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16/05/2023

ANTROPOLOGIA E
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL

PLANEJAMENTO DE UMA AÇÃO EDUCATIVA


Prof.ª Ma. Ana Paula de Bulhões Vieira
Graduada em Nutrição (FANUT/UFAL)
Especialista em Controle de Qualidade na Produção de Alimentos (FANUT/UFAL)
Mestre em Nutrição Humana (PPGNUT/UFAL)
ana.pbvieira@professores.estacio.br

Aula adaptada da prof.ª Patrícia Marinho

Propor diagnósticos e intervenções na área de alimentação e


nutrição, com base na influência sociocultural e econômica,
para analisar a disponibilidade, consumo e utilização
biológica dos alimentos pelo indivíduo e pela população.

Planejar propostas de intervenções de Educação Alimentar e


Nutricional no cenário da Promoção da Alimentação
Adequada e Saudável.

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"Como planejar ações de Educação Alimentar e


Nutricional (EAN)?"

É um direito humano inerente a todas as pessoas de ter acesso regular,


permanente e irrestrito, quer diretamente ou por meio de aquisições
financeiras, a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e
qualidade adequados e suficientes, correspondentes às tradições
culturais do seu povo e que garantam uma vida livre do medo, digna e
plena nas dimensões física e mental, individual e coletiva.

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É um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente,


transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa a prática
autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis.

Abordagens e Considerar Considerar interações


Considerar as e significados que
recursos que etapas do
diferentes fases compõe o
favoreçam o sistema comportamento
da vida
diálogo alimentar alimentar

Práticas
alimentares Resgate à cultura
saudáveis alimentar brasileira
(sustentabilidade)

Prevenção e
Autonomia
controle de DCNT

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Composição de um grupo de trabalho composto por especialistas da área

• “Encontro de EAN” – Discutindo diretrizes: Gerar reflexões, intercâmbios e


propostas acerca do tema EAN no campo conceitual, de formação profissional,
1º das práticas, da mobilização e comunicação e das estratégias de articulação;

• “Atividade integradora sobre EAN”: Apoiar o processo de elaboração do Marco


2º de Referência de EAN para as Políticas Públicas;

• “Oficina de EAN nas Políticas Públicas”: compartilhar e acolher conceitos e


3º princípios acerca de EAN;

• Consulta pública

Promover um campo comum de


reflexão e orientação da prática, no
conjunto e iniciativas de Educação
Alimentar e Nutricional que tenham
origem, principalmente, na ação
pública, e que contemple os diversos
setores vinculados ao processo de
produção, distribuição, abastecimento
e consumo de alimentos.

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Sustentabilidade social, ambiental e econômica.

Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.

Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e


perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.

A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto


prática emancipatória.

A Promoção do autocuidado e da autonomia.

A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e


participação ativa e informada dos sujeitos.

A diversidade nos cenários de prática.

Intersetorialidade.

Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.

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• Saúde; Assistência social; SAN; Educação; Agricultura;


Áreas Desenvolvimento Agrário; Abastecimento; Meio
ambiente; Esporte e Lazer; Trabalho; Cultura.

Equipamentos • Saúde; Assistência Social; SAN; Educação; Esporte e


públicos Lazer; Trabalho; Ciência e Tecnologia; Cultura

Sociedade • Entidades e organizações; Instituições de ensino e


formação; Sistema S (SESC, SESI, SENAI, SENAC)

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Setor público • Federal; Estadual; Municipal; Local e Regional.

• Meios de comunicação ;Setor publicitário; Setor varejista de


Setor privado alimentos; Setor de alimentação fora de casa; Indústrias; Empresas
participantes do PAT ; Unidades de alimentação e nutrição

Sociedade • Entidades e organizações; Instituições de ensino e formação;


Sistema S (SESC, SESI, SENAI, SENAC)

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"Como planejar ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN)?"

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1. Diagnóstico/
2. Objetivos 3. Publico alvo 4. Local
Justificativa

7. Estratégias e
6. Conteúdo 5. Cronograma
8. Materiais descrição da
programático e carga horária
atividade

9. Responsáveis 10. Avaliação

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DIAGNÓSTICO
Qual é o problema?

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DIAGNÓSTICO
Entrevistas em local
Revisão de literatura de concentração de Entrevistas individuais
pessoas

Inquérito de campo
Grupos de discussão Observação (conhecimentos,
atitudes e práticas)

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DIAGNÓSTICO
Devemos coletar, organizar e interpretar dados básicos. São eles:

• Fatores de vida pessoal e estilo de vida do individuo que


Dados do meio (sociais) influenciam as escolhas alimentares (família, emprego e educação).

Dados biológicos (avaliação • História médica, parâmetros bioquímicos e antropométricos,


do estado nutricional) fatores de risco.

Dados do consumo • Preferências, alergias, disponibilidade de alimentos, condições de


pobreza, preparo e armazenamento inadequados, inabilidade de ir
alimentar (comportamento às compras ou de preparar alimentos.

Dados comportamentais • Elementos do comportamento alimentar.

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DIAGNÓSTICO
A metodologia para o diagnóstico dos dados pode variar entre:

Indivíduo • Anamnese alimentar e avaliação


antropométrica.

• Entrevistas individuais,
Grupos discussão em grupo ou
aplicação de formulário e de
questionários;

Público em geral • Pesquisas de nutrição.

Qual é a situação nutricional e alimentar do público avaliado?


Quais são os fatores que condicionam essa situação?

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DIAGNÓSTICO
A participação ativa da população-alvo na coleta de dados é
imprescindível.

As ações devem ser delineadas a partir das necessidades do individuo e


coletividade.

Um bom diagnóstico é uma condição INDISPENSÁVEL para a


eficácia de uma ação de comunicação que envolve a
aprendizagem.

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OBJETIVOS
O que deve ser mudado?

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Diretrizes para toda ação que se pretende alcançar em trabalho


ou em programa envolvendo a aprendizagem.

Os objetivos:
Definem PARA QUE
Determinam quais
se está fazendo o
são as mudanças
trabalho ou
pretendidas;
programa;

Devem ser claros,


precisos e simples.

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Objetivos:

GERAL: Aquele que indica o propósito de maneira mais ampla. A


frase é sempre iniciada com um verbo no infinitivo.

Verbos abertos
Apreciar, adquirir, aperfeiçoar, aprender, compreender, conhecer, desenvolver,
motivar, entender, julgar, melhorar, verificar, contribuir.

Exemplo:
Contribuir, por meio de programas de orientação e incentivo, para que nutrizes
adotem, de forma adequada, práticas de amamentação exclusiva.

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Objetivos:
ESPECÍFICOS: Aqueles que indicam o propósito de maneira mais precisa possível e que
determinam comportamentos mensuráveis, os quais a população-alvo deve apresentar
ao longo do processo educativo. Os objetivos específicos equivalem aos passos para
alcançar o objetivo geral. Por isso, aqueles estão contidos neste.

Verbos precisos
Citar, ingerir, explicar, enumerar, comparar, descrever, diferenciar, listar, marcar,
identificar.

Exemplo:
Explicar às mulheres sobre as vantagens da amamentação para o binômio
materno-infantil.

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Objetivos:
A seleção dos objetivos é ponto essencial para o êxito da ação.

 Por isso, devemos conhecer profundamente a situação como um todo, e


não apenas no que se refere aos conhecimentos, atitudes e práticas.

 Os objetivos precisam ser consistentes, positivos, realistas e factíveis, além


de possibilitar avaliação posterior.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
O que fazer para que as mudanças
esperadas se produzam?

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Conjunto de temas que devem ser tratados no programa
de aprendizagem (orientação ou educação) para a
realização dos objetivos já definidos.

A seleção de conteúdos deve ser realizada em função:

Do nível de
Dos objetivos
conhecimento da
propostos
população-alvo

Dos interesses e das


Do conhecimento do
necessidades da
educador
população

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Cuidado com a transmissão excessiva de conceitos e de informações


inacessíveis ao receptor. Isso constitui uma das principais causas do
insucesso das ações.

O conhecimento sobre o que comer é um primeiro degrau na


influência do comportamento alimentar saudável.

O conhecimento não instiga a mudança, mas funciona como um


instrumento quando as pessoas desejam mudar.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Roteiro para organização do conteúdo


•Identificar que componentes precisam ser mudados;
•Determinar que informações técnicas são necessárias e indispensáveis para as
mudanças pretendidas;
•Definir conteúdo com finalidade motivacional e funcional;
•Distribuir temas de acordo com sua natureza, com seu grau de complexidade e
com o tempo disponível;
•Montar um esquema de conteúdo para cada tema: conhecimento científico
atualizado, estratégia motivacional, características do público, vocabulário
adequado.

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ESTRATÉGIA E RECURSOS
Motivação, métodos e recursos de ensino
Como e com o que fazer?

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ESTRATÉGIA
Como fazer para que o conteúdo seja assimilado?
Como comunicar?
Estratégia é o conjunto de procedimentos, técnicas e métodos que visam
engajar o educando em situações capazes de estimular a aprendizagem.
Trata-se da dinâmica propriamente dita de um processo de comunicação.

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ESTRATÉGIA
Componentes:

1. Motivação: motivo que leva à ação


Identificação e utilização do motivo que despertará o indivíduo vontade de
mudar seu comportamento, é uma condição interna.

2. Métodos (caminho) e técnicas (forma) de ensino


Exposição, painel, palestras, rodas de conversas, dramatização, oficinas,
produção de materiais educativos (tempestade de ideias), etc.

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Ex: estratégia (Dramatização)

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Ex: estratégia (Demonstração do preparo de alimentos)

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Ex: estratégia (Teatro de Fantoches)

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RECURSOS

Recursos humanos Recursos materiais


Educador/ Naturais: frutas, verduras e
profissional legumes, etc.

Do ambiente escolar: visuais,


Aluno
auditivos, audiovisuais;

Objetivos e equipamentos
Comunidade
em geral

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RECURSOS
Critérios para escolha dos meios e materiais de apoio

•Custo;
•Acessibilidade;
•Facilidade de uso;
•Credibilidade de cada tipo de recurso;
•Estímulo à participação do público-alvo;
•Difusão da mensagem no tempo planejado;
•Relação com os objetivos da intervenção.

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AVALIAÇÃO
O QUE e COMO analisar se os
objetivos estão sendo atingidos?

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AVALIAÇÃO
Processo contínuo que visa determinar o valor ou o volume do êxito na
consecução dos objetivos preestabelecidos.

É medir, comparar e concluir!


Finalidades:

Desenvolver
Verificar se os objetivos instrumento para
foram atingidos. planejamento de
programas.

Fornecer dados para


eventual
replanejamento.

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Tipos de avaliação

Em curso ou
formativa

Terminal
A
ou
posteriori
somativa

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Tipos de avaliação
Avaliação em curso ou formativa: Análise da validade, eficiência e efetividade
das atividades e dos resultados. Essa avaliação é realizada durante a
implementação do projeto em intervalos previamente determinados, o que
permite fazer reajustes do programa.

Avaliação terminal ou somativa: Aquela realizada na conclusão ou um pouco


antes do encerramento do programa. Esta deve ser a base para decidir sobre
ações futuras ou sobre a necessidade de uma segunda fase do programa.

Avaliação a posteriori: aquela efetuada algum tempo depois da conclusão do


programa, quando esperamos contar com o desenvolvimento total dos
benefícios que pretendíamos alcançar. Essa avaliação analisa o impacto do
projeto sobre a população beneficiada.

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AVALIAÇÃO
Razões para avaliar um projeto

•Medir resultados e evidenciar fracassos e debilidades;


•Gerar informações úteis para a tomada de decisões, a fim de tornar o trabalho
mais efetivo;
•Informar a todos os envolvidos e compartilhar as experiências vividas;
•Comparar resultados com outros projetos;
•Analisar, de forma crítica, o trabalho produzido.

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Ex: método de avaliação (Escala Hideônica)

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Diagnóstico

Objetivo

Público alvo

Local

Cronograma
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Conteúdo programático

Estratégia (motivação, métodos)

Material

Responsáveis

Avaliação

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• Questionário de conhecimentos sobre nutrição;


Diagnóstico
• Avaliação antropométrica (alto percentual de sobrepeso)

Objetivo • Estimular a adoção de práticas alimentares saudáveis.

• Adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 14 e


Público alvo 17 anos do ensino médio de uma escola privada

• Escola privada, localizada no bairro Farol do município de


Local Maceió-AL. As atividades serão realizadas no auditório da
instituição.

• 3x durante uma semana (segunda, terça e quarta-feira),


Cronograma das 9h as 10h. Será realizada em 3 turmas, sendo um dia
para cada (incluir datas).

• Passos para uma alimentação saudável;


Conteúdo programático
• Grupos e escolhas alimentares.

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• Dinâmica com Pódio de Alimentos, segundo grau de


processamento e distribuição de folder educativo
Estratégia (motivação, métodos) impresso com dicas sobre substituições saudáveis.
Descrever detalhadamente como a atividade deverá
ocorrer.
• Pódio de alimentos: caixa de sapato, papel crepom,
durex. Incluir alguns alimentos para demonstração (ex.:
in natura: banana, maçã etc; ultraprocessados: macarrão
Materiais instantâneo etc)
• Folders: impressora, cartucho, papel A4, computador,
cópias do material.

• 3 acadêmicos do curso de nutrição do 5º período da


Responsáveis Faculdade Estácio de Alagoas.

• Questionário com 5 perguntas objetivas sobre aspectos


Avaliação voltados para mudanças de hábitos alimentares. Incluir
questionário como anexo.

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Vídeo: Prática culinária como estratégia no enfrentamento da


obesidade infantil
https://www.youtube.com/watch?v=_-A3xzxhnBY&list=PLs_n0oj-
a3rkb0w02iQTJ5cQ_GhHgMejK&index=16

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A seguir foram selecionadas duas questões que revisitam o tema/tópico ministrado nesta
aula. Você deve resolvê-las, completando, assim, sua jornada de aprendizagem do dia.

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QUESTÃO 1

A teoria e a prática da educação nutricional apresentam finalidade comum de possibilitar ao ser


humano assumir a responsabilidade pelos atos relacionados à alimentação. Nesse contexto, é
incorreto afirmar que:

A – As ciências biológicas na formação do nutricionista é fundamental no preparo do aluno para assumir


atividades educativas na área de alimentação e saúde.

B – O seguimento da dieta prescrita é o maior desafio da educação nutricional.

C – O nutricionista é o profissional que tem o dom necessário para alcançar o objetivo da educação
nutricional.

D – A educação nutricional deve ser conscientizadora.

E – A educação nutricional é considerada uma missão que o profissional nutricionista deve


cumprir.

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QUESTÃO 2
Um dos maiores desafios na educação nutricional é selecionar e adaptar as informações para os
diferentes indivíduos, considerando suas particularidades. No aconselhamento de indivíduos
analfabetos, é adequado que o nutricionista:

A- Foque as orientações nas restrições alimentares, sem abordar os alimentos que o indivíduo pode
consumir, favorecendo, dessa forma, a memorização das informações.
B- Mantenha as sessões curtas e com poucas informações, limitando-se às que são relevantes.
C- Recomende que familiares e amigos não participem das sessões de aconselhamento, visando
estimular a responsabilidade do indivíduo sobre o seu próprio tratamento.
D- Evite a avaliação dos esforços do indivíduo e o reconhecimento de suas realizações, para que ele não
se sinta constrangido.
E- Mantenha as sessões longas e com muitas informações, com informações completas e detalhadas.

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Referências
LER: DA CRUZ, Claudia Olsieski. Educação alimentar e Nutricional. RIO DE JANEIRO:
SESES, 2019.
Disponível em: http://portaldoaluno.webaula.com.br//repositorio/LD545.pdf

Aprenda + (PÓS-AULA)
Artigo CERVATO-MANCUSO, A.M.; VINCHA, K.R.R.; SANTIAGO, D.A. Educação Alimentar e Nutricional
como prática de intervenção: reflexão e possibilidades de fortalecimento. Physis [online]. 2016,
vol.26, n.1, pp.225-249. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/physis/v26n1/0103-7331-physis-
26-01-00225.pdf

Manual: "Caderno de atividades: Promoção da Alimentação Adequada e Saudável: Ensino


Fundamental I", do Ministério da Saúde, disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_atividades_ensino_fundamental_I.
pdf

Vídeo "Prática culinária como estratégia no enfrentamento da obesidade infantil", do Festival do


Conhecimento da UFRJ. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_-
A3xzxhnBY&list=PLs_n0oja3rkb0w02iQTJ5cQ_GhHgMejK&index=17&t=0s

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