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AULA 02
Relações de trabalho e emprego. Empregado e
empregador.
Sumário
1 - Considerações Iniciais ......................................................................... 2
2 - Relação de trabalho e relação de emprego ............................................. 3
2.1 - Relação de emprego ....................................................................... 3
2.2 - Relações de trabalho lato sensu ..................................................... 10
2.2.1 - Estágio .................................................................................. 10
2.2.2 - Trabalhador autônomo ............................................................. 13
2.2.3 – Trabalho eventual ................................................................... 14
2.2.4 – Cooperados ........................................................................... 15
2.2.5 – Trabalhador avulso ................................................................. 16
2.2.6 – Trabalhado voluntário ............................................................. 18
2.2.7 – Profissional-Parceiro de salões de beleza ................................... 19
3 - A figura jurídica do empregado ........................................................... 21
3.1 – Altos empregados ........................................................................ 23
3.2 – Empregado rural .......................................................................... 25
3.3 – Empregado doméstico .................................................................. 27
3.4 – Aprendiz ..................................................................................... 34
3.5 – Empregado público ...................................................................... 37
3.6 – Trabalhador temporário ................................................................ 39
4 – A figura jurídica do empregador ......................................................... 41
5 – Questões comentadas ....................................................................... 45
6 – Lista das Questões Comentadas ......................................................... 83
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7 – Gabarito........................................................................................ 100
8 – Resumo da aula ............................................................................. 101
9 – Conclusão ..................................................................................... 102
10 – Lista de Legislação, Súmulas e OJ do TST relacionados à aula ............ 103
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Relações de Trabalho
Relações de emprego
Trabalhador avulso
Trabalhador autônomo
Trabalhador eventual
Empregado urbano
Estagiário
Empregado rural
etc.
Empregado doméstico
Aprendiz
etc.
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Subordinação
jurídica
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1
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 283.
➢ Subordinação
A subordinação é tida como o elemento mais marcante para a configuração da
relação de emprego, e ela se verifica quando o empregador tem poder diretivo
sobre o trabalho do empregado, dirigindo, coordenando e fiscalizando a prestação
dos serviços executados pelo trabalhador.
A doutrina já conferiu à subordinação, ao longo do tempo, as dimensões técnica,
econômica e jurídica.
A subordinação (ou dependência) seria técnica porque seria do empregador o
conhecimento técnico do processo produtivo; seria econômica porque o
empregado dependeria do poder econômico do empregador; por fim, seria
jurídica porque o contrato de trabalho, assim como o poder diretivo do
empregador, tem caráter jurídico.
Atualmente há consenso doutrinário de que a subordinação da relação
empregatícia tem viés jurídico.
➢ Onerosidade
Na relação de emprego o trabalhador coloca sua força de trabalho à disposição
do empregador para receber contraprestação salarial. Deste modo, a relação
empregatícia é onerosa.
A legislação prevê diferentes possibilidades de contraprestação salarial:
pagamento em dinheiro, pagamento em utilidades, parcelas fixas, parcelas
variáveis, prazos de pagamento diário, semanal, mensal. Em todos esses casos
poderemos identificar a onerosidade da relação empregatícia.
E se o trabalhador colocou sua força de trabalho à disposição do empregador,
mas, descumprindo a lei, este último deixou de pagar os salários devidos; isto
retira o caráter oneroso da relação estabelecida entre as partes?
A resposta é negativa. O atraso (ou inadimplemento) do salário não retira o
caráter oneroso da relação de emprego.
Nos casos onde o empregador não paga salários, ou até mesmo impõe uma
situação de servidão disfarçada (onde há prestação de serviços sem a
contraprestação salarial) deve-se analisar o animus contrahendi.
Podemos definir o animus contrahendi como a intenção das partes (notadamente
do prestador dos serviços) ao firmar a relação de trabalho: o empregado
disponibilizou sua força de trabalho com interesse econômico, objetivando
receber salário?
Se a resposta for positiva, configurar-se-á a onerosidade (mesmo que no caso
fático o empregador não tenha cumprido sua parte – pagamento do salário).
Se a resposta for negativa, ou seja, a pessoa realizou o trabalho sem intenção
onerosa, não poderemos entender a relação como um vínculo de emprego. Este
é o caso do trabalho voluntário, como veremos no próximo tópico desta aula.
➢ Não eventualidade
Se a pessoa trabalha de modo apenas eventual, teremos uma relação de
trabalho, mas não poderemos enxergá-la como relação de emprego. Este seria o
caso de um trabalhador eventual, como veremos adiante, cujo labor é prestado
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de forma esporádica.
Para configuração da relação de emprego a prestação laboral deve ser não
eventual, ou seja, o trabalhador deve disponibilizar sua força de trabalho de
forma permanente.
até mesmo somente em finais de semana. Em outros casos, até abrem todos os
dias, mas como o público frequentador é muito maior aos sábados e domingos,
uma parte dos empregados não labora em todos os dias da semana.
Apesar de não trabalharem todos os dias, existe a prestação laboral em caráter
permanente, ao longo do tempo, para o mesmo empregador. Assim, não
podemos dizer que este trabalho seja esporádico; ele tem caráter de
permanência.
Atentem para o fato de que a permanência (aludida no parágrafo anterior) não
é sinônima de continuidade.
A continuidade está expressa na LC 150/15 (que dispõe sobre a profissão do
empregado doméstico, objeto de estudo em tópico específico desta aula):
CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
≠
LC 150/2015, art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que
presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por
mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.
2
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed. Atualizada por
Eduardo Carrion. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 44.
Relações de Trabalho
Relações de emprego
Trabalhador avulso
Trabalhador
autônomo
Empregado urbano
Trabalhador eventual
Empregado rural
Estagiário
Empregado doméstico
etc.
Aprendiz 10778190722
etc.
2.2.1 - Estágio
O estágio é regulado pela Lei 11.788/08, que define estágio como “ato educativo
escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à
preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o
ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional,
de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental,
na modalidade profissional da educação de jovens e adultos”.
Estagiário
Instituição de Concedente do
ensino
Estágio estágio
3
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 340.
eventual
Natureza do trabalho tende a ser concernente a
evento certo, determinado e episódico no tocante
»
à regular dinâmica do empreendimento tomador de
serviços.
4
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 288.
2.2.4 – Cooperados
O cooperativismo surgiu para que pessoas que desenvolvem atividades
semelhantes possam ter melhores condições de oferecer seus produtos e serviços
(ganhando em escala, unindo esforços para obter acesso a empréstimos,
utilizando espaços comuns no processo produtivo, etc.).
Assim, produtores de hortifrutigranjeiros, por exemplo, podem se estruturar em
cooperativa para negociar em condição mais vantajosa com os revendedores de
seus produtos, podem construir espaço de uso comum para estocar e produzir,
podem comprar insumos de forma centralizada com preços mais baixos, entre
outros benefícios.
O problema que ocorre na prática é a tentativa de mascarar relação de emprego
sob a roupagem de cooperados. Assim, caso estejam presentes os elementos
fático-jurídicos da relação de emprego estará descaracterizada a situação de
cooperado.
O verdadeiro cooperado é um trabalhador autônomo, pois não é subordinado à
cooperativa.
Segue abaixo um dispositivo da CLT sobre cooperativas:
CLT, art. 442, parágrafo único6 - Qualquer que seja o ramo de atividade da
sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus
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5
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo: LTr, 2012, p.
178.
6
O dispositivo continua vigente, mesmo havendo uma nova lei que regula especificamente as
Cooperativas de Trabalho – Lei 12.690/2012.
7
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 331.
8
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 331.
Por fim, apesar de não se tratar de emprego, a própria lei prevê a aplicação da
CLT no que diz respeito à fiscalização e imposição de multas aos salões de beleza:
Lei nº 12.592/2012, art. 1º-D O processo de fiscalização, de autuação e de
imposição de multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de
maio de 1943.
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Subordinação
jurídica
CF/88, art. 7º, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico
e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
Frise-se que neste aspecto a CF/88 não inovou, pois já havia tal previsão em
Constituições anteriores e na CLT:
CLT, art. 3º, parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de
emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual,
técnico e manual.
Também é importante mencionar que, mesmo nos casos em que o empregado
preste serviços em sua residência, isto não obsta o reconhecimento da relação
de emprego. Neste aspecto, a CLT foi alterada em 2011 e atualmente seu artigo
6º conta com a seguinte redação:
CLT, art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento
do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a
distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de
emprego.
Exemplo: em determinada empresa do setor de confecções encontrei diversas
pessoas que laboravam em suas próprias casas (costureiras), recebendo as peças
de vestuário pré-prontas da fábrica para fazer o acabamento. No caso havia
pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação (pressupostos da
relação de emprego), e com isso não restava dúvida de que havia a relação de
emprego.
Deste modo, o tratamento a ser dado ao empregado que executa suas tarefas no
seu domicílio deve ser o mesmo dos empregados em geral; a questão abaixo,
incorreta, tentou confundir a situação do empregado a domicílio com o
doméstico, que são situações completamente distintas:
Cespe/MPU – Analista Processual - 2010
Ao empregado em domicílio, entendido como aquele que presta serviços na
residência do empregador, são assegurados os mesmos benefícios
definidos em lei para o empregado doméstico.
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9
No art. 62, II, da CLT se enquadra o gerente geral das agências bancárias, que deixará de contar
com as regras protetivas do Capítulo [Da Duração do Trabalho] se receber adicional de função não inferior a
40%. Já no art. 224, §2º, da CLT se enquadram os demais gerentes (gerente de contas, gerente de
relacionamento, etc.).
CLT, art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo
de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na
presente Consolidação.
Trabalho em
Trabalho prestado a
propriedade rural Empregado rural
empregador rural
ou prédio rústico
Ressaltamos, ainda, o cancelamento das OJs 315 e 419 ao final de 2015, por
perda de consenso a respeito do assunto:
OJ-SDI1-315 MOTORISTA. EMPRESA. ATIVIDADE PREDOMINANTEMENTE
RURAL. ENQUADRAMENTO COMO TRABALHADOR RURAL
É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de
empresa cuja atividade é preponderantemente rural, considerando que, de
modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades.
Subordinação
jurídica
Continuidade
Onerosidade
Empregado doméstico Não eventualidade
O segundo grupo trata dos direitos que eram assegurados aos urbanos e rurais
e não aos domésticos, aplicando-se agora a estes últimos de forma imediata:
Abaixo um quadro do terceiro grupo, dos direitos que foram ampliados pela EC
72/2013 atendidas as condições que a lei estabelecer12 (ressalta-se que,
atualmente, tais condições já foram estabelecidas pela LC 150/2015):
10
Normas de Segurança e Saúde no Trabalho, também conhecidas como Segurança e Medicina do
Trabalho.
11
Acordos Coletivos de Trabalho e Convenções Coletivas de Trabalho.
12
Seriam normas de eficácia limitada, como estudamos em Direito Constitucional.
13
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
3.4 – Aprendiz
Comentaremos nesta seção da aula os tópicos mais relevantes da Consolidação
das Leis do Trabalho e do Decreto 5.598/05, que regulamenta a contratação de
aprendizes e dá outras providências.
Aprendiz é o maior de 14 e menor de 24 anos que celebra contrato de
aprendizagem (a idade máxima não se aplica a aprendizes portadores de
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deficiência).
Conforme artigo 428 da CLT, contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho
especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador
se compromete a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em
programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível
com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar
com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.
O Decreto 5.598/05 define formação técnico-profissional metódica como
programas de aprendizagem organizados e desenvolvidos sob a orientação e
responsabilidade de entidades qualificadas em formação técnico-profissional
metódica, que são os Serviços Nacionais de Aprendizagem (chamados de Sistema
Aprendiz
Instituição de
ensino de
aprendizagem Aprendizagem Empregador
(Sistema “S” ou
similares)
CLT, art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo
de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na
presente Consolidação.
O artigo 5º do Decreto (citado acima) fala da nulidade do contrato de
aprendizagem e que com isso “estabelecer-se-ia o vínculo empregatício
(...)”.
Como vimos, já existe o vínculo de natureza empregatícia e, com a nulidade, este
vínculo deixará de ser de natureza especial (aprendizagem) e passará a ser um
contrato empregatício “normal”, com prazo indeterminado.
Neste aspecto, frise-se que o contrato de aprendizagem (que segue as
disposições legais) é de no máximo 2 anos:
CLT, art. 428, § 3º O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado
por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de
deficiência.
Acerca da obrigatoriedade de contratar aprendizes precisamos comentar os
seguintes dispositivos:
Decreto 5.598/05, art. 9º Os estabelecimentos de qualquer natureza são
obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de
Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no
mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em
cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional.
Verifica-se que a base de cálculo para encontrar a quantidade de aprendizes a
serem contratados não é a quantidade total de empregados, mas apenas aqueles
cujas funções demandem formação profissional.
Para a definição das funções que demandem formação profissional, deverá ser
considerada a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), elaborada pelo
Ministério do Trabalho, estando excluídas funções de direção, chefia, gerência e
outras que demandem, para o seu exercício, habilitação profissional de nível
técnico ou superior.
Decreto 5.598/05, art. 9º, § 1º No cálculo da percentagem de que trata o
caput deste artigo [5% a 15%], as frações de unidade darão lugar à
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admissão de um aprendiz.
Assim, se a empresa possui 25 empregados cujas funções demandem formação
profissional, a cota mínima legal será 25 x 5% = 1,25 ›› 2 aprendizes
Uma dúvida frequente é a seguinte: como há proibição de trabalho de menores
em ambiente insalubre e perigoso, as funções onde há insalubridade e
periculosidade integrarão a base de cálculo da aprendizagem? A resposta é sim,
integrarão!
Isto quando estas funções demandem formação profissional, casos em que o
aprendiz não será contratado para exercer tais funções no ambiente impróprio
(pode-se, por exemplo, realizar a parte prática da aprendizagem em ambiente
simulado):
Aprendizagem Estágio
De trabalho lato sensu (não é
Relação De emprego
relação de emprego)
Aprendiz, empregador e
Agentes entidade qualificada em Estagiário, concedente de
envolvidos formação técnico- estágio e instituição de ensino
profissional metódica
Contrato escrito de
aprendizagem (é
Formalização Termo de Compromisso
contrato especial de
trabalho)
A aprendizagem Não é relação de emprego,
CTPS* demanda registro na então não há registro em
CTPS CTPS
5% a 15% dos
trabalhadores cujas Não há obrigatoriedade legal
Cota legal
funções demandem de se manter estagiários***
formação profissional**
Não superior a 2 anos, Não poderá exceder 2 anos,
exceto quando se tratar exceto quando se tratar de
Duração 10778190722
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Contrato de natureza
Empresa tomadora Empresa de
«» civil (intermediação «»
de mão de obra trabalho temporário
de mão de obra)
Trabalho subordinado
(entretanto não há Relação de trabalho
vínculo de emprego)
Trabalhador
temporário
14
RR-100-466.2014.5.09.0009, DEJT 30.9.2016.
15
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit. p. 400.
16
Lei 10.406/02, art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
17
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo: LTr, 2012, p.
140.
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5 – Questões comentadas
5.1 – Relação de trabalho e relação de emprego
1. FCC/TRT20 – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2016
A Consolidação das Leis do Trabalho elenca na combinação dos artigos 2º e
3º os requisitos fáticos e jurídicos da relação de emprego. Nesse sentido,
(A) tornando-se inviável a prestação pessoal do trabalho, no curso do
contrato, por certo período, o empregado poderá se fazer substituir por outro
trabalhador.
(B) um trabalhador urbano que preste serviço ao tomador com finalidade
lucrativa, mesmo que por diversos meses seguidos, mas apenas em
domingos ou finais de semana, configura-se como trabalhador eventual.
(C) considerando que nem todo trabalho é passível de mensuração
econômica, não se pode estabelecer que a onerosidade constitui-se em um
elemento fático-jurídico da relação de emprego.
(D) somente o empregador é que, indistintamente, pode ser pessoa física ou
jurídica, com ou sem finalidade lucrativa, jamais o empregado.
(E) na hipótese de trabalhador intelectual, a subordinação está relacionada
ao poder de direção do empregador, mantendo o empregado a autonomia
da vontade sobre a atividade desempenhada, sem se reportar ao
empregador.
Comentários
Gabarito (D), com fundamento nos elementos fático-jurídicos da relação de
emprego (CLT, arts. 2º e 3º):
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Subordinação
jurídica
empregadas ou funcionárias.
A alternativa (D) também está incorreta. O contrato de trabalho pode ser verbal
e, até mesmo, tácito (CLT, arts. 442 e 443).
Por fim, a alternativa (E) está incorreta, já que a exclusividade não é um
requisito da relação de emprego (que se forma no contrato de trabalho). Estando
presentes todos os elementos fático jurídicos da relação de emprego, a mesma
pessoa física poderá ter relação de emprego com mais de um empregador.
(D) a onerosidade.
(E) o trabalho não eventual.
Comentários
Gabarito (C), já que não se exige exclusividade na prestação de serviços para
o reconhecimento do vínculo de emprego: estando presentes todos os elementos
fático jurídicos da relação de emprego (entre eles a não eventualidade), a mesma
pessoa física poderá ter relação de emprego com mais de um empregador.
Todas as demais alternativas contêm requisitos da relação de emprego.
Gabarito (C), pois é a única opção que não representa um requisito da relação
de EMPREGO.
Na verdade, o requisito para a relação de emprego é o contrário, ou seja, a “não
eventualidade”.
Relações de Trabalho
Relações de emprego
Trabalhador avulso
Trabalhador
Empregado urbano autônomo
Empregado rural Trabalhador eventual
Empregado doméstico Estagiário
Aprendiz etc.
etc.
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Subordinação
jurídica
(E) subordinação.
Comentários
Gabarito (B). A alteridade, também chamada de princípio da alteridade, é um
requisito existente nas relações de emprego.
A alteridade se relaciona ao risco do negócio, que deve ser assumido pelo
empregador. Nesta linha, não se admite que sejam transferidos ao empregado
os riscos do empreendimento, pois estes devem ser suportados pelo empregador.
A alteridade encontra-se presente no seguinte dispositivo da CLT:
CLT, art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço.
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Subordinação
jurídica
A mesma pessoa física pode ter mais de uma relação de emprego, com
empregadores distintos (mantendo com ambos, no caso, a não eventualidade).
Neste contexto, nota-se que não se exige exclusividade na prestação de serviços
para o reconhecimento do vínculo de emprego: estando presentes todos os
Subordinação
jurídica
Continuidade
Onerosidade
Empregado doméstico Não eventualidade
Comentários
Gabarito (A), pois nada impede que a mesma pessoa labore para mais de um
empregador.
Empregado
Subordinação
jurídica
A alternativa (A) está incorreta porque não se exige finalidade lucrativa para o
reconhecimento da condição de empregador:
CLT, art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige
a prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação
de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que
admitirem trabalhadores como empregados.
A alternativa (B) contrariou a CLT e a CF/88:
CLT, art. 3º, parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de
emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual,
técnico e manual.
CF/88, art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual
ou entre os profissionais respectivos;
A alteridade, também chamada de princípio da alteridade, é um requisito
existente nas relações de emprego. Sobre ela é que se fundamenta a alternativa
(C), incorreta.
A alteridade se relaciona ao risco do negócio, que deve ser assumido pelo
empregador. Nesta linha, não se admite que sejam transferidos ao empregado
os riscos do empreendimento, pois estes devem ser suportados pelo empregador.
Sobre a alternativa (D), não se admite tal distinção:
CLT, art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento
do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a
distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de
emprego.
da CLT:
CLT, art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço.
Frise-se, mais uma vez, que não se exige exclusividade na prestação de serviços
para o reconhecimento do vínculo de emprego: estando presentes todos os
elementos fático jurídicos da relação de emprego (entre eles a não
eventualidade), a mesma pessoa física poderá ter relação de emprego com mais
de um empregador.
empregado.
(E) é necessária a existência de prestação de trabalho intelectual, técnico
ou manual, de natureza não eventual, por pessoa física, jurídica ou grupo
de empresas, sem alteridade e com subordinação jurídica.
Comentários
Gabarito (D). Havendo pessoalidade, subordinação, onerosidade e não
eventualidade estaremos diante de uma relação de emprego, independentemente
de a pessoa física prestar serviços a um ou a mais de um empregador.
Um dos elementos da relação de emprego é a onerosidade, e por isso a
alternativa (A) está errada.
I. Ulisses presta serviços por três meses para a empresa Ajax Estruturas S/A
para suprir necessidade transitória de substituição do seu pessoal regular e
permanente, por intermédio da empresa Delta Mão de Obra Ltda.
II. Isis trabalha na produção de uma peça teatral durante a temporada de
oito meses no teatro municipal, com ajuste de pagamento por obra certa.
III. Hermes é psicoterapeuta e faz palestras e consultas em centro de apoio
à criança com deficiência motora, realizando dois plantões semanais de doze
horas cada um, com ajuste apenas do ressarcimento das despesas que
comprovadamente realizou no desempenho de suas atividades.
A relação de trabalho apresentada no item I, II e III corresponde,
respectivamente, a
(A) autônomo; eventual; avulso.
(B) terceirizado; avulso; autônomo.
(C) avulso; eventual; terceirizado.
(D) voluntário; aprendiz; autônomo.
(E) temporário; eventual; voluntário.
Comentários
Gabarito (E).
O caso do item I, Ulisses, é de um trabalhador temporário, conforme definições
contidas na respectiva lei, Lei 6.019/74, arts. 2º e 10:
Lei 6.019/74, art. 2º - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa
física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à
disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à
necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à
demanda complementar de serviços.
Lei 6.019, art. 10, § 1º O contrato de trabalho temporário, com relação ao
mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo de cento e oitenta dias,
consecutivos ou não.
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Já o item II, Isis, trata de uma trabalhadora eventual, que labora sem ânimo
definitivo e sem fixação jurídica ao empregador.
Por fim, o item III, Hermes, exemplifica caso de trabalho voluntário, conforme
Lei 9.608/98, arts. 1º e 3º:
Lei 9.608/98, art. 1o Considera-se serviço voluntário, para os fins desta
Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade
pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos
que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos
ou de assistência à pessoa.
Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas
despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades
voluntárias.
pela empresa tomadora dos serviços e esta pode se dar de forma pessoal (único
caso de terceirização em que pode haver pessoalidade).
A assertiva IV está correta, pois os pagamentos são feitos pela empresa de
trabalho temporário, não pela tomadora.
A assertiva V está incorreta, pois o dever de subordinação (e demais deveres
do empregado) se dá tanto em relação à empresa tomadora quanto em relação
à empresa de trabalho temporário:
Lei 6019, art. 13 - Constituem justa causa para rescisão do contrato do
trabalhador temporário os atos e circunstâncias mencionados nos artigos
482 e 483, da Consolidação das Leis do Trabalho, ocorrentes entre o
trabalhador e a empresa de trabalho temporário ou entre aquele e
a empresa cliente onde estiver prestando serviço.
Contrato de
Empresa de
Empresa tomadora natureza civil
«» «» trabalho
de mão de obra (intermediação de
temporário
mão de obra)
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Trabalho subordinado
(entretanto não há Relação de emprego
vínculo de emprego)
Trabalhador
temporário
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CF/88, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
(...)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
(...)
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
A letra (B) estava incorreta à época da prova, tendo em vista que a redação
anterior deste art. 4º vedava trabalho temporário no meio rural.
A alternativa (D), também incorreta, errou no prazo máximo admitido pela Lei
para que um mesmo empregado da empresa de trabalho temporário preste
serviço a uma tomadora:
Lei 6.019/74, art. 10, §1º O contrato de trabalho temporário, com relação
ao mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo de cento e oitenta
dias, consecutivos ou não.
A alternativa (E), por fim, errou ao sugerir que o contrato de trabalho entre a
empresa de trabalho temporário e o trabalhador temporário possa ser verbal:
Lei 6.019/74, art. 11 - O contrato de trabalho celebrado entre empresa
de trabalho temporário e cada um dos assalariados colocados à disposição
de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e
dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos
trabalhadores por esta Lei.
Esta é, portanto, uma exceção à regra geral celetista que admite os contratos
verbais ou escritos, expressos ou tácitos19.
Comentários
Gabarito (B), transcrição do dispositivo legal abaixo.
Lei 6.019/74, art. 2º - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa
física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à
disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à
necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à
demanda complementar de serviços.
19
CLT, art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação
de emprego.
Subordinação
jurídica
Continuidade
Onerosidade
Empregado doméstico Não eventualidade
uma exceção, somente sendo admitidos quando a lei autorizar. Além disso, eles
podem ser tácitos ou expressos (neste último caso, escritos ou verbais):
CLT, art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou
expresso, correspondente à relação de emprego.
A alternativa (C), por sua vez, errou no prazo máximo e na prorrogação dos
contratos a termo:
CLT, art. 445 - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá
ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451.
CLT, art. 451 - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita
ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem
determinação de prazo.
Gabarito (E).
Assertiva (A) incorreta: apesar de a exclusividade não ser pressuposto da
relação de emprego, subordinação, onerosidade, não eventualidade e também
pessoalidade são requisitos;
Assertiva (B) incorreta: em decorrência do requisito da alteridade, os riscos
da atividade econômica são integralmente assumidos pelo empregador, não
sendo compartilhados com o empregado;
Assertivas (C) e (D) incorretas: os profissionais liberais e as instituições
beneficentes ou sem fins lucrativos, apesar de não se enquadrarem como
empresa, equiparam-se à figura do empregador caso admitam trabalhadores
como empregados:
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(D) onerosidade.
(E) subordinação.
(B) I, II e III.
(C) I, III e IV.
(D) II e IV.
(E) II, III e IV.
horas cada um, com ajuste apenas do ressarcimento das despesas que
comprovadamente realizou no desempenho de suas atividades.
A relação de trabalho apresentada no item I, II e III corresponde,
respectivamente, a
(A) autônomo; eventual; avulso.
(B) terceirizado; avulso; autônomo.
(C) avulso; eventual; terceirizado.
(D) voluntário; aprendiz; autônomo.
(E) temporário; eventual; voluntário.
trabalhadores.
(C) O contrato entre a empresa de trabalho temporário e a tomadora de
serviço ou cliente pode ser escrito ou verbal, desde que fique claro o motivo
justificador da demanda de trabalho temporário.
(D) É defeso às empresas de prestação de serviço temporário a contratação
de estrangeiros com visto provisório de permanência no país.
(E) O contrato entre a empresa de trabalho temporário e a empresa
tomadora ou cliente, com relação a um mesmo empregado, não poderá
exceder de cento e vinte dias, salvo autorização do Ministério do Trabalho.
(C) cooperado.
(D) eventual.
(E) avulso.
7 – Gabarito
1. D 24. D
2. A 25. E
3. E 26. E
4. D 27. C
5. A 28. D
6. C 29. D
7. A 30. C
8. E 31. B
9. C 32. E
11. D 34. C
12. B 35. B
13. A 36. D
14. C 37. A
15. A 38. E
16. D 39. A
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17. A 40. E
18. E 41. E
19. C
20. D
21. C
22. D
23. E
8 – Resumo da aula
Relações de trabalho, emprego e empregador
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9 – Conclusão
Bom pessoal,
Estamos chegando ao final de nossa aula, imaginamos que tenha sido produtiva.
Os assuntos “relação de emprego, empregado e empregador” são recorrentes em
prova, e há grandes chances de ser explorado.
Consideramos importantíssimo que decorem – e entendam - os elementos fático-
jurídicos da relação de emprego e a diferenciação entre empregados urbanos e
domésticos (e respectivos empregadores).
Também é importante decorar as disposições dos artigos 2º (e §§), 3º e 6º da
CLT. Esperamos que tenham gostado da aula, e se surgir alguma dúvida quanto
ao assunto apresentado, estamos à disposição para auxiliá-los (as).
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– CLT 10778190722
ambiente de trabalho.
poderá ocorrer sem a freqüência à escola, desde que ele já tenha concluído
o ensino fundamental.
§ 1o-A. O limite fixado neste artigo não se aplica quando o empregador for
entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação
profissional.
– Legislação específica
– TST
SUM-129 CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO
A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo
econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a
coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.
SUM-269 DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE
SERVIÇO
O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato
de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse
período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de
emprego.
SUM-386 POLICIAL MILITAR. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO
EMPREGATÍCIO COM EMPRESA PRIVADA
Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento
de relação de emprego entre policial militar e empresa privada,
independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar
prevista no Estatuto do Policial Militar.
SUM-430 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. CONTRATAÇÃO.
AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. NULIDADE. ULTERIOR
PRIVATIZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA DO VÍCIO
Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por
ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da
Administração Pública Indireta, continua a existir após a sua privatização.
OJ-SDI1-38 EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE RURAL. EMPRESA DE
REFLORESTAMENTO. PRESCRIÇÃO PRÓPRIA DO RURÍCOLA.
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