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Resolução de Casos de CNCO – 2017/2018 |Anne Fernandes

Resolvidos pela Prof. Rosário Epifânio.

Casos sobre o Cumprimento das Obrigações

CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA – I

DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

1- António, por negócio efetuado com Berto, ficou a dever 500€. Como garantia
de pagamento da dívida, António indicou Manuel como garante pessoal
(fiador). Devido a problemas de liquidez, António, à data do pagamento,
propôs a Berto pagar a dívida com a transferência da propriedade de um piano
que valia 700€. Berto aceitou, mas verificou, quando recebeu o piano, que este
estava bastante estragado. Berto quer agora devolver o piano e pedir o
pagamento dos 500€ com o acréscimo de uma indemnização.
Quid Juris?
Pode devolver o piano e exigir o pagamento dos 500€ e a indeminização?
Ver a dação em cumprimento.

Temos uma dação em cumprimento, parece que sim.


O devedor com o consentimento do seu credor, consentimento que pode ser expresso ou tácito,
pode realizar uma prestação distinta (a entrega do piano) com a intenção de extinguir de
imediato a obrigação (de pagamento dos 500€).
A entrega do piano não é um meio facilitador do cumprimento, aparece aqui como causa de
extinção, por isso não parece ser uma dação em função do cumprimento.
Também não aparece haver novação, porque ele não assume uma nova obrigação, está a
realizar uma prestação.
E ao realizar esta prestação extingue de imediato a obrigação. Quando entrega o piano a
obrigação fica extinta.

Resposta à questão: Artg. 838º. Se o piano estava estragado o credor tem uma de duas opções:

a) Ou lança mão das regras que se aplica à compra e venda;


b) Ou opta pela prestação primitiva (os 500€) mais uma indeminização. A lei permite, e o
credor opta pela segunda opção

Temos a fiança, o prof Antunes varela que neste caso, o artg. 839º se aplica aos casos de dação
declarada nula ou anulável, mas o que temos aqui é que a coisa entregue tem defeito.
O prof Antunes varela entende que se aplica o artg. 839º, renascendo a fiança.
Só não renasce a fiança se o estrago do piano for imputável ao credor, artg. 839º.

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2- Maria, por contrato de compra e venda de uma joia, ficou de pagar 400€ a José.
Com o acordo deste, Maria veio a pagar, cedendo a José um crédito de 500€
sobre César, a vencer daí a dois meses. Na data do vencimento, José apenas
conseguiu que César lhe pagasse 300€. Maria entende nada dever a José por
considerar que a sua dívida terá ficado extinta no momento da cessão do
crédito.
a) Quid júris?
Maria é devedora do preço de 400€ e, portanto, José é o credor de 400€.
A obrigação é de pagar o preço.
Se formos pela dação em cumprimento a resposta é uma, se formos pela dação em função do
cumprimento a resposta é outra.

A maria era credora de césar e cede o crédito a José, e cedendo este crédito é como se o José
ocupasse o lugar de maria. Temos uma cessão de crédito, artg. 840º/nº2.
Temos duas hipóteses- a maria está efetivamente a realizar prestação diferente com o
consentimento do devedor:
1) quer extinguir de imediato a obrigação e se assim for temos uma dação em
cumprimento, artg. 837º;
2) quer facilitar o cumprimento e aqui temos uma dação em função do cumprimento.

Se ela quer extinguir de imediato a obrigação, temos (1) uma dação em cumprimento.
Se quis facilitar o cumprimento temos uma (2) dação em função do cumprimento.

Temos de interpretar a vontade das partes e a lei ajuda no artg. 849º/nº2 que tem duas
presunções iuris tantum.
E a que nos interessa aqui é a cessão de crédito que configura uma dação em função do
cumprimento.
E se esta presunção não for afastada, temos efetivamente (2) uma dação em função do
cumprimento.
Se for afastada, as partes dizem expressamente, temos (1) uma dação em cumprimento.

(2) DEFC: quando houve a cessão de crédito, a obrigação de pagar o crédito, a obrigação de
pagar os 400 euros não se extingue, apenas se extingue no momento em que o José cobrar a
César e, se e na medida em que, o César pagar a José.
No nosso enunciado, efetivamente, César só pagou 300€.

Quanto deve a maria? A maria deve 100€. A sua divida era de 400€ e, só vai ficar extinta na
medida em que o credor consiga cobrar o credito, e este só cobrou 300€, faltando 100€.
Se o credor, José, eventualmente, cobrasse os 500€, tinha de entregar à maria os 100€, devido
ao enriquecimento sem causa.
• Há quem entenda que temos um mandato no interesse de ambos, na dação em função
do cumprimento. É um mandato no interesse de ambos, quer do mandante, que é a
Maria, quer do mandatário, que é o José. O José está encarregado de entregar o preço.
O José vai ter de restituir, enriquecimento sem causa.

A obrigação só fica extinta em 300€, faltam ainda 100€. E é a maria que tem de pagar 100€ ao
José.

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Quem suporta o risco de o césar não pagar? Quem suporta o risco da insolvência de César é a
Maria, artg. 587º (o artg. 840º diz “se e na medida em que” remissão para o artg. 587º).
Suponhamos: o José não conseguiu cobrar nada a césar. A maria devia os 400€.

Se tivermos (1) uma dação em cumprimento


Se interpretarmos a vontade das partes, afastando a presunção do artg. 840º/nº2.
Se entendermos que temos uma (1) DEC, a obrigação extinguiu de imediato quando ocorreu a
cessão de créditos, assim sendo, a Maria nada deve e assim sendo quem suporta o risco de o
César nada pagar, é o José.
O José não pode exigir os 100€ à maria porque a divida já está extinta. Se a cessão configurar
uma dação em cumprimento, quem suporta o incumprimento do César é o José.
No limite quem assume o risco de insolvência do César, é o José.

b) Poderia José pedir o pagamento da dívida antes de procurar cobrar o crédito


cedido?
Faz sentido se considerarmos que na alínea a) temos uma (2) DEFC, o José fica titular de dois
créditos, porque a divida não se extingue.
Ele pode exigir de Maria os 400€ e tem um credito de 500€ de César.
Uma vez que o credor é mandatado para cobrar o credito, faz sentido que José primeiro
interpele César e, só na medida de frustração dessa interpelação, é que poderá
acionar\interpelar Maria.
Há um mandato no interesse de ambos, fala-se numa relação de fidúcia ou confiança que se
estabelece entre ambos (maria e José).

3- Na data de cumprimento, no domicílio de Bernardo, de uma dívida (entrega de


uma antiguidade), Abel não o pôde fazer por ausência em parte incerta do
comprador. Abel procedeu então a uma consignação em depósito. Ao regressar
do seu paradeiro, Bernardo veio ao processo declarar que aceitava a
consignação. Abel quer, contudo, revogar o seu ato, reclamando do depositário
ad hoc a entrega da antiguidade. Poderá fazê-lo? Quid juris?

Abel é o devedor de uma entrega de uma antiguidade. Bernardo é o credor. Bernardo veio ao
processo declarar que aceitava – há uma declaração de aceitação da consignação.
Abel quer revogar a consignação e no fundo quer exigir ao depositário que lhe restitua a
antiguidade. Pode revogar a consignação?

Noção de consignação em deposito, temos o devedor da entrega da antiguidade, a depositar a


coisa devida (que é objeto da obrigação) por uma razão situada na esfera de Abel, porque este
está em parte incerta.
Há aqui direito ao cumprimento por parte de Abel, artg. 840º, por isso temos a figura da
consignação em deposito, dizer os pressupostos, só pode ser feita por via judicial e há um
processo especial para o efeito. O Bernardo veio ao processo aceitar a consignação, se por um
lado, o devedor tem o direito ao arrependimento (de revogar a consignação previsto no artg.
845º e, portanto, exigir a depositar a entrega da coisa) este direito de revogação extingue-se se
ocorrer uma de duas circunstancias:

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• o credor vier ao processo declarar que aceita, o direito de revogação extingue-se, mas;
• também se extingue através do reconhecimento da validade da consignação por
sentença transitada em julgado.
E basta uma das hipóteses do artg. 845º para se extinguir o direito de revogação.
Por isso, Abel não pode revogar porque o seu direito já se extinguiu artg. 845/nº2.

Não podendo haver revogação, será tutelado Bernardo no caso de a


antiguidade perecer no incêndio fortuito que ocorreu no local do depósito?

Transferência do risco?
Tem que ver com o momento do depósito, que é o momento da extinção da obrigação.

O risco transfere-se para o credor no momento/ na data em que a obrigação se extinguiu.


Para que a obrigação de considere extinta, artg. 846º, o credor tem de ir ao processo declarar
que aceita a consignação ou a consignação tem de ser declarada valida por sentença.
Neste caso houve uma declaração de aceitação e isto extingue a obrigação. E esta declaração
de aceitação vai retroagir ao momento do deposito. E por isso é neste momento do deposito
que a sua obrigação ficou extinta.

O incendio, qualquer evento que ocorra depois, é suportado pelo credor.


Em termos práticos o credor tem de pagar o preço e não tem de pagar uma indeminização.
O Bernardo fica sem a coisa, mas tem de pagar o preço.

4- Abel, em maio de 2016, ficou alojado num Hotel pertencente a Luís. Em


consequência, Abel ficou devedor de 200€. Na primeira semana de agosto,
Abel, pintor nas horas vagas, vendeu a Luís, por 300€, uma das suas pinturas.
Ficou acordado que o preço seria pago até 30 desse mês. Em meados de
setembro, Abel escreveu a Luís dizendo-lhe que a dívida de maio estava extinta
e que Luís lhe devia 100€. Em resposta, Luís informa Abel que, em junho, tinha
sido penhorado por Miguel (seu credor) o crédito sobre Abel.
a) Quid juris?

Abel ficou em maio de 2016 hospedado num hotel de luís. Ficou devedor de 200€ (Abel devedor
e Luís credor) – 1ª obrigação.
Abel vendeu a Luís um quadro, no preço de 300€ (Abel credor, Luís devedor).
O preço seria pago até 30 de agosto de 2016 – 2ª obrigação.
Em 15 setembro, o Abel escreveu a Luís a dizer que a divida de 15 de maio estava extinta e que
Luís apenas lhe devia apenas 100€ (aqui está a fazer uma declaração de compensação – como
há uma reciprocidade de créditos e dividas, qualquer um deles pode lançar mão da
compensação, e pode ser compensante).

O enunciado diz-nos que é o Abel que lança mão da compensação, logo vamos classificar a
divida de Abel:
O Abel quer extinguir a 1ª obrigação, lançando mão do credito.
A 2ª obrigação, são o contracréditos ou credito ativa.
A 1º obrigação corresponde à obrigação que vai ser extinta, é o credito passivo ou principal.

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Desde logo pressupomos que há uma declaração de compensação de uma parte à outra, porque
a compensação não funciona automaticamente. E a necessidade de haver essa declaração está
no artg. 848º.
Depois temos os pressupostos positivos e negativos.

Pressupostos positivos:

1) Primeiro, tem de haver uma reciprocidade de créditos e de dividas - o A é devedor de Luís,


mas também é credor de Luís, há uma reciprocidade. O Abel é credor do seu credor.
E o Luís é devedor do seu devedor, artg. 847/nº1 proémio.
2) Segundo, tem que ver com a fungibilidade das obrigações - há fungibilidade e
homogeneidades das obrigações, artg. 847/nº1, b), que diz respeito a ambos os créditos.
Há porque é em dinheiro.
3) Terceiro, o credito ativo tem de ser válido e ser judicialmente exigível, artg. 847/nº1, a) -
ser o seu crédito, o de Abel, em 15 de setembro ele já podia exigir o pagamento do quadro,
por isso é exigível e já é vencido.
4) Quarto, tem a ver com o credito principal, apenas se exige que seja valido e que exista-
vamos pressupor que ele existe e que é valido, já que o enunciado nada diz.

Pressupostos negativos:

Miguel é credor de Luís. E o Miguel em junho de 2016 penhorou o crédito principal, e, portanto,
este credito foi objeto de penhora, incide uma penhora feita por Miguel.

Se aceitarmos a compensação, este credito extingue-se e a penhora fica sem efeito porque o
seu objeto desaparece. E para proteger o Miguel, não podemos aceitar a compensação, mas
desde que o artg. 853/nº2, 1ª parte.

O direito de Miguel nasceu em junho de 2016, mas também temos de ver a data em que os
créditos se tornaram compensáveis (data em que se preenchem os pressupostos da declaração).

No caso, o Abel pode lançar mão da compensação a partir do momento em que o contra crédito
se vence, para extinguir uma obrigação.
Junho de 2016 foi antes de 30 de agosto, então quem merece proteção é o Miguel em
detrimento do Abel.
O Abel não pode lançar mão da compensação porque temos de proteger o Miguel.

b) E se o quadro tivesse sido vendido a um filho de Luís?

Tem um credito sobre uma outra pessoa, tem um credito sobre um terceiro. Dizer que tem um
credito sobre o filho do luís, é só para confundir.
Significa que, tem um credito com outra pessoa (é um terceiro), que não é sua credora.

Abel ficou em maio de 2016 hospedado num hotel de Luís. Ficou devedor de 200€ (Abel devedor
e Luís credor) - 1ª obrigação.
Abel vendeu a João, filho de Luís um quadro, no preço de 300€ (Abel credor, Luís devedor), o
preço seria pago até 30 de agosto de 2016 – 2ª obrigação.

Olhando para o caso, não é essa a hipótese.


Resposta: 847/nº1- Abel declarante. Esta a usar um credito seu. Ele esta a usar um credito
contra o seu terceiro, não é possível, não há reciprocidade, falha o pressuposto no âmbito do

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artg. 851/nº2, 1ª parte, a não ser que se trate de uma hipótese do artigo 585º (remissão), que
é uma exceção a esse pressuposto, o qual pode usar um credito seu contra um terceiro.
• Falta a reciprocidade dos créditos artg. 847/nº1 proemio - O artg. 851º/nº2, 2ª parte,
concretiza este requisito da reciprocidade. “Créditos seus contra o seu credor”, logo,
não é possível.

A não ser na hipótese do artg. 585º, ele pode usar um credito seu contra terceiro.

Hipótese artg. 585º


Tínhamos de colocar o João como credor principal/ inicial na obrigação dos 200€, e ter cedido
o seu crédito ao Luís (quando cedeu cessa a relação obrigacional).

Já não estava na 1ª obrigação, não é credor, mas já foi credor, e como já foi credor a lei
permite ao Abel invocar a compensação.
Aqui o João não é credor, mas já foi credor, e por isso a lei permite ao Abel de invocar a
compensação.
Embora seja uma situação em que não haja reciprocidade, ela já existiu anteriormente.

5- Abel está obrigado a pagar 25.000,00€ a César, sendo a data do vencimento o


dia 10 de novembro deste ano. Devedor e credor acordaram, entretanto, que
o quantitativo em dívida possa ser pago no dia 1 de janeiro do próximo ano.

a) Estaremos perante uma novação objetiva?

Não estamos perante uma novação objetiva, artg. 857º, porque há uma mera modificação da
obrigação.

Temos aqui uma moratória, modificação quanto ao prazo de cumprimento.


Para termos uma novação objetiva precisamos de uma moratória expressa, e a obrigação de
entregar os 25 mil euros fica-se extinta através da constituição de uma nova obrigação.
Nova porque tem um objeto diferente ou, porque tem uma causa diferente, o que não é o caso.
A obrigação mantem-se apenas alterada nos seus elementos acessórios, mais concretamente
no prazo ou no seu cumprimento.
Resposta: não estamos perante uma novação objetiva.

b) E no caso de ambos terem extinguido a dívida pecuniária, ficando Abel


obrigado a fazer um projeto da moradia que irá ser construída por César?

Há uma novação objetiva, e é preciso termos:

1) Primeiro, uma declaração novatória expressa, artg. 859º;


2) Segundo, é preciso que as partes tenham querido extinguir a obrigação e que
tenham constituído uma nova obrigação distinta da anterior porque tem um
objeto diferente ou uma causa diferente. - Aqui tem um objeto diferente, em vez
de entregar a quantia em dinheiro, vai realizar um projeto de arquitetura. E é uma
obrigação distinta nos seus elementos essenciais (objeto e causa).

Desde que verificados estes pressupostos teremos uma novação objetiva que é causa de
extinção da obrigação.

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c) O que acontecerá a este acordo no caso de vir a ser declarada nula a dívida
que foi extinta?
A obrigação primitiva de entregar os 25 mil euros é declarada nula.
E depois temos a nova obrigação que é o projeto.

Se a obrigação que esteve na origem na constituição de uma nova obrigação, temos o artg.
860º/nº1 que se refere à primeira obrigação.
Se a obrigação que estava na origem da nova obrigação é nula, esta ultima fica sem efeito.

Hipótese 1: já realizou o projeto - pode o Abel exigir de César a restituição do projeto nos termos
do enriquecimento sem causa.

Hipótese 2: se não realizou o projeto - pode o Abel recusar a realizá-lo legitimamente sem que
daí decorram consequências jurídicas para si.

6- Em documento particular, assinado por Camilo, credor de Pedro, foi declarado


que Pedro não deve a Camilo 500€. Noutro documento, assinado por ambos,
Camilo declara prescindir de cobrar uma dívida de Pedro, no montante de 600€
e garantida pelo fiador Alberto.

Estaremos perante remissões?


1º hipótese - Documento em que o Camilo declare que o Pedro nada lhe deve.
Pode ter vários sentidos: (1) nada lhe deve porque já pagou; (2) não lhe deve porque lhe
perdoou; (3) não lhe deve porque nunca deveu.
Esta declaração é considerada pela doutrina um reconhecimento negativo de divida, ou seja,
não está a fazer uma declaração de remissão, independentemente de haver acordo ou não.

2º Hipótese - Documento, parece que sim, temos um acordo.


A remissão tem carater contratual e parece que camilo efetivamente parece estar a remitir a
divida de pedro.
Sendo uma remissão, a divida de pedro fica extinta, por outro lado, o credor perde
definitivamente o seu credito. E aqui poderíamos referir que como temos um fiador (Alberto),
o que acontece à fiança?
• Por um lado, o artg. 866/nº1, a remissão aproveita a terceiros, e o fiador é um terceiro.
Artg. 651º: quando a divida está extinta a fiança também se extingue. Ora se a remissão
é uma causa de extinção da obrigação, então a fiança também se extingue.
• Mas como está em causa uma remissão poderíamos questionar o caracter pessoal da
remissão. A remissão aproveita também a terceiros, o fiador, e não apenas ao devedor.
Por isso a fiança vai-se extinguir com este duplo fundamento.

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7- Miguel ficou a dever ao seu pai 600€. À morte do pai, Miguel, único herdeiro,
sucedeu na herança do pai.

a) A sua dívida ficou extinta?

Depende, se repugna ou aceita a herança, artg. 872º.

Parece ser um caso de confusão, artg. 868º


Definição, na pessoa do Miguel por força da sucessão vão se reunir simultaneamente a posição
de credor e devedor.
Já era devedor e passa a ser também credor. Temos uma causa de extinção da obrigação.
Mas é preciso que não haja separação patrimonial do património do Pedro e da herança, artg.
872º.
É preciso que a divida e o credito não pertençam a patrimónios diferentes e isso acontecerá,
se o Miguel não tiver aceitado a herança a titulo de inventário. Porque se assim foi vai-se mesmo
separar ambos patrimónios.

b) E se o crédito garantisse uma dívida de Artur a Samuel?

Credito (do pai a favor de Miguel) serviu de garantia de uma divida que Artur tinha perante
Samuel. O pai de Miguel vai garantir (penhor) um divida de terceiro (Artur).
Se o crédito se extinguir por confusão, o que acontece à garantia que Samuel beneficia?

Se Artur não pagar, S executa esta garantia, vai exigir do Miguel o cumprimento da obrigação.
Se a obrigação ficou extinta, o Samuel, se o Artur não pagar, não pode exercer esta garantia
contra Miguel. Mas a confusão não pode prejudicar terceiro, artg. 871/nº1.

Artg. 871/nº2: se houver a favor de Samuel, porque ele tem penhor sob o credito, o crédito
subsiste, não obstante da confusão.

Vamos supor que a divida de Artur e Samuel é de 100€, e a garantia era de 600€. A obrigação
extingue-se na medida de 500€, para sobrar 100€ para o Samuel.

c) Quid júris no caso de Miguel ter adquirido o crédito por testamento e este
vir a ser declarado nulo?

Testamento declarado nulo

Vamos supor que temos uma herança por sucessão testamentada.


Uma causa de confusão que é um negocio jurídico, e quando declarada nula, a causa de
confusão, o que vai acontecer?
Há situação de sucessão da confusão. Artg. 873º: se a causa da cessação da confusão, for
anterior, temos a invalidade do testamento, porque é anterior a própria confusão.
A causa cessação é anterior a confusão?
Vai renascer a obrigação com os seus acessórios.
Se houver 3ºs garantes?
Nº2, salvo se a invalidade for imputada ao credor. Renasce as garantias, salvo (…), artg.
873/nº2

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8- Artur, arrendatário de Berto, deve as rendas dos meses de janeiro e fevereiro


de 2012. Berto veio, entretanto, a intentar uma ação condenatória, tendo Artur
sido citado em maio de 2017.

a) Estaria a dívida prescrita?


Contrato de arrendamento celebrado entre A e B. o A é o arrendatário e B o senhorio. Temos
aqui em causa o mês de janeiro de 2012 e fevereiro que não são pagos.
Maio de 2017, a citação de A.

A divida relativa as rendas de janeiro e fevereiro, esta prescrita? Temos de saber o prazo,
quando se começa a contar, e quando se suspense ou interrompe o prazo.

O prazo aqui, a prescrição, temos o prazo ordinário e especial.


Aqui interessa o prazo 5 anos, artg. 310º/al, b) (= 5 anos). Aqui interessa a renda devida pelo
locatário, contrato de arrendamento de um imóvel. Vamos começar a contar, supondo que era
até ao dia 8, suspende a renda de janeiro em 8/1/2017, e a de fevereiro, 8/2/2017.

Quando foi citado A? Maio 2017. Seria em janeiro e fevereiro de 2017. Já estão prescritas?
Sim, porque o prazo ordinário é de 5 anos, e somando, a citação interrompe a prescrição, mas
no nosso caso aconteceu tarde de mais. Porque interrompe? Porque é o que diz o 323º/nº1.

Artg. 306º/nº2: o prazo de prescrição começa a decorrer quando o credor (…) vencimento
pode exigir.

b) Qual a influência sobre o prazo de prescrição no caso de Artur, em


dezembro de 2012, ter oferecido uma garantia a Berto?
Em dezembro, temos aqui uma garantia. Quem a presta? O devedor perante o credor.
Tem interesse em dezembro? O que interrompe a prescrição é a citação ou o conhecimento
da divida. E esta ultima pode ser expressa ou tácito.
E para haver reconhecimento tem de ser o próprio devedor perante o credor, artg. 325º/
nº2: o reconhecimento pode ser tácito. O cumprimento de garantias parece substanciar o
reconhecimento tácito. O facto que inequivocamente exprime o reconhecimento tácito.
Eficácia interruptiva - Efeito da imputação, artg. 326/nº1, começamos a contar em dezembro
no ponto 0, 12/2012 + 5 anos = 12/2017.

Artg. 326/nº1: recomeçar a contagem do prazo no ponto zero, 12/2012+ 5 anos. No momento
da citação a divida ainda não estava prescrita. Quando ele é citado em maio de 2017, a divida
ainda não estava prescrita. Aqui temos um novo facto interruptivo.

c) Quid júris no caso de Artur ter pago em março de 2017 depois de ter
invocado a prescrição, mas sem saber que podia não ter pago?
Questão da divida natural, artg. 327º - só recomeça a contar quando há decisão transitada em
julgado, pois se o processo demorar em 20 anos, “foi-se”.

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CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA - II

DA TEORIA GERAL DO CUMPRIMENTO

1- Abel, devedor capaz, cumpriu uma obrigação existente para com Raul,
entregando-lhe um móvel pertencente a Serafim. Quer Abel, quer Raul
desconheciam que o objeto pertencia a Serafim. Pode haver impugnação do
cumprimento?
Situação de entrega (e não venda) de bem alheio.
Abel Esta a cumprir com a sua obrigação. Aplicamos o artg. 765º/nº1?
Qual dos números – pode haver impugnação do cumprimento?
Nº1, o credor pode impugnar porque esta de boa fé. Até pode cumular essa impugnação com
a indemnização pelos danos sofridos.

Quanto ao desconhecimento, podemos perguntar se basta desconhecer ou é preciso saber


que esse desconhecimento seja não culposo?
Quanto ao devedor- pode impugnar ou não cumprimento, quer ele esteja ou não de má fé?
Artg. 765º/nº2: o devedor ao cumprir, e não na celebração do contrato, entrega coisa alheia
objeto do c/v, igual à coisa que foi objeta do contrato. O que diz o artigo?
• Quando assim for, o devedor não pode impugnar, seja por erro ou intencionalmente, o
ato de cumprimento. A não ser que, quando esteja a impugnar, lhe diga que era
entrega de coisa alheia, e que ofereça uma nova prestação.

Resposta: sim, pode impugnar, desde que ele entregue o móvel que foi efetivamente objeto
do C/V, móvel pertence dele, a Abel. Pois aqui está a cumprir com a coisa “sua”, coisa devida.
Está a cumprir com a sua obrigação.
Isto é um caso em que não há venda alheia.

2- Supondo que Abel devia uma coisa fungível, a obrigação foi, contra a sua
vontade, cumprida por César, que conhecia a dívida de Abel, não tendo ele
qualquer interesse no cumprimento. Poderia Raul recusar recebê-la sem entrar
em mora do credor?
O Raúl será que pode recusar? Pode recusar. Aqui, o que esta em causa é quem é que pode
recusar a prestação (legitimidade passiva do cumprimento)

Pp geral, - a prestação pode ser realizada tanto pelo devedor, como por terceiro, artgs.
767/nº1 + 768º.
O credor não pode recusar, nos termos do artg. 768º/nº1, sob pena de incorrer em mora do
credor, artg. 813º.

Fungibilidade - pode ser realizada pelo devedor, ou terceiro.


Isto quer dizer que, o credor não pode recusar ceder a prestação sob pena de incorrer em
mora do credor, artg. 768/nº1.
No entanto, excecionalmente, a lei permite ao credor recusar o cumprimento/prestação por
3º, sem incorrer em mora do credor, no caso do Nº2: devedor que se oponha, e o terceiro que
não possa ficar sub-rogado nos termos do artg. 592º.

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Parece estar a dizer que não é uma hipótese do artg. 592º- então, pode recusar? Porque o
devedor se opõe, e o terceiro não pode ficar legalmente sub-rogado nos termos do artg. 592º -
sem incorrer em mora do credor.
Resposta: sim, pode recusar, sem incorrer em mora do credor.

3- Suponha que Raul estava ausente, tendo o objeto sido entregue a Pedro, seu
vizinho e não tendo este quaisquer poderes para o receber. Terá Abel de
cumprir novamente?
Não era representante voluntario.

Legitimidade ativa para o cumprimento, perante quem deve ser prestada a prestação?
Artg. 769º: a prestação só pode ser realizada ao credor ou ao seu representante.
Não tem representante, artg. 770º proemio – cumprimento feita ao terceiro não extingue a
obrigação.
Abel vai ter de cumprir novamente, agora perante o credor ou seu representante.
Exceção ao artg. 770º - al b) + 464º (gestão de negócios, artg. 368/nº2): necessidade da
ratificação do credor ou; quando paga mal, ao pedro, poderá pedir a restituição daquilo foi
prestado.

4- Francisco, fabricante de sapatos na cidade do Porto, vendeu a Tomé 20 pares


de sapatos de homem (nº 42), de um modelo especial, ficando estipulado como
lugar do cumprimento do vendedor a sua fábrica.

a) Onde deve Tomé pagar o preço?

lugar do cumprimento - artigos 772º/nº1


Verficar se convencionado ou estipulado algum lugar especifico.
A estiupulaçao das partes pode ser expressa ou tacita (decorre da natureza da propria
prestaçao,exemplo, se A contra B, reparar o terraçao da casa, é na casa do A, do credor.)

Lugar de cumprimento- domicilio do devedor (vendedor) da entrega dos sapatos. Diferente da


obrigação de pagar o preço
Resposta: Tomé deve realizar o pagamento na fábrica do vendedor (devedor).

Resposta da aula:
Artg. 885/nº1 – deveria ser pago no lugar da entrega dos sapatos.
• Nomra supletiva especial: se é na fabrica, o comprador tem que se deslocar à fabrica
- divida de deslocaçao.

b) Não havendo estipulação, onde deveriam ser entregues os sapatos?

Nao havendo estiupalaçao, temos de ir a lei.

Temos dois tipos de normas supletivas na lei:

Especiais: ir às normas supletivas especiais, por exemplo, (remissoes), C/V, artg. 885º, locaçao
artg. 1039/nº1; deposito artg. 1195º; empreitada, artg. 1211/nº2; Sucessão, artg. 2270º
(cumprimento de um legado, sucessao testamentaria).

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Normas Gerais: entrega de coisa movel, artg. 773º ; obrigações pecuniarias, artg. 774º (ao
tempo do que? do cumprimento).

Restantes casos: nao havendo especial ou geral, temos o pp geral - o cumprimento da


obrigaçao é no local do domicilio do devedor, ou seja, temos aqui um manifestaçao de favori
creditoris, é editada precisamente por esta ideia de favorecer o devedor.

a. Onde é que pode ser cumprida a obrigaçao?


Lugar de domicio do credor - dá- se o nome de obrigaçao de entrega (deslocar para o
domicio do credor), para o prof BP, Leitão Menezes.
b. Lugar de domicilio do devedor - dá- se o nome de obrigaçao de procura (o credor
tem de procurar a coisa no domicilio do devedor, o credor tem de se deslocar).
c. Lugar do transportador - (ou expedidor) obrigaçoes de remessa ou de envio simples,
e se se convencionar que é no lugar do transportador, é remessa ou envio simples.
Artg. 797º - o risco transfere-se quando se entrega ao transportador.
d. Transportador (credor) - se for no domiciolio do credor, chama-se remessa/ envio
qualificada. Artg. 797º, al c) e d): cumpre-se quando se entrega.
Quando se convenciona que só ha cumprimento quando o transportador entrega ao
credor, o risco transfere-se quando o transportador entrega ao credor.

Artg. 775º (credor) e artg. 772º/nº2 (devedor) - deveres laterais de aviso, de boa fé, em
qualquer um deles.

Resposta:
Norma especial: c/v, artg. 885º/nº1 – o artg. fala da obrigação de pagar o preço, e o caso fala
da obrigação da entregar dos sapatos, nao podemos recorrer a esta norma especial.

Norma Geral: entrega de coisa movel, artg. 773º/nº1 – deve ter lugar onde a coisa se
encontrava ao tempo da conclusão do negócio. Nao faz sentido aplicar este artigo, pois os
sapatos ainda nao tinham sido fabricados, quando foram encomendados.
Mas temos o artg. 773/nº2 “coisa generica que deva ser escolhida num conjunto
determinado ou de coisa que deva ser produzida em certo lugar.

Resposta da aula:
Nao haveno estipulação, aplicamos o artg. 773º/nº2: pois esta em causa entrega de coisas
genericas limitados/ determinados, pelo que, por força deste artg, esta prestaçao deveria
tambem ser realizada na fabrica de Francisco, artg. 773/nº1 e 2.

c) Sendo o preço pago posteriormente à entrega, pode Tomé cumprir no


lugar do surgimento da obrigação?
Havendo falta de estipulação:
Artg. 885º/nº1 - norma supletiva especial, Tomé deve pagar o preço no momento em que o
vendedor entregar os sapatos, entrega essa que tem lugar no domicílio do vendedor (artg.
773º/nº1 e 2), e nao no lugar do surgimento da obrigação. -> mas isto é no momento da
entrega.

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Pagamento posterior à entrega – artg. 885/nº2


Para o preço ser pago posteriormente, sem incorrer em mora de devedor, deve ser estipulado
ou por força de uso, e nesse caso o preço deverá ser pago no lugar de domicilio do credor que
o tiver ao tempo do cumprimento, e nao no lugar do surgimento da obrigaçao.

d) De que modo deve cumprir Francisco, caso tenha que enviar (“dívida de
mero envio”) para Faro 100 pares de sandálias de certo modelo?
Lugar do transportador - (ou expedidor) obrigaçoes de remessa ou de envio simples.
Quando se convencionar que é no lugar do transportador, é remessa ou envio simples.
Artg. 797º - o risco transfere-se quando se entrega ao transportador.

Resposta: Francisco cumpre a sua obrigação, no momento que entregar os 100 pares de
sandálias no lugar transportador.

5- Num mesmo documento, António, dono de uma loja de produtos agrícolas,


vinculou-se perante Francisco ao (i) empréstimo de uma motosserra, logo que
chegasse de férias, a (ii) entregar-lhe, em certa data, adubo para o seu relvado
e (iii), logo que pudesse, a entregar-lhe 20 bolbos de roseiras brancas.
Identifique, na primeira hipótese, o momento em que se torna exigível o
cumprimento da obrigação, diga, na segunda, se foi estabelecido um prazo
essencial absolutamente fixo e, na terceira, o que acontece caso António faleça
repentinamente sem ter cumprido.
Primeira Questão:
Em que momento se torna exigível o cumprimento da obrigação?
Tipo de obrigação – um prazo/termo incerto, e, portanto, em que momento el tem de
cumprir? Não precisa de interpelação, em pp.

Quando chegar de ferias, tem de logo cumprir.


Facto na esfera de António, não é preciso do credor interpela-lo, pois ele sabe quando ele
chega de ferias. Não há essa necessidade de interpelação (apenas há quando apenas o credor
tenha conhecimento do facto), sob pena do devedor incorrer em mora do devedor.

Segunda Questão:
Prazo essencial absolutamente fixo?
Entregar em certa data, não parece pela natureza da prestação ser um termo essencial
absoluto. É um termo certo, mas quanto a essencialidade parecer ser relativo, o que quer dizer
se ele não cumprir na data inicial, há ainda interesse no credor do cumprimento tardio, e
apenas incorrera em mora do devedor.

Terceira Questão:
No caso que faleça António sem cumprir – temos uma obrigação, “cum potuerit” artg.
778/nº1: o credor pode exigir o cumprimento dos seus herdeiros, sem ter de demonstrar que
é (…)
Si volerit – cumpre se quiser.

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6- Em 1 de fevereiro de 2016, Artur emprestou gratuitamente a Júlio 1.200€.


Ficou acordado que o reembolso seria processado em três prestações anuais
de 400€ e que a primeira seria efetuada em 1 de fevereiro de 2017. Para
garantia do reembolso, Júlio prestou uma garantia hipotecária. Em meados
de 2016, um incêndio fortuito destrói praticamente o imóvel hipotecado.
Nessa altura, chegam ao conhecimento de Artur rumores sobre uma possível
insolvência de Júlio. O que deve fazer Artur?
Mutuo gratuito (e não oneroso).

1,200 euros – no dia 1/02/2016- em 3 prestações anuais de 400 euros.

Primeira prestação - 1/02/2017

Júlio – hipoteca sobre um bem dele

Um incendio furtuito destrói o bem hipotecado.

Incendido + rumores de insolvência na mesma altura.

Artur- a insolvência tem de ser atual e efetiva, não tem de ser judicialmente declarada, os
artgs. 780º e 781º não se aplicam.

Incendio- diminuição da garantia prestada


Não é imputável ao devedor, artg. 701º: hipoteca.
E como o incendio não é imputável ao credor, ele vai ser protegido.
1º exigir o reforço das garantias, na sua falta, pode exigir de imediato o cumprimento da
obrigação da primeira ou todas as prestações?
Prof acha a primeira. Perda do beneficio do prazo em favor do devedor, e essa exigibilidade
antecipada da prestação, configura uma perda do beneficio do prazo. Porque o devedor
beneficia do prazo? Artg. 779º por força deste artigo.
Se fosse mutuo oneroso? Beneficiava do prazo, artg. 1147º, são ambos.

Outra hipótese, seria o credor nada fizer e esperar que se vencesse a primeira prestação.
Aqui, se a primeira não é paga, nos termos do artg. 781º, podia exigir de imediato as restantes.
Ou seja, exigir de imediato os 800 euros. A doutrina dominante, entende que é uma
exigibilidade imediata.

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7- Em 1 de outubro de 2014, Jorge, comerciante de materiais de construção,


vendeu e entregou a Leonardo, agricultor, produtos no valor de 1.000€. Foi
passada uma fatura com a mesma data, devendo o preço ser pago passados 30
dias. Em 2015, Leonardo telefonou a Jorge, manifestando vontade de pagar a
dívida. Em 1 de novembro de 2016, Jorge veio reclamar em tribunal o
pagamento dos 1.000€ e dos juros de mora. Leonardo invoca a prescrição. Quid
júris?
Jorge comerciante; e Leo agricultor.

Preço vendidos a um comerciante a um não comerciantes – artg. 317º, b), 1000 euros.
2 anos.

Mora do devedor - 31/10/2014 (tinha 30 dias para pagar)


Prescrição extintiva ou liberatória – 20 anos, artg. 309º.
Prescrição presuntiva – 2 anos, artg. 317º/ al b).
Juros de mora – 1/11/2014
Artg. 310/ d): 5 anos, para haver prescrição extintiva relativamente aos juros da obrigação.
Apenas os juros prescrevem.
1/11/2016 - Proposta a ação. Leonardo invoca prescrição.
20 anos ainda não se completaram, só seria no dia 31/10/2034.
Prescrição presuntiva- 31/10/2016.

Prescrições Presuntivas – artgs. 312º e ss

Reconhecimento da divida – expresso ou tácito? Aqui é expresso, interrompe a prescrição,


em 2015. -> telefonema em 2015,
Começa do ponto zero. 2015 + 2 anos= 2017.

Quando a ação foi proposta, ainda não tinha passado os 2 anos.


Se considerarmos que o reconhecimento interrompeu, então naquela data a divida não estava
prescrita. Artg. 325º + 326/nº1 (começar a contar do inicio).

Questão é: podemos aplicar este artigo a presunção presuntiva as causas de interrupção ou


suspensivas? É discutível, se consideramos que sim, aplica-se, O BP ele anota, artg. 325º.

Porque a doutrina aplica estas regras? Por força do artg. 315º:


Ou consideramos que houve ou não houve interrupção.
• Se não houve interrupção, na data da propositura da ação, já estava prescrita. E tem
de dizer que cumpriu, expressamente. Eu cumpri, e invoca a prescrição.
• Se ele não disser que cumpriu, esta a praticar um ato contraditório. Se o devedor não
contradisser, dá-se como confessados. (reconhecimento tácito)

Ónus da impugnação especificada.


Quantos aos juros temos uma prescrição extintiva com prazo especial + curto, 5 anos, artg.
310º/ al g). A causa de interrupção aplica-se a todos os prazos.
Trazer a legislação‼‼ Artigo 10º da lei 23/96 de 26 de julho – prescreve no prazo de 6 anos.
Jurisprudência diverge quando a esses 6 anos se tratar de um prazo de prescrição extintiva
ou presuntiva? Serviços públicos essências - 6 meses prazo de prescrição – acórdão
uniformizador 1/2010, artg. 310º g) → prazo de prescrição extintiva.

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CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA – III

REGIME DE CUMPRIMENTO DE CERTAS OBRIGAÇÕES

1- António foi absolvido num processo de condenação intentado por Bernardo.


Dado que a absolvição foi baseada na apresentação de documentação falsa,
António quer agora cumprir a sua dívida. Como é credor de Bernardo pela
mesma importância, poderá fazer uma compensação? Não havendo
compensação, poderá António levar a cabo uma dação em cumprimento?
Primeira Questão:
Noção de obrigação natural. Absolvição da ação.
António quer cumprir a sua divida, extinguir uma obrigação natural, e quer usar um contra
credito ou credito ativo. Única informação – divida que se vai extinguir. A outra divida é civil.
Pode ou não?

Quer extinguir a sua obrigação natural, e para isso usa um contracrédito de uma divida civil.
Ao contrario não dá. Quem decide se cumpre a obrigação natural é o devedor e não credor.
Quem toma a iniciativa deve ser o devedor natural, artg. 847º/nº1, al a).
Noção Obrigação natural – 402º

Segunda Questão:
Fazer uma dação em cumprimento?
Tem se entendido que sim, desde que seja espontânea, que preencha o pressuposto do artg.
403º. Porque exige a espontaneidade esse artigo. Livre de dolo, Antunes varela, livre de vicio.
O erro não tira a espontaneidade.

2- Ana, Luís e Clara vincularam-se a pagar 600€ a Dora no regime menos favorável
à credora. Ana, demandada para o pagamento da totalidade da dívida, foi
absolvida com fundamento em coação moral. Dora dirige-se a Luís pedindo o
pagamento dos 600€. Poderá fazê-lo? Tendo sido convencionado o regime
mais favorável para Dora, que direito poderá exercer o cumpridor Luís,
sabendo-se que Dora só podia pedir a Clara a sua parte na dívida e que Ana foi
absolvida? A resposta seria a mesma no caso de Ana estar apenas insolvente?
Primeira Questão:
Ana, Luís, Clara vincularam-se de pagar a quantia 600 euros ------------------- Dora (credor)

Dora aciona ------ o pagamento da divida a Ana. Coação moral.

Dora pode acionar o pagamento de 600 euros a ------- luís?

A Ana só pode exigir 200 euros a --------- Luís

200 euros caso:


Luís pode defender- se dizendo que pode pagar apenas 200 euros, e não 600 euros.
A Ana pode pagar nada porque houve coação moral.

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Segunda Questão:
Regime da solidariedade.

Ana é absolvida. Relativamente a clara só pode pedir a sua cota na divida.

Clara – artg. 527º

Ana – coação moral

Sabemos que o Luís cumpriu. Podia invocar o caso julgado? Não pode usar o argumento dos
200 euros. Não pode porque tem um argumento pessoal, artg. 522º.

Agora o Luís, em termos de direito de regresso, artg. 524º, será que pode acionar A e C, e em
quanto?

Clara- artg. 527º: cota de C, 200 + 100 (A) = pode acionar 300 euros, por força artg. 526º.

Ana – Coação moral: não vai conseguir exercer o seu direito de regresso. O artg. 526º diz que
a cota de A, de 200, vai ser dividida pelos restantes, por L e C, ou seja, 100 e 100 euros, por
força deste artg. 516º - cota dividida proporcionalmente.

Terceira Pergunta:
Luís - suporta a sua cota 200 + 100 (A)? Artg. 526? Sim, por força do artg. 526º vai suportar +
do que a sua cota.

3- Os empreiteiros Artur, Bento e César, vincularam-se perante Daniel a construir


uma moradia para este. A obra não seria realizada por fases, de modo a caber
a cada um deles uma parte da empreitada. Em certa altura, Daniel resolveu,
com o acordo de Bento, libertá-lo do vínculo assumido, pretendendo, contudo,
que Artur e César cumpram o acordado. Quid júris?
Há muitos anos não é objeto de avaliação nem ensinada nas aulas. Antunes varela, volume I.
Obrigações indivisíveis e plurais- Parece ser por convenção e não por natureza-
fracionamento.
Mas ela é indivisível a obrigação. Aqui não é possível fracionar.
Mas se se tratasse da entrega de uma coisa divisível, todos estavam obrigados ao
cumprimento, artg. 534º

Partindo do pp que é conjunção:


1º o credor tem de interpelar todos os devedores para cumprir, judicial ou extrajudicialmente.
Mas aqui, a questão que se coloca, é o artg. 536º - temos uma remissão, (acordo) um perdão.
Não diz libertar da solidariedade. Significa que a obrigação se extinguiu relativamente a um
dos coo-devedores, ou seja, relativamente a B.
Por ser indivisível, é por causa disso que o credor vai poder exigir a totalidade da prestação aos
restantes codevedores.
Obviamente que os outros codevedores têm de cumprir, desde que o credor cumpra na
integra a sua parte. Entregue aos devedores a parte que lhe cabia ordenar, ao devedor
excluído. Tem de o credor realizar a sua prestação na integra.
Mas o enunciado diz empreiteiro, Sr. é um comerciante, logo, temos uma divida comercial.
Artg. 100º CComercial, solidariedade + Artg. 933º/nº1, 1ª parte.

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4- Em 3 de outubro de 2016, Abel, produtor de vinho, ficou obrigado a entregar


a Camilo 1.000 litros de vinho tinto. Ficou estipulado que o lugar de
cumprimento seria a quinta de Abel e que este colocaria o vinho à disposição
de Camilo em certa data a combinar. Logo que separou os 1.000 litros, Abel
comunicou a Camilo que o deveria levantar no dia 15. Camilo não veio buscar
o vinho e no dia 17 um incêndio fortuito destrói os 1.000 litros. Terá Abel de
preparar outros 1.000 litros? E se o incêndio tivesse ocorrido antes de 15 de
outubro, desaparecendo todo o vinho tinto de Abel?
Primeira Questão
Obrigação genéricas – noção
Suposição: se só estava interessado no vinho daquele devedor – de género limitado.
Se qualquer vinho servia – género puro ou ilimitado.

Concentração: é o credor que tem se deslocar à quinta de Abel – divida de procura ou de


colocação. O devedor cumpriu a obrigação e comunicou.

Acordo das partes: ou se entende que as partes convencionaram que bastava a separação
para haver concentração, ou será preciso cumprimento?
Artg. 541º (primeira causa da concentração) – não interessa o que foi acordado, porque no
dia 15 cobrou à disposição. No dia 15 já tinha havido concentração e o incendio foi dia 17 –
com a concentração, a obrigação passa de genérica a especifica, e há transferência do direito
real, artg. 796/nº1: quem suporta o risco é o credor, o devedor não tem de entregar o vinho,
artg. 408/nº2. Mas o credor tem de pagar o preço.

Artg. 813º temos mora do credor – também é uma causa de concentração, mas ocorre depois
de haver concentração.
Pp da integralidade, se o devedor quiser realizar a prestação na integra, o credor não pode
recusar, artg.763/nº2, sob pena de mora do devedor.
Codevedor – cognição em deposito.

Segunda Questão:
Artg. 540º: se o incendio furtuito, tivesse ocorrido antes da concentração

Obrigação de género ilimitado – uma vez que o incendio foi antes da concentração.
Artg. 540º: diz que a obrigação de Abel de entregar os 1000 litros não se extingue, logo ainda
esta obrigado a entrega-los. (pode ser sob)

Se for obrigação de género limitado- ele não esta interessado no vinho de mais nenhum
produtor, logo, extingue-se a obrigação e não tem de entregar os 1000 litros. (indivisível)

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5- Por contrato celebrado, em 2012, entre António e Berto, este ficou obrigado a
pagar ao primeiro 1.000€. O cumprimento ocorreria em meados de 2016.
Poderia António exigir uma atualização da obrigação, tendo em conta a
desvalorização da moeda ocorrida entre 2012 e 2016? Suponha que António
emprestou a Ricardo 4.000€, por cinco anos, com juros anuais de 8% e sem
prestação de qualquer garantia. Mutuante e mutuário acordaram que os juros
que não fossem pagos no termo de cada ano seriam imediatamente
capitalizados. É válida esta estipulação?
Primeira Questão:
Obrigação pecuniária – noção + de soma ou de qualidade – noção.
Pp nominalista, artg. 550º - a não ser que haja acordo de correção de moratória.

Segunda Questão:
Mutuo – coisa fungível: neste caso é oneroso – juros.
Comodato – coisa infungível
Juros de 8%
Capitalização.

Obrigação de juros, artg. 559º - A: não há garantia, logo o limite é de 5% + juros legais, artg.
559/nº1 – Portaria 291/2013 – 4%
Logo, 4% + 5% = 9%

A outra clausula tem que ver com o anatocismo: não pode haver concentração antecipada,
tem que ser clausula estipulada do vencimento.

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Resolução de Mini testes


1º Teste de 26 /10/2016

Grupo I
a)

Miguel é devedor de João de 120€ (responsabilidade civil extracontratual – negligência


grosseira)

Filipe é devedor de Miguel de 50€ (mútuo)

João é devedor de Filipe de 100€ (mútuo)  dação em função do cumprimento (não está a
extinguir a obrigação; só vai extinguir se e na medida em que o Filipe receba de Miguel pelo
menos os 100€). Noção de dação em função do cumprimento: necessidade de consentimento
e se a presunção fosse afastada tínhamos uma dação em cumprimento (a obrigação do
cumprimento seria extinta no momento em que fosse feita a cessão) – artg. 779º do Código
Civil

Filipe é devedor de João de 30€ (mútuo)

b)

Filipe está a tentar fazer uma compensação. A obrigação que ele quer extinguir é o pagamento
dos 30€, usando um contracrédito (100€). O contracrédito ainda não é exigível (é só em
dezembro de 2016 – dois meses depois das datas todas) – artg. 847º/1, a) do Código Civil.
Muito embora os créditos fossem homogéneos.

Grupo II

a) Cláusula cum potuerit – artg. 778º/nº1. O credor só pode exigir do devedor o


cumprimento quando ele puder

b) Prazo certo (termo certo). É essencial, subjetivo (foi estipulado) e absoluto. Tem um
termo resolutivo e não suspensivo (“cumpre ATÉ ao dia tal”). É preciso explicar os
conceitos

c) Prescrição presuntiva – artg. 885º do Código Civil (o momento deve ser pago na
entrega da coisa). É a partir deste momento que se começa a contar o prazo da
prescrição – artg. 306º/nº1. Começamos a contar desta data o prazo de 2 anos – artg.
317º/b) prescrição presuntiva assenta na presunção do cumprimento e só é afastada
por confissão expressa ou tácita

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Grupo III

Artur ---- 8.000 euros João Rafael

Obrigação plural Passiva – solidariedade

Artg. 864º/nº1 – 6.000

T ----- A ? Artg. 526º


A ----- T 666 euros
A ----- C 666 euros?
A ----- Joana 666

T ----- C 666 euros, artg. 526º


C ---- A => 2.000 (Joana) + 666 euros (A) – artg. 526º

T ----- Joana, artg. 527º

Conclusão:

Teresa = 2.000 (João) + 666 (A) -> pode segundo o artg. 526º
= 666 -> C
= 2.000 (Joana) + 666 (A) -> Joana

Artg. 864º/nº2 - sendo neutro, quanto é que João pode exigir de T?

J ----- a T ?
8.000 euros

T ----- A ? Artg. 526º


A ----- T 666 euros
A ----- C 666 euros?
A ----- Joana 666

T ----- C => 2.000 + 666


T------ J => 2.000 + 666

Se o enunciado for omisso aplicamos o 864/nº1.

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Casos sobre o Incumprimento das Obrigações


 Sendo que tem no campus tópicos de solução dos casos – IV e V

CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA – IV


INCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES (I)

1- António vendeu a Celso um conjunto de bens por 2.000€, tendo-se


estipulado que a entrega seria efetuada até certo dia e que o pagamento
do preço teria lugar dois meses após a entrega. Antes da data fixada para a
entrega, o vendedor veio a saber que Celso estava insolvente. Celso quer
que António cumpra o contrato, mas o vendedor só quer cumprir se Celso
cumprir na mesma data. Quid juris?

Exceção de não cumprimento.


Vendedor a imputar a exceção do não cumprimento do contrato. Pode?
Pressupostos do artg. 428º, falham dois. Pp da boa fé
Por um lado, os prazos, e nos aqui temos um credor que tem que cumprimento em primeiro
lugar, há prazos diferentes para as obrigações. A exceção que está a invocar é o que tem de
cumprir em primeiro lugar.
3º pressuposto – tem de haver incumprimento atual da contraparte. Insolvência.
Artg. 429º – Apesar do contrato bilateral não ter prazos simultâneos de cumprimento, este
artigo permite excecionalmente invocar, quando há prazos diferentes, invocar a exceção de
não cumprimento, uma ameaça de não cumprimento.
Artg. 780º - autoriza António a não cumprir caso Celso não esteja disposto a cumprir
simultaneamente ou, pelo menos, a prestar garantias.
Causa de exclusão da ilicitude do incumprimento, um caso de recusa legitima de
incumprimento. Pode recusar licitamente enquanto a contraparte oferecer cumprimento
simultâneo ou garantia de cumprimento.
Esta correta a conduta do vendedor.

2- José comprou a Miguel algumas cadeiras para o seu restaurante. As


cadeiras estão a ser usadas apesar de apresentarem algum desconforto e
insegurança. José denunciou esse facto e não quer pagar todo o preço. Com
razão? Caso baseado no Ac. do STJ de 8-6-2010.

Desproporcionado, logo, pp da boa fé a prepósito da exceção do não cumprimento do


contrato, mais precisamente, o pp d boa fé que é o 4º pressuposto. E o pressuposto
relativamente ao incumprimento.
O credor esta a reagir a uma situação de incumprimento atual e temporário. Pode também ser
um incumprimento defeituoso a legitimar a invocação da exceção do incumprimento.
Há alguma desproporção no modo de exercício da exceção do incumprimento, violando o pp
da boa fé. Atuação abusiva ao abrigo do artg. 334º.
Caso baseado num acórdão.

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3- Berto não quer restituir ao seu vizinho Luís uma das suas vacas enquanto
Luís não lhe pagar os prejuízos causados pelo animal nas suas culturas.
Poderá fazê-lo?

Estamos ao abrigo da recusa do incumprimento de uma obrigação. Licita? Ao abrigo do direito


de retenção do artg. 754º e ss?
Direito real de garantia de um credito indemnizatório pelos danos causados pela vaca, que o B
tem.
Direito de retenção – Pp geral do artg. 754º ou então a hipóteses dos casos especiais.
Artg. 754º, pressupostos e consequências:
1) Necessário que o retentor tenha um credito sobre o dono da coisa. Tem o credito
indemnizatório
2) Necessário que esse credito tenha uma relação objetiva sobre a coisa. Credito que
resulta de danos causadas pela coisa. Preenchidos. Referir sempre
É preciso que a coisa tenha chegado ao poder ao retentor de modo LICITO – sob pena de
exclusão do direito de retenção, artg. 756, al a).
Consequência:
A recusa da entrega do animal é licita, logo temos uma causa de exclusão da ilicitude do
incumprimento da obrigação de restituir o animal. Há incumprimento, mas é licito.
Poderá recusar enquanto não forem pagas as indeminizações ou enquanto não for paga a
caução, artg. 756º, d).

4- Camilo veio pedir judicialmente o reconhecimento da resolução do


contrato-promessa celebrado com Amílcar e a condenação do promitente-
comprador a perder o montante do sinal e a pagar 100,00€ desde a citação
e por cada dia de atraso na restituição do imóvel, objeto do contrato. Quid
juris?

Contrato promessa, da sua resolução, o promitente vendedor intenta uma ação contra o
promitente comprador, exigindo que seja exigido o pagamento de 100 euros desde a citação,
associado a obrigação de restituição o imóvel na resolução do contrato.
Será que pode forçar o promitente comprador? Sanção pecuniária compulsória, artg. 829, a).
Serve para forçar o cumprimento de obrigações de facto, infungíveis.
Entrega do imóvel é prestação de coisa, de facto, é perfeitamente fungível, pois é possível
intentar uma ação de condenação da entrega da coisa.
Sendo fungível falha o mecanismo da sanção pecuniária compulsória.
Caso de cirurgião, artista plástica, pintor, não dá por causa da natureza da coisa. Não para
obrigar a cumprir.

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5- Artur ficou obrigado a entregar ao dono do restaurante Y 20 cadeiras


fabricadas por si. Antes da concentração, um incêndio destrói parte da
produção, só podendo Artur entregar 10 cadeiras. O que pode fazer o
comprador?

Por um lado, o incumprimento e por outro, obrigações genéricas.


Não eram quaisquer cadeiras, eram fabricadas pelo Artur.
Comprador – perceber que esta em causa de obrigação genérica (noção).
Dentro das obrigações genéricas temos de género limitado, ocorrendo este facto antes da
concentração, temos uma impossibilidade de cumprir, porque diz o artg. 540º que não vai ser
obrigação a cumprir outro tipo de cadeira. Reduzindo-se as cadeiras 10, temos uma
impossibilidade dele entregar 10 cadeiras.
Relativamente a estes temos uma impossibilidade superveniente, absoluta, objetiva, definitiva,
e é parcial. Ele consegue das 20, apenas 10, e quando é parcial, artg. 793º. Se a prestação se
tornar parcialmente possível, o devedor fica exonerado de entregar as 10, essa obrigação
extingue-se, apenas tem de entregar as outras 10 que sobraram.

E a contraprestação – preço de 20 ou de 10? Há uma nuance.


Completar o caderno com este caso.
Contraprestação:
1) Se o contrato não produziu o seu efeito real, aplicamos o artg. 793/nº1
2) Mas já se transferiu o direito real, não podemos aplicar o artg. 793/nº1, temos de aplicar
o artg. 796º.

Caso concreto – não se transferiu, pelo que só vai receber o preço de 10, uma vez que o
vendedor era ainda o proprietário das cadeiras, suporta o risco das 10 cadeiras que perdeu.
Caso contrario – artg. 796º, o que acontece o vendedor entrega 10 cadeiras e recebia o preço
de 20. Mas não é o caso. Uma vez que não houve transferência do direito real aplicamos o
artg. 793/nº1, e não o artg. 796º.
O caso ainda não terminou, porque isso é assim se o vendedor tenha interesse que seja assim.
e se comprador tiver interesse
Resolução tem eficácia retroativa, artg. 434º, repristinatória, artg. 433º +289?
Mais uma vez a doutrina entende que aqui é mais justo aplicar o artg. 795º/nº1, que é mais
justo aplicar o artg. 795/nº1, e, portanto, a restituição faz-se apenas nos termos do
enriquecimento sem causa.

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6- O cantor Miguel adoeceu gravemente na véspera de atuar num espetáculo.


Miguel já recebera a contraprestação. Terá que devolver o dinheiro?

Véspera – superveniente.
No caso de impossibilidade de cumprimento, impossibilidade superveniente, absoluta, porque
esta sem voz, ou os médicos não deixaram sair de casa.
Subjetiva, só ele que não pode atuar naquele lugar, em pp não extingue a obrigação, a não ser
que seja infungível, artg. 792º, isso significa que a impossibilidade temporária, o devedor não
responde pela mora no cumprimento.
Mas com o regime da objetiva, é total e definitiva, depende da data do espetáculo fixo ou
absoluto a partida. A obrigação, artg. 790/nº1, extingue-se.
Temos um contrato meramente obrigacional. Ora nos contratos bilaterais o que acontece a
contraprestação? Depende, temos aqui um contrato meramente obrigacional, artg. 795/nº1.
E não, não vamos aplicar o artg. 796º (contratos reais).
Porque o artg.795/nº1? Porque o credor não tem de realizar a contraprestação. Se já a
realizou, vai ter o direito de exigir do cantor a sua restituição, mas apenas nos termos do
enriquecimento sem causa.
• Imagine que na pergunta já tinha recebido a contraprestação, reservado hotel, ele vai
abater ao valor restituído, as despesas que ele teve. O valor da contraprestação + as
despesas que ele teve por causa do espetáculo.

Se o caso referir uma asseguradora, ou um terceiro que atropelou a cantora, temos de nos
lembrar sempre o comodo da apresentação? Quantia que é paga pela asseguradora, terá
sempre de pagar a quantia da contraprestação. Pode o credor exigir essa quantia que o
devedor receber e exigir a contraprestação. Nem em todos os casos pode lançar mão do artg.
794º, nos contratos reais o direito real já se transferiu.
De qualquer forma, o BP quando por força deste evento que impossibilita este evento o
incumprimento, artg. 483º ou 500º, responsabilidade extracontratual, o BP entende que não
que o devedor se substituir a esse direito. Artg. 794º, não faz sentido fazer funcionar o
comodo de representação. Contra o autor da lesão.

7- Artur, em cumprimento de um legado, está obrigado a entregar um quadro


a Bernardo. Em virtude de uma enxurrada que inundou a sua casa o quadro
ficou destruído. O quadro estava seguro na Seguradora X, tendo Artur
recebido desta última mais do que o valor do quadro. O que pode fazer
Bernardo?

Esta obrigação de entregar o quadro, pressupõe que também, o quadro ainda não pertence ao
bernardo. Ainda não é dele, pertence ainda à herança. Herança jacente.
Esta obrigação de entrega o seu incumprimento é impossível. Porque? Há uma impossibilidade
superveniente (…) e é inimputável ao devedor, temos aqui um caso infrutuito de força maior
aplicamos os artg. 791º e ss. A obrigação de entregar o quadro extingue-se. Ainda que não se
coloca a questão de contraprestação, pode-se colocar a questão do comodo de apresentação,
e, portanto, terá o direito de receber da asseguradora a quantia, apenas, que corresponde ao
valor do quadro, e não a totalidade paga pela asseguradora.
E parece mais justo que ele receba apenas a quantia que corresponda ao valor do quadro, nos
termos do enriquecimento sem causa.

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8- Luís, antiquário, contratou Bento para lhe restaurar um Santo António. Luís, à
última hora, decidiu não cumprir o contrato com Bento, contratando, por melhor
preço, Bernardo. Bento quer que Luís lhe pague a contraprestação fixada. Terá
direito a essa pretensão?

Contrato obrigacional, bilateral.


Credor do restauro da peça é o L, e devedor do preço.
Artg. 795/nº2 – É o próprio credor do restauro que impossibilita o incumprimento.
Este artigo, falar no comentário da culpa ao credor. O devedor tem direito a contraprestação,
mas se, nº2, trata-se de uma impossibilidade de cumprimento por causa imputável ao credor.
Obrigação do restauro extingue-se por força do artg. 790/nº1. Caso de inimputabilidade do
devedor, e dentro destes casos, inimputabilidade ao devedor.
BP – artg. 1229º - aplicação direta.

CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA – V

INCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES (II) – INCUMPRIMENTO NÃO IMPUTÁVEL

9- Abel comprou a Bernardo, por 600€, uma mesa para a sua sala de jantar.
Ficou estipulado que o comprador iria buscar a mesa em certo dia e hora.
Abel, atarefado com os preparativos do casamento da filha, esqueceu-se
do acordo feito com Bernardo. Passados dois dias do prazo de entrega
estabelecido, Bernardo, por descuido grave, provoca um incêndio no local
onde estava a mesa, ficando esta completamente destruída. Terá Abel
direito a ser indemnizado?
Credor – entrega da mesa. Tem de se deslocar ao domicilio do devedor.
Em que o credor não colabora de alguma forma, mas o cumprimento ainda é possível. Aqui,
ele apenas retarda, atrasa o cumprimento.
Mora do credor, requisitos, quando o credor sem motivo justificado. Não há motivo
justificado, porque esqueceu-se. Uma divida de procura. Pertinência ao que diz respeito ao
lugar do cumprimento.
Artg. 813º - mora do credor.
Regime jurídico – o relevante é que temos aqui um incendio provado pelo devedor, e é
provocado com um descuido grave, quando o credor esta em mora, a mora do credor
efetivamente destina-se a proteger o devedor, mas quando este merece. Artg. 814/nº1 e
815/nº1.
Esta norma aligeira, mas atenua, a responsabilidade do devedor pelos danos causados na
coisa. E, portanto, vai aligeirar por culpa leve, apenas. A letra do preceito parece também
abranger a culpa grave. Mas a doutrina, equipara ao dolo a culpa grave, portanto, artg.
814/nº1, atuação com dolo, ou culpa grave, o devedor responde. Só não respondera se atuar
com culpa leve.
Caso – culpa grave. Temos um descuido grave, é uma negligencia grosseira ou culpa grave,
pelo que significa que que não vai ser excluída a responsabilidade, doutrina, não obstante a
responsabilidade da mora do credor.
Calcular o montante da indemnização – prof ensina mais tarde.

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Nota: se fosse, por exemplo, tópicos de resposta, doença, o prof Batista Machado há uma
dificuldade em o credor em cooperar. Mora do credor com motivo justificado, com regime
diferente que não é tao credor para o credor, que não seria justo. Mas não é o caso.

10- Um fabricante de sapatos concedeu a Luís o exclusivo da venda de todos os


modelos que fabrica. Passado algum tempo, Carlos, concorrente de Luís,
pressionou o fabricante a conceder-lhe a venda em exclusivo do modelo
até aí mais vendido por Luís. Poderá Luís responsabilizar o fabricante? E
Carlos?
Contrato de exclusividade entre o fabricante e o Luís. E, portanto, o Luís tem o fabricante, e do
outro o Carlos que contribui para a violação deste contrato de exclusividade.
Fabricante – poderá responsabilizado contratualmente, preenchido os seus pressupostos.
Presume-se aqui a culpa, artg. 799º/nº1. Artg. 798º, porque houve um incumprimento
culposo.
Questão ao terceiro Carlos – pode ser responsabilizado? Regras do mercado, falar da questão
teórica da interferência de terceiros, numa relação contratual, no cumprimento de obrigações.
Terceiro que não é parte do contrato, logo não viola nenhuma obrigação.
Artg. 483º - responsabilidade extracontratual? Abuso de direito artg. 334º? Varias teses que
podemos ver.

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CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA – VI

INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL DAS OBRIGAÇÕES

1- [Do Ac. do STJ, de 27-11-2007]

António demandou o médico José e o Hospital privado X, pedindo a sua


condenação solidária no pagamento de uma indemnização por danos
causados por uma intervenção cirúrgica tornada necessária devido a um
acidente de trabalho. António padeceu de uma infeção abdominal por
esquecimento no seu corpo de uma compressa. Como fundamentar a
responsabilidade de José e como distribuir as regras probatórias?

Responsabilidade do José, e as regras de distribuição da prova.


Um contrato de prestação de serviços médicos, celebrado entre o António e o medico José.
Ora, este pedido indemnização, vai-se fundamentar na responsabilidade contratual. E, dentro
da responsabilidade contratual, há uma matéria que não demos, que é o cumprimento
defeituoso, por parte do medico (incumprimento), e aqui, fica a referencia. Mais tarde.
O medico violou, artg. 798º, dentro da responsabilidade contratual, falar em cumprimento
defeituoso por parte do medico.
Por parte do medico, o facto ilícito praticado foi a violação de técnicas respeitantes a
intervenções cirúrgicas.
Fundamentar a responsabilidade – responsabilidade contratual, temos os 5 pressupostos:
facto voluntario (ónus de provar o credor). Uma coisa alegar, outra é alegar e provar. Uma
coisa é trazer para o processo os factos, outra é provar os factos trazidos ao processo.
O credor, António tem o ónus de alegar os factos.
António te também o ónus de alegar o provar os factos, ilicitude.
Culpa deve ser alegado pelo António, mas quem tem o ondes de provar a culpa é, artg.
799/nº1, temos uma presunção de culpa. E, portanto, é ao medico que cabe o ónus, não é um
dever, de provar que agiu diligentemente.
Os danos, quem tem de alegar e provar os danos é o A.
Nexo de causalidade, o doente tem que provar que a conduta do médico causou resultar, A
doente tem ónus de provar que a conduta causou, mas é ao medico que cabe demonstrar,
mais difícil, que abstratamente, era totalmente inadequado ou indiferente a sua conduta
relativamente a produção daquele resultado danoso.

2- Abel celebrou um contrato de empreitada com Camilo. Ficando vinculado a


fornecer os materiais para a construção, Abel comprou-os a Serafim, dono de
uma empresa de materiais de construção. Os materiais são defeituosos e
Camilo quer responsabilizar Abel nos termos do artigo 800º. Pode fazê-lo?

Artg. 800º.
Abel é empreiteiro.
Para responsabilizar A nos termos do artg. 800º, é preciso demonstrar desde logo que o
Serafim, quer responsabilidade contratualmente e objetivamente A pelo comportamento de S
ao abrigo do artg. 800º.

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Artg. 800º – só responder pela atuação de S, terceiros, se forem auxiliares. O credor vai
responder objetivamente sem culpa, mas não responde contratualmente.
Porque S teria de ser auxiliar de A.
Há apenas uma relação de auxilio, se aqui houvesse apenas uma C/V, se recorresse apenas ao
S para entregar, era diferente.

(não sai a responsabilidade obrigacional?)

3- Em janeiro de 2016, Artur celebrou com Celso um contrato de fornecimento de


X pares de sapatos, a entregar necessariamente até 1 de março. Em meados de
fevereiro, Artur comunicou a Celso que os sapatos só seriam entregues em
meados de maio. O que pode fazer Celso?
Necessariamente (um termo essencial absoluto).
Antes do vencimento da obrigação esta a dizer que não vai cumprir quando se vencer, só mais
tarde.
E o credor não tem interesse no cumprimento tardio.
Temos uma recusa categórica antecipada do cumprimento. O próprio devedor que recusa.
Questão: o credor não tem interesse no cumprimento tardio, será que não faria mais sentido
ao credor reagir já? Ou será que tem de esperar que o credor não cumpra, no dia atrasado 1
de março?
Recusa categórica - Com a possibilidade do credor de lançar de meios de tutela face ao
incumprimento no momento que em bom rigor, não há incumprimento, mas que há uma
meaça firme, seria, inequívoca, definitiva. Pode resolver o contrato?
Vê-se depois.

4- Luísa, dona de um quadro, que vale 1.500€, vendeu-o a Clara por 1.000€. A
vendedora, por negligência, não pode entregar o quadro. A que indemnização
compensatória tem direito Clara, supondo que comprou o quadro para
decoração? E se o quadro de Luísa tivesse sido trocado por um anel de Clara,
com o valor de 750€?
Primeira Questão:
Obrigação de entregar o quadro. A devedor de entregar, é a vendedora. E por negligencia não
pode entregar. Incumprimento imputável ao devedor, artg. 801º.
Indemnização compensatória, é que vai ter direito clara.
Supondo que comprou o quadro para decoração, e não revenda (apurar lucro cessante). Logo
dano emergente.
Contrato bilateral, o credor tem a possibilidade pequena indemnização ou indemnização
compensatória. Neste caso o enunciado que optou pela indemnização compensatória ou
grande indemnização. Calcular a indemnização, a contraprestação ela tem que realizar é uma
quantia em dinheiro, e não uma troca.
Indemnização, artg. 801º/nº1, 798º, e 566º/nº2, teoria da diferença.
Abrangem-se os danos emergentes e os lucros cessantes, 564º.
Na indemnização compensatório, critério do interesse contratual positivo, ou seja, vamos
calcular o credor na situação que hipoteticamente estaria se o contrato tivesse sido cumprido.

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E, portanto, calcular os danos que resultam do não cumprimento do contrato por parte da
Luísa.
Cabe quer danos emergentes positivos quer lucros cessantes positivos.
Ela sofreu danos emergentes positivos.
Valor do quadro – valor do preço. 1.500 euros – 1.000 euros = 500 euros.
Danos emergentes positivos de 500 euros.
Não temos elementos para mais nada.

Segunda Questão:

Contrato de permuta – tem aquelas 3 teorias.


Luísa – 1.500 euros ----- clara, anel 750 euros. Há uma troca.
Indemnização compensatória:
Não há resolução do contrato na indemnização compensatória, significa que a obrigação de C
se mantem, logo, a obrigação dela é de entregar um anel. Como a contraprestação consiste
numa entrega de uma coisa diferente de quantia de dinheiro.
Vai ter de realizar a contraprestação? Ou a sua contraprestação vai entrar no calculo que vai
ser relevante para o calculo da indemnização.
Teoria da sub-rogação – C entrega o anel + indemnização por danos emergente positivos =
1.500 euros. ESSE É O MONTANTE DA INDMNIZAÇAO. Teoria do BP, AV.
Teoria da diferença – já vamos ter em conta o valor da contraprestação e a contraprestação
são vistas como um todo. A indemnização será: 1.500 euros – 750 euros = 750 danos
emergentes positivos + e não entrega do anel (porque já foi abatido no valor da
indemnização).
Teria da diferença atenuada, ML – será o credor que no caso concreto que optará pela teoria
mais conveniente, teoria da sub-rogação ou teoria da diferença.

5- Joaquim trocou um quadro (com o valor de 4.000€) por uma escultura de


Amadeu (com o valor de 3.500€). A escultura já foi entregue, mas o quadro,
por negligência de Joaquim, não pôde ser entregue. O quadro ia ser alienado a
César por 4.700€ e se Amadeu não tivesse feito a troca iria vender a escultura
a Manuel por 4.500€. Amadeu vai resolver o contrato com Joaquim, tendo 60€
de prejuízos com a burocracia do exercício do direito. A que indemnização tem
direito Amadeu?
Contrato de permuta.
Negligencia do Joaquim.
4.700 euros – revenda, lucros cessantes. Interesse contratual positivo, se o contrato tivesse
sido cumprido.
Se amadeu não tivesse celebrado o contrato, 4.500 euros, interesse contratual negativo, se
não tivesse celebrado o contrato de permuto. Lucros cessantes negativos.
Incumprimento imputável ao devedor, contrato bilateral, o credor pode optar pela grande a
indemnização compensatória, artg. 801/nº1, ou, artg. 801/nº2 resolver e pedir uma pequena
indemnização.
Artg. 801/nº2 – Optou por essa via. Resolução + pequena indemnização.
Resolução apesar da permuta, não temos a questão. Não se coloca a questão das 3 teorias.
Apenas para as grandes indemnizações. Apenas quando o contrato se mantem.
Havendo resolução – pequena indemnização.

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Temos de falar um bocadinho da resolução + indemnização.

Resolução – respondendo diretamente ao caso.


A resolução resulta do artg. 801/nº2, e efeitos: retroativos (extinguem-se as obrigações de
ambas as partes, obrigação de entregar quadro/escultura, para efeitos de indemnização) e
repristinatória (artg. 433º + 289º + 1269º. Caso não seja possível restituir o que foi prestado,
artg. 1269º)
Ambas as obrigações se extinguem não tem de realizar a contraprestação.

Calculo da indemnização
Jurisprudência dominante e doutrina tradicional defendem a aplicação do critério do
interesse contratual negativo, ou seja, ao indemnizar, vamos colocar o credor na situação em
que ele hipoteticamente estaria se contrato não tivesse sido celebrado. Ou seja, vamos reparar
os danos que resultam da celebração do contrato.
Valores do caso:
60 euros, danos emergentes, diz a doutrina tanto positivo como negativo. As despesas para a
resolução? livro.
Lucro cessante negativo – 4.500 euros subtrair – valor da escultura, 3500 euros = 1000 euros.
Total da indemnização = 1060 euros.
Se pelo contrario, aplicarmos a tese aderida, com cada vez mais adeptos, Ana prata, Ana Paula
pinto, BP, não dizer que ele mudou de opinião. Interesse contratual positivo, ou seja, vamos
colocar o credor na situação que hipoteticamente estaria se o contrato tivesse sido cumprido.
Ou seja, vamos reparar os danos que resultam do não cumprimento do contrato.
Lucros e danos positivos.
Danos positivos – 60 euros com a resolução.
Lucros cessantes positivos – 4.700 euros – 3.500 = 1.200 de lucros cessantes positivos + 60
euros = 1.260 euros no total.

6- António comprou a Maria 3 sofás seminovos para colocar na sala de espera do


seu gabinete de contabilidade. O preço acordado foi de 1.500€, embora os
sofás tivessem maior valor. Antes da entrega, um incêndio culposo ocorrido
em casa de Maria provocou a destruição de um dos sofás. O que pode fazer
António?
Superveniente, antes da entrega, incendio culposo.
Impossibilidade de incumprimento imputável ao devedor, superveniente porque foi um
incendio culposo.
Incumprimento Parcial – artg. 802º (um dos três).
Credor tem 2 opções: ou mantem o contrato, e portanto, tem interesse nos 2 sofás, isto obriga
reduzir a contraprestação e supondo, que cada sofá vale 1.500 euros, reduzir a
contraprestação para 1000 euros. Abater 500 euros ao valor do total do preço.
Se já pagou o preço total, vai pedir a restituição dos 500 euros correspondente ao sofá não
entregue.
Direito a uma indemnização, artg. 802/n1º, primeira parte. Se pediu uma indemnização vai ter
de realizar uma contraprestação, e em bom rigor, só faz sentido, os sofás valem mais do que o
preço. E vamos supor que cada sofá vale 600 euros.
1.800 euros total dos sofás. Ele recebe 600 euros e entrega 500 euros, aplicada a teoria da
diferença, o montante de indemnizatório, é de 100 euros.

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Opção de resolver – esta resolução do artg. 802º é mais simples da solução do artg. 793º.
Porque aqui temos um incumprimento ao devedor, portanto mais fácil ao credor. A não ser
que o cumprimento tenha escassa importância, o que parece.
Não parece que fosse excessivo resolver o contrato. (se fosse cadeiras, ou 3 cubos de açúcar,
já era)
Tem direito a uma indemnização nos termos do artg. 801/n2 + 801/nº1 segunda parte.
Calculo da indemnização, havendo resolução – interesse contratual positivo ou negativo.
A mesma questão.
Danos emergentes (usar, se fosse para revender era lucros cessantes).

CASOS PRÁTICOS PARA RESOLUÇÃO EM AULA – VII

INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL DAS OBRIGAÇÕES (CONT.)

7- Abel mutuou a Joaquim 500€ por dois anos e a uma taxa de juro de 6%.
Joaquim só veio a restituir o dinheiro passados três anos. Abel quer ser
indemnizado, mas Joaquim alega que o mutuante não sofreu qualquer dano.
Quid júris? Poderia Abel resolver o contrato caso Joaquim não pagasse os juros
no fim do primeiro ano do empréstimo?
Primeira Questão:

Contrato mutuo, atraso. Obrigação pecuniária – mora.


Abel quer ser indemnização, mas J alega que o mutuante não sofreu qualquer dano.
Temos mora do devedor – noção artg. 804/nº2.
Aqui temos um prazo, portanto a mora é automática, significa que é uma mora independente
de interpelação, artg. 805º/Nº2, al a).
Efeitos da mora do devedor. Só interessa a que é a indemnização por danos moratórios, artg.
798º, 804/nº1.
Calculo da indemnização, norma especial se se tratar de uma obrigação pecuniária que é o
caso.
Sendo uma obrigação pecuniária, aplicamos o artg. 806º e, portanto, calculamos a
indemnização sempre de modo abstrato.
Vamos aplicar uma taxa de juros legal, a não ser que tenha sido convencionada outra. Artg.
806º + 569º (falar da portaria291/2003, do 8 abril, 4%).
Credor não sofreu danos – não é relevado, porque a indemnização é calculada de modo
abstrata.

Segunda Questão:

Em pp, o não pagamento dos juros não permite resolver o contrato, a não ser, artg. 1150º,
excecionalmente permite ao mutuamente a resolução por não pagamento dos juros
moratórios.

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8- Artur, fabricante de pipas, vinculou-se a entregar a César, vitivinicultor, duas


pipas específicas. Fixou-se no acordo um prazo fixo relativo. Artur não
entregou as pipas e César deu-lhe mais cinco dias para cumprir. Ao fim dos
cinco dias, e podendo as pipas ser entregues, um incêndio ocorrido na fábrica
de Artur provocou a destruição de toda a produção. Terá César de pagar o
preço? Não tendo ocorrido o incêndio, poderia César ter resolvido o contrato
no fim dos cinco dias concedidos?
Primeira Questão:
Prazo fixo relativo – se houver incumprimento temos em pp uma situação de mora do
devedor, logo não há logo incumprimento definitivo.
Terá C de pagar o preço?
Temos uma situação de mora do devedor. Porque a mora, termo fixo relativo. Se fosse
absoluta era incumprimento definitivo e não mora.
Noção de mora do devedor
Depois, estes 5 dias são uma simples moratória, portanto não entregando as pipas ao fim dos
5 dias, há ainda mora do devedor. Havendo temos de ir ao artg. 807º risco.
C/V, se não fosse a mora, quanto ao risco, aplicaríamos o artg. 896º/nº1, e por força desse
artigo, tinha o comprador de pagar o preço porque o direito real já foi transferido. Mas para
alem disso, temos a mora do devedor que altera as regras do risco.
Artg. 807 risco – quem suporta o risco é o vendedor, suportar o risco significa que não tem o
direito de exigir o pagamento do preço.

Segunda Questão:

Para resolver temos de estar perante um incumprimento definitivo. Era preciso que a mora do
devedor tivesse sido transformada incumprimento definitivo (se essa interpolação
transformou ou não em incumprimento definitivo, artg. 808º, ou perda objetiva do interesse
no cumprimento da obrigação, ou porque uma interpelação comunitária:
1) Interpelação;
2) Fixação de um prazo razoável.
3) Cominação, ameaça, foi isso que faltou. Por isso estamos perante mora do devedor).
Logo não há incumprimento.
Falta a cominação, falta a ameaça, há apenas um mero atraso, não pode o credor resolver.
Este Artur entrega a C as pipas, é obrigado a aceita, tem sempre de comunicar.
Não poderia resolver o contrato, porque ainda estava numa situação de mora do devedor. E é
obrigado a receber as pipas, sob pena da recusa resultar em mora do credor.

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9- Abel prometeu-vender e Luís prometeu-comprar um andar. O preço estipulado


foi de 200.000€, tendo Luís prestado como sinal 50.000€. Ambos os
promitentes renunciaram à execução específica do contrato. No prazo fixo
relativo estipulado para o cumprimento, Abel não compareceu, apesar do
andar estar já a ser detido por Luís, pois teve, entretanto, uma oferta de Camila
no valor de 300,000€.

a) Poderá Luís resolver o contrato?

CP/CV bilateral, de um andar, artg. 410º/nº3.


200 mil euros estipulado.
Sinal, não é preciso aplicar a presunção do artg. 441º, 500 euros.
Ambos renunciaram a AEE.
Execução especifica não se pode recusar – artg. 830º/Nº3 (primeira parte) + artg. 410/Nº3.
Não é possível renunciar a AEE. Clausula é nula por violação de uma norma imperativa.
Prazo fixo relativo, quer dizer se houver incumprimento, inicialmente termos mora do
devedor.
Detido por Luís – que houve tradição.
Sinal + tradição
Quem não cumpre é o promitente vendedor.
Só pode haver resolução quando há incumprimento definitivo, é necessário que a mora do
devedor se transforma em incumprimento definitivo. Pode resolver se previamente se
converteu a mora nos termos gerais, artg. 808º e ss.
2 critérios – dobro do sinal, L, artg. 442º/nº2, segunda parte. 50.000 euros x2.
Indemnização pelo valor – valor objetivo do bem há data do incumprimento – preço
convencionado + sinal + antecipação do incumprimento.
Esse preço convencionado, é um valor subjetivo, e não objetivo. Não podemos fazer as contas.
Não sabemos o valor do mercado. Valor objetivo no dia do incumprimento. E não há data da
celebração do contrato.
Quer uma, quer outra indemnização, o promitente comprador, pelo facto de ter havido
tradição goza do direito de retenção, artg. 755 nº1, al f).

b) Com alguma indemnização? E se pretender tornar-se proprietário do imóvel?

Tem de lançar uma AEE, artg. 830º, uma ação declaração constitutiva em que o tribunal vai
suprir a declaração negocial faltoso, do promitente vendedor.
Em pp há lugar, por violação do CP/CV. Mas há caso que não é possível, um desses casos é a
convenção das partes, artg. 830º/nº1. E elas convencionaram isso. Mas nessa hipótese temos
um caso de uma AEE imperativa, artg. 830/nº3 + 410/nº3, as partes não podem afastar nem
tacita nem expressamente. A clausula expressa nesse contrato viola uma norma imperativa,
logo é nula.

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c) Poderá Luís embargar de terceiro à penhora levada a cabo por um credor de


Abel?
Artg. 1285º - embargos de terceiros.
Podem embargar quem for devedor. Pode opor-se.
Se Luís, se pode impedir, opondo-se, sendo promitente comprador, artg. 1285º, se for
possuidor. Se tiver havido tradição da coisa e pago todo o preço, tem se entendido que é
possuidor. Apenas falta o CV, porque há um impedimento legal. Se o promitente comprador já
goza da tradição do bem e todo preço, é possuidor. Mas aqui só pagou o sinal.
Se por exemplo, goza do direito de retenção, porque tem direito a uma indemnização e houve
tradição, só se coloca quando há tradição. Goza do direito de retenção e tem entendi a
doutrina que já tiver intentado uma AEE que registou. Este direito surge na veste de possuidor,
e como possuidor pode deduzir embargos.
Retenção + AEE registada. Mas não é muito pacifico na doutrina.

10- António vendeu a Bernardo, com reserva de propriedade, um veículo


automóvel. Foi estipulado o preço de 50,000,00€, a pagar em 10 prestações de
5.000,00 cada. Bernardo pagou as duas primeiras prestações, mas deixou de
pagar a terceira e a quarta. António resolveu o contrato e pediu a restituição
do veículo. Antes de resolver o contrato, António ainda pensou em aproveitar
as vantagens da perda do benefício do prazo. Diga se o contrato foi bem
resolvido e em que consistia essa perda do benefício do prazo?
A ------- B (C/V)
Reserva de propriedade.
Entrega
50.000€
5.000€/cada

1ºquestão: resolução
2ºquestão: perda do beneficio do prazo.

Primeira Questão:
(por na matéria)
o contrato de C/V onde há transferência do direito real e entrega da coisa – artg. 886º - se o
comprador não pagar o preço, neste caso, não pode resolver o contrato.
Para que possa resolver com falta de pagamento do preço o vendedor reserva a propriedade.
Artg. 886º - se houver reserva de propriedade pode haver resolução, pode o vendedor
resolver o contrato com fundamento da falta de pagamento do preço quando há entrega da
coisa
Mas, artg. 934º – venda a prestação com reserva de propriedade e entrega da coisa, o
vendedor não pode resolver o contrato com fundamento na falta de uma prestação que não
exceda a 8º parte do preço.
Se faltasse uma prestação inferior á oitava parte do preço – faltava 1/10, o que é inferior a 1/8.
Logo, podia-se aplicar o artg. 934º, não podendo resolver o contrato.

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Ora, no caso ele não pagou duas. Logo, não se aplica o artg. 934º, logo, pode haver resolução.
Nem o artg. 934º, nem o artg. 886º proíbe.

Para resolver, temos de ter uma situação de incumprimento definitivo


Artg. 934º-808º
Artg. 886º-808º.
Só se pode resolver, desde que a mora seja convertida em incumprimento definitivo – Artg.
808º.1

Segunda Questão:

Artg. 781º e 934º - perda de beneficio do prazo.


Artg. 781º basta uma para haver perda de bp. O artg. 934º é mais exigente.

Para se aplicar o artg. 934º quanto á perda de beneficio do prazo é necessário existir uma
venda a prestações e entrega da coisa. A reserva de propriedade é irrelevante.
Faltam duas, logo aplica-se o artg. 781º.

Artg. 934º - regra especial quanto a resolução e perda de bp


Não há resolução se:
1. venda a prestações
+
2. reserva de propriedade
+
3. entrega de coisa
+
4. incumprimento de uma prestação que seja igual ou inferior 1/8 do preço total

Faltando um destes pressupostos, não se aplica o artg. 934º e, á partida, há resolução. A não
ser que se preencham os pressupostos do artg. 886º (transferência do direito real e entrega),
que também proíbe a resolução.

Não há perda de beneficio do prazo se:


1. venda a prestações
+
2. entrega da coisa
+
3. incumprimento de uma prestação que seja igual ou inferior a 1/8 do preço total

Artg. 934º – 4º e 20º dl 133/2009 de 2 de junho- crédito ao consumo. Quando temos um


comerciante e um consumidor há este regime especial.

1 Não esquecer sempre de referir isto.

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11- Suponha que, no caso, Bernardo, consumidor, tinha comprado um veículo


como quase-novo, mas verificou, depois, tratar-se de um veículo com bastante
quilometragem. O que pode fazer o comprador?
Temos uma C/V de consumo – DL 67/2003 de 8 de abril, diploma 7.
Artg. 2º, a) e a tutela face ao defeito – art. 4º, 5º e 5ºA

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Preparação para o exame final


Caso 1.
A - C/V - L => 1/2/2016 Fiador – Xavier (assinado)
Valor 17.000 euros
Automóvel – março
Lucro – 10. 000 euros
Preço – maio
Seguro

a) Se não há nada para nos quando o garante fica arruinado – fiador artg. 633º perda do
beneficio do prazo;

Se ele não esta a cumprir e é o que deve cumprir em 1º lugar – artg. 429 causa de
exclusão de ilicitude. Artg. 804º: fundamento para invocar o artg. 429º, porque há
mora do devedor, incumprimento ilícito.
Há perda de beneficio do prazo quando há risco de insolvência, preciso que o devedor
reforce as garantias: só se não reforçar é que há perda do beneficio do prazo.

Artg. 429º - devedor que tem de cumprir em 1º lugar (é o caso), pode recusar cumprir
sem incorrer em mora do devedor, enquanto o credor não reforçar garantias ou
cumprir simultaneamente.

b) Luís (credor da entrega do carro); vendedor (devedor da entrega).


Temos uma impossibilidade de entrega da coisa imputável ao devedor – artg. 798º e
ss.
Temos descuido e culpa. É posterior à celebração do contrato, portanto é
superveniente. Temos um contrato bilateral. Quais são as opções para o credor?

Artg. 801º/nº1 – indemnização compensatória – é calculada segundo o interesse


contratual positivo (danos emergentes + lucros cessantes positivos (artg. 564º).
Artg. 801º/2 – (contrato bilateral) extinção do contrato e indemnização (interesse
contratual positivo ou negativo).
Artg. 803º – commodum de representação (permite ao credor receber a quantia que a
seguradora pagou, mas tem que realizar sempre a contraprestação) + indemnização
(ao valor da indemnização, temos que subtrair o valor da contraprestação).

c) Estamos perante a mora do credor – artg. 813º.


Artg. 815º - não há negligência grosseira, portanto não há dolo. Dai aplicar-se o risco.
Quem suporta o risco é o credor (este tem que realizar a íntegra a prestação, sem
receber o carro).
Luís tem apenas que entregar 3.000€ (15.000 – 12.000= 3.000€)

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d) Artg. 800º- Quem responde é APENAS o Amílcar contratual e objetivamente. O


funcionário não responde contratualmente. Pressupostos: não tem que haver uma
relação de comissão; vai responder pelos atos praticados no cumprimento da
obrigação; tem que haver culpa; foi violado um dever lateral de cuidado.

Caso 2.
Contrato de promessa de compra e venda bilateral.
Cláusula penal. Tradição.
Recusa categórica.

a) Para sabermos se podemos lançar mão de uma ação de execução específica – mora do
devedor ou recusa categórica. Estamos perante um caso de recusa categórica.
Artg. 830º – não há lugar a ação de execução específica quando há convenção das
partes. Neste caso temos uma convenção tácita. Não obstante a cláusula penal, podia
por causa da tradição. Aqui não valia o afastamento tácito do artg. 830º.
Pode continuar dono do barco.

b) Não é possível haver execução específica. A única saída é a resolução e indemnização.


No contrato promessa quando não há sinal nem cláusula penal, não se sabe como
calcular a indemnização. Portanto calculamos a indemnização em concreto e não em
abstrato. Lucro cessante (1.000€), dano emergente (10.000€).
Artg. 801º/nº2.

Caso 4.
Vendedor (devedor da entrega da coisa)
a) Temos uma impossibilidade da entrega da coisa inimputável ao devedor.
5 características + a obrigação extingue-se – artg. 790º/1.
O comprador tem que pagar o preço? Trata-se de um contrato real, artg. 796º/nº2.
O comprador não tem que pagar o preço.

Segunda pergunta: se o incêndio fosse culposamente causado por césar. A


indemnização (artg. 798º) faz-se por restauração natural.
Caso se tratasse de uma obrigação genérica – artg. 540º.
Caso houvesse mora do devedor – artg. 807º

b) poderia recusar licitamente de prestar a obrigação, sem incorrer em mora do devedor,


exceção de não cumprimento do contrato, artg. 429º. Não preenche o artg. 780º/nº1
porque não é insolvência atual.

c) a mera culpa concreta não é relevante em termos de aplicação da culpa.

d) Mora do devedor, por estar ausente não é motivo justificado


Artg. 814º e 815º - temos atuação dolosa (lei), ou culpa grave (doutrina) ou culpa
grosseira.

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Caso 3.
a) Obrigação simultaneamente alternativa e genérica. Para ele é indiferente ser qualquer
um dos automóveis. Para ele é indiferente ser de décadas diferentes.

b) Através de uma ação de condenação; artg. 817º ação de execução específica, mas
neste caso não era possível porque a prestação é de facto; artg. 829º-A sanção
pecuniária compulsória era possível, porque estamos a falar de uma prestação de
facto infungível e positiva; exceção de não cumprimento do contrato, mas para isso
era preciso que o hotel tivesse que pagar a antes, mas não está, logo esta opção
também não dá; cláusula penal, mas para isso é preciso ter poder negocial (as
cláusulas têm que ser aceites)

c) Artur tem que realizar a contraprestação? Temos uma impossibilidade por facto
imputável ao devedor (Artur). Superveniente, objetiva, absoluta (...)  artg. 790º/nº1.
Temos um contrato bilateral. Artur tem que pagar o preço das suas aulas
 artg. 795º/nº2. No enunciado não fazia referência ao benefício da escola, mas
devemos falar sempre disto, portanto deve abater a quantia.

d) Ataque cardíaco  impossibilidade definitiva de cumprimento inimputável ao


devedor. Frustração do fim da prestação. Mora do credor permite o cumprimento
mais tarde (mas não é essa a resposta que queremos). Há lugar a contraprestação?
Não é um caso do artg. 795º/2 (remissões: artgs. 1227º e 468º), porque não há uma
conduta do credor. Estamos perante situações que a doutrina resolve o problema.
Segundo o Professor Brandão aplica-se diretamente ou por analogia o artg. 1227º
CC.

e) Mora do devedor, artg. 804º/nº2. Responsabilidade, artg. 804º/nº1, 798º e 806º.

f) Ao alienar está a impossibilitar o cumprimento do contrato de troca/permuta. Há uma


impossibilidade imputável ao devedor, que é Romeu (artg. 801º/nº1: indemnização
compensatória ou artg. 801º/nº2: resolução + pequena indemnização). Indemnização
compensatória: teoria da sub-rogação  Artur tem que entregar o seu automóvel e
recebe 3.000€ que são danos emergentes positivos; teoria da diferença: Artur não vai
entregar o automóvel, mas esse valor do automóvel vai entrar no cálculo da
indemnização (3.000€ - 1000€ = 2.000€  danos emergentes positivos); teoria da
diferença atenuada (Menezes Leitão): o credor escolhe qual das teorias lhe é mais
favorável: ou escolhe entregar o automóvel e recebe 3.000€ ou não entrega o
automóvel e recebe apenas 2.000€

Resolução: tem eficácia retroativa e restitutiva e nem Artur nem Romeu não tem que
entregar o automóvel
Pequena indemnização: interesse contratual negativo (noção)  não temos
elementos para fazer as contas; interesse contratual positivo (noção)  temos apenas
dados para calcular os danos emergentes positivos (a diferença de valor entre os dois
automóveis que é de 2.000€.

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