. Você não quer deixar um
rastro de lama no carpete limpinho da sala. Você
ouve sua mãe cortando alguma coisa na cozinha,
provavelmente legumes, já que está quase na hora
do jantar. Você deveria ter chegado em casa há 30
minutos. Enquanto você sai pisando de mansinho em
direção ao banheiro, para se lavar, sua mãe grita da
cozinha:
– Isso são horas, menino?! Venha aqui agora!
O que você faz?
Este é um exemplo de introdução à uma cena
dramática. Digamos que sua personagem falhe em
se explicar para a mãe dela e tenha sido deixada de
castigo em seu quarto. Ela não pode sair, até que sua
punição acabe.
 Abrindo uma cena de destaque
Você só voltou em casa para pegar uma
lanterna e um martelo, e agora está presa no quarto.
Você deveria encontrar Rodnei e Beto na Casa da
Grade em trinta minutos. E mesmo que saísse agora,
estaria pelo menos cinco minutos atrasada. Se não for,
você nunca vai se perdoar. Você está no segundo andar
de sua casa. Sua mãe está lá embaixo, na cozinha,
fazendo o jantar, vigiando a porta. O que você faz?
Este é um exemplo de uma introdução à uma cena de
destaque. Digamos que sua personagem fuja e vá para
a Casa da Grade. Beto e Rodnei já estão lá...
Abertura da cena investigativa
Você encontra seus amigos do lado de fora da
Casa da Grade. Beto está na porta dos fundos, que
leva a um porão. Rodnei já quebrou a fechadura com
o alicate do pai dele. Beto te fala uns desaforos sobre
estar atrasada.
– Nós íamos entrar sem você – diz ele, rindo.
Rodnei abre as portas e começa a descer os degraus.
– Chega de papo – diz o menino mais velho. –
Vamos desvendar este lugar.
Este é um exemplo de uma introdução à
cena investigativa. Digamos que as personagens
investiguem dentro da casa. Nada se destaca, exceto
por uma porta trancada, sob a escada, que leva do
térreo ao segundo nível. As crianças conseguem abrir
a porta e entrar.
Abertura da cena de combate
Uma luz muito forte está pendurada no centro
da sala e é quase ofuscante. À medida que seus olhos
se ajustam, você percebe que a sala é muito maior
por dentro do que por fora, e também que nada no
mundo normal é assim. A porta atrás de você se
fecha, e sete trancas fazem um clique atrás do outro se
fechando, cada uma soa como um tiro. Há um som de
algo arranhando o chão no canto escuro distante. Um
olho amarelo se abre, brilhando mesmo na escuridão.
Um rosnado corta o ar, o raspar da corrente contra
o chão de pedra, e a criatura sai das sombras. Tem
um metro e oitenta, grandes patas traseiras e longos
dentes amarelos, destacados como os de um coelho, o
que pode muito bem ser o que a criatura já foi um dia.
84
Ele arma o bote, como se fosse pular em você. O que
você faz?
Este é um exemplo de introdução à uma cena
de combate. O Moderador estabelece um oponente
(que pode ou pode não ser o vilão principal) e coloca
esse oponente em conflito com as personagens.
A história vai continuar a partir daqui, cena
por cena. Cada cena é decorrente das ações das
personagens e os requisitos necessários para que
a história continue avançando. O que acontecerá
depende das personagens derrotarem a fera, ou de
alguma forma acalmá-la, dominá-la, ou simplesmente
fugir dali.
Claro, o objetivo de tudo isso é costurar
essas cenas em uma grande trama de ficção que
seja envolvente, aterrorizante e, em última análise,
satisfatória e divertida para todos os envolvidos.
Cenas e locais
Uma cena pode acontecer em um local,
mas os dois não são sinônimos. Dentro de
um local, como uma biblioteca pública, você
pode ter uma cena acontecendo na escada,
outra no balcão, na sala de periódicos e no
armário da limpeza. Uma única cena pode
começar no armário do zelador, seguir
para o computador de consulta, ir para a
seção de livros de mistério e sair pela porta
da frente (uma cena de perseguição vem
imediatamente à mente).
O que você faz?
É provavelmente a pergunta mais importante
que um Moderador do Jogo pode fazer. É também
a maneira perfeita de terminar uma introdução de
uma cena. Este jogo é quase que inteiramente sobre
o que as personagens fazem. Não há necessidade de
esconder isso ou ser sutil a respeito. Você configura
a cena e dá às personagens um lugar e um objetivo, e
então é tudo sobre o que eles fazem, e como você vai
reagir a isso.
Guiando o jogo
Este jogo é composto por três elementos
básicos, que aparecerão repetidamente. Quando
falamos sobre cenas e objetivos, e falamos sobre
Jogadores retratando seus personagens, estamos
falando sobretudo de três elementos que servem
como guia. Mais uma vez, este jogo é sobre evoluir
uma história criando uma atmosfera.
Direcionando a história
Acima de tudo, o que está acontecendo na
mesa deve contar uma boa história, e isso é a chave-
mestra do jogo. Como uma personagem age, quando e
onde os inimigos e a oposição aparecem, os objetivos
de uma cena, tudo isso é parte do como conduzir uma
história que evolua.
Direcionando ameaças
A segunda coisa mais importante são os
inimigos e conflitos no jogo. Essas ameaças não devem
ser facilmente perceptíveis, e não necessariamente
diretas. A expectativa de um inimigo pode ser
incrivelmente dramática. Personagens tendo que
lidar com as consequências de algo que o inimigo
fez é uma grande chance para adicionar ao drama
da história. Personagens sendo afetadas pelas ações e
85
comportamentos de um inimigo, pode criar um arco
de história fantástico para a temporada, o que nos
leva ao terceiro fator importante.
Direcionando as personagens
Embora a história, os enredos e as maquinações
do inimigo sejam muito importantes, não podemos
ignorar as personagens. Os Jogadores devem tentar
agir e reagir como seus personagens de forma
coerente ao seu histórico. As ideias e pontos de vista
das personagens devem ter relação com as ameaças e
a história, e são algo que o Moderador do Jogo deve
ter em mente à medida que as cenas se desenrolam.
Um Jogador dizendo "minha personagem não faria
isso” às vezes pode quebrar uma boa sequência na
história, e pode ocorrer quando o Moderador do
Jogo não leva em consideração se os objetivos da cena
fazem sentido para os personagens.
Em suma, trata-se de cooperação. Se cada
Jogador mantem a mente aberta e se concentra nesses
três elementos, fazendo o seu trabalho na mesa, a
história vai fluir muito bem.
PARTE 3:
Personagens do MJ
Agora que você tem uma ideia do que é o
episódio, preencheu a ficha e imaginou como cada
personagem pode se encaixar na história, está na hora
de criar outros personagens para a história (Monstros
são descritos em seu próprio capítulo, onde há um
monte de monstrengos pré-gerados para seu deleite).
O MJ tem duas opções quando criar qualquer
personagem infantil que ele possa controlar. Ele
pode gastar um tempo e criar a PdM (Personagem do
Moderador) como uma personagem completa, ou ele
pode usar um método alternativo, mais rápido, que
explicaremos em breve.
Usar a criação de personagens completa
para fazer PdMs é indicado quando lidamos com
personagens recorrentes, como o menino briguento
da escola, o irmão mais novo de uma Personagem
Jogadora (ou irmã, ou um melhor amigo).
Mas personagens rasos ou aqueles criados de
improviso para resolver alguma situação qualquer
podem ser criados na hora, de acordo com esse guia
rápido e fácil.
Estatísticas rápidas de um PdM
Para PdMs rasos, você pode usar o método
a seguir, que é bem útil quando precisamos criar
personagens na hora.
Quem são?
Os PdMs precisam de um nome, algo que
os identifiquem entre as outras pessoas do mundo.
Pode ser um nome próprio, apelido ou uma breve
descrição do que são, como “segurança do shopping”
ou “bibliotecário-chefe”.
Como são e o que fazem?
Escreva três afirmações que descrevem
o PdM. Pense na função dele na história, no seu
trabalho, e o que os torna adversários interessantes.
Estas afirmações atuam como as Qualidades do PdM.
86
Fraquezas
PdMs têm 2 pontos de Fraqueza. Eles têm
duas Fraquezas no nível 1 ou uma Fraqueza no Nível
2. Uma Fraqueza é uma condição ou um ambiente em
que os PdMs têm um ponto fraco ou que de alguma
forma os coloca em desvantagem. Exemplo: Vamos
criar uma babá. Não ser membro da família, mas ter
autoridade sobre uma criança, é sempre uma ótima
fonte de drama. A primeira coisa a fazer é nomeá-la.
“Marta” soa como um bom nome de babá para mim.
O próximo passo é descrevê-la. Ela é uma babá, e
eu quero descrevê-la da maneira que pensamos em
uma, e que ela se torne um pouco ameaçadora. Eu
anoto: “Ela tem um senso aguçado de audição”, “É
temperamental” e “É muito fofa”. Isso demonstra as
habilidades (ouvir), sua personalidade (pavio curto)
e sua descrição física (muito fofa). Se você tem
dificuldades em descrever um PdM, use essas três
características como base.
Para Fraquezas, dou a ela Assanhadinha (1)
e Curiosa (1). Se algo envolvendo garotos bonitos da
idade dela ou coisas fora do comum, ela quer estar no
meio. Ela é uma clássica babá de filme estadunidense.
Números-Alvos:
Em vez de rolar um Teste contra um PdM, os
Jogadores rolam um Problema contra um Número-
Alvo. Para as crianças, o Número Alvo varia entre
fácil (6) e difícil (12). O padrão para uma criança
agindo contra outra é médio (9). Qualquer número
além desses deve ser usado com parcimônia. Para
adultos, o Número-Alvo varia entre médio (9) e muito
difícil (15), sendo o padrão difícil (12). Dificuldades
maiores podem ser usadas, se as condições da cena
favorecem o PdM, ou se você quer dar aos Jogadores
um desafio maior.
Pense em seus PdMs como obstáculos
(especialmente os adultos!), e você começará a ver
onde encaixá-los no seu jogo.
Exemplo: Bruno está tentando fugir de casa.
Ele combinou de encontrar seu amigo Eduardo no
riacho ao entardecer. Infelizmente os seus pais estão
jogando vôlei e contrataram nossa amiga Marta
para tomar conta dele. Marta é muito rigorosa, e se
Bruno for pego, acabou para ele. Ela provavelmente
vai amordaçá-lo e trancá-lo no quarto amarrado
na cama, ou algo muito próximo disso. Mas Bruno
precisa tem que ir.
Ele desce as escadas e ouve Marta conversando
no celular. Ele escuta algo como “sempre amiga” e “ah
não, me diz…” e o nome “Daniel” aparece muito. Seja
como for, Bruno define sua rota. Ele precisa atravessar
a sala de estar escondido da Marta e sair pela porta
dos fundos da cozinha, para conseguir fugir dali.
Mas Marta tem um “senso aguçado de
audição”. Como ela é considerada uma adulta, o
Número-Alvo é difícil (12). O MJ decide que Marta
é do tipo desconfiada, e ela espera que o garoto tente
aprontar algo, então ele aumenta a dificuldade para
muito difícil (12). Mas aí Bruno lembra o Moderador
de que ela está distraída ao telefone. O MJ concorda e
reduz a dificuldade de volta para difícil (12).
O Jogador de Bruno rola Mover (3) e usa a
Qualidade “Eu luto caratê +2”, já que ele está sendo
todo furtivo. Cinco dados são lançados e são 2, 3, 4,
4 e 5. Os 3 primeiros dados são 4, 4 e 5, para um 13!
Bruno consegue se esgueirar furtivamente por sua
babá e fugir!
Fraquezas e Números-Alvos
Se os Jogadores usam essas fraquezas quando
tentando algo, o Número-Alvo desce um número de
níveis equivalente aos níveis da Fraqueza. Exemplo:
Em vez de passar furtivamente por Marta, Bruno
poderia ter escolhido criar uma distração. Digamos
que ele abriu a janela do quarto e lançou uma bola
de tênis em uma cerca de alumínio no fundo do
quintal. Com força o bastante, Bruno criaria barulho
o suficiente para atrair a curiosidade de Marta (sendo
essa a Fraqueza dela).
Bruno precisa fazer um teste. Desta vez o
objetivo é atrair a atenção de Marta. Ele testa Mover,
pois a ação seria arremessar uma bola em uma cerca.
O Mover (3) dele somado à sua Qualidade “Eu luto
caratê +2” (isso ajuda a focar sua força e mira), dão
um total de 5 dados. O Número-Alvo normalmente
seria Difícil (12), mas a Fraqueza de nível 1 de Marta
diminui a dificuldade para Média (9). Beto rola os
dados e consegue 1,1,2,3 e 5. Os dados de sucesso são
2,3 e 5, em um total de 10.
Bruno espera até ver Marta andar pelo quintal,
investigando o barulho, antes de voar pelas escadas e
sair pela porta da frente.

PdMs Simplificados
Abaixo temos exemplos de PdMs que usam
a regra simplificada. Na pressa, você pode usar ou
modificar as fichas como desejar.

Professora do Ensino
Segurança de Shopping
Fundamental
Descrição Descrição
Fareja encrenca Conhece muitas palavras
Não confia em crianças É desconfiada
Tem um joelho ferrado Está perto de se aposentar
Fraquezas Fraquezas
Gosta de dar lição de moral em
Tem um fraco por fala macia (1)
crianças (1)
Não resiste à uma mãe Gosta de crianças que mostram
bonitinha (1) o que querem (1)

87
PARTE 4:
O questionário
Quando seus Jogadores fizeram suas
personagens, cada um deles preencheu um
questionário. O objetivo do questionário é duplo.
O primeiro é fortalecer o vínculo entre Jogador
e personagem. Responder o questionário como
o personagem dá corpo a ele e ajuda o Jogador a
colocar-se no lugar da criança. O segundo objetivo é
mostrar ao MJ maneiras de alcançar as personagens
em um nível pessoal. Você pode usar as respostas para
exaltar as motivações deles, direcioná-los a problemas
ou ajudá-los com sua resolução. Vamos revisitar cada
uma dessas perguntas e analisar como elas podem ser
utilizadas durante o jogo.
As perguntas públicas
As perguntas públicas são as que estão no
verso da ficha. Abordaremos essas primeiro. É
possível que outros Jogadores saibam as respostas
para as perguntas públicas uns dos outros, que são:
Pessoas e lugares próximos a elas
Os Monstros adoram usar os lugares que uma
criança conhece contra ela. Quanto mais familiar for
uma pessoa, lugar ou coisa, para a criança, mais o
Monstro poderá corrompê-la.
Meu melhor amigo é…
Um Monstro é capaz de tudo. Não é preciso
sequestrar o melhor amigo da personagem e colocá-
lo em perigo. A mera menção do nome já alerta a
criança e a faz agir de alguma forma.
O único adulto em quem eu confio é…
Tal como acontece com o melhor amigo, a
ameaça de machucar um adulto pode levar o terror a
uma criança. Uma criança fará de tudo para proteger
o adulto com quem se importa, até mesmo se pôr em
risco para tanto.
88
Uma vez eu perdi…
Nada está perdido para sempre, apenas fora
do lugar. Se um Monstro encontrar o objeto, ele
pode atrair a criança para algum lugar perigoso,
principalmente se o Monstro souber que esse objeto
tem valor para a criança.
Foi especial porque…
Confie em mim, o Monstro sabe o porquê.
Coisas assustadoras
Monstros sempre tentarão usar as coisas que
assustam uma criança contra ela.
O único lugar em que os Monstros não
podem me pegar…
Não há lugar seguro contra Monstros. Mas
como as crianças são convictas que existem, isso pode
dar poder a esses lugares. Isso funciona a favor e contra
a criança. Monstros tentarão usar o lugar para atrair
a criança, ameaçando-o direta ou indiretamente, ou
usando-o para criar uma armadilha.
A única coisa que os Monstros não podem
tocar é…
Se um Monstro pode colocar as mãos em
algo, ele pode corrompê-lo. Pode ser difícil para um
Monstro pegar este objeto, mas ele vai continuar
tentando, tentando e tentando mais um pouco. Os
Monstros adoram um desafio.
Não me aproximo de…
Jogue-os nesse lugar. Coloque algo que os
personagens valorizam ou precisam em um lugar em
que eles não vão.
Meu maior medo é…
Monstros sempre optam pela maneira fácil
de assustar uma criança e vão direto ao ponto. O
maior medo da criança deve ser reservado para um
momento dramaticamente intenso. Use-o como o
clímax para um longo arco, onde o garoto passou
por muita dificuldade e conflito. Dê-lhe significado e
impacto.
Um pouco sobre eles
As duas últimas partes tratam diretamente da
conexão (ou falta dela) entre o Monstro e as crianças.
O que eu menos gosto em mim…
Os Monstros adoram fazer as crianças se
sentirem mal. Ao explorar algo que uma criança já
não gosta nela mesma, o Monstro busca explorar essa
fraqueza até o fim.
O que sempre me causa problemas é…
Essa é a isca para balançar na frente dos
Jogadores e colocar seus personagens em encrenca.
Toda criança tem algo a que não consegue resistir.
E essa é uma maneira quase infalível de chamar um
personagem a ação. Um Moderador do Jogo nunca
deve forçar um personagem a seguir um determinado
curso de ação, mas ninguém disse nada sobre tentá-lo,
além do que o próprio Jogador escolheu essa fraqueza
para sua personagem.
89
Quando eu fico com medo, eu…
Se preferir, pode direcionar o personagem
para fazer essa ação quando ele cair abaixo de cinco
pontos de Equilíbrio, em vez de desativar uma
Habilidade. E não precisa ser apenas o quinto ponto,
mas qualquer um dos cinco pontos no lado “assustado”
do Equilíbrio. Tente usar esse recurso no melhor
momento possível, como fazer um personagem gritar
quando todo mundo está escondido.
E, sim, isso (pelo menos temporariamente)
anularia uma Habilidade desativada que poderia
fazer essa ação ser quase impossível. Então, se um
personagem tem “Quando eu fico com medo, eu
canto minha música favorita”, você poderia fazê-lo
agir dessa forma, mesmo que a habilidade desativada
anteriormente fosse Falar.
O segredo da personagem
Nenhuma brincadeira cruel, má ação,
mentira, traição ou decepção passa despercebida pela
Armariolândia. Para cada segredo, há um Monstro
que o conhece. Eles não pensam duas vezes antes
de usar o segredo para chantagear ou coagir um
personagem a fazer algo.
PARTE 5:
Depois de cada sesão
No final de cada sessão, há duas coisas
importantes que você deve fazer enquanto Moderador
do Jogo: tomar notas e recompensar os Jogadores.
Tomar notas
Você deve anotar todas as informações
importantes da sessão de jogo, pois pode precisar
delas na próxima sessão ou episódio do jogo. Isso é
mais importante quando você termina uma sessão de
jogo no meio do episódio.
Recompensar Jogadores
Interpretar uma personagem na direção do
crescimento e da mudança faz parte da diversão de
jogar RPG. Em Little Fears – Edição Pesadelo, as
personagens crescem e mudam de três maneiras:
cumprindo metas, contribuindo para a história e
fazendo aniversário.
Metas da personagem
Durante a criação da personagem e no início
da sessão, cada Jogador anotou duas metas para a sua
personagem. Se ele cumprir a meta em uma sessão,
recebe uma recompensa.
Quando uma meta de curto prazo é alcançada
ou cumprida durante a sessão, o personagem ganha 1
Ponto de Divertimento.
Quando uma meta de longo prazo é alcançada
ou cumprida durante a sessão, o personagem ganha 2
Pontos de Divertimento.
Quando uma meta for atingida, apague-a da
ficha. O Jogador deve escolher outra em seu lugar, no
início da próxima sessão.
Contribuições para história
Cada Jogador deve contribuir com a história,
e o fará através da sua personagem ao jogar, mas
Jogadores que realizarem feitos emocionantes,
bolarem um plano brilhante ou conseguirem, de
90
uma maneira valorosa, afugentar ou derrubar um
Monstro, ganham 1 Ponto de Divertimento. Pontos
também podem ser concedidos durante o jogo (o que
pode facilitar o manejo de pontos).
Gastando Pontos de Divertimento
Os Pontos de Divertimento são gastos da seguinte
maneira.
Ao gastar 5 Pontos de Divertimento, você
pode:
Aumentar uma Qualidade positiva em 1
ponto (não pode exceder 3 níveis na Qualidade).
Ganhar uma nova Qualidade com nível +1.
Ao gastar 8 Pontos de Divertimento, você
pode:
Diminuir uma Qualidade negativa em 1
ponto.
Feliz aniversário
Todo mundo tem um aniversário. E como
MJ, pode ser divertido criar uma sessão de jogo em
que seja o aniversário de um personagem. Se você
estiver executando muitos episódios, lembre-se de
que os aniversários dos personagens ficam em ordem
(a menos que você não esteja contando os episódios
em ordem cronológica). Se uma personagem faz
aniversário durante a sessão, o Jogador deve fazer os
seguintes ajustes no final da sessão:
Diminuir a Convicção em 1 nível
Perder a Convicção faz parte do crescimento.
O Jogador reduz a Convicção de sua personagem em
1 ponto em cada aniversário.
Aumentar uma Habilidade
A vantagem aqui é que sua personagem fica
mais capaz fisicamente. O Jogador adiciona 1 ponto a
uma das Habilidades da personagem.

Quando um PJ completa 13 anos
Quando um personagem de 12 anos
completa 13, ele começa o caminho de se
tornar um personagem não-jogável. Agora,
não há necessidade do Jogador entregar sua
ficha e caminhar rumo ao pôr do sol ao som de
uma música triste. Um personagem Jogador,
que completa 13 anos, ainda pode ser Jogador
por algum tempo, talvez um episódio ou
dois. No décimo terceiro aniversário de um
PJ, aumente uma Habilidade em um ponto,
como de costume. Mas em vez de apagar
seu último ponto de Convicção, a regra é:
o personagem do Jogador mantém esse 1
ponto, mas só poderá usá-lo para Crer em
outros personagens, e não nele mesmo.
Esses são os efeitos do jogo. No que
diz respeito às histórias, crianças de 13
anos não veem os Monstros tão claramente
quanto as crianças mais novas, e não são tão
propensas a serem alvo deles. Crianças de
13 anos começam a esquecer as aventuras
que envolviam Monstros ou qualquer coisa
mágica. Um dia, ele acordará sem memória
de Monstros reais.
O Jogador deve representar como
será a saída do personagem do grupo, e seu
“crescimento”, naturalmente na história.
Eventualmente, ele terá que fazer um novo
personagem. Mas se bem feito, o final de sua
personagem anterior será tocante, épico e
parte de uma grande história.
91
PARTE 6:
Personalizando o jogo
Crianças lutando contra Monstros pode ser
algo intrigante, mas o nível de magia e/ou realismo
do jogo pode te deixar insatisfeito. Eu recomendo
a você jogar algumas sessões do jogo como ele está
idealizado, para que você possa ter uma ideia de como
as coisas funcionam como padrão, mas ainda assim,
você tem algumas opções quando se trata de ajustar
o jogo a um nível de realismo e/ou fantasia que seu
grupo prefira.
Se você deseja ajustar o nível e o
poder da magia no jogo, converse com seus Jogadores
primeiro. Algo assim deve ser decidido em conjunto,
para que todos venham para o jogo com as mesmas
expectativas e possam criar personagens coerentes
a essa nova realidade. Eu divido isso em três tipos:
histórias assustadoras, contos de fadas sombrios e
horror verdadeiro. Vamos falar sobre cada um deles.
Histórias assustadoras
Histórias assustadoras são o padrão deste
jogo. As regras apresentadas em outras partes deste
livro são projetadas para histórias assustadoras. Esse
tipo de história tem uma dose generosa de estranhezas
ou coisas fantásticas e são bons para um susto ou
dois. Se quer contar uma história no estilo da série
Goosebumps de R. L. Stine, você está pronto para
jogar. Nenhum ajuste precisa ser feito.
Contos de fadas sombrios
Esse tipo de jogo é possivelmente mais leve e
fantasioso, na linha dos contos de fadas dos Irmãos
Grimm ou Alice no País das Maravilhas, aqui você
vivencia a magia de várias maneiras. Para contos
de fadas sombrios, você pode criar personagens
da maneira usual, embora você possa orientar os
Jogadores em direção a Qualidades mais fantásticas
para seus personagens.
Monstros feéricos
Ao fazer Monstros, crie-os usando as regras
como de costume. A diferença está na descrição. Em
um conto de fadas sombrio, para um Monstro ser
destruído, os Jogadores devem destruir os Trecos
do Monstro primeiro, depois seu Terror e depois
sua Saúde. Nessa ordem. Aqui, ataques físicos que
normalmente resultam em dano à Saúde, são eficazes
contra Trecos e Terror também, então qualquer
ataque funciona. Você também pode determinar que
a Convicção inflige o dobro do dano que costuma
causar.
Magia feérica
Certamente existe magia em uma história
assustadora, mas ela precisa ser um pouco maior
para capturar o verdadeiro tom de um conto de fadas
sombrio. Há algumas opções de como fazer isso para
que possa ajustar seu conto ao nível exato que você
deseja.
Opção 1: marcadores duplos de Convicção
A opção mais fácil é dobrar a quantidade
inicial de marcadores de Convicção. Em vez de
um marcador por ponto de Convicção, dê dois
marcadores aos seus Jogadores. Isso é bem drástico e
provavelmente aumentará muito o uso de magia, mas
é fácil de fazer e divertido para um jogo leve.
Opção 2: remover o limite
Outra opção seria remover o limite de dez
marcadores durante o jogo. Isso não vai proporcionar
um jogo imediatamente mais cheio de magia, mas
fica aberta a possibilidade de um lento acúmulo de
marcadores que podem ser utilizados em um final
fantástico.
92
Opção 3: menos marcadores perdidos
Apostar a Convicção só resulta em perda
de marcadores se houver Notas Vermelhas e
somente um marcador é perdido. Isso permite mais
experimentação.
Opção 4: objetos sem custo para usar
Objetos não custam nada. Com esta opção,
os Jogadores podem trazer o poder de seus Trecos
quando e onde quiserem, sem restrições. Você
também pode misturar e combinar as opções acima,
se desejar.
Nota: Dar mais Convicção aos Jogadores, ou
remover as restrições de Convicção, pode fazer com
que o sistema favoreça os personagens mais novos.
Personagens mais antigos não terão tanta vantagem
quando o diferencial estiver focado na Convicção
(mesmo que essa Convicção seja para reforçar as
rolagens dos mais velhos).
Terror verdadeiro
Esses jogos são baseados em histórias reais,
que saem das manchetes dos jornais e podem lidar
com problemas mais sérios que envolvem as crianças.
Rapto, trabalho forçado, delinquência juvenil e
lares quebrados são todas as coisas que podem ser
tratadas sob a bandeira do terror verdadeiro. Esse
estilo certamente não é para todos, e os elementos
mais desagradáveis ​​nem precisam ser abordados, mas
existem opções para diluir o fantástico e criar um tom
mais denso, e um jogo mais realista.
Monstros verdadeiros
Dependendo de quão realista queira
manter o aspecto do jogo, você pode não utilizar a
Habilidade Terror. Ao fazer isso, os Monstros são
criados da mesma forma como de costume (para
que eles possuam Trecos). A diferença vem quando
os personagens lutam contra os Monstros. Se há
Convicção (ou Convicção diminuída) em seu jogo,
ignore a estatística de Terror do Monstro e diminua
pontos de Saúde. Uma vez que eles acabem, a besta
está morta.
Magia verdadeira
Um nível elevado de magia ou fantasia pode,
em bem pouco tempo, quebrar o clima de terror
verdadeiro. Se você quer um jogo sombrio, faz muito
sentido diminuir a Convicção dos personagens.
Abaixo estão alguns exemplos que o grupo pode
seguir. Sinta-se à vontade para usá-los ou criar os seus
próprios.
Opção 1: a Convicção dura um episódio
Normalmente, as regras afirmam que um
Jogador recebe um número de marcadores igual à sua
Convicção em cada sessão de jogo. Para diminuir esse
número, altere a regra para que um Jogador receba
um número de marcadores igual à sua Convicção a
cada episódio. Ou seja, dessa forma, seu conjunto
de marcadores seria renovado somente quando
um episódio for concluído. Se suas sessões de jogo
representarem um episódio normalmente, aumente
isso para dois episódios.
Opção 2: a Convicção dura uma temporada
Para diminuir significativamente a magia, dê
ao Jogador apenas um número de marcadores igual à
sua Convicção, a cada temporada. Dessa forma, seus
marcadores seriam renovados apenas a cada 6 ou 8
episódios, ou seja, o uso de Convicção é algo raro e
pontual.
Opção 3: sem recompensas
Você não recompensa os Jogadores com um
marcador extra quando eles obtêm Notas Azuis ao
apostar um marcador. Nessa opção, a Convicção
somente diminui, sem nenhuma maneira de recuperá-
93
la durante o jogo.
Você também pode combinar as opções 1 ou
2 com a opção 3 para uma redução ainda maior no
nível mágico do jogo.
Opção 4: nenhuma Convicção
Você pode remover completamente a magia
da Convicção do jogo. Esta é obviamente a opção
mais drástica, pois coloca os personagens mais jovens
em muita desvantagem.
Nota: Essa opção pode afetar significativamente
os personagens mais jovens do jogo. Remover ou
diminuir a eficácia e recorrência da magia Convicção
em seu jogo pode afetar negativamente o impacto
que personagens mais jovens têm no jogo. Parte do
recurso de interpretar um personagem mais jovem é
ter um acesso maior à magia da Convicção. Se todos
os seus Jogadores estão representando personagens
com 10 anos ou mais, então essa opção não será um
grande problema, é claro.
Uma nota final
Veja bem, essas são mudanças de sistemas
que você está fazendo, mas com certeza não são
obrigações. Você pode criar jogos usando as regras de
cenários assustadores, mas localizá-la bem no meio
de uma feira de Goblins. Ou use os ajustes de terror
verdadeiro para contar uma história de aventura,
como “Os Goonies” ou “Garotos Perdidos”. Você
poderia também usar as regras para adaptar contos
de fada sombrios, construindo um conto de uma fada
dos dentes diabólica, devoradora de crianças. Se você
está procurando um sabor diferente para o seu jogo,
sinta-se à vontade para experimentar. O que estou
oferecendo aqui são ajustes de regras balanceados
e “configurações” padrão para esses ajustes, mas
certamente não são as únicas opções.
PARTE 7:
Conselhos para Moderadores
Como Moderador do Jogo, você terá muito
trabalho. Pode parecer avassalador, principalmente
se você é novo em jogos de RPG de mesa. Se você
se sentir sobrecarregado com o que leu aqui, ofereço
alguns conselhos (que parecem funcionar para mim):
Aprender fazendo
Nem todo mundo aprende um jogo lendo as
regras. Os jogos são feitos para serem jogados (sem
dúvidas), então, se algo não faz sentido para você,
junte os dados e fichas e jogue. Mesmo que não haja
mais ninguém por perto, siga os passos por conta
própria e veja o que acontece quando o sistema está
em andamento, não apenas no papel.
Comece simples
Não há necessidade de usar todas as regras
deste livro em sua primeira sessão (ou em toda
sessão). Comece simples, com personagens e rolagens
básicas, e integre novas regras à medida que você se
sentir confortável com o sistema.
Pergunte ao sistema
As regras são projetadas para te ajudar e
orientar todos. Se você se deparar com uma situação
em que você não sabe se o personagem seria bem-
sucedido ou não, jogue os dados.
Favoreça os Jogadores
Se você não entender uma determinada regra,
ou se o uso das regras lhe der um resultado duvidoso,
execute a favor dos Jogadores. No caso de um empate
entre um personagem Jogador e um PdM, ou um
Monstro, o personagem do Jogador é sempre bem-
sucedido.
Não resista à mudança
Suas cenas nem sempre serão do jeito que
você as imaginou, e eu penso que elas nem sempre
94
devem ser. Seu trabalho como Moderador do Jogo
é elaborar ambientações e ter uma visão geral do
objetivo e estrutura da história em mente. Mas esta é
uma narrativa compartilhada, narrativa colaborativa,
e os Jogadores influenciam o que acontece em cena.
Eles estarão agindo em tempo real, reagindo ao que
você descreve, e você deve fazer o mesmo em suas
reações.
Se algo quebrar a história do jogo, você deve
conversar com o Jogador (ou Jogadores) sobre o
que aconteceu. A esperança é que isso não aconteça
sempre, já que todos concordaram com a premissa e
tom antes do jogo começar. Se um Jogador quiser que
sua personagem faça algo que se encaixa dentro da
premissa e tom, nunca diga não. Permita ou determine
com os dados. O sistema pode dizer não, isso faz parte
do trabalho dele, o seu como Moderador é outro.
Mudanças de Metas
Você pode criar uma Cena de Combate que
os Jogadores transformam em uma Cena Dramática.
Você pode criar uma Cena Investigativa que os
Jogadores transformam em uma Cena de Combate.
Você pode definir uma Cena de Destaque que não
diverte os Jogadores e eles decidem ir fazer alguma
outra coisa.
Isso pode acontecer. É uma parte da narrativa
colaborativa, e como Moderador do Jogo, você tem
algumas opções:
Fale com eles sobre isso
Se isso ocorrer sempre, talvez seja interessante
conversar sobre isso com seus Jogadores. Pode ser
que alguma dúvida ocorreu em relação à premissa, ou
talvez os Jogadores agora querem algo que não esteja
mais alinhado com o que você quer. A comunicação
aberta e honesta é o caminho a percorrer aqui.
Deixe-os liderar
Eu digo “deixe-os” não porque fazer isso é
um ato generoso e altruísta de sua parte, mas porque
contrasta com a próxima opção. Você pode achar que
o episódio que tinha em mente não é tão interessante
ou mesmo envolvente quanto a direção que os
Jogadores estão tomando. Neste caso, você precisa
improvisar e seguir a liderança dos Jogadores. Isso
exigirá uma fase de ajuste em que você reage, mais do
que age, mas eventualmente as coisas se resolvem, e
você reencontra o caminho.
Atraia-os
Se os Jogadores não quiserem lutar contra
uma criatura, faça-a lutar contra eles. Se eles não
quiserem envolver o PdM em uma cena dramática,
faça com que o PdM os envolva. A dificuldade pode
ter acontecido porque você não foi claro em sua
introdução, e os Jogadores não estavam tão motivados
95
para a cena. Neste caso, pode ser necessário mudar o
ritmo da cena e finalizá-la mais rápido que esperava.
Jogadores desengajados
Quando todos se sentam juntos para contar
uma história, as coisas podem sair dos trilhos se
algum dos Jogadores não está tão empolgado quanto
os outros. Cada Jogador tem a responsabilidade de
envolver sua personagem na história, mas isso não
significa que você é impotente se o Jogador não se
esforçar. A melhor opção é sempre conversar com o
Jogador sobre o assunto e descobrir o que você ou os
outros Jogadores podem fazer para animá-lo.
Admirável mundo novo
96
 Madalena movimentou o pequeno feixe da lanterna pelo interior da casa abandonada.
- Esse é o lugar.
Tomás se contorceu um pouco, torcendo o nariz com o cheiro forte de mofo.
- Isso cheira a gente velha.
Mariana o calou, o empurrando para abrir seu caminho. - Aqui é onde a Mãe vive, e isso exige
respeito.
Tomás levanta uma sobrancelha para a garota. - Sua mãe mora aqui?
- Não, tonto - Mariana sacode sua cabeça. - A Mãe mora aqui.
O garoto dá de ombros.
- Se você diz...
Mariana suspira, frustrada.
- Você não sabe de na…
- Quietos - Madalena os repreende. Ela foca sua lanterna em uma pequena caixa cinza no canto
da sala. A tampa estava torta, um pouco quebrada nas dobradiças. A garota mais velha faz um sinal
para Mariana e Tomás. Eles olham para ela. Madalena acena com o feixe de luz para sua descoberta.
As sombras na velha casa correm da iluminação. Os três se aproximam da caixa, cuidadosamente.
Tomás se agacha lentamente para inspecionar a caixa. Seu joelho esquerdo estalou tão alto que
fez Mariana arfar, enchendo seus pulmões com poeira. Ela tenta segurar sua respiração, mas as tosses
conseguem dar um jeito de sair. Ela se dobra no chão duro de madeira. A cada tossida, uma chama ruge em
seu peito. Suas exalações soltam ainda mais poeira e sujeira no ar. Tomás diz para ela parar, levantando
a voz um pouco demais.
Madalena abriu sua boca para mandar eles ficarem quietos. Mas um barulho em outra sala a
impediu. Ela se vira, levando o feixe de luz com ela. Tomás agarra a pequena caixa na escuridão, antes
de ajudar Mariana a se levantar.
A caixa era pesada, provavelmente de metal, e estava coberta em um dedo de poeira. Ele sentiu a
parte de fora dela; seus dedos passaram por duas pequenas luas entalhadas ao livro.
- Esse lugar está me assustando.. - disse Madalena, andando devagar para a porta de saída. -
Eu acho que deveríamos ir.
Mariana se engasga em sua última tosse. Ela deu algumas baforadas rápidas em seu inalador e
balançou a cabeça dizendo: - Nós não podemos! - diz ela segurando a respiração. - Nós temos que encontrá-
la. Essa é a única pista que nós temos.
Ecos metálicos, suaves notas mecânicas, saem da caixa na mão de Tyler. Madalena congela.
Mariana corta sua respiração.
- O que é isso? - sua voz estremece.
- É uma... caixinha de música - Tyler colocou o objeto na luz. - Viu? É só uma caixinha de
música.
- O que você fez? - a voz de Madalena sai num guincho.
Tomás sacode sua cabeça. - Nada.
A escada à direita da porta da frente sacode. Apenas um estrondo, de início, depois sacode tão forte
que alguns degraus se quebram. O lustre acima deles balança, derrubando uma nuvem de pó cinza, que
chove nas crianças.
- Ai! Que nojento - Madalena cospe a poeira da boca. Ela esfrega a parte de trás da mão nos
lábios.
Mariana grita quando a porta ao seu lado bate, se fechando. Quando ela abre de novo, uma fina e
torta linha de luz passa pelas rachaduras. Ela pulsa como batidas de um coração, aquecido e convidativo.
E soa como um também.
- Putaquep...! - a boca de Tomás se abre.
Os lábios de Mariana estremecem, tentando segurar suas palavras. A porta se abre para dentro,
devagar, rangendo levemente. As crianças puderam ver alguma coisa atrás da porta. Uma figura na luz.
Animada. Azul.
Os olhos de Madalena se arregalaram. Seu coração dispara. Sua boca, seca, se abre. Ela mal podia
falar a palavra que deixava seus lábios: - M-Mãe…

97
PARTE 1:
Aqui e agora
Você é incapaz de mensurar, principalmente
quando você já passou bastante da infância e/ou
não tem filhos pequenos, a quantidade de coisas que
impactam no dia-a-dia de uma criança. Essa seção é
uma cartilha sobre como o mundo é para uma criança:
ambiente, atividades e rotina. Esse é o mundo de uma
criança.
Quando e como?
Como mencionado antes nesse livro, o
tempo e lugar para esse jogo é, originalmente, nos
Estados Unidos da América, dos tempos atuais, nas
décadas de 90, início dos anos 2000. Referências são
construídas a partir dessa suposição. Mas nada aqui
depende desse tempo ou lugar, principalmente se
você e seus Jogadores não moram nos EUA. Quanto
a isso, em todos os lugares onde foi possível, sem que
comprometesse o clima proposto pelo jogo, fizemos a
localização para o Brasil.
Alguns grupos vão preferir jogar os cenários
que se passam em seu próprio local de infância, onde
eles podem ter uma melhor referência. Pode ser
divertido também fazer um jogo na Londres Vitoriana,
provavelmente durante a era dos assassinos de White
Chapel. A Grande Depressão é outro momento
intrigante para um jogo, dada a miséria e os esforços
que cercavam as crianças comuns.
Moderar um jogo no qual o grupo de crianças
são todas integrantes de uma mesma categoria
(sertanejos, quilombolas, nativos, estrangeiros, etc),
em uma ocupação precária (um acampamento de
movimento classista ou colônia religiosa) ou bem
estruturada, integrante ou não de um centro urbano
(a título de exemplos, o Bairro da Liberdade, em São
Paulo ou uma Base Militar da Força Aérea Brasileira,
em Anápolis, Goiás), contribui sobremaneira para o
potencial de horror e aventura.
Vida de criança
98
A vida de uma criança pode ser incrivelmente
cheia com escola, esportes, festas do pijama e coisas
do tipo que passam o tempo. Combine isso com
uma hora de dormir cedo e uma pilha de trabalhos
escolares e tarefas de casa, e é um milagre que as
crianças tenham tempo para lutar contra Monstros.
Vamos dar uma olhada nas coisas do dia-a-dia na
vida de uma criança, começando com a escola e
terminando com as férias de verão.
Programações
As programações são uma grande
parte da vida. A vida de uma criança é
afetada pela programação dos adultos e o
contrário também é verdade. Uma criança
talvez tenha que ir a uma creche, antes da
escola, porque seus pais trabalham cedo (ou
trabalham tarde), e talvez tenham que ir para
um turno escolar integral pelo mesmo motivo.
Talvez a criança tenha algumas atividades
extracurriculares, como esportes ou ensaios
de banda (ou aula de natação, encontro dos
escoteiros, um recital do coral de um irmão
mais velho ou as aulas de teatro) que ocupam
seu contra turno escolar. A programação de
um adulto é impactada da mesma maneira,
claro, incluindo sair dez minutos antes pela
manhã, para deixar a criança na creche, ou
reprogramando as reuniões do trabalho
para que ele possa ir ao jogo de handebol da
criança. Mas isso é sobre as crianças, então
vamos focar nelas.
Dias de aulas
A escola representa uma boa parte da vida de
uma criança. A maioria está regularmente matriculada
no ensino fundamental, que no Brasil se divide em
duas fases: a primeira compreende crianças do 1º ao
5º ano e a segunda compreende crianças do 6º ao 9º
ano, com aulas de turno único, que podem ser na parte
da manhã, das 07:00 às 12:30 ou na parte da tarde,
das 13:00 às 17:30, de segunda a sexta. A educação
de tempo integral e/ou em casa ainda é insipiente por
aqui.
Uniformes e regras de vestimenta
Mais e mais escolas públicas nos
EUA exigem uniformes. Aquelas que o
fazem, colocam a conta desses uniformes
no orçamento da família. Uniformes são
feitos por uma loja local ou por pedidos a
um fornecedor. A família também tem que
reparar ou repor o uniforme, caso ele seja
manchado ou rasgado. A maioria das escolas
estadunidenses não exige uniformes, mas as
escolas públicas possuem um regulamento
de vestimenta. Essas diretrizes abordam
o comprimento da saia, a altura do decote,
frases de efeito e imagens permitidos e
regras sobre o quanto a roupa pode, ou não,
ser danificada.
Algumas escolas instituíram um
conjunto de regras para materiais como
mochilas e estojos transparentes, mas estes
tendem a ser do fundamental ao ensino
médio. Existem escolas que são bastante
lenientes na aplicação dessas regras, e só
questionam o aluno em casos extremos,
ou seguem uma política de “três avisos”.
Escolas mais rigorosas, especialmente as
religiosas, militarizadas ou particulares, são
capazes de punir, ou até mesmo mandar uma
criança para casa, quando seu uniforme não
estiver no padrão.
No Brasil temos um outro cenário: é
raríssimo encontrarmos uma escola, pública
ou privada, que não exija uniforme, mas
a lei obriga que o poder público forneça
a vestimenta, o calçado e a alimentação
(merenda) para o aluno de escola pública.
Para o seu jogo, você pode criar regras
novas ou nenhuma regra, pois o seu foco é
sempre contar uma história que divirta os
seus jogadores.
Por questões legais, no Brasil, as crianças
99
devem atender uma idade mínima para determinada
progressão escolar, iniciando o 1º ano do fundamental
com 6 anos de idade, de modo que, em parâmetros
de jogo, a personagem com 12 anos de idade (limite
imposto pelas regras já apresentadas) estará no 7º ano
do Ensino Fundamental. Na realidade original de
Little Fears – Edição Pesadelo temos o turno escolar
estadunidense, que vai das 08:00 às 15:00 (isso se sua
personagem não ficar na detenção depois do horário).
A aula acontece em uma sala de aula, com tempo de
biblioteca, prática de educação física, laboratórios de
informática e mídias, com intervalos entre as aulas,
para o recreio e afins.
As crianças brasileiras passam, no mínimo,
nove anos no Ensino Fundamental, começando no
1º ano, para fins de jogo. A formação começa na
educação infantil, que pode vir desde o berçário,
creche ou maternal, até a ida da criança para o Ensino
Fundamental, aos seis anos de idade. A introdução
da criança à educação formal pode definir o ritmo de
todo o restante da educação da criança.
O tipo de escola que uma criança
frequenta tem um grande impacto no que ela está
aprendendo, quem são seus amigos e quais tipos de
atividades relacionadas à escola estão disponíveis
para ela. Seguem descrições dos vários tipos de
estabelecimentos de ensino:
Escolas particulares
Existem vários tipos de escolas particulares e
experimentais pelo mundo. As mais comuns são as
academias preparatórias (geralmente para os filhos
daqueles com status e vultosos recursos financeiros)
e aquelas que aderem a um currículo escolar mais
aberto (alguns dizem natural), como as escolas de
estilo Montessori.
Escolas religiosas
Apesar do nome, escolas religiosas
normalmente estão abertas para crianças de qualquer
credo (ou sem nenhuma orientação religiosa),
e ensina uma variedade de assuntos seculares,
assim como teológicos. Essas escolas tendem a ser
caracterizadas pelos uniformes obrigatórios, orações
matinais e cultos observados em todos os principais
feriados religiosos, locais ou nacionais. O Brasil
apresenta basicamente duas linhas nesse sentido:
escolas católicas e escolas evangélicas.
Ensino doméstico
O número de pais que optam por ensinar os
filhos em casa está cada vez mais alto. O currículo
ainda é bastante carente de regulamentação e pode,
ou não, seguir um plano de aula definido. Existem
organizações não-governamentais que se dedicam ao
propósito de ajudar crianças educadas em casa e seus
pais.
Ensino Fundamental
Os personagens mais velhos vão estar
provavelmente no sexto ou sétimo ano, o que os
coloca na segunda fase do Ensino Fundamental. Esses
anos são uma grande mudança em relação aos anos
de Educação Infantil ou da primeira fase, e funcionam
como uma ponte para o Ensino Médio. A grade
curricular no Brasil é mais formalizada, com turnos
separados em 6 a 8 períodos. O recreio acabou, dando
lugar aos grupos de estudos, e o dever de casa aumenta
drasticamente. Este também é o momento em que as
crianças formam grupos, têm suas primeiras paixões
e começam a trilhar o caminho da adolescência (e
tudo o que isso implica).
Colocação avançada
Nos EUA, a escola primária geralmente testa
para colocação avançada em torno da terceira ou
quarta série. Crianças qualificadas passam parte do
dia escolar ou da semana em uma aula dedicada a
conceitos e ideias mais amplos. Isso geralmente os
coloca na fila para aulas avançadas, mais tarde, na
escola.
Educação especial
Crianças com dificuldade de aprender,
deficiências físicas ou quadros de neuro-atipicidade,
como o TDAH, o autismo ou a Síndrome de Asperger,
100
talvez sejam colocadas em aulas de educação especial
(ou em instituição dedicada, se houver uma na área
e os pais puderem pagar). Geralmente, existem
programas de assistência municipais, estaduais ou
distritais e, dependendo da situação da criança, ele
e sua família podem trabalhar com um orientador,
terapeuta ocupacional ou assistente social que
frequenta as aulas, do lado da criança.
Professores
As crianças aprendem cedo em sua vida
educacional a identificar os professores como uma
autoridade (embora eles possam mudar isso depois,
começando no fim do ensino fundamental). Os
professores servem como um contraponto aos pais, e
isso, algumas vezes, causa tensão entre os dois. Não é
incomum que uma criança recorra a um professor em
tempos de necessidade ou crise, principalmente se o
problema está enraizado em seu lar.
Conforme a criança avança pelas etapas do
Ensino Fundamental, o número de professores que
elas têm aumenta, e o tempo gasto com cada um,
individualmente, diminui, então os laços não são tão
fortes, no geral. Uma criança nessas aulas tende a
criar laços com um professor de uma matéria que ela
gosta ou tem bastante talento (e não é incomum para
pré-adolescentes desenvolverem uma quedinha por
um professor mais novo, seja de sua matéria favorita
ou não).
Atividades extracurriculares
Existe uma variedade de atividades, além
da escola (embora algumas vezes ligadas a ela),
que ocupam a vida da criança. Essas atividades
extracurriculares acontecem antes ou depois da aula
ou nos fins de semana, e podem pegar vários dias do
calendário de uma criança.
Esportes
Várias crianças praticam esportes em algum
momento, durante sua infância. Existem vários para
se escolher, como o atletismo, o vôlei, a natação, o
basquete e o futebol sendo bem comuns. Alguns
programas esportivos aderem a uma política de “o que
importa é competir”, que se concentra na participação
e na “diversão” (os pais tendem a ter pontos de vista
conflitantes sobre os méritos disso).
Bandas marciais, fanfarras e corais
A infância é uma excelente hora de aprender a
tocar um instrumento, e os musicalmente talentosos
tendem a fazê-lo. A maior parte das escolas
fundamentais tem um programa de música, banda,
fanfarra e/ou coral. Aulas particulares são outra
possibilidade, principalmente se a criança gosta ou
mostra aptidão pela música, ou se os pais realmente
desejam que a criança desenvolva talento musical.
Escotismo
O Escotismo é um programa de atividades para
garotos e para garotas focado no desenvolvimento
de habilidades, integridade e independência. Isso
normalmente acontece com reuniões semanais,
acampamentos, arrecadações e venda de biscoitos.
Outros grupos
Existem atividades para quase todos os
interesses: xadrez, ciência, astronomia, jogos, caça
aos Monstros.
Festas do pijama
Uma festa do pijama coincide com a escola.
À medida que as crianças fazem novos amigos e
lutam pela independência, a festa do pijama é um
acontecimento natural. Isso serve como um ótimo
cenário para aventuras (seja uma criança passando a
noite ou um grande evento em tendas ao ar livre, para
aniversários, por exemplo), uma vez que um monte
de personagens de Jogadores estará em um único
local (e podem receber uma ilustre visita do Rei dos
Monstros, ou de um de seus leais asseclas).
Férias escolares
A escola é ótima para aprender, fazer amigos,
e ter intervalos, mas não há nada tão bom como as
férias. Nos EUA temos as férias de verão. As paradas
101
por razão do inverno e da primavera, embora caiam
em datas variáveis, coincidem com o Natal e a Páscoa
e normalmente duram de duas a três semanas. Temos,
no Brasil, dois períodos de férias, nos meses de julho,
dezembro e janeiro. Além disso, temos os feriados
prolongados, que interrompem as atividades escolares
por até 6 dias, a depender do local e da sazonalidade.
Dias de neve
Nos EUA, enquanto o inverno pode
ser a ruína da existência de um adulto, para
uma criança, uma noite de queda de flocos
brancos significa uma coisa: um dia de neve!
Esses dias inesperados de folga podem
significar um dia de televisão, videogames,
chocolate quente e bonecos de neve, ou 8
horas passadas em casa enquanto os pais
estão no trabalho. Avós, vizinhos ou irmãos
mais velhos também podem ser chamados
para tomar conta das crianças mais novas.
Alguns distritos escolares têm “dias
quentes”, quando a temperatura externa
atinge um nível considerado inseguro. A
desvantagem dessas pequenas pausas é
que o tempo adicional é adicionado ao ano
letivo. Os dias são adicionados ao final, os
minutos são adicionados aos dias letivos
restantes ou uma mistura de ambos. E no
Brasil? Use sua criatividade, pois temos
períodos de chuvas intensas, alagamentos
e isso também pode resultar na interrupção
das atividades escolares.
Dias preguiçosos de verão
Nos EUA, a pausa programada mais longa
vem em junho e desaparece em setembro: as férias
de verão. Lá, o sol quente, as viagens aos parques e
acampamentos, e horas e horas sem nada para fazer
dão às crianças muito tempo para explorar e se meter
em encrencas. Neste jogo, é um ótimo momento para
definir aventuras que acontecem longe da casa das
crianças, ou quando você não quer que a estrutura da
escola fique à mostra. Para algumas crianças, as férias
de verão significam ficar em casa, ou viagens para
casa de parentes, enquanto os pais estão trabalhando.
O período equivalente em termos brasileiros se
estende de novembro (para os alunos mais aplicados)
a janeiro, durante o nosso verão.
Acampamentos ou Colônias de Férias
Crianças mais novas provavelmente vão
para um acampamento ou uma colônia de férias,
normalmente de um dia. Eles duram cerca de seis a
oito horas por dia, com as crianças sendo buscadas
por um dos pais. As crianças passam suas noites
em casa. Esses locais podem funcionar em períodos
diversos, de três dias até algumas semanas.
Acampamentos e Colônias de Férias nos quais
as crianças passem a noite fora também são uma
opção para crianças mais velhas. Duram de duas a
três semanas e as crianças passam o tempo todo no
local. Tais empreendimentos normalmente possuem
um tema ou um foco, como a natureza, práticas de
esportes ou ensaios de bandas marciais. As crianças
dormem em cabanas, divididas entre garotos e
garotas. Alguns locais são para um único gênero,
mas quando isso ocorre, provavelmente teremos um
local vizinho, do outro lado do lago, para eventos e
atividades mistas.
Férias em família
Não vamos nos esquecer das boas e velhas
férias em família. Essas viagens de atravessar o país
para uma cabana na floresta, um parque temático ou
casa de parentes de fora do estado são sempre muito
divertidas (pelo menos nos primeiros dez minutos).
Férias em família são ótimas para introduzir
personagens de Jogadores que vão ficar apenas um
episódio (o primo de um personagem de Jogador
ou outra criança no parque temático). Eles também
servem como locais ideais para Monstros que não
caberiam no bairro da criança (como uma fera do
pântano que vive no brinquedo de passear por um
rio, ou uma criatura que vive na floresta para aquelas
crianças em férias da cidade).
102
Família
Existem famílias de todos os tipos. A família
“padrão” ainda existe, mas certamente não é a única
opção. Algumas famílias são feras em se multiplicar,
com várias gerações vivendo sob um mesmo teto.
Algumas são duas pessoas contra o mundo. Como
diz o ditado, família não é a que é, mas a que se faz.
Para uma criança, a família é a primeira sociedade
que ela vai conhecer. Suas tradições e estabilidade vão
afetar seu desenvolvimento de maneiras que ela pode
não entender completamente, até que esteja na idade
“adulta”. A família é uma grande parte da vida de uma
criança. A interpretação de quase todas as pessoas
que farão parte desse núcleo será de responsabilidade
do MJ.
Autoridade parental
Não importa qual seja a estrutura familiar,
sempre haverá uma cadeia de autoridade dentro
de uma casa. Para uma criança, isso provavelmente
são seus pais biológicos (ou algo similar). Para
alguns, a autoridade talvez seja compartilhada com
gerações mais velhas, então as decisões são tomadas
em conjunto. Ou os avós talvez ainda tenham o
poder de vetar as decisões dos pais. As crianças se
acostumam com o ambiente em que elas crescem. Às
vezes eles acharão estranho estar perto de famílias de
composição diferente.
Quando falamos de mães e pais, estamos
falando daqueles membros mais velhos da família
que impactam diretamente a vida da criança. Além
da escola e dos amigos, a influência mais marcante
na vida de uma criança, justamente por afetar
diretamente a agenda, a localidade e os hábitos dela,
será exercida pelos pais.
Irmãos e irmãs
O que dizer da maldição da existência de
toda criança? Ou do melhor amigo que ela terá para
sempre? Esse é o lance sobre irmãos e irmãs: parece
que o relacionamento que você tem com eles está
sempre mudando. Muito disso depende da idade das
crianças.
 O tempo da adolescência pode ser um
caminho distante da realidade de um irmão mais
novo. Um dia, sua irmã ou seu irmão mais velho está
brincando e correndo como qualquer outra criança, e
no outro, não tem tempo para você, começa a andar
com uma turma nova, fazer novos amigos, ter outros
interesses e sempre com outras coisas para fazer. A
adolescência não muda apenas a pessoa que esteja
passando por ela, pois a dinâmica da família será de
fato alterada. Personagens de Jogadores com irmãos
mais velhos podem sentir-se como as únicas crianças
na família.
Irmãos caçulas são notórios usurpadores de
atenção. Um personagem do Jogador que, de repente,
venha a ter uma irmã ou um irmão mais novo, se verá
retirado dos holofotes. Em troca, ele pode investir
mais tempo em seus amigos ou se isolar e passar seus
dias fazendo suas atividades sozinho.
Não importa quantos sejam seus irmãos e
suas idades, uma criança com irmãos e irmãs pode
achar difícil se destacar e sentir que está recebendo
a atenção de que precisa. Entretanto, crianças
são criaturas sociais. Se não encontrarem amor e
reconhecimento em suas famílias, elas irão procura-
los (e podem achá-los) em algum outro lugar.
Meio-irmão e irmão de consideração
Uma criança pode ter pais que se divorciam,
e o pai, agora separado, se casa com uma pessoa que
tem seus próprios filhos ou se casa com uma pessoa
e depois tem filhos novinhos em folha com a nova
companheira. A dinâmica disso varia, dependendo
quase inteiramente das crianças envolvidas, mas pode
ser muito complicada e criar um grande drama.
Tradições
As pessoas costumam falar de tradições em
relação às festas de final de ano, mas as tradições vão
além disso. Ir à igreja todos os domingos é comum
para algumas crianças. Ir à casa de um familiar nas
quartas-feiras, ou jantar com eles às segundas-feiras
pode ser uma tradição. Algumas casas têm “A noite
de jogos em família” (talvez eles estejam jogando este
103
jogo!). Há tradições de longa data, que as crianças
aprendem de seus pais, que as aprenderam de seus
pais, e assim por diante. E há “novas tradições”, que os
pais instituem no esforço de aproximar as famílias.
Medidas de segurança
As famílias estabelecem medidas para
proteger as crianças, com palavras-chave usadas por
aqueles que vão buscá-las na escola ou horários e
locais específicos para se encontrar no shopping.
Pais maus
Sem mergulhar nas profundezas obscuras da
teoria da criação de filhos, acho que é seguro dizer
que existem pais que provavelmente não deveriam
ser pais. Nem toda criança vive em um lar que
providencia carinho, proteção e comida. Nem toda
criança mora em uma casa com pais que ficam em
casa à noite, em vez de fugirem para clubes ou ficarem
chapados. Existem crianças que vivem com a ameaça
constante de abuso e negligência. Temos crianças em
todas as cidades, estados e países, que são deixadas à
própria sorte. Um personagem Jogador pode ser uma
dessas crianças, se o grupo permitir.
Interpretar pais maus pode ser difícil para um
MJ, e desconfortável para os Jogadores. Quando um
morcego gigante mergulha do céu, crava suas garras
no ombro da criança, e então a leva para o céu, existe
um amortecedor ali. O muro que separa “humano”
de “Monstro” pode ser tão alto quanto o necessário.
Mas quando um pai (um ser humano) está atacando,
gritando ou ameaçando uma criança, você entra em
um território completamente diferente.
O caminho mais seguro é não incluir pais
maus em seu jogo, mas se eles são relevantes para
sua história, ou ainda indispensáveis para ela, então
faça o seu melhor para conhecer as limitações de seu
grupo. O conselho mais sensato, e mais óbvio, é jogá-
los apenas no nível de conforto de seus Jogadores ou
abaixo dele.
Pais de outras crianças
Na maioria dos lugares, supõe-se que a criança
respeitará os costumes e as orientações dos pais de
um amigo, principalmente se for passar a noite na
casa dele ou a uma festa de aniversário. Tradições
estranhas e práticas religiosas ou ateístas estritas
podem incomodar um pai que está criando seu filho
de maneira contrária. Por sua vez, isso pode causar
conflitos entre as crianças ou, pelo menos, dificultar a
convivência dos dois fora da escola.
Pais e Monstros
Os pais não veem os Monstros. Existem
dois motivos para isso. Pais são criaturas racionais.
Essa racionalidade bloqueia qualquer vestígio de
Convicção que eles possam ainda ter. Não é como
se os pais fossem ciborgues super-sérios, frios
(existe paixão, imaginação, preocupação), mas não
há espaço para a ideia de que existem Monstros
tentando machucar suas crianças. Existem outras
pessoas tentando fazer isso? Sim. A consciência
disso é suficiente para enlouquecer alguns pais, mas
Monstros reais e assustadores, com dentes grandes,
garras afiadas e cabeças de pássaro no lugar de rostos,
é um conceito muito bizarro.
Monstros são repelidos por grandes
quantidades de racionalidade e baixas quantidades
de Convicção. Os Monstros acham que estar nesse
104
ambiente é extremamente desconfortável. Alguns
sentem isso como se fosse uma coceira persistente;
para outros, é uma estática forte no ar.
Crianças mais velhas
Quando falamos sobre adultos, estamos
incluindo aqueles no final da adolescência também.
Mas existem aqueles entre as idades de 13-15 dos
quais ainda não falamos. Essas são as crianças mais
velhas, e aqui está o que faz delas tão especiais.
Uma criança mais velha ainda tem um
pouquinho de Convicção dentro dela. Não é muito,
e não é nada que ela possa usar, mas ela pode
inconscientemente ter Convicção em alguém por
quem se importa profundamente, como uma paixão,
um melhor amigo, ou uma irmã ou um irmão mais
novo. Uma criança mais velha só pode ser Convicta
em outras pessoas, não em si mesmo ou em qualquer
outra coisa.
Em questão de jogo, isso significa que um
PdM que seja uma criança mais velha, pode dar um
marcador de Convicção para ajudar um personagem
Jogador, desde que esse personagem seja alguém com
que ela se importa. Uma criança mais velha pode
fazer isso uma vez por episódio.
PARTE 2:
Existem seres bons
As crianças não estão sozinhas em sua luta.
Existem aqueles que nasceram com esperança, com
desespero, e aqueles que são capazes de ajudar, ainda
que apenas um pouco, no tempo de necessidade de
uma criança.
O Luminar
Ele tem uma forma vagamente humanoide:
um corpo ereto, quatro membros que terminam em
objetos vagamente parecidos com mãos e pés, e algo
que alguém, à distância, pode interpretar como uma
cabeça, mas além dessas características gerais, ele não
tem detalhes físicos reais. Mesmo chamá-lo de “ele” é
devido mais à sua forma do que ao que ele realmente
aparenta. Ainda assim, as histórias mais famosas e
persistentes dizem que é um “ele”, então o nome do
Luminar nasceu e ficou.
Como o nome diz, o Luminar é uma criatura
de luz pura. Imagine uma pessoa feita de bastões
luminosos e você estará no caminho certo. Ele é tão
brilhante que você não consegue distinguir nenhuma
característica além da luz amarela suave que o cobre
completamente e brilha dentro dele. A cor e o brilho
de sua luz mudam dependendo de seu humor, e se
ele se sente ameaçado. O Luminar mostra empatia
brilhando em azul claro. Quando assustado, sua
luminescência vira um vermelho intenso. Quando
confuso, ele pode brilhar na um verde fluorescente.
O Luminar nunca fala (provavelmente nem
pode), mas irá mexer ou acenar sua cabeça, ou fazer
gestos amplos, se precisar se comunicar com a criança.
Ele frequentemente aparece atravessando uma parede
ou outro tipo de obstáculo físico, como se estivesse
casualmente passando por uma porta de uma sala
adjacente, mesmo que não haja porta, nem sequer
uma sala adjacente. Também não existe motivo ou
razão para sua aparição. Ele aparece e desaparece por
motivos que apenas ele sabe.
105
Ele devora a escuridão
Quando ele vai embora, ele deixa em seu rastro
uma pilha de objetos brilhantes que se parecem com
insetos. Se não forem perturbados, eles explodirão
em nada, em menos de um segundo. Se uma criança
conseguir capturar uma ou duas dessas criaturas
em sua mão, ela pode usar elas como lamparinas,
começar um pequeno fogo, ou acender uma vela. Eles
fazem um zumbido suave, mas, como seu mestre, não
têm outras características.
Diferente do que aparenta, o Luminar e suas
pequenas criaturas não criam luz. Pelo contrário,
eles comem a escuridão. Se você colocar o suficiente
dessas criaturas em uma sala por tempo suficiente e
impedí-las de explodir no ar, elas comerão a escuridão
de todos os cantos.
A Azul Celeste
Convicção foi o que deu vida à Azul Celeste
e perto do encontrar o seu fim, foi o que a salvou
do oblívio. Originalmente, ela era uma espécie de
relíquia, uma pequena escultura de um anjo azul,
nascida, na verdade, de ideias, agora antiquadas, de
que anjos e demônios vivem entre nós e influenciam
nossas vidas. A Azul Celeste, como os Monstros, é
uma criatura trazida à vida por meio da Convicção.
Mas diferente dos Monstros, ela não nasceu do medo.
Pela esperança, ela nasceu, e pela esperança, morrerá.
Faz séculos desde que um grande grupo de pessoas
teve Convicção em anjos e demônios da vida real.
A Convicção minguante drenou o poder da Azul
Celeste, levando-a à beira da extinção.
Um artigo em um jornal mudou tudo isso.
Um repórter, enquanto investigava uma história sobre
os sem-teto, no sul da Flórida, soube de alguns dos
mitos que circulavam entre as crianças. Havia muitas
histórias sendo contadas por pessoas em abrigos ou
casas comuns compartilhadas, mas a mais difundida
e persistente era a de uma moça azul brilhante. A
ideia era que essa criatura tivesse sido presa em
uma batalha com o diabo. O diabo estava atrás da
esperança das crianças e a moça as estava protegendo.
Aquela mulher era a Azul Celeste.
 A criatura enfraquecida estava lutando para
proteger as crianças, mas não era com o diabo que
ela estava lutando. Bem, pelo menos não era o diabo
de que falam na Escola Bíblica Dominical. Era um
Monstro, sonhado por uma história, que se espalhava
por um dos abrigos. O Monstro estava roubando ideias
de crianças adormecidas e colocando-as na mente dos
cachorros. Por sua vez, essas ideias estavam agitando
os cães, que não têm a capacidade de agir de acordo
com essas ideias. Enlouquecidos, eles corriam no
trânsito, causando acidentes e sendo mortos. A Azul
Celeste estava tentando parar a fera e acabar com seu
reinado de terror.
A Azul Celeste estava perdendo a luta, até
que todas as crianças que se reuniram para observar
deram as mãos e desejaram muito que ela fosse
capaz de reunir suas forças e afastar a fera. Isso deu
a Azul Celeste um novo sopro de vida, e ela está
mais poderosa agora, do que já foi em séculos de sua
existência.
Ela protege os fracos
O propósito da Azul Celeste é proteger os
fracos. Isso significa as crianças, os animais pequenos,
os enfermos ou os mentalmente incapacitados.
Quando um Monstro está atacando os fracos, a Azul
Celeste é capaz de lutar contra a fera em nome das
crianças. Sua força não é infinita nem inesgotável, e
sempre descansa por muito tempo entre as batalhas.
Também reserva sua força para grandes batalhas, não
para pequenos conflitos. Isso levou a algum ceticismo
sobre a Azul Celeste, mas ela não se importa. Ela
conhece sua força, não importa o que os outros digam.
Ela?
A Azul Celeste pode aparecer como
homem ou mulher, garoto ou garota, uma
cobra ou um leão, ou o que ela quiser, mas
independentemente de sua forma, ela não
tem um gênero anatômico e não se associa
a um. Ela irá responder por “ela”, “ele”, ou
do que as crianças o chamarem (a menos
que seja um xingamento). Ela se refere a
106
si mesma na primeira pessoa do singular,
fala qualquer idioma necessário e com as
mesmas variações linguísticas daqueles a
quem ela estiver protegendo.
A Mãe
Um ser de pura emoção, a Mãe habita áreas
em que uma criança sofreu uma doença grave,
durante muito tempo e faleceu em virtude disso ou
de acidentes traumáticos. Comumente vista em casas
centenárias, hospitais e maternidades, a Mãe pode
concentrar sua força para assumir uma forma física.
Quanto mais tristeza for mantida dentro das paredes
do prédio, mais sólida ela pode se tornar. Sua forma
física varia de acordo com o ambiente: em locais
ligados à Saúde, ela aparece como uma enfermeira;
em locais mais austeros, ela se manifesta como uma
professora, usando óculos de lentes grossas e jaleco;
em locais onde as emoções são negativas, ela aparece
como uma senhora de arquétipo religioso, carregando
um livro em uma das mãos. Todas as formas possuem
três características marcantes: a pele de tez alva, os
olhos heterocromáticos e a total ausência de cabelos
na cabeça.
Naqueles lugares com os traços mais tênues,
a Mãe possuirá objetos para se comunicar com as
crianças. Ela pode direcionar uma criança através
de um hospital assombrado, piscando as luzes
fluorescentes do corredor ou fazendo com que os
telefones toquem em sequência, criando uma trilha,
na direção segura. Ela pode assumir o controle de uma
lareira e formar palavras na fumaça ou nas brasas que
se apagam. Ela pode tomar o controle das transmissões
nas televisões e dos rádios, juntando trechos de
vários programas para dar conselhos ou um aviso.
Se nenhum deles estiver disponível, ela pode arrastar
uma moeda de 1 centavo pelo chão empoeirado para
rabiscar uma mensagem fantasmagórica.
Não se sabe se a Mãe já foi realmente humana
e se está ligada a esta terra por uma perda que
pessoalmente sofreu, ou se a dor coletiva sentida pelos
pais que perderam filhos por acidente ou doença se
manifesta nela.
 Na escuridão, se você ficar muito quieto e
prender a respiração, eles dizem que você pode ouvir
a mãe chorando, seus soluços ecoando nas velhas
paredes. Em noites tranquilas, em lugares de grande
tristeza, alguns dizem que você pode ouvi-la dizer o
nome “Daniel”.
Ela abre portas
Qualquer lugar que a Mãe habite pode
funcionar como uma porta de entrada para
Armariolândia. A Mãe tem o poder de criar uma
entrada através de qualquer portal permanente (um
portão, um batente de porta, um armário), embora
ela não possa controlar onde na em Armariolândia a
criança chegará.
O Exército de São Nicolau
Nem todos perdem sua Convicção quando
completam 13 anos. Alguns retêm um pressentimento,
uma tênue lembrança de alguma verdade sombria
para o mundo. Para alguns, isso leva às atividades
criativas, tentando aproveitar esse palpite, essa
“coceira” de que há algo mais neste mundo. Para
outros, a presença do “fantasma da infância” leva a
uma pontada de ansiedade e instabilidade. Em casos
extremos, as memórias assustadoras de Monstros e
estranhezas são demais para suportar, e a pessoa é
levada à insanidade. Mas há aqueles que encontram
a paz, têm uma trégua com o fato de que há coisas
de que quase se lembram, mas nunca entenderão
completamente. Algumas dessas pessoas perceberam
que existem outras como elas por aí, e se reuniram
para compartilhar informações, coletar testemunhos
de crianças e reunir evidências. Eles se chamam de
Exército de São Nicolau, ou ESN.
A rede não tem influência ou poder global,
mas tem canais de bate-papo seguros e sites
dedicados a arquivar relatos de memórias, sonhos e
testemunhos sobre Monstros. Eles são um grupo de
base séria, com um interesse sincero em preencher
essa lacuna em suas memórias coletivas. Alguns
membros afirmam que existe um quartel-general,
um antigo escritório ou depósito abandonado, que
107
possui um estoque de artefatos, textos e fotografias
que comprovam a existência de Monstros, mas isso
nunca foi confirmado oficialmente.
Integrantes
Qualquer um que se lembre dos Monstros
tem potencial para ser um membro, mas nem todos
que se lembram são. O grupo não é bem conhecido,
apesar das evidências de que existe há séculos,
talvez eras. Antes de meados de 1900, o Exército
existia apenas em bolsões locais, representado
pelo “loucos” e “esquisitos” dos bairros. Hoje em
dia, o Exército de São Nicolau tornou-se ainda
mais poderoso, pelas facilidades tecnológicas que
permitem o armazenamento e o compartilhamento
de informações.
Especula-se de que nem todos os membros
são legítimos. É comum que os membros mais
antigos tratem os novatos com desconfiança, até que a
credibilidade seja estabelecida (embora cada membro
tenha sua própria definição de “crível”).
Muitos novatos são adultos, que se lembram
de conhecer um tal Nico, quando criança, e se
juntaram às fileiras do ESN por motivos pessoais.
Interação com crianças
Os membros raramente abordam crianças,
falando sobre Monstros, pois seria muito fácil algo
assim ser mal interpretado como algo impróprio.
No passado, houve membros que, mais tarde, foram
ligados à exploração infantil, e isso não é algo que
o ESN tolera. Os membros que cruzam essa linha
são imediatamente excluídos e denunciados às
autoridades.
Acredita-se que alguns dos membros sejam
provavelmente agentes da Polícia Federal ou Civil
estadual, garantindo que o Exército não seja algum
tipo de organização criminosa de exploração infantil.
Convenhamos, qualquer grupo de adultos que fale
sobre “lembrar-se de Monstros” e “precisar proteger
as crianças” atrairá suspeitas das autoridades. Os
poderosos que estão na hierarquia do ESN incentivam
a inclusão de novos membros, por acreditarem que
isso conferirá legitimidade à causa e afastará os
indesejáveis.
ESN e os Monstros
Os membros não podem ver ou lutar contra os
Monstros, mas os Monstros não vão necessariamente
desaparecer quando eles se aproximarem, como
acontece com a maioria dos adultos. Essa pequena
centelha de Convicção dentro de cada membro
é suficiente para que os Monstros não sejam
imediatamente repelidos por sua presença.
O que eles fazem?
O Exército é um grande recurso para as
crianças, se um membro puder ser encontrado. “Nicos”
têm acesso a dados que rastreiam o movimento de
certos Monstros, pela descrição de suas atividades
comuns, e podem ter informações sobre como um
Monstro foi derrotado no passado.
Apelidos
Os membros do Exército de São
Nicolau gostam de permanecer anônimos.
Alguns porque é legal; outros porque é
prático. Alguns gostam da distância entre
sua vida pública como contador, funcionário
de escritório ou gerente de produção. Os
fundadores online são conhecidos por
variantes do nome “Nicholas”. Nico, Nikki,
Nick, Nikola e Nicho têm uma posição de
autoridade quase mítica entre o Exército.
Devido a essa tradição inicial, os membros
às vezes são chamados de “Nico” ou,
coletivamente, “Nicos”.
108
PARTE 3:
Quebra-galhos
Quando Trecos são perdidos ou desaparecidos,
talvez derrubados enquanto alguém foge de um
Monstro ou deixados para trás após uma mudança
de família, a Convicção dentro do objeto permanece.
Se encontrado por outra criança, pode ser usado
por ela. É assim que um item se torna um Quebra-
Galho. Quando falamos sobre Trecos aqui, estamos
falando principalmente de outros personagens,
não personagens de Jogadores. Os Trecos de um
personagem Jogador podem se tornar um quebra-
galho no jogo e abordaremos isso mais tarde.
Como eles funcionam?
Do ponto de vista do sistema, quebra-galhos
funcionam como outros Trecos, e os personagens usam
sua Convicção para fortalecê-los como de costume.
No que diz respeito à história, a diferença é que o
personagem não tem um investimento emocional
no objeto. Este não é o objeto do personagem, é algo
que alguma outra criança amava e prezava em algum
outro lugar ou em algum outro momento. Como a
criança e o objeto se separaram, provavelmente nunca
será conhecido pela criança que encontra o objeto.
Quando um personagem encontra um quebra-galho,
é apenas outro objeto (e ela talvez nem saiba que é um
quebra-galho).
Quebra-galhos não vem com uma data de
validade; alguns possuem décadas, senão séculos de
idade. Alguns objetos antiquados deixam as crianças
modernas coçando a cabeça (“Atiçador de fogo?”),
mas isso não tira o poder do objeto.
Se sua personagem encontrar e decidir ficar com um
item, você pode incluí-lo na seção de Trecos, na ficha
de personagem. Esteja avisado, porém, que alguns
quebra-galhos podem ser amaldiçoados, e uma
personagem não saberá disso até que ela o use.
Onde são encontrados?
Quebra-galhos têm uma maneira peculiar
de se esconderem. Talvez seja assim que muitos
deles permanecem desconhecidos por muitos anos.
Eles também tendem a aparecer nos lugares mais
estranhos. Quebra-galhos podem ser descobertos
em casas abandonadas, na floresta, em assentos de
ônibus, em sótãos ou, na verdade, em qualquer lugar
onde algo possa ser encontrado. Imagine uma cena em
que uma menina encontra uma boneca que pertencia
à sua avó. A coisa foi guardada em um baú e ficou
esquecida em um sótão por 60 anos. A menina mostra
a boneca para sua avó, que tem boas lembranças de
brincar com a boneca, mas nada mais. A mulher mais
velha esqueceu completamente o verdadeiro poder da
boneca. A neta, porém, sente algum poder profundo
vibrando da porcelana. O poder passou para outra
geração, um verdadeiro Quebra-galho.
Mas o Quebra-galho não precisa ser literal e
não precisa ser nada mais do que uma criança e um
objeto, no mesmo lugar ao mesmo tempo.
Mas o que eles fazem?
Quebra-galhos não vêm com instruções
(bem, geralmente não, mas suponho que certamente
poderiam, se uma criança quisesse deixar uma
ferramenta útil para outra criança), mas as crianças
têm um talento especial para intuir o propósito ou o
poder especial do item. Quando um personagem do
Jogador obtém um quebra-galho, faça o Jogador rolar
um Problema de Cuidar contra uma Dificuldade
Média (9).
Se o teste falhar, a criança sabe que é um
quebra-galho, mas não o que ele faz. Se o teste falhar
com Notas Vermelhas, a criança não percebe o fato de
que algo é especial sobre o objeto.
Se o teste for bem-sucedido, o personagem
tem um palpite sobre o objeto. Ele saberá basicamente
o que faz. Como MJ, você deve dizer ao Jogador,
de maneira mais ampla, o que ele faz. Se o teste for
bem-sucedido com Notas Azuis, a personagem sabe
exatamente o que o quebra-galho faz. Descreva ao
Jogador as Qualidades dos Trecos para o objeto
encontrado.
109
Quando Trecos viram um Quebra-
Galho?
Os Trecos de um personagem podem virar
um quebra-galho. Simplesmente se separar do objeto
(deixá-lo na cama por dez minutos, guardá-lo em um
lugar seguro por vários dias, ou enterrá-lo no quintal
pelo verão) não é suficiente. Para que isso ocorra deve
haver um desapego emocional, um abandono. Os
brinquedos de uma criança de sete anos, geralmente
não interessam a uma criança de dez anos.
Para fins de jogo, o Jogador remove o Treco
da ficha de personagem. O Jogador precisa tomar
uma decisão: colocar a Convicção em outra coisa ou
simplesmente deixar como está. Se o Jogador decidir
colocar a Convicção em outra coisa, a Convicção é
drenada do Treco, portanto, ele não se torna um
quebra-galho.
Se a personagem simplesmente o perder ou
deixar de lado, o Treco ficará lá para ser encontrado
por outra pessoa. Na medida em que é usado e passado
de uma criança para outra, ele ganhará sua própria
reputação e a mitologia fará o resto, garantindo fama
ao objeto.
Maldições
Não divulgue muito isso, mas alguns quebra-
galhos são amaldiçoados. Esses objetos irão funcionar
normalmente, mas existe algum efeito colateral
negativo, toda vez que eles forem usados.
Como, quando e por qual motivo um quebra-
galhos se torna amaldiçoado é desconhecido. Talvez
o amor da criança pelo objeto se torne distorcido
quando o item é separado dela. Talvez haja um
breve momento de fraqueza quando o Treco é
removido da criança, que está Convicta de que isso
a deixa vulnerável a ataques de Monstros. Como
MJ, você pode decidir quando um quebra-galho que
você traz ao jogo é amaldiçoado ou não. Os Trecos
de uma personagem de Jogador podem se tornar
amaldiçoados também. Se você quiser, role um 1d6
quando o Treco da criança for separado dela. Se o
resultado for 1, o item se torna amaldiçoado. Você
mesmo pode escolher o tipo de maldição, se quiser,
ou escolher qualquer uma das opções comentadas a
seguir.
Luz intensa
O objeto acumulou algum tipo de carga
elétrica. Depois que o efeito do quebra-galho passar,
ele emite um clarão de luz branca intensa. Isso acerta
o personagem que usou o Quebra-galho, deixando-o
cego por alguns minutos. Apenas a criança que usou o
item sofre o efeito, mesmo que outras crianças estejam
bem próximas dela.
Olhos fantasmagóricos
Enquanto o objeto estiver acionado (no
jogo, sua Qualidade estiver ativa), o personagem vê
espíritos, andando ao redor e através dele. Os espíritos
falam com a criança, mas é sempre em um idioma
que a criança não conhece. Na verdade, pode nem
ser uma língua humana. Os espíritos desaparecem
quando o efeito do quebra-galho desaparece ou
termina, embora, às vezes, suas palavras permaneçam
pairando no ar.
Convicção ruim
A Convicção dentro do objeto se corrompeu.
Quando o item é usado, ele causa um leve choque,
à medida que a Convicção maculada percorre o
usuário. O personagem perde 1 ponto de Saúde +1
ponto para cada Nota Azul obtida na rolagem para
usar o quebra-galho.
Rastejadores nojentos
Insetos cobrem o braço do usuário, enquanto o
poder do item está em uso. Os insetos não machucam
a criança, apenas correm em torno de seu braço, e
desaparecem imediatamente após o efeito cessar.
Fumaça nos pés
Os pés do usuário fumegam e ardem quando
o efeito do Quebra-galho se encerra. Se o efeito
demorar muito, os pés da criança começarão a
queimar. A fumaça ficará mais espessa e mais densa.
Os pés ficarão quentes o suficiente até que isso se torne
110
extremamente desconfortável, mas a queimadura não
causa qualquer dano.
Controle e propriedade
Se um quebra-galho for reencontrado
pelo seu dono original, seu controle retorna
para aquela criança. A Convicção do dono
original é o que deu poder ao item e elevou o
objeto ao nível de Treco. Esse vínculo sempre
será mais forte. Isso significa que o quebra-
galho não funcionará com a criança que o
encontrou se o proprietário original estiver
por perto, no mesmo ambiente, a menos
que esteja sendo usado para proteger o
proprietário original. Uma criança pode abrir
mão do controle de um quebra-galho para
outra criança. Sem rolagem, sem regras.
Exemplos de quebra-galhos
Abaixo estão alguns exemplos de Quebra-
Galhos para o seu jogo. Use-os como estão, mude-os
para se encaixarem no seu jogo, e, claro, faça também
os seus!
Coelhinho feroz
Este coelho esfarrapado tem uma aparência
melhor do que o seu cheiro, mas isso não diz muito
sobre ambos. Este coelho gordo, de pelúcia, um
dia, provavelmente já foi azul, mas anos de poeira e
sujeira transformaram a cor de sua pelagem em uma
bagunça manchada. Metade de uma orelha foi rasgada
ou mastigada, e o enchimento ficou torto, dando
ao rosto uma expressão bastante mal-humorada e a
outra orelha tem um nó permanente.
Portanto, embora esse coelho não aparente
ser muito importante, ainda é uma ferramenta útil
contra Monstros. Quando jogado em um Monstro,
o coelho se agarra ao rosto da criatura e o mastiga
furiosamente, cegando temporariamente a criatura
no processo. Isso dura apenas alguns segundos, até
que o Monstro seja capaz de arrancar o coelho de seu
rosto, então é melhor usá-lo como uma distração,
para deixar as crianças escaparem.

Qualidade do Treco
Cega temporariamente os Monstros.
Pulseira de miçangas
Sete miçangas pendentes de uma fina corrente
de prata. São formas simples: coração, estrela, círculo,
quadrado, triângulo, diamante e cruz. Cada um
concede um desejo à criança que tem Convicção nele.
O problema é que o nome ou a forma da miçanga
deve, de algum modo, ser incorporado ao texto do
desejo.
Uma criança só pode usar uma forma
(portanto, um desejo). Quando a forma é usada, sua
superfície prateada brilhante se torna cinza e opaca.
A criança pode então passá-lo para um amigo ou
deixá-lo para trás. Uma vez que todos as miçangas
forem usadas, elas são reiniciadas e o quebra-galhos
se perde novamente, para ser encontrado outro dia,
por alguma outra criança em necessidade.
Nenhuma miçanga pode ser adicionada à
pulseira, e nenhuma pode ser retirada. Apesar de
aparentemente ser um objeto de construção frágil, a
pulseira é incrivelmente resistente.
Qualidade do Treco
Garante 1 desejo por miçanga.
Aldrava de Dorothy
O nome não vem do proprietário original,
até onde se sabe, mas do nome gravado na elaborada
placa frontal da aldrava. Este é um dos quebra-galhos
mais poderosos de que se tem conhecimento. Esta
simples aldrava de ferro tem o poder de abrir uma
porta para a Armariolândia, em qualquer lugar, a
qualquer momento. Quando colocada contra uma
superfície plana, a aldrava se liga a ela. Um puxão
rápido fará com que ela simplesmente se solte. Mas
se a criança bater a aldrava três vezes e depois puxá-
la lentamente, uma porta se abrirá. Se a aldrava for
colocada contra uma porta real, a porta se abrirá para
levar à Armariolândia. Se a aldrava for colocada contra
o chão ou alguma outra superfície plana que não seja
111
uma porta, uma linha brilhante com o tamanho e a
forma de uma porta aparecerá, e a superfície se abrirá
magicamente.
Qualidade do Treco
Transforma qualquer superfície plana em
uma porta para a Armariolândia.
Anel dourado
Este despretensioso anel de ouro não tem
marcações ou gravações. Para o observador casual,
ele se pareceria apenas com um anel sujo (ele tem
o hábito de ficar enterrado na sujeira). Uma criança
que colocar o anel em seu dedo descobrirá que esse
simples anel lhe causará um grande impacto.
Qualidade do Treco
Brigar +2
Dano +2
Trecos milenares
À medida que os brinquedos das
crianças ficaram mais baratos e mais
dispensáveis, eles passaram a não durar
tanto quanto os brinquedos de madeira e
metal de outrora. É menos provável que um
boneco (figura de ação ou simplesmente
“hominho”) de uma criança de 1999 seja
usado por outra criança em 2034, mas há
coisas da década de 1950 que ainda podem
ser usadas por crianças de hoje.
E este é o mundo
Ou, pelo menos, parte dele. Há muito mais
no mundo “real” de Little Fears - Edição Pesadelo do
que o apresentado aqui. Minha esperança é que este
capítulo inspire você a torná-lo seu.
Agora, vamos falar sobre a Armariolândia.

112
Atrás daquela Porta
113
 Todos os três falaram ao mesmo tempo.
- Um, dois, amarrem os sapatos.
Em sincronia, os três jovens garotos se ajoelharam e amarraram seus sapatos. Um som estridente cortou o
silêncio, enquanto o caçula ajustava suas tiras de velcro. O mais velho, e mais alto, olhou para seus amigos.
- Está bem, três, quatro, fechem a porta.
Com um empurrão coletivo, eles colocaram a porta no trilho.
- Cinco, seis, peguem seus gravetos.
Cada um deles alcançou, em uma capanga dependurada no ombro, um punhado de galhos e gravetos
retorcidos, recolhidos há pouco menos de duas horas, no quintal dos fundos da casa de Daniel.
- Sete, oito, enfileirem os gravetos.
Assim eles fizeram: treze gravetos alinhados em uma fila, o mais reto que eles conseguiram. O ar estava
espesso, preenchido com uma energia nervosa. Daniel, o garoto do meio, arrepiou-se um pouco, então endireitou
suas costas. José, o menor, olhou para os outros dois, esperando por um sinal. Alex, o mais velho, se
preparou e encarou a maçaneta redonda e ornada da porta do armário.
Os dois garotos mais jovens se entreolharam e então depositaram sua atenção em Alex. O silêncio
durou uns bons cinco minutos antes que Alex o desfizesse, com uma profunda respiração.
Os garotos se prepararam. Cada um colocou um dedo na maçaneta do armário. Alex terminou o
encantamento: - Nove, dez, que assim comece - com um pouco de esforço, cada garoto puxou seu pedaço da
maçaneta. A porta se abriu, violentamente, com um gemido. Algo do lado de dentro os estava impedindo,
puxando a porta para o outro lado. A escuridão se derramou pela abertura da porta. José mordeu seu
lábio e retesou a maçã do rosto, tentando segurar o grito que nascia em sua garganta.
Lentamente, os prantos de crianças presas foram ouvidos, vindos de dentro do armário. O volume
oscilava, e, finalmente, alcançou um volume confortável, isso deu mais forças ao Monstro do outro lado.
- E a gente faz o que? - Daniel sussurrou entredentes.
- Apenas… continuem… puxando... - Alex respondeu, e então os três o fizeram. Os dedos de José
escorregaram algumas vezes, mas ele segurou da melhor maneira que pôde. Os gritos continuavam de dentro,
nunca indo abaixo de um rugido fraco. Alex estava aliviado que seus pais estavam no andar debaixo, longe
desse barulho.
A porta se moveu repentinamente, enquanto o Monstro reunia mais forças. Pareceu para Daniel que a
porta nem se incomodou em se mover, mais do que alguns centímetros. Ele podia sentir que o que quer que
seja que estava detrás daquela porta, estava tentando sugá-los para dentro. Ele plantou seus pés e arqueou
suas costas, dando à porta um bom cabo de guerra.
Alex deu algumas respiradas rápidas, assim como seu irmão fazia antes de uma luta de MMA,
e reduziu sua silhueta: - Vamos lá, vamos lá - ele repetia, a cada tomada de fôlego.
Era José, o caçula e o menor, que não conseguiu mais segurar. Ele tentou, de verdade, mas seus
dedos finos e pálidos escorregaram muitas vezes para chegarem a ser úteis. O garotinho sentiu a maçaneta
escorregar da ponta do seu dedo do meio. Quando escapuliu, ele gritou alto, de susto. De repente, a porta se
abriu, preenchendo o quarto com escuridão e gritos de milhares de crianças amedrontadas. Os dois garotos
segurando a porta caíram de bunda no chão, já que a resistência desapareceu repentinamente.
Eles não conseguiam ver dentro do armário, apenas ouviam prantos. A escuridão que estava se
espalhando pela abertura circulava os garotos agora. José estava tremendo, assustado por sua fraqueza ter
permitido alguém, ou algo, entrar no quarto. Depois de alguns segundos tensos, Alex se levantou, e Daniel,
logo em seguida, ajudando José a ficar de pé.
A escuridão continuou a se arrastar pelas paredes do quarto, envolvendo as pernas dos garotos em
pura sombra. Isso fez com que a primeira tentativa de dar passos fosse difícil, mas no final, conseguiram
caminhar. Precisaram de três passos curtos para chegar à abertura. Alex olhou para seus amigos e apertou
os lábios.
- Estamos prontos?
Daniel acenou. José fez o mesmo.
- Estamos sim.
Juntos, eles andaram em direção ao breu, distinguindo uma parede com milhares de crianças sem
rostos, todas aos prantos. Apesar do medo, de não saberem exatamente o que os aguardavam na escuridão,
nenhum dos três se assustou quando a porta do armário bateu, atrás deles, sem aviso prévio.

114
PARTE 1:
Atravessando a escuridão
A Armariolândia fica próxima do mundo real,
como uma criança inquieta encostada em seus pais na
celebração dominical de sua igreja, que não consegue
evitar de se mexer, deslizar e agitar seu vizinho.
Nascida dos nossos próprios medos, a Armariolândia
está para sempre ligada ao nosso mundo, sobrepondo-
se em alguns pontos e dominando em outros.
Mas os mundos em questão não são nossa
preocupação. Não, este jogo é sobre as coisas que
moram nesses mundos: as crianças do mundo real
e os Monstros da Armariolândia. Se os dois nunca
se encontrassem, haveria bastante suspense, mas
não valeria a pena. De várias maneiras, os Monstros
conseguem invadir nosso mundo e crianças dão o
troco, invadindo a Armariolândia.
Como eles chegam aqui?
Monstros invadem o nosso mundo de
inúmeras maneiras. Daremos uma olhada nesses
caminhos e em como eles aparecem em jogo.
Rachaduras na realidade
A realidade muda e se adapta como uma casa
antiga, e como uma moldura velha de madeira, ela irá
rachar e gemer com o esforço. A maioria das pessoas
não enxergam, nem notam. Elas estão distraídas pesadelo, da Armariolândia para o nosso mundo, e se
ou focadas em algo completamente diferente. As
mudanças são sutis; você pode não notar mesmo se as
estiver encarando.
Quando a realidade muda, é como ondas em
uma poça d´água: são rápidas e terminam antes que
você perceba, mas ainda assim aconteceram, e quando
aconteceram, criaram uma rachadura pequena e
temporária entre nosso mundo e a Armariolândia.
Monstros podem tanto entrar quanto sair do nosso
mundo através dessas pequenas ondulações.
Como se parece?
Mudanças praticamente invisíveis não ajudam
115
muito se você não puder expressá-las aos Jogadores.
Na ficção do mundo de Little Fears – Edição Pesadelo,
isso significa que os Monstros parecem surgir do nada.
Imagine um quarto escuro próximo a uma rodovia
movimentada. À noite, centenas de carros passam por
lá, com seus faróis iluminando através das janelas da
edificação. Cada luz que passa rapidamente, perturba
a escuridão do quarto. É dentro dessa escuridão, entre
os fachos de luz, que os Monstros caminham. Em um
segundo ele está ali; no outro, já se foi.
Qualquer criança que estiver por perto,
pode se sentir distraída, confusa por uma fração de
segundo, como se estivesse preocupada ou sonolenta,
e então, como em um estalar de dedos, tudo é trazido
de volta ao foco.
Sonhos ruins
Sustos repentinos são explosões incontroláveis
de medo, como fogos de artifício explodindo no
céu. Pesadelos são como vários fogos de artifício
amarrados juntos, estourando e explodindo em
rápida sucessão de luz, cores e muito barulho. Toda
essa agitação pode atrair Monstros. Pesadelos agem
como uma via de mão única para Monstros entrarem
em nosso mundo.
Como se parece?
Imagine uma fumaça escapando de uma
garrafa. O Monstro está sendo puxado, através do
materializa próximo à criança adormecida.
Armadilha de pesadelos
Consigo imaginar crianças usando
sonhos para fazerem uma armadilha para um
Monstro. Elas têm um amigo que está sendo
atormentado pelos pesadelos. As crianças
passam a noite na casa do amigo, esperando
ele adormecer, e chamam o Monstro até
elas. Seria arriscado para as crianças, mas
também poderia valer muito a pena.
 A Derme
Há lugares que foram abandonados ou
deixados para apodrecer, se tornaram corruptos
ou têm acumulado energias ruins ao ponto de a
Armariolândia começar a se sobrepor. É como um
casaco esfarrapado, que você consegue ver a camisa
vestida por baixo dele. Crianças irão frequentemente
topar com a Armariolândia, principalmente quando
não prestarem atenção por onde andam, passando sem
avisos, de um lugar relativamente seguro e confortável
no nosso mundo, para dentro do mundo horripilante
dos Monstros. Mas, às vezes, a Armariolândia se move
até a área como uma nuvem de uma tempestade,
lançando uma sombra escura sobre a realidade.
Isto não é tecnicamente a Armariolândia, mas
uma imagem daquele mundo no nosso, assim como
um rio não é o oceano, mas flui para ele. Essas áreas, no
entanto, podem levar mais a fundo a Armariolândia,
assim como discutiremos na seção abaixo.
Existe uma barreira invisível entre a
Armariolândia e o nosso mundo e é isso que impede
a maioria dos Monstros de atravessar. A Derme faria
desses lugares pontos mais seguros, mas essas áreas
podem parecer impossivelmente longas e confusas
(uma criança deu cinquenta passos para entrar, mas
deve dar duzentos para sair), ou as entradas e as
saídas se moveram para algum lugar diferente do que
estavam. A Derme tem um jeito peculiar de brincar
com a mente das pessoas.
Como se parece?
Isso é geralmente sutil, como as madeiras que
lentamente se escurecem, ou o corredor repleto de
transeuntes que se esvazia pouco a pouco, mas também
pode ser de imediato, como um barulhento refeitório
que fica repentina e surpreendentemente quieto. Uma
vez que as crianças fizerem a transição, a sensação de
temor, seguida pelos calafrios, é inconfundível.
Crianças podem encontrar pessoas,
cachorros, pássaros e tudo aquilo que normalmente
viriam naquela área. Mas, às vezes, essas coisas estão
perceptivelmente ausentes. O som pode ser alterado,
para que seja abafado ou ecoe de forma artificial ou
116
sobrenatural. As cores podem parecer desbotadas ou
opacas. A Armariolândia não é o nosso mundo, mesmo
nas vezes em que se mostre desconfortavelmente
parecida.
Espelho, espelho meu...
Às vezes as diferenças nas áreas onde
Armariolândia se sobrepõe ao nosso mundo
podem ser vistas apenas em espelhos. Uma
criança pode levar seu dia na mesma velha
rotina e então ter um vislumbre de algo
estranho no espelho: talvez uma pintura
esteja pendurada torta na parede ao fundo,
ou um tom de vermelho em sua mochila
esteja um pouco mais escuro, ou sua camisa
nova e limpa pareça suja e rasgada. Alguns
Monstros também podem usar espelhos para
entrarem em nosso mundo.
Pela porta da frente
Então existe a velha e boa aproximação direta.
De vez em quando, os Monstros não têm tempo
para sutilezas e apenas chutam a porta e forçam sua
entrada. Esta porta não precisa ser uma porta de
um armário, apesar de ser a escolha mais clássica.
Qualquer portal fixo servirá: porta da frente, dos
fundos, porta da despensa, do carro, do armário de
remédios. A escuridão criada por uma porta fechada
é uma magia poderosa, e é nessa escuridão que muitas
portas da Armariolândia se conectam.
Como as crianças chegam lá?
Monstros vêm ao mundo real o tempo
todo. Já crianças entrando na Armariolândia são
outros quinhentos. Além de tentarem encontrar um
caminho (não existem manuais sobre isso, mas há
anotações escritas em folhas de cadernos), poucas
crianças são loucas o bastante para entrarem no
mundo dos Monstros por vontade própria, embora,
às vezes, algumas se tornem desesperadas o bastante.
Quando uma trilha de pistas acaba em uma porta
de um armário, quando todos os outros recursos se
esgotaram, ou quando uma fera recua rapidamente
entre a nuvem de fumaça, às vezes você tem que
levar a luta até os Monstros.

Rituais de transição
Se os rumores forem verdadeiros, existem
tantas maneiras de entrar na Armariolândia,
quantas pedras em um parquinho. Crianças
inventam todo tipo de caminho para transcender
nosso mundo e entrar na terra dos Monstros, a
maioria deles tem forma de rituais de transição.
As especificidades dos rituais de transição
são limitadas apenas pela imaginação e as
ferramentas em mãos. Se as crianças estiverem
procurando por um amigo, elas frequentemente
juntam algo pessoal daquela criança no rito, como
um brinquedo favorito, aquele boletim em que
ela tirou um 10, ou uma peça icônica de roupa.
Enrolar mechas de cabelo, retirados de um pente
ou similar, em uma boneca ou uma figura de ação,
também parece ser uma escolha popular.
Os rituais de transição são realizados da
mesma forma que os outros Rituais, sendo as
crianças teletransportadas para a Armariolândia
no resultado final. Isso seria muito provavelmente
um tipo de transição de Derme, mas também pode
ser através de uma porta ou rachadura na realidade.
Não faça isso através de pesadelos induzidos.
Confie em mim.
Rituais de transição duram apenas por um
curto período de tempo – quanto mais esforço se
coloca neles, maior o tempo de sua duração – e
sempre são de mão única. Então, as crianças que
entrarem terão que encontrar um outro modo de
saírem.

Seguindo um Monstro
Crianças também podem entrar na
Armariolândia ao seguir um Monstro. Ainda que
não seja a atitude mais segura ou esperta, é uma
possibilidade. As particularidades disso dependem
de como o Monstro está retornando para
Armariolândia. Se for através de uma rachadura
na realidade (o método de desaparecimento

117
repentino), a criança teria que estar bem perto da
criatura quando ela atravessar (segurar no Monstro
não é necessário, nem aconselhável).
Se o Monstro atravessar por uma porta, a
criança tem o tempo que a porta permanecer aberta
para atravessar, pois Monstros têm um toque especial
que lhes permite que todas as portas que abrirem
os levem exatamente para onde eles desejam ir, na
Armariolândia. A exceção é se o Monstro estiver
muito longe da porta (digamos 7 a 10 metros), já que
a magia não se estende tão longe.
Novamente a Derme
Assim como Monstros podem entrar em
nosso mundo através da Derme, crianças podem
entrar na Armariolândia do mesmo jeito. Quase
sempre existem portas, buracos no chão, ou alguma
maneira das crianças fazerem seu caminho para
Armariolândia através da Derme.
Imagine uma criança andando de volta para
sua casa, vinda da casa de um amigo, na manhã de
um sábado qualquer. Ela segura seu colchonete
debaixo dos braços, talvez esteja mastigando uma
torrada. Seu caminho a leva até o parque público.
Nada de elegante: uma grande faixa de grama verde,
uma área de areia com alguns balanços e um trepa-
trepa. Ela acabou de passar pelo bicicletário, quando
escuta o balanço rangendo, atrás dela. Não do jeito
que balanços normalmente rangem, isso foi mais alto,
e há algum tipo de ritmo na maneira como os quatro
balanços estão se mexendo.
Um vento frio levanta um monte de folhas
do chão e as leva até o rosto do garoto. Está no
começo de outubro, nada de incomum com aquilo,
mas há algo definitivamente estranho sobre o corte
que a folha seca fez em sua bochecha. O corte faz o
garoto suspirar. Ele coloca sua mão sobre a fina linha
de sangue. O amanhecer se torna a cor do anoitecer,
como no virar de um relógio, e o garoto percebe que
algo está errado. Ele pode ouvir um rosnado, grave e
baixo, no vento. Algo está faminto.
O garoto corre em direção à sua casa, que
ele consegue ver no outro lado do parque. O som
118
de passos invisíveis o segue. O garoto consegue
ouvir uma respiração. Ela é irregular e ofegante, mas
também determinada. Com sangue escorrendo do
rosto aos ouvidos, o garoto corre a toda velocidade.
Deixando o colchonete e a torrada para trás, o garoto
corre para sua casa e empurra a porta da frente. Ele
fecha a porta atrás de si, aliviado de estar dentro de
sua casa.
Mas por que a porta estava destrancada?
Seu pai é fanático quanto a deixar janelas e portas
trancadas. E quem mudou os móveis de lugar? E
quem quebrou a janela da cozinha?
A porta que ele abriu era um portal do mundo
real, mas que já estava sobre a influência da Derme,
para Armariolândia.
Voltando
A Armariolândia é um lugar aterrorizante, e
nenhuma criança em sã consciência desejaria ficar lá
por muito tempo. Entrar na Armariolândia é barbada,
se comparado a sair. Existem apenas algumas poucas
maneiras.
Uma porta aberta
Parece óbvio, mas a maioria das portas
para Armariolândia são só de ida. Se abri-las
novamente, verá uma parede ou uma parte diferente
de Armariolândia. Pode ser trabalhoso encontrar
uma porta que leve ao nosso mundo, especialmente
porque tendem a ser portas que ninguém usou para
entrar na Armariolândia por um bom tempo.
Encontrar um amigo
Há pessoas dentro da Armariolândia que
podem ajudar as crianças a sair. Elas serão abordadas
logo mais, ainda neste capítulo. São raras, mas
existem. E é bom que existam.
Sem Rituais
Na maioria das vezes, os Rituais funcionarão,
mesmo na Armariolândia. Para sair, no entanto, os
Rituais não funcionam.
PARTE 2:
Um mundo de Monstros
Armariolândia. O próprio nome causa
arrepios na nuca de qualquer criança que já esteve lá,
viu os Monstros que lá estão, ou vislumbrou a dor e a
desolação de seus cantos mais sombrios.
Como a Armariolândia se parece?
As áreas da Armariolândia são tão variadas
quanto as do mundo real. Existem grandes centros
urbanos e periferias, florestas e prados, desertos e
lagos. A maior diferença entre a Armariolândia e o
mundo real é o quão vazio, abandonado e sem vida
tudo aparenta. É um mundo onde toda a esperança
foi substituída por apatia e medo. Todos os cantos são
perigosos. Cada sala é um habitat de Monstros.
Sombras da realidade
Muitos lugares na Armariolândia se parecem
com lugares que as crianças conhecem: suas escolas,
vizinhanças, a biblioteca local, mas os detalhes sobre
esses lugares são diferentes. A cor é desbotada, os
pretos e brancos são mais destacados, o som é estranho.
O cheiro é errado. Não é necessariamente para o pior,
mas é anormal, não combina com o cheiro e o som
que você conhece ou espera. O quieto é ainda mais
quieto, o alto é ainda mais alto. Às vezes as sombras se
projetam em ângulos contrários ao de onde a luz está
iluminando.
Estes lugares são particularmente tranquilos
por conta do que têm em comum. Detalhes marcam
o lugar como inconfundivelmente familiar: a tarefa
de casa de ontem, riscada com giz amarelo, no canto
do quadro verde, o pedaço na tela da porta onde as
garras do seu gato ficaram presas no verão passado, a
mancha no chão de quando você estava criando sua
obra prima com o conjunto de artes que ganhou no
natal.
A Armariolândia é como uma fotografia
escurecida de sua cidade. Distante, familiar, mas não
exatamente como você se lembra dela.
119
Simples estranheza
Toques bizarros marcam a paisagem da
Armariolândia. Você pode ver uma amarelinha
desenhada em uma nuvem que passa. Ou você pode
descobrir uma praia sem areia, com apenas incontáveis
unhas amareladas. Um sino pode tocar no meio
do deserto. Não há regras na Armariolândia, além
daquelas que crianças e Monstros criam. Lembre-se
disso. As leis da física são geralmente observadas,
mas às vezes elas tiram férias.
Inúmeras armadilhas
Dê um passo na parte errada do gramado
e você pode se encontrar no fundo de uma toca de
coelho. Vire a maçaneta de uma porta errada e receba
uma descarga elétrica em seu braço, tão forte, que
te derruba de bunda no chão. A Armariolândia é
repleta de armadilhas humilhantes (baldes de cream
cheese equilibrados precariamente sobre as portas),
perigosas (um telefone que queimará sua mão se
pressionar qualquer botão), e até mortais (uma
viagem de escorregador, direto para um buraco com
espinhos). Não se pode confiar em nada aqui, então
tenha sempre o maior cuidado.
Uma terra de pesadelos
Portas destruídas se penduram precariamente
em suas dobradiças, abertas apenas o suficiente para
se ver manchas escuras e brilhantes no painel adiante.
Bebês choram no berçário amarelo, mas eles não
se movem, não piscam, não respiram. Tão quietos
quanto uma boneca, seus choros de dor abafam todos
os outros barulhos. Alguns lugares na Armariolândia
parecem quase cientificamente projetados para
assustar você.
Mas existem lugares, mais escuros que o
interior de seus olhos, que não são tão sutis que
mereçam ser chamados de sinistros. Estas são casas
de horrores de carnificina e confusão. Cheias de toda
violência e porcarias que os pais nunca deixariam seus
filhos assistirem (mas eles assistem mesmo assim).
Estes são lugares que não são falados. Eles são vistos e
sobrevivemos a eles. Mas não são falados.

Inúmeros caminhos
Já falamos sobre Armariolândia de modo
geral, mas agora daremos uma olhada em algumas
áreas em detalhes. Já que a geografia da Armariolândia
é fluída e contraditória, não há motivo para contar a
você onde esses lugares podem ser encontrados. Eles
são simplesmente encontrados, e se o destino e os
Monstros permitirem, você os encontrará.
Cem milhões de zilhões de portas...
Bem, talvez não tantas assim. Mas existem
muitas. Existem portas de todos os tipos na
Armariolândia, até em lugares onde ter uma porta
não faz sentido. Existem portas atrás de estantes de
livros, debaixo de sofás, no teto, dentro de portas e,
claro, em muitas paredes.
Crianças podem ficar perdidas para sempre
na confusão de incontáveis caminhos e interseções
da Armariolândia. As crianças chamam esse lugar de
“os corredores”. Isso não é para rimar ou por causa do
motivo de sua aparência. Você pode virar uma esquina
e encontrar-se no meio de um deles. Esses corredores
são um labirinto de becos sem saída e interseções que
vão em ângulos estranhos e, às vezes, mudam quando
você anda por eles. Cada parede tem pelo menos uma
120
porta, e algumas possuem portas próximas de mais
portas, que são próximas a outras portas, até onde a
vista alcança. Você tem que forçar seu caminho para
fora ou ter a sorte de abrir a porta que o leva a algum
outro lugar da Armariolândia para escapar.
...e uma única chave
Rumores da chave são tão antigos quanto a
Armariolândia por si só. É assim que é contada: há
supostamente esta chave, forjada por alguém (alguns
dizem por uma criança, outros por um Monstro), que
pode abrir qualquer porta na Armariolândia. Não
apenas isso, a porta se abrirá para a casa da criança.
Alguns dizem que a chave é uma coisa de ouro maciço,
tão comprida quanto seu braço e grossa como seu
pé. Outros dizem que se parece com aquelas chaves
bem antigas, com um final arredondado e dente
quadrado. Algumas crianças dizem que a chave não
é, na verdade, uma chave, mas um livro, um poema,
um machado de bombeiro e até um cão. As histórias
variam, os detalhes mudam. Alguns dizem que já a
pegaram, a usaram e a colocaram em algum lugar
seguro.
Mas a chave não existe. Sério. Crianças não
deveriam perder seu tempo procurando por ela.
 Monstros do Armário
As criaturas que patrulham esses corredores,
chamando crianças infelizes de seus sonhos para a
Armariolândia, são os apropriadamente chamados
Monstros do Armário. Estas criaturas têm diversas
formas e tamanhos, e usam uma grande quantidade
de truques malignos para enganar e atrair crianças.
Os Monstros do Armário trabalham
diretamente para o chefe, o Rei dos Monstros. Eles
não respondem a nenhuma outra autoridade e não
parecem realmente ter a habilidade de pensar ou
agir por conta própria, além da sobrevivência básica.
Ainda assim, estas criaturas podem ser ferozes em
suas tarefas. E sua tarefa é capturar crianças.
Eles fazem isso entrando no quarto da criança,
geralmente tarde da noite, e a raptam de sua cama
enquanto está distraída. Eles normalmente a agarra,
com lençóis e tudo, e a arrasta pela porta do armário
até o mundo dos Monstros.
Se a criança estiver acordada, o Monstro do
Armário tentará subjugar a criança com um jato de
teia da ponta de seus dedos, ou enganá-la, fingindo
ser alguém que ela conheça, como um tio favorito ou
uma tia distante.
Se a criança estiver dormindo, então o Monstro
do Armário irá atacá-lo como um gato agitado ou
agarrar silenciosamente o tornozelo da criança
adormecida e dar um puxão brusco, carregando a
criança em suas costas como uma mochila com a alça
estragada.
Todo Monstro do Armário tem seu método
favorito e suas especialidades. Dizem que nenhum
é parecido com o outro. No entanto, a maioria das
crianças veem apenas um.

121
PARTE 3:
Lugares assustadores
A Armariolândia é um lugar vasto, cheio de
paisagens ou edifícios que podem ser imaginados
(e muitas vezes, resultados exatamente). Tudo o que
você sonhar pode vir a existir, e tudo o que você temer
pode vir a aparecer. É um lugar de possibilidades e
alcance ilimitados. Aqui estão algumas das várias
pessoas e dos vários lugares que você encontrará na
Armariolândia.
A casa das bonecas
As crianças a chamam de “casa das bonecas”,
mas não se parece realmente com uma. Elas a chamam
assim pelo que pode ser encontrado dentro dela.
A casa das bonecas se parece com um
hospital, um para bonecas, talvez. É branca e limpa,
e as paredes exteriores são macias e brilhantes, quase
como feitas de plástico. Do lado de fora, ela parece ter
três portas, tem três andares de janelas, mas pelo lado
de dentro ela é bem maior. Se parece com qualquer
outro hospital, com inúmeras camas e salas de espera,
e uma cafeteria cheia de máquinas vazias. Os andares
são caracteristicamente simples, e as bandagens são
todas amareladas, mesmo dentro das embalagens.
Tem um cheiro engraçado, tipo amônia e amoras.
A escadaria que estava lá, só que não
Há portas em todos os andares, as quais
possuem uma placa azul na parede próximo a elas.
Nelas está escrito: “Escadas. Use em caso de incêndio”.
Apesar de nunca ter ocorrido um incêndio, algum
dia pode haver, e o fato de as portas estarem sempre
trancadas pode ser um problema. Cada porta tem
uma janela vertical, cerca de um metro de altura e
quinze centímetros de largura. Por meio dela, você
pode ver a escadaria tão clara como o dia.
E não é bonita. O corrimão tem uma cor óssea,
esbranquiçada e está envolto em um arame farpado,
como aqueles enrolados em cercas. Milhares de olhos
negros e brilhantes saem dos degraus, e eles virarão
122
em sua direção se você olhar para eles. Às vezes, se
colocar sua orelha bem próximo do vidro, você pode
ouvir passos como os de um cavalo andando em um
estacionamento.
O acesso à escadaria provavelmente existe,
mas se outra criança já o encontrou, ela não disse
nada.
Felizmente, o elevador funciona.
Bonecas vivas
Existem centenas, senão milhares, desses
bonecos e bonecas desmembrados por toda essa
casa, e foi assim que o lugar ganhou o nome: casa
de bonecas. As partes são coletadas de qualquer
coisa que esteja por perto. Algumas bonecas vivas
são de madeira, como marionetes, e elas se movem
como pássaros aprendendo a andar. Outras são uma
mistura de partes e peças mecânicas, e passeiam
como robôs de filmes antigos. A maioria delas parece
humana, mas algumas são pássaros grandes, algumas
têm corpo humano, mas cabeças de animais, asas ou
uma cauda. Elas frequentemente possuem membros
desproporcionais, obviamente de suas diferentes
fontes. Algumas são parcialmente derretidas ou tem
grandes buracos no peito.
Costureiro, o criador de bonecas
Não há quase nada de valor nesse hospital.
Não há muitas pessoas, e não há uma ambulância
com as sirenes ligadas ou máquinas bipando nos
corredores distantes do hospital. Mas há um quarto
e um paciente. O paciente é um garoto. O nome do
garoto é Patrício. As gentis enfermeiras com grandes
olhos negros e os doutores bastante altos com mãos
compridas o chamam de “Costureiro”. Ele é o garoto
sortudo que faz todas essas maravilhosas bonecas.
Antes de adoecer, Patrício passava seu tempo
criando coisas. Ele fazia de tudo: modelos de navios e
aviões, kits de artesanato, carros de controle remoto.
Mas quando ele pegou uma infecção, com uma febre
forte, seus pais o levaram ao hospital. Ele se lembra
claramente de um dos médicos – desde antes de
eles serem bem altos e terem mãos tão grandes –
dizendo que Patrício poderia nunca melhorar. Uma
noite, enquanto Patrício estava deitado com frio e
transpirando em sua horrível cama de metal, ele foi
visitado por um novo médico. O garoto sabia que era
um novo médico porque penas saíam do pescoço dele
sempre que ele se virava rápido demais, e isso nunca
aconteceu com outros médicos. O novo médico
também possuía uma voz aguda e estridente. O
médico disse que ele tinha um remédio especial que
curaria Patrício num piscar de olhos. Isso colocaria
Patrício para dormir e, quando acordasse, ele estaria
melhor.
E funcionou! Na manhã seguinte, Patrício
se sentiu ótimo. A primeira coisa que ele pediu para
fazer foi ligar para seus pais. Os novos médicos, e
existiam muitos deles, disseram a Patrício que seus
pais estavam muito ocupados, mas que viriam buscá-
lo assim que conseguissem. Os médicos sugeriram
a Patrício que ele fizesse coisas enquanto esperava,
assim como fez quando doente. Patrício achou que
aquilo parecia uma boa ideia e começou a fazer
brinquedos. Os médicos bem altos sempre chegam
e os levam embora, substituindo as caixas de partes
vazias por caixas cheias delas.
Patrício não sabe quanto tempo esteve
esperando, mas parece realmente um bom tempo.
Uma vez, ele fez bonecos que pareciam com sua mãe
e seu pai, mas isso deixou o médico homem-pássaro
tão bravo que ele gritou com Patrício e quebrou as
bonecas em seu joelho e lhe disse para nunca, jamais,
fazer isso novamente.
Pedaços solitários
A verdade é que os Monstros coletam
todas as partes e pedaços de brinquedos
quebrados em nosso mundo, os colocam
em caixas e os levam até Patrício para que
ele possa fazer mais bonecas. Uma vez que
as bonecas são feitas, o médico Monstro
coloca algo dentro delas que as faz ganhar
vida. Patrício não sabe o que é, mas se ele
encontrar um pouco disso, poderia talvez
construir um amigo. Pode ser terrivelmente
123
solitário dentro do hospital.
A escola infantil
Parece óbvio que haveria uma escola na
Armariolândia. A escola é uma grande parte da vida
de uma criança e a fonte de muito dos seus medos e
ansiedades. É apenas apropriado que tal local exista
no mundo dos Monstros.
A parte mais perturbadora da escola não
é seu exterior apagado ou corredores vazios, que
são comuns aos padrões da Armariolândia, mas as
incríveis habilidades da escola de imitar qualquer
escola que a criança tenha estudado. Se crianças de
duas ou mais escolas entrarem nela, ela irá se parecer
com a escola da perspectiva de cada criança, mesmo
que ambas estejam próximas uma da outra.
O sino da escola toca todos os dias às nove
da manhã, sinalizando o recreio. Nesse momento,
os corredores são invadidos por imagens espectrais
de centenas de crianças, correndo para a área de
recreação. As lancheiras se abrem e fecham, como
se guiadas pelas mãos dos fantasmas, sons de risos e
brincadeiras. O som de tamanha algazarra é doloroso.
Isso acontece novamente ao meio-dia,
quando as crianças-fantasma correm de suas salas de
aula para os ônibus-fantasma que as esperam. Uma
vez cheios, eles partem, evaporando em uma fumaça
branca densa enquanto somem.
A sala do Diretor
Não importa como o escritório do Diretor se
pareça ou onde é localizado, sempre terá uma porta
vermelha vibrante em uma das paredes. Quando uma
criança abre a porta, ela verá o escritório do Diretor
de sua escola. Se ela der um passo, ela aparecerá
repentinamente no escritório do mundo real. Se for
durante o período de aulas, ela provavelmente terá
algumas explicações a dar.
No escritório do Diretor há imagens de um
homem gordo, sem cabelos e com pequenos olhos
maliciosos. Ele sempre tem um rosto profundamente
carrancudo, geralmente direcionado a uma criança
ou a um subalterno na foto, se não ao próprio
observador, aparentemente insatisfeito com tudo na
vida.
Diretor Higino
Nunca avistado, apenas ouvido, os gritos
do Diretor de “IN-SU-BOR-DI-NA-ÇÃO!” ecoam
através dos corredores, seguidos de uma batida de
palmatória de madeira contra a pele macia. Crianças
têm falado sobre o fantasma do Diretor torcendo
orelhas, arrastando crianças nos corredores pelas
golas de suas camisas, colocando-as de castigo nos
cantos e ameaçando a ligar para os pais se a criança
continuar com o comportamento “I-NA-DE-QUA-
DO!”
Não se sabe se o Diretor é o homem nas
fotografias em volta do escritório ou quem deu a ele
o sobrenome de Higino, mas seja quem for que o fez,
deve ter tido uma experiência horrível na escola.
O parquinho
Atrás da escola, o parquinho permanece
aparentemente intocado há gerações. O metal está
torcido e enferrujado, as molas dos cavalinhos já não
se movem mais, e a grama espalhada por todo lado
tem, pelo menos, trinta centímetros de altura.
Uma cerca de metal separa o parquinho
do estacionamento da escola. Apesar do vazio
da escola, sempre há carros ali, estacionados em
ângulos estranhos e em vários estados irreparáveis.
Quando os ônibus aparecem, eles fazem isso nesse
estacionamento.
Trepa-trepa
A característica mais promissora de um
parquinho são os enormes trepa-trepas próximos do
meio dele. Todos os outros brinquedos os cercam,
quase como se estivessem reverenciando um gigante.
Alguns dos trepa-trepas possuem espinhos grossos,
o que os torna difíceis de escalar (se não impossível).
Existe um domo na metade debaixo dos trepa-trepas,
e no chão de concreto tem um filme de papel de pegar
moscas, que irá prender qualquer criança que pisar
nele. A criança deve superar um Problema de Agir
124
de dificuldade Difícil (12) para se libertar. O chão
também age como uma armadilha, já que o domo se
torna completamente sólido, preenchendo os espaços
entre as barras com grandes blocos de vidro. Uma
criança tem duas chances de escapar antes de ficar
presa. Cada bloco pode receber doze pontos de dano
antes de se quebrar, e ele deve vir de uma arma.
O artilheiro
Cuidado com sua cabeça! Histórias são
contadas de uma criança maliciosa, com os dentes da
frente protuberantes, que chuta bolas-fantasmas com
uma força incrível. O garoto pode materializar-se em
qualquer lugar no parquinho, e a bola aparece com
ele. Ele dá uma gargalhada antes de todo chute, dando
às crianças uma chance de se esquivar. Isso deveria
ser um Problema de Agir de dificuldade difícil (12).
Se as crianças falharem em se desviar, elas recebem o
Dado de Sucesso mais baixo, adicionando qualquer
Nota Vermelha, como Dano.
A casa da Mãe
Falamos sobre a Mãe no capítulo anterior e de
sua habilidade de visitar lugares, em nosso mundo, que
são cheios de dor. Enquanto muitas crianças pensam
que ela mora apenas no lugar em que falam com ela,
a casa da Mãe fica bem no coração da Armariolândia.
Quando a Mãe visita um lugar em nosso mundo, ela
usa a Derme para se conectar a ele.
O verdadeiro lar da Mãe é uma casinha de
dois andares na beira de uma extensa área florestal.
A casa foi erguida em um campo de grama com cerca
de metade de um acre (2000m²). Uma cerca velha
delimita o quintal e forma uma barreira que nenhum
Monstro parece conseguir passar. O portão da frente
se abre para um caminho de pedras que, por sua vez,
leva a uma varanda com escadas onde uma porta
escura aguarda.
As especificidades do interior mudam, mas
as portas sempre abrem para salas enormes com
uma lareira. Uma longa sequência de escadas leva ao
segundo andar. Além disso, o número, localização e
tipos de quartos podem mudar.
 A única outra estrutura no quintal é um
barracão nos fundos. Mãe o mantém trancado, mas,
talvez, se você pedir com jeitinho, ela o abra para
você.
A porta em chamas
O fogo selvagem é apenas uma fachada. Ele
fornece calor e luz, mas é apenas uma ilusão. O fogo
não queimará ninguém que o tocar e, na verdade,
crianças podem andar através dele. Além das chamas
está uma porta que Mãe mantém escondida de todos
os Monstros maus da Armariolândia. É uma porta
que levará uma criança até sua casa, mas Mãe não
pode direcionar a criança até ela, a estranha magia
da Armariolândia a proíbe, então a criança deve
descobrir por si mesma.
Mãe ou Monstro?
É algo discutível, já que ela vive na
Armariolândia e nasceu da dor e do medo.
Dizem que a Mãe é um Monstro. Ela pode até
ser. Se for, ela é o melhor Monstro para se
ter do seu lado.
A floresta nos fundos da casa da
Mãe
Na área externa da casa da Mãe, se você ficar
no limite do quintal dos fundos, você pode ver doze
grandes árvores, com suas cascas duras como pedra,
em pé, como guardiões designados a um portão. Um
caminho começa alguns passos além delas e leva até a
floresta em si. Não é um caminho construído, mas um
rastro natural do solo causado pela passagem rude de
viajantes.
Árvores de todos os tipos preenchem a
floresta. Carvalhos ficam próximos de gameleiras
pequenas e gigantes, que estão próximas de palmeiras,
mangueiras e salgueiros. Rumores de um baobá falante
são persistentes, apesar de que a única evidência disso
é um desenho feito há centenas de anos.
A floresta, nos fundos da casa da Mãe, nasceu
do medo do isolamento e de se perder. Uma vez que
você entrar mais do que sete metros, as copas se tornam
125
tão densas que dificilmente qualquer luz passa através
das folhas grossas e intercaladas. Estranhamente,
ainda existe bastante luz sob a copa das árvores para
ver seu caminho entre elas. Apenas não perca de vista
de onde você veio. Essa floresta incrivelmente extensa
tem um jeito exótico de engolir você.
São poucos os marcos. O emaranhado de
árvores torna difícil de saber exatamente onde você
está. Uma criança astuta nas artes do Escotismo
poderia provavelmente fazer uma trilha ou anotações
dos padrões de cascas de árvores específicas, mas
elas se repetem muito frequentemente para este
método ser completamente confiável. Na melhor das
hipóteses, isso os levará até os limites da floresta. Elas
serão capazes de ver o mundo de fora, mas as árvores
protetoras irão se juntar para prenderem as crianças.
A trilha inexplorada
Apesar do instinto dizer-lhe para fazê-lo,
não ande pela trilha. Ficar na trilha o fará andar
em círculos eternamente. Para sair da floresta, você
tem que seguir os sons dos pássaros. Não há muitos
pássaros para serem ouvidos, e menos ainda vistos,
mas os piados fracos e os cantos lúgubres vão ficando
mais fortes e mais frequentes à medida que você se
aproxima do centro da floresta. No centro está a saída.
O Buraco
No meio da floresta há uma área aberta com
cerca de quinze metros de diâmetro. A grama no
círculo está achatada, como se alguma coisa tivesse
pisado em cada lâmina de grama no chão. Bem no
centro, com cerca de um metro de diâmetro, há um
buraco, profundo e muito antigo. Se você der uma
olhada na beira do buraco, você verá um pontinho de
luz aparentemente muito, muito, mas muito abaixo,
no meio da terra. Tijolos e fragmentos de lama seca
sujam o chão em volta do buraco, como se talvez
tivesse havido um poço ali, há muito tempo.
É grande e escuro, e, se quiser, você pode se
jogar no buraco. Mas eu não recomendaria.
Porque o buraco não é a saída.
 A casa com pernas de galinha
Não, uma vez que estiver mais para dentro da
floresta, a única saída é encontrar a casa, mas não a
casa da Mãe. Esta casa está mais para um barracão.
Ela tem três por três metros de tamanho, não possui
decorações em suas paredes planas, e anda pela
floresta em cima de pernas gigantes de galinha. Para
sair da floresta, você tem que pegar carona na casa.
Você pode entrar ou se segurar em suas pernas. No
entanto, cuidado com aquelas pernas, elas têm um
chute cruel.
O melhor lugar para subir na casa é na
clareira. A casa se mexe e balança demais, já que força
seu caminho através da floresta para chegar lá. Subir
em uma árvore ao longo da borda, rastejar-se por um
galho e pular na varandinha do barracão é a melhor
escolha.
Uma vez que esteja na varanda, você estará
na metade do caminho para casa. Você precisa
apenas continuar a viagem. A casa irá eventualmente
alcançar o topo das árvores, dando a você tempo o
suficiente para pular para fora da floresta. Será uma
aterrissagem difícil, então dobre seus joelhos em
direção do peito e tente atingir o chão rolando.
Dentro da casa
Existem apenas três cômodos dentro da
casa: uma sala principal, um quarto de dormir e
uma despensa. Na sala principal, há uma lareira,
onde um caldeirão gigante borbulha perpetuamente,
preenchendo toda a casa com um sinistro e doce
aroma de vegetais maduros e carne mal cozida.
O quarto possui uma cama simples, um baú e
um cabideiro. Tecidos imundos estão pendurados ao
lado da cama, cobertos de manchas sinistras.
A despensa é um verdadeiro show de horrores.
Fatias de carnes cheias de vermes no canto, polvilhadas
com algum tipo de agente cáustico de preservação.
Criaturas da floresta, capturadas recentemente, estão
penduradas por ganchos no teto. Seus gemidos e
lamentos são de embrulhar seu estômago. Se escutar
com atenção suficiente, isso quase parecerá que
estão implorando para escaparem. O restante das
126
prateleiras contém coisas de casa que você esperaria
encontrar em uma despensa: jarras, sacos de cereais
ou coisas que já foram consideradas comida.
O mais importante: nunca olhe no
compartimento de batatas (uma pequena porta no
chão, sem um puxador ou uma maçaneta, que exala
um fedor de batatas podres).
A entrada para o porão
Quando anoitece, a cabana se abaixa até o chão.
Ela dobra suas pernas para dentro de si. Para qualquer
observador casual, não parece nada além de uma
cabana velha e gasta. Existe até, curiosamente, uma
entrada para o porão, que aparece perto dos fundos
da casa. A porta do porão está trancada, mas não de
forma segura, e pode ser quebrada por uma criança
forte. Dentro, há um quarto, não muito grande, que
parece esculpido direto do barro. Escondido (e bem
escondido) na sala, há um ovo de galinha, o coração
da casa.
Se o ovo for retirado do porão e levado para
o mundo exterior, a cabana fica paralisada. O interior
permanece o mesmo, mas suas pernas de galinha
permanecem dobradas sob ela. Se deixada imóvel por
muito tempo, as pernas criarão raízes, eventualmente
ficando presas no local. Até hoje, ninguém conseguiu
ir muito longe com o ovo, pois em poucos minutos, a
dona da casa aparece, caçando o ladrão.
Quando você estiver com o ovo
O ovo é o verdadeiro poder da
casa. Se uma criança o tem em seu poder,
ela pode sair do bosque. A trilha ainda é
impossivelmente longa, devido à natureza
das árvores, mas pode ser transposta. Eu me
pergunto o que aconteceria se o ovo caísse
naquele buraco no centro do bosque. Tenha
em mente que esse não é um ovo comum, de
uma galinha. Ele é duro como pedra e tem
a cor de leite velho. Ele simplesmente não
pode ser rachado ou quebrado.
 Baba Yaga
Tudo isso pode parecer fácil demais: encontre
a casa, roube o ovo e fuja do bosque. E poderia até
ser, se não fosse pela proprietária da casa. Outrora
uma bruxa do folclore eslavo, Baba Yaga é uma velha
senhora, corcunda e gorducha, cuidadora da casa.
É seu dever alimentá-la e protegê-la de ameaças
exteriores, ou seja, crianças.
A casa precisa de combustível para viver.
Precisa comer. E ela prefere carne doce e fresca.
O caldeirão é onde Baba Yaga cozinha sua comida,
e o compartimento de batatas fixado no chão da
despensa é a sua boca. Se você levantar a tampa
do compartimento, você verá filas e mais filas de
dentes cerrados e uma língua longa de lagarto,
encharcada com saliva. Baba Yaga derrama cada
refeição borbulhante em sua boca, que faz a ruidosa
mastigação e digestão.
Como pagamento pelos seus serviços, a casa
fornece a vida eterna à Baba Yaga. Enquanto ela
estiver fora de lá, mas por não mais do que um ciclo
inteiro da lua, Baba Yaga é imortal.
Baba Yaga não precisa estar presente para
saber que algo está errado com a casa. As duas têm
uma conexão profunda, cada uma sendo capaz de
ler os pensamentos e as emoções da outra. Ela sabe
quando a casa está assustada ou se foi ferida. Ela
encontrará qualquer criança que ferir a casa.
Quando uma criança ferir sua casa, Baba Yaga
não demorará a persegui-la. Ela monta em cima de
uma colher de madeira gigante, como uma vassoura
de bruxa. Se estiver longe da casa, ela voltará rápida
como um raio. Se uma criança roubou qualquer coisa
da casa, ela poderá rastreá-la por meio disso.
Em sua perseguição ela pode, e se necessário
for, irá, entrar no mundo real (então nenhum lugar é
seguro), e seu método para recuperar as coisas pode
ser, como posso dizer, sinistro.
A Floresta Extravagante
Há uma outra parte da floresta, maior do que
a outra, que é, na verdade, uma floresta enfeitiçada.
Diferente da maioria dos lugares na Armariolândia,
127
as árvores são altas e belas. Suas cascas são de cor
marrom vívida, e suas folhas, de um verde vibrante.
Pássaros azuis piando e cantando entre as árvores e os
assobios de trabalhadores invisíveis ecoam das minas
ao redor da floresta.
No limite da floresta estão várias colinas.
No topo da maior delas, fica o maior castelo já
sonhado. Suas paredes de pedras cintilantes são ricas
em minerais e enfeitadas com gemas que parecem
absorver os mais suaves raios de sol e transformá-los
no brilho mais glorioso.
Degraus esculpidos fazem o caminho acima,
até o castelo. Deve existir centenas deles, porque
crianças sempre ficam exaustas quando chegam
à metade do caminho, tornando a última metade
uma tarefa difícil. Mas se fizer a subida, você será
recompensado.
O toco com a porta no topo
Em algum lugar, no interior da floresta,
há um modesto toco localizado em uma clareira
linda e repleta de flores. O toco tem dois metros de
comprimento e apenas um metro e vinte de altura. O
topo tem um corte perfeito, como se com um único
golpe tivesse derrubado de sua base a agora ausente
copa da árvore. Para a maioria que passa por perto,
não parece nada mais do que isso.
Mas para uma criança que encontra uma
chave especial no castelo, e a traz até o toco, uma
porta vermelha ornamentada pode ser vista no topo
de sua superfície plana. A porta tem pelo menos dois
metros e meio de altura e uma leve forma de ponta no
topo. Folhas estão esculpidas na superfície da porta,
de modo idêntico, em ambos os lados.
A porta é fixada a um batente torcido, que
parece como casca de árvore, mas brilha como
ouro. Em qualquer lado da porta, há um buraco de
fechadura. Em um lado, aparece à direita; no outro, à
esquerda.
Quando a chave encontrada no castelo é
colocada no buraco da direita, a porta irá levar a
criança aonde ela precisa estar (isto não significa que
a criança irá ficar necessariamente onde ela quer ir).
Quando a chave de dentro do castelo é colocada no
buraco da esquerda, ela levará a criança até a pessoa
que mais precisa dela.
A porta também tem a astuciosa mania de
trocar o lado da fechadura, invertendo, com isso,
tudo o que foi dito acima.
O castelo de muitos espelhos
O castelo é lindo. Cada canto de seus
quatro muros termina com torres em espirais
gigantes. Circulando esses muros, há um magnífico
jardim, com uma orquídea de cada cor florescendo
constantemente. Assim que passar pela porta de ferro,
levadiça, você entra no grande salão. Suas paredes são
decoradas com joias escarlates, com tons de roxo e
dourado. O chão é de pedra polida, assim como as
paredes. Incontáveis espelhos fazem filas em cada
cômodo do castelo.
Mas os espelhos não agem como espelhos
comuns. Alguns mostram o reflexo de como a
criança se parecerá quando estiver mais velha. Outros
mostram como a pessoa irá morrer. Há aqueles que
parecem ter pessoas dentro deles, seguindo suas
vidas, totalmente desavisadas. E há aqueles com
crianças presas dentro deles, possíveis vítimas do
segredo sombrio do castelo.
É difícil dizer quantos cômodos existem no
castelo, mas há muitas câmaras, quartos, alguns salões
de dança, quartos de servos, cozinhas, salas de jantar
formais e de serviço. Luxuosas escadarias de pedras
levam de um nível a outro, e tudo é imaculadamente
limpo e estranhamente decorado.
Tudo, isto é, menos o cômodo dos fundos.
O salão de mármore
Nos fundos do castelo, fora de vista, há
uma porta muito pequena feita de madeira maciça.
Qualquer um passando ao acaso pode pensar que ela
é usada por um adulto pequeno ou, talvez, alguma
criatura mística pequenina, que é exatamente quem
a usa. A maioria das crianças podem atravessá-la;
algumas terão ainda que se abaixar, apesar de não
valer o esforço.
128
O salão cheira incrivelmente mal, exalando
uma mistura de estrume e folhas apodrecidas. Vinhas
grossas e pulsantes se contorcem e escalam seu
caminho ladeando o chão estéril, até as paredes e o
teto. Elas são ancoradas em algum lugar no fundo
do castelo e brotam das paredes de pedra como um
sistema nervoso para o resto da edificação. E são
exatamente isso.
No centro, há um trono, em que se senta a mais
linda mulher que você já viu, encarando fixamente a
porta. Ela é o coração de onde a magia e a beleza é
bombeada para a casa, como sangue.
Titânia, rainha, brilhante e fada
Ela é tão linda e se parece tão jovem que
ninguém suspeitaria que sua idade é medida em
milênios. Ela está enraizada na prisão de seu trono
por vinhas tão densas, que nenhuma arma comum
pode cortá-las, antes que se regenerem novamente.
Uma vez, ela foi conhecida como Titânia,
a rainha das fadas, soberana de Arcádia, ao lado
de seu marido, o Rei Oberon. Mas os Monstros da
Armariolândia invadiram o reino feérico. Nascidos
das travessuras, as místicas enganadoras fizeram um
bom trabalho frustrando os Monstros, mas a força
bruta das criaturas terríveis finalmente as superaram.
Os Monstros assassinaram Oberon na frente
de sua rainha e arrastaram Titânia até a Armariolândia.
Seus fiéis defensores, os Capuzes Vermelhos e os
Goblins, que eram seus súditos no Reino das Fadas,
a seguiram. Eles foram transformados em feras
rebeldes pela magia sombria da Armariolândia, e
suas propensões por travessuras se tornaram fome de
caos.
Titânia foi dada ao governante da
Armariolândia como noiva. Mas ela se recusou,
cuspiu na cara do Rei dos Monstros e declarou seu
ódio imortal pela criatura. Ela ameaçou acabar com
a própria vida, porque sabia que, por meio dela, a
Armariolândia poderia usar magia das fadas.
O governante da Armariolândia ordenou
que ela fosse levada e trancada no castelo de pedras
e espelhos, para sempre. Os servos, que eram ligados
a ela, foram ordenados a garantir que ela nunca Eles recebem esse nome por causa
escapasse ou se ferisse de nenhum modo. Isso foi há dos Capuzes Vermelhos e soltos que vestem. Alguns
muito tempo. A soberania de Titânia sobre a natureza Capuzes Vermelhos possuem cabelos negros rebeldes
chamou as vinhas até ela. Elas se fixaram como que caem em frente a seus olhos e ao longo da coluna.
sanguessugas e, lentamente, espalharam sua magia Seus rostos longos têm narizes ainda mais longos, que
para o castelo e, através dele, até a floresta ao redor. são irregulares, com verrugas, e quase sempre estão
Ela é a fonte da beleza da Floresta Extravagante. escorrendo.
Titânia rapidamente caiu em um estado Capuzes Vermelhos e Goblins mantêm a
catatônico. Ela não se move, não pisca, nem fala. Seus Floresta Extravagante limpa de visitantes indesejados.
olhos são como janelas para salas que recentemente Quando sentem crianças (ou outros Monstros) na
escureceram. Existe uma suspeita de luz interior, mas área, eles irão caçá-los, em grupos. Os Goblins atacam
absolutamente não existem provas disso. as pernas, enquanto os Capuzes Vermelhos miram
Ela se escondeu nessa escuridão, e sua magia mais alto, frequentemente acertando a cabeça ou o
também. Os Monstros ainda não descobriram como rosto do(s) invasor(es).
usá-la. Se os visitantes indesejados chegarem
A cada solstício, seus assistentes banham- ao castelo, as criaturas não poderão atacá-los ou
na em sua mistura nociva de excremento, folhas expulsá-los. O castelo está muito próximo de Titânia,
amassadas e sangue de inocentes. Estou certo de que sua fonte de poder, e mesmo em seu catastrófico
você pode adivinhar de onde tiraram esse último estado, ela ainda comanda tudo dentro dos quatro
ingrediente. A mistura nojenta a mantém jovem e muros. Crianças estão seguras aqui, mas elas devem
eternamente bela. ter cuidado, pois cada segundo gasto lá dentro dá aos
Goblins e aos Capuzes Vermelhos bastante tempo
Goblins & Capuzes Vermelhos para crescerem em número e vigiarem as saídas.
Os protetores do castelo, e guardiões de
sua rainha, são dois tipos vis conhecidos como
Goblins e Capuzes Vermelhos. Goblins são criaturas
pequenas que se parecem com crias de um buldogue
misturado com um porco. Seus corpos quadrados se
movimentam sob duas pernas grossas. Seus corpos
gordos balançam com cada esforço. Eles verbalizam
com uma voz grave, que é entendida apenas pelos
Capuzes Vermelhos e sua Rainha. Possuem uma
mandíbula protuberante, com dentes chatos e
desiguais, tão compridos que, frequentemente, tocam
seus narizes achatados e suínos.
Capuzes Vermelhos são aproximadamente
duas vezes mais altos e possuem metade da largura
dos Goblins. Seus braços e pés são finos como pernas
de aranha e terminam em mãos e pés enormes. Eles
possuem uma acentuada corcunda, que
diminui sua altura, e suas costelas são
claramente visíveis sob suas peles
grossas, o que os faz parecer desnutridos.

129
 - Borboleta? Sério? Parece coisa de menina - Juliano disse a última palavra com desgosto.
- Ei! - Natasha repreendeu o garoto mais velho.
Jéssica balança a cabeça positivamente: - Sim, e também apenas garotos são cavaleiros. Quem já
ouviu falar de uma garota cavaleira? Eu quero ser o oposto de um cavaleiro.
Karol deu uma olhada confusa para ela e disse: - Qual o oposto de cavaleiro?
Depois de alguns segundos de pensamentos, seu rosto brilhou:
- Uma princesa!
- Uma princesa? - Juliano joga sua cabeça para trás e rola seus olhos.
- Uma princesa não é o oposto de cavaleiro!
Jessica deu um olhar de espertalhona para ele: - Então o que é?
- Ei! - Karol passa por Jéssica de modo firme. - Não vamos entrar nessa. Você não quer coisa
de garota, nós temos Cavaleiros. Você quer coisa de garota, temos Borboleta. Pronto! Perfeito! Agora vamos
encerrar o assunto.
Juliano dá uma olhada em Natasha e Jéssica. - Está bem, legal.
As duas garotas levantam seus ombros.
- Tanto faz, diz Natasha.
Jéssica balança sua cabeça. - Está bem, mas se alguém perguntar, eu sou uma borboleta princesa.

130
PARTE 4:
Aqueles deixados para trás
Apesar dos rumores, a Armariolândia não
é feita apenas de Monstros. Existem outros seres
que vivem e lutam dentro de seus estranhos limites.
Alguns deles viveram em nosso mundo no passado,
há muito tempo (alguns há mais tempo que outros).
Talvez estes sejam os dois mais conhecidos.
Borboletas que voam pelos
arredores
Elas aparecem apenas em lugares tranquilos,
longe de Monstros e outras distrações. Elas aparecem
brevemente, às vezes apenas por cintilar ou dois, e
trazem os tão necessários raios de sol aos locais mais
escuros da Armariolândia. Elas são as borboletas, o
maior mistério da Armariolândia.
Monarcas com cor de abóbora, belas
mariposas-falcão, borboletas azuis e muitas outras
variedades de borboletas se juntam nas regiões
gramadas da Armariolândia. Flores há muito tempo
mortas, florescem em sua presença (e rapidamente
morrem quando longe delas), providenciando uma
variação tão desejada para o ambiente, quanto quase
universalmente sem graça da Armariolândia.
Ninguém pode prever quando ou onde essas
borboletas aparecerão, mas são uma vista mágica
quando aparecem.
Os Cavaleiros Borboleta
As borboletas são lindas e preciosas, e precisam
de proteção. É onde entram os Cavaleiros Borboleta.
Esse grupo improvisado de crianças não possui
treinamento e tem pouca organização, mas cada
membro traz algo de especial para o grupo. Alguns
são ótimos em preparar armadilhas para Monstros,
outros são bons em elaborar planos, há aqueles com
um alto nível de Convicção, e aqueles com punhos de
pedra. Cada cavaleiro tem seu propósito.
O grupo foi fundado por um garoto chamado
Karol e até hoje ele é o líder. Todos os recrutas devem
131
ser aprovados por ele. Ele escolhe o método de
iniciação (um teste de força, um questionário para
desafiar a inteligência do recruta, ou algo do tipo) e
decide quem entra e quem não entra. O grupo é novo
o bastante para que poucos contestem a autoridade de
Karol, mas sempre há aqueles que fofocam e instigam
confusão.
Atualmente, o número de Cavaleiros Borboleta
é de apenas algumas dúzias, mas geralmente eles são
vistos apenas em grupos de quatro ou seis.
Os Cavaleiros Borboleta rastreiam onde elas
são vistas, derrubam Monstros que ameaçam as
borboletas, e tentam entender o que são, de onde elas
vêm e para onde vão.
O garoto chamado Karol
Outras crianças não perdem tempo
provocando Karol sobre seu nome. Ele, na maioria das
vezes, apenas ignora os comentários, mas irá se impor
se alguma criança passar dos limites. A mãe de Karol
estava realmente doente quando o teve, e ela morreu
no parto. Sua avó lhe contou que todos pensavam que
ele seria uma menina, então sua mãe colocou esse
nome em seu coração. A mãe de Karol escolheu esse
nome de um livro, e ela havia lhe contado que era o
único nome que queria para sua criança.
Após o menino nascer, com a morte de sua
mãe, os cuidados da criança recaíram sob a sua única
família viva: a avó. Ela honrou a vontade de sua filha
e deu ao garoto o nome de Karol.
Karol é um garoto durão, tem uma mente
afiada e é bom de briga. Ele aparenta ter por volta
de 12 anos, mas age como se fosse mais velho. Ele
demonstra uma gentileza e bondade em seus olhos
que você não vê em muitas crianças. Ele formou
os Cavaleiros Borboleta para ajudar a proteger as
borboletas. Ele não sabe de onde elas vieram, mas ele
sabe que precisa ajudá-las.
Lebresvalor von Saltington
Existem rumores de um leporídeo (designação
da lebre, do coelho e de mais nove tipos de mamíferos),
com mais de um metro e meio de altura, que pode
levar as crianças para fora da Armariolândia. Tudo
que a criança precisa fazer é agarrar sua orelha
esquerda e esperar. Quando isso for feito, “Lebre”
deve levá-los para a liberdade, se ele puder. As
pessoas dizem que ele fala com um sotaque afetado,
preocupado com uma garota desaparecida chamada
“Jana”. Ela desapareceu há algum tempo e parece estar
presa em algum lugar dentro da Armariolândia. Se
o Lebre puder ser encontrado e sua história ouvida,
talvez uma criança gentil seja capaz de ajudá-lo a
encontrar sua querida dona desaparecida, e trazê-la
de volta para o mundo real.
O Lebre é considerado um rumor porque
raramente é visto. O que foi visto foram suas largas
pegadas em certas áreas da Armariolândia. Podem
haver poucas provas de sua existência, mas suas
pegadas são bem convincentes.
A garota chamada Jana
Rumores de uma garota chamada Jana vão
além da situação do Lebre. Algumas crianças dizem
que Jana tem a chave para a arma anti-Monstros mais
poderosa da Armariolândia. Outros dizem que ela é,
na verdade, um Monstro fingindo ser uma criança,
atraindo crianças para sua condenação. E alguns
dizem que ela está sendo feita de refém, com vários
outros, na Sala do Pássaro Atroz.
132
Crianças na Armariolândia
Crianças escolhem permanecer na
Armariolândia por vários motivos. Para
alguns, muito tempo já se passou, e estão
com medo do mundo que os aguarda. Para
outros, eles ainda estão procurando pelo que
vieram encontrar aqui. E para aqueles como
os Cavaleiros Borboleta, eles encontraram
na Armariolândia um propósito maior do que
já sentiram no mundo real. Muitas crianças
já entraram e saíram da Armariolândia ao
longo dos anos. No entanto, aqueles que
entraram são consideravelmente mais
numerosos do que os que retornaram.
Os Cavaleiros Borboleta são tidos como
alguns desses, mas não exatamente todos.
Alguns estão desaparecidos, como Jana.
Eles estão provavelmente escondidos nos
cantos distantes, ou perdidos em uma das
armadilhas diabólicas ou em ambientes
enganosos da Armariolândia. Alguns se
foram para sempre, vítimas de um Monstro
de quem não conseguiram escapar.
PARTE 5:
A Sala do Pássaro Atroz
Agora nós entramos na sala mais sombria de
toda Armariolândia. É o coração da loucura, o trono
do medo, a sala que toda criança teme.
Como encontrá-la?
Ela não tenta se esconder apesar de, assim
como qualquer sala na Armariolândia, raramente
permanecer no mesmo local por muito tempo. Como
várias salas, ela se inicia em uma porta. Neste caso,
é uma porta vermelha. Ela possui uma maçaneta
simples de metal, que é terrivelmente marcada por
arranhões, como se algo com garras continuamente a
tentasse abrir.
Primeiro, o cheiro...
Ela cheira a loja de animais suja. A maioria das
crianças tem que cobrir suas vias aéreas para evitar
passar mal. Depois da porta é escuro, e o cheiro é a
única prova de que existe algo a mais aí.
...seguido de arranhões e grasnados...
À medida que você entra, o eco vazio de seus
133
passos dá lugar ao som de pássaros. Os grasnados
estridentes, seguidos pelo incessante e perturbador
som das garras, somado à profusão de chilreados,
pios agudos e cantos graves, são de ranger os dentes
e podem deixar paralisado o visitante desavisado.
O chão está coberto de fezes de pássaros, joias
quebradas, calças e camisas sujas, e penas da cor da
noite. O teto tem fileiras de gaiolas de metal. Dentro
de cada uma, um pássaro.
É impossível contar quantos pássaros existem
nesta sala. Eles são duas a três vezes o tamanho de
um pássaro normal. Cada um preso em uma gaiola
apertada. Eles lutam para sair, mas a tranca nunca se
abre, e as grades que se quebram sempre são reparadas
em questão de segundos.
Cada pássaro é tão escuro como o breu,
do bico até as penas das caudas. Alguns possuem
tornozeleiras em volta de seus pés, outros tem
braceletes em suas asas, colares sobre suas gargantas.
Há pássaros com óculos quebrados pendurados em
suas gaiolas. Cada Pássaro Atroz é uma criança que
foi perdida para a Armariolândia. Essas crianças que
se perdem caem em uma das muitas armadilhas do
lugar ou são capturadas por Monstros e arrastadas
para a sala do Pássaro Atroz.
Quando o governante da Armariolândia toca
o seu dedo na testa de uma criança e diz as palavras
mágicas, o processo já se inicia. Em seguida, ele
coloca a criança em sua gaiola. Ao longo de alguns
dias, a criança é transformada em um Pássaro Atroz
pela magia negra da Armariolândia. À medida que a
criança se transforma, sua alma lentamente deixa seu
corpo. Uma vez fora, o Rei dos Monstros a pega e a
corrompe em um ser chamado de Ranho.
Se a alma da criança puder ser encontrada e
levada ao pássaro atroz dentro de sete dias, a criança
pode ser salva. Mas a cada dia, cada pássaro se parece
mais e mais como qualquer outro pássaro. Pode ficar
muito difícil distingui-los.
... e então, silêncio!
No final da Sala do Pássaro Atroz há silêncio.
134
Olhando para trás dali você ainda pode ver os pássaros
irritados se debatendo e as mímicas silenciosas de
grasnados, mas não consegue ouvir nada. É como se
algo nesta parte da sala impedisse o barulho, fazendo
com que tudo que você pode escutar, tudo que qualquer
um pode escutar, seja o som da própria respiração.
A porta cerrada
Nesta parte da sala, há uma porta azul. Você
pode empurrar, puxar, chutar, acertá-la com um aríete
a duzentos por hora, mas a menos que a pessoa de
dentro o convide, você não entrará.
O Quarto Azul
Como um presente dentro de um presente,
a porta azul se abre para um cômodo bem amplo,
um quarto, cujas paredes azuis pulsam como batidas
do coração. No meio, há uma cadeira. Não há nada
de demais sobre essa cadeira, além da pessoa que a
ocupa.
Esse é o lugar onde o Bicho-Papão se senta.
O soberano da Armariolândia
Suas garras se projetam como adagas, seus
dedos são de pele acinzenta e ossos torcidos. Sua
gargalhada corta até os ossos. Ele é chamado de Rei
dos Monstros. Ele é o soberano da Armariolândia,
mas as crianças o conhecem por outro nome: o Bicho-
Papão. E a Armariolândia é seu lar.
O Bicho-Papão é um sujeito peculiar. Ele
tem duas faces: uma é de um maníaco, um tirano
sanguinário que caminha como uma animação
malévola, mandando os outros cumprirem suas
ordens e contando a todas as crianças do mundo que
elas devem se curvar aos seus pés! Esse lado do Bicho-
Papão veste uma máscara grotesca feita de ossos e
penas de pássaros.
O outro lado do Bicho-Papão é mais sutil
e ameaçador. Ele fala em um tom frio e sem vida.
Esse lado é calculista, cruel e direto. Esse lado não é
maníaco, é estável e deliberado. Esse lado não possui
uma máscara, no entanto o rosto do Bicho-Papão não
parece tão diferente da máscara que ele usa.
Ambos devem ser temidos, por diferentes
motivos.
Crianças fariam bem em evitar o Bicho-Papão
a todo custo. Apesar de ter sua cadeira em seu Quarto
Azul, ele não está confinado a ela. Pelo contrário,
ele pode ser encontrado em qualquer lugar da
Armariolândia. Não importa qual personalidade ele
esteja usando, o Bicho-Papão é impetuoso e arrogante
o bastante para brincar com as crianças, ao invés de
pular em suas gargantas.
O lado impetuoso irá formular esquemas
bem elaborados para capturar as crianças, enquanto
que seu lado sereno irá deixar armadilhas sutis, que
guiem as crianças até sua destruição. A maioria das
crianças não saberão que estão sendo levadas direto
para suas garras, até que seja tarde demais.
135
PARTE 6:
Criando um Monstro
Qualquer coisa (viva ou artificial, mecânica
ou orgânica, animada ou inanimada) em Little Fears -
Edição Pesadelo pode ser um Monstro. O importante
não é sua origem. Ele pode ser tão mundano quanto
uma caixa de correio, um baú ou tão fantástico quanto
uma mulher com cabeça de pássaro. O importante
é que as crianças fiquem assustadas com isso, e este
medo deve ser superado se elas quiserem ter sucesso.
Com esta lógica, pode-se dizer que o velho
assustador no final da rua é um Monstro, assim como
o pitbull de guarda no lixão local também é. Algo não
precisa ser sobrenatural ou de outro mundo para ser
um Monstro, precisa apenas ser temido. Monstros são
empoderados pelos mitos – e o terror que esses mitos
geram –, e um Monstro sem uma lenda não é de fato
um Monstro.
Dando vida aos seus piores
medos
Você pode encontrar inspiração para os
Monstros em incontáveis fontes. Folclore, mitologia,
filmes antigos de terror, seus próprios pesadelos,
páginas de todos os excelentes (e até os não tão
excelentes) livros de terror, quadrinhos e sites são
ótimas fontes.
Não importa de onde tirou sua inspiração, o
objetivo da criação de Monstros é pegar sua ideia de
uma criatura e dividi-la em um bocado de descrições
e atributos para uso em seu jogo. Assim como os
PJs, Monstros possuem uma quantidade generosa
de palavras em suas descrições. Já que este jogo não
usa uma lista pronta de Qualidades ou Qualidades de
Trecos, pode ser difícil escolher o que é importante
sobre o Monstro e o que importará durante o jogo.
Meu conselho é manter as características mais
importantes. Escolha algumas coisas que são icônicas
sobre o Monstro. Não se preocupe em colocar tudo
sobre a criatura em sua descrição. Quando usar os
Monstros no jogo, permaneça com aquelas coisas
que você incluiu na ficha. Se foram importantes o
bastante para se destacarem quando você criou o
Monstro, serão boas o bastante para serem usadas
pelas crianças.
E um Monstro não precisa ser uma criatura
feroz e ameaçadora! Ele pode ser uma doce garota da
vizinhança, que na verdade é uma feiticeira invocadora
de demônios, ou um objeto, como um boneco, ou,
como você verá no próximo capítulo, uma peça de
roupa que rouba identidades. Leia adiante para saber
como. Exemplo: à medida que avançamos na criação
de Monstros, criaremos um Monstro passo a passo
para ajudá-lo a explicar o que significa cada coisa e
dar a você ideias. Para este exemplo, vamos criar um
Peixe Mutante.
O papel do Monstro
Monstros possuem Descrição, Habilidades,
Qualidades, Virtudes e Trecos, assim como as
crianças. Os Monstros também possuem Fraquezas,
mas elas são adicionadas durante o jogo, e não são
definidas agora.
A primeira coisa que você deve decidir são
as características básicas do Monstro: o que é, quão
poderoso ele é, e o que o faz ser assustador.
Descrição
A descrição é o resumo rápido e simples do
Monstro. A primeira coisa a se fazer é escrever um
breve parágrafo sobre o Monstro. Você pode falar
sobre suas origens, como ele ataca as crianças ou por
que está aqui. Algumas poucas palavras podem ajudar
a construir o Monstro em sua mente e tornar o resto
desse processo bem mais fácil.
O que é?
Na ficha do Monstro, você verá o seguinte:
“Este _____ é um Monstro _____.” A primeira lacuna
é nome dele; a segunda é para o seu nível de poder.
Primeiro, dê um nome ao Monstro. Muito
provavelmente não será algo individual como “Lucas”
ou “Sophia”, mas pode ser singular como “Monstro
do Pântano” ou “Estrangulador do Acostamento”.
136
Também pode ser genérico como “Vampiro” e
“Lobisomem”.
Quão poderoso ele é?
Temos aqui três tipos de Monstros: Monstro
Comum, Monstro Terrível e Monstro Hediondo. Indo
da esquerda para a direita, cada nível é mais poderoso
que o último. O mesmo Monstro ou tipo de Monstro
pode ser feito em cada nível. É perfeitamente normal
ter um Vampiro Comum e também um Vampiro
Terrível. Apenas os crie separadamente (pois cada um
possui suas próprias características para fins de jogo).
Monstro Comum
Estes são os Monstros mais corriqueiros que
as crianças provavelmente enfrentarão. Fantasmas,
lobisomens, a maioria dos monstros do armário,
criaturas do pântano, Goblins e Capuzes Vermelhos
são bons exemplos.
Monstro Terrível
Estes são Monstros mais fortes, mais ferozes
e ameaçadores. Se houver um bando, eles serão os
líderes. Estamos falando do goblin grandalhão, do
vampiro chefe, do lobisomem alfa, do carniçal líder
da horda de sugadores de sangue. Monstros Terríveis
sempre adicionam um dado extra a qualquer rolagem
que fizerem.
Monstro Hediondo
Estas são as mais assustadores e arrepiantes
criaturas que andam (rastejam, nadam e às vezes,
voam) pela Armariolândia. Se você os vir, corra para
bem longe, imediatamente, e rápido. Este não é um
vampiro, é o Drácula. Este não é qualquer fantasma,
mas sim aquele que suga garotinhas loiras para
dentro de televisores. Monstros Hediondos sempre
adicionam dois dados extras a qualquer rolagem que
fizerem.
O que o faz assustador?
Anotar na ficha apropriada as palavras que
completam o raciocínio “Este Monstro é assustador
quando _____” é algo é muito importante. Os
lobisomens são assustadores quando uivam para
a lua. Zumbis são assustadores quando pedem
“mióóóóólos”. Os Monstros debaixo da cama são
assustadores quando agarram seus pés. É por isso que
as crianças têm medo deles, então faça o seu melhor.
O nome é apenas como as crianças os
chamam ou talvez o que aparece em livros antigos
ou canções. O tipo determina o quanto eles podem
ser ameaçadores. A Coisa Assustadora do Monstro
descreve a situação em que o Monstro exige um Teste
de Medo (veja o Capítulo I para mais informações).
O que ele quer?
Todo Monstro quer algo. Esse “querer” os
leva a agir e lhes dá um propósito. Pode ser uma
necessidade óbvia, como uma múmia que quer seu
colar de escaravelho de volta, ou pode ser tão secreto
que talvez o próprio Monstro não saiba. Um fantasma
que não está ciente de que morreu pode ter “Ele quer
um enterro apropriado para seu corpo” escrito aqui.
Esse querer pode ser sinistro como “Ele quer comer a
criança! ”, ou nem tanto, como “Ele quer que alguém
responda sua charada”.
Na ficha, coloque isso na linha que diz, “Ele
quer ____”. Exemplo: antes que eu faça alguma coisa,
eu escrevo este rápido parágrafo.
Isto é o que eu invento:
O peixe foi visto no pequeno lago próximo ao
Parque do Colibri, um refúgio natural que crianças
costumam visitar. O lugar é um pouco mais do
que um açude destinado à natação, mas é o que as
crianças têm, então elas usam. Bem, elas o usavam até
os rumores deste peixe se espalharem. Agora, apenas
os corajosos se atrevem a chegar perto da água.
Agora, vamos expandir isso um pouco mais.
“Este Peixe Mutante é um Monstro Comum.
Ele é assustador quando se agita com força na
superfície da água”.
A agitação na água pode ser muito bem
tudo o que qualquer um já viu do peixe, mas isso é
o bastante para seus contos se espalharem, e para o
medo aumentar (que é o que dá poder ao Monstro).
137
Agora, damos a este peixe um motivo para ele
começar a atacar as crianças. Este peixe mutante está
cansado da bagunça que seu açude se tornou. Quanto
mais crianças o visitam, mais latas de refrigerante,
pacotes de salgadinhos e outro tanto de lixo ficam
para trás. E não vamos esquecer o que algumas
crianças crescidinhas deixam nessas águas. O Peixe
está cansado disso, então colocamos, “Ele quer que
seu açude seja limpo, e mantido limpo”.
Desejos e medos
Pode parecer estranho que uma
criatura nascida do medo queira algo além de
ser assustador. O medo dá vida aos Monstros,
mas não necessariamente o bastante para
movê-los ou mesmo mantê-los. Às vezes os
Monstros desenvolvem o “querer” como um
efeito colateral do medo que lhes deu vida,
ou em adição a esse medo.
Habilidades
Monstros possuem quatro Habilidades.
Assim como as crianças, cada uma delas responde a
pergunta: “O que você quer fazer?”
Habilidades de Monstros variam de 1 a 6, com o
número de Pontos de Habilidades determinado pelo
quão poderoso o Monstro é. Diferente das crianças,
as Habilidades começam no zero, não em um.
Quando olhamos as Habilidades, pense além
da parte física do Monstro. Por exemplo, um fantasma
não tem um corpo, então pode não fazer sentido
dar a ele Agarrar. Mas você pode usar esses pontos
para aumentar o quão bom o fantasma é ao usar
mangueiras de jardim, tomadas de abajur ou lençóis
de cama para prender as crianças que tentam fugir.
Você pode pensar, por que uma cabeça sem corpo,
que hipnotiza crianças, teria pontos em Perseguir?
Mas você poderia usar isso para determinar o quão
rápido ela pode desaparecer e reaparecer em volta da
sala. Divirta-se com isso e pense em maneiras de usar
essas Habilidades de uma maneira não tradicional.
Se você decidir não colocar pontos em uma
certa Habilidade para um Monstro, você pode deixar
aquela Habilidade em 0 e gastar os pontos para
deixar outra Habilidade mais forte. Você não precisa
distribuir todos os pontos, se não quiser. Você tem
liberdade de tirar e dar pontos extras como quiser. É
seu Monstro. Construa-o como desejar.
Brigar
Sempre que um Monstro está em uma
luta, tentando socar ou arranhar alguma criança,
ou arremessar uma pedra em sua cabeça, use esta
Habilidade.
Agarrar
Sempre que um Monstro está tentando
subjugar, derrubar, segurar ou de alguma maneira
conter a criança, use esta Habilidade.
Perseguir
A inclinação natural de uma criança é fugir do
perigo, e a inclinação natural do perigo é correr atrás
dela. É para isso que essa Habilidade serve.
Assustar
Esta Habilidade é usada em Checagens de
Medo para aterrorizar crianças. Quanto mais alta a
pontuação, mais o Monstro é assustador, e mais difícil
é se livrar dele de vez.
Pontos de Habilidades
O poder do Monstro determina quantos
pontos você tem para distribuir em suas Habilidades.
Um Monstro Comum tem 10 pontos para gastar em
suas Habilidades.
Um Monstro Terrível tem 15 pontos para
gastar em suas Habilidades.
Um Monstro Hediondo tem 20 pontos para
gastar em suas Habilidades.
Exemplo: o Peixe Mutante é um Monstro
Comum, então ele tem 10 pontos para gastar em suas
Habilidades. Tendo em mente que ele é um peixe,
distribuiremos os pontos assim:
Brigar: 3
Agarrar: 1
138
Perseguir: 4
Assustar: 2
Isso diz que o peixe, com um Perseguir de
valor 4, provavelmente nada rapidamente atrás de
qualquer criança perto dele. O Brigar de valor 3 é
uma característica de destaque. Ele provavelmente
encurrala a criança entre as pedras e as acerta sua
cauda. Ele não possui um valor alto de Agarrar porque
pode apenas morder uma perna ou talvez enrolar sua
cauda em volta de um braço fino, e mesmo assim não
consegue fazê-lo muito bem. Seu Assustar de valor 2
é baixo, mas está tudo bem. Nem todos os Monstros
são lendários, eu acho.
Qualidades
Monstros possuem Qualidades, assim como
os PJs. Estas Qualidades descrevem o que são, o que
podem fazer e o que não podem fazer.
Muito pode ser entendido com essas
Qualidades, assim como com as crianças. Você
provavelmente não dará pontos a todas as coisas que
um lobisomem consegue fazer, mas saber que “É um
homem que se transforma em lobo” lhe diz bastante,
assim como “Ele pode caçar sua presa na calada da
noite”. Você pode ser tão poético quanto desejar, mas
elas precisam expressar Qualidades que significam
algo.
Regras das Qualidades de Monstros
Os primeiros dois tipos de Qualidades de
Monstro sempre adicionam três dados para qualquer
rolagem em que se aplicam. A última Qualidade
remove três dados de qualquer rolagem em que
aquela influencie na ação. Assim como as crianças,
um Monstro pode adicionar apenas uma Qualidade
por ação.
O que o Monstro é?
Para responder isso, diga algo que descreve o
Monstro, de modo geral. Identifique o que ele é. Esta
Qualidade fornece um rápido perfil do Monstro. Os
exemplos de Monstros dão uma noção disso.
Você adicionará esta Qualidade em quase
todas as rolagens que o Monstro fizer. Ela deve
informar suas ações o máximo possível. Esta
Qualidade adiciona três dados quando aplicada.
Quem tem?
Todos os tipos de Monstros recebem uma
dessas.
O que o Monstro pode fazer?
Aqui você coloca uma perícia ou uma
capacidade que o Monstro tenha. Pense nela como
uma tática que o Monstro confia quando nada mais
funciona. Pode ser a maneira como ele caça, um
truque barato que faz para provocar as pessoas, ou a
maneira que ele tem para se “expressar”.
Quando a primeira Qualidade não se aplicar,
essa muito provavelmente irá. Do mesmo modo que
Qualidade acima, ela adiciona três dados às rolagens.
Quem tem?
Monstros Comuns recebem uma dessas.
Monstros Terríveis recebem duas. Monstros
Hediondos recebem três.
O que o Monstro não consegue fazer?
Esta Qualidade dita algo que o Monstro é
incapaz de fazer. Ela deve ser algo que funciona
contra o Monstro, e pode ser definida durante o jogo.
Esta Qualidade remove três dados de qualquer coisa
que o Monstro está tentando fazer.
Esta Qualidade supera as outras duas! Ainda
que as outras Qualidades se apliquem, você usará
essa.
Quem tem?
Todos os tipos de Monstro recebem uma
dessas.
Exemplo: aqui está a primeira chance que
temos de “rechear” este peixe mutante. Vamos
descobri-la ao listar um item de cada vez. Já que
este é um Monstro Comum, ele recebe apenas uma
Qualidade de cada.
“É um bagre gigante”. Não está ruim, mas
139
vamos tentar melhorar com “É um bagre gigante
comedor de gente”. Agora sim! Isso dá uma ideia de
seu tamanho, uma boa descrição (ele quer comer!), e
diz que tipo de peixe ele é.
“Pode pular para fora da água”. Olha só, agora
estamos descobrindo por que ele é uma ameaça. Se ele
pode pular para fora da água, não precisa esperar as
crianças nadarem, elas apenas precisam chegar perto,
e também insinua que o peixe pode, provavelmente,
sobreviver fora da água por um tempo maior do que
peixes normais.
“Ele não consegue ver muito bem sob luz do
dia”. Então esta coisa nada nas águas mais profundas
durante o dia, e chega perto da superfície durante a
noite. Deve ser por isso que a maioria das pessoas não
o viram ainda.
Virtudes
Os Monstros não são notórios por serem
criaturas virtuosas. Por isso, eles possuem apenas
duas Virtudes: Saúde e Terror.
Saúde
Monstros não possuem níveis de Saúde ou
penalidades como as crianças possuem. Eles estão
lutando, perseguindo, assustando ou agarrando com
toda a vontade que normalmente possuem, ou não
estão fazendo coisa alguma.
Um Monstro Comum tem uma Saúde de 30.
Um Monstro Terrível tem uma Saúde de 40.
Um Monstro Hediondo tem uma Saúde de 50.
Terror
Terror é a medida do quão assustador o
Monstro realmente é. O Terror de um Monstro pode
ser atacado pela capacidade de Convicção de uma
criança. Pense nisso como “Saúde”, mas não para o
corpo físico do Monstro, mas para suas capacidades
de assustar pessoas.
O Terror de um Monstro é igual a seu Assustar
mais o valor de sua Habilidade mais alta. Exemplo:
nosso peixe mutante é um Monstro Comum, então
sua Saúde é 30. Seu Terror é igual a seu Assustar (2)
mais o valor da Qualidade mais alta, que é Perseguir
(4). Isso lhe dá um Terror de nível 6.
Trecos
Finalmente, Monstros têm Trecos. Isso são as
armas que eles usarão contra as crianças. Os Trecos
de um Monstro fornecem um bônus em uma de suas
quatro Habilidades, uma penalidade em uma das
cinco Habilidades da criança, um bônus ao Dano
causado, providenciam armadura de um certo tipo,
ou têm algum efeito estranho ou assustador.
Assim como os Trecos de uma criança são
determinados por sua Convicção, Trecos de Monstros
são derivados de seu Terror. Os Trecos de Monstro
também têm efeitos, variando de 1 a 3 níveis. Os
efeitos são divididos em detalhes específicos que dão
bônus e penalidades ou descrevem um poder que os
Trecos têm.
Quando estiver decidindo os Trecos de um
Monstro, pergunte a si mesmo o que faz este Monstro
Terrível e como ele machuca as crianças. Ele possui
uma voz rouca? Ele flutua um metro acima do chão?
Ele possui garras de quinze centímetros que brilham
na luz do luar?
O que Trecos de Monstros podem
fazer?
Trecos de Monstros são parecidos com os
que os Jogadores têm, e seguem as mesmas regras.
A grande diferença é que os Monstros não pagam
marcador algum para usá-los.
Fornece bônus a uma Habilidade
Você pode simplesmente escrever “Brigar +1”
ou “Agarrar +3”, ou descrever o bônus em maiores
detalhes. Quando a criatura usa esse Treco, ela recebe
um bônus no valor total dos dados da rolagem.
Fornece penalidade à Habilidade da criança
Novamente, assim como na criação de
um personagem, seus Trecos podem penalizar as
Habilidades de uma criança. Se estiver criando
um homem-abelha, talvez ele possa atirar mel nas
140
crianças, o que dá a elas -2 em Agir, ou um olhar
hipnotizante pode dar a criança um -1 em Pensar.
Causar dano extra em um ataque
Para cada ponto colocado nesse Treco, um
ponto de Dano é adicionado.
Reduzir Dano de um ataque
Isto faz com que o Treco essencialmente se
torne uma armadura. Para cada ponto neste Objeto,
remova um ponto de Dano de um ataque bem-
sucedido.
Um poder legal ou estranho
Talvez seu Monstro tenha o poder de
hipnotizar ou fazer sua voz parecer vir de outro lugar.
Isso pode não necessariamente influenciar no sistema
(apesar de poderem), mas ao menos dá algo legal ou
assustador para o Monstro fazer.
Assumir outra forma
Alguns Monstros podem mudar de forma. Se
seu Monstro consegue fazer isso, dê esse Treco a ele
e uma pontuação adequada, como um bônus de Agir
ou de Brigar. Não há necessidade de rolagens para a
transformação.
Drenagem de Espírito
Esta é uma Qualidade especial que alguns
Monstros possuem. Quando você dá ao Monstro
esta Qualidade, a descreva como qualquer outra (por
exemplo, Espírito -1) e pague 1 ponto para cada nível
de drenagem de Espírito que ele estiver recebendo.
Quando o Monstro usa esta Qualidade, em vez de
causar o Dano físico de seu ataque, você pode escolher
causar esse Dano ao Espírito da criança.
Como você pode adivinhar, um Monstro com
uma Qualidade que drena 3 pontos de Espírito não
precisa atingir uma criança tantas vezes antes que todo
seu Espírito desapareça. Por conta disso, as crianças
precisam ficar longe desses Monstros. Um Monstro
sugador de Espíritos é também uma ferramenta
poderosa, como Moderador do Jogo, você deve usá-
los com moderação para que obtenha melhor efeito. se aproximem, ele começa a acertá-las com sua grande
Falando de efeito, o Capítulo I fala sobre o que cauda. Não é um Monstro ruim para uma primeira
acontece com uma criança quando ela perde Espírito. sessão, eu diria.
Se desejar, você pode substituir este feito por um de
seus próprios, assim como os Ladrões de Corpos (veja
a última seção deste capítulo para ter um exemplo).
Exemplo: nosso peixe mutante tem Terror 6, então
temos essa mesma quantidade de pontos para gastar
em seus Trecos. Quais Trecos poderíamos fornecer a
um peixe para que ele realmente se torne um inimigo
formidável?
Meu primeiro pensamento são dentes longos
e deformados, como um peixe-pescador, só que mais
feio e furioso. Eu decidi investir 2 pontos em seus
dentes, o que me dá 2 pontos para gastar de modo
a dar algum peso a esses dentes. Eu decido que esses
dentes darão ao peixe “Mordida torcida (Agarrar +1)
” e “Venenosos (Dano +1) ”. Cada ponto no efeito
custa um ponto de Terror. Isso aparece assim na ficha:
Dentes longos e afiados ØØ
Mordida cruzada (Agarrar +1)
Cheios de veneno (Dano +1)
Ele usa seus dentes para segurar as crianças
e arrastá-las até o fundo lamacento. O dano extra é
apenas a cereja do bolo.
Eu tenho 4 pontos para gastar em seus Trecos,
então decido dar a ele Olhos Hipnóticos com um
efeito “Encantador” com 2 pontos, o qual eu uso
como penalidade para Pensar. Eu também forneço a
ele Escamas Densas com o efeito “Difícil de perfurar
(Dano -2)”. Aqui está como tudo aparecerá na ficha:
Dentes longos e afiados ØØ
Mordida cruzada (Agarrar +1)
Cheios de veneno (Dano +1)
Olhos hipnóticos
Encantadores (Pensar -2)
Escamas densas
Difícil de perfurar (Dano -2)
Então este peixe mutante pula para fora
da água, hipnotiza as crianças para que fiquem
temporariamente paralisadas, as agarra com seus
dentes e as arrasta para o fundo da água. Se crianças
chegarem muito perto, e caso ele não queira que elas

141
PARTE 7:
Regras dos Monstros
Monstros obedecem à maioria das mesmas
regras que as crianças. Nesta seção, iremos discutir
algumas particularidades e expandir algumas coisas
que abordaremos em outros capítulos.
Usando os Trecos de Monstro
Monstros nunca precisam pagar marcadores
para usarem seus Trecos, e eles podem usar seus
Trecos quantas vezes quiserem durante a sessão. No
entanto, um Monstro pode usar apenas um Treco em
uma única ação (mas recebem o benefício de qualquer
Qualidades de Treco que quiserem).
Fraquezas
Na ficha do Monstro incluída no final do livro,
você verá uma área chamada “Fraquezas”. Quando
Jogadores fornecem Fraquezas a um Monstro, assim
como descrito no Capítulo I, você as escreve aí.
Fraquezas não possuem efeitos de jogo, mas
possuem nas histórias. Isso significa que as Fraquezas
não mudarão a quantidade de dados que o Monstro
rola, mas como Moderador do Jogo, você deve
garantir que os Monstros não quebrem as regras após
as Fraquezas serem estabelecidas.
Marcadores de Medo
Já falamos sobre Testes de Medo: como são
feitas, quem as faz e quando, e quais podem ser os
efeitos colaterais de falhas. Mas não falamos sobre a
parte do Monstro nessas checagens.
Quando uma criança falha em uma Testes de
Medo, o Monstro se torna mais poderoso. O repentino
aumento de terror, ansiedade e adrenalina alimentam
os Monstros e os torna ainda mais fortes. Para cada
Nota Vermelha na Testes de Medo da criança, o
Monstro recebe um marcador de Medo.
Se várias crianças falharem na Testes de Medo,
o Monstro recebe um marcador de Medo para cada
Nota Vermelha.
142
Marcadores de Medo ficam com o Monstro
durante o jogo, então não são descartados, apenas
gastos pelo MJ durante o jogo.
O que marcadores de Medo fazem?
Marcadores de Medo são como marcadores de
Convicção, mas não há como apostar um marcador
de Medo, apenas gastar um. O MJ pode gastar 1
(e apenas 1) marcador de Medo por rodada para
conseguir um dos seguintes efeitos:
Mais um golpe
Monstros podem ser especialmente bons de
briga. Embora todos normalmente tenham apenas
um ataque por rodada, você pode gastar 1 marcador
de Medo para permitir que o Monstro ataque mais
uma vez. O Monstro não pode gastar um marcador
de Medo neste novo ataque.
Receber um dado extra
Medo dá ao Monstro uma explosão extra de
energia. Você pode gastar 1 marcador de Medo para
dar ao Monstro um dado extra para qualquer ação
que esteja tentando fazer.
Bônus de Dano
Medo também pode tornar o Monstro
particularmente feroz. Você pode gastar 1 marcador
de Medo para adicionar +3 ao Dano de um ataque.
Forçar um Teste de Medo
Você pode gastar 1 marcador de Medo para
fazer sua Coisa Assustadora e receber mais Medo. No
entanto, esta Checagem de Medo pode falhar e deixar
o Monstro com 1 marcador a menos.
Recuperar Saúde
Dano físico não significa tanto quanto
costumava ser para Monstros. Você pode gastar 1
marcador de Medo para curar 3 pontos de dano.
Desviar Convicção
Quando uma criança gasta Convicção para
reduzir o Terror do Monstro, você pode evitar isso
ao gastar 1 marcador de Medo. A criança perde seu
marcador de Convicção, mas o Monstro não perde
nenhum Terror.
>>Ferir as chances de uma criança
Você pode gastar um marcador de Medo para
remover um dado de cada checagem dos personagens
naquela rodada. Quando isso é feito, cada Jogador
com um personagem nas proximidades do Monstro
rola um dado a menos do que normalmente rolaria
para a próxima ação que fizer contra o Monstro
(direta ou indiretamente).
>>Escapar
Ao gastar um marcador de Medo, o Monstro
pode desaparecer em uma cortina de fumaça para
lutar outro dia. Se isto for feito durante um ataque,
nenhum Dano é causado ao Monstro.
De quem é o medo, afinal?
Não importa. Os marcadores de Medo
vão para o MJ fazer o que achar adequado.
O marcador de Medo gerado por um Monstro
pode ser usado para dar bônus a outro
Monstro. O Medo, como diz o ditado, é tão
bom para o boi, quanto para a boiada.
Como os Monstros morrem?
Os monstros podem morrer de duas maneiras:
fisicamente (o que significa que ele pode retornar)
e permanentemente (o que significa que ele não
retornará). Existem três modos de se conseguir isso, e
daremos uma olhada em cada um deles, a seguir.
Morte física
Quando a Saúde de um Monstro chega a zero,
seu corpo físico é destruído. Ele irá morrer de uma
forma adequada e dar às crianças uma vitória bem
merecida. Mas as crianças não deveriam se alegrar por
muito tempo, já que a morte física para um Monstro
é apenas temporária. Embora a atual forma física do
Monstro possa morrer, as pessoas ainda terão medo
143
dele. Esse Medo pode (e provavelmente irá) trazê-lo
de volta. Talvez não em cinco minutos, ou cinco horas,
ou cinco dias, mas o trará. E provavelmente não terá
bons pensamentos sobre as crianças que destruíram
seu último corpo.
Sem mais Terror
A segunda maneira é mais demorada,
mas é muito mais recompensadora: a destruição
permanente do Monstro. Um personagem faz isso
gastando um marcador de Convicção. Primeiro, o
personagem reduz todos os Trecos do Monstro a zero,
e então começa a reduzir o Terror do Monstro (as
regras específicas para isso estão no Capítulo I). Com
seu Terror reduzido a zero, ninguém o teme mais, e
ele fica sem poder. O Monstro se foi para sempre, pois
seu Terror foi destruído pela Convicção.
Este é um grande fim dramático para o
Monstro, e deve ser interpretado como o grande
clímax de um filme. O Monstro explode em milhares
de fragmentos de luz, derrete em uma poça gelatinosa,
é pouco a pouco bicado por pássaros que surgem das
sombras, dilacerado pelo vento em nada além de
poeira ou destruído de alguma forma grandiosa.
Recebendo o que quer
Às vezes matar o Monstro não é a melhor
opção. O fantasma furioso destruindo a casa antiga
da esquina pode simplesmente ser o espírito da garota
que esteve presa ali desde sua morte, há 150 anos. O
lobisomem pode estar caçando apenas porque seu
instinto monstruoso o impele a fazer isso, enquanto
o que ele realmente quer é se livrar dessa maldição.
Aquele peixe mutante quer apenas que as águas em
que ele nada, sejam despoluídas. Não é muito a pedir.
Ao dedicarem um tempo para descobrir o que
o Monstro quer, se não for muita loucura, dar isso a
ele pode permitir que os personagens o libertem, em
vez de destruí-lo. Isso pode levar a cenas de tocar o
coração, onde a garota da casa está finalmente livre
para correr no túnel em direção à luz até o esperado
abraço de sua família. O caçador que foi mordido a
tanto tempo atrás não precisa mais temer o ciclo da
lua (e jura nunca mais comer carne). O peixe mutante
pode nadar alegremente nas águas limpas novamente.
Quando um Monstro recebe o que quer, a
parte Monstro dele morre. Isto não significa que
algo violento ou sanguinolento acontece, mas algo
transformador, algo que transforma o Monstro em
outra coisa. O cão maligno se torna um cãozinho
adorável. O peixe mutante se torna um bagre normal
e velho. A estátua assassina cai ao chão com um
baque; seu corpo outrora animado voltou a ser uma
escultura de mármore comum do Marechal Deodoro.
O lobisomem se torna um homem vestindo camisa e
calças rasgadas A garotinha fantasma vira um feixe de
luz. A última coisa que você vê é seu rosto sorrindo
e sua pequena mão dando adeus, enquanto ela diz
silenciosamente um “obrigada”.
Claro, nem todos os Monstros merecem um
final feliz. Alguns querem devorar seus dedos e fazer
um colar com dentes de bebês e, mesmo se recebessem
essas coisas, eles apenas se tornariam algo pior ainda.
O significado da morte de um Monstro
Assim como a morte de uma personagem,
isso deveria ser dramático. Esse é o clímax, a grande
cena, toda a razão das crianças fugirem de casa,
aventurando-se na floresta amaldiçoada, entrando
na Armariolândia e arriscando suas vidas para salvar
seus amigos / buscar vingança / confrontar o Monstro.
Faça valer a pena todo o esforço, e os Jogadores
voltarão por mais.
Como uma criança se torna um
Monstro?
No Capítulo I, falamos sobre a morte de PJs.
Uma das opções é o personagem morrer de uma forma
tradicional, onde seu coração para de bater, seus olhos
param de se mover, e seus pulmões param de respirar.
A outra maneira é a de o personagem se transformar,
se tornar outra coisa. Quando um Jogador escolhe
isso para sua personagem, o Moderador tem a opção
de transformar aquela personagem em um Monstro.
Aqui está como você faz isso.
144
Escrevendo o sumário
Baseado em como o Jogador descreveu a
transformação da personagem, dê a criança-Monstro
um nome e uma Coisa Assustadora. Para o que ela
quer, verifique o Questionário do personagem.
Encontre algo que motive o Monstro, como encontrar
aquele item perdido ou retornar ao seu local seguro.
Habilidades, Virtudes, Trecos
Adicione a Convicção do personagem às suas
duas Habilidades de maior valor. Essa é a quantidade
de pontos que você tem para gastar nas Habilidades
da criança-Monstro. Essas são compradas da mesma
forma de sempre.
A Saúde da criança-Monstro é igual à Saúde do
personagem somando-se mais 10. Se o personagem
tivesse 7 pontos em cada um dos níveis de Saúde,
todos esses níveis seriam somados, em um total de
28. Adicionando-se 10 a isso, a Saúde da criança-
Monstro seria de 38.
A partir daí você estabelece seu Terror e
Trecos, da mesma forma de sempre. Adicione o
Assustar da criança-Monstro a outra Habilidade de
maior valor para calcular seu Terror, e então use esse
valor de Terror para distribuir em Trecos. Você avalia
os Trecos ao olhar para o que a criança se transformou
e o que uma criatura dessas poderia ter. Se estiver
sem ideias, olhe para os Trecos que a criança tinha
antes de sua transformação. Fazer um paralelo entre
o que a criança já usou para se defender e o que a
criança-Monstro usa agora pode levar a resultados
inspiradores.
E está pronto!
Você agora tem um Monstro rápido e fácil para
usar contra as personagens. Um Monstro que já foi
seu irmão, um melhor amigo e um fiel companheiro
caçador de Monstros, nada menos.
PARTE 8:
Exemplos de Monstros
As regras detalhadas acima lhe fornecem
ferramentas que você precisará para criar seus próprios
Monstros aterrorizantes. No interesse de incentivar
você a jogar o mais rápido possível, e também para
lhe dar um pouco mais de visão quanto aos tipos
de Monstros que este sistema pode criar, incluímos
alguns exemplos de Monstros. Estes são Monstros
que podem entrar em uma campanha existente ou
serem usados nas sessões curtas ou episódios solo.
Este Zumbi é um Monstro
Comum.
Uma noite, algumas crianças estavam
vandalizando o cemitério local. Elas estavam pichando
placas, fazendo xixi nos túmulos e acertando algumas
lápides com um grande bastão de alumínio, parecido
com um taco de golfe. Algumas das lápides foram
destruídas, o que aborreceu bastante seus ocupantes.
Naquela noite, alguns desses horrores cambaleantes
emergiram de suas covas, para aterrorizarem aquelas
crianças e qualquer outro que estivesse em seu
caminho.
É assustador quando ele se levanta depois de
ser derrubado. Ele quer que sua lápide quebrada seja
consertada ou substituída.

Habilidades
Brigar ØØOOOO
Perseguir ØØOOOO
Agarrar ØØØOOO
Assustar ØØØOOO

Virtudes
Terror: 6
Saúde: 30

Qualidades
É um corpo em decomposição.
Consegue aguentar um soco
Não pode entrar em solo sagrado.

Trecos
Pele espessa ØØ
Difícil de matar (-2 de Dano)

Mau cheiro ØØ
Nuvem sufocante (Pensar -2)

Aperto gelado ØØ
Muito firme (Agarrar +2)

145
 Este Vampiro é um Monstro Trecos
Comum. Olhos amarelos ØØ
Este príncipe das trevas sugador de sangue se Enxerga no escuro
levanta de sua cripta todas as noites para alimentar- Hipnotiza (Pensar -1)
se do sangue de inocentes. Sempre à procura da mais
fresca e doce especiaria, o vampiro prefere sugar seu Muda de forma ØØ
sustento do pescoço dos inocentes. Morcego (Perseguir +1)
Na forma humana, ele está vestido com um Névoa (-1 de Dano)
traje impecável, completo com gola alta e capa. Mas
também pode se transformar em um morcego ou Mordida ØØØ
uma nuvem flutuante de névoa para evitar danos. Segura você no lugar (Agarrar +1)
É assustador quando seus olhos se acendem no Presas afiadas (Dano +2)
escuro e ele arreganha as presas sedentas de sangue.

Habilidades
Brigar ØØOOOO
Perseguir ØØØØOO
Agarrar ØOOOOO
Assustar ØØØOOO
Virtudes
Terror: 7
Saúde: 30
Qualidades
É um sugador de sangue com presas.
Consegue cheirar seu sangue.
Não pode sair à luz do dia.

146
 Este Fantasma é um Monstro
Comum.
Ariovaldo Fredericksson era um encrenqueiro.
Em uma noite, ele estava brincando em uma casa
abandonada quando as placas do chão cederam
debaixo dos seus pés. Ele caiu e encontrou sua morte
no luxuoso porão da casa. Seu corpo foi soterrado
por uma montanha de destroços, e ainda há de ser
encontrado.
Ainda causando encrenca, ele atrai outras
crianças para dentro da casa, para que possa pregar
peças nelas. O fantasma está conectado a essa casa,
mas atrai as pessoas piscando as luzes e as chamando
por bem detrás da porta.
É assustador quando ele treme as paredes. Ele
quer um enterro apropriado.
Habilidades
Brigar ØOOOOO
Perseguir ØØOOOO
Agarrar ØØOOOO
Assustar ØØØØØO
Virtudes
Terror: 7
Saúde: 30
Qualidades
É o fantasma de um garoto.
Consegue possuir objetos.
Não consegue sair de casa.
Trecos
Possessão ØØ
Difícil de matar (Assustar +1)
Objetos voadores (+2 de Dano)
Muda de forma ØØ
Silhueta de um garoto (Assustar +2)
Aperto da morte
Muito firme (Agarrar +3)
147
Este Peixe Mutante é um Monstro
Comum.
Este peixe foi visto no pequeno lago próximo
ao Parque do Colibri, um refúgio natural que crianças
costumam visitar. O lugar é um pouco mais do
que um açude destinado à natação, mas é o que as
crianças têm, então elas usam. Bem, elas o usavam até
os rumores deste peixe se espalharem. Agora, apenas
os mais corajosos se atrevem a chegar perto da água.
É assustador quando ele se agita com força
na superfície da água. Ele quer que seu açude seja
despoluído, e mantido limpo!
Habilidades
Brigar ØØØOOO
Perseguir ØØØØOO
Agarrar ØOOOOO
Assustar ØØOOOO
Virtudes
Terror: 6
Saúde: 30
Qualidades
É um bagre gigante, devorador de pessoas.
Pode pular para fora d’água.
Ele não consegue enxergar muito bem sob a
luz do dia.
Trecos
Dentes longos e afiados ØØ
Mordida torcida (Agarrar +1)
Cheios de veneno (Dano +1)
Olhos hipnóticos ØØ
Encantadores (Pensar -2)
Escamas densas ØØ
Difícil de perfurar (-2 de Dano)
 Este Goblin é um Monstro Virtudes
Comum. Terror: 6
Pequenos e lentos, os Goblins são o Saúde: 30
complemento dos Capuzes Vermelhos em quase
todos os aspectos. Os Goblins se balançam enquanto Qualidades
andam, e fazem isso lentamente. Capuzes Vermelhos São pequenos guerreiros ferozes.
frequentemente preparam armadilhas para capturar Consegue acertar um alvo em fuga.
vítimas para seus amigos Goblins. Os Goblins também Não pode deixar a Floresta.
carregam uma sacola de lanças, que arremessam em
seus alvos com uma precisão mortal. Eles podem ser Trecos
lentos, mas são perigosos, e podem morder com seus Dentes grandes e achatados ØØØ
grandes e achatados dentes, que são tão fortes que até Seguram você (Agarrar +1)
quebram ossos. Mastiga-mastiga (Dano +2)
É assustador quando ele berra seu temível
grito de guerra. Ele quer ter comida o suficiente para Grito de guerra ØØ
jamais ficar faminto novamente. Muito alto (Pensar -1)

Habilidades Sacola de armas

Brigar ØØØOOO Pequenas lanças (Dano +2)
Perseguir ØOOOOO
Agarrar ØØØOOO Este Capuz Vermelho é um
Assustar ØØØOOO Monstro Comum.
Estes patifes de Capuzes Vermelhos
protegem a Rainha Titânia. Eles patrulham a
Floresta Extravagante, mantendo-a livre de criaturas
irritantes, como as crianças. Eles possuem dentes de
gato, cabeças grandes e redondas, e mãos e pés muito
grandes no final de seus braços e pernas finas.
Originalmente, estas criaturas travessas
davam trabalho, mas não eram malignas. A magia
obscura da Armariolândia os transformou em feras.
É assustador quando ele mostra seus dentes e
sibila. Ele quer deixar a Armariolândia e voltar para
casa.

Habilidades
Brigar ØØOOOO
Perseguir ØØØØOO
Agarrar ØØOOOO
Assustar ØØOOOO

Virtudes
Terror: 6

148
 Saúde: 30 olhos vermelhos. Ele quer objetos brilhantes.

Qualidades Habilidades
É um trapaceiro de formato estranho. Brigar ØØØØOO
Pode saltar muito longe. Perseguir ØØØOOO
Não pode deixar a Floresta. Agarrar ØØØØØO
Assustar ØØØOOO
Trecos
Dentes de gato ØØ Virtudes
Machucam pra caramba (Dano +2) Terror: 8
Saúde: 40
Hálito horrível Ø
Difícil de respirar (Agir -1) Qualidades
É um gigante acinzentado enorme.
Mãos e pés grandes ØØØ Consegue segurar coisas que se contorcem.
Seguram você firme (Agarrar +3) Pode arremessar muito forte.
Não pode sair do nosso mundo.
Este Monstro do Armário é um
Monstro Terrível. Trecos
O Monstro do Armário é um dos mais Mil olhos ØØØ
vistos e conhecidos Monstros da Armariolândia.
Se você precisar de um Monstro que pode aparecer Lençol ØØØ
em qualquer lugar, a qualquer hora, o Monstro do
Armário é um excelente candidato. Mãos grandes, bem grandes ØØ
Os Monstros do Armário são divertidos de Muito firmes (Agarrar +2)
se criar e usar porque viajam pela escuridão que se
conecta em todas as portas do mundo. Como um Alguns truques comuns dos Monstros
grupo, eles possuem uma variedade de truques de do Armário:
que utilizam. Sozinhos, cada Monstro do Armário
tende a preferir usar apenas um ou dois dos truques Mil olhos
listados abaixo. Isto permite ao Monstro do Armário
Estes truques são Trecos, assim como ocorre hipnotizar a criança para que ela obedeça
com os outro Monstro, e eles podem ser usados por ordens simples. Eles devem estar encarando
qualquer Monstro que você desejar, mas eu gosto diretamente os olhos da criança quando o
de reservá-los especialmente para os Monstros do comando for dado.
Armário.
Este brutamontes assola a Armariolândia com Hora de ninar
a sua metódica busca por crianças. Ele prefere fazer Com isto, o Monstro do Armário pode
as crianças adormecerem, colocá-las em seu ombro fazer a criança cair em um sono tão profundo
e levá-las até a sala das gaiolas, onde pode trocá-las, que pode levar dias até acordar.
com o Bicho-Papão, por moedas, gemas preciosas e
objetos de prata. Controle
É assustador quando ele pisca seus brilhantes Com apenas um pensamento, o

149
Monstro do Armário pode levantar objetos Agarrar ØØOOOO
e arremessá-los pela sala. O Monstro do Assustar ØØØØØO
Armário pode também fazer alguns objetos
implodirem, se estilhaçarem ou brilharem Virtudes
estranhamente. Terror: 10
Saúde: 40
Máscara materna / paterna
O Monstro do Armário pode se parecer Qualidades
como alguém que a criança conhece e É uma mistura de partes quebradas.
confia. Parte do Monstro do Armário deve Consegue alcançar você.
permanecer obscurecida pela escuridão para Pode sentir suas emoções.
isso funcionar. Não se pode usar Cuidar nelas.

Lençol
Um lençol cai sobre a criança,
envolvendo-a em escuridão. A escuridão é
tão densa que pode ser difícil para a criança
respirar.
Teias pegajosas
Isto faz com que a criança fique
aprisionada simplesmente em qualquer
coisa: um cobertor, roupas, linhas de pipa,
cadarços ou até o próprio ar.
Esta Boneca Animada é um
Monstro Terrível.
Feitas pelo Costureiro, estas criaturas vagam
pelos corredores da Casa das Bonecas procurando
por crianças. Quando encontram uma, elas tentam
conversar com ela, frequentemente dizendo coisas
que somente alguém próximo da criança saberia
(como um apelido ou a morte recente de um animal
de estimação). As bonecas animadas variam de uma
mistura de elementos estranhos até coisas que parecem
quase humanas. E ser um humano é exatamente o que
as bonecas animadas querem.
É assustador quando ela diz algo que não
deveria saber. Ela quer ser real.
Trecos
Juntas que estalam ØØØ
Soa assustador (Assustar +3)
Olhos ocos ØØØ
Hipnotizam (Pensar -2)
Fazem você chorar (Assustar +1)
Voz confortante ØØ
Faz você confiar nela
Feita de partes de bonecas ØØ
Plástico duro (-1 de Dano)
Este Ladrão de Corpos é um
Monstro Terrível.
Esta criatura não possui um corpo próprio.
Em vez disso, ele possui outros. Ele é um espírito
que toma controle de corpos de hospedeiros. Pode
possuir uma minhoca, um cão ou qualquer coisa do
tipo. Nessa forma, trata-se de uma criança com cerca
de 8 ou 9 anos de idade, embora o ladrão de corpos
seja bem mais velho que isso.
É assustador quando se levanta depois de ser
derrubado. Ele quer seu próprio corpo agora e para
sempre.

Habilidades Habilidades
Brigar ØØØOOO Brigar ØØØOOO
Perseguir ØØØØØO Perseguir ØØØØOO

150
 Agarrar ØØØØØO Assustar ØØØØOO
Assustar ØØØOOO
Virtudes
Virtudes Terror: 10
Terror: 8 Saúde: 50
Saúde: 40
Qualidades
Qualidades É uma bruxa de rosto enrugado.
É quase exatamente como você. Consegue encontrar você em qualquer lugar.
Pode prever o que você dirá. Pode voar muito rápido.
Ele soa como você. Pode gritar como uma sirene.
Não consegue viver muito tempo fora de um Não consegue resistir a uma troca justa.
hospedeiro.
Trecos
Trecos Mãos de garras ØØØ
Muda de forma ØØØ Aperto firme (Agarrar +2)
Criança jovem (Perseguir +1) Cortam fundo (Dano +1)
Rato (Agir +1)
Cão (Brigar +1) Voz penetrante ØØ
Risada arrepiante (Assustar +2)
Encarada estranha ØØØ
Nuvem sufocante (Pensar -2) Colher gigante ØØØ
Faz você se sentir mal (Agir -2) Caça você (Perseguir +3)

Voz furiosa ØØ Olhos brilhantes ØØ

Destrói seus sonhos (Espírito -2)
Esta Baba Yaga é um Monstro
Hediondo.
A protetora da casa com pernas de galinha e
uma bruxa de um antigo folclore eslavo, Baba Yaga é
uma feiticeira canibal e uma caçadora. Ela persegue
as crianças em uma colher de madeira gigante,
movendo-se dentro e fora das densas árvores, como
uma ave de rapina.
É assustadora quando solta sua gargalhada
penetrante. Ela quer um prêmio para levar de volta
para a casa.
Enxerga no escuro
Encontra fraquezas (Dano +1)
Porta fechada
Pelo menos por enquanto. Ao ler este livro,
você conheceu o sistema do jogo, os personagens, as
responsabilidades do Moderador do Jogo, o mundo
real através do vidro tingido de terror e, agora, o
mundo sombrio da Armariolândia e seus Monstros.
A próxima coisa a se fazer é colocar tudo isso
junto, que é exatamente o que faremos a seguir.

Habilidades
Brigar ØØØØOO
Perseguir ØØØØØØ
Agarrar ØØØØØØ

151
 Era uma vez
Neste exato lugar
Numa noite igual a esta...

152
Histórias Assustadoras
153
 Isso é um resumo de tudo: contar
histórias. Passamos pelas regras, aprendemos a
fazer personagens, conversamos sobre o papel do
Moderador do Jogo, vimos o mundo, conhecemos
os Monstros, e agora é hora de juntar tudo isso em
uma experiência de contar histórias que você não
esquecerá.
Estão incluídos neste capítulo alguns exemplos
de personagens, um episódio completo e algumas
sementes de aventura para você começar a jogar.
Mais episódios serão disponibilizados em littlefears.
com (em inglês) e www.editorahuginnemuninn.com.
br (em português).
O episódio intitulado “Condomínio Morada
dos Ipês” inclui um resumo, um evento catalisador e
as cenas de enredo intenso, que formam o básico da
história, bem como os PdMs e os Monstros. Jogadores
e Moderadores do Jogo são incentivados a adicionar
suas próprias cenas, introduzir novos elementos e
personagens e tornar as histórias suas. Para Jogadores
iniciantes, no entanto, você pode percorrer todas
as cenas em ordem até se sentir confortável com a
narrativa colaborativa e estar pronto para improvisar
cenas e criar seus próprios episódios.
As sementes da aventura vêm depois do
episódio completo. Elas são breves sinopses destinadas
a fornecer um ponto de partida a partir do qual você
pode desenvolver episódios inteiros totalmente seus.
Anteriormente neste livro, discutimos os diferentes
tipos de cenas, como apresentá-las e como fazer a
transição entre elas. Você verá isso aqui, na prática,
na medida em que os cenários o guiarem pelo enredo
e conectarem as cenas.
Antes de chegarmos ao episódio e às
personagens, vamos falar brevemente sobre os
diferentes tipos de episódios que existem em Little
Fears – Edição Pesadelo.
Tipos de episódios
Existem três tipos básicos de episódios neste
jogo. Cada um deles não apenas define um estilo
para o episódio, mas também o tom e o objetivo
geral. Embora todo o jogo possa ser simplificado em
154
“crianças lutando contra Monstros”, o tipo de episódio
ajuda a explicar isso e dá ao Moderador do Jogo outra
ferramenta, em seu cinto de utilidades, para conceber
e projetar episódios para seu grupo.
Aventura
Um episódio de aventura aborda exploração,
superação de armadilhas e perigos ambientais
enquanto se vai do Ponto A ao Ponto B. Os personagens
irão interagir com PdMs e Monstros com o objetivo
de encontrar um lugar ou uma pessoa, ou chegar a
um destino.
Os episódios de aventura geralmente
acontecem em uma escala maior, com muitos
ambientes e áreas diferentes. Teremos muitas
armadilhas, promessas de tesouro (ou outro tipo de
recompensa) e pessoas interessantes, e muitas vezes
perigosas, encontradas ao longo do caminho.
Investigação
Esse tipo de episódio é sobre encontrar pistas e
reuní-las em um cenário maior. O objetivo é o mesmo
da aventura, mas trata-se de decodificar enigmas
e quebra-cabeças, em vez de atravessar ambientes
hostis.
As pistas podem estar acessíveis, mas
criptografadas, ou escondidas e precisam ser
descobertas. Os enigmas invariavelmente se tornarão
mais difíceis de serem encontradas ou decifradas à
medida que a investigação avança.
Os episódios de investigação podem ocorrer
em um único local, em um local isolado ou em uma
pequena área, onde as pistas estão escondidas e devem
ser descobertas, ou podem ocorrer em uma série de
lugares relacionados.
Sobrevivência
Um episódio centrado na sobrevivência trata
de crianças saindo vivas de algum lugar. Elas estão
presas ou de alguma forma confinadas, e há algo
ou alguém tentando mantê-las lá. Não só isso, mas
esse alguém ou alguma coisa representa um perigo
imediato para as crianças.
 Este tipo de episódio tem tudo a ver com
tensão. Tratam-se de forças externas se aproximando,
encurralando as personagens e forçando-os a
pensarem rápido. Deve haver lembretes desse perigo.
Os lembretes podem ser sutis (ruídos assustadores,
janelas chacoalhando) ou óbvios (o Monstro
aparecendo e ameaçando as crianças diretamente),
mas os personagens devem ser lembrados de que agir
rapidamente e agir corretamente pode ser a única
coisa que salvará sua pele.
Questionário e colocar alguns objetivos, eu o encorajo
muito, mas para fins de aprendizado do jogo, não é
totalmente necessário.
Há seis personagens incluídos aqui: três
meninos e três meninas, que variam entre 6 a 12 anos.
Vamos conhecer as crianças.

Misturando os tipos
A maioria dos episódios provavelmente
terá momentos característicos de todos esses três
tipos e não se enquadram inteiramente em uma
só categoria. Pode haver muita sobreposição entre
episódios de investigação e episódios de aventura,
onde o personagem deve viajar para lugares exóticos
para encontrar pistas, para continuar. As crianças
podem ser mantidas em cativeiro dentro de uma casa,
por um espírito raivoso. Para escapar, elas devem
descobrir as pistas, que as levarão a uma maneira de
apaziguar o fantasma. Quando os tipos se misturam,
um geralmente é o tipo dominante, e os outros,
secundários.

Personagens Prontos
Aprender qualquer novo jogo pode ser
assustador. Você não está apenas aprendendo quando
e como jogar, ler os dados e usar marcadores, mas
com um jogo de história como esse, terá que aprender
a fazer personagens de Jogadores, personagens de
Moderador de Jogo e Monstros. Você pode não ter
certeza exatamente sobre que tipo de personagem fazer,
ou talvez não tenha tempo para fazer personagens, ou
provavelmente um novo Jogador tenha entrado em
um jogo onde todo mundo já possua personagem.
E às vezes você só quer se concentrar em uma coisa:
aprender o jogo.
Para ajudá-lo a entrar no jogo, seis personagens
prontos estão incluídos. Tudo foi fornecido, exceto o
Questionário. Basta copiar os detalhes para uma ficha
de personagem e pronto. Se você quiser responder ao

155
 Sandro Fagundes é um rapaz de 11 Treco
anos. Livro de matemática ØØ
Sandro nunca foi de histórias estranhas. Ele é Ajuda a pensar (Pensar +2)
muito mais pé no chão do que isso. Ele passa a maior
parte do tempo pensando em coisas do mundo real, Samara Rodrigues é uma menina de 12
como matemática e ciências, não em voos de fantasia. anos.
Seu principal interesse é o espaço, e ele espera não A garota mais popular da escola, Samara está
ficar tão alto quanto seu pai, então talvez ele possa acostumada a conseguir o que quer. E isso é justo
visitar a estação espacial algum dia. porque, tipo, ela merece. Ela é bonita, inteligente
e uma boa amiga, mas também tem o hábito de se
Habilidades achar mais velha do que é, além de trocar seus amigos
Agir: ØØØOOO mais novos pelos mais velhos. Ela terá “de repente 30”,
Brigar: ØØOOOO com certeza.
Pensar: ØØØØØO
Falar: ØØØØOO Habilidades
Cuidar: ØØOOOO Agir: ØØOOOO
Brigar: ØØØOOO
Virtudes Pensar: ØØØØØO
Convicção: 2 Falar: ØØØØOO
Equilíbrio: 9 Cuidar: ØØØOOO
Espírito: 10
Virtudes
Saúde Convicção: 1
Suaaave: ØØØØØØOOOO Equilíbrio: 9
Dolorido: ØØØØØØOOOO Espírito: 10
Machucado: ØØØØØØOOOO
Batendo as botas: ØØØØØØOOOO Saúde
Suaaave: ØØØØØØØOOO
Qualidades Dolorido: ØØØØØØØOOO
Eu sou um garoto inteligente +2 Machucado: ØØØØØØØOOO
Eu sei ler bem +3 Batendo as botas: ØØØØØØØOOO
Eu amo ciência +3
Eu tenho uma boa memória +1 Qualidades
Eu sou alto para a minha idade +1 Eu sou a chefe +2
Eu uso óculos -1 Eu sou muito popular +3
Eu não sou tão forte -1 Crianças me escutam +3
Eu tenho muitos amigos +1
Traços Eu sou muito bonita +1
Consigo Agir bem quando estou fugindo de Eu tenho um mau temperamento -2
animais.
É difícil Pensar quando estou perto de garotas Traços
bonitas. Consigo Agir bem quando acho que algo vai
me machucar.

156
 É difícil Pensar quando estou com raiva. Traços
Consigo Falar bem quando é sobre super-
Treco heróis e histórias em quadrinhos.
Óculos Especiais Ø É difícil Brigar quando as outras crianças são
Vejo coisas importantes menores.

Cassiano Campos é um menino de 9 Trecos

anos Multiferramentas ØØ
Cassiano é um garoto simples e quieto, que Machuca Monstros (Dano +1)
adora histórias em quadrinhos e atividades ao ar Abre fechaduras comuns
livre. Ele passa seu tempo cavalgando e desenhando
super-heróis. Se tivesse escolha, ele passaria a vida ao Revista em Quadrinhos ØØ
ar livre, lendo uma pilha de gibis e falando de sonhos Deixa ele inspirado (Pensar +2)
sobre o futuro. Ele é um garoto grande com uma alma
gentil, o qual muitas vezes vem em defesa de crianças Jéssica “JAM” Alberta Martins é uma
mais fracas. menina de 9 anos.
Não a chame de Jéssica. Isso é muito
Habilidades “menininha” para essa faixa preta em caratê que faz
Agir: ØØØOOO triatlo. Sua mãe continua tentando enfiar bonecas em
Brigar: ØØØØOO suas mãos, mas “Jam” não tem interesse em brincar
Pensar: ØØØOOO de casinha. Não quando há poças de lama em que
Falar: ØØOOOO pular. Ela também tem uma cabeça irada para sacar
Cuidar: ØØOOOO como as coisas funcionam.

Virtudes Habilidades
Convicção: 4 Agir: ØØØØOO
Equilíbrio: 7 Brigar: ØØOOOO
Espírito: 10 Pensar: ØØØØOO
Falar: ØØOOOO
Saúde Cuidar: ØØOOOO
Suaaave: ØØØØØØØØOO
Dolorido: ØØØØØØØØOO Virtudes
Machucado: ØØØØØØØØOO Convicção: 4
Batendo as botas: ØØØØØØØØOO Equilíbrio: 8
Espírito: 10
Qualidades
Eu sou um garoto durão +2 Saúde
Eu posso lutar bem +3 Suaaave: ØØØØØØOOOO
Eu aguento porrada +3 Dolorida: ØØØØØØOOOO
Eu leio muitos gibis +1 Machucada: ØØØØØØOOOO
Eu gosto de ar livre +1 Batendo as botas: ØØØØØØOOOO
Eu levo meu tempo fazendo coisas -2
Qualidades

157
 Eu sou uma caçadora de emoções +2 Dolorido: ØØØØØØØOOO
Eu amo fazer triatlo +3 Machucado: ØØØØØØØOOO
Eu não tenho medo +3 Batendo as botas: ØØØØØØØOOO
Eu sou boa em consertar coisas +1
Eu pratico caratê +1 Qualidades
Eu falo demais -1 Eu sou um atleta +2
Eu esqueço o dever de casa -1 Eu jogo futebol +3
Eu chuto muito forte +3
Traços Eu também falo inglês +1
Consigo Falar bem quando estou falando Eu adoro quebra-cabeças +1
sobre meus esportes. Sou muito tímido -2
É difícil Pensar quando estou fazendo uma
prova. Traços
Consigo Cuidar bem da minhas irmãs mais
Trecos velhas.
Quimono de caratê ØØ É difícil Brigar quando meu pai está por perto.
Ajuda a Lutar (Brigar +2)
Trecos
“EPI” de triatlo ØØ Chuteira colorida ØØØ
Segurança em primeiro lugar (-2 Dano) Machuca Monstros (Dano +2)
Quando chuta qualquer objeto, acerta coisas à
Cristiano Ferreira dos Reis Filho é um distância
menino de 7 anos.
O “Baguázinho”, como é chamado pelo seu Óculos de raios-X ØØ
pai, é tão quieto, que acha difícil dizer às pessoas o Pode ver Monstros
quanto ele não gosta de ser chamado de Cristiano, Vê através das paredes
porque é o nome do seu pai. Ele gosta de “Baguá”. Ele
adora videogames e pratica esportes. Bússola Ø
Sempre aponta para casa
Habilidades
Agir: ØØØØOO Fernanda Cristina Soares é uma
Brigar: ØØØOOO menina de 6 anos.
Pensar: ØØOOOO Fernanda, de seis anos, é a raspa do tacho.
Falar: ØØOOOO Mas o que lhe falta em tamanho, ela compensa em
Cuidar: ØOOOOO atitude. Essa garotinha não gosta de ser excluída das
atividades de crianças grandes, e vai se meter onde
Virtudes não é chamada, quer eles gostem ou não.
Convicção: 6
Equilíbrio: 6 Habilidades
Espírito: 10 Agir: ØØOOOO
Brigar: ØØOOOO
Saúde Pensar: ØØOOOO
Suaaave: ØØØØØØØOOO Falar: ØØØOOO

158
 Cuidar: ØØOOOO Este conto de problemas na
periferia da cidade é chamado...
Virtudes
Convicção: 7
Equilíbrio: 6
Condomínio Morada dos Ipês
Espírito: 10
As casas recém-construídas da elegante
subdivisão do condomínio fechado Morada dos Ipês
Saúde
são impressionantes. Mas as coisas estão prestes a ficar
Suaaave: ØØØØØØOOOO
feias, quando eventos estranhos criam tensão entre as
Dolorido: ØØØØØØOOOO
crianças da área, e o caldo vai entornar.
Machucado: ØØØØØØOOOO
As opiniões divergem sobre quem é o
Batendo as botas: ØØØØØØOOOO
responsável. Se as personagens não descobrirem a
verdade, muitas pessoas inocentes pagarão o preço
Qualidades
por crimes que não cometeram.
Eu sou mandona +2
Eu falo o que penso +3
Quem são as personagens?
Eu não tenho medo de adultos +3
Todas as personagens são crianças que vivem
Eu sou fofa +1
no condomínio fechado chamado Morada dos Ipês.
Eu sou pequena para a minha idade +1
É um bairro próspero, que possui algumas crianças
Eu sou geniosa -1
privilegiadas (e outras ainda mais privilegiadas). A
Eu fico entediada facilmente -1
maioria das crianças frequentam as áreas comuns
de lazer, dentro do condomínio e todas se conhecem
Traços
tanto por morar lá quanto por frequentarem a mesma
Consigo Brigar bem quando alguém zomba
escola.
de mim.
É difícil Falar quando estou envergonhada.
Evento catalisador
As crianças percebem que algo está errado
Trecos
quando todos os seus dispositivos elétricos e
Boneca ØØØ
eletrônicos começam a apresentar uma pane.
Me mantém calma (Cuidar +2)
Seus videogames começam a reiniciar e a desligar
Conta Histórias
misteriosamente. Os telefones celulares encerram
chamadas e discam números aleatoriamente. Micro-
Tênis rosa ØØØ
ondas, liquidificadores e ventiladores de teto desligam
Corre rápido (Agir +2)
e ligam mesmo quando não conectados.
Nunca escorrega no gelo
As crianças começaram a perceber essas coisas
estranhas ontem à noite, uma noite de sexta-feira,
Varinha Mágica ØØ
e mais coisas estranhas aconteceram nesta manhã:
Distrai Monstros (Perseguir -2)
todas as televisões do condomínio ligam, mas estão
completamente escuras. Isso forçou até as crianças
mais reclusas a irem para fora de casa, para a luz do
sol.

159
 PdMs
Aqui estão alguns dos principais PdMs que os
personagens encontrarão nesta cena:
Jana Ferronato, 12 anos.
Ela é a mandachuvas do bairro e tem atitude
para merecer o título. Garotas mais novas se amontoam
ao redor dela, como abelhas para sua rainha. Ela
adora humilhar seus puxa-sacos. Algumas de suas
táticas favoritas incluem enviá-los para comprar um
refrigerante de laranja (seu favorito) enquanto usam
máscara de porco, ou pressionar meninas mais novas
a pedir um beijo a meninos mais velhos. Se o mPod3
dela estivesse funcionando, ela estaria em casa,
onde é fresco, mas sem música para abafar as brigas
constantes de seus pais, ela não quer vazar dali.
Fábio Pontes, 12 anos.
Se Jana é a rainha, Fábio é o rei. Ele é muito
mais gentil do que ela e atua como um mentor para
as crianças mais novas. Ele não é tão bom na escola,
mas é ótimo em esportes e quase sempre é visto com
uma raquete de tênis. Será transmitido um grande
jogo, entre dois tenistas que ele adora, nesta tarde.
Fábio não acha que a televisão ou o rádio estarão
funcionando, o que o entristece, a princípio. Essa
tristeza se transformará lentamente em raiva, à
medida que o dia passa.
Gabriel Pontes, 9 anos.
O irmão mais novo e mais inteligente de Fábio.
Gabriel gosta de ficção científica e coisas bizarras em
geral. Se os personagens precisam saber de algum fato
obscuro ou trivial, Gabriel é o cara.
Uma maratona de um dia inteiro de Trek Wars
está passando hoje no SciFy – incluindo o piloto da
série, nunca antes transmitido, com o cara britânico
como comandante, antes de ele ser substituído pelo
cara australiano. Eles também vão estrear um trailer
de 2 minutos para o próximo filme de Trek Wars:
Trek Wars 7: Guerra entre as Estrelas. Gabriel está
realmente chateado.
160
Douglas Valência, 11 anos.
Grande, estupido e burro como uma porta,
Douglas é um valentão. Se as televisões estivessem
funcionando, Douglas provavelmente passaria o dia
encarando os jogos de tiro para adultos de seu irmão,
enquanto sua mãe flerta com o limpador de piscina ou
assiste a filmes estrangeiros em seu quarto enquanto
choraminga.
Bernardo Pimenta, 10 anos.
Ninguém no condomínio é batalhador, mas
os Pimenta estão entre as famílias mais modestas.
Bernardo é um garoto quieto, que fica na sua, mas
isso se deve tanto ao fato de as crianças não falarem
com ele quanto por conta de sua natureza.
Ana Paula Neves, 6 anos.
Os Neves são a mais nova família no
condomínio. Eles têm um filho mais velho, Guilherme
(15), que acabou de se matricular no Colégio Militar
da região. Ana fala com uma leve língua presa, uma
característica de que as outras crianças costumam
zombar.
As Cenas
As cenas a seguir formam a história básica do
episódio.
Cena 1
A história começa com as crianças da Morada
dos Ipês se encontrando em uma manhã quente de
primavera. É sábado, e ao invés de assistirem desenho
animado, ou jogarem videogame, as crianças estão
do lado de fora, encostadas em suas bicicletas,
conversando em voz baixa, olhando umas para as
outras com desconfiança. Todo mundo está apenas
vegetando. Algumas crianças mais novas podem
estar desenhando na calçada ou pulando corda, mas
a maioria das crianças reunidas está se sentindo
bastante apática.
Esta é uma Cena Dramática. Deixe os
personagens interagirem entre si e com as outras
crianças. Estabeleça quem está com quem, as
panelinhas que existem e tenha uma ideia dos
principais participantes.
Depois que os personagens se misturam um
pouco e conhecem algumas das outras crianças no
condomínio, Bernardo Pimenta sai correndo de sua
casa dizendo: – Ei, tá ligada! Minha TV tá ligada!
Todas as crianças se animam, e juntas correm à casa
de Bernardo.
Se alguém checar, a televisão de Bernardo é a
única que funciona no condomínio.
Cena 2
A casa de Bernardo é uma das menores e mais
simples do condomínio. Os Pimenta particularmente
não são apreciados pelas famílias mais abastadas dali,
e esse preconceito se infiltrou nas crianças. Haverá
crianças assistindo à televisão de Bernardo, as quais
não põem os pés naquela casa ou dizem uma palavra
ao menino desde que ele se mudou para lá.
Haverá tantas crianças abarrotadas na casa
de Bernardo que os personagens estarão livres para
se movimentar despercebidos. Algumas crianças
trazem isopores cheios de suco natural e latinhas de
refrigerante. Uma festa começa a tomar forma.
Essa é uma Cena de Investigação. O objetivo
é descobrir por que a televisão de Bernardo está
funcionando.
As personagens estão livres para se
movimentar como quiserem. Fora da sala de estar,
onde fica a televisão e todo mundo, está um escritório.
Subindo as escadas, tem uma grande cozinha com sala
de jantar e uma sala de estar formal. O piso superior
tem três quartos e um banheiro. Dois dos quartos
pertencem a Bernardo: um onde ele dorme e outro
cheio de brinquedos (a maioria deles de quando ele
era mais jovem). O quarto principal tem seu próprio
banheiro e é tão limpo quanto um museu.
O porão da casa, acessível pelas escadas da
sala de estar, está cheio de coisas. Há um freezer,
despensa, máquina de lavar e secar roupa, esteira e
muitos caixotes de arrumação claramente marcados
como “Agasalhos do Bernardo” e “Decorações de
Natal”.
161
Toda a fiação da casa passa pelo porão. Crianças
observadoras irão notar arranhões nas vigas de
madeira que cruzam o teto, quase como se algo
estivesse subindo nelas. São maiores que garras de
gato ou cachorro e, além disso, os Pimentas não
têm animais de estimação. Elas também são muito
maiores do que qualquer marca de esquilo ou mesmo
gambá ou guaxinim que as crianças já tenham visto.
Há um pequeno buraco (cerca de oito centímetros
de diâmetro) escavado na parede do porão, próximo
à caixa de fusíveis. Você pode ver e ouvir o exterior
através dele. O buraco também não foi bem perfurado.
Parece que algo escavou seu caminho para dentro ou
para fora.
No final desta cena, as crianças ouvem um
monte de desapontados “Pô!” e “Oh, cara!”, tipos de
comentários vindos do andar de cima.
Cena 3
De volta à sala de estar, a televisão de Bernardo
apagou. As outras crianças estão visivelmente
chateadas. A tensão na sala é grande, e só aumenta.
Alguns garotos estão dizendo coisas maldosas sobre
Bernardo, como: “Sabia que a televisão do pobretão
ia dar ruim...” e “De todo modo, estou cansado desse
gueto”.
Douglas, o valentão da vizinhança, está
particularmente mal-intencionado. Um dos
personagens pode notá-lo embolsando DVDs ou jogos
de videogame da prateleira de Bernardo. Se alguém
chamar a atenção para Douglas, ele vai tentar acusar
de volta a pessoa por algo. Se for pego em flagrante,
ele vai inventar alguma desculpa esfarrapada como
“Eu estava só olhando!” antes de colocá-lo de volta na
prateleira e vazar.
Esta é uma Cena Dramática totalmente
sobre o aumento da tensão que as crianças da
vizinhança estão sentindo. Deixe os personagens
encontrarem algumas crianças que estão ficando
hostis, fisicamente violentas. Talvez os PJs vejam
uma criança empurrando outra na saída da porta ou
uma criança menor socando o ombro de uma criança
maior, aparentemente sem motivo.
No final da cena, uma criança grita: – Ei! Ei! A energia
Se os personagens dos Jogadores tentarem ver
está ligada na casa dos Neves!
o que Douglas Valência sabe sobre o garoto verde,
eles não serão capazes de encontrá-lo. Se ele os ouvir
Cena 4
perguntando, um de seus amigos diz que Douglas foi
Pela janela panorâmica na frente da casa, as
para casa para “soltar um barro”.
crianças podem ver o brilho quente e reconfortante
Se alguém olhar em volta, encontrará outro
de uma televisão de tela plana de 60”. A garota dos
daqueles buracos no porão, perto da caixa de fusíveis,
Neves, Ana, está sentada na frente dela, mas ela mal
como antes.
a está olhando. Sua babá, Janine, de 15 anos de idade,
Esta é outra Cena Dramática para apresentar
está jogada no sofá ao lado de Ana, assistindo a um
os personagens dos Jogadores a Ana e deixar a dica
filme idiota de romance.
sobre o garoto verde. Ana é a única que o viu, e não
O grupo de crianças se tornou uma multidão,
tem qualquer informação além do que foi listado
forçando seu caminho para dentro da casa. Ana não
acima.
protesta, mas Janine certamente o fará. A garota
Haverá um tumulto do lado de fora que
mais velha fará o possível para expulsá-los, mas o
chamará a atenção de algumas das crianças dentro de
grande número de crianças, nenhuma das quais está
casa e, provavelmente, dos personagens também.
ouvindo, a forçará a ceder. Derrotada, ela corre para
o andar de cima.
Cena 5
Os meninos mais velhos assumem o controle
Do lado de fora, Douglas Valência está
da televisão imediatamente e passam para seu desenho
de pé sobre Gabriel Pontes. O menino mais novo
favorito, Esquadrão Armadura-Exo. Algumas das
está esparramado no chão, as mãos para cima
garotas mais novas se reúnem em direção a Ana, mas
defensivamente.
ela não está interessada em brincar. Em vez disso, ela
– Admita! – Douglas grita com ele. – Admita!
vai procurar alguém para conversar.
– Eu não sei do que você “tá” falando! –
Um personagem de Jogador que tenha sido
Gabriel diz quase chorando.
amigável e razoável em sua presença é o provável
O irmão mais velho de Gabriel, Fábio, sairá
candidato. Ana é o tipo de garota que vai falar sobre
neste momento. Quando ele vê aquele valentão em
qualquer coisa: o clima, o fato de ser verão, que
cima de seu irmão, Fábio pega uma raquete de tênis e
seu aniversário está chegando, o quanto ela quer
parte para cima de Douglas.
um animal de estimação e que um cavalo seria o
Se os personagens dos Jogadores não
bichinho maravilhoso, ou talvez uma chinchila, mas
intervirem, Fábio baterá em Douglas até ele sangrar.
nunca uma galinha, ou o garoto verde com o cabelo
Fábio é super-protetor em relação a seu irmão mais
engraçado que se mudou para o bairro.
novo, mas uma vez que o sangue jorre do nariz de
Se pressionada por mais informações sobre
Douglas, o menino mais velho vai parar. Douglas,
o garoto verde, Ana sabe as seguintes informações.
visivelmente abalado pela surra, correrá para casa.
Ela não sabe onde o garoto mora, mas o vê correndo
Se os personagens dos Jogadores se
pelo gramado dos Valências de vez em quando. Ele
envolverem, eles têm duas opções básicas: falar com
veste uma grande jaqueta azul e botas grandes que
Fábio ou detê-lo fisicamente.
ocasionalmente saem de seus pés, quando ele corre.
É possível que os personagens dos Jogadores
Ela só o ouviu falar uma vez. Ele gritou “KIT-KAT!”
possam ficar do lado de Fábio e ir atrás de Douglas
para o gato gordo de um vizinho antes de ele fugir.
junto com ele, ou bater em Douglas eles mesmos. Se
Ele deve ter tido um resfriado, porque sua voz era
ambos os personagens e Fábio forem atrás de Douglas,
toda áspera e profunda.
os amigos de Douglas intervirão. Se eles atacarem

162
Douglas sozinho, Fábio fará o possível para tirá-los
do caminho, para que ele possa acertar Douglas.
De qualquer forma, no final do conflito,
Douglas estará correndo para casa com o rabo entre
as pernas. Fábio imediatamente cuidará de seu irmão,
que está mais abalado do que realmente ferido. Fábio
perguntará ao irmão sobre o que foi a confusão, mas
Gabriel apenas dirá: “Nada”. Fábio parece duvidar da
resposta do irmão, mas deixará para lá.
Gabriel vai sair de mau humor para o quintal
de sua casa.
Uma nota importante a ser dada aos Jogadores
é que há uma névoa estranha no ar. É um pouco fraca,
porém forte o suficiente para fazer as coisas parecerem
um pouco embaçadas quando o sol o atinge.
Esta é uma Cena de Destaque, pois ela é toda
sobre Gabriel. Ou seja, trata-se em primeiro lugar, de
descobrir por que Douglas estava ameaçando Gabriel.
Se os personagens seguirem Gabriel, eles o encontrarão
nos balanços do parquinho atrás de sua casa. Se os
personagens dos Jogadores o pressionarem, ele ficará
com raiva e entrará em casa. Se forem legais com ele,
sendo simpáticos e pedindo gentilmente, Gabriel
revelará o motivo de Douglas empurrá-lo e ameaçá-
lo, mas só depois que todo mundo jurar de dedo
mindinho. Se alguém no grupo se recusar a fazê-lo,
ele não dirá uma palavra. Se o fizerem, ele lhes contará
sua história.
Alguns dias atrás, Douglas encurralou Gabriel
na escola e ameaçou bater nele. Douglas tem uma
queda por Jana Ferronato, a autoproclamada rainha
do condomínio, mas Jana gosta do irmão mais velho
de Gabriel, Fábio. Douglas disse a Gabriel para fazer
seu irmão se afastar de Jana, e caso não se afastasse,
iria bater nele. Gabriel disse a Douglas que ele não
poderia impedir seu irmão de gostar de quem ele
gosta. Douglas ergueu o punho para dar um soco no
olho de Gabriel, mas, pensando rapidamente, o garoto
mais novo fez um acordo. Se Douglas o deixasse ir,
Gabriel daria a ele a edição limitada do mPod3 de seu
irmão. Douglas aceitou o acordo.
A transação aconteceu na noite de sexta-feira.
Mas por alguma razão, o mPod3 que Gabriel deu a
163
ele não funcionou. O que todos viram nesta manhã
foram as consequências disso: Douglas acusou
Gabriel de lhe dar um tocador de música quebrado e
estava prestes a dar uma surra nele, quando todas as
outras crianças apareceram. É óbvio que Gabriel não
poderia dizer isso a seu irmão, já que, em primeiro
lugar, era o mPod3 de Fábio.
Se perguntado, Gabriel não sabe nada sobre o
homem verde, mas ouviu barulhos vindos do quintal
de Douglas nas últimas duas noites. Ele acha que
eram apenas guaxinins entrando no lixo.
Quando as personagens voltarem para junto
das outras crianças, eles verão que suas atitudes estão
ficando cada vez piores. As crianças estão trocando
ofensas, que estão ficando cada vez piores. Parece que
todo mundo está tão ocupado com a energia e o calor
escaldante, que ninguém vê o estranho garoto verde
correndo por trás de todos eles.
Cena 6
O garoto verde parece exatamente como Ana
o descreveu, vestido com aquela jaqueta azul enorme
e botas flexíveis. O engraçado é que você não pode
ver o rosto dele. São suas mãos e pernas que lhe dizem
que algo está errado sobre a coloração desse garoto. À
medida que os personagens o seguem, o garoto verde
os guiará por uma rota sinuosa por todo o condomínio.
Realmente sua rota não tem pé nem cabeça. Ele não
saberá que as crianças o estão seguindo, a não ser que
elas se esforcem para se fazerem notadas.
Essa é outra Cena de Destaque. O objetivo é
seguir o garoto verde e ver aonde ele vai parar. Depois
que serpentear pela maior parte do condomínio, ele
levará aqueles que o seguem ao barracão atrás da casa
dos Valências. As crianças chegarão bem a tempo de
ele desaparecer atrás da porta.
NOTA: Se os personagens conseguirem
encurralar o garoto verde, eles descobrirão rápido
que este não é criança alguma, mas sim uma criatura
desengonçada, com olhos verdes selvagens e enormes
presas amarelas. O garoto verde é selvagem, e vai
botar para fora garras das pontas dos dedos e pular
sobre os personagens, pronto para lutar. Mas ele só
fará isso se os personagens não lhe derem uma saída.
Se os personagens encurralarem e matarem o garoto
verde antes que ele chegue ao barraco, seu corpo se
dissolverá em uma gosma verde escura borbulhante.
Uma pequena luz se destacará da bagunça e voltará
para o barraco.
Cena 7
O próximo passo é as crianças conferirem o
barraco.
É um cômodo grande, tem 4,5 por 4,5 metros,
mas também está quase vazio. Algumas pás, ancinhos
e outras ferramentas de jardim estão penduradas
na parede. Prateleiras de utilidade vazias alinham a
parede traseira. No canto está um cortador de grama
abandonado. Uma lona azul, que provavelmente
164
cobriu o cortador de grama uma vez, ocupa a maior
parte do chão. Debaixo da lona há um pequeno
buraco, com cerca de oito centímetros de diâmetro.
Parece muito com o buraco no porão de Bernardo
Pimenta. Se as crianças levantarem a lona, verão o
buraco claro como o dia.
Essa é uma Cena de Investigação. Os
personagens devem procurar pistas de onde o garoto
verde foi. Há duas janelas no barraco, mas estão
trancadas e intactas. Não há realmente qualquer lugar
onde se esconder também. O garoto verde desceu por
aquele buraco minúsculo? Se sim, como ele fez isso?
Explorar o barraco levará a duas pistas importantes:
a caixa de ferramentas vermelha nas prateleiras de
utilidades está cheia de pequenas estátuas, quase
como peças de xadrez ou aquelas figuras que as avós
têm em vitrines de vidro. A jaqueta azul e as botas
grandes estão escondidas sob o cortador de grama.
Uma vez que eles sejam descobertos, ou
assim que as crianças saírem do barraco, eles ouvirão
Douglas Valência gritando: “AH! NÃO! PARA!” em
algum lugar perto deles.
Cena 8
Se os personagens não viram como o garoto
verde realmente se parece antes, eles verão agora. O
garoto verde está empunhando um pequeno galho
de árvore como uma espada, perseguindo Douglas
Valência em seu próprio quintal. Além do bastão, ele
está usando roupas de baixo sujas. Parece bastante
humano, mas com a pele verde manchada e uma
crista de pequenas barbatanas na espinha. Isso não é
um garoto verde, isso é um Gremlin!
Douglas está assustado demais para perceber
que o grupo saiu do barraco. Ele só vai gritar um
“CARAMBA” e correr atrás do grupo assim que puder.
O garoto verde se virará para segui-lo, brandindo o
bastão na direção do garoto. Suas palavras são difíceis
de se entender, e ele já está agitado. Na mão que não
está segurando uma vara, está uma pequena estatueta.
Douglas vai dizer não saber o que é essa
coisa ou o porquê de o estar perseguindo. Embora
a primeira afirmação possa ser verdade, a segunda
não é. A verdade é que Douglas tinha acabado de
sair do banheiro quando ouviu um barulho no que
costumava ser o escritório de seu pai. O menino abriu
a porta para ver o que estava acontecendo e encontrou
o garoto verde destruindo o lugar. A cadeira da
escrivaninha estava virada, papéis e documentos
estavam espalhados por todo o chão e livros estavam
em pedaços. Assim que o garoto verde viu Douglas,
ele surtou. Sem pensar, Douglas pegou um guarda-
chuva que estava ao lado da porta e bateu nele.
Isso foi um erro. Douglas imediatamente
largou o guarda-chuva e correu. O garoto verde o
perseguiu, encontrou um graveto e começou a fazer
com Douglas o que o moleque fez com ele.
Esta é uma Cena de Combate. O garoto verde
não está ignorando Douglas só porque ele pulou atrás
dos outros garotos. Em vez disso, ele atacará todo o
grupo.
Se os personagens lutarem contra o Gremlin,
eles estarão sozinhos. Douglas, o bebezão, correu
para a frente da casa. Se o grupo não quiser lutar,
o único caminho seguro será seguir Douglas. O
Gremlin tentará manter a luta ali. Ele não quer ficar
muito longe do barraco. O Gremlin tem três ataques
principais: uma mordida (que pode agarrar a criança
com seus dentes grandes e feios) e um golpe (com as
garras curvadas que saem da ponta de seus dedos). A
criatura é acrobática e vai pular, de criança em criança,
atacando de modo imprudente (possivelmente até se
machucando no processo).
Se as coisas começarem a ficar ruins para o
garoto verde, até quatro criaturas iguais a ele sairão do
galpão. Se alguns deles estiverem por perto para vê-
lo, eles vão sair daquele buraco minúsculo no fundo
do galpão. Os Gremlins podem esticar seus corpos
extremamente finos para poderem entrar e sair de
lugares.
Se um personagem tiver um dispositivo
eletrônico ou um brinquedo de metal brilhante, os
Gremlins tentarão pegá-lo durante a luta.
De qualquer forma, eles voltarão para o meio
do resto dos garotos da Morada dos Ipês, onde as
coisas ficaram visivelmente piores.
Cena 9
Se os personagens lutaram contra os Gremlins,
165
eles podem estar parecendo bastante surrados. Eles
vão se encaixar direitinho. As crianças da Morada
dos Ipês começaram a gritar e a brigar entre si.
Não só as crianças enlouqueceram, os eletrônicos e
eletrodomésticos também. As televisões estão ligando
e desligando, as portas das garagens estão abrindo e
fechando sozinhas, e os transformadores nos postes
de energia estão soltando faíscas. Logo depois que
os personagens chegam lá, alguns alarmes de carro
disparam sem motivo.
Algum garoto grande deu um soco em Gabriel
Pontes e agora está sendo espancado por Fábio. Jana
Ferronato, a rainha do condomínio, está gritando
com uma garotinha por não colocar gelo suficiente
em sua bebida. Douglas está arrastando Bernardo
Pimenta pela cueca.
Se um personagem checar as casas, ele notará
que todas elas têm aqueles buracos de três polegadas.
A névoa fina de antes se transformou em neblina.
Os personagens devem decidir o que fazer com
as crianças. Eles podem tentar acalmar todo mundo,
mas seriam necessários muitos testes de Cuidar para
isso. Além disso, toda vez que uma pessoa se acalma,
outra criança fica ainda mais agitada.
Esta é uma Cena de Investigação. Obviamente, há algo
errado com as crianças. Até agora, as únicas pistas são
os Gremlins, as tocas, a névoa e aquelas estátuas.
Além de sua frequência, não há nada de
estranho nas tocas.
Agora que está mais espessa e visível, as
crianças podem seguir a neblina. Se o fizerem, isso os
levará de volta ao galpão onde a névoa desce direto
para o buraco. As pequenas estátuas também estão
ao redor do buraco, mas há algo errado com elas. Há
marcas de dentes em todas elas. Algumas têm suas
cabeças arrancadas a mordidas.
É então que as crianças ouvem o baixo ressoar
de algo rosnando debaixo do buraco. Antes que as
crianças possam reagir, um Gremlin imenso irrompe
do chão. Duas vezes o tamanho dos outros Gremlins
e três vezes mais feio, essa fera está pronta para uma
luta.
Cena 10
Este é o final. O Rei Gremlin está pronto
para detonar, mas, como as crianças vão descobrir
se correrem, ele não pode sair do barraco. Os outros
Gremlins estavam incubando essa fera, roubando
pesos de papel e estatuetas para alimentá-la. A névoa
vem da fera, como um terror alimentado pelo ódio.
Por qualquer motivo, os personagens dos Jogadores
ainda não foram afetados.
Se as crianças não fizerem nada, as crianças
da Morada dos Ipês vão se despedaçar. Algo tem que
ser feito quanto a este Monstro.
Matar o Gremlin
Essa seria a escolha óbvia. Enfrentar o Rei
Gremlin diretamente será trabalhoso. A melhor
opção seria distrair o Rei Gremlin primeiro. Embora
feroz, esse Gremlin vai se acalmar se lhe for mostrado
um dispositivo elétrico de aparência estranha,
especialmente se brilhar. Ele ficará paralisado, incapaz
de evitar mexer nele. Se as crianças montarem algum
tipo de armadilha com muitas luzes piscantes e placas
de circuito, isso pode ser suficiente para tirá-lo.
Caso contrário, crianças, levantem sua guarda.
Acalmá-lo
A outra opção é encontrar uma maneira de
acalmá-lo. Isso pode ser feito dando-lhe o que ele
quer, que são pequenas bugigangas e colecionáveis
suficientes para encher sua barriga. Uma vez cheio,
ele vai cambalear para algum outro lugar.
O truque é os PJs descobrirem o que ele quer.
Se eles saírem do barraco, o Rei Gremlin os agarrará
ameaçadoramente por um tempo, mas finalmente
desistirá e começará a andar de um lado para o outro.
De vez em quando ele vai lanchar algumas das figuras
restantes. Ele geme feliz enquanto come. Pedaços de
vidro pintado e latão tilintam no chão toda vez que
ele estala seus lábios. Ocasionalmente, ele libera um
pouco de gás pútrido, o que torna a névoa ainda mais
espessa.
Se isso alertar os personagens dos Jogadores, é
apenas uma questão de reunir coisas suficientes para
saciar sua fome.
Derrotar o Rei Gremlin fará com que ele
derreta em uma poça pegajosa, assim como ocorre
com um Gremlin normal. Acalmá-lo fará com que
ele tome seu caminho. Seja como for que os PJs o
façam, a neblina diminuirá rapidamente e as crianças
166
voltarão ao normal. Machucados e confusos, mas de
resto tudo bem.
A estranheza com o poder, um efeito colateral
de um Gremlin estar na proximidade de dispositivos
elétricos, também desaparecerá. As televisões,
eletrodomésticos e portas de garagem de todos
voltarão a funcionar normalmente.
Esse é o Cenário!
Espero que tenha gostado e se divertido
conduzindo seu grupo através da história. Mais
episódios serão disponibilizados e seguirão um
formato semelhante.
Se quer uma visão mais sombria desta história,
você pode tornar os Gremlins mais abertamente
hostis. Eles podem roubar tinta spray e vandalizar
as casas, bicicletas e carros deixados na rua. Eles
também podem quebrar janelas, causar incêndios,
espalhar lixo por toda a rua ou colocar arames e
outras armadilhas que podem machucar as crianças.
Qualquer que seja o problema que eles criem, deve ser
algo que possa ser atribuído a outra criança. Colocar
as crianças do bairro umas contra as outras é a chave
para criar uma atmosfera tensa.
As Casas dos PdMs da Morada
dos Ipês
Abaixo estão as descrições simplificadas de
PdM para os seis principais PdMs no cenário. Depois
deles estão as descrições para os Gremlins regulares
e o Rei Gremlin. Fotocopie as páginas no final deste
livro (ou baixe e imprima cópias de littlefears.com –
em inglês ou www.editorahuginnemuninn.com.br –
em português) e copie estas informações para essas
folhas.
Dependendo de como você deseja executar
este episódio, pode valer a pena escrever alguns dos
PdMs como personagens completos. Se sim, use as
informações abaixo e o que é apresentado no cenário
(junto com suas próprias ideias) para detalhar os
personagens.
Jana Ferronato - Menina de 12 anos
Descriçã:
Rainha do condomínio
Muito bonita
 Sabe mais do que deveria
Má com crianças mais novas
Não confia em muitas pessoas
Fica na sua
Fraquezas:
Fortemente apaixonada por Fábio ØO
Fraquezas:
Vaidosa em altos níveis ØO
Anseia secretamente por atenção ØØ
Ø Criança: NA padrão é 9
Ø Criança: NA padrão é 9
O Adulto: NA padrão é 12
O Adulto: NA padrão é 12

Fábio Pontes - Menino de 12 anos

Ana Paula Neves - Menina de 6 anos
Descrição:
Descrição:
Totalmente atleta
Criança quieta
Voz confortante
Surpreendentemente forte
Protetor de seu irmão
Não confia em muita gente

Fraquezas:
Fraquezas:
Cabeça quente ØO
Língua presa ØO
Meio desligado ØO
Sente falta do irmão ØO
Ø Criança: NA padrão é 9
Ø Criança: NA padrão é 9
O Adulto: NA padrão é 12
O Adulto: NA padrão é 12

Gabriel Pontes - Menino de 9 anos

Este GREMLIN é um Monstro Comum.
Descrição:
Essas pequenas ameaças estão causando
Pequeno para sua idade
estragos na Morada dos Ipês em busca de uma pequena
Muito esperto
estátua. Quando excitados, irritados, agitados ou
Cheio de conhecimento inútil
mesmo nervosos, eles enlouquecem aparelhos
eletrônicos, que ligam e desligam rapidamente,
Fraquezas:
soltam faíscas ou ficam muito barulhentos ou muito
Não se defende ØO
quietos.
Aficionado por coisas de ficção científica ØO
Quatro dessas criaturas invadiram a
Ø Criança: NA padrão é 9
vizinhança.
O Adulto: NA padrão é 12
É assustador quando deixa os eletrônicos
realmente loucos. Ele quer seu Rei de volta.
Douglas Valência - Menino de 11 anos
Descrição:
Habilidades
Um garoto enorme
Brigar: ØØOOOO
Gosta da Jana Ferronato
Perseguir: ØØØOOO
A altura é proporcional à burrice
Agarrar: ØØOOOO
Assustar: ØØØOOO
Fraquezas:
Virtudes
Age antes de pensar ØO
Terror: 6
Fica com ciúmes fácil ØO
Saúde: 30
Ø Criança: NA padrão é 9
O Adulto: NA padrão é 12
Qualidades
É uma ameaça de pele verde.
Bernardo Pimenta - Menino de 10 anos
Pode fazer coisas elétricas enlouquecerem.
Descrição:

167
 Não é possível Cuidar dele. Enviado para
Trecos sua aprovação...
Pele verde ØØØ
Grossa como couro (-2 de dano)
Pode se esconder na folhagem
Grandes dentes amarelos ØØ Ideias de Aventuras
Muito fortes (Agarrar +2) Você pode usar as seguintes ideias para criar
Afiado pacas (Dano +1) seus próprios episódios completos.
Aura estranha Ø
Os cães os evitam Isso combina com você
Uma criança descobre o casaco velho de sua
Este REI GREMLIN é um Monstro vovó em um baú largado no quarto dos seus pais.
Terrível. No minuto em que o coloca, ela começa a agir de
Este é o líder. Seu cabelo está espetado como forma estranha, usando gírias antigas e chamando
os dentes de uma coroa e os outros Gremlins parecem
todo mundo de meninota ou meninote. Ela também
seguir sua liderança, daí o apelido.
menciona algo sobre ir à Feira da Arapiraca, seja lá o
É assustador quando balança a cabeça e dá
que isso for. Uma foto antiga da avó quando jovem
gargalha. Ele quer encher sua barriga com objetos
brilhantes. mostra uma estranha semelhança entre as duas.
Conforme o tempo passa, a garota começa a agir de
Habilidades forma cada vez mais estranha, e se recusa a tirar o
Briga: ØØØOOO casaco. Mas ela deixa escapar um segredo, alguma
Perseguir: ØØØØOO coisa horrível que sua avó fez, que pode ser a chave
Agarrar: ØØØØØO para banir o que quer que esteja no casaco que está
Assustar: ØØØOOO possuindo a jovem.

Virtudes VizinhOVNI
Terror: 8
Novos vizinhos estão se mudando para o
Saúde: 40
outro lado da rua. Uma típica família de comercial de
margarina: mãe, pai, irmão e irmã. Eles até têm um
Qualidades
cachorro. Eles parecem legais, mesmo falando com
É um bichinho maluco.
Pode limpar um gramado. vozes mecânicas e cumprimentando os outros com
Pode gritar como um gato bravo. “Olá, humano”. Um dia, as crianças descobrem um
Não pode sair do bairro. disco, de formato estranho, na garagem da família,
junto com caixas de equipamentos de rádio. No dia
Trecos seguinte, luzes estranhas aparecem saindo da casa,
Dentes maiores e mais amarelados ØØØ subindo para o céu. Ainda mais estranho, mais luzes
Ainda mais forte (Agarre +2) aparecem mais altas no céu, quase como se a casa
Afiado pacas (Dano +1) estivesse falando com algo no espaço sideral. A nova
família estaria espionando a vizinhança para seus
Olhos brilhantes ØØØ
mestres alienígenas? Os vizinhos são, eles mesmos,
Congela de medo (Mover -2)
alienígenas? Eles estão se preparando para algum tipo
Vê no escuro
de invasão?

Voz raivosa ØØ
Limpa sua cabeça (pense -2)
168
 Desalmados
Um garoto vizinho acorda e encontra um
bilhete que diz que um Monstro roubou sua alma
enquanto ele dormia. O garoto enlouquece e recruta
as personagens para ajudá-lo a encontrar o Monstro
e a recuperar sua alma. Mas quando mais e mais
crianças, incluindo uma das personagens, acordam
com bilhetes semelhantes, torna-se aparente que as
coisas não são o que parecem. Talvez esse Monstro
não esteja roubando almas. Se não, quem é esse
Monstro e o que ele realmente procura?
Reptilianos também precisam se
formar?
Em uma manhã, um garoto popular aparece
usando roupas bizarras e com um corte de cabelo
ainda mais estranho. No dia seguinte, mais pessoas
aparecem em estilos semelhantes e com cortes de
cabelo esteticamente fora do “aceitável”. Algumas
crianças até têm lentes de contato que brilham no
escuro, línguas como cobras e guelras no pescoço.
Todas essas crianças falam umas com as outras em
uma linguagem distorcida, com vozes abafadas, como
se estivessem planejando algo. Tudo isso não é apenas
um modismo, são mutações reais. A escola inteira
está se transformando em Monstros. E agora?
Rodovia noturna
Algo muito estranho está acontecendo. No
meio da noite, uma rodovia duplicada surgiu no quarto
de uma das personagens. Ela simplesmente aparece,
cheia de tráfego e barulho. Carros e caminhões
fantasmagóricos, do lado da cama, quase acertando
o pobre garoto. Dura apenas alguns segundos, até
desaparecer, sem deixar rastros. Na primeira noite, o
garoto pensou que era um sonho vívido. Mas depois da
segunda, terceira e quarta noites, o garoto tem certeza
de que algo muito errado está acontecendo. Talvez se
o garoto puder reunir seus amigos e encontrar um
caminho na estrada escura uma noite dessas, eles
possam ver aonde isso leva e talvez até descobrir o
porquê dessas sucessivas aparições repentinas.
169
Jovem gafanhota
Os pais de uma das personagens contrataram
uma nova professora particular de biologia. Mariana
se apresentou como uma jovem matriculada no 7º
período do curso, mas que agora está se provando
ser uma verdadeira ameaça. Ela bagunçou o lugar,
trancou a criança em no quarto dela e ficou ao
telefone com pessoas estranhas quase a tarde toda. A
criança espiou para fora de seu quarto e viu Mariana
começando a se transformar em algum tipo de inseto
gigante. Os PJs precisam encontrar uma maneira de
cuidar da professora antes que ela chame seus pais
para o jantar, e os jogadores para a sobremesa.
Picolesados
Um estranho novo “food truck” de sorvetes
gourmet chegou ao bairro. As cores do caminhão são
estranhas, e o sorvete não tem gosto. Mas o sorveteiro
deu mais da metade das paletas mexicanas de brinde.
O terrível segredo é que o próprio caminhão é
realmente um Monstro, procurando usar as crianças
locais como novos ingredientes para suas refeições. Se
as crianças não conseguirem descobrir uma maneira
de pará-lo, ou libertar as crianças hipnotizadas pela
música que ecoa pela vizinhança, seus amigos estarão
condenados.
Tique-taque, morte
O enorme e velho relógio de pêndulo está
soando estranhamente há uma ou duas semanas –
toca quando as pessoas tentam falar, faz barulho no
meio da noite e soa quatro badaladas às nove horas,
e dez badaladas à uma da tarde. Nos últimos dias,
as crianças não podem deixar de sentir que estão
sendo observadas quando passam. A verdade é que
um bichinho se mudou para o relógio, em busca de
atenção, e está tentando ser notado pelas crianças,
mas elas continuam sem notá-lo! Esta noite, o relógio
decidiu que é hora de ser um pouco mais direto. Ele se
transforma, brotando pernas curtas e mãos de garras
com pontas de ferro. É tarde, e todos estão dormindo,
mas logo estarão gritando. O relógio pode ser lento,
mas é muito durão, e tem algumas horas para matar
todos que o ignoraram.

Massinha de modelar
Uma das crianças encontrou um brinquedo
novo, uma bolha estranha de gosma de borracha, que
se estica e quica e parece fazer quase tudo. A única
desvantagem é que sempre fica um pouquinho para
trás. E, uma vez que as luzes se apagam, o brinquedo
tem vontade própria. Os pedaços ganham vida e
começam a caçar as crianças. Encontrando-os, ele as
amarra em cordas de limo ou as gruda nas paredes.
Pior, ele pode grudar na pele, transformando
as crianças em Monstros cobertos de massinha
gelatinosa.

Esconderijo canibal
Os conselheiros do Acampamento Serra
Escaldante têm um local secreto para onde se
esgueiram à noite para se divertirem e fugirem de seus
jovens protegidos. Para evitar que as crianças invadam
seu local, os conselheiros inventaram uma história
bizarra sobre espíritos canibais e ex-conselheiros
enlouquecidos que habitam a área. A história se
enraizou nas mentes das crianças do acampamento,
e agora esses espíritos canibais são reais, e eles estão
com fome!

Anonimato
Um velho Monstro Hediondo saiu da
Armariolândia. Outrora uma criatura poderosa,
há muito desaparecida na obscuridade do
anonimato. Cansado de sua existência minúscula
no esquecimento, ele prometeu a si mesmo lembrar
às crianças o porquê deveriam temê-lo. Uma massa
amorfa de ossos e dentes, escamosa e sem pernas,
uma sombra do que já foi, ele rasteja em busca de
novas vítimas. Quanto mais crianças aterrorizadas,
mais poderoso ele se torna. E poder é exatamente o
que ele quer.

170
- O que há com essas borboletas?
- Hum?
- As borboletas. Olhe para elas. Estão por toda parte. De onde elas vêm?
- Lembra de quando eu te falei sobre os pássaros pretos?
- Acho que sim.
- De que pássaros negros eram as almas das crianças que morreram na Armariolândia?
- Sim.
- Bem, as borboletas são as almas das crianças que morreram em seu mundo.
- Então, toda criança que morre se transforma em borboleta?
- Nem toda criança. Apenas aquelas que não eram amadas.
- E todas vêm para a Armariolândia?
- Sim, elas vêm.
- Mas há tantas delas.
- Eu sei.

171
Recado
do Professor
Então, já faz um tempo.
Eu lancei Little Fears pela primeira vez em
2001, e a experiência me estragou. Tornou-se evidente
desde o início que eu tinha achado algo especial, algo
único. Para um joguinho sobre crianças lutando
contra Monstros, lançado enquanto o boom do d20
ainda estava crescendo, Little Fears se saiu muito
bem. Não somente profissionalmente, mas também
pessoalmente.
Eu digo que a experiência me estragou
porque o sucesso rápido de Little Fears me deixou
complacente. Eu não me esforcei tanto quanto poderia
e não trabalhei tanto quanto deveria, e me sinto pior
por isso. Eu falhei com compromissos e compliquei
amizades por causa disso. Pelo menos, essas falhas
ajudaram a moldar meu compromisso e determinação
para corrigir essa mentalidade dentro de mim.
Comecei a comentar sobre a edição pesadelo
lá por volta de 2002 ou 2003. Embora o jogo original
estivesse vendendo bem e sendo aclamado pelos
críticos, havia preocupações e reclamações válidas
sobre o original.
Houve algumas tentativas de ver uma segunda
versão sair do papel, mas a maioria nunca passou do
estágio de conceito. Por volta de 2007 é que comecei
a levar a sério a ideia de criar uma nova visão do
conceito original. Eu escrevi um pouco de ficção,
algumas mecânicas e ideias, e mapeei o que estaria e
não estaria na nova edição.
Nos dois anos seguintes, considerei muitos
sistemas diferentes. Eu trouxe Caz Granberg como o
cara para ver a qualidade das ideias e acrescentar na
parte de sistemas. Nós havíamos trabalhado juntos
em seu jogo, Covert Generation, e aprendemos que
somos uma boa dupla quando se trata de trocar
ideias. Passamos por um punhado de sistemas
populares na tentativa de criar algo que funcionasse
para o que eu tinha em mente. Isso continuou por
um tempo, mas eventualmente foi morrendo. Nada
172
estava funcionando. Os sistemas funcionavam, mas
não tinham o sentimento que eu estava procurando e
não traziam o que eu queria nessa nova edição.
Eu quase tinha desistido do jogo quando
encontrei o núcleo do sistema enquanto trabalhava
em um projeto não relacionado. Inicialmente, eu
estava garimpando conteúdo para um antigo jogo
de caça a demônios em que trabalhei sete anos atrás.
Eu estava mais interessado no cenário, e passei a
maior parte do meu tempo revisando o material
que eu tinha sobre isso. Li tudo o que tinha sobre o
cenário e o personagem, e estava pronto para largar o
conteúdo, então eu decidi dar uma olhada no sistema.
Quase imediatamente eles acenderam algo em mim, e
o núcleo do Top 3 System começou a tomar forma.
O jogo lentamente se arrumou depois
disso. Qualidades e Convicção foram os últimos
mecanismos a serem finalizados, e foram necessárias
muitas tentativas para acertar. Mais uma vez, Caz deu
uma grande ajuda nesse departamento. Foi ele quem
insistiu para que os Monstros pudessem usar Medo.
E aqui estou eu, sete meses depois que comecei, dando
os toques finais no livro. É surreal ver isso finalmente
tomar forma. Menos de um ano atrás, eu estava
cético quanto ao que o jogo seria impresso algum dia.
Agora, estou escrevendo este recado sobre como tudo
isso aconteceu.
Há muitas razões para eu ter feito uma segunda
edição. Eu fiz isso para os fãs, que sempre estiveram
lá, ao longo dos anos de promessas quebradas e
falsos começos. Fiz isso pela minha família, que
me acompanhou ao longo da minha jornada como
designer de jogos. Eu fiz isso por mim mesmo,
porque faz muito tempo que eu não sentia como se
tivesse realizado qualquer coisa. Passei os últimos três
anos dando os meus pulos, fazendo pelos outros, e eu
queria fazer algo por mim. Eu fiz isso pelo Little Fears,
o que pode soar muito estranho. O original foi uma
obra-prima imperfeita, minha primeira incursão no
design e publicação de jogos. Eu aprendi algo novo a
cada passo do caminho, da direção de arte à redação
técnica, ao leiaute, às especificações de impressão, o
lado do editor na distribuição no varejo, convenções
e imprensa. Eu sinto como se o jogo que mudou
o curso de toda a minha vida merecesse uma nova
vida. Não apenas uma fresca mão de tinta, mas uma
revitalização. Aprendi muito sobre jogos e design
desde 2001, e eu queria usar isso para criar a versão
definitiva do meu primeiro jogo.
O Little Fears original me apresentou a
muitas pessoas maravilhosas dentro e em torno da
indústria de jogos. Muitas das quais mais tarde se
tornariam queridos amigos, colegas de trabalho e
co-conspiradores. Nos últimos anos, eu não fui para
muitas convenções, então eu não vejo a maioria deles
em carne e osso há muito tempo. Espero ir a algumas
convenções em breve e me reconectar com meus
amigos, para jogar dados e beber alguns drinques
como costumávamos fazer antigamente.
Há muitas pessoas que ajudaram de várias
maneiras a tirar este livro da minha cabeça e pô-lo em
suas mãos. Eu seria negligente se os excluísse, embora
eu tenha certeza de que vou esquecer um ou dois.
Peço sinceras desculpas se acontecer. Eu vou fazer o
possível.
Matt McElroy era um mosquito persistente no
meu ouvido quanto a lançar uma nova edição, e digo
isso no melhor sentido possível.
Caz Granberg foi um apoiador e co-
conspirador que foi ao infinito e além com as grandes
ajudas quando eu mais precisei.
Veronica V. Jones é uma das minhas artistas
favoritas com quem trabalhei. Ela salvou minha parte
ilustrativa no jogo original, e mais uma vez com a
Edição Pesadelo. Ela é o coração de Little Fears Edição
Pesadelo.
Jonathan Tweet me fez uma pergunta simples
na GenCon 2004 que mudou a forma como escrevo
jogos daquele ponto em diante. Eu escrevi os exemplos
neste livro com essa pergunta em mente, sempre
tentando responder “O que eu posso fazer com isso?”
de modo simples e com a maior frequência possível.
Shane Hensley, Matt Forbeck, George
Vasilakos, Rob Boyle, Eddy Webb, Tim Gerritsen,
Ed Lima, Leanne Buckley e muitos outros amigos da
indústria de jogos que fiz. Vocês têm sido muito gentis
173
comigo nesses anos, e eu nunca esqueci – e nunca
esquecerei – isso. Seu apoio e amizade nos últimos
oito anos foram inestimáveis.
Aos meus pais, que sempre me incentivaram a
seguir meus sonhos. Às vezes, a liberdade é o melhor
presente que você pode dar a uma criança.
Minha esposa, que acreditou em mim e
colocou tudo em risco para que eu pudesse perseguir
meus sonhos. Não tenho como pagar tudo que devo
a ela. Minha esperança é que os sacrifícios que ela
fez, o investimento que ela fez em mim, um dia sejam
recompensados.
Meus filhos, que são lembretes constantes de
porque os sonhos são importantes e porque persegui-
los é duplamente importante. De todos, talvez minha
filha seja a mais feliz com a finalização deste livro. Já
posso compensar toda a jogatina de videogame que
devo a ela.
Os fãs, que me acompanharam, apoiaram,
incentivaram e incomodaram toda vez que precisei.
Eu gostaria de citar especialmente W. Alexander,
que trabalhou no Yahoo!Group como um louco,
certificando-se de que as pessoas fossem bem-vindas,
incentivando a discussão e angariando apoio.
Demorou muito para terminar esse livro, mas
acho que valeu a pena. Se este livro tivesse sido escrito
há alguns anos, não acho que seria metade do bom
trabalho que eu sinto que ele é hoje. Espero que todos
concordem.
É tarde, e este livro precisa ir para cama.
Boa noite a todos. Durmam bem, e mordam
os mosquitos chatos de volta.
Jason L Blair
Setembro de 2009
Fichas de Jogo
Ficha de Personagem
Os Jogadores usam esta ficha ao fazerem suas
personagens. O Moderador do Jogo pode usar esta
As páginas a seguir contêm fichas para uso ficha para registrar as características de seus PdMs
no jogo. Você pode fotocopiá-las, baixar versões completos.
para impressão em www.littlefears.com (em inglês),
ou em www.editorahuginnemuninn.com.br (em
português), ou criar suas próprias. Se você fizer isso,
nós adoraríamos vê-las!

Ficha de Referência
Este é o resumo do sistema. Todas as regras básicas
são apresentadas aqui para uma consulta rápida caso
surjam dúvidas durante o jogo.

Ficha de Episódio
Conforme discutido no Capítulo III, o MJ
pode preencher uma Ficha de Episódio para cada
episódio. Ela fornece um panorama do que está
por vir, apresentando as principais cenas para um
episódio, os principais PdMs que serão encontrados e
os Monstros que serão enfrentados.

Ficha de PdM
Esta ficha é para PdMs simplificados. Você
pode incluir quatro em uma folha. Na parte inferior,
você pode marcar um dos dois círculos para indicar
se o PdM é uma criança ou um adulto (e, portanto, se
o NA padrão é 9 ou 12).

Ficha de Monstro
Você pode usar esta ficha para fazer Monstros.
Se você usar um dos Monstros incluídos neste livro,
transfira os detalhes para uma cópia desta folha.

Ficha de Convicção
Os Jogadores podem usar isso em jogo como
uma ficha de dicas para o que eles podem fazer com
Convicção, e um lugar para guardar seus marcadores
de Convicção durante o jogo. Ela pode ajudar a
separar facilmente os marcadores de Convicção que
você possui, dos que são apostados.

174
Ficha de Dicas Quando alguém se opõe indiretamente a você.
Ganha a maior rolagem que passar o Número
Alvo do Problema definido.

Exame
Rolagem básica
Quando algo demora muito.
Escolha uma Habilidade
Role como Teste ou Problema até que sucessos
Adicione uma Qualidade
suficientes sejam adquiridos.
Jogue esse número de dados de seis lados.
Algo é fácil, mas demora um pouco: 1-3
Se nenhuma Qualidade se aplicar, role apenas
Algo é difícil e demora um pouco: 4-6
Habilidade.
Algo é difícil e leva tempo: 7-9
Se uma Habilidade não puder ser usada, role
Se alguém está ajudando, todos os sucessos
Qualidade.
são incluídos.

Dados de sucesso
Brigando
Some os 3 primeiros dados.
Qualquer teste em que possa resultar em
Role novamente os resultados “6” e adicione
Dano.
ao total.

Mano a mano
Traços bons e ruins
Resolve com um teste.
Bons: Jogue novamente o dado mais baixo e
mantenha o maior dos dois resultados.
Um contra muitos
Ruins: Descarte o dado de maior valor.
Várias crianças contra um Monstro
Criança principal: Brigar + Qualidade
Notas Azuis e Vermelhas
Monstro: Brigar + Qualidade
Azuis: A cada 3 pontos a mais do que é
Outras crianças: Brigar + Qualidade
necessário você terá a 1 Nota Azul.
Adicione as Notas Azuis ao total da criança
Vermelhas: A cada 3 pontos abaixo do que é
principal.
necessário você terá 1 Nota Vermelha.

Várias crianças contra um PdM

Problema
O mesmo que acima.
Ao fazer algo sozinho.
Fácil: 6
Uma criança contra vários oponentes
Médio: 9
Criança: Brigar + Qualidade
Difícil: 12
Oponente principal: Brigar + Qualidade
Muito difícil: 15
Para cada PdM: Adicione 1 dado
Quase impossível: 18
Para cada Monstro: Adicione 2 dados
Lendário: 21
Resolver normalmente

Teste
Várias crianças contra vários
Ao se opor a alguém ou algo.
oponentes
A mais alta das rolagens vence. Nos empates
Criança principal: Brigar + Qualidade
entre PJs e PdMs, vence o PJ.
Oponente principal: Brigar + Qualidade

175
 Para cada PdM: Adicione 1 dado
Para cada Monstro: Adicione 2 dados
Outras crianças: Brigar + Qualidade
Adicione Notas Azuis ao total da criança
principal.
Níveis de Saúde e Penalidades
Suaaave: Sem penalidade
Dolorido: -2 para cada rolagem
Machucado: -4 para cada rolagem
Batendo as Botas: -6 para cada rolagem
Dano
Socos e Bicudas
Dano igual a Notas Azuis
...e PdMs simplificados
Dano igual a Notas Vermelhas
Pauladas e Pedradas
Arma pequena: Dano igual ao dado de
sucesso mais baixo + Notas Azuis
Armas Grandes: Dano igual ao maior dado
de sucesso + Notas Azuis
Armas letais: Maior dado de sucesso x2 +
Notas Azuis
...e vários oponentes
Maior tipo de arma usada + todas as Notas
Azuis
Seis em danos
Os dados de seis lados não são dados de Seis
Natural quando se trata de ver o dano. Eles valem 6
pontos
Danos acidentais
Acidente menor, queda curta, tombo leve:
Dano igual a Notas Vermelhas
Acidente grave, queda longa, tombo forte:
Dado de Sucesso mais baixo + Notas Vermelhas
176
Cura
Tempo e Descanso
Descanso noturno: 1 pt de Saúde
Remédio
Primeiros socorros: menor dado de sucesso
+ Notas Azuis
Cuidados médicos: maior sado de sucesso +
Notas Azuis
Morte
Quando Saúde = ZERO, o personagem deve deixar o
jogo.
Testes de medo
Pode usar Pensar ou Cuidar.
Medo de Monstros
Primeira vez que você encontra um Monstro
Se um Monstro mudar de forma
Monstro faz a sua Coisa Assustadora
Monstro: Assustar + Qualidade
Teste padrão
Medo da morte
A vida diminui um nível, role um Problema
Caiu um nível: NA de 9.
Caiu dois níveis: NA de 12.
Caiu três níveis: NA de 15.
Passando no teste de medo
Sucesso: Sem penalidade;
Sucesso com Notas Azuis: Adicionar Notas
Azuis na próxima ação;
Falha: Chocado, não pode agir por uma
rodada;
Falha com Notas Vermelhas: Perde 1 ponto
de Equilíbrio para cada Nota Vermelha;
Se falhar, você pode apostar 1 ficha de
Convicção por 2 dados extras em vez do habitual 1.
 Perdendo Equilíbrio
Quando o Equilíbrio cai abaixo de 5,
o personagem perde o uso de 1 Habilidade
temporariamente para cada ponto de Equilíbrio
abaixo de 5.
Acalmando
Ajuda de um amigo: Cuidar + Qualidade role
contra NA de 9.
Fugindo do Monstro: Pensar + Qualidade
contra NA de 9.
Recompondo-se: Falar, Pensar, ou Cuidar +
Qualidade contra NA de 12.
Cura: Se de dano, pensar + Qualidade contra
NA de 9.
Recuperando Equilíbrio: O sucesso ganha 1
ponto de Equilíbrio de volta + 1 adicional para cada
Nota Azul.
Perdendo o Espírito
Perdido devido aos ataques que Drenam
Espírito do Monstro.
Entrando nas Trevas
Espírito é 4: Criança é Cruel. Todas as
rolagens de Cuidar tem -3 dados.
Espírito é 3: Criança é Fraca. Todas as rolagens
de Brigar tem -3 dados.
Espírito é 2: Criança é Cansada. Todas as
rolagens de Agir tem -3 dados.
Espírito é 1: A criança está Apática. Todas as
rolagens de Falar tem -3 dados.
Espírito é 0: A criança está Confusa. Todas as
rolagens de Pensar tem -3 dados.
Esses efeitos se acumulam!
Recuperando o Espírito
Um amigo cuidadoso: Cuidar + Qualidade
contra um NA de 12. O sucesso devolve 1 ponto do
Espírito.
Tirando tempo pra si: Cuidar + Qualidade
contra um NA de 12. O sucesso devolve 1 ponto do
Espírito.
177
Apostando
Convicção em si mesmo
Ao apostar um marcador, você ganha um
dado extra para sua ação.
Convicção no outro
Coloque um marcador na sua frente e depois
pegue um dado de seis faces e coloque-o na frente
de outro Jogador. A pessoa rola o dado junto com os
outros que ele ou ela está rolando para aquela ação.
Convicção em algo
Você pode apostar um número de marcadores
igual ao seu nível da Qualidade do Treco que você
deseja usar.
O sucesso e fracasso
Se a rolagem for bem-sucedida:
Devolva o marcador apostado à sua pilha para
usar novamente mais tarde na sessão.
...com Nota Azul:
Devolva o marcador apostado à sua pilha e
então pegue outro com o Moderador. Você só recebe
um marcador, não um por Nota Azul.
Se a rolagem falhou:
Você perde o marcador.
...com Notas Vermelhas:
Se não estava usando um Treco, você perde o
marcador original e um outro marcador também.
Se você estava usando um Treco, você perde a
ficha original e pode diminuir o nível do Treco em 1.
Se preferir, você pode simplesmente perder a segunda
ficha, à sua escolha.
Gastando
Convicção em algo novo
Ao gastar uma ficha, você pode dar a um
objeto novo uma Qualidade de Treco. Você pode
gastar até três marcadores para dar a um item três
Qualidades de Treco, mas não mais que isso.
Se você tiver sucesso com os Notas Azuis, ele
se torna parte de seus Trecos. Se a ação falhar, você
perde a ficha, mas não há outro efeito.

Realizar um Ritual
Faça o Ritual primeiro. Se for necessária uma
rolagem, resolva-a primeiro. Se a ação falhar, não há
necessidade de continuar.
Se o Ritual falhou, não há penalidade. A
pessoa que errou pode tentar novamente.
Se o Ritual foi bem-sucedido, você pode dar
Qualidades aos Trecos. Você tem que gastar um
marcador de Convicção por Qualidade de Treco.

O Ritual dura enquanto fizer sentido.

Dar uma fraqueza a um Monstro
Ao gastar 2 marcadores de Convicção, você
pode dar uma suscetibilidade, alergia, aversão ou
qualquer outra limitação a um Monstro. Chamamos
isso Fraqueza.

Destrua um Monstro
Para destruir um Monstro, gaste um marcador
para reduzir seus Trecos em um ponto. Uma vez que
os Trecos se forem, o Terror é reduzido.
Isso só pode ser feito após um ataque bem-
sucedido contra o Monstro.

178
 EPISÓDIO

Título do episódio: ____________________________________________________

Título da Temporada: __________________________________________________

Resumo:
_____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

Evento Catalisador:
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_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

Cena 1: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 2: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 3: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 4: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 5: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 6: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
 EPISÓDIO

Título do episódio: ____________________________________________________

Título da Temporada: __________________________________________________

Cena 7: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 8: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 9: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Cena 10: _________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
PdMs: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
Monstros: _______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Resolições Poissíveis: _________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
 PERSONAGENS DO MODERADOR
Nome:_____________________________
Descrição:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Fraquezas:
_______________________________________OO
_____________________________________OO
Nome:_____________________________
Descrição:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Fraquezas:
_______________________________________OO
_____________________________________OO
Nome:_____________________________
Descrição:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Fraquezas:
_______________________________________OO
_____________________________________OO
Nome:_____________________________
Descrição:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Fraquezas:
_______________________________________OO
_____________________________________OO
Nome:_____________________________
Descrição:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Fraquezas:
_______________________________________OO
_____________________________________OO
Nome:_____________________________
Descrição:
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Fraquezas:
_______________________________________OO
_____________________________________OO
 MONSTRO

Este/a__________________________é um Monstro _________________________

É assustador quando:
_____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

Ele/a quer:
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

Habilidades: Seus Trecos

_____________________________________OOO
Brigar: OOOOOO
_____________________________________OOO
Agarrar: OOOOOO
_____________________________________OOO
Perseguir: OOOOOO
_____________________________________OOO
Assustar: OOOOOO
_____________________________________OOO
_____________________________________OOO
Qualidades
É ________________________________________
Pode _____________________________________
Fraquezas
__________________________________________
Pode _____________________________________
_________________________________________
Pode _____________________________________
__________________________________________
Não pode _________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Saúde
__________________________________________

OOOOO | OOOOO __________________________________________

OOOOO | OOOOO __________________________________________

OOOOO | OOOOO __________________________________________

OOOOO | OOOOO
OOOOO | OOOOO Um Monstro Comum: 10 Pontos de Habilidade *
Saúde: 30 * Sem dados extras
Um Monstro Terrível: 15 Pontos de Habilidade *
Terror
Saúde: 40 * +1 dado para Ações

OOOOOO | OOOOOO Um Monstro Hediondo: 20 pontos de habilidade *

Saúde: 50 * +2 dados para ações
Qualidades sempre valem 3 dados
 Convicção
Mantido
Convicção em si mesmo
Ao apostar um marcador, você ganha um dado
extra para sua ação.
Convicção no outro
Coloque um marcador na sua frente e depois
pegue um dado de seis faces e coloque-o na frente de outro
Jogador. A pessoa rola o dado junto com os outros que ele
ou ela está rolando para aquela ação.
Convicção em algo
Você pode apostar um número de marcadores
igual ao seu nível da Qualidade do Treco que você deseja
usar.
O sucesso e fracasso
Se a rolagem for bem-sucedida:
Devolva o marcador apostado à sua pilha para usar
novamente mais tarde na sessão.
...com Nota Azul:
Devolva o marcador apostado à sua pilha e então pegue
outro com o Moderador. Você só recebe um marcador, não um
por Nota Azul.
Se a rolagem falhou:
Você perde o marcador.
...com Notas Vermelhas:
Se não estava usando um Treco, você perde o marcador
original e um outro marcador também.
Se você estava usando um Treco, você perde a ficha
original e pode diminuir o nível do Treco em 1. Se preferir, você
pode simplesmente perder a segunda ficha, à sua escolha.
Apostado
Convicção em algo novo
Ao gastar uma ficha, você pode dar a um objeto
novo uma Qualidade de Treco. Você pode gastar até três
marcadores para dar a um item três Qualidades de Treco,
mas não mais que isso.
Se você tiver sucesso com os Notas Azuis, ele se
torna parte de seus Trecos. Se a ação falhar, você perde a
ficha, mas não há outro efeito.
Realizar um Ritual
Faça o Ritual primeiro. Se for necessária uma
rolagem, resolva-a primeiro. Se a ação falhar, não há
necessidade de continuar.
Se o Ritual falhou, não há penalidade. A pessoa
que errou pode tentar novamente.
Se o Ritual foi bem-sucedido, você pode dar
Qualidades aos Trecos. Você tem que gastar um marcador
de Convicção por Qualidade de Treco.
O Ritual dura enquanto fizer sentido.
Dar uma fraqueza a um Monstro
Ao gastar 2 marcadores de Convicção, você pode
dar uma suscetibilidade, alergia, aversão ou qualquer outra
limitação a um Monstro. Chamamos isso Fraqueza.
Destruir um Monstro
Para destruir um Monstro, gaste um marcador
para reduzir seus Trecos em um ponto. Uma vez que os
Trecos se forem, o Terror é reduzido.
Isso só pode ser feito após um ataque bem-
sucedido contra o Monstro.
 Personagem

Meu nome é _____________________

Sou um(a) ___________ de ____ anos.
Meu aniversário é: _______________.

Habilidades Seus Trecos

Brigar: OOOOOO
Agarrar: OOOOOO
Perseguir: OOOOOO
Assustar: OOOOOO
Traços
Bom:______________________________________
Ruim _____________________________________
Qualidades
Sou: _________________________________OOO
_____________________________________OOO
_____________________________________OOO
_____________________________________OOO
_____________________________________OOO
_____________________________________OOO
_____________________________________OOO
Virtudes
Convicção:_______
Equilíbrio:
Assustado OOOOO|OOOOO Calmo
_____________________________________OOO
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
_____________________________________OOO
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
_____________________________________OOO
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
_____________________________________OOO
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
_____________________________________OOO
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
_____________________________________OOO
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

Espírito:
Trevas OOOOO|OOOOO Luz
Eu me sinto
Bem: OOOOO | OOOOO
Dolorido: OOOOO | OOOOO (-2)
Machucado: OOOOO | OOOOO (4)
Batendo as botas: OOOOO | OOOOO (-6)
Metas:
_______________________________________OO
__________________________________________
__________________________________________
______________________________________OO
__________________________________________
__________________________________________
Pontos de Divertimento
OOOOO OOOOO