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TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
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O art. 56 do Decreto n. 59.566/1966 não inclui, em sua redação, a eventual negociação
jurídica anterior, devidamente registrada, referente à expedição de cédula de produto rural,
portanto não se pode partir da presunção de que tal redação legal obrigatoriamente despreza uma
entabulação como essa, pois tal proceder deixaria de respeitar princípios jurídicos de um negócio
jurídico probo, como a boa-fé, a confiança legítima depositada entre as partes e a segurança jurídica.
Assim, não se pode perquirir tão somente acerca da segurança jurídica dos contratantes
do contrato de parceria agrícola, mas também se deve levar em conta a segurança jurídica do
contratante da cédula de produto rural que, mediante conduta pautada pela boa-fé, entabulou
negócio jurídico, sem nenhuma ciência de outros terceiros que pudessem ser afetados, até por que
não tinha como sabê-lo. Se o contrato de parceria rural nem sequer havia sido registrado, era
impossível, o conhecimento por parte de terceiros. Ademais, a Lei n. 6.015/1973 prescreve que o
registro determina a prioridade do título.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 6.015/1973
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2. Informativo n. 774 - AINTARESP 2144537
QUARTA TURMA
DESTAQUE
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O entendimento pacífico desta Corte Superior é na linha de ser a cédula de crédito rural
título líquido, certo e exigível por força do art. 10 do Decreto-lei n. 167/67. O fato de existir contrato
de seguro atrelado ao título não interfere na sua exequibilidade, e decisão contrária a este
entendimento pode incorrer em error in judicando.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
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3. Informativo n. 767 - AIRESP 1609931
QUARTA TURMA
DESTAQUE
É inadmissível a penhora de bem já hipotecado por força de cédula de crédito rural, salvo:
a) em face de execução fiscal; b) após a vigência do contrato de financiamento; c) quando houver
anuência do credor; ou d) quando ausente risco de esvaziamento da garantia, tendo em vista o valor
do bem ou a preferência do crédito cedular.
Dispõe o art. 11 da LC 93/1998 que "Os beneficiários do Fundo não poderão alienar as
suas terras e as respectivas benfeitorias no prazo do financiamento, salvo para outro beneficiário
enumerado no parágrafo único do art. 1º e com a anuência do credor".
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O Decreto-Lei 167/1967, que dispõe sobre títulos de crédito rural, prevê, em seu art. 69, a
impenhorabilidade dos bens objeto de hipoteca constituídos pela cédula de crédito rural com
relação a outras dívidas: "Os bens objeto de penhor ou de hipoteca constituídos pela cédula de
crédito rural não serão penhorados, arrestados ou sequestrados por outras dívidas do emitente ou
do terceiro empenhador ou hipotecante, cumprindo ao emitente ou ao terceiro empenhador ou
hipotecante denunciar a existência da cédula às autoridades incumbidas da diligência ou a quem a
determinou, sob pena de responderem pelos prejuízos resultantes de sua omissão".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
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4. Informativo n. 758 - REsp 1947404
RECURSOS REPETITIVOS
DESTAQUE
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Até a Lei n. 11.718/2008, o que diferenciava um produtor rural segurado especial de um
produtor rural não segurado especial, pela legislação e pela normatização era a contratação de mão-
de-obra.
A principal mudança operada pela Lei n. 11.718/2008 diz respeito à limitação do tamanho
da propriedade do produtor rural que explora atividade agropecuária. Essa lei teve por origem a
Medida Provisória n. 410/2007, que apenas prorrogou o prazo do art. 143 da Lei n. 8.213/1991.
Somou-se ao texto da Medida Provisória, o Projeto de Lei n. 6.548/2002, procurando aproximar o
conceito do segurado especial ao de agricultor familiar, para fins de concessão de políticas públicas,
nos termos da Lei n. 11.326/2006.
Embora seja um critério restritivo, uma vez que até a Lei n. 11.718/2008 não se cogitava o
tamanho da terra como elemento caracterizador do segurado especial, o referido normativo teve
por propósito introduzir uma regra objetiva que viesse a ser coerente com as políticas públicas
voltadas para a agricultura familiar.
Nos termos da Lei n. 4.504/1964 (art. 4º, II e III), módulo fiscal é uma unidade de medida
expressa em hectares que indica o tamanho mínimo de uma propriedade rural capaz de garantir o
sustento de uma família que exerce atividade rural em determinado município. O tamanho do
módulo fiscal não é linear no país, tendo por limite mínimo 5 hectares e máximo 110 hectares, sendo
definido pelo INCRA (art. 50, §2º da Lei n. 4.504/1964) e, conforme dispõe o art. 50, §§ 3º e 4º da Lei
n. 4.504/1964, o número de módulos fiscais de um imóvel deve ser calculado apenas sobre a área
aproveitável total, considerada esta como a área passível de exploração agrícola, pecuária ou
florestal, excluídas as áreas ocupadas por benfeitoria, floresta ou mata de efetiva preservação
permanente, ou reflorestada com essências nativas e a área comprovadamente imprestável para
qualquer exploração agrícola, pecuária ou florestal.
Nesse contexto, apesar de a Lei n. 11.718/2008 ter fixado 4 (quatro) módulos fiscais como
limite para o enquadramento do trabalhador rural na qualidade de segurado especial, em um
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caráter objetivo, foi demonstrado que o entendimento sedimentado na jurisprudência é o de que a
circunstância de a propriedade rural ser superior a 4 (quatro) módulos rurais não exclui
isoladamente a condição de segurado especial, nem descaracteriza o regime de economia familiar,
sendo apenas mais um aspecto a ser considerado juntamente com o restante do conjunto
probatório.
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5. Informativo n. 755 - AREsp 1640785
SEGUNDA TURMA
DESTAQUE
A certificação de imóveis rurais foi criada pela Lei n. 10.267/2001, sendo exigida para os
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casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, bem como para
efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados no
Decreto n. 5.570/2005.
A Lei n. 10.267/2001 determina que caberá ao INCRA certificar que a poligonal objeto do
memorial descritivo não se sobreponha a qualquer outra constante de seu cadastro
georreferenciado e que o memorial atenda às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio.
As normas legais e infralegais são claras acerca da presunção de veracidade dos estudos e
das informações fornecidas pela FUNAI. E, na espécie, a área onde está localizado o imóvel se
sobrepõe a Terra Indígena já declarada de posse permanente de grupo indígena por Portaria do
Ministro da Justiça. Assim, o fato de tramitar procedimento demarcatório das terras indígenas não
afasta a possibilidade de que a propriedade seja da União.
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6. Informativo n. 748 - REsp 1847991 RS
SEGUNDA TURMA
DESTAQUE
A Defensoria Pública possui legitimidade ativa para propor ação civil pública com vista a
impor ao Estado o cumprimento de obrigações legais na tutela de pequenos agricultores familiares,
sendo prescindível a comprovação prévia e concreta da carência dos assistidos.
Na espécie, a Defensoria Pública ajuizou ação civil coletiva para tutelar direitos individuais
homogêneos de pequenos produtores, pretendendo dar implemento à previsão legal de necessidade
de apoio estatal, jurídico e técnico, aos pequenos agricultores de economia familiar, ou equiparados,
para registro gratuito da reserva legal no cadastro ambiental rural.
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Nesta hipótese, há presunção legal de hipossuficiência, tanto assim que claramente se
extrai da Lei n. 12.651/2012 (art. 53, parágrafo único) o objetivo de assegurar a esse segmento
produtivo, objeto de especial atenção inclusive do constituinte, não só isenção de custos como
prestação positiva de serviços de auxílio.
Seria um contrassenso admitir que a lei previsse tais benefícios com essa óbvia teleologia
e se vedasse que a instituição constitucionalmente habilitada a defender os direitos dessas parcelas
da sociedade fosse impedida de tutelá-los.
A legitimidade ativa da Defensoria Pública nas ações coletivas não se verifica mediante
comprovação prévia e concreta da carência dos assistidos. Ainda que o provimento beneficie
públicos diversos daqueles necessitados, a hipótese não veda a atuação da Defensoria. Esta se
justifica pela mera presença teórica de potenciais assistidos entre os beneficiados. (ADI n. 3.943 ED,
Relator (a): Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 18/5/2018, acórdão eletrônico DJe-153
divulg. 31/7/2018 public. 1º/8/2018).
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7. Informativo n. 715 - REsp 1450667
QUARTA TURMA
DESTAQUE
É válida a cédula de produtor rural financeira que não contém a indicação do índice de
preços a ser utilizado no resgate do título e da instituição responsável por sua apuração ou
divulgação, se a cártula contém os referenciais necessários à clara identificação do preço.
A questão objeto da controvérsia cinge-se a saber se deve ser considerada nula a cédula de
produto rural financeira objeto da execução, por não constar do título a indicação do índice de preço
utilizado nem a instituição responsável por sua apuração ou divulgação.
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A Lei n. 8.929/1994 instituiu a Cédula de Produto Rural (CPR) representativa de promessa
de entrega de produtos rurais, com ou sem garantias cedularmente constituídas, como um novo
instrumento no sistema de crédito rural, destinado a proporcionar ao agricultor a possibilidade de
obter capital necessário para o fomento do seu negócio por meio da venda antecipada de parte ou da
totalidade da produção esperada.
Conforme destaca a doutrina, "A nova legislação criou, assim, um interessante tipo de
ativo financeiro, negociável nos mercados de bolsa e de balcão, cujo pagamento não está atrelado à
moeda, mas à entrega de produtos rurais de qualquer espécie. Essa negociabilidade ampla deve
servir como estímulo à difusão da CPR como título de financiamento de atividades rurais".
Não há dúvidas de que a cédula de produtor rural financeira somente constitui título
executivo, nos termos no art. 4º-A da Lei n. 8.929/1994, se nela estiverem contidos os requisitos ali
exigidos, entre eles a clara identificação do preço ou as especificações que propiciem a apuração do
valor do produto na data avençada para o resgate.
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No entanto, se o próprio título contém os referenciais necessários à clara identificação do
preço, conforme prevê a primeira parte do inciso I do art. 4º-A da Lei n. 8.929/1994, o devedor fica
ciente, desde o momento da contratação, do valor que pagará ao final, tornando desnecessárias as
referidas informações complementares.
Portanto, não é nula a cédula de produtor rural financeira que não contém a indicação do
índice de preços a ser utilizado no resgate do título e da instituição responsável por sua apuração ou
divulgação, se a cártula prevê sua futura liquidação, na data de vencimento pactuada, por valor
certo, obtido a partir da multiplicação da quantidade de produto nela previsto e do preço unitário do
produto nela indicado, conforme o padrão e a safra a que se refere, pois o título contém os
referenciais necessários à clara identificação do preço, conforme exige a primeira parte do inciso I
do art. 4º-A da Lei n. 8.929/1994.
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8. Informativo n. 702 - REsp 1915736
TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
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A execução pode, excepcionalmente, ser instruída por cópia reprográfica do título
extrajudicial em que fundamentada, prescindindo da apresentação do documento original,
principalmente quando não há dúvida quanto à existência do título e do débito e quando
comprovado que o mesmo não circulou.
Contudo, por ser a cédula de produto rural título dotado de natureza cambial, tendo como
um dos seus atributos a circularidade, mediante endosso, conforme previsão do art. 10, I, da Lei n.
8.929/1994, a apresentação do documento original faz-se necessário ao aparelhamento da
execução, se não comprovado pelas instâncias ordinárias que o título não circulou.
Vale lembrar que não se descura que os documentos juntados ao processo eletrônico são
considerados originais para todos os efeitos legais, consoante previsão contida nos arts. 11 da Lei n.
11.419/2006 e 425 do CPC/2015.
Ocorre que essa regra deve ser mitigada quando se trata de título executivo extrajudicial,
tendo em vista a possibilidade de determinação de depósito do documento original em cartório ou
secretaria, conforme preconiza o art. 425, § 2º, do CPC/2015: "Tratando-se de cópia digital de título
executivo extrajudicial ou de documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá
determinar seu depósito em cartório ou secretaria."
Desse modo, mostra-se prudente, na espécie, por se tratar de um título de crédito passível
de circularidade, a exigência do original da cédula para evitar o ajuizamento de múltiplas execuções
fundadas em cópias distintas do título.
Ressalva-se, após sugestão do Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, que o referido
entendimento é aplicável às hipóteses de emissão das CPRs em data anterior à vigência da Lei n.
13.986/2020, tendo em vista que a referida legislação modificou substancialmente a forma de
emissão destas cédulas, passando a admitir que a mesma se dê de forma cartular ou escritural
(eletrônica). A partir de sua vigência, a apresentação da CPR original faz-se necessária ao
aparelhamento da execução somente se o título exequendo for apresentado no formato cartular.
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9. Informativo n. 655 - RESP 1650730
SEGUNDA TURMA
DESTAQUE
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voluntariosa de uma determinada área, antes mesmo de completado o procedimento de
demarcatório. Enquanto não configurado o momento apropriado para a ocupação de terra indígena
tradicionalmente ocupada - o que pressupõe regular procedimento demarcatório -, não há justo
título para a ocupação perpetrada, daí a configuração do esbulho. Não é demais ressaltar que o
reconhecimento do direito do autor à posse da área por ele ocupada concreto não exclui eventual
reconhecimento da tradicionalidade da ocupação da terra indígena e os efeitos dela decorrentes,
mas em sede de regular procedimento demarcatório, nos termos da legislação própria.
DESTAQUE
Não cabe produção de laudo antropológico em ação possessória ajuizada por proprietário de
fazenda ocupada por grupo indígena.
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única solução possível". Em recurso, a FUNAI e o MPF, em linhas gerais, apontam nulidade por
cerceamento de defesa, pois o juízo de origem não poderia ter proferido sentença sem a produção
de laudo antropológico destinado a demonstrar a existência ou não de ocupação tradicional
indígena sobre a área. Sem razão a FUNAI e o MPF nesse ponto, pois a demanda é de natureza
possessória e foi ajuizada por proprietário de fazenda ocupada por indivíduos de grupo indígena,
que agiram por sua própria conta. Admitida a produção de laudo antropológico, abrir-se-ia a
possibilidade de reconhecimento da legalidade da invasão perpetrada em sede de ação possessória
proposta por não índio, melhor dizendo, da possibilidade de aceitação da prática de justiça de mão
própria pelos indígenas, o que afrontaria o ordenamento jurídico sob diversos ângulos.
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11. Informativo n. 649 - RESP 1764873
TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
Nos termos do Decreto n. 59.566/1966, o arrendamento rural é o contrato mediante o qual uma
pessoa se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural,
mediante retribuição. Apesar da forte intervenção estatal (dirigismo contratual) a limitar o poder
negocial das partes nos negócios jurídicos agrários, como as disposições do art. 95 do Estatuto da
Terra, não se estabeleceu a exigência de forma especial mesmo nos contratos celebrados com prazo
igual ou superior a dez anos. Na ausência de previsão legal expressa no microssistema normativo
agrário, deve-se retornar ao Código Civil, que estabelece a exigência da outorga uxória para algumas
hipóteses. Anote-se, porém, que as disposições dos artigos 1.642 e 1.643 do Código Civil, ao
regularem os atos que podem ser praticados por qualquer um dos cônjuges sem autorização do
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outro, não importando o regime de bens, incluem a administração dos bens próprios e a prática de
todos os atos que não lhes forem vedados expressamente (artigo 1.642, II e VI, do CC/2002). Dessa
forma, considerando ser o contrato de arrendamento rural um pacto não solene, desprovido de
formalismo legal para sua existência, foi dispensada pelo legislador a exigência da outorga uxória do
cônjuge.
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